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Batalha do Jenipapo

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Batalha do Jenipapo: o confronto crucial para a emancipação do Brasil. 
PORTAL DO 
jenipapo
SUMÁRIO OUTUBRO DE 2019
HISTÓRIA DO BRASIL
A BATALHA DO JENIPAPO
Esquecida pela história oficial, a Batalha do Jenipapo, ocorrida em 1823, na então província do Piauí, teve um papel muito importante para garantir a Independência do Brasil e manter a unidade nacional.
por João Marcelo, João Pedro, Pedro José e Renan | design PEDRO JOSÉ
14
O cenário no Brasil e no Piauí pouco antes do combate
A independência do Brasil teve a peculiaridade de manter a unidade nacional. Contudo, algumas províncias não se incorporaram de imediato ao Império que nascia. Nessas províncias – Piauí, Maranhão, Pará, Mato Grosso e Goiás – era grande a concentração de portugueses fieis à antiga metrópole. Além disso, eram regiões onde a coroa portuguesa sempre tivera um amplo controle político e militar. Daí, a relutância em aceitar a autoridade do novo governo independente. A exceção, nesse quadro, era a Província Cisplatina, área do Vice-Reino do Prata que D. João VI incorporou ao Brasil.
Na então província do Piauí, tradicional produtora de gado, a burguesia comercial e mesmo os proprietários de terras, estavam ligados à metrópole Portugal, inclusive por laços de sangue. Nessa província, a adesão à independência do Brasil foi proclamada na vila de Parnaíba em 19 de outubro de 1822. O interior e a capital, Oeiras, permaneceram sob o controle de tropas do exército português, sob o comando do Governador das Armas do Piauí, major João José da Cunha Fidié. 
Antecedentes da Batalha do Jenipapo
Além de Parnaíba e Oeiras, bem antes de 1822, outras vilas do interior da província do Piauí já respiravam ares revolucionários visando à independência. Mas um episódio marcante selou definitivamente o destino das regiões ainda dominadas por Portugal após o Grito do Ipiranga. Tudo começou quando, a 17 de setembro de 1822, dez dias após a proclamação da independência do Brasil, a Junta de Governo foi informada de que um cidadão possuía, na vila de Campo Maior, uma fábrica de pólvora a ser usada em possíveis batalhas. 
Imediatamente, por medidas de segurança, o Governador das Armas do Piauí, major João José da Cunha Fidié, deslocou tropas militares para Campo Maior. 
A tensão na região cresceu ainda mais quando, em 19 de outubro daquele ano, a vila de Parnaíba dá o grito de independência e aclama Dom Pedro Imperador do Brasil. Por esse motivo, Fidié, pessoalmente, e com toda a força de que dispunha, dirigiu-se ao litoral da província com o objetivo de sufocar o movimento separatista. 
Com os focos revolucionários se inflamando em toda a região, inclusive nas províncias do Maranhão e Ceará, as coisas andavam bem difíceis para os partidários da causa portuguesa. Além disso, pressionados pelos conterrâneos e em apoio ao movimento libertário, muitos soldados desertaram. 
Em 22 de janeiro de 1823, Leonardo de Carvalho Castelo Branco (piauiense), vindo de Sobral à frente de patriotas piauienses e cearenses, entra de surpresa em Piracuruca e aprisiona um pequeno grupo de militares fiéis a Fidié. O grupo revolucionário, então, avança em direção a Campo Maior. Sem dar um tiro sequer, Leonardo entra em Campo Maior em 05 de fevereiro e aclama Dom Pedro de Alcântara Imperador do Brasil. 
No dia 12 de fevereiro, chegou a Campo Maior o Capitão Luís Rodrigues Chaves, com 180 soldados cearenses armados e municiados. O comandante cearense também aderiu à causa da independência, entretanto, não se juntou ao grupo de Leonardo de Carvalho. 
Apesar da proclamação da independência feita por D. Pedro, as províncias do Piauí, Maranhão, Pará, Mato Grosso e Goiás continuaram fiéis a D. João VI, só aceitando obedecer às ordens emanadas de Lisboa.
A Província do Piauí estava dividida entre os que queriam permanecer ligados a Portugal e os que defendiam a adesão ao imperador D. Pedro I.
Temendo o encontro com Fidié e seus soldados, o capitão Luís Chaves precaveu-se e pediu reforços e munição a Oeiras. Até aquela data não encontrara nenhuma oposição. Com as tropas que encontrou no local, passou a ter, sob suas ordens, cerca de 400 praças. Ao contrário de Chaves, Leonardo de Carvalho Castelo Branco não tomou precauções e foi capturado pelo comandante do porto militar de Repartição, distrito de Brejo, Província do Maranhão, fiel aos portugueses. 
Muitos fatos lamentáveis ocorreram durante aquele mês de fevereiro. Aproveitando-se do caos generalizado em Campo Maior, alguns dos que militavam a favor da independência, acompanhados por bandidos, saíam pelas fazendas dos europeus roubando-lhe os bens e praticando toda sorte de atrocidades. O Capitão Luís Rodrigues Chaves, entretanto, fazia vista grossa a esses crimes.
Com o propósito de manter o norte do Brasil fiel à Portugal, D. João VI resolveu enviar para a Província do Piauí o experiente Major português João José da Cunha Fidié, herói de guerra das lutas peninsulares, lutando ao lado do general inglês Duque de Wellington contra as tropas de Napoleão Bonaparte. D. João VI determinou a Fidié antes da sua partida para o Brasil: “Mantenha-se, Mantenha-se!”
Fazendeiro, poeta, inventor, proclamou a adesão das Vilas de Parnaíba, Piracuruca e Campo Maior à independência do Brasil. Ao atravessar o Rio Parnaíba, indo do Piauí para o Maranhão, com o objetivo de mobilizar os maranhenses para a causa da independência, com apenas três soldados, foi preso e levado a São Luiz. Da capital do Maranhão foi conduzido para a prisão do Limoeiro em Portugal, onde ficou detido até 22 de junho de 1823.
Quando soube que Fidié iria retornar de Parnaíba e passar com seus soldados por Campo Maior, Rodrigues Chaves acelerou a mobilização de patriotas. Convocou todos os homens saudáveis da vila para enfrentarem o inimigo na passa-
gem. 
Solicitou ajuda do Capitão João da Costa Alecrim, que se encontrava no Estanhado (atual município de União) reunindo gente para invadir o Maranhão. Alecrim prontamente o atendeu, reunindo as forças de que dispunha e seguindo para Campo Maior duas horas depois. Era o dia 12 de março de 1823. Marcharam durante toda a noite e na madrugada do dia 13 chegaram a Campo Maior, onde já estava, também, o Capitão Alexandre Nery Pereira Nereu, conduzindo soldados do Ceará. 
Batalha do Jenipapo
Ninguém se recusou a atender ao chamamento do Capitão Luís Rodrigues Chaves e em três dias, já havia cerca de 2 mil homens prontos para o combate em Campo Maior. Entre os bravos guerreiros piauienses, cearenses e maranhenses havia vaqueiros, lavradores, roceiros, escravos, artesãos, fazendeiros, oficiais militares e desertores das forças de Portugal. Quase desarmados, os piauienses contavam apenas com velhas espadas, facões, machados, enxadas, foices e outros instrumentos domésticos. As poucas espingardas haviam sido distribuídas aos cearenses. Mesmo assim, o entusiasmo e a sede da vitória eram enormes. 
Era o dia 13 de março. Ao amanhecer o dia, todos caminharam para o rio Jenipapo, onde pretendiam barrar a passagem dos portugueses. 
O terreno ali é plano, um imenso descampado. Aquele era um ano de grande estiagem. O rio estava seco. A maior parte da tropa ocultou-se no próprio leito do rio, enquanto que alguns outros contingentes se abrigaram nas moitas das ribanceiras. 
Após o leito do rio, a estrada se bifurcava em duas. Rodrigues Chaves enviou uma patrulha para explorar a estrada da direita. Fidié descia com a maior parte de sua força pela estrada da esquerda e explorava a da direita com um pelotão de sua cavalaria. Fidié se havia distanciado da tropa e foi ele que se chocou com os cearenses da patrulha. Os patriotas abriram fogo sobre os cavaleiros inimigos, que resistiram um pouco e depois recuaram.
Audaciosos, os patriotas perseguiram e abriram fogo contra os soldados. Ouvindo o tiroteio, as tropas que guarneciam as margens do rio não atenderam mais ao Comando. Abandonaram, precipitadamente, sua posição defensiva e enveredaram pela estrada da direita, em busca do combate, que, supunham,ali já começara. 
Já sabendo o que havia acontecido, Fidié não perdeu tempo e passou rapidamente, a maior parte de sua tropa para o outro lado do rio. Escolheu um lugar favorável, construiu às pressas um campo fortificado, cavou trincheiras, dispôs a artilharia, distribuiu linha de caçadores e esperou os brasileiros. Quando estes voltaram, ficaram muito surpreendidos com o que acontecera. 
Do lado do governo de Portugal, havia soldados treinados, entre 1600 a 1800 homens, na cavalaria, fuzilaria, homens na infantaria, todos equipados e armados, com 11 peças de artilharia, um canhão e lançadoras de granadas. A sorte estava lançada. Os capitães Rodrigues Chaves e Alecrim perceberam logo que a batalha estaria perdida se eles não conseguissem num golpe de sorte, atacando de todos os lados, aniquilar os portugueses num corpo a corpo violento e rápido. Chaves e Alecrim, então, contando com o entusiasmo de seus comandados, ordenaram o avanço sobre o campo dos adversários. 
Eram 9 horas da manhã. A primeira leva foi repelida com graves perdas. A fuzilaria e as peças dos portugueses varriam os campos em todas as direções. Os grupos de soldados patriotas continuavam batalhando, heroicamente, mas sem sucesso. Quando já passava do meio-dia, o cansaço já dominava os guerreiros e estes começaram a debandar. Os portugueses também caíam exaustos. Cinco horas de luta ininterrupta e um sol abrasador tiravam totalmente o ânimo de todos. Não perseguiram os brasileiros em retirada. A vitória não conseguira alegrar o coração de Fidié. Ao final, por volta das 14h, o chão estava coalhado de cadáveres. Calcula-se que mais de duzentos bravos lutadores da causa independente teriam morrido e outros quinhentos, presos, embora haja contradição entre os números oficiais, os do inimigo e os dos patriotas. Do lado português, apenas dezesseis, embora se saiba que o major inimigo reuniu todos os cadáveres de portugueses em cinco valas, o que faz crer que houve bem mais mortos que os dezesseis. Entretanto, a luta foi aguerrida, de tal modo que Fidié reconsiderou seus planos, pois se em Campo Maior travou essa batalha, tinha receio de encontrar mais lutas pela frente. 
A vila de Campo Maior depois do combate
Quando se deu a derrota, os patriotas, em retirada, levaram o pânico aos habitantes da vila de Campo Maior. Mulheres e crianças corriam desesperadas pelas ruas a procura dos seus entes queridos que não haviam voltado da batalha. Famílias deixaram suas casas e todos os seus pertences e fugiram para os matos. Por outro lado, os fugitivos de Jenipapo assassinavam os europeus que encontravam. Na vila, instaurara-se o caos, Não havia remédios e cirurgiões para tratar os feridos e muitos morreram à míngua. O juiz Marques Freire e o vereador Luiz de Sousa Fortes foram as únicas autoridades do Portugal que permaneceram na vila e nada podiam fazer para restabelecer a ordem. Só não foram assassinados pelos patriotas porque eram brasileiros. As casas, abandonadas pelos seus moradores, foram saqueadas, principalmente pelos 600 índios que vieram da Serra da Ibiapaba para o combate. Toda ordem de crimes era praticada impunemente na vila: roubos, furtos, extorsões, sequestros, estupros, assassinatos, etc. 
A ordem foi, pouco a pouco, sendo restabelecida na região, com mão de ferro, pelo Tenente Simplício José da Silva, vereador da Câmara de Campo Maior e oficial das Forças, e as famílias começaram a retornar aos seus lares abandonados. Em dezembro de 1823 a vida já estava totalmente normalizada em Campo Maior. 
A rendição de Fidié
Ao fazer um balanço nas perdas que sofrera, Fidié constatou que os patriotas, na retirada, haviam roubado a maior parte de sua bagagem de guerra. Isso queria dizer que estava praticamente sem munição e sem dinheiro. Fora um golpe terrível este que sofrera. Não lhe restava opção que não fosse esquecer momentaneamente os separatistas de Oeiras e dirigir seu curso para o lado do Maranhão, buscando refúgio e o fortalecimento de sua tropa. Fidié ainda permaneceu por dois dias em Campo Maior, enterrando seus mortos e de lá retirou-se no dia 15 de março, às 11 horas, para o Estanhado (União) e daí para Caxias, no Maranhão, onde ainda predominava o governo português. Uma coisa estava clara: o comandante português vencera aquela batalha, mas havia perdido a guerra. 
Ao se refugiar em Caxias, Fidié tentou recuperar suas forças militares e econômicas, mas não conseguiu. Sem recursos financeiros, com boa parte do armamento subtraída pelos sertanejos e com pouca alimentação, os soldados, que eram mercenários, começaram a deserdar do exército português, deixando o comandante em sérias dificuldades. 
Fidié resistiu por três meses no morro das Tabocas, hoje morro do Alecrim, em Caxias, até se dar por vencido quando 6 mil homens, entre piauienses, maranhenses e cearenses se dirigiram para aquela localidade e, após 15 dias de cerco à cidade, ocorreu o combate e a posterior rendição de Fidié, faminto e desarmado. Foi levado preso para Oeiras e depois para o Rio de Janeiro, de onde foi deportado para Portugal por ordem de D. Pedro I, aparentemente sem nenhuma punição para as mortes por ele causadas. Em 6 de agosto de 1823 foi oficializada, por uma junta militar, a independência do Maranhão, Piauí e Ceará. O projeto de D. João VI de manter o norte do Brasil colônia de Portugal fracassara. 
“Resisti até o ultimo apuro, tirando do campo inimigo, à ponta da baioneta, os víveres precisos para sustentar a minha tropa, cheia de fadiga, e reduzida às circunstanciais mais penosas, até que certo de que não podia ser socorrido e não podendo fazer mais nada honroso, capitulei.” (Major Fidié, VÁRIA FORTUNA DE UM SOLDADO PORTUGUÊS)
A importância da Batalha do Jenipapo
Geralmente, a independência do Brasil é relacionada apenas ao grito do Ipiranga, suposto fato em que não houve lutas, nem derramamento de sangue. Entretanto, o 7 de setembro não encerrou o processo de independência do Brasil. Esse processo seguiu-se com uma guerra de independência e, diferentemente do que muitos acreditam, a independência do Brasil não foi pacífica. Com a declaração da independência, uma série de regiões no Brasil demonstrou sua insatisfação e rebelou-se contra o processo de independência. Eram movimentos “não adesistas”, isto é, movimentos que eclodiram nas províncias que não aderiram ao processo de independência e que se mantiveram leais a Portugal.
Dentre esses movimentos, a Batalha do Jenipapo teve um papel decisivo na garantia da unidade territorial do país recém-emancipado, uma vez que o governo português pretendia, após o 7 de setembro, manter, pelo menos, a parte norte do Brasil como colônia. A Coroa portuguesa fracassara. Graças à resistência dos brasileiros nas lutas ocorridas nas províncias do norte e nordeste, entre as quais a Batalha do Jenipapo, estava consolidada a Independência do Brasil.
4 - O cenário no Brasil e no Piauí pouco antes do combate
7 - Batalha do Jenipapo
9 - A vila de Campo Maior depois do combate
10 - A rendição de Fidié
4 - Antecedentes da Batalha do Jenipapo
11 - A importância da Batalha do Jenipapo

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