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0791_Sociologia Contemporânea

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UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
1 CIÊNCIAS SOCIAIS 
 
Sociologia 
Contemporânea 
 
SEMESTRE 3 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
2 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Créditos e Copyright 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este curso foi concebido e produzido pela Unimes Virtual. Eventuais marcas aqui 
publicadas são pertencentes aos seus respectivos proprietários. 
A Unimes Virtual terá o direito de utilizar qualquer material publicado neste curso 
oriunda da participação dos alunos, colaboradores, tutores e convidados, em 
qualquer forma de expressão, em qualquer meio, seja ou não para fins didáticos. 
Copyright (c) Unimes Virtual 
É proibida a reprodução total ou parcial deste curso, em qualquer mídia ou formato. 
SILVA, Marcelo Squincada. 
 Sociologia Contemporânea. Marcelo 
Squinca da Silva: Núcleo de Educação a Distância 
da UNIMES, 2015. 105p. (Material didático. Curso 
de ciências sociais). 
 Modo de acesso: www.unimes.br 
 1. Ensino a distância. 2. Ciências 
Sociais. 3. Sociologia Contemporânea 
 
 CDD 301 
 
http://www.unimes.br/
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
3 CIÊNCIAS SOCIAIS 
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS 
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS 
PLANO DE ENSINO 
 
 
CURSO: Licenciatura em Ciências Sociais 
COMPONENTE CURRICULAR: Sociologia Contemporânea. 
SEMESTRE: 3º Semestre 
CARGA HORÁRIA TOTAL: 80 horas 
 
EMENTA: 
 
Tomando como referencial o advento da globalização capitalista e a consequente 
crise dos paradigmas sociológicos clássicos de interpretação da realidade social, o 
curso apresenta e analisa os debates da sociologia contemporânea, voltados para 
identificar e compreender as transformações nas relações sociais, políticas, 
econômicas e culturais impostas pelo avanço da sociedade capitalista em sua fase 
atual. Discute a globalização e a sociedade capitalista atual considerando o trabalho, 
as instituições sociais, as relação culturais e as relações de poder e de dominação. 
 
OBJETIVO GERAL: 
Compreender as transformações nas relações sociais, políticas, econômicas e 
culturais impostas pelo avanço da sociedade capitalista em sua fase atual a partir de 
autores contemporâneos da sociologia. 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
Unidade I - A sociologia contemporânea e a globalização como objeto de 
estudo 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
4 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Objetivos da Unidade 
Entender a passagem da teoria social clássica para a teoria contemporânea, 
pensando na 
crise dos paradigmas da análise social e as reformulações dos conceitos. Mostrar 
como a globalização como processo histórico surge como objeto exemplar da 
sociologia. 
 
Unidade II - Globalização, economia e política 
Objetivos da Unidade 
Apresentar as principais questões em jogo na caracterização da globalização 
enquanto fenômeno econômico e político. Desta forma, passaremos por temas como 
a reforma do Estado e sua nova configuração com o neoliberalismo, a 
“desterritorialização” e a tecnologia. 
 
Unidade III - Globalização e cultura 
Objetivos da Unidade 
Entender as relações dessa nova configuração social ocasionada pela globalização 
com a cultura enquanto construção de poder. Compreender o fenômeno da indústria 
cultural. 
 
Unidade IV - As consequências da globalização 
Objetivo da unidade 
Explorar as consequências perversas da globalização, entendendo-a como uma 
ideologia, isto é, como discurso dominante. Compreender as relações entre 
globalização e violência, fundamentais nesse contexto de dominação e controle. 
 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
5 CIÊNCIAS SOCIAIS 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
UNIDADE I: A sociologia contemporânea e a globalização como objeto de estudo. 
UNIDADE II: Globalização, economia e política. 
UNIDADE III: Globalização e cultura. 
UNIDADE IV: As consequências da globalização. 
 
Bibliografia Básica 
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo, Editora 
Perspectivas, 1974. 
IANNI, Octávio. Teorias da globalização. São Paulo: Civilização brasileira, 1998. 
ADORNO, Theodor e HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Rio de 
Janeiro, Jorge Zahar, 1985. 
 
Bibliografia Complementar 
 
ORTIZ, Renato. Mundialização e cultura. São Paulo, Brasiliense, 2000. 
HOBSBAWN, Eric. A era dos extremos: o breve século XX. São Paulo, Cia das 
Letras, 1995. 
DEBORD, Guy. A sociedade do Espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto Editora, 
1997 
WEBER, Max. Ensaios de sociologia. Rio de Janeiro, LTC, 1982. 
BAUMAN, Zigmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editores, 
2001 
 
METODOLOGIA: 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
6 CIÊNCIAS SOCIAIS 
 
A disciplina está dividida em unidades temáticas que serão desenvolvidas por meio 
de recursos didáticos, como: material em formato de texto, vídeo aulas, fóruns e 
atividades individuais. O trabalho educativo se dará por sugestão de leitura de 
textos, indicação de pensadores, de sites, de atividades diversificadas, reflexivas, 
envolvendo o universo da relação dos estudantes, do professor e do processo 
ensino/aprendizagem. 
 
AVALIAÇÃO: 
A avaliação dos alunos é contínua, considerando-se o conteúdo desenvolvido e 
apoiado nos trabalhos e exercícios práticos propostos ao longo do curso, como 
forma de reflexão e aquisição de conhecimento dos conceitos trabalhados tanto na 
parte teórica como na prática e habilidades. Prevê ainda a realização de atividades 
em momentos específicos como fóruns, chats, tarefas, avaliações a distância e 
Prova Presencial, de acordo com a Portaria de Avaliação vigente. A Avaliação 
Presencial, está prevista para ser realizada nos polos de apoio presencial, no 
entanto, poderá ser realizada em home seguindo as orientações das autoridades da 
área da saúde e da educação e considerando a Pandemia COVID 19. 
 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
7 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Sumário 
 
Aula 01_A História da Teoria Sociológica ..................................................................................... 9 
Aula 02_Breviário da teoria sociológica contemporânea as transformações de 1968 ............12 
Aula 03_Teoria sociológica contemporânea – a pós-modernidade ..........................................15 
Aula 04_O fenômeno da globalização .........................................................................................18 
Aula 05_A Globalização e a Sociologia Contemporânea ...........................................................21 
Aula 06_Globalização e a formação dos “sensos comuns” mundiais .......................................23 
Aula 07_A modernização capitalista: continuidade ou ruptura? ................................................25 
Aula 08_Sociologia e Mudança Social .........................................................................................28 
Aula 09_ Globalização e Mercado ................................................................................................30 
Resumo_Unidade I ........................................................................................................................33 
Aula 10_Globalização e o Estado Nacional. ................................................................................34 
Aula 11_Globalização e Neoliberalismo ......................................................................................37 
Aula 12_Globalização e Desterritorialização ...............................................................................40 
Aula 13_Temática: Globalizaçãoe tecnologia ............................................................................43 
Resumo - Unidade II ......................................................................................................................46 
Aula 14_Globalização e Desemprego ..........................................................................................47 
Aula 15_Globalização e a “revolução agrária” do agro-business. .............................................50 
Aula 16_Globalização e organização Empresarial .....................................................................52 
Aula 17_ A Indústria Cultural I ......................................................................................................55 
Aula 18_A Indústria Cultural 2 ......................................................................................................58 
Aula 19_A Indústria Cultural no Brasil..........................................................................................61 
Resumo da Unidade III ..................................................................................................................65 
Aula 20_Pierre Bourdieu e a cultura como categoria autônoma ...............................................66 
Aula 21_Globalização e Cultura ...................................................................................................69 
Aula 22_Globalização, capital financeiro e cultura. ....................................................................72 
Aula 23_Globalização e turismo ...................................................................................................76 
Aula 24_Globalização e questões filosóficas ..............................................................................79 
Aula 25_ Globalização e questões filosóficas .............................................................................82 
Aula 26_Globalização e os Novos Focos do Poder ....................................................................85 
Aula 27_O Império de Michael Hardt e Tony Negri ....................................................................88 
Aula 28_A Globalização e a Violência .........................................................................................91 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
8 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 29_A Globalização, a guerra e o terrorismo internacional.................................................93 
Aula 30_Globalização e Poder na Mídia Eletrônica ....................................................................96 
Aula 31_Globalização e o surgimento de movimentos de resistência ao processo histórico 
em curso .........................................................................................................................................98 
Aula 32_Temática: Balanço crítico .............................................................................................100 
Resumo - Unidade IV...................................................................................................................102 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
9 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 01_A História da Teoria Sociológica 
 
Nesta aula abordaremos os principais autores que deram início à Teoria 
Sociológica para que seja possível compreender como surgiu a Teoria Sociológica 
Contemporânea. 
A história da Teoria Sociológica no século XX mostrou um avanço formidável, 
não só em relação às temáticas abordadas (muitas e nas mais diversas áreas, 
abarcando até questões sobre a sexualidade moderna), como também em relação 
ao método. Vejamos, então, sucintamente, alguns teóricos do século XX que 
contribuíram para o estágio atual da Sociologia Contemporânea, bem como seus 
respectivos métodos e temáticas. Ainda no século XIX, o alemão Karl Marx (1818-
1883), fundador do método materialista histórico dialético (que retoma a dialética do 
filósofo Hegel), debruçou-se sobre as relações entre o capital e o trabalho. Esta 
temática surge em decorrência da generalização dos efeitos da revolução industrial: 
a burguesia concentrava cada vez mais capitais (gerenciados pela rede bancária em 
franco crescimento), enquanto o proletariado crescia vertiginosamente nas cidades 
apesar de toda a exploração a qual era submetido diariamente. Esse era o mundo 
vivenciado por Marx, e, por isso, o autor se debruçou sobre esta temática. Seu 
método – original e inovador para a época – e suas considerações sobre o 
funcionamento do capitalismo foram tão importantes para a Teoria Social, que 
constituem ainda um dos grandes paradigmas da Teoria Social Contemporânea. O 
materialismo histórico dialético, apesar de ser um método antigo, ainda hoje se 
constitui numa grande referência para os estudos sociais, e a temática dos conflitos 
entre o capital e o trabalho nunca foi abandonada pela Teoria Social. 
 Um outro grande autor das Ciências Sociais foi, o também alemão, Max 
Weber (1864-1920). O autor fazia severas críticas ao método materialista histórico 
dialético e sua análise “econômica” da realidade social (que julgava ser um princípio 
unívoco, explicando todas as épocas históricas, o que, no seu entendimento, era 
algo ineficiente para a compreensão das causas específicas das mudanças em cada 
época). Dizia, ao contrário de Marx, que o capitalismo sempre existiu, e o que 
diferenciava a atual fase das fases anteriores era o grau de racionalidade (no 
sentido da ampliação da eficiência logística e operacional das organizações e 
 
 
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10 CIÊNCIAS SOCIAIS 
instituições sociais) com que contava o capitalismo do século XX. Para desenvolver 
seu pensamento, Weber tinha um cuidado especial com o método e a objetividade 
científica de seus escritos, o que julgava essencial à formação do conhecimento 
sobre a humanidade. Com métodos diferentes de Marx, Weber constitui-se num dos 
grandes clássicos das ciências sociais. A temática desenvolvida por ele, contudo, 
também é orientada para o conflito capital-trabalho (ainda que envolvendo fatores 
culturais e religiosos na compreensão da realidade). 
 Outro autor clássico para a formação da ciência sociológica é o francês Emile 
Durkheim (1858-1917), preocupado com a especificidade da sociologia enquanto 
ciência. Dizia que o objeto de estudo da Sociologia era o Fato Social, reconhecível 
pelo poder de coerção externa que o Direito, a Moral ou a Religião, por exemplo, 
exercem ou podem exercer sobre os indivíduos. Tudo o que é determinado fora do 
indivíduo seria um fato social: uma mentalidade religiosa; a concepção de 
criminalidade; de família; de moral; a maneira de agir conforme os padrões etc. Seu 
método, apesar de distinto do de Marx e Weber, ajudou na formação da Sociologia. 
Sua temática – sobretudo a solidariedade social, fruto da divisão do trabalho – não 
fugiu muito às temáticas destacadas por Marx e Weber, centradas no conflito capital-
trabalho. 
Esses três autores foram muito importantes para a configuração da Teoria 
Sociológica Clássica e influenciaram fortemente a teoria social no decorrer de todo o 
século XX. Todos os grandes autores que surgiram no decorrer do século XX foram, 
de certa forma, tributários dos grandes pais fundadores da Sociologia. Cada autor 
incorporava as contribuições dos três autores supracitados de acordo com suas 
preocupações no momento em que escreviam. Não vamos aqui explicar o método e 
a temática de cada um dos autores posteriores aos três acima destacados. Vamos 
apenas falar genericamente das grandes tendências da Teoria Social no século XX 
para que se possa entender como surgiu a Teoria Sociológica Contemporânea e 
quais suas principais preocupações teóricas. 
 Paralelamente a isso, nos anos 1950 surge uma corrente metodológica 
chamada Estruturalismo, desenvolvida pelo francêsClaude Lévi-Strauss. Segundo o 
autor, apesar das diferenças culturais, as sociedades apresentariam certos traços 
estruturais comuns a todas as sociedades humanas. 
 
 
UNIVERSIDADE 
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SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
11 CIÊNCIAS SOCIAIS 
 A partir da identificação desses traços estruturais (presentes, por exemplo, 
na linguagem) seria possível fazer o estudo das sociedades humanas. Este método 
demonstrou grande eficiência para a compreensão das sociedades capitalistas. 
Contudo, foi perdendo importância a partir do surgimento de novas correntes de 
pensamento, sobretudo após os anos 1970, quando eclodiram novas interpretações 
da realidade. 
Todos os autores, métodos e temáticas apresentadas até o momento foram 
cruciais para a formação da Sociologia Clássica que, por sua vez, influenciou 
diretamente as correntes da Sociologia Contemporânea, que estudaremos a seguir. 
Quais as principais correntes que influenciaram a constituição da Sociologia 
Contemporânea? Quais as principais distinções metodológicas? 
 
 
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12 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 02_Breviário da teoria sociológica contemporânea as transformações de 
1968 
 
Nesta aula retomaremos o contexto histórico dos anos 1960 na Europa, 
principalmente o ano de 1968 na França. O conturbado contexto histórico da época, 
que envolveu grandes transformações morais e culturais, influenciou decisivamente 
o desenvolvimento da Teoria Sociológica rumo à contemporaneidade, conforme 
veremos a seguir. Na aula anterior vimos os três pais fundadores da sociologia 
clássica (Marx, Weber e Durkheim), e vimos também algumas das correntes 
posteriores de grande importância para a teoria social (Estruturalismo e Teoria 
Crítica). A Teoria Crítica e o Estruturalismo, cada qual a seu modo, foram os 
grandes responsáveis pela incorporação de temas relacionados à esfera cultural 
pela teoria sociológica. 
Com os acontecimentos de 1968 na Europa, sobretudo na França (onde 
estudantes reivindicavam a liberdade sexual e se colocavam contra os poderes 
institucionais da sociedade, dentre eles a família, o Estado, a religião, a universidade 
etc), e com o movimento da contra cultura, a teoria social viu-se diante de novos 
dilemas. Os protagonistas das reivindicações de 1968, em sua maioria estudantes 
universitários, colocavam-se numa posição de rejeição aos poderes instituídos na 
sociedade, dentre eles a ciência oficial - legitimada pelas cátedras das 
universidades, com seus métodos rígidos que pretendiam ser grandes narrativas da 
história das sociedades ocidentais. Para esses protagonistas, que vivenciavam um 
mundo em que os valores morais estavam em plena ebulição, as grandes teorias – 
sobretudo o marxismo e o estruturalismo, grandes parâmetros de referência nas 
universidades – não mais eram capazes de responder aos novos dilemas impostos 
pelos novos tempos. Os estudantes acreditavam que as transformações sociais 
necessárias para a construção de uma sociedade mais justa não estavam apenas 
no campo da política (orientada pela ideia de revolução socialista), tampouco no 
campo da ciência (instrumento de análise crítica da sociedade, mas pouco voltado à 
ação prática). Os protagonistas de 1968 acreditavam que estas transformações 
deveriam passar pelas práticas cotidianas dos indivíduos, envolvendo a 
transformação radical de hábitos e costumes há muito arraigados no imaginário 
 
 
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13 CIÊNCIAS SOCIAIS 
ocidental. A política e a teoria seriam, desta forma, ineficientes para a transformação 
da sociedade. 
 O campo privilegiado das transformações seria a cultura – digam-se as 
práticas culturais do cotidiano – que antes eram acessórias às políticas, mas agora 
deveriam ser, elas mesmas, o lugar das principais transformações. 
Desse contexto podemos destacar duas consequências importantes: a 
primeira foi o precedente criado para que novas teorias sociais surgissem nos anos 
1970, não aos moldes do marxismo ou do estruturalismo (já desacreditados como 
instrumentos de compreensão da realidade), mas ao mesmo tempo dialogando e 
rompendo com elas. É o caso da Teoria dos Campos de Produção Simbólica, de 
Pierre Bourdieu, que apresentaremos no decorrer do curso. A segunda 
consequência foi o descrédito em relação à teoria sociológica clássica e às grandes 
narrativas que se pretendiam universais, implicando numa perda de importância do 
marxismo e até da ideia de teoria no cenário das ciências sociais a partir dos anos 
1980 (assunto que retomaremos em aula posterior sobre a pós-modernidade). 
Nos anos 1970, imediatamente posteriores às transformações de 1968, 
concomitante e contraditoriamente ao descrédito em relação ao marxismo e às 
grandes teorias, começam surgir novas ideias no âmbito da teoria social. Este teria 
sido o último momento de impulso criativo da sociologia, visto que depois dos anos 
80, conforme já enunciado, a ideia de teoria perdeu força e ela se despolitizou. 
Assim, sobre a primeira consequência dos movimentos de 1968 – o precedente 
criado para que novas teorias sociais surgissem – podemos dizer que ela conduziu a 
novas interpretações da realidade, como a Teoria dos Campos de Produção 
Simbólica, do francês Pierre Bourdieu. 
Sobre a segunda consequência podemos adiantar que a perda de importância 
do marxismo e da ideia de teoria redundou numa despolitização tanto da sociedade 
como da própria ciência. A partir dos anos 1980 começam a surgir estudos sobre a 
cultura, denominados estudos pós-modernos, cujo foco principal é a caracterização 
da pós-modernidade e seus elementos culturais. Retomaremos o assunto da pós-
modernidade mais adiante, visto que os estudos pós-modernos têm se destacado 
como uma das tendências mais recorrentes na teoria sociológica contemporânea. 
 
 
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14 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Nesta aula pudemos identificar as transformações ocorridas em 1968 que 
influenciaram fortemente o desenvolvimento da Teoria Sociológica no último quartel 
do século XX. Estas transformações implicaram tanto em novas teorias surgidas nos 
anos 1970 quanto no posterior enfraquecimento da teoria ocorrido nos anos 1980 (o 
que deu origem aos estudos culturais denominados pós-modernos). Ambas as 
correntes fazem parte da Sociologia Contemporânea e só podem ser entendidas em 
comparação ao desenvolvimento da Teoria Social no decorrer de todo o século XX . 
Em que sentido as transformações sociais de 1968 influenciaram o desenvolvimento 
da Teoria Sociológica? Quais as principais consequências destes episódios para a 
Ciência Social? 
 
 
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15 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 03_Teoria sociológica contemporânea – a pós-modernidade 
 
Nesta aula analisaremos a origem da pós-modernidade. Iremos refletir, 
também, sobre a origem do pensamento social pós-moderno, bem como a crítica 
sociológica a ele atribuída. 
Conforme fora apontado em aulas anteriores, o materialismo histórico 
dialético se transformou no principal referencial da sociologia ao longo do século XX. 
Contudo, após as transformações ocorridas em 1968 (que se colocavam contra as 
normas e os poderes instituídos da sociedade, dentre eles a ideia de teorias – e 
seus métodos rígidos, legitimados pelas cátedras das universidades – que 
funcionavam como grandes narrativas históricas), o marxismo perdeu força, visto 
que tanto a política quanto a ciência não se mostravam eficientes para transformar a 
sociedade, tampouco eram instrumentos eficientes para compreendê-la. O mundo e 
as ideias haviam mudado: não eram mais o simples reflexo da estrutura capitalista. 
Ele passou a ser fragmentário, com múltiplas identidades e agentes simultâneos 
(não apenas as declasse), o que demandava uma nova forma de pensar menos 
ligada aos poderes instituídos na sociedade. Era como se, no campo da ciência, 
houvesse ideias do passado num mundo dramaticamente diferente, ininteligível aos 
olhos da ciência. As teorias clássicas pareciam ultrapassadas e novas teorias 
começaram a surgir. 
Os anos de 1965 até 1980 pareciam ter sido anos de fluxo da nova sociologia, 
pois novos autores estavam surgindo: 
Raymond Williams, Pierre Bourdieu, J. Habermas, Fredric Jameson, E. Said, 
entre outros. As transformações de 1968 deram um novo impulso à teoria, sobretudo 
às teorias sobre a cultura que se estenderam até o ano de 1980. Tais teorias 
passaram a ser valorizadas devido ao novo papel da cultura: se antes era uma 
esfera complementar à política, após as mudanças comportamentais de 1968, 
passou a ser, ela mesma, palco de reivindicações, o que demonstrava sua 
autonomização em relação à política. Mudanças culturais tornaram-se a nova forma 
de contestação política, tendo a cultura, portanto, um papel central na crítica ao 
marxismo nos anos 1960 e 1970. Além do mais, a cultura passou a englobar 
questões do novo capitalismo que, como veremos posteriormente, gira em torno do 
 
 
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16 CIÊNCIAS SOCIAIS 
consumo e não da produção. A cultura passa a ter um papel paradoxal: ela é tanto a 
contestação que faltava no pensamento sociológico como é também fruto do novo 
sistema que estava sendo contestado (pois há um significativo incremento no 
mercado de bens culturais, o qual aumenta a oferta dos diversos tipos de produtos). 
A cultura como valor dissidente surge no exato momento em que a cultura é 
transformada numas das principais mercadorias a serem consumidas. Por este 
motivo surgem teorias que se debruçam sobre a economia dos bens culturais como 
elementos de dominação simbólica (como o pensamento de Bourdieu, que veremos 
em outra aula). 
 No entanto, um novo acontecimento histórico passou a influenciar a produção 
científica: a crise do petróleo de 1979 que provocou um processo econômico 
recessivo no mundo todo, que trouxe como consequência direta um refluxo das 
esperanças revolucionárias. Esta situação provocou um pessimismo por todo o 
Ocidente, o que teve influência direta na produção de teorias sociais. 
Após a crise do petróleo de 1979, mesmo estes estudos mais recentes sobre 
a cultura (Williams, Bourdieu) pareciam ultrapassados, visto que as ideias tiveram 
um último brilhante florescimento (1980, quando a nova teoria cultural estaria 
madura) quando as condições que a produziram já estavam desaparecendo (a 
expansão do capitalismo, que cessou a crise do petróleo de 1979), e a teoria 
cultural, dessa forma, desgarrou-se de seu momento de origem. 
 Assim, os velhos clássicos estavam ultrapassados e os novos clássicos 
pareciam fadados ao mesmo destino, visto que o novo mundo era muito diferente 
das décadas anteriores. O corpo a ser estudado pela teoria social não era mais o 
esfomeado, e sim o erótico (o que é uma conquista da sociologia, mas, por outro 
lado, a discussão se diluiu e se banalizou, e é discutida sem profundidade). O rock, 
antes diversão, transformava-se em objeto de pesquisa. O prazer não era mais visto 
como algo subversivo: pelo contrário, ele levaria ao consumo, fundamental para a 
sobrevivência do sistema. Esse novo mundo do consumo e da especulação – não 
mais o da produção – perdeu seu impulso utópico presente em 1968, gerando uma 
falta de perspectiva coletiva e um descrédito em relação às transformações políticas 
e à prosperidade econômica. A partir de 1980 configura-se uma época de refluxo 
das ideias, o que fez com que a sociedade (sobretudo os jovens) se despolitizasse e 
 
 
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17 CIÊNCIAS SOCIAIS 
carecesse de uma visão histórica. Despolitizou-se também o pensamento sobre a 
dominação – antes pensada em termos classista, e agora em termos individuais e 
culturais– inflando o papel da cultura dentro dela. A cultura passa a ser pensada do 
ponto de vista do pluralismo, da descontinuidade, da heterogeneidade, do 
relativismo cultural, e que rejeita totalidades e valores universais. A categoria social 
“classe” passou a ser repelida e desacreditada, dando lugar às múltiplas identidades 
simultâneas existentes na sociedade (que, devido à sua fragmentação, não 
conseguem pensar o mundo coletivamente, e sim através de sua lente particular). O 
que houve foi um redimensionamento entre o individual e o universal na utopia de 
construção de uma sociedade mais justa. As lutas se referem muito mais ao 
individual do que ao coletivo, o que demonstra uma interiorização individualista dos 
anseios por mudanças que se tornaram mais utilitárias e menos utópicas. A utopia, 
tão importante em outras épocas para a construção de uma sociedade mais justa, 
teria dado assim seu último suspiro. Todo esse quadro compõe o que se 
convencionou dizer “pós-modernidade”. O mundo havia mudado dramaticamente, 
tornando-se fragmentário e pós-moderno. Mas a teoria cultural e o pensamento 
social, ao invés de criar novos mecanismos de compreensão desse novo mundo 
(sendo a única forma de compreensão crítica da sociedade), despolitizou tanto 
quanto esse novo mundo, o que corroborou a despolitização da sociedade. A 
sociedade pós-moderna criou também o pensamento pós-moderno, que carece de 
teoria e bases sólidas para compreender criticamente esse novo mundo. O 
pensamento pós-moderno, ao contrário, reafirma esse novo mundo, pois é tão 
fragmentário e despolitizado quanto ele. 
 Há, portanto, uma discrepância entre a teoria (ultrapassada) e a realidade 
(nova), o que exigia uma maneira inovadora de compreender a realidade que fosse 
mais adaptada à compreensão crítica das transformações em curso. Mas o que se 
observa é que os clássicos (velhos e novos) estão ultrapassados, mas não há uma 
teoria social inovadora que os substitua. O que há é o pensamento pós-moderno, 
que é antiteórico e, portanto, não é crítico. É despolitizado e fragmentário, à imagem 
e semelhança da sociedade pós-moderna global. 
 Quais as origens da pós-modernidade e do pensamento pós-moderno? 
Quais as características de ambos? Quais as implicações para a teoria social? 
 
 
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18 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 04_O fenômeno da globalização 
 
A partir desta aula, iremos iniciar a identificação e a discussão das principais 
modificações impostas às sociedades pela globalização capitalista, situando o 
quadro geral da percepção sociológica deste fenômeno. 
Em meados da década de 1980, segundo o célebre sociólogo brasileiro 
Octávio Ianni, o mundo foi abalado por transformações de amplas proporções, cuja 
intensidade e a profundidade são difíceis de ignorar. Algo como uma ruptura 
histórica (no sentido da modificação dos quadros sociais de referência da realidade 
cotidiana) e epistemológica (no sentido da comentada falência de certas categorias 
de interpretação do devir social, como o marxismo ortodoxo) se impunha com a 
aceleração do processo de interação dos mercados capitalistas em nível mundial. O 
fenômeno da globalização capitalista, contestado por uns e reverenciado por outros, 
seguia seu curso desdobrando-se desigualmente sobre os territórios e suas 
fronteiras, sobre as nações e as noções de sociabilidade, configurando outros 
parâmetros políticos, sociais e culturais que afetavam (e continuam a afetar) os 
grupos humanos (IANNI, 2001, p. 4). 
Demarcar as referências iniciais do processo da globalização capitalista 
constitui ainda uma tarefa ingrata para os cientistas sociais. Pode-se argumentar, de 
acordo com as diversas percepções do processo histórico em andamento, que a 
gênese da “mundialização dos mercados” iniciou-se com a expansão comercial 
europeiados séculos XV e XVI. Nesse sentido, a globalização torna-se uma 
consequência da própria expansão e da “evolução” da lógica e das práticas de 
mercado inauguradas pela burguesia no momento da ascensão da economia 
capitalista. A ruptura histórica e epistemológica colocada pela globalização 
(identificada por Octávio Ianni) encontraria correspondência em outros momentos 
históricos do ocidente (como o renascimento e a revolução industrial) marcados por 
rupturas do mesmo caráter, motivadas pelas inovações tecnológicas e culturais que 
acompanharam o desenvolvimento da economia de mercado. Por outro lado, muitos 
pesquisadores, sem dispensar o aproveitamento da experiência histórica do 
desenvolvimento da sociedade capitalista para a análise do processo de 
 
 
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19 CIÊNCIAS SOCIAIS 
globalização, assinalam as duas décadas finais do século XX como o momento que 
tais mudanças tomaram revigorado rumo, ampliando sua intensidade e velocidade. 
 
 SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA 
 
As décadas finais do século XX foram marcadas pela revolução da 
informática (potencializando a ampliação e a interação dos mercados nacionais) e 
pelas modificações na geopolítica do poder global (com a desagregação da antiga 
União Soviética e do comunismo de matriz leninista como forma de governo 
predominante no leste europeu, o que encerrou definitivamente a “guerra fria”), o 
que permitiu um avanço sem precedentes da economia capitalista. A rearrumação 
mundial dos mercados, viabilizada pelos velocíssimos processos de inovação 
tecnológica (aplicados, entre outros segmentos, aos meios de comunicação e aos 
sistemas de transporte) e o consequente aumento da produtividade, esteve, de 
início, acompanhada do processo de crescimento econômico viabilizado pela 
exploração capitalista dos países anteriormente governados pelos comunistas. 
Para acompanhar as mudanças ditas “inexoráveis”, que modificavam as 
relações políticas, sociais e econômicas, tornava-se necessário e modelar o papel 
do Estado, das relações entre capital e trabalho, das formas de organização da 
produção, entre outros “pontos de enforcamento” que inviabilizavam a fruição da 
expansão da economia capitalista. Houve mesmo quem percebesse na 
“acachapante vitória do capitalismo” e na expansão da economia de mercado pelo 
globo os princípios do “fim da história”, a qual foi decretada pelo cientista social 
norte-americano Francis Fukuyama. Segundo o autor, a preponderância 
inquestionável do mercado e das formas de organização política correlacionadas 
(como moralismo, que estudaremos nas próximas aulas), em meio a derrocada da 
“alternativa comunista” de organização da sociedade, tinham o efeito de destituir de 
sentido as visões históricas baseadas na luta de classes e de seus desdobramentos 
como modos de perceber o devir social. Os ensinamentos de Karl Marx e de outros 
clássicos do pensamento social estavam definitivamente enterrados pela história. 
A insanidade da decretação do “fim da história” antes do fim da humanidade 
provocou protestos na comunidade acadêmica mundial. No entanto, as modificações 
 
 
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20 CIÊNCIAS SOCIAIS 
sociais impostas pela globalização geraram, no âmbito da sociologia, uma séria crise 
dos paradigmas conceituais recorrentes de análise do devir social. A sociedade 
capitalista era ainda de matriz industrial ou o sistema já se encaminhara para uma 
configuração pós-industrial? Os tempos atuais eram ainda os tempos modernos ou a 
modernidade devia ser tratada no tempo pretérito? O debate em torno da 
modernidade ou da pós-modernidade ganhava relevância em meio à renovação dos 
espaços e das relações provocadas pela globalização. 
 O texto aponta a existência de certas análises da globalização que a tomam 
como uma ruptura histórica, e outras que verificam no fenômeno a continuidade e o 
desenvolvimento das práticas capitalistas de mercado. 
 
SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA 
De sua perspectiva, a globalização configuraria uma ruptura histórica ou seria 
melhor pensá-la do prisma da continuidade e “evolução” das práticas capitalistas de 
mercado? 
 
 
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21 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 05_A Globalização e a Sociologia Contemporânea 
 
Nesta aula iremos observar como o fenômeno da globalização capitalista foi 
importante para a renovação dos objetivos da análise sociológica, determinando 
novas “missões” para a sociologia contemporânea. 
Como vimos, a globalização irrompeu em meio a um intenso debate teórico 
que sacudia a sociologia enquanto ciência de análise da realidade social. Embora de 
certa maneira o debate dos sociólogos em torno dos pressupostos teóricos que 
orientam a disciplina (que desembocaram na discussão da validade dos conceitos 
da sociologia clássica ou “moderna” para entender as novas configurações do 
sistema capitalista) ainda encontre relevância teórica (visto que permite incrementar 
as categorias da análise sociológica), a atenção dos cientistas sociais 
contemporâneos cada vez se distancia mais do debate interno e se volta com 
renovado fôlego para incrementar o entendimento e a compreensão das alterações 
diversas provocadas nas sociedades pelo fenômeno da globalização. 
Mensurar e qualificar o fenômeno da globalização capitalista, avaliando suas 
tendências mais generalizantes, analisando suas implicações e observando seus 
impactos nas diferentes sociedades atingidas, tem se tornado, nos dizeres dos 
próprios sociólogos, a “missão” da sociologia contemporânea. Como nesta 
afirmação do professor da Unicamp, Renato Ortiz: 
 
O desafio atual é pensar nas transformações que ocorreram nas últimas 
duas décadas. Tem a ver com o contexto da globalização toda a 
problemática do Estado-Nação, ou seja, o desenvolvimento de uma 
sociedade informatizada. Trabalhar essa problemática do mundo 
contemporâneo com categorias que não eram ainda disponíveis na tradição 
histórica que tínhamos na sociologia. Trata-se, na minha opinião, do desafio 
principal, com uma vantagem talvez: esse processo de transformação, 
embora não se tenha completado inteiramente, já está mais claro do que 
era, digamos, há quinze anos. Isso permite que tenhamos uma perspectiva 
de compreensão distinta do senso comum, generalizado na mídia e nas 
conversas do dia a dia. (Jornal da Unicamp, 2003). 
 
 A posição do Professor Renato Ortiz referenda a necessidade de inovar os 
instrumentos da análise sociológica para a análise do complexo processo de 
 
 
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22 CIÊNCIAS SOCIAIS 
mudanças imposto a partir da globalização capitalista. No entanto, a renovação do 
instrumental teórico da ciência deve subordinar-se aos compromissos tradicionais da 
disciplina, como o desvendar das aparências e demais mistificações que encobrem 
a realidade do devir social. Esta posição é também rememorada nas declarações do 
também professor da Unicamp, o sociólogo Marcelo Ridenti: 
 A sociologia tem o compromisso com o desvendamento das aparências 
sociais. O que vemos hoje é um mundo muito mistificado, muito mascarado, 
em que temos um avanço cada vez maior do capitalismo, que se generaliza 
por todo o globo e que transforma tudo em mercadoria. Paradoxalmente, 
quanto mais esse sistema capitalista se difunde e se expande, mais difícil e 
enevoado se torna reconhecer sua estrutura seu funcionamento (Jornal da 
Unicamp, 2003). 
 
Entender a globalização para além das aparências e mistificações que 
referenciam sua expansão para todos os recantos do globo constitui o objetivo da 
sociologia contemporânea. A tarefa que se coloca aos sociólogos é difícil devido à 
velocidade do processo de mudança e a diversidade das suas formas de integração 
com as distintasrealidades locais. No entanto, o estudo sociológico da globalização 
configura um instrumento eficaz para o entendimento das mudanças que abalam as 
estruturas da sociedade, permitindo avaliar suas consequências e perspectivas 
atuais e futuras.Os autores citados, eméritos professores brasileiros, referendam o 
papel da sociologia em desvendar o “senso comum” e das mistificações que 
encobrem os interesses dos agentes sociais, mascarando a percepção da realidade 
social. Quais seriam as principais aparências e mistificações generalizadas pelos 
globo que acompanham o desenrolar do processo de globalização do capitalismo? 
 
 
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23 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 06_Globalização e a formação dos “sensos comuns” mundiais 
 
Nesta aula vamos discutir a validade interpretativa das impressões 
generalizantes sobre o processo de globalização que acompanham o desenrolar da 
reconfiguração do mercado capitalista em nível global, procurando tematizar a 
relação existente entre formação de “sensos comuns” mundiais, viabilizados pelo 
alcance e velocidade dos meios de comunicação e os novos quesitos para a 
dominação política e econômica. Em meio ao processo de globalização do capital, 
aconteceu que fluíram (e ainda estão fluindo) por meio do globo certas impressões 
generalizantes, as quais tentam qualificar e nomear as características das 
transformações que alteram permanentemente os padrões de comportamento dos 
grupos humanos. A “aldeia global” de Marshall McLuhan, a “sociedade informática” 
de Adam Shaft, a “terceira onda” de Alvin Toffler, o “choque de civilizações” de 
Samuel Huntington, entre outras afirmações, para além de referenciarem por meio 
de interessantes metáforas o quadro de mudanças mais ou menos obscuras que 
atingem a humanidade, também permitem enxergar posturas políticas e de outros 
interesses que emergem. 
 No entanto, essas metáforas – elaboradas com mais ou menos atributos de 
explicação científica – difundidas, valorizadas e direcionadas conforme os interesses 
postos em jogo nos cenários em transformação, colaboram com a elaboração de 
novos “sensos comuns” que interferem na compreensão do complexo processo da 
globalização pela análise sociológica. Não devemos nos esquecer de que, não 
obstante a capacidade explicativa de parte do fenômeno por meio dessas 
explicações generalizantes, elas também corroboram a formação de “sensos 
comuns” de alcance mundial (isto conforme o vai e vem das informações pelos 
variados caminhos de disseminação impostos pelos meios de comunicação 
eletrônicos). O “senso comum”, ou a imagem ou aparência da realidade social 
partilhada pelos homens de uma mesma sociedade, é considerado, desde Karl 
Marx, o extrato que possibilita a formação e a fruição das ideologias pelo corpo 
social. 
O “senso comum” sobre a globalização referencia a inexorabilidade do 
processo em curso. As determinantes impõem as consequências, e para as pessoas 
 
 
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24 CIÊNCIAS SOCIAIS 
envolvidas, as mensagens criam a impressão de que nada resta a fazer se não 
adaptar-se as contingências. A inevitabilidade relaciona-se com a passividade 
requerida aos atores sociais. Adaptar-se para sobreviver é a norma difundida no 
plano ideológico. Nada mais se pode fazer a não ser esperar a tormenta e aprender 
a nadar conforme as ondas. 
Para entender a globalização para além das metáforas, torna-se necessário 
perscrutar as determinantes e as implicações do processo para além da sua 
aparência social. Isso se torna possível a partir da caracterização das 
transformações que atingem os diversos setores da sociedade, avaliando suas 
relações e interpolações. Segundo o sociólogo americano Fredric Jameson, “as 
tentativas de definir a globalização são, o mais das vezes, só um pouco melhores do 
que as apropriações ideológicas”. Para o autor, torna-se relevante para a analise 
“juntar todas as descrições e fazer um inventário de suas ambiguidades, algo que 
implica falar tanto sobre fantasias e ansiedades quanto sobre a coisa em si” 
(JAMESON, 2001, p.17). 
Nesse sentido, passaremos, nas próximas aulas, a descrever e discutir as 
transformações nos diversos setores da vida social, não observando somente seus 
efeitos e generalizações, mas também suas determinantes pregressas e as 
correlações entre os diferentes segmentos. Dessa feita, esperamos contribuir para a 
sua compreensão dos fenômenos políticos, culturais, econômicos e sociais 
desencadeados a partir da evolução tecnológica e da crescente interdependência 
entre os mercados globalizados. 
Nosso objetivo é tornar mais claro o entrelaçamento de interesses antigos e 
novos em meio à transformação dos modos e meios de viabilizar a dominação 
política e econômica. O texto coloca a indubitável relação existente entre a formação 
do “senso comum” e a fruição das ideologias pelo corpo social, referenciando como 
tais processos de mistificação ganham revigorado apelo nos tempos atuais. 
 Nesse sentido, cabe questionar como as metáforas do tipo choque de 
civilizações” ou “terceira onda” prestam-se à conformação e à aceitação de 
predicados de poder pelos agentes sociais, observando quais interesses (e grupos 
de poder) podem estar escondidos na contínua reiteração destas afirmações. 
 
 
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25 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 07_A modernização capitalista: continuidade ou ruptura? 
 
Nesta aula vamos identificar as mudanças gerais acontecidas com o processo 
de modernização capitalista das sociedades. 
Um conceito muito utilizado pelos historiadores e cientistas sociais para 
qualificar o processo de transformação social inaugurado pela fruição da economia 
de mercado é o conceito de “modernização capitalista da sociedade”. Em linhas 
gerais, a modernização da sociedade, inaugurada pelo surgimento e contínuo 
aperfeiçoamento dos instrumentos de produção relacionados à economia capitalista 
(espalhando-se pelo globo desde a matriz europeia, conforme o próprio processo de 
expansão da economia de mercado), importou em modificações mais ou menos 
generalizadas nos diversos países atingidos pela denominada “revolução burguesa”. 
Nos dizeres do sociólogo francês Raymond Boudon, o capitalismo, alterando 
os padrões de produção por meio da industrialização e pela contínua proliferação 
fabril, implicou em grandes deslocamentos populacionais, os quais promoveram o 
crescimento das cidades, fazendo despontar a sociedade de massas. O processo 
ampliou a diferenciação social a partir do surgimento de novas formas de divisão do 
trabalho, afetando as velhas hierarquias e fazendo surgir novos extratos e classes 
sociais, como as classes média e operária. A crescente circulação de pessoas, 
mercadorias e informações, as quais acompanham a formação de novos mercados 
e a intensificação da concorrência, recriaram os padrões de conduta social. Cresceu 
a demanda pelo “desencantamento do mundo”, preconizada pelo eminente 
sociólogo alemão Max Weber (o que pode ser percebido e referenciado na 
laicização da política, do saber e mesmo dos comportamentos sociais, cada vez 
mais “racionalizados” e “autocontrolados”). A produção industrial e cultural tendeu a 
se massificar, criando produtos de consumo cuja característica principal era a 
padronização e a homogeneização (requerendo o mesmo de seus consumidores). A 
intensificação dos conflitos sociais, em meio à decadência das velhas relações de 
poder tradicional (baseadas nas diferenciações do sangue e do nascimento) exigiu 
ampliar o papel do Estado no controle do corpo social e mesmo no desenvolvimento 
econômico. (BOUDON, 2000, p.361-367) 
 
 
 
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26 CIÊNCIAS SOCIAIS 
O processo de modernização capitalistadas sociedades, acelerando-se a 
partir do século XIX trazia em si os germens da sociedade globalizada, como bem 
percebeu Karl Marx numa passagem do manifesto comunista, escrito em 1848: 
 
Através da exploração do mercado mundial, a burguesia deu um caráter 
cosmopolita à produção e ao consumo de todos os países. Para grande pesar 
dos reacionários, retirou debaixo dos pés da indústria o terreno nacional. As 
antigas indústrias nacionais foram destruídas e continuam a ser destruídas a 
cada dia. São suplantadas por novas indústrias, cuja introdução se torna uma 
questão de vida ou morte para todas as nações civilizadas – indústrias que não 
mais empregam matérias primas locais, mas matérias primas provenientes das 
mais remotas regiões, e cujos produtos são consumidos não somente no próprio 
país, mas em todas partes do mundo. Em lugar das velhas necessidades, 
satisfeitas pela produção nacional, surgem necessidades novas que para serem 
satisfeitas exigem os produtos das terras e dos climas mais distantes. Em lugar 
da antiga autossuficiência e do antigo isolamento local e nacional, desenvolve-se 
em todas as direções um intercâmbio universal, uma universal interdependência 
das nações. E isso tanto na produção material quanto intelectual. Os produtos 
intelectuais de cada nação tornam-se um patrimônio comum. A unilateralidade e 
a estreiteza nacionais tornam-se cada vez mais impossíveis, e das numerosas 
literaturas nacionais e locais forma-se uma literatura mundial. (MARX, 1993, p.70) 
 
Desde seu surgimento, a economia capitalista importou na transformação 
contínua das relações sociais. Nesse sentido, Fredric Jameson cunhou o termo 
capitalismo tardio para qualificar as mudanças impostas às sociedades pelo 
processo de globalização. Segundo o autor, mais que uma ruptura com o quadro de 
mudanças colocadas pela modernidade, a globalização pode ser analisada como a 
continuidade deste processo histórico, configurando o modo de produção capitalista 
do final do século XX e início do XXI. O quadro atual está caracterizado pela 
manutenção do modelo capitalista de produção baseado na propriedade privada e 
no sistema monetário e financeiro, assim como pela ideia de inter-relacionamento 
dos mercados, dos capitais e das forças produtivas. No entanto, as mudanças 
tecnológicas aplicadas à produção e a circulação das informações alteraram certos 
padrões tidos como clássicos da modernização. São estas mudanças que iremos 
focar a partir da próxima aula. 
 
 
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27 CIÊNCIAS SOCIAIS 
 O texto coloca a modernização capitalista como um processo que provoca 
alterações mais ou menos generalizadas nos diversos países atingidos pelo 
processo. 
Nesse sentido, cabe uma pergunta crucial para o entendimento do processo 
da modernização capitalista: se alguns fenômenos são generalizados (como a 
industrialização, a urbanização e a racionalização das condutas sociais), será que 
sua efetivação nos diversos países implicaram nas mesmas consequências e nas 
mesmas implicações? Ou será que tais fenômenos foram influenciados pelas 
diferentes realidades locais, importando isto na diferenciação dos processos de 
modernização conforme cada situação? 
 
 
 
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28 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 08_Sociologia e Mudança Social 
 
Nesta aula iremos discutir o problema da mudança social como objeto da 
análise sociológica, destacando seu papel saliente na formulação da “grã teoria” 
social e demonstrando seu papel regenerador dos conceitos e formulações da 
análise social. A mudança social, desde os clássicos, tem sido um dos assuntos 
privilegiados do enfoque sociológico. 
Aliás, como a sociologia é uma ciência voltada para a compreensão das 
relações sociais, a observação da mudança social que engendra transformações no 
quadro de relações coletivas da sociedade sempre foi assunto privilegiado da 
análise social proposta pela teoria sociológica. 
Como uma ciência nova, surgida no contexto da modernidade e da 
industrialização capitalista – e seu quadro impositivo de mudanças contínuas e 
aceleradas nas relações sociais – a sociologia pode ser mesmo considerada uma 
ciência que procura qualificar as transformações que perpassam as sociedades. O 
quadro de análise da sociologia foi construído e continuamente reformulado 
observando as transformações que colocavam novos desafios para a reflexão 
crítica. Os desafios desde sempre estiveram relacionados ao momento histórico e às 
percepções de época sobre o problema formulado; a partir disto, tornavam-se 
questões para a reflexão e a investigação da teoria social. Foi identificando novos 
problemas, os quais por vezes rompiam com os paradigmas de análise em uso, que 
se construiu a chamada “grã teoria” social ou, em outras palavras, os conceitos e 
autores que, ao longo da história da disciplina, deixaram sua marca e 
reconfiguraram os meios e modos da análise da própria sociologia. 
 Foi insurgindo-se com os modelos de análise de sua época que Karl Marx 
escreveu seu nome na história do pensamento crítico. Quando seus pensamentos 
foram dogmatizados pelo uso político dos seguidores, outros autores, como Max 
Weber, promoveram inovações na análise social que tomavam como referência a 
necessidade de renovar as formulações anteriores. Pode-se mesmo advogar que a 
análise sociológica torna-se mais criativa quando, após certa crise das categorias de 
análise em uso, acontece a renovação conceitual. Tal caminho, longe de 
 
 
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29 CIÊNCIAS SOCIAIS 
enfraquecer a dinâmica da ciência, reafirma sua predisposição de jamais ser um 
conhecimento acabado. 
 Neste sentido, a “crise de paradigmas” e a globalização impõem novos e 
instigantes desafios à nova geração de sociólogos. Para além de filiar-se às 
correntes que advogam a falência das grandes narrativas e das outras que afirmam 
a especificidade como categoria de análise, cabe à teoria social entender o todo e o 
específico. Tal assertiva renova sua urgência, visto que o próprio processo da 
globalização capitalista – e suas implicações econômicas, políticas, sociais e 
culturais – engendram entre si totalidades de alcance global e a multiplicação das 
especificidades sociais. Articular os planos de análise e oferecer novas 
interpretações da realidade, mais do que nunca, tornou-se a missão do sociólogo 
contemporâneo.O texto afirma que a compreensão da mudança social desde 
sempre foi um dos enfoques privilegiados da sociologia. 
Neste sentido, qual seriam os aspectos da análise sociológica que necessitam 
de reformulações a partir da intensificação do processo de globalização capitalista? 
 
 
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30 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 09_ Globalização e Mercado 
 
Nesta aula iremos discutir as mudanças mais relevantes colocadas pela 
globalização nas estratégias de exploração dos mercados e nas formas de 
organização institucional das empresas capitalistas. 
Como colocado na última aula, a modernização capitalista promoveu a 
expansão das indústrias e a massificação dos produtos de consumo e mesmo dos 
consumidores. Inaugurou-se a sociedade de massas, pari passu a consolidação de 
um mercado mundial voltado para a produção de produtos industriais 
homogeneizados e padronizados. Acontece que as mudanças tecnológicas 
aplicadas à esfera da produção, assim como à circulação das informações 
promovidas pela revolução da eletrônica e da informática, alteraram os padrões 
estratégicos das empresas que operam no mercado. Na época da globalização, a 
produção capitalista gradualmente abandona seu caráter padronizado e massificado 
e passa a conviver com novas formas de exploração dos mercados de consumo, as 
quais valorizam sua segmentaçãoou estandartização, não somente em nível 
nacional, mas sim mundial. Nesse sentido, o mercado mundial se torna 
transnacional, ou seja, o capital e as mercadorias transitam com menos restrições 
entre os diversos países, atendendo expectativas de lucro e atingindo os segmentos 
de mercado (conforme sua inserção econômica) organizados em escala mundial. 
Nesse sentido, a globalização importou em alterações nos padrões de 
organização da indústria. A grande empresa capitalista gradualmente abandona seu 
modelo de organização de caráter multinacional e passa a se tornar empresa 
transnacional. As empresas multinacionais que operavam a partir de um centro de 
referência, geralmente localizado no país-sede da organização (caso da Bayer 
alemã ou da Ford americana) e com diversas filiais espalhadas nos países 
periféricos (devido ao preço mais barato da mão de obra, aliado aos incentivos 
políticos e financeiros promovidos por governos interessados na montagem das 
indústrias em seus territórios), passaram a adotar a estratégia de atuar para além 
das fronteiras nacionais. 
O capitalismo global redefiniu a geografia dos mercados e das associações 
de capital, redefinindo mesmo a importância política das empresas no quadro do 
 
 
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31 CIÊNCIAS SOCIAIS 
poder mundial. Apesar de manterem referências nacionais, o capital das empresas 
transnacionais é globalizado. Por exemplo: as empresas japonesas (como a Nissan, 
a Honda e a Toyota) têm um imenso capital norte-americano e vice-versa. A FIAT 
italiana tem capital majoritário da General Motors americana, e assim por diante. 
Embora ainda referenciada pela imagem do país de origem, não é mais possível 
identificar a corporação somente com o seu local de nascimento. Os primeiros 
empreendimentos a se tornarem transnacionais foram as empresas petrolíferas e 
automobilísticas. Seguiram-nas, confluindo capitais e empreendimentos, as 
companhias fabricantes de aviões; as empresas aéreas; os grandes fabricantes de 
eletrodomésticos (como a Philips holandesa e a G&E norte-americana); os 
fabricantes de eletroeletrônicos; os serviços de telefonia; as grandes empresas de 
alimento mundiais (Parmalat, Nestlé, Procter & Gramble, Unilever, entre outras). 
Praticamente não há mais espaço no planeta em que essas grandes corporações 
não estejam inseridas, seja com uma planta industrial, seja em associação com 
fabricantes locais, seja apenas comercializando produtos fabricados em locais 
próximos, e, o que é mais importante, com o capital aberto, descaracterizando 
completamente sua origem. 
Neste emaranhado de corporações ramificadas internacionalmente, há, a 
partir do início da década de 1980, um agravante. Com o avanço da microeletrônica 
e o uso continuamente difundido da informática como nova linguagem mundial, 
desenvolveu-se todo um novo mercado que permitiu inclusive a criação de uma 
nova bolsa de valores internacional especializada, a Nasdacq. É neste novo setor 
que se desenvolvem os maiores lucros, com os hardwares em plataformas PC, 
Windows, ou a Apple/Macintosh. Para fornecer os equipamentos surgiu uma vasta 
quantidade de empresas, capitaneadas pela IBM, Acer, Toshiba, as quais 
necessitam de uma rede internacional de fornecedores e fabricantes para a 
montagem das novas plataformas de computadores. Esta nova frente de mercado 
possibilitou a expansão do capitalismo para os países asiáticos do extremo oriente, 
na periferia do Japão e que foram chamados de Tigres Asiáticos. Redes de 
navegação livres, como a Internet, passaram a fazer parte de um pacote integrado 
oferecido pela Microsoft com o Explorer, que mantém o controle e a hegemonia do 
acesso à informática em escala global. Mas existem resistências à hegemonia do 
 
 
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32 CIÊNCIAS SOCIAIS 
modelo, o que é o caso da linguagem aberta Linux e a retomada do Netscape para a 
Internet, por exemplo. 
Em linhas gerais, o capitalismo tardio, nome dado à fase do capitalismo em 
que nos encontramos, pode ser definido como um modo de produção sofisticado em 
que podem conviver simultaneamente modos de produção mais antigos, porém 
todos eles interdependentes, dentro de um mesmo modelo que assume uma escala 
planetária. Esta forma assumida tem a característica de ser realizada pelas 
empresas transnacionais com o capital financeiro também transnacional, 
prescindindo dos antigos estados nacionais para seu desenvolvimento a não ser 
para o emprego do uso da força, externa ou internamente, quando necessário, ou 
seja, quando há ameaças à manutenção desse sistema em qualquer nível, tanto no 
mercado interno quanto no plano global. 
 O texto aponta a formação do modelo de empresa transnacional como uma 
característica marcante do processo de reorganização dos mercados promovidos 
pela globalização. Assim, torna-se necessário analisar a relação entre essas 
empresas e os novos modelos de organização do mercado. 
Quais são os pressupostos de exploração do mercado abalizados pelo novo 
modelo de organização do empreendimento capitalista? 
 
 
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Resumo_Unidade I 
 
Nesta unidade acompanhamos os seguintes conteúdos: 
 Da teoria social clássica para a teoria contemporânea. 
 A modernidade e a Pós-modernidade. 
 A crise dos paradigmas da análise social e as reformulações dos conceitos. 
 Caracterização da globalização como processo histórico. 
 A teoria social e a globalização. 
 
Referências Bibliográficas 
IANNI, Octávio. A globalização e o retorno da questão nacional. Campinas: 
Laboratório gráfico da Unicamp, 2001. 
 
JAMESON, Fredric. A cultura do dinheiro. Petrópolis: Vozes, 2001. 
 
OLIVEIRA, Francisco de e PAOLI, Maria Célia (orgs.). O sentido da democracia: 
políticas do dissenso e hegemonia global. Petrópolis: Vozes, 1999. 
 
ORTIZ, Renato. Mundialização: crenças e saberes. São Paulo: Brasiliense, 2006. 
 
 
 
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Aula 10_Globalização e o Estado Nacional. 
 
Nesta aula iremos discutir as implicações do processo de globalização nas 
relações entre Estado e sociedade referenciadas pela modernidade capitalista. 
Nossa análise procura analisar o fulcro dessas transformações. 
O processo de globalização capitalista e a formação das empresas 
transacionais modificaram as relações de poder em âmbito global. Os novos 
sustentáculos do poder, segundo o sociólogo Octávio Ianni: 
 
Estão organizados principalmente pelas corporações transnacionais e pelas 
organizações multilaterais, sistematizando as estruturas de dominação e 
apropriação que caracterizam o globalismo [...] Este é o âmbito em que se 
constituíram outras e novas condições de soberania e hegemonia (IANNI, 1999, 
p. 192). 
 
Nesse sentido, o Estado nacional, embora mantendo suas prerrogativas de 
poder referenciadas pela “monopolização da violência legítima num determinado 
território”, conforme já havia indicado Max Weber, vem sofrendo uma série de 
injunções (e restrições) as quais colocam em xeque seu modelo organizativo e 
mesmo sua funcionalidade para a manutenção das prerrogativas da ordem política e 
social capitalista. 
O Estado-Nação, estrutura centralizada do poder nacional criada em 
decorrência do desenvolvimento da economia capitalista, instituição capital para a 
manutenção da dominação burguesa, assim como para a normatização das regras 
do convívio social valorizadas pelas classes dominantes, e mesmo para o 
desenvolvimento histórico da economia de mercado pelos diversos países, foi e está 
sendo constantemente desafiado pela formação de um mercado global dominado 
pelos empreendimentos transnacionais. 
O século XX foi marcado pela crescente influência do Estado edo governo 
em diversas esferas do planejamento político e econômico. De acordo com a 
situação de cada país o Estado foi conclamado a colaborar com o desenvolvimento 
da economia industrial. Coube ao Estado, para além do tradicional papel de manter 
 
 
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a ordem, tornar-se artífice do desenvolvimento da economia de mercado. Tal 
situação, inaugurada a partir da crise do mercado de 1929 (o crash da bolsa que 
abalou o mundo) criou um novo modelo político que remodelou o metabolismo 
existente entre Estado e sociedade. Ao poder político foi delegado o papel de 
desenvolver infraestrutura para as indústrias, assim como se tornou proeminente a 
necessidade da formação de empresas industriais, de transportes, de 
comunicações, entre outras, todas estatais. 
A ameaça da revolução comunista, que tomou de assalto o mundo capitalista 
a partir da revolução russa de 1917, também redefiniu o papel do Estado no controle 
do corpo social. A tradicional política de repressão às demandas de poder das 
classes populares somou-se à necessidade do poder público em desanuviar a 
pressão por mudanças radicais, sobretudo oriundas dos extratos operários. Neste 
sentido, aumentou a demanda pela participação do Estado na criação de hospitais, 
escolas e demais instituições de caráter público, assim como sua efetiva intervenção 
nas relações entre o capital e o trabalho. Garantir mecanismos que permitissem a 
inserção econômica dos grupos populares à sociedade de consumo era ao mesmo 
tempo um meio de controlar as reivindicações radicais e ampliar o crescimento das 
empresas nacionais. 
Acontece que, com o desabrochar da globalização acompanhado do 
fortalecimento da economia de mercado em âmbito global, iniciou-se a crítica dessas 
políticas públicas. Ao invés de um artífice do desenvolvimento, o tamanho e o peso 
da burocracia estatal passaram a ser considerados entraves para a fruição da 
economia capitalista. O novo receituário requeria a diminuição da inserção do 
Estado na esfera produtiva. As políticas de “proteção ao trabalho” também passaram 
a ser considerados um problema ao desenvolvimento econômico, porquanto suas 
prerrogativas assustavam os empreendedores que, então, poderiam operar em 
escala transnacional, exorcizando o alto custo vinculado à contratação de mão de 
obra protegida por mecanismos como a seguridade social. A reforma do aparelho de 
Estado passou a ser uma demanda crucial para sua reorganização institucional e 
adaptação às contingências das novidades do mercado globalizado. No entanto, 
como afirma Octávio Ianni: 
 
 
 
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36 CIÊNCIAS SOCIAIS 
“A reforma do Estado”, delineada, induzida ou simplesmente imposta pelas 
corporações transnacionais e organizações multilaterais, destacando -se 
entre elas o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BIRD) 
é o processo pelo qual se define e põe em prática a transformação das 
relações do Estado com a economia e as finanças, a mudança no sistema 
de saúde, educação e previdência e a reforma nas relações de trabalho. 
Trata-se de reduzir a presença do Estado em termos de planejamento 
governamental e empresas produtivas estatais, mas garantindo as regras do 
jogo, de tal modo que as forças econômico financeiras privadas possam 
desenvolver-se. Privatizam-se empresas e setores de a atividades, 
como educação, saúde e previdência, nas quais passam a desenvolverem-
se empresas privadas nacionais e transnacionais (IANNI, 2000, p.19). 
 
 Ao invés do projeto de industrialização nacional, inaugura-se o projeto de 
inserção transnacional. O país torna-se um “mercado emergente”: “Em pouco tempo 
a economia nacional transforma-se numa província do capitalismo global” (IANNI, 
2000, p. 21). No entanto, a globalização não implica no fim do Estado-Nação e sim 
sua subordinação a uma nova conjuntura política e na redefinição de seus papéis 
funcionais. Este será o assunto de nossa próxima aula. 
A redefinição do papel do Estado e de seu metabolismo com a sociedade 
torna-se uma necessidade para a inserção da economia nacional no âmbito do 
capitalismo globalizado. 
Nesse sentido, qual é a relação existente entre o aparecimento de termos 
como “mercados emergentes” em substituição de outros, como “países em 
desenvolvimento”, no âmbito da estratégia política desempenhada pelas 
corporações transnacionais? 
 
 
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Aula 11_Globalização e Neoliberalismo 
 
Nesta aula vamos estudar o neoliberalismo, ou a teoria político-econômica, 
que sustentou a ideia da reforma do Estado ocorrida em diversos países a partir dos 
anos 1980. 
Como vimos, o avanço do mercado no contexto do capitalismo globalizado 
requer alterações no modelo de organização do aparato público estatal. A agenda 
pública, anteriormente pautada pelos princípios keynesianos de intervenção do 
Estado na economia e promoção do bem estar social, passou a ser definida pelos 
princípios do neoliberalismo. 
O neoliberalismo, doutrina política e econômica crítica a intervenção estatal 
nos assuntos do mercado, tem seu manifesto inaugural no livro O caminho da 
servidão, de Friedrich Von Hayek, lançado em 1946. Naquele ano, na Inglaterra, o 
Partido Trabalhista assumia o poder, destronando o conservador Winston Churchill, 
primeiro ministro do país durante a Segunda Guerra Mundial. Ao assumir o poder, os 
trabalhistas implantaram um projeto de governo que valorizava os princípios da forte 
intervenção do Estado na economia para promover os rearranjos do mercado e a 
redistribuição de renda. Hayek, então, lançou seu livro, por meio do qual fez críticas 
a política trabalhista, afirmando que a intervenção estatal restringia a liberdade e a 
livre iniciativa, configurando uma situação política muito próxima à atingida pelos 
alemães durante a ascensão de Hitler no poder. 
Do outro lado do oceano atlântico, ideias semelhantes surgiam. O economista 
americano Milton Friedman criticava a política do New Deal, proposta pelo 
Presidente Roosevelt para reordenar o mercado duramente atingido pela crise de 
1929. Friedman se opunha a qualquer regulamentação do Estado nos assuntos 
econômicos. Mesmo a fixação de um salário mínimo era considerada pelo autor uma 
política temerária, pois esse subiria artificialmente o valor da mão-de-obra pouco 
qualificada. Para Friedman, a fixação de pisos salariais e os acordos do governo 
com os sindicatos distorciam os custos da produção industrial, favorecendo a alta 
dos preços e a inflação. A competição livre e “honesta” entre os agentes econômicos 
encerraria sérias distorções, como a sobrevivência de empresas pouco competitivas 
as quais se mantinham em operação graças às benesses estatais. Aliás, os autores 
 
 
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38 CIÊNCIAS SOCIAIS 
defendiam a ideia do Estado mínimo, enxuto e enxugado, cujo papel fundamental 
seria a aplicação da justiça e cuja única intervenção permitida no mundo econômico 
era fazer regular os dissensos entre os concorrentes no mercado. 
A partir da década de 1980, com a crise do modelo de intervenção estatal na 
economia e o fim do socialismo soviético, o neoliberalismo ganhou substancial 
reforço. Seus princípios foram adotados como normas pelas chamadas 
“organizações multilaterais”, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco 
Mundial. O receituário neoliberal era recomendado por estas agências do poder 
global como predicados para a reforma do Estado. As privatizações, a desindexação 
de preços e salários, entre outras políticas para dirimir o déficit público que 
ocorreram em diversos países no período (inclusive no Brasil) encontraram no 
neoliberalismo um relicário de proposiçõese receitas para diminuir o tamanho do 
aparelho público estatal. Segundo alguns autores críticos às posições neoliberais, a 
reforma do Estado preparou o caminho para a substituição dos projetos nacionais de 
desenvolvimento e a integração dos países ao modelo do mercado 
transnacionalizado. 
A transnacionalização da economia torna desnecessária a figura do Estado 
nacional como enclave territorial para o capital e dispensa as formas 
clássicas do imperialismo (colonialismo político militar, geopolítica das áreas 
de influência, etc.) de sorte que o centro econômico, jurídico e político 
planetário encontra-se no FMI e no Banco Mundial. Estes operam com um 
único dogma, proposto pelo grupo fundador do neoliberalismo, qual seja: 
estabilidade econômica e corte do déficit público. (CHAUÍ, 1999, p.31) 
 
Embora a ideia do “Estado mínimo” proposto pelos neoliberais seja 
efetivamente impraticável em sociedades complexas e diversificadas, como são as 
sociedades atuais, suas prédicas forneceram o estofo para a reordenação do 
aparelho público à economia de mercado globalizada. A globalização encontrou nas 
teorias neoliberais sua ideologia política. As consequências do esvaziamento da 
política estatal anterior será o assunto de nossa próxima aula. 
O neoliberalismo forneceu o estofo ideológico para as alterações nas políticas 
públicas desempenhadas pelos estados nacionais durante grande parte do século 
XX. 
 
 
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39 CIÊNCIAS SOCIAIS 
Cabe, então, uma pergunta: de acordo com sua percepção, quais foram as 
consequências das reformas do aparelho de Estado e de sua adequação ao formato 
do capitalismo globalizado no cotidiano da política nacional? 
John Maynard Keynes (1883 – 1946), economista inglês, professor da 
Universidade de Cambridge, defensor da intervenção do Estado na economia e na 
distribuição de rendas. Sua teoria forneceu as bases do Estado de bem-estar social, 
ou Welfare State, promovida como políticas públicas por diversos estados nacionais 
após a crise do mercado de 1929. 
 
 
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 Aula 12_Globalização e Desterritorialização 
 
Nesta aula iremos discutir o conceito de “desterritorialização”, o qual tem 
ganhado crescente importância na análise sociológica sobre as redefinições 
impostas para as relações sociais pelo capitalismo globalizado. A palavra 
desterritorialização foi utilizada, pela primeira vez, nos escritos do filósofo francês 
pós-moderno Félix Guatarri. O termo tornou-se um conceito caro para a sociologia 
interessada na interpretação da realidade “inaugurada” com a globalização 
capitalista, afinal, a desterritorialização, como o próprio termo indica, significa que as 
coisas, ideias, pessoas e culturas perdem em parte sua ligação com o local 
originário de sua própria produção. A história das sociedades humanas e de suas 
relações desde sempre estiveram enraizadas ao meio ambiente e ao espaço 
geográfico que as envolvia. O “local” foi, para os grupos humanos, sua principal 
fonte de referências e o espaço privilegiado para a produção cultural da identidade. 
No entanto, a categoria território tem sido constantemente reconfigurada pelas 
modernas tecnologias (as quais viabilizaram a fruição do processo de globalização). 
Como afirma Renato Ortiz: 
 
Satélites, cabos, computadores, fibras óticas, transnacionalização das 
empresas de comunicação são fatores determinantes na vida social: as 
tecnologias de informática são o suporte de um capitalismo 
desterritorializado, sem rosto nacional (ORTIZ, 2006, p.83). 
A questão da mudança na percepção da categoria espaço é um dos fatores 
determinantes da redefinição das relações sociais impostas pela globalização 
capitalista. Segundo o sociólogo Octávio Ianni, a própria noção de “aldeia global” 
está sendo “desenhada, tecida, colorizada, sonorizada e movimentada” pelos meios 
de comunicação que desterritorializam as culturas, ideias e pessoas (IANNI, 1988, p. 
98). A grande circulação de imagens e informações importa também na 
reconfiguração da noção de tempo e conteúdo das informações. A presença 
marcante do agora, em detrimento da noção de passado e de futuro, e a 
correspondente mudança na lógica da compreensão das informações (porquanto a 
proliferação constante do “presente” importa em alterações no próprio conteúdo das 
 
 
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41 CIÊNCIAS SOCIAIS 
notícias, que perdem seus vínculos com os fatos anteriores que as engendraram e 
com as perspectivas de interpretar suas consequências posteriores). Algo 
pressentido na modernidade por intelectuais do porte de Walter Benjamin se acirra e 
se generaliza com o processo de globalização capitalista. Conforme cita o pensador 
mexicano Octávio Paz: 
 
A ação dos mercados tem um efeito igualmente corrosivo no outro eixo da 
tradição poética: o temporal. A proeminência do agora lima os laços que nos 
unem ao passado. A imprensa, a televisão, a propaganda oferecem 
diariamente imagens do que está passando agora mesmo aqui e lá, na 
Patagônia, na Sibéria e nos bairros vizinhos; as pessoas vivem imersas 
num agora que pisca sem cessar e que nos dá a sensação de um 
movimento contínuo e acelerado. Afinal, nos movemos realmente ou só 
giramos e giramos no mesmo lugar? Ilusão ou realidade, o passado se 
afasta vertiginosamente e desaparece. Por sua vez, a perda do passado 
provoca fatalmente a perda do futuro (PAZ, 1993, p.108). 
 
A “desterritorialização”, o embaralhamento das fronteiras nacionais pelo 
mercado transnacional, os pressupostos neoliberais na gestão pública, perfazem os 
caminhos de uma modificação política, social e cultural relevante e ao mesmo tempo 
perigosa: o embaralhamento da noção de cidadania com consumo. O indivíduo pode 
ao mesmo tempo pertencer ao local e ao global, porém, ao mesmo tempo, a 
definição mais candente hoje em dia da individualização liga-se às possibilidades do 
consumo. Esta é a “qualidade” que referencia a inserção do indivíduo no vasto 
labirinto de informações que vai e vem pelo mundo globalizado. 
 O texto afirma que a globalização e as transformações tecnológicas 
importaram na “desterritorialização” das ideias, pessoas e culturas lançadas no vai e 
vem das informações que circulam pelo mundo globalizado. 
Nesse sentido, qual é o papel da mídia na formação das impressões que 
configuram a percepção dos fatos e ideias que se “desterritorializam” no capitalismo 
globalizado? Será que essas impressões possibilitam a formulação de novos 
quesitos para dominação política e social das elites? Comente estas relações. 
 _____ 
 
 
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Sobre o assunto ver o artigo “O narrador”, escrito por Walter Benjamin in 
BENJAMIN,Walter. Obras escolhidas, vol.3. São Paulo: Brasiliense, 1983. 
 
 
 
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Aula 13_Temática: Globalização e tecnologia 
 
Nesta aula iremos analisar o impacto das tecnologias no desenvolvimento do 
mercado globalizado, vislumbrando também as mudanças colocadas pela 
globalização nas relações de concorrência e competição entre os capitalistas. 
Desde seus primórdios, o modelo de concorrência imposto pelo sistema 
capitalista colocou para os empresários a necessidade de aperfeiçoar 
continuamente os instrumentos da produção das mercadorias como uma demanda 
essencial para as conquistas do mercado. Desde a máquina a vapor que 
impulsionou a revolução industrial inglesa, passando pela eletricidade e pela 
revolução eletrônica, a relação entre a criação, o desenvolvimento e a aplicação de 
novas tecnologias (aplicadas tanto à esfera da produção como a de seu 
planejamento) perfazem

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