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0869 - História Econômica, Social e Política-1

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UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
1
 
CIÊNCIAS SOCIAIS 
 
História 
Econômica, 
Social e Política 
 
SEMESTRE 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
2
 
CIÊNCIAS SOCIAIS 
Créditos e Copyright 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este curso foi concebido e produzido pela Unimes Virtual. Eventuais marcas aqui 
publicadas são pertencentes aos seus respectivos proprietários. 
A Unimes Virtual terá o direito de utilizar qualquer material publicado neste curso 
oriunda da participação dos alunos, colaboradores, tutores e convidados, em 
qualquer forma de expressão, em qualquer meio, seja ou não para fins didáticos. 
Copyright (c) Unimes Virtual 
É proibida a reprodução total ou parcial deste curso, em qualquer mídia ou formato. 
SILVA, Marcelo Squincada. 
História Econômica, Social e Política. Marcelo 
Squinca da Silva: Núcleo de Educação a Distância 
da UNIMES, 2015. 110p. (Material didático. Curso 
de ciências sociais). 
Modo de acesso: www.unimes.br 
1. Ensino a distância. 2. Ciências Sociais. 3. 
História Econômica e Social. 
CDD 869.9 
 
http://www.unimes.br/
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
3
 
CIÊNCIAS SOCIAIS 
 
 
 
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS 
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS 
PLANO DE ENSINO 
 
 
CURSO: Licenciatura em Ciências Sociais 
COMPONENTE CURRICULAR: História Econômica, Social e Política. 
SEMESTRE: 1º 
CARGA HORÁRIA TOTAL: 80 horas 
 
EMENTA: 
O feudalismo e as transformações dos séc. XII; A crise do feudalismo, o século XIV. 
Desenvolvimento comercial e a expansão europeia. A acumulação primitiva. O 
Absolutismo e o Mercantilismo. A Revolução Industrial, as revoluções liberais e a 
afirmação do capitalismo. A Segunda Revolução Industrial, o capitalismo 
monopolista e o Imperialismo. A crise da sociedade liberal, a primeira guerra mundial 
(1914-1918) e a Revolução Russa de 1917. A grande depressão e o nazi-fascismo 
do entre guerras. A segunda guerra mundial (1939- 1945). A descolonização da 
África e da Ásia. O Pós-Segunda Guerra: os blocos capitalistas e socialistas, a 
guerra fria e o Estado de Bem Estar Social. A América Latina no século XX. 
 
OBJETIVO GERAL: 
 
Propiciar ao aluno oportunidades de conhecer o contexto histórico e econômico em 
que se inserem as primeiras preocupações das ciências sociais. 
 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
4
 
CIÊNCIAS SOCIAIS 
 
Unidade I - Da crise do feudalismo ao absolutismo. 
Objetivos da Unidade 
Examinar a gênese, o auge e o declínio da estrutura feudal, suas características 
econômicas, políticas e sociais. Examinar a passagem da ordem feudal para a 
ordem capitalista. 
 
 
Unidade II - Do Mercatilismo ao Ideário político e social no século XIX 
Objetivos da unidade 
Examinar as práticas mercantilistas. Examinar os séculos XVIII e XIX e o 
amadurecimento capitalista. 
 
 
Unidade III - Do Imperialismo a Segunda Guerra Mundial. 
Objetivos da unidade 
Dar continuidade ao exame o século XIX e a maturidade capitalista. Examinar o 
século XX em até a Segunda Guerra Mundial. 
 
Unidade IV - O Mundo Pós Segunda Guerra Mundial. 
Objetivos da Unidade 
 
Dar continuidade ao exame do século XX, especialmente as questões que 
marcaram o mundo após a Segunda Guerra Mundial. 
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
 
UNIDADE I: Da crise do feudalismo ao absolutismo. 
 
UNIDADE II: Do Mercatilismo ao Ideário político e social no século XIX. 
 
UNIDADE III: Do Imperialismo a Segunda Guerra Mundial. 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
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CIÊNCIAS SOCIAIS 
 
UNIDADE IV: O Mundo Pós Segunda Guerra Mundial. 
 
Bibliografia Básica 
 
ANDERSON, Perry. Linhagem do Estado Absolutista. São Paulo, Brasiliense, 
1989. 
HILL, Christopher. O eleito de Deus. São Paulo, Cia. das Letras, 1990. 
HOBSBAWM, E. J. Da revolução industrial inglesa ao imperialismo. Rio de 
Janeiro, Forense-Universitária, 1986. 
 
Bibliografia Complementar 
 
HOBSBAWN, E. J. A Era dos Extremos. São Paulo, Cia das Letras, 1999. 
___________. A era dos impérios:1875-1914. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2002. 
___________. A era das Revoluções:1789-1848. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 
1991. 
GAY, Peter. A cultura de Weimar. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978. 
___________. A Era do Capital: 1848-1875. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1996. 
 
 
METODOLOGIA: 
A disciplina está dividida em unidades temáticas que serão desenvolvidas por meio 
de recursos didáticos, como: material em formato de texto, vídeo aulas, fóruns e 
atividades individuais. O trabalho educativo se dará por sugestão de leitura de 
textos, indicação de pensadores, de sites, de atividades diversificadas, reflexivas, 
envolvendo o universo da relação dos estudantes, do professor e do processo 
ensino/aprendizagem. 
 
 
 
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SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
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CIÊNCIAS SOCIAIS 
AVALIAÇÃO: 
A avaliação dos alunos é contínua, considerando-se o conteúdo desenvolvido e 
apoiado nos trabalhos e exercícios práticos propostos ao longo do curso, como 
forma de reflexão e aquisição de conhecimento dos conceitos trabalhados tanto na 
parte teórica como na prática e habilidades. Prevê ainda a realização de atividades 
em momentos específicos como fóruns, chats, tarefas, avaliações a distância e 
Prova Presencial, de acordo com a Portaria de Avaliação vigente. A Avaliação 
Presencial, está prevista para ser realizada nos polos de apoio presencial, no 
entanto, poderá ser realizada em home seguindo as orientações das autoridades da 
área da saúde e da educação e considerando a Pandemia COVID 19. 
 
 
 
 
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Núcleo de Educação a Distância 
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CIÊNCIAS SOCIAIS 
Sumário 
Aula 01 _ O feudalismo ................................................................................................................... 9 
Aula 02_Temática: As transformações dos séc. XII e a crise do Feudalismo no século XIV
 ................................................................................................................................................................ 11 
Aula 03 _ A expansão Marítima e Comercial - parte I .............................................................. 14 
Aula 04 _ A expansão Marítima e Comercial - parte II ............................................................ 17 
Aula 05 _ O Absolutismo – parte I ............................................................................................... 20 
Aula 06 _ O Absolutismo – parte II .............................................................................................. 23 
Aula 07 _ O Absolutismo – parte III ............................................................................................. 25 
Aula 08_ O Absolutismo – parte IV ............................................................................................. 27 
Aula 09_ O Mercantilismo ............................................................................................................. 29 
Aula 10 _ Revolução Industrial .................................................................................................... 31 
Resumo: Revolução Industrial ..................................................................................................... 34 
Aula 11_ As revoluções Liberais: Independência dos EUA .................................................... 37 
Aula 12 _ As revoluções Liberais Revolução Francesa ........................................................... 39 
Aula 13_ As revoluções Liberais - A Era Napoleônica ............................................................. 42 
Aula 14 _ As revoluções Liberais - Restauraçõese a Primavera dos Povos ....................... 44 
Aula 15 _ A América após a Independência .............................................................................. 47 
Aula 16 _ O Auge Liberal e o ideário político e social .............................................................. 50 
Resumo - Unidade II ...................................................................................................................... 53 
Aula 17 _ O capitalismo monopolista e o imperialismo - parte I ............................................. 55 
Aula 18 _ O capitalismo monopolista e o imperialismo - parte II ............................................ 58 
Aula 19 _ A Primeira Guerra Mundial : O declínio da Europa................................................. 61 
Aula 20 _ A Revolução Russa e a formação da URSS ........................................................... 64 
Aula 21 _ A Grande Depressão ................................................................................................... 67 
Aula 22 _ O Nazi-fascismo do Entre-guerras o fascismo na Itália ......................................... 70 
Resumo Primeira Guerra Mundial ............................................................................................... 72 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
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CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 23 _ O Nazi-fascismo do Entre-guerras o nazismo na Alemanha ................................ 74 
Aula 24 _ A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) ................................................................. 76 
Resumo – Unidade III .................................................................................................................... 79 
Aula 25 _ A Descolonização da África e da Ásia parte I .......................................................... 81 
Aula 26_ A Descolonização da África e da Ásia parte II .......................................................... 83 
Aula 27 _ O Bloco Capitalista no pós-guerra parte I ................................................................ 86 
Aula 28 _ O Bloco Capitalista no pós-guerra parte II ............................................................... 89 
Aula 29 _ O Bloco Socialista no pós-guerra - parte I ............................................................... 91 
Aula 30 _ O Bloco Socialista no pós-guerra parte II ................................................................. 94 
Aula 31 _ Da Guerra Fria à Coexistência Pacífica ................................................................... 97 
Aula 32 _ A América Latina no século XX................................................................................ 100 
Resumo - Unidade IV .................................................................................................................. 103 
 
 
 
 
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CIÊNCIAS SOCIAIS 
Aula 01 _ O feudalismo 
 
O tema principal do curso é o capitalismo: suas especificidades suas origens 
históricas e seu desenvolvimento até o período posterior a Segunda Guerra Mundial. 
Em nossas primeiras aulas abordaremos o processo de transição do 
feudalismo para o capitalismo. Na presente aula, nos preocupamos em apresentar o 
modo de produção feudal. 
As origens estruturais do sistema feudal estão relacionadas à vagarosa 
desagregação do sistema escravista e a da absorção de instituições econômicas e 
jurídico políticas das sociedades romana (com dominante escravista) e germânica 
(comunitarismo primitivo em processo de deteriorização), entre os séculos IV e X. 
Entre essas instituições, podemos aludir o Benefício, o Colonato e o Patronato 
romanos, e o Comitatus e a noção de Realeza germânicos. 
Acerca do tema aventado acima temos, por exemplo, a opinião de Perry 
Anderson: 
 
A síntese histórica que naturalmente ocorreu foi o feudalismo. O termo 
preciso – síntese – é de Marx, junto com os de outros historiadores de seu 
tempo. A catastrófica colisão dos dois modos anteriores de produção em 
dissolução – o primitivo e o antigo – produziu a ordem feudal que se 
disseminou por toda Europa Medieval. Já estava evidente para os 
pensadores do renascimento, quando esta gênese foi debatida pela 
primeira vez, que o feudalismo ocidental era resultado específico de uma 
fusão dos legados romano e germânico (ANDERSON, 2000, p. 121). 
 
Examinemos resumidamente as principais instituições econômicas e jurídico 
políticas das sociedades romana e germânica: Benefício: doação geralmente de 
terras, feita por um indivíduo a outro como recompensa por serviços prestados (em 
geral, militares). Colonato: instituição pela qual um homem livre ficava preso à terra 
que cultivava para um grande proprietário. Patronato: também conhecido como 
Patrocínio, relação de dependência entre um indivíduo e seu Patrono, que lhe 
concedia proteção. Comitatus: grupo formado por guerreiros e seu chefe, havendo 
entre eles obrigações e lealdade. 
 
 
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Vejamos o que afirmou um dos mais destacados medievalistas brasileiros 
acerca, por exemplo, do regime de Colonato: 
 
Por este [regime de Colonato], a terra ficava dividida em duas partes: a 
reserva senhorial e os lotes camponeses. Estes lotes eram entregues a 
indivíduos em troca de uma parcela do que eles aí produzissem e da 
obrigação de trabalharem na reserva senhorial sem qualquer tipo de 
remuneração. Tudo que era produzido na reserva cabia ao proprietário 
(FRANCO JR,1983, p. 11). 
Entre os fatores conjunturais que elucidam a constituição da sociedade feudal 
podemos apontar: a expansão muçulmana, a partir do século VIII, na Europa 
Ocidental, e as invasões normandas, eslavas e húngaras do século IX, colaborando 
para a “insegurança crônica” da Alta Idade Média; decadência do comércio, das 
cidades e das atividades urbanas, agravado com o “fechamento” do Mediterrâneo ao 
comércio europeu, a massa da população fixou-se nos campos, passando a atrelar-
se por vínculo de dependência pessoal aos grandes proprietários de terras. 
Dentre as principais características da economia feudal estão a exploração da 
propriedade senhorial (feudo), que formava uma unidade econômica autosuficiente; 
a produção destinava-se à subsistência do feudo; a economia era fechada e não 
havia, praticamente, circulação de moeda; as trocas eram raras; o regime de 
produção se baseava na exploração, pelo senhor (proprietário dos meios de 
produção), do trabalho do servo (que tem a posse de um lote de terra e a 
propriedade das ferramentas), obrigando-o a criar um excedente para atender às 
necessidades do senhor: prestação de serviços (corveia) e pagamento (em produtos 
ou dinheiro) de tributos diversos (censo, banalidades, etc.). 
 
 
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Aula 02_Temática:As transformações dos séc. XII e a crise do Feudalismo no 
século XIV 
 
Depois uma concisa distinção do modo de produção feudal, nessa nossa 
segunda aula vamos assinalar os motivos para a crise deste sistema de produção. 
A partir do século XI e, sobretudo, no século XII ocorreu na Europa um 
significativo crescimento populacional. Este se deu devido, principalmente, ao 
arrefecimento dos indicadores de mortalidade devido à menor incidência de 
epidemias, à interrupção das invasões e à redução dos conflitos armados 
(propiciada pela trégua de Deus e pelo Asilo de Deus). 
O aumento populacional resultante instigou a ampliação e o progresso da 
produção agrícola, os aprimoramentos nos transportes e nas comunicações, novas 
técnicas e procedimentos de cultivo, o que permitiu a liberação da mão de obra para 
as atividades artesanais urbanas. A esse respeito vaticinou Perry Anderson: 
 
Pelo século XIII, o feudalismo europeu já havia produzido umacivilização 
unificada e desenvolvida, que registrava um enorme avanço em relação às 
comunidades rudimentares e fragmentadas da Idade Média. Eram muitos os 
índices deste avanço. O primeiro e mais fundamental deles foi o grande 
salto para a frente que produziu o excedente agrícola no feudalismo. Isto 
porque as novas relações de produção rural haviam permitido um 
impressionante aumento da produtividade agrícola (ANDERSON, 2000, p. 
177-78). 
 
O século XII marcou definitivamente o Renascimento do Comércio. Podemos 
resumir suas causas da seguinte forma: a interrupção das incursões dos normandos, 
húngaros e muçulmanos, proporcionando maior segurança nas vias comerciais e 
nas cidades; a ação das Cruzadas, estabelecendo os contatos mercantis com o 
Oriente em benefício dos mercadores da Europa Ocidental, em detrimento de 
Bizâncio; o aumento da produção agrícola e a ampliação do artesanato 
especializado, incentivando as trocas; o desenvolvimento demográfico e a ampliação 
do mercado consumidor. 
Os centros urbanos medievais apareceram ou se ampliaram em função do 
Renascimento do Comércio; localizavam-se junto aos muros dos castelos ou 
 
 
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CIÊNCIAS SOCIAIS 
próximo às igrejas e aos mosteiros, nos pontos de cruzamento de rotas terrestres e 
fluviais, nos locais onde se realizavam feiras, ou seja, sempre tendo em vista o 
desenvolvimento das trocas, um possível mercado consumidor para a sua produção 
artesanal e a comercialização de gêneros agrícolas necessários às populações 
citadinas. 
As principais áreas de atividades mercantis da Europa passaram a ser as 
seguintes: na Europa Meridional (Mar Mediterrâneo): preponderaram as cidades 
italianas (Veneza e Gênova, principalmente), além de Aragão (na Península Ibérica); 
na Europa Setentrional: destacaram-se as áreas dos Mares Bálticos e do Norte, 
destacando-se a região de Flandres (porto de brugues). Outros centros de 
atividades comerciais eram as feiras (especialmente as de Champanha) e os 
mercados locais. 
O incremento do comércio e do artesanato, com o procedente enriquecimento 
da burguesia, ameaçava as regalias dos senhores feudais; a fim de garantir a 
hegemonia da classe dos grandes senhores feudais, a sociedade foi dividida em três 
grandes Ordens ou Estados (Clero, Nobreza e Povo). Na verdade, Clero e Nobreza 
constituíam uma única classe social, com diferentes atribuições: a divisão de ordens 
tinha caráter jurídico e uma fundamentação ideológica. 
Em muitas regiões da Europa surgiram revoltas, conhecidas como 
Movimentos Comunais que consistiram em reação, muitas vezes armadas, dos 
moradores dos burgos (burgueses) aos abusos e às arbitrariedades(opressão fiscal, 
apreensão de mercadorias, saque das cidades) praticadas pelos senhores feudais, 
em cujos feudos se localizavam as cidades. 
É importante destacar ainda o surgimento das Corporações de Ofício, ou 
seja, eram assembleias de artífices segundo o ofício ou profissão (sapateiros, 
tecelões, padeiros, ouvires, etc.), organizados hierarquicamente (mestres, oficiais e 
aprendizes), e que controlavam o preço e a qualidade do produto. Ainda, evitavam a 
concorrência e praticavam obras de auxílio aos associados e seus familiares. Nelas 
não havia divisão de trabalho e o artesão (produtor direto) era dono dos 
instrumentos de trabalho. 
No século XIV o feudalismo entrou num processo de crise orgânica. É 
importante para nos aqui destacar algumas de suas razões, sem esquecer sua 
 
 
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interligação. O desequilíbrio entre a produção agrícola e o consumo, devido à 
inépcia em apressar a ampliação da produção; as epidemias e a fome, além das 
guerras, que colaboraram para o empobrecimento demográfico. Como demonstrou 
Hilário Franco Jr.: 
A busca desordenada de terras para a agricultura parece mesmo ter 
provocado importantes alterações ecológicas. O desmatamento – em 1300 
as florestas da França cobriam um milhão de hectares a menos que 
atualmente – talvez tenha sido o responsável pelas mudanças no regime 
pluvial e pelo resfriamento do clima antão ocorrido. As violentas e 
constantes chuvas que atingiram que atingiram a maior parte da Europa em 
1314-1315 provocaram colheitas desastrosas: de fins de 1315 a meados de 
1316 os preços do trigo mais que triplicaram. A fome abriu o caminho a 
várias epidemias, a mortalidade cresceu. Como cada indivíduo gastava 
mais com alimentação, consumiu menos bens artesanais, o que elevou à 
retração desse setor e consequentemente também do comércio (FRANCO 
JR., 1983, p. 79). 
 
É imperioso destacar ainda, as insurreições camponesas,que demonstraram 
o descontentamento das camadas rurais; a exagerada tributação, especialmente 
para financiar intervenções militares, provocando amplos gastos por parte dos 
senhores feudais e a redução do meio circulante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Aula 03 _ A expansão Marítima e Comercial - parte I 
 
A partir desta presente aula passamos a tratar de temas da chamada Idade 
Moderna. O que a distingue de outros momentos da História é a transição do 
feudalismo para o Capitalismo. Em outras palavras, o momento em que se criam as 
precondições para o princípio do sistema capitalista. Parcelamos o estudo da 
Expansão Marítima e Comercial em duas aulas. Nesta primeira, tratamos dos 
fundamentos da Expansão e os fatores da primazia portuguesa e espanhola. 
Tratamos também das razões de decadência das duas nações no processo 
expansionista do início da modernidade. 
Os principais fatores da expansão europeia foram: mutação a partir do 
Renascimento Comercial e Urbano; necessidade de alargar as rotas mercantis; 
procura de fontes produtoras de mercadorias (“especiarias”) e metais preciosos; a 
centralização do poder monárquico; um grupo mercantil interessado. 
No processo de Expansão Marítima e Comercial é imperioso destacar a inter-
relação entre a formação dos Estados Nacionais, Burguesia Comercial e o 
monopólio veneziano. A formação dos Estados Nacionais, isto é, a centralização do 
poder real e a unificação territorial dos países europeus, a partir do final do século 
XV, promoveu aumento das despesas com a manutenção de um aparelho 
administrativo, judiciário e de um exército profissional. A burguesia comercial em luta 
contra a classe feudal aliou-se à Monarquia para obter privilégios e concessões 
comerciais. Esse processo, que começou no século XV em Portugal e na Espanha, 
caracterizou-se através dos lucros obtidos com o comércio das especiarias orientais 
(caso de Portugal) ou com a exploração de metais preciosos americanos (caso da 
Espanha). Para estabelecer o privilégio exclusivo do comércio com o Oriente, 
Portugal apossou-se de novas rotas mercantis pela via do Atlântico, alcançou as 
Índias, desarticulou assim, os venezianos da posição de principais mediadores 
desse comércio. 
Podemos fixar a sucessão de supremacias no contexto da Expansão Marítima 
e comercial de seguinte maneira: Portugal (século XV), Espanha (século XVI), 
Holanda (primeira metade do século XVII), França (segunda metade do século XVII) 
e Inglaterra (século XVIII). 
 
 
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A precedência de Portugal deveu-se à centralização do poder real, 
antecedendo os demais europeus; existência de uma burguesia comercial e de 
capitais genoveses e flamengos interessados na expansão comercial. Em Portugal, 
o Rei solidificou o Estado Nacional, amparando as iniciativas da burguesia e fazendo 
concessões à nobreza feudal. Daí a dupla orientação comercial (novas rotas 
comerciais no Atlântico Sul) e uma orientação territorial (cidades do norte da África).A Espanha concluiu sua união com o matrimônio de Fernando de Aragão e 
Isabel de Castela e a conclusão da Reconquista (conquista de Granada). Lançou-se, 
então, à empresa marítima e comercial, contando, como Portugal com capitais 
genoveses e flamengos. Coexistiram duas orientações comerciais: uma (interesses 
de Aragão) pelo Mediterrâneo e outra (interesses de Castela) pelo Atlântico. O 
descobrimento das minas do México e do Peru fez da Espanha a nação hegemônica 
no século XVI. 
O declínio português no processo de Expansão Marítima e Comercial está 
relacionado aos seguintes fatores: a coroa portuguesa monopolizava a empresa 
comercial, em detrimento da burguesia; assim, os lucros do comércio serviam para 
apoiar a nobreza e o clero, obras luxuosas etc.; gastos com as expedições militares 
e com o funcionalismo arrastado para regiões conquistadas tornavam onerosa a 
empresa comercial; esgotamento da economia agrícola com o desvio de recursos 
econômicos e humanos para a empresa marítima; os lucros não eram investidos em 
atividades produtivas (por exemplo:manufaturas), daí a vinculação da economia 
portuguesa às mercadorias forasteiras (principalmente inglesas); endividamento da 
Coroa devido aos empréstimos feitos a banqueiros flamengos e italianos; o 
banimento dos judeus provocou a fuga de capitais e o abatimento ainda maior da 
burguesia comercial portuguesa. A União Ibérica representou o golpe peremptório 
no já combalido Império Português. 
Os motivos da decadência espanhola foram análogas às da decadência 
portuguesa. A empresa comercial era monopólio real: os lucros serviam para 
sustentar numerosa corte, obras luxuosas, guerras na Europa. A diminuição da 
população (guerras, pestes, emigração) agravou o declínio da agricultura. A 
Inquisição, perseguindo judeus, cristãos novos e mouriscos, afastou capitais e mão 
de obra qualificada, decaindo as atividades industriais. Segundo Anita Novinsky: 
 
 
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Os autores divergem sobre o número de judeus que saíram da 
Espanha. Alguns falam em 120.000, outros chegam a cifras mais elevadas. 
Segundo Abraão Zacuto, astrônomo e cronista da época, e que também 
abandonou Castela nesse período, saíram 180.000 judeus, dos quais 
120.000 entraram em Portugal, pagando um preço estipulado, por cabeça 
(NOVINSKY,982, p. 33-4). 
Daí, o aumento das importações pagas a peso de ouro ou prata, abalando a 
balança comercial. No século XVII, as guerras contra ingleses, franceses e 
holandeses apontaram o fim da supremacia espanhola. 
 
 
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Aula 04 _ A expansão Marítima e Comercial - parte II 
 
Nesta segunda aula acerca da Expansão Marítima e Comercial tratamos dos 
fundamentos da supremacia e declínio do Império Holandês. Tratamos também do 
fenômeno da revolução comercial (Acumulação Primitiva de Capital) e das relações 
entre Expansão Marítima, Absolutismo, Renascimento e Reforma na modernidade. 
A Holanda integrava o Império Espanhol; no reinado de Felipe II ocorreu uma 
revolta nos Países Baixos, tendo as províncias do norte se libertado do domínio 
espanhol, tomando o nome de República das Províncias Unidas (dentre as quais a 
mais importante era a Holanda). Na primeira metade do século XVII, beneficiando-se 
do declínio de Portugal e Espanha, a Holanda tornou-se o principal centro comercial 
e financeiro da Europa, especializando-se na atividade carreteira (transporte de 
mercadorias), acumulando capital comercial. Na segunda metade do século XVII, 
entrou em declínio devido às guerras contra França e Inglaterra, e, principalmente, 
porque seu capital comercial foi reinvestido apenas nas atividades comerciais, 
estancando e debilitando as atividades industriais, antes florescentes. 
A revolução comercial representou mutações no comércio e na produção. 
Além da ampliação do circuito comercial (novas rotas comerciais, novos mercados 
na África, Ásia e América, preponderância dos portos de Lisboa e Sevilha em lugar 
dos italianos etc.), houve alterações no domínio da produção (cercamentos de 
campos, novas técnicas agrícolas, substituição das lavouras tradicionais por campos 
de criação de carneiros para produção de lá, surgimento das manufaturas com 
trabalhadores assalariados). 
O afluxo de metais preciosos da América Espanhola acelerou as atividades 
econômicas em geral, provocou a alta dos preços e a ruína dos pequenos 
produtores (artesãos). Foi a época de predomínio do capital comercial, abrangendo 
os séculos XVI, XVII e parte do XVIII. Estes foram os pressupostos elencados por 
Karl Marx para que ocorresse o que ele designou como Acumulação Primitiva de 
Capital. Tal processo acabou por possibilitar as grandes mutações econômicas que 
ocorreram posteriormente através da Revolução Industrial. Com o advento desta, 
vaticinou Marx, a acumulação primitiva se transformou em acumulação capitalista. 
 
 
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A expansão marítima foi o movimento de expansão da economia europeia 
que se transformou em economia de mercado; no entanto, fundamentalmente, as 
relações de produção conservaram-se com predominância feudal. O Estado feudal 
descentralizado tornou-se, a partir do final da Idade Média e dos primórdios da Idade 
Moderna, em grande parte da Europa Ocidental, num Estado Absolutista, com a 
centralização do poder nas mãos do Rei, apoiado pela burguesia; isto não quer dizer 
que o Estado se transformasse num Estado Burguês, pois a nobreza feudal continua 
como classe predominante. Nas palavras de Perry Anderson em seu “Linhagens do 
Estado Absolutista”: 
[…] o advento do absolutismo nunca foi, para a própria classe 
dominante, um suave processo de evolução: ele foi marcado por rupturas e 
conflitos extremamente agudos no seio da aristocracia feudal, cujos 
interesses coletivos em última análise servia. Ao mesmo tempo, o 
complemento objetivo da concentração política de poder no topo da ordem 
social, numa monarquia centralizada, foi a consolidação econômica das 
unidades de propriedade feudal, em sua base (ANDERSON , 1989, p.20). 
E acrescenta conclusivamente que os “Estados monárquicos da Renascença 
foram em primeiro lugar e acima de tudo instrumentos modernizados para a 
manutenção do domínio da nobreza sobre as massas rurais” (ANDERSON, 1989, 
p.20). 
O Renascimento e a Reforma Protestante constituíram modificações ao nível 
ideológico na sociedade europeia ocidental moderna: novas compreensões artísticas 
e religiosas romperam com a visão imobilista do mundo, atributo da Idade Média. 
Dessa maneira, Expansão Comercial, Absolutismo, Renascimento e Reforma 
representaram alterações que aconteceram mais ou menos concomitantemente nos 
diversos níveis (econômico, político e ideológico) da sociedade europeia. 
Esses fatos econômicos (Revolução Comercial), políticos (formação dos 
Estados Nacionais) e ideológicos (Renascimento e Reforma) correspondem aos 
séculos XVI, XVII e XVIII (primeira metade); que apontaram a transição do 
feudalismo para o capitalismo, pela etapa da acumulação primitiva de capital; do 
Estado feudal ao Estado Burguês, por meio da etapa do Estado Absolutista; da visão 
 
 
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teocêntrica ao predomínio da Razão, através de novas percepções científicas e 
filosóficas (Renascimento). 
 
 
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Aula 05 _ O Absolutismo – parte I 
 
Nesta aula abordamos o conceito de Estado Nacional e de Absolutismo. 
Abordamos também a fundamentação ideológica do Estado Absolutista, bem como 
os limites do Estado Absoluto. 
Estado Nacional ouEstado Moderno foi o tipo de Estado que predominou na 
Europa Ocidental, durante a Idade Moderna – séculos XVI ao XVIII -, em que a 
Nação se achava unida territorial e politicamente e era identificada com o Rei. 
O surgimento do Estado Nacional está muito intimamente relacionado aos 
seguintes fatores: o abatimento da nobreza feudal devido às crises dos séculos XIV 
e XV que permitiu ao Rei, aliando-se à burguesia, centralizar o poder político e 
integrar territorialmente o país, aumentando os domínios reais em detrimento das 
propriedades senhoriais. 
A burguesia comercial tinha interesse na ampliação do comércio e no 
desenvolvimento de um mercado nacional; para tanto, era necessária a abolição dos 
obstáculos feudais (variedade de moedas, barreiras aduaneiras, pedágios e taxas 
diversas, etc.). Assim, apoiou a Monarquia nas suas pretensões centralizadoras, 
fornecendo-lhe apoio financeiro e recursos humanos (tropas, funcionários, legistas 
tornando possível a submissão da nobreza feudal pelo Rei). Como lembra Perry 
Anderson, em seu clássico estudo sobre o estado Absoluto: 
 
As monarquias absolutistas do Ocidente contaram com uma 
camada especializada de juristas para prover as suas máquinas 
administrativas: os letrados na Espanha, os maîtres de requêtes na França, 
os doctores na Alemanha. Imbuídos das doutrinas romanas da autoridade 
decretal do príncipe e das noções romanas de normas jurídicas unitárias, 
tais burocratas juristas foram os zelosos executores do centralismo 
monárquico no primeiro século crítico de construção do Estado Absolutista 
(ANDERSON, 1989, p. 28). 
Há que se destacar as relações existentes entre a crise do Feudalismo, a 
Expansão Marítima Comercial, o Renascimento, a Reforma e o Absolutismo. Em 
outros termos, a crise feudal dos séculos XIV e XV abateu a nobreza feudal, ao 
mesmo tempo em que a burguesia financiava a Expansão Marítima e Comercial 
 
 
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controlada pela Monarquia, que necessitava de recursos materiais para fortalecer o 
Estado e impor-se à nobreza feudal. Assim, a Revolução Comercial propiciou a 
valorização dos bens móveis em detrimento da riqueza imobiliária (terra), o que 
beneficiou a burguesia e a Monarquia e arruinou a nobreza feudal. O Renascimento, 
instigando a Razão e conferindo nova concepção do mundo (antropocentrismo), 
abalou a visão teocêntrica da Idade Média, base da dominação da Igreja e da 
nobreza feudal. A Reforma abalou a concepção universalista do Catolicismo, 
fundamento do poder da Igreja, e fortaleceu sentimentos nacionais, aqui entendidos 
como identificação da razão com o Rei. Ao mesmo tempo, o processo de 
fortalecimento da autoridade real e da unificação territorial evoluiu na maior parte 
dos Estados europeus no sentido da absolutização do poder real. 
A centralização do poder real e a unificação do país liquidaram a 
fragmentação política e territorial qualidade do feudalismo, surgindo desse processo 
o Estado Nacional ou moderno, onde o Rei encarnava o ideal nacional, isto é, a 
Nação identificava-se com o Rei. A sujeição política da nobreza feudal foi 
corroborada pelas novas concepções políticas que explicavam o poder real como 
delegado diretamente por Deus (teoria do Direito Divino dos Reis). No entanto não 
se deve supor que o Estado Nacional Moderno tenha sido um Estado a serviço da 
Burguesia. Como demonstra com muita propriedade Perry Anderson o Estado 
Absolutista: 
Era um Estado fundamentado na supremacia social da aristocracia 
e confinado aos imperativos da propriedade fundiária. A nobreza podia 
confiar o poder à monarquia e permitir o enriquecimento da burguesia: as 
massas estariam ainda à sua mercê. Nunca ocorreu nenhuma derrogação 
“política” da classe nobre no Estado absolutista (ANDERSON, 1989, p. 41). 
 
Teoricamente o Absolutismo podia ser justificado de um modo religiosa ou 
racional. A teoria do Direito Divino dos Reis foi defendida por Le Bret,JeanBodin e 
Jacques Bossuet, que afirmavam que o poder do Rei fora dado diretamente por 
Deus e assim não havia baliza para o exercício da sua autoridade. Maquiavel, 
Tomas Hobbes e Hugo Grotius tinham uma explicação não religiosa para o 
 
 
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Absolutismo, afirmando ser a autoridade indefinida nas mãos do monarca o único 
modo de garantir a segurança do estado e de cultivar a paz entre os homens. 
A teoria do absolutismo afirma terem os Reis poderes indefinidos. Na prática 
o poder real sofria limitações pelas próprias condições econômicas e sociais da 
época. O Estado Absolutista amparava-se sobre um equilíbrio inconstante: de um 
lado a nobreza feudal, a que o Rei pertencia por origem e situação de classe, de 
outro, a burguesia, a que o Rei estava ligado por interesses econômicos e políticos. 
O Rei precisava atender aos interesses dessas classes opostas, fazendo 
consentimentos ora a uma, ora a outra, a fim de solidificar o Estado Nacional. 
 
 
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Aula 06 _ O Absolutismo – parte II 
 
Nesta aula, ao darmos continuidade ao resgate da trajetória dos Estados 
Nacionais Europeus em sua fase Absolutista, dedicamos atenção à formação da 
Monarquia Absolutista Espanhola. Enfocamos as etapas da formação do Estado 
espanhol, sua evolução histórica e os principais fatores de sua decadência. 
Durante a Reconquista constituíam-se os seguintes Reinos Feudais: Reino de 
Aragão, surgido da fragmentação do reino de Navarra; Reino de Leão, oriundo do 
Reino das Astúrias, do qual mais tarde se separou o Reino de Castela. No século 
XIII, houve a incorporação dos Reinos de Leão e Castela. No século XV, Castela e 
Aragão se uniram pelo casamento de Isabel e Fernando, os Reis Católicos. A 
conquista do Reino mouro de Granada concluiu a Reconquista, e, mais tarde, a 
unificação política e territorial da Espanha foi concluída pela incorporação do Reino 
de Navarra. 
Consolidada a centralização, durante o século XVI a Espanha esbanjou 
hegemonia entre seus concorrentes europeus. Segundo Perry Anderson, a 
superioridade espanhola se devia a uma combinação de dois complexos de 
recursos: 
 
Por um lado, a sua casa reinante beneficiou-se, mais do que 
qualquer outra linhagem na Europa, dos pactos da política de casamentos. 
O parentesco da família Habsburgo rendeu ao Estado espanhol uma escala 
de territórios e influência que nenhuma monarquia rival poderia igualar: um 
artefato supremo dos mecanismos feudais de expansão política. Por outro 
lado, a conquista colonial do Novo Mundo supriu-a com uma 
superabundância de metais preciosos, que lhe possibilitou um tesouro muito 
superior ao de qualquer um de seus adversários. (ANDERSON, 1989, p. 
59) 
Os Reis Católicos impuseram o Absolutismo Monárquico, porém a unidade 
nacional política era sutil. Para fortalecer a unidade nacional, tomaram várias 
medidas: imposição do Catolicismo, com perseguição a judeus e muçulmanos; 
desenvolvimento da burocracia; sujeição da nobreza feudal, o que permitiu 
 
 
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empreender a Expansão Marítima e Comercial. Sobre a Inquisição lembra Perry 
Anderson: 
A Inquisição – invenção singular na Europa daquela época – deve 
ser entendida neste contexto: ela foi a única instituição unitária “espanhola” 
na península, um elaborado aparelho ideológico que compensava a divisão 
e a dispersão administrativas do Estado (ANDERSON, 1989, p. 65). 
Carlos V era ao mesmo tempo Imperador do sacro Império Romano 
Germânico e Rei de Espanha. Procurou consolidar o Absolutismo Monárquico na 
Espanha contendo a nobreza feudal e a autonomia das cidades. Empreendeu 
contínuas guerras contra os turcosotomanos, contra a França (em disputa das 
regiões italianas) e contra a nobreza luterana alemã. Para financiar essas guerras, 
adquiriu numerosos empréstimos, que oneraram os cofres do Estado. 
Felipe II buscou a preponderância na Europa e a solidificação da unidade 
nacional. A fim de alcançar esses objetivos, envolveu-se em uma política de guerras 
na Europa contra a França, os Países Baixos, a Inglaterra e o Império Otomano; 
desenvolveu-se a marinha, o exército e a exploração das colônias americanas, a fim 
de fazer da Espanha a principal potência marítima e comercial. Internamente, 
restaurou a Inquisição, o que causou a fuga de judeus e mouriscos com seus 
respectivos capitais, contribuindo para a decadência da economia espanhola. 
Como já foi dito em aula anterior, o Império Espanhol entrou em declínio, 
sobretudo pelos seguintes fatores: o declínio da agricultura, devido ao abandono dos 
campos de lavoura pela emigração para as colônias americanas; a troca da 
agricultura por campos de criação de gado; a fuga de capitais judeus e mão de obra 
mourisca, devido às perseguições religiosas; a consequente decadência de 
atividades industriais e comerciais; o não desenvolvimento de um parque 
manufatureiro, originando um déficit na balança comercial e a crescente 
dependência da Espanha às mercadorias estrangeiras; dispersão, na Europa, dos 
metais preciosos da América, por meio de guerras e de pagamento das importações, 
ou a imobilização dessa riqueza metálica (palácios, templos, obras de arte). 
 
 
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Aula 07 _ O Absolutismo – parte III 
 
Na presente aula, abordamos o processo de formação do Estado nacional 
francês, e resumidamente, os principais momentos de sua evolução política. 
O processo de centralização do poder real na França teve início com a 
dinastia Capetíngia (987-1328) e continuou nos reinados de Francisco I (1515-1547) 
e Henrique II (1547-1559), através do aperfeiçoamento do exército, domínio dos 
serviços públicos (Legislação, fazenda, justiça) e da Igreja, evoluindo para o 
Absolutismo, reforçado por Henrique IV. 
Ao comparar o processo de formação do Estado absolutista francês ao seu 
congênere espanhol, Perry Anderson lembra que: 
 
A França apresenta uma evolução muito diversa do padrão 
hispânico. Aí, o absolutismo não dispôs de vantagens iniciais semelhantes 
às da Espanha, na forma de um lucrativo império ultramarino. Nem por 
outro lado, defrontou-se com os permanentes problemas estruturais da 
fusão de dois reinos distintos no interior de um mesmo país, portadores de 
legados políticos e culturais radicalmente contrastantes (ANDERSON, 1989, 
p. 84). 
O estado Nacional e o poder real na França solidificaram-se nos reinados de 
Francisco I e Henrique II, que dominaram a Igreja e começaram uma política 
mercantilista visando a alargar a quantidade de metais preciosos no Reino, e se 
envolveram nas Guerras de Itália, a fim de dominar a Península Italiana. Na segunda 
metade do século, houve um recuo do Absolutismo, devido às rivalidades entre 
famílias feudais. Daí as Guerras de religião em que os Guises e os Bourbon 
disputaram o poder político, anulando a autoridade real. 
O reinado de Henrique IV significou o reforço do absolutismo. Pelo Edito de 
Nantes foi outorgada liberdade de cultos aos huguenotes, autorização para possuir 
fortificações e ingresso aos cargos públicos, colocando fim às Guerras de Religião 
na França. 
No reinado de Luis XIII (1610-1643), o primeiro-ministro, cardeal Richelieu 
procurou concretizar o Absolutismo, consagrar uma política mercantilista e projetar a 
 
 
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França no panorama internacional. Debelou aqueles que ameaçavam o poder real, 
como os huguenotes e a nobreza feudal. Incitou o comércio e a colonização por 
meio da criação de companhias privilegiadas e da construção naval. No plano 
externo, participou da Guerra dos Trinta Anos ao lado dos príncipes alemães 
protestantes contra a casa d’Austria. No reinado de Luis XIV (1643-1715), o primeiro 
ministro Mazarino reprimiu a Fronda – última revolta da Aristocracia contra o poder 
real - o que solidificou o Absolutismo na França. 
A época de Luís XIV representou o auge do absolutismo na França. Na 
economia e finanças destacou-se Colbert, que consagrou o Mercantilismo na sua 
forma industrialista, desenvolvendo as manufaturas e o comércio. Na política interna, 
submeteu o Estado a sua autoridade, dominando a nobreza feudal, ainda que lhes 
mantivesse os privilégios. Na política externa, arrastou a França em inúmeras 
guerras contra a Espanha, contra a Holanda, contra a Liga de Augsburgo, e na 
Guerra de Sucessão da Espanha, que arruinaram o país. 
 
 
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Aula 08_ O Absolutismo – parte IV 
 
O processo de formação do Estado nacional inglês. Os principais momentos 
de sua evolução política. Destacamos ainda as razões e o desenvolvimento da 
Revolução Inglesa no século XVII. 
A formação do Estado Nacional Inglês apresentou características inéditas. A 
Monarquia feudal se desenvolveu no sentido de uma Monarquia restringida: o poder 
do Rei feudal era efetivo e, devido a oposição dos barões, dos cavaleiros e das 
cidades, foi se tornando limitado. No século XIII, os senhores feudais e a burguesia 
impuseram ao Rei a Magna Carta (1215) que fixava os direitos e deveres dos Reis e 
dos vassalos, abreviando a autoridade real. No mesmo século, surgiu o Parlamento, 
integrado pela nobreza e pelo clero e pelos representantes de “gentry” e da 
burguesia, o que constituía um órgão de controle à autoridade do Rei. A Guerra das 
Duas Rosas (1455-1485) foi o conflito que envolveu as Casas feudais do York e dos 
Lancaster e que propiciou o enfraquecimento da nobreza feudal, criando condições 
para o absolutismo dos Tudor. 
A dinastia Tudor começou com Henrique VII, mas os seus principais 
representantes foram Henrique VIII (1509-1547) e Elizabete I (1558-1603), que 
fundaram um regime monárquico absolutista, ainda que mantendo as aparências de 
um governo representativo (Parlamento). A Reforma Anglicana promoveu a 
afirmação do Absolutismo, com as apreensões dos bens da Igreja e a conversão do 
Rei em chefe da Igreja Na Inglaterra. No governo de Elizabete I, ampliou-se o 
Mercantilismo: construção naval, novas atividades industriais e criação de 
companhias de comércio. O cercamento dos campos, para a criação de ovelhas 
para a produção de lã, as manufaturas (tecidos) e o desenvolvimento marítimo 
reforçaram a burguesia e a “gentry”. 
Durante grande parte do século XVII, a Inglaterra viu-se envolvida na 
chamada Revolução Inglesa. Podem ser assinaladas como suas razões os 
seguintes fatores: contradições entre o Estado e os interesses da burguesia e da 
“gentry”, contrários às regulamentações e aos monopólios mercantilistas que 
obstruíam o incremento capitalista. O Absolutismo dos Stuart, reforçado com a teoria 
do Direito Divino dos Reis, o que insinuava unidade religiosa, se chocou com as 
 
 
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tradições do individualismo religioso e do Parlamento. A luta deu-se no plano político 
pelo meio dos conflitos Reis “versus” Parlamento. 
O estudo de Christopher Hill – um dos maiores estudiosos da Revolução 
Inglesa no século XVII – sobre a vida de Oliver Cromwell é revelador das entranhas 
das lutas entre os reis Stuart e o Parlamento inglês. Assinala o historiador britânico 
que: 
No reinado de Jaime [I – 1603-1625], o Parlamento, que 
representava os proprietários, arrogava-se claramente maior poder no que 
se referia à taxação de impostos e às políticas comercial e externa; 
reinvindicavasuas próprias “liberdades” e seu status independente da 
constituição. Jaime I, experiente e bem sucedido rei da Escócia durante 36 
anos, revidou ao enunciar a Teoria do Direito Divino dos Reis, e enfatizou a 
prerrogativa real e o poder independente do executivo (HILL, 1990, p. 15). 
 
A Revolução Inglesa do século XVII abarcou duas fases: a revolução 
Puritana, em que a “gentry” e a burguesia, lideradas por Cromwell (Parlamento), 
derrotaram os senhores feudais e a alta hierarquia do clero, partidários do Rei. 
Implantou-se o Protetorado de Cromwell, momento em que se reforçou o capitalismo 
agrário, ampliou-se o comércio e a navegação (Ato de navegação) e se alargou o 
império colonial, consolidando a Inglaterra como potência marítima e comercial, e 
deslocando a Holanda da sua posição privilegiada. A Revolução 
Gloriosa expressou a afirmação de uma Monarquia Constitucional Parlamentar, em 
que a burguesia e a nobreza aburguesada passaram a governar o país, tratando-se, 
portanto, de uma revolução Aristocrática, e não de uma Revolução Popular. 
 
 
 
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Aula 09_ O Mercantilismo 
 
Nesta aula nos concentramos no fenômeno moderno do Mercantilismo, 
sobretudo, na sua conceituação, características e seus tipos clássicos. Detemos-nos 
também na relação entre mercantilismo e o sistema colonial. 
O Mercantilismo foi uma política de intervenção governamental na economia 
para gerar a prosperidade nacional e aumentar o poder do Estado Nacional, oriundo 
do estabelecimento do Absolutismo Monárquico. Daí, como já foi mencionado, uma 
política econômica caracterizada pela influência do Estado na economia, 
regulamentando-a estreitamente por meio de monopólios, a fim de acumular riqueza 
metálica capaz de garantir a existência de um Estado Nacional influente. 
Como observou Pierre Deyon, em seu clássico estudo sobre o Mercantilismo: 
 
A consciência de uma comunidade de interesse, o projeto de uma 
política econômica supunham naturalmente um progresso do sentimento 
nacional e um reforço do Estado. Todas as grandes monarquias europeias 
do século XVI, com maior ou menor felicidade, maior ou menor 
continuidade, enveredaram por esta via do intervencionismo econômico. 
Entre seus conselheiros, seus oficiais de finança, as preocupações relativas 
à balança comercial, ao desenvolvimento das manufaturas e aos 
movimentos internacionais das espécies, se tornavam cada vez mais 
obsedantes (DEYON, 1973, p. 17). 
Dentre as características da política mercantilista estavam: o domínio da 
economia pelo Estado, balança comercial favorável na medida em que o valor das 
exportações excedesse o das importações, nacionalismo econômico, protecionismo, 
apreensão com o comércio e circulação monetária, monopólios a grupos 
privilegiados, Pacto Colonial. 
As políticas mercantilistas podem ser classificadas segundo sua época da 
seguinte maneira: Metalismo ou bullionismo – entesouramento de metais preciosos 
– Portugal e Espanha – século XVI. Preocupações comercialistas – incentivo às 
exportações, a fim de se obter uma balança comercial favorável – França e Holanda 
– 1ª metade do século XVII. Industrialismo ou “Colbertismo” – incentivo as atividades 
 
 
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industriais – 2ª metade do século XVII – França. “Colonialismo” – reserva de 
mercado colonial para as metrópoles – século XVIII – Inglaterra. 
O sistema colonial era a aplicação nas colônias da política mercantilista 
metropolitana. A peça-chave do sistema colonial é o monopólio de comércio da 
colônia pela metrópole: a burguesia metropolitana comprava os gêneros coloniais a 
baixo custo para revendê-los na Europa a preços de mercado, acumulando assim, 
capital comercial e descapitalizando as colônias. 
Sobre o monopólio colonial destacou Eric Roll: 
 
Como os esforços dos comerciantes e das companhias raramente 
eram bastantes para assegurar o domínio dos lugares longínquos com os 
quais comerciavam , devia completá-los o poder do Estado, para cujo 
fortalecimento em grande parte contribuíam. Com isto mais se estreitaram 
os laços de interesse entre o comércio e o Estado, de maneira que a 
atenção da política estatal cada vez mais se concentrou em problemas 
comerciais. É sintoma dessa união, entre o capital comercial e o Estado, o 
prestígio de que gozavam alguns comerciantes (ROLL, 1971, p. 41). 
As colônias de exploração trabalhavam como áreas complementares da 
economia metropolitana, produzindo os gêneros que a metrópole não queria ou não 
tinha condições de produzir, tinham uma estrutura econômica edificada na produção 
agrícola realizada em grandes propriedades e voltada para a exportação; o regime 
de trabalho era escravo. 
As colônias de povoamento eram aquelas cuja economia atendia aos 
interesses locais; possuíam uma agricultura para consumo local realizada em 
pequenas e médias propriedades, atividades industriais e o regime de trabalho livre. 
O Mercantilismo francês com Richelieu valorizava o comércio externo e a 
colonização, criou as companhias privilegiadas de comércio, incentivou a expansão 
colonial e a construção naval, a fim de aumentar a entrada de metais preciosos e os 
recursos do Estado. Colbert incentivou a industrialização, com a criação de 
manufaturas, controladas pelo Estado, a fim de aumentar as exportações e restringir 
a saída de metais preciosos do país. Já o Mercantilismo inglês teve como principais 
aspectos o incentivo ao comércio, à navegação (Atos de Navegação) e à 
colonização. 
 
 
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Aula 10 _ Revolução Industrial 
 
Nesta aula tratamos da Revolução Industrial. Ocupamos nos de situá-la no 
campo das transformações que ocorreram no mundo ocidental no fim do século 
XVIII. Tratamos de suas causas e consequências, bem como da sua especificidade 
na Inglaterra. 
A Revolução Industrial foi o final da passagem das relações feudais de 
produção para as relações capitalistas e da mudança da preponderância do capital 
comercial para o capital industrial, com a mecanização da indústria, que se tornou 
fabril. Representou o aspecto econômico das Revoluções Burguesas. 
Os principais elementos constitutivos do sistema capitalista são: centralização 
dos meios de produção pela burguesia, (propriedade privada); mão de obra livre e 
assalariada, que, não dispondo de meios de produção aluga a sua força de trabalho 
para o capitalista (cria através do trabalho, um excedente de valor (lucro), que é 
apropriado pelo proprietário dos meios de produção e reinvestido, realimentando, 
assim, o processo de acumulação de capital); corrida pelos mercados, a fim de 
ampliar a produção e o consumo. 
Dentre os fatores que propiciaram o início da Revolução Industrial podemos 
apontar: a acumulação do capital nas mãos da burguesia, através da concentração 
da propriedade dos meios de produção e dinheiro, adquirido com as atividades 
agrícolas, manufatureiras e mercantis; liberação de mão de obra do campo para as 
cidades (cercamento dos campos); aprimoramento técnico e alargamento dos 
mercados. 
É importante lembrar ainda que a revolução Inglesa do século XVII, pondo fim 
ao Absolutismo, constituiu a tomada do poder pela burguesia, que, assim, beneficiou 
as atividades econômicas ligadas à Revolução Industrial. 
 
Na Inglaterra diversos fatores se somaram para a eclosão da 
Revolução Industrial, entre eles: acumulação de capitais nas mãos da 
burguesia, através do comércio colonial, o tráfico de escravos, do 
cercamento dos campos, e das atividades manufatureiras; mão de obra 
farta devido ao êxodo rural e à desintegração das corporações de ofício; 
ampliação do mercado interno, devido ao aumento demográfico, e do 
 
 
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mercado externo, pela aquisição de colônias;existência de jazidas de ferro e 
carvão, próximas aos centros industriais; e de matérias-primas (algodão) 
fornecidas pelas colônias; e a predominância política da burguesia no 
Parlamento. 
 
O historiador britânico Eric Hobsbawm atribui, sobretudo, a três fatores a 
ampliação da demanda na Inglaterra, como foi dito acima, foi elemento importante 
para compreender a primazia inglesa na Revolução Industrial: 
Podemos, pois, resumir o papel dos três principais setores da demanda na 
gênese do industrialismo. As exportações, apoiadas pelo auxílio sistemático e 
agressivo do governo, proporcionaram a centelha e contribuíram – juntamente com a 
produção têxtil de algodão – o “setor básico” da industrialização. Além disso, 
conduziram a importantes melhorias no transporte marítimo. O mercado interno 
proporcionou a base geral para uma economia industrializada em grande escala e 
(através do processo de urbanização) incentivou grandes melhorias no transporte 
terrestre, uma importante base para o carvão e para algumas importantes inovações 
tecnológicas. O governo dava apoio sistemático a comerciantes manufatureiros, 
além de incentivos de modo algum desprezíveis para inovação técnica e para o 
desenvolvimento de indústrias de bens de capital (HOBSBAWM, 1986, p. 48). 
O Liberalismo foi a teoria econômica da primeira fase do capitalismo 
(capitalismo liberal e industrial), recomendando a liberdade de produção e de 
comércio, a não intervenção do Estado na economia, e afiançando ser a indústria o 
núcleo dinâmico da economia. Defendia-se o livre cambismo, isto é, o livre comércio, 
o que era objetado pelos partidários do protecionismo: para desenvolver a indústria 
nacional contra a concorrência estrangeira eram necessários altos impostos sobre 
os produtos importados. 
A Revolução Agrícola foi o fato ocorrido na Europa, especialmente na 
Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, em que a agricultura evoluiu dos 
métodos e estruturas feudais para uma ativa produção capitalista, envolvendo o uso 
de máquina, de novas técnicas, de novos cultivos e alterações no regime de 
propriedade de terra. Suas principais manifestações foram: o cercamento dos 
campos, o aniquilamento das terras comunais, o banimento dos camponeses e o 
ingresso da máquina no processo produtivo. 
 
 
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A Revolução Agrícola se iniciou antes da Revolução Industrial, mas ganhou 
maior desenvolvimento com o aparecimento da indústria capitalista, devido à 
necessidade de ampliar a produtividade agrícola para atender à crescente demanda 
das indústrias e das populações urbanas. 
Dentre as principais consequências da Revolução Industrial podemos 
assinalar: a consolidação do capitalismo como modo de produção predominante, e 
da burguesia e do proletariado como classes básicas da sociedade; o emprego da 
máquina, com maior divisão do trabalho, ampliando a produção e dilatando os 
mercados; a decadência e desaparecimento das corporações e manufaturas e dos 
pequenos produtores; questões sociais, devido às condições materiais de vida do 
operariado, daí aparecendo novas ideologias (os Socialismos e Anarquismo) que 
contestavam o sistema capitalista; o progresso da urbanização e despovoamento 
dos campos, devido o êxodo rural; crescimento demográfico, etc. 
A Revolução Industrial gerou a divisão internacional do trabalho e a expansão 
imperialista e colonialista, a fim dos países industrializados alcançarem mercados 
consumidores da sua produção e fornecedores de gêneros alimentícios e de 
matérias-primas, além de servirem como campo de inversões de capitais, criando-se 
nas áreas de colonização antiga ou recente uma estrutura de produção 
complementar da economia europeia dominante. Essa divisão do trabalho gerou o 
“atraso” dessas regiões periféricas e a sua dependência aos centros capitalistas 
mundiais – daí o subdesenvolvimento. 
 
 
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Resumo: Revolução Industrial 
 
1. O surgimento da sociedade industrial ocorreu na Inglaterra na segunda 
metade do século 18. Passou-se, de forma acelerada, do sistema doméstico ao 
sistema fabril de produção. Nascem as grandes cidades industriais. No plano 
tecnológico, disseminam-se os primeiros maquinismos. 
 
2. Duas novas classes sociais se destacaram: a burguesia industrial, 
crescendo em força; e o proletariado, aumentando em contingentes. Operam-se 
novas relações sociais nessa sociedade de classes, com a ruptura histórica entre 
capital e trabalho. Nessa civilização urbano-industrial, deu-se a separação entre 
produtor e meios de produção. 
 
3. Com os Atos de Navegação (1651), a Inglaterra destruiu a supremacia 
marítima dos Países Baixos. A ditadura de Cromwell (1653-1658) é expressão de 
uma fase protecionista de vigorosa ofensiva externa. O Parlamento, controlado por 
grandes comerciantes e pela aristocracia de terras, soube agir politicamente. A 
Revolução de 1688 – a chamada “Revolução Gloriosa” – favoreceu decididamente a 
expansão do comércio e a prosperidade agrícola. Com o mercado nacional 
unificado, com a hegemonia nos mares e com os recursos energéticos (carvão), a 
Inglaterra, dada a ênfase comercialista de sua política mercantilista, pôde acumular 
capitais para detonar o processo pioneiro de industrialização acelerada. A 
marginalização da Coroa (absolutista), com as revoluções de 1640 a 1688, e o 
controle dos setores populares mais baixos e radicalizados (“niveladores”, 
“cavadores” etc.) definem o perfil político da ordem burguesa instaurada. Em 1689, 
após a Revolução Gloriosa, o Parlamento obtém a definição da superioridade da “lei 
sobre o rei”, através da Declaração de Direitos. A monarquia constitucional permitirá 
a dinamização da vida econômica ao longo dos séculos 18 e 19. 
 
4. É importante notar que não foi a expansão comercial que definiu o novo 
sistema, e sim sua organização fabril interna, com a utilização de invenções e 
inovações técnicas. Da venda da mercadoria industrializada é que resulta o lucro, 
objetivo último do novo sistema fabril. O uso das máquinas define a grande indústria, 
 
 
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e a divisão do trabalho, iniciada na etapa anterior (manufatureira), é levada ao 
extremo, acelerada pela automatização das máquinas e por novas fontes de 
energia. O maquinismo torna impessoal a relação capital – trabalho, o operário vê-se 
distanciado da direção da empresa e dos destinos da mercadoria. 
 
5. A indústria tradicional de lã foi a base do antigo sistema de produção, onde 
a pesada legislação medieval e mercantilista se concentrou. A indústria do algodão 
será a base do novo sistema fabril. Por outro lado, o advento do maquinismo está 
associado ao desenvolvimento da indústria do ferro (e da metalurgia em geral) e 
também à utilização da hulha (carvão mineral) no campo industrial. A máquina a 
vapor foi decisiva para a Revolução Industrial; sua disseminação dará uma nova 
fisionomia às cidades fabris, com grandes concentrações de mão-de-obra. 
 
6. O grupo manufatureiro dividia-se em dois subgrupos: a grande maioria 
tradicionalista, adotando velhos métodos de produção marcados pelo baixo índice 
de racionalização e por concepções artesanais; e os industriais modernos, casos 
raros como Arkwright, Peel, Wedgwood, Boulton e outros, mais preocupados com as 
inovações técnicas e mobilizando recursos para tanto. Esses industriais modernos já 
estavam atentos à questão do progresso, do poder político e das relações entre as 
classes. 
 
7. Expressão teórica da sistematização dos interesses da nova classe 
industrial,em forma de teoria “científica”, foi a obra de Adam Smith A riqueza das 
nações (1776). Mas o liberalismo (laissez-faire), enquanto teoria da Revolução 
Industrial, não surgiu pronto e codificado: realizou-se na prática, combatendo o 
Estado mercantilista. 
 
8. O liberalismo constituiu a corrente ideológica que melhor expressou as 
aspirações da nova classe burguesa. Liberdade de empresa, de contrato, de 
imprensa e liberdade individual são seus objetivos. O Parlamento é seu melhor 
instrumento para gerenciar negócios, guerras e acordos. Contrapondo-se às teorias 
do Estado de inspiração religiosa, é racionalista; e o individualismo sustenta a 
 
 
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liberdade do homem em sociedade ou, mais precisamente, no mercado de trabalho. 
 
9. Um novo público leitor se forma. Nasce a "opinião pública”, com 
urbanização e liberdade (relativa) de imprensa. O Romantismo abre passagem, 
procurando resgatar a “harmonia perdida” do mundo pré-industrial, a busca da 
“unidade” entre o homem e o mundo que a Revolução Industrial destruiu. 
 
10. James Watt, com a invenção da máquina a vapor (1769) e com os 
sucessivos aperfeiçoamentos nela aplicados por ele, simboliza o “revolucionário” 
industrial. Parecia ter ciência de que os “inventos são produtos históricos”. 
 
Notas 
O maquinismo é, antes, um resultado, e não “causa” de todo esse processo 
de transformação do sistema de produção a que denominamos Revolução Industrial. 
Disponível em: 
http://cliohistoria.110mb.com/alunos/2_serie/arquivos/revolucao_industrial_resumo.zi
p. Acesso 10 ago 2011. 
 
 
 
 
 
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Aula 11_ As revoluções Liberais: Independência dos EUA 
 
Nas próximas aulas da disciplina examinaremos as Revoltas Liberais e o 
desenvolvimento do capitalismo entre os séculos XVIII e XIX. Iniciamos tratando da 
chamada Revolução Americana que culminou com a Independência das 13 colônias 
inglesas na América do Norte. Tratamos das razões gerais da crise do Antigo 
Regime correlacionando tal crise com o processo de independência dos 
EUA. Tratamos também do significado da Declaração de Independência; 
identificamos as etapas iniciais da organização política dos EUA e por fim, os efeitos 
da independência estadunidense. 
Na segunda metade do século XVIII o antigo regime entrou em crise. As 
razões de tal crise podem ser identificadas nas seguintes questões: o aumento 
demográfico, ocasionando a necessidade de alargar a produção de alimentos, 
obstruída pela agricultura feudal; o aceleramento do capitalismo, com o consequente 
desenvolvimento da burguesia, que se via impedida em sua ampliação pelas 
regulamentações mercantilistas e pelos privilégios da aristocracia; conscientizada 
pelas ideias do Iluminismo, a burguesia passou a lutar para tomar o poder político; 
alta do custo de vida, devido à subprodução agrícola; impossibilidade da Monarquia 
Absoluta conciliar os interesses feudais com os novos interesses capitalistas. 
A emancipação das Treze Colônias inglesas da América do Norte não foi 
propriamente uma revolução: após a independência, o poder político permaneceu 
nas mãos da aristocracia proprietária do Sul e da burguesia do Norte, não ocorrendo 
mudanças aprofundadas nas relações de produção (por exemplo: a escravidão não 
foi abolida). 
A libertação das Treze Colônias fez parte da Revolução Ocidental ou 
Atlântica, na fase americana, demonstração da crise do Antigo Sistema Colonial, 
imagem de crise maior do Antigo Regime. No fundo, foi uma luta entre interesses 
comerciais na Inglaterra e na América. 
A Declaração de Independência constituiu a ruptura de direito entre as Treze 
Colônias e a metrópole inglesa. Tal declaração influenciada por Locke, acolhia aos 
interesses da aristocracia proprietária de terras e da burguesia, afirmando a 
existência de “leis naturais”, direitos individuais, o papel do governo em garantir 
 
 
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esses direitos, etc. Teve ampla repercussão não só na América como também na 
Europa. 
Um dos mais importantes especialistas no tema da Independência Americana 
assinala que o espírito da declaração de independência: 
Consiste em três ideias básicas: (1) o ser humano – essencialmente 
igual em atributos, necessidades, obrigações e desejos – tem o direito 
básico à Vida, à Liberdade e à Busca da Felicidade; (2) para a obtenção 
desses direitos, o homem criou os governos; (3) o governo que não respeita 
esses direitos é tirano; tal governo pode e, na verdade, deve ser alterado ou 
abolido pelo povo que, então, tem o direito e o dever de criar a forma de 
governo que ‘a seu ver, pareça-lhe mais adequado a promover sua 
segurança e felicidade’ (APTHEKER, 1969, p. 109). 
 
As Treze Colônias receberam ajuda da França e da Espanha, reunidas pelo 
Pacto de Família contra a Inglaterra; a Liga de Neutralidade Armada (Rússia) isolou 
os ingleses. 
De 1776 até 1787, organizou-se a Confederação de Estados, que gozavam 
de completa autonomia; a partir do fim da Guerra da Independência, a crescente 
anarquia ameaçava a sobrevivência desses Estados; daí, a Constituição de 1787, 
que estabeleceu um governo federativo, sob o sistema presidencialista, em que os 
Estados guardavam relativa autonomia. 
Dentre as consequências da Independência dos EUA podemos assinalar que 
influenciou as ideias separatistas e republicadas na América Latina e acelerou a 
crise do Absolutismo, na França, devido aos gastos com a guerra. 
 
 
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Aula 12 _ As revoluções Liberais Revolução Francesa 
 
Nesta aula, dando continuidade ao exame das Revoltas Liberais, abordamos 
a Revolução Francesa. Tratamos do seu significado, de sua complexidade e de suas 
causas, bem como das principais fases da revolução. 
A Revolução Francesa expressou a crise final do Antigo Regime, cujas 
estruturas foram eliminadas e substituídas por novas estruturas capitalistas; 
significou a tomada do poder político na França pela burguesia e a vitória das ideias 
liberais burguesas. É avaliada como um marco divisório na História do Mundo 
Ocidental. Como destacou Eric Hobsbawm: 
A França forneceu o vocabulário e os temas da política liberal e radical 
democrática para a maior parte do mundo. A França deu o primeiro grande 
exemplo, o conceito e o vocabulário do nacionalismo. […] A ideologia do 
mundo moderno atingiu as antigas civilizações que tinham até então 
resistido as ideias europeias inicialmente através da influência francesa. 
Essa foi a obra da Revolução Francesa (HOBSBAWM, 1991, p. 71-2). 
 
Na verdade, houveram várias Revoluções dentro da Revolução Francesa. 
Uma Revolução Burguesa, predominante, em que a ideologia, a direção do 
movimento e o Estado criado acataram os interesses econômicos e políticos da 
burguesia. Uma Revolução Popular ou Democrática de caráter urbano, que fez 
algumas conquistas no interesse da pequena burguesia e do operariado. E, 
finalmente, uma Revolução Camponesa (o Grande Medo), conduzida contra a 
opressão e os privilégios feudais. Entretanto, sobre todas essas forças, impôs-se a 
burguesia liberal. 
A Revolução Francesa foi resultante da crise do Antigo Regime na França. 
Economicamente, a crise da agricultura, que ocasionou a Reação Aristocrática, o 
acréscimo da opressão feudal e a revolução camponesa; a decadência da indústria, 
devido à concorrência inglesa; a crise financeira, devido às guerras e gastos com a 
Corte. Politicamente, a inépcia do Estado Absolutista em atender aos interesses da 
nobreza feudal e à coação da burguesia. Socialmente, a divisão em Estados ou 
Ordens não satisfazia mais à realidade social,pois a burguesia, fortalecida, não 
 
 
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possuía os direitos conferidos à nobreza e ao Clero. Ideologicamente, o Iluminismo 
repreendia o Absolutismo e o Mercantilismo, e se opunha à igreja e à religião oficial. 
A Era das Antecipações correspondeu à 2ª fase da Revolução Francesa, após 
a instalação da Convenção e a declaração da República. Subdividiu-se em três 
períodos: o da supremacia dos Girondinos (liberais), dos Montanhenses (Jacobinos 
ou radicais) e da Planície (moderados); aconteceram a decapitação do Rei, o 
começo das intimidações externas (as coligações europeias) e internas (os 
movimentos contra – revolucionários), a instalação de um Comitê de Salvação 
Pública e de tribunais revolucionários, a eliminação da escravidão nas colônias e do 
feudalismo, com a divisão das terras; o voto universal foi estabelecido. É a fase mais 
radical da Revolução. 
O período do Terror objetivava salvar a Revolução e amparar as conquistas 
revolucionárias, advertidas pela Inglaterra e por países absolutistas, externamente, e 
pela contra revolução, internamente – reação da nobreza feudal para recuperar seus 
privilégios. O principal líder jacobino desse período foi MaximilienRobespierre. Sobre 
ele lembra Hobsbawm: 
Não foi também um grande homem, e sim muitas vezes limitado. Mas é o 
único indivíduo projetado pela Revolução (com a exceção de Napoleão) 
sobre o qual se desenvolveu um culto. Isto porque, para ele, como para a 
história, a República Jacobina não era um instrumento para ganhar guerras, 
mas sim um ideal: o terrível e glorioso reino da justiça e da virtude, quando 
todos os bons cidadãos fossem iguais perante a nação, e o povo tivesse 
liquidado com os traidores (HOBSBAWM, 1991, p. 88). 
 
O Golpe do Nove do Termidor constituiu a retomada do poder pela alta 
burguesia, ameaçada pela radicalização da Revolução e pelo progresso do 
movimento popular, beneficiado pela fase democrática e pelas realizações do Terror. 
A Era das Consolidações significou a última fase da Revolução Francesa. Na 
Convenção Termidoriana, aboliu-se a Comuna de Paris, as organizações populares 
e a legislação social avançada; elaborou-se uma nova Constituição (1795). O 
diretório foi uma República Constitucional Burguesa, fundamentada no regime 
censitário, o que beneficiava a alta burguesia. Nessa fase, aconteceram movimentos 
contra revolucionários e insurreições populares, que foram reprimidos pelo Exército, 
 
 
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ferramenta da alta burguesia que era avessa à volta ao Antigo Regime e ao avanço 
democrático popular. 
Devido à fragilidade do Diretório face ao perigo de nova incursão estrangeira 
e à intimidação representada pela direita realista, como também ao medo da 
esquerda jacobina, os liberais da alta burguesia receavam a volta das medidas 
extremas; daí, aproveitando-se da crise, Napoleão Bonaparte deu um golpe de 
Estado e derrubou o Diretório – Golpe do 18 Brumário. 
 
 
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Aula 13_ As revoluções Liberais - A Era Napoleônica 
 
Nesta aula examinamos o período napoleônico.Tratamos do caráter da 
política napoleônica do ponto de vista interno e externo, bem como da evolução 
política do período, a queda de Napoleão do poder e suas consequências. 
Napoleão chega ao poder em novembro de 1799. Sua política interna visava 
a solidificar as instituições burguesas. Nesse sentido, submeteu a Igreja ao Estado, 
fazendo a Concordata com o Papa, e anunciou o Código Civil, que ratificava todas 
as conquistas burguesas: liberdade individual, igualdade perante a lei, garantia da 
propriedade privada, atendendo aos interesses da alta burguesia e ao fortalecimento 
do Estado. Apoiado pelo Exército, evitou o avanço das camadas populares, por meio 
de medidas repressivas (censura, proibição das organizações operárias). Exacerbou 
a centralização, estabilizando a Revolução no interesse da alta burguesia, e 
negando os princípios revolucionários democráticos. 
 
Eric Hobsbawm destaca acerca de Napoleão: 
 
Para os franceses ele foi também algo bem mais simples: o mais bem 
sucedido governante de sua longa história. Triunfou gloriosamente no 
exterior, mas,em termos nacionais, também estabeleceu ou restabeleceu o 
mecanismo das instituições francesas como existem até hoje. 
Reconhecidamente, a maioria de suas ideias – talvez todas – foram 
previstas pela Revolução e o Diretório; sua contribuição pessoal foi fazê-las 
em pouco mais conservadoras, hierárquicas e autoritárias. Mas seus 
predecessores apenas previram; ele realizou (HOBSBAWM, 1991, p. 94). 
 
A política exterior de Napoleão foi marcada pelas guerras. Os países 
absolutistas da Europa receavam a expansão dos ideais revolucionários. A 
Inglaterra temia a concorrência industrial e comercial da França e a difusão das 
ideias revolucionárias entre o proletariado. A expansão francesa, intensificada, foi 
paralela à expansão revolucionária: nas regiões anexadas aboliu-se o Antigo 
Regime. 
 
 
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O Bloqueio Continental foi a tentativa de Napoleão Bonaparte de arrasar a 
economia da Inglaterra, por meio do encerramento dos mercados continentais 
europeus ao comércio inglês. Objetivava a beneficiar assim o consumo dos produtos 
franceses, livres da concorrência inglesa. Fracassou, pois a indústria francesa não 
estava em condições de substituir a inglesa na Europa, e os países europeus tinham 
necessidade de importar produtos industrializados e de exportar a sua produção 
agrícola, como, por exemplo, a Rússia (trigo), que, em 1810, rompeu o Bloqueio. 
Em 1814, após o fracasso da campanha na Rússia, Bonaparte foi vencido em 
Leipzig. Passou por um período de exílio que rompeu em 1815. Voltou ao governo 
da França por mais cem dias. Em 1815 foi definitivamente vencido em Waterloo e 
deixou definitivamente o poder. 
Após a derrota napoleônica foi realizado o Congresso de Viena. Seu 
significado era reorganizar o mapa político da Europa e restabelecer as antigas 
dinastias depostas com a Revolução. Alexandre I, da Rússia; Castlereagh, da 
Inglaterra; Frederico Guilherme III, da Prússia; Metternich, da Áustria; e Talleyrand, 
da França. A França voltou a ter fronteiras de 1789; a Rússia incorporou a maior 
parte da Polônia e a Finlândia; a Áustria recebeu a tutela dos Estados italianos e da 
Confederação Germânica; a Prússia alcançou territórios do Norte e Centro da 
Alemanha; a Inglaterra, vantagens econômicas e territoriais – antigas possessões 
holandesas; a Bélgica foi incorporada à Holanda, formando o reino dos países 
baixos e por fim ocorreu a formação da Confederação Germânica, reunindo os 
Estados alemães. 
A Santa Aliança foi a aliança militar e religiosa da Rússia, Prússia e Áustria; a 
Quádrupla aliança reunia a Inglaterra àqueles países. O seu objetivo foi manter a 
ordem estabelecida pelo Congresso da Viena e combater os movimentos liberais e 
nacionais, mediante intervenções armadas. Os principais Congressos foram: Aix-la-
Chapelle – retirada das tropas estrangeiras da França; Carlasbad e Viena – 
intervenção na Alemanha; Troppau e Laybach – intervenção nos Estados italianos; e 
Verona – intervenção na Espanha. 
 
 
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Aula 14 _ As revoluções Liberais - Restaurações e a Primavera dos Povos 
 
Nesta aula abordamos a fenômeno da Restauração Absolutista na Europa, 
bem como dos movimentos revolucionários compreendidos entre 1820 e 1848 
enfocando especialmente seu caráter, seu desenvolvimento e suas consequências 
no velho continente. 
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