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PARASITOLOGIA BRUNA REIS KRUG ATM 2023 2 MEDICINA ULBRA Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 CONCEITOS BÁSICOS DA PARASITOLOGIA Parasitologia: é a ciência que estuda os parasitas, os seus hospedeiros e relações entre eles. Parasitologia Médica: é o estudo dos parasitas de importância médica. Parasitismo: é a relação essencialmente unilateral em benefícios, lenta, direta e estreita entre duas espécies. Cada uma tem sua categoria bem definida de acordo com a função (hospedeiro e parasito). Hospedeiro e parasito: • O hospedeiro é indispensável ao parasito que vive com a obtenção de nutrientes; • A associação é de natureza alimentar. Retira do hospedeiro o material de que necessita: parasitismo – comensalismos e inquilinismo; • A dependência metabólica do parasito está vinculada ao metabolismo do hospedeiro, o hospedeiro passa a constituir o meio ecológico onde vive o parasito (microhabitát); • Há tendência para o equilíbrio (morte do hospedeiro não é o objetivo do parasito); Fatores que contribuem para a existência de doenças parasitárias: • Parasito: número de espécimes, tamanho, localização e metabolismo; • Hospedeiro: idade, nutrição, nível da resposta imune, incoerência de outras patologias, hábitos, uso de medicamentos; • Outros: crescimento desordenado dos centros urbanos, criando bolsões de pobreza com elevada densidade populacional; deficiência ou ausência de abastecimento de água, coleta de lixo, esgotos; moradia inadequada; educação precária. • As parasitoses estão relacionadas às condições sociais, econômicas. Agente etiológico: agente causador de uma doença. Pode precisar de um vetor (animado ou inanimado). Podem ser de origem endógena ou exógena. Endemia: ocorrência coletiva de uma doença, que no decorrer de um longo período histórico. Acomete sistematicamente grupos humanos distribuídos em espaços limitados e caracterizados, mantém sua incidência constante. Epidemia: ocorrência de um nítido excesso de casos (além do esperado) de uma doença, comportamento relacionado à saúde ou outros eventos ligados à saúde, em uma determinada comunidade ou região. Pandemia: se a epidemia atinge grandes proporções (geralmente mais de um continente). Hospedeiro: organismo que se encontra ou que pode ser infectado por um parasito. Serve de habitat. • Hospedeiro definitivo: é o que apresenta o parasita em fase de maturidade ou em fase de atividade sexual (fases sexualmente maduras). Homem/vertebrado (depende do ciclo). • Hospedeiro intermediário: apresenta o parasita em fase larvária ou em fase assexuada (fases imaturas, em desenvolvimento). Hospedeiros paratênicos. Incidência: usada em estatística e em epidemiologia. Pode referir-se a: números de casos novos surgidos em uma determinada população e num determinado intervalo de tempo; a proporção de novos casos surgidos numa determinada população e num determinado intervalo de tempo. Morbidade: é a taxa de portadores de determinada doença em relação ao número de habitantes sãos, em determinado local e momento. Mortalidade: é a taxa de mortalidade ou o número de óbitos em relação ao número de habitantes de determinada doença – se analisa a morbimortalidade em determinado local e momento com o objetivo de estabelecer a prevenção e controle de doenças enquanto ação de saúde pública através de registro sistemático das Declarações de óbito. Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 Vias de contato: • Passiva: ingestão com alimentos ou água contaminados; via parental; inoculados por insetos. • Ativa: pele (tecido conjuntivo, sangue); mucosas (tec. conj., sangue); sangue (células). Mecanismos de penetração: • Enzimas (pele – larvas); • Endocitose (fagocitose, picada de insetos); Classificação em relação as necessidades do parasito: • Parasito obrigatório: é o que necessita de outro ser para sobreviver e desenvolver-se; - Permanente: o ciclo completo se passa sobre ou dentro do hospedeiro. Ex.: piolhos, Ascaris; - Temporário: alguma parte do ciclo se passa sobre ou dentro do hospedeiro. Ex.: pulga. • Parasito facultativo: é aquele que pode ou não exercer ação parasitária. Espoliativo ou comensal. • Parasito acidental: ocorre o contato acidentalmente com hospedeiro, mas não evolui. Ex.: larvas migrans. Parasitos Obrigatórios: • Estenoxenos: apresenta uma especificidade com um único hospedeiro. Atingem apenas uma espécie de hospedeiro; • Eurixenos: apresenta pouca especificidade. Podem parasitar várias espécies de hospedeiros e pertencentes a grupos zoológicos distintos. Ex.: Toxoplasma gondii. • Oligocenos: apresta especificidade limitada, parasitanto animais de família ou gêneros próximos. Ex.: Tripanossoma equinum (parasito de cavalo). Classificação em relação à localização: • Ectoparasitos: se localiza na superfície externa do hospedeiro. Pele e couro cabeludo. Ex.: pulgas e piolhos; • Endoparasitos: se localiza internamente. Sistemas circulatórios, ventilatórios, digestório, urinário, genital, nervoso, muscular. Ex.: Ascaris, Schistosoma. Parasitos do homem segundo seu mecanismo de transmissão: • Diretos: indivíduo para indivíduo; contato (sarnas); congênita (toxoplasmose); sexual (tricomoníase); • Indiretos: artrópodes vetores (mecânica, biológica); água, solo e alimentos contaminados; regurgito, saliva. Vetor: são animais, geralmente artrópoder, que transmitem o agente infeccioso ao hospedeiro. Ação dos parasitos sobre o hospedeiro: • Ação espoliativa: absorção de nutrientes ou sangue do hospedeiro. Ex.: ancilóstomo; • Ação tóxica: enzimas ou metabólitos que podem lesar o hospedeiro. Ex.: Ascaris lumbricoides; • Ação mecânica: impedir o fluxo ou absorção dos alimentos. Ex.: Giardia lamblia, Ascaris lumbricoides; • Ação traumática: principalmente por meio de larvas de helmintos. Ex.: migração cutânea das larvas do ancilóstomo; • Ação irritativa: irritação no local parasitado. Ex.: lábios do A. lumbricoides; • Ação enzimática: liberação de enzimas pelo parasito. Ex.: cercaria de S. masoni. Sucesso dos parasitos: • Algumas espécies de parasitos possuem ciclos complexos envolvendo mais de um hospedeiro para completar os ciclos. • Um dos aspectos principais das parasitoses são os mecanismos de infecção e alta taxa de reprodução. • Algumas Parasitoses Humanas estão relacionadas com a falta de higiene, desconhecimento e saneamento básico. Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 Doença de Chagas Agente etiológico: Trypanossoma cruzi. Histórico: em 1908, Carlos Chagas encontrou pela primeira vez os flagelados no intestino de triatomíneos (barbeiro). Fez inoculação em macacos – parasitemia e estado febril. Foi um marco na medicina: estabeleceu a etiologia, o ciclo parasitário, identificou vetores, os reservatórios (naturais e domésticos). A ordem kinetoplastida é caracterizada pela presença de uma organela chamada cinetoplasto (ou k-DNA). É uma ordem representada principalmente pelo T. cruzi e a leishmania. Apresentam uma única e longa mitocôndria que percorre quase todo o citoplasma Morfologia - Amastigota: fase intracelular, sem organelas de locomoção, pouco citoplasma e núcleo grande. O cinetoplasto fica ao lado do núcleo e é um pouco menor que ele. Está presente na fase crônica da doença. Fase que se multiplica nas células do hospedeiro vertebrado quando se encontra infectado. - Epimastigota: encontrada no tubo digestório do vetor, não é infectante para os vertebrados. Tem forma fusiforme e apresenta o cinetoplasto junto ao núcleo. Possui flagelo e membrana ondulante. Se multiplica no vetor. - Tripomastigota: fase extracelular, que circula no sangue. Apresenta flagelo, membrana ondulante em toda a extensão lateral do parasito. O cinetoplasto se localiza na extremidade posterior. Contaminação: mucosas e conjuntivas, lesões cutâneas com as fezes do inseto. Feridas ou escoriações causadas por coçar-resposta alérgica à picada. Distribuiçãogeográfica: é uma zoonose do continente americano (sul dos EUA até Argentina e Chile com prevalências altas no Brasil). Formas de transmissão: - Vetorial: fezes de barbeiro (contaminado); - Oral: ingestão de alimentos contaminados com fezes de barbeiro, amamentação; - Vertical: quando a grávida, portadora da infecção, transmite ao feto; - De sangue e hemoderivados: quando não existe triagem sorológica nos bancos de sangue; - Acidental: área da saúde em laboratório e transplante de órgãos de doador infectado. Clínica: - Forma Aguda: fase que surge após a infecção onde os sintomas clínicos são mais nítidos (febre alta, parasitemia elevada, aumento do baço, alterações cardíacas, inflamação no local da picada, sinal de Romana), mas na maioria das vezes essa fase é assintomática. , paciente se cura ou passa para a fase crônica; - Fase Crônica: na maioria é assintomática (indeterminada – de 10 a 30 anos), mas pode afetar o coração apresentando: falta de ar, palpitações, inchaço no corpo (falência do coração), formas de arritimias cardíacas (que podem causar AVC ou embolia pulmonar). Sintomas digestivos: constipação crônica, dificuldade para ingerir alimentos, megaesôfago, megacólon. Pode haver associação das formas cardíacas e digestivas (cardiodigestiva ou associada/mista). Forma congênita: ocorre no recém-nascido infectado pela mãe e apresenta icterícia, aumento do fígado e baço, meningoencefalite. Profilaxia: - Melhorar habitações, através de reboco e tamponamento de rachaduras e frestas, usar telagem em portas e janelas; - Evitar montes de lenhas, telhas ou outros entulhos no interior e arredores da casa; - Construir galinheiro, paiol, tulha, chiqueiro, depósito afastados das casas e mantê-los limpos; - Difundir através de palestras na comunidade os conhecimentos básicos sobre a doença, vetor e medidades preventivas; - Encaminhar os insetos suspeitos de serem barbeiros para o serviço de saúde mais próximo; - Manter a limpeza periódica nas casas e arredores; - Controle da doação de sangue; - Controle da transmissão congênita. Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 LEISHMANIOSE Agente etiológico: protozoários do gênero Leishmania. Espécies do gênero são agentes de zoonoses que infectam a espécie humana nas regiões tropicais e subtropicais do velho e novo mundo (antropozoonose), causando doenças do sistema fagocítico mononuclear (SFM). Apresenta características clínicas e epidemiológicas tão variadas que foram consideradas subespécies distintas. A ordem kinetoplastida é caracterizada pela presença de uma organela chamada cinetoplasto (ou k-DNA). É uma ordem representada principalmente pelo T. cruzi e a leishmania. Apresentam uma única e longa mitocôndria que percorre quase todo o citoplasma Morfologia Apresenta apenas duas formas durante o ciclo biológico. - Amastigota: fase intracelular em tecidos do hospedeiro vertebrados. Ovoides ou esféricos. Citoplasma cora de azul, vacúolo, único núcleo, cinetoplasto, bolsa flagelar com flagelo rudimentar. - Promastigota: encontrada no trato digestivo do hospedeiro invertebrado. São alongadas, com um flagelo livre e longo, granulações azurófilos e pequenos, vacúolo, único núcleo, cinetoplasto. Transmissão: o principal é vetorial, mas pode ser por compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas, transfusões sanguíneas, congênito ou acidentes laboratoriais. Vetores: mosquitos palha, principalmente fêmeas. Dois gêneros são importantes: Lutzomyia e Phlebotomus. São flebotomíneos. Tipos de Leishamnioses: - Cutâneas: lesões cutâneas, ulcerosas ou não, limitadas e benignas; - Mucocutânea: lesões nas mucosas do nariz, boca, faringe. São mutilantes; - Cutânea difusa: disseminada. - Visceral: “Kala-azar”, tropismo parasitário pelo SFM do baço, fígado, medula óssea e tecidos linfoides. Tipo de Leishmaniose Mais Grave - O parasito migra para os órgãos viscerais do hospedeiro atingindo o fígado, baço e medula óssea, causando sintomas graves e causando à morte; - O indivíduo pode apresentar febre, hepatoesplenomegalia, anemia, leucopenia, problemas renais, alterações pulmonares, tosse seca, descamação da pele e queda dos cabelos. - Além disto, o fígado e baço podem ter seu tamanho MAIOR (os parasitos estão nestes órgãos); - O período de incubação da doença é muito variável entre 10 dias à 24 meses Profilaxia: - Medidas clínicas: diagnóstico precoce e tratamento; - Toda a pessoa com ferida de difícil cicatrização deverá procurar a Unidade Básica de Saúde; - Medidas de proteção individual: evitar entrar na mata, principalmente, a partir das 18 h (crepúsculo).; - Uso de mosquiteiros simples: telas finas em portas e janelas ; - Uso de roupas adequadas: boné, camisas de manga comprida, calças compridas e botas além do uso de repelentes.; - Manter limpo o ambiente: terrenos baldios que possa servir como criadouros de insetos transmissores. Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 1. A leishmaniose é transmitida pela picada da fêmea infectada flebotomíneos. Durante uma refeição de sangue, a mosca injeta promastigotas metacíclicos (o estágio infeccioso) de seus probócitos. 2. Os promastigotas são fagocitados por macrófagos e outras células fagocíticas mononucleares. 3. Nessas células, promastigotas transformam-se em amastigotas (a fase de tecido). 4. Amastigotas multiplicam-se por divisão simples e infectam outras células fagocíticas mononucleares. 5. Durante uma refeição de sangue em um hospedeiro infectado, flebotomíneos são infectados pela ingestão de macrófagos infectados com amastigotas. 6. No intestino médio dos flebotomíneos, amastigotas se transformam em promastigotas. 7. Lá, eles se multiplicam, desenvolvem e migram para a probóscide. Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 Profilaxia: - Detecção e tratamento precoce dos infectados; - Medidas de proteção individual e coletiva; - Telagem de janelas e portas; - Inseticidas de ação residual; - Impregnação de mosquiteiros com inseticida; - Desenvolvimento de novos fármacos; - Treinamento de Recursos Humanos; - Estruturação do sistema de saúde; - Desenvolvimento de vacina. MALÁRIA Agente etiológico: muitas espécies do gênero Plasmodium. Quatro espécies conhecidas: Plasmodium falciparum, vivax, malarie, ovale. O filo apicomplexa é caracterizada por não ter organelas de locomoção, todos são parasitos obrigatórios. O nome vem da região anterior do protista, responsável por perfurar a membrana celular das futuras células do hospedeiro. Presença de uma combinação única de organela na extremidade anterior: complexo apical, que permite adesão na célula hospedeira e a consequente invasão. Diagnóstico: - É feito pela visualização microscópica do plasmódio em exame da gota espessa de sangue, corada pela técnica de Giemsa ou de Walker; - Apesar de a microscopia ser considerada o padrão-ouro para o diagnóstico e monitoramento do tratamento da malária, essa técnica exige pessoal treinado e experiente no exame de distensões sanguíneas; - Recentemente, novas técnicas científicas estão sendo empregadas para desenvolver diagnósticos simples, eficazes e passíveis de realização fora do laboratório, destacando-se os testes imunocromatográficos rápidos – cuja indicação ainda é limitada para áreas de difícil acesso ou baixa prevalência. Sintomas: período de incubação de 7 – 21 dias; paroxismo malárico (calafrio, calor e suor), febre, mal estar, cefaleia, vômito, diarreia, hipoglicemia, insuficiência renal, convulsão. Vetores: mosquitos de linhagens de gênero Anopheles (resistentes aos pesticidas). -Hospedeiro Definitivo: mosquitos do gênero Anopheles. Só as fêmeas sugam sangue humano e podem atuar como transmissoras dos parasitos. O sangue humano contém nutrientes essenciais para a maturação e desenvolvimento dos ovos desses insetos.- Hospedeiro Intermediário: homem. - Locais do parasitismo: glóbulos vermelhos, células hepáticas e corpo do mosquito. Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 TOXOPLASMOSE Agente etiológico: Toxoplasma gondii. É uma zoonose que infecta os vertebrados homotérmicos (mamíferos e aves), sendo estes os H.I. e os H.D. são os felídeos domésticos e silvestres. Popularmente conhecido como doença do gato. Faz parte do filo Apicomplexa junto com o Plasmodium. Morfologia: As formas infectantes apresentadas durante o ciclo: - Taquizoítos: apresenta rápida multiplicação, responsável pela fase aguda da infecção. 6 a 10 dias. - Bradizoítos: encontrado no interior de cistos teciduais, fase crônica da infecção. 6 a 10 meses. - Oocisto: é a forma de resistência a condições diversas do meio ambiente. São produzidos nas células intestinais de felídeos não-imunes e eliminados junto com as fezes. Transmissão: 3 vias principais: - Ingestão/inalação de oocitos em alimento, água ou ambiente contaminado; - Ingestão de cistos com bradizoítos encontrados em carnes cruas ou mal cozidas; - Congênita ou Transplacentária. Sintomas: Alterações neonatais: lesões oculares, microcefalia, hidrocefalia, calcificações cerebrais, alterações psicomotoras, retardo mental. Em animais: alterações reprodutivas ou natimortos, alterações neuromusculares, oculares e até cegueira. Servem de fonte direta ou indireta para infecções humanas (ingestão de carne crua ou mal cozida). Considerações: - Das pessoas infectadas, poucas apresentam sintomas porque o sistema imunológico de uma pessoa saudável geralmente mantém sob controle o parasito; - Mas, em mulheres gravidas e indivíduos que tenham o sistema imunológico comprometido, precisam de cuidados e o Toxoplasma pode causar sérios problemas de saúde. Toxoplasmose no gato: - São os únicos hospedeiros definitivos da doença; - o gato elimina, para o ambiente, cerca de 100.000/g oocistos nas fezes; - São excretados por apenas 1ou 2 semanas, mas podem permanecer viáveis por até 2 anos; - A fonte de infecção por contato direto com gatos excretando oocisto é pouco provável. Profilaxia: - Manter limpeza da casa e arredores; - Lavar as mãos após o contato com solo, areia, lixo, carnes; - Cozinhar bem as carnes (aquecimento acima de 66ºC). Formas de Infecção: - Humanos: consumo de carnes ou derivados contento cistos nas fibras musculares, ou outros alimentos contaminados por oocistos; - Animais: através do carnivorismo (ingestão de cistos teciduais), oocisto em alimentos e água e, algumas espécies, de forma congênita. - Contaminação fecal-oral = ingestão de oocistos; - “Carnivorismo” = bradizoítas e taquizoítas; - Congênita = taquizoítas. Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 TRICOMONÍASE Agente etiológico: Trichomonas vaginalis, alimenta-se de bactérias e leucócitos. Filo Parabasilida: o nome é devido a fibra parabasal, que se estende dos corpúsculos basais até o aparelho golgiano. - Mulher: mucosa vaginal, uretra. É uma das principais causas de vaginite e corrimento vaginal (inflamação intensa, coceira e um corrimento abundante e esverdeado com cheiro característico). - Homem: próstata, vesícula seminal e uretra. Morfologia Transmissão: DST. Através do sexo entre mulher/homem ou entre mulher/mulher (entre homens é rara). A via sexual é virtualmente a única forma de transmissão, sendo incomum a contaminação através de roupas, toalhas ou outros fômites (embora tem relatos na literatura). Diagnóstico: - Utiliza-se o exame direto (a fresco) do conteúdo vaginal ao microscópio, de fácil interpretação e realização; - Colhe-se uma gota do corrimento, coloca-se sobre a lâmina com uma gota de solução fisiológica; - Observa-se com o condensador baixo e objetiva (1040x), para encontrar o parasita movimentando-se ativamente entre as células epiteliais e os leucócitos; - Achando T. vaginalis a rotina impõe o tratamento da mulher e também do seu parceiro sexual, pois se trata de uma DST. Profilaxia: - É recomendável o uso de preservativo durante o sexo; - Não usar roupas íntimas de outras pessoas; - Tratar indivíduos portadores; - Esterilização dos aparelhos ginecológicos, higiene em relação aos sanitários públicos, etc; - O tratamento uso de administração oral e vaginal; - Deve-se estender também o tratamento ao companheiro, já que, sem tal cuidado, poderá surgir uma nova contaminação da mulher e perpetuação do quadro clínico apresentado. Sintomas: - Homem: a sintomatologia é mais discreta: corrimento uretral, geralmente pela manhã, antes da primeira micção, bem como irritação da uretra. Pode permanecer assintomática no homem. - Mulher: mais comum é a vaginite (nflamação), causando corrimento amarelo-esverdeado de odor desagradável associado à disúria (dor para urinar), dispareunia (dor durante o ato sexual) e prurido (secreção/coceira) prurido e/ou irritação vulvar; ocasionalmente dor pélvica e uretrite, etc. Quando não tratada é fator de risco para infertilidade e câncer do colo do útero. Nas grávidas a infecção está associada a parto prematuro. Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 AMEBÍASE Agente etiológico: Entamoeba histolytica. Filo Rhizopoda: nome com base no aspecto e significa pé em forma de raiz. Amoeba, Entamoeba. A maioria é vida livre, mas são conhecidos grupos endosimbiontes e também formas patogênicas. Apresentam extensões temporárias do citoplasma, pseudópodos, que são usados na alimentação e locomoção. Pode ser encontrados em qualquer ambiente úmido. Três espécies tem a distribuição mundial e são parasitos do intestino grosso do homem: Entamoeba coli = 100% em algumas áreas do mundo, esta espécie coexiste com Entamoeba histolytica. Entamoeba histolytica (causa disenteria séria), a transmissão via cistos. Os trofozoítos das espécies são difíceis de diferenciar. Entamoeba gingivalis foi a primeira ameba a ser descrita. Naegleria fowleri (=N. aerobia) é o agente principal da doença denominada de meningoencefalite amebiana primária (PAM), ou ‘meningite amebiana’, É FATAL. Os trofozoítos em lagos e piscinas. Sintomas: - Período de incubação de 2 a 4 semanas; - A disenteria amebiana aguda manifesta-se com quadro disentérico agudo, cólicas abdominais, náuseas, vômitos, emagrecimento e fadiga muscular. Profilaxia e Tratamento: - Manter sanitários limpos, lavar as mãos antes das refeições e após a defecação; - Tratar os doentes e portadores assintomáticos; - Não usar excrementos como fertilizante; - Combater as moscas e baratas; - O tratamento consiste no uso de fármacos apropriados muitas vezes combinados com antibióticos. - Hospedeiro definitivo: homem; - Local do parasitismo: intestino grosso; - Outros: fígado, pulmões e cérebro; - Ciclo monoxênixo. Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 GIARDÍASE Agente etiológico: Giardia dudenalis. Filo Diplomonadida: foram os primeiros grupos de protistas a serem registrados. São flagelos simbiontes e poucos de vida livre. Outros são comensais e poucos são patogênicos. Enteromonas, Giardia, Hexamida, Octonitis... - Há 5 espécies válidas para o gênero: Giardia duodenalis (Giardia lamblia; = G. duodenalis= G. intestinalis) Giardia muris (mamíferos); Giardia ardeae e Giardia psittaci (aves), Giardia agilis (anfíbios). - Giardia duodenalis com ampla distribuição geográfica ocorre em climas quentes, é o protista flagelado mais comum do trato digestório do homem. Um único dejeto diarreico pode conter até 14 bilhões de cistos. Morfologia: Características: - A giardia é encontrada no mundo inteiro; - Nos países em desenvolvimento (tropicais pode atingir 50% da população); - A transmissão Oral–Anal = (a população de risco – em situação vulnerável) sem condições de higiene (crianças pequenas e adultos que não tem hábitos de higiene); - Nas relações sexuais(Sexo Anal); - A maioria das epidemias comunitárias se dá por contaminação do suprimento de água; - A contaminação direta se faz por transferência dos cistos através de mãos sujas de fezes para a boca e indiretamente pela ingestão de alimentos ou água contaminados; - Os cistos contaminantes podem permanecer viáveis no meio ambiente por meses. Profilaxia: - Só ingerir alimentos bem lavados e/ou cozidos; - Lavar as mãos antes da ingestão de alimentos e após o uso de sanitários; - Construção de fossas e redes de esgotos; - Só beber água filtrada e/ou fervida; - Tratar as pessoas doentes. Sintomas: - A giardíase se manifesta por azia e náusea que diminuem de intensidade quando ocorre ingestão de alimentos, ocorrem cólicas seguidas de diarreia, perda de apetite, irritabilidade; - Raramente observa-se muco ou sangue nas fezes do indivíduo com giardíase (odor fétido, são do tipo explosiva e acompanhadasde gases); Em alguns casos o estado agudo da doença pode durar meses levando a pouca absorção de várias substâncias inclusive vitaminas como as lipossolúveis,por exemplo. 1 – A contaminação do hospedeiro ocorre por ingestão de alimentos, água ou fômites contaminados com cistos viáveis do parasito; 2 – O desencistamento é iniciado no estômago (meio ácido) e termina no duodeno e jejuno; 3 – Colonização do intestino delgado pelas formas trofozoítas; 4 – Encistamento do parasito principalmente na região do ceco; 5 – Eliminação do parasito para o meio externo juntamente com as fezes. Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 FILO PLATYHELMINTHES 3 classes: • Turbellaria (vida livre); • Trematoda: aspidobótreos, digenéticos, monogenéticos; • Cestoda: endoparasitos. 4 grupos: • Turbellaria; • Trematoda; • Monogenea; • Cestoda Classe Trematoda: • Vermes digenéticos e aspidogástreos. • Corpo coberto por um tegumento; com uma ou mais ventosas; sem prohaptor e opisthaptor. • Maioria com 2 ou 3 hospedeiros no ciclo de vida; maioria endoparasito. • SUBCLASS DIGENEA: Com 2 a 3 hospedeiro no ciclo de vida; primeiro hospedeiro intermediário sempre é um molusco, hospedeiro final um vertebrado; com ventosa oral e usualmente com ventosa ventral (acetábulo) (e.g., Echinostoma , Fasciola , Microphallus , Opisthorchis [= Clonorchis ], Sanguinicola , Schistosoma, etc . ). • SUBCLASS ASPIDOGASTREA: Maioria com um único hospedeiro (molusco); segundo hospedeiro quando presente é um peixe ou tartaruga; ventosa oral ausente, ventral sucker large, divided by septa as a row of suckers. (e.g., Aspidogaster , Cotylaspis , Multicotyl ). Classe Cestoda: • Cestoides (Exclusivamente endoparasitos); • corpo coberto por um tegumento; na maioria, o corpo consiste de uma região anterior (escólece), seguido por um pescoço curto, e um estróbilo composto de uma série de ‘segmentos’ ou proglotides; sistema digestivo ausente. Com duas subclasses. • SUBCLASS CESTODARIA: Grupo pequeno, vermes achatados escólece ausente e proglotides não estrobilizadas; algums com ventosas; primeiro estágio larval (licofora larva) com 10 ganchos. Entoparasitos de intestino ou cavidade celômica de peixes cartilaginosos de peixes ósseos primitivos, e menos comum em tartarugas. Seus ciclo de vida são poucos conhecidos e pobremente estudados (e.g., Amphilina , Gyrocotyl , Gyrometra ). • SUBCLASS EUCESTODA: Eucestoides. Frequentemente muito grandes (alguns com mais de 10 m de comprimento), vermes estrobilados; sempre com escólece bem desenvolvidos, pescoço e estróbilo; primeiro estágio larval (larva oncosfera ou hexacanta) com 6 ganchos. Endoparasitos de intestino de vários vertebrados; a maioria requer um ou mais hospedeiros intermediários durante o seu ciclo de vida (e.g., Diphyllobothrium , Dipylidium , Hymenolepis , Moniezia , Taenia ). • Morfologia externa: Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 Ordem Cyclophyllidea: • Tem escólece com 4 ventosas, rostelo com ganchos, estróbilo com proglotes; • Famílias de interesse médico: Taeniidae, Hymenolepididae, Dilepididae, Davaineidae. Ordem Pseudophyllidea: • Escólece com duas bótrias rasas e alongadas, proglotes curtas e largas que não se destacam do estróbilo qd maduras (não há apólise); • Diphyllobothrium sp. Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 Família Cyclophyllidea: • Distribuição geográfica mundial; • Estimativa da população mundial infectada 75 milhões. BRASIL – 2 milhões; • Hospedeiro definitivo = Homem; • Hospedeiro Intermediário: Suínos – Taenia solium; Bovinos – Taenia saginata; • Condições para ocorrência: Criação de suínos e bovino em condições inadequadas; abatedouros Clandestinos; saneamento Precário ou Inexistente. Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 TENÍASE/ CISTICERCOSE Agente etiológico: Tenia solium (suíno); Tenia saginata (boi) = hospedeiros intermediários. Filo Platyhelminthes; Família Cyclophyllidea: Hospedeiro definitivo = homem; Condições para ocorrência: criação de suínos e bovinos em condições inadequadas; abatedouros clandestinos; saneamento precário. Liberação dos ovos pelas progrótides grávidas: não possuem orifício para saída dos ovos, então ocorre pela apólise no intestino ou passagem pelo ânus do HD; ou contração muscular (fora do HD); Metabolismo dos cestoides: anaeróbico e eventualmente aróbico; absorção de glicose e glicogênio; aa, liídeos, vitaminas... Larva na forma de cisticerco/HI: - Cysticercus cellulosae – larva de T. solium; - Cysticercus bovis - larva de T. saginata Diagnóstico: - Pesquisa de ovos nas fezes ou na região perianal (fita adesiva); - Não é possivel diferenciar ovos de saginata e solium (são esféricos, com casca protetora – embrióforo – feita de quitina. Dentro tem a larva oncosfera ou embriao hexacanto. Profilaxia: - Saneamento, educação sanitária; - Melhoria das condições sócio-econômicas; - Assistência aos manipuladores de alimentos; - Filtração/fervura da água; - Criação de gado bovino e suíno em condições adequadas; - Controle e inspeção de matadouros. Sintomas: - Geralmente assintomática; - Dor abdominal, náuseas, fraqueza, anorexia; - Proglotes nas fezes ou roupa íntima; - Eosinofilia (5-30%); Cisticercose Humana: - No BR não é estimada a prevalência da doença; - Ingestão de ovos de T. solium (na literatura: T. saginata, T. multiceps, T. hydatigena, T. ovis, T. taeniformis); - O cisticerco = cysticercus celulosae – pode ser qualquer uma dessas. Infecção: 1. Autoinfecção externa: ingestão de ovos da sua própria Taenia (caso marido-mulher; problemas mentais); 2. Autoinfecção interna: as proglotes podem chegar até estômago (movimentos anti/retroperistálticos do intestino). Algumas proglotes no estômago sofre ação do suco gástrico e liberam as larvas (oncosfera ou embrião hexacanto) invadem a mucosa e os tecidos (pele, tecido subcutâneo, músculos, SN e ocular) (LADRARIAHUMANA- cisticercos numerosos); 3. Heteroinfecção: ingestão de ovos em alimentos contaminados de outra pessoa; Localização: - Neurocisticercose: meninges e córtex (subs. cinzenta); cérebro e medula (rara); Se manifesta meses após infecção. O cisticerco está maduro (6 meses) e MORRE. Desenvolve um processo inflamatório e calcifica-se. As lesões presentes nos hemisféricos, ventrículos e na base do cérebro podem causar dores de cabeça, com vômitos, ataques epilépticos (91,8%; n=450), desordem mental com delírios, prostrações, alucinações, hipertensão intracranianas. - Cisticercose cardíaca: palpitações e ruídos anormais ou dispneia quando os cisticercos se instalam nas válvulas; - Oftalmocisticercose/Cistiercose Ocular: os cisticercos alcançam o globo ocular através dos vasos da coróide, instalando-se na retina. Cresce provocando deslocamento de retina ou perfuração. Ocasionando perda parcial ou total da visão. A larva não atinge o cristalino,mas pode levar a catarata. - Cisticercose disseminada: cardíaca-muscular/subcutânea, atinge vários órgãos. pouca alteração, em geral forma uma membrana fibrosa (calcifica). Na musculatura (pernas, região lombar, nuca) pode provocar dor, fadiga e cãibras. Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 Características Taenia saginata Taenia solium HI Bovinos Suínos Tamanho Até 12m – máx 25 1,5 a 4m – máx 8 Escólece ᴓ 1,5-2mm, 4 ventosas ᴓ 0,6-1mm, 4 ventosas, rostelo e ganchos Cisticercose humana Não comprovada Registros Nº total de proglotides 1000 – 2000 1000 Útero das proglótides grávidas 15-30 ramificacoes de cada lado, dicotômico 7-6 ramificacoes de cada lado, forma irregular Ovos 50 a 100 mi/progr. 50 a 100 mil/progr. Apólise Ativa, liberação de uma proglótide por vez Passiva, liberação de grupos de 3-6 proglótides Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 EQUINOCOCOSE/HIDADITOSE Agente etiológico: Echinococcus granulosus (Eucestoda, Família Taeniidae) – tenídeo de pequenas dimensões – 3 à 6 proglotes); Nome comum: Bolha d’água, bolsas de água. Grandes estruturas vesiculares: hidátides ou cisto hidático. Hidatose = parasitose com a forma larval (HI); Equinococose = parasitose com a forma adulta (HD) Hospedeiros: - Cão (verme adulto): HD; - Carneiros, ovelhas, cavalos, gado (fase larval): HI; - Homem: hospedeiro acidental. Morfologia: Echinococcus granulosus: Cisto Hidático Sintomatologia – Hidaditose – Cisto hidático - Formas benignas: assintomático; tumor (10-20 anos), sensação de peso, dor em cólica, icterícia; - Formas graves (ruptura do cisto ou após cirurgia): palidez, cianose, suor frio, manifestações nervosas e respiratórias, morte repentina. Patogenicidade – Hidaditose - Se relaciona com o número de cistos e sítio em que se desenvolveram; - No fígado e no pulmão, um cisto pode causar qualquer sintoma, desde que não tenha crescimento excessivo ou ruptura. - Em órgãos mais vitais (cérebro) pode haver consequências graves, levando à morte ou diagnostico cedo com remoção. Controle: - Controle da infecção canina; - Tratamento dos cães; - Não alimentar cães com vísceras cruas; - Interditar abatedouros clandestinos; - Controle sanitário de ovelhas, gados, etc. Prevenção da infecção humana: - Educação sanitária; - Tratamento específico. Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 Hymenolepis nana Agente etiológico: Hymenolepis nana. Eucestoda, causada pelo cestoide conhecido como “tênia-anã”, menor espécie de cestoide e o mais comum parasito do homem. Micro-habitat: intestino delgado do homem HD (principalmente íleo e jejuno) e ratos HI (cavidade geral). Hymenolepis diminuta (parasita habitual do rato que pode infestar o homem). Tamanho: 2 a 4 cm, enquanto que o H. diminuta mede 10-60 cm. Manifestações clínicas: geralmente a infecção é assintomática, mas nas crianças pode ocorrer infecção maciça por H. nana, manifestando-se com cólicas abdominais e diarreia. Patogenia e sintomatologia: - Ação mecânica irritativa, devido às ventosas e o rostelo com ganchos; - Ação tóxica, prurido anal e nasal; - Pode ocasionar ataques epiléticos, diarreia e disenteria; - É comum algumas pessoas não apresentarem sintomatologia ou apresentar regressão dos sintomas (sistema imunológico). Morfologia: - Adulto: 3 a 4 cm, 100 a 200 proglotes (aparelho feminino e masculina). Possui escólece com 4 ventosas e rostelo com ganchos. - Ovos: Transparentes, membrana externa e interna, envolvendo a oncosfera (chapéu de mexicano). - Larva: Possui escólece invaginado e envolvido por membrana. É uma parasitose que ocorre principalmente em crianças de 8 a 12 anos. Está associada a imunidade e higiene (carregar os ovos embaixo das unhas para todas). Laboratorial: - Pesquisa de ovos: Método de Faust et al . e método de Hoffman, Pous e Janer. - Obs: O exame parasitológico = negativo - porque ainda as proglotes não se romperam. Por isso, deve-se repetir o exame depois de 2 semanas. Profilaxia: - Higiene pessoal (lavar as mãos, cortar as unhas); - Saneamento básico; - Tratamento dos doentes; - Cobrir alimentos das moscar, combate aos insetos de cereais (carunchos) e pulgas no ambiente doméstico. Transmissão: - A ingestão de ovos de H. nana em água ou alimentos contaminados é a forma mais comum de transmissão do parasito; - A ingestão dos hospedeiros intermediários (insetos parasitados) contendo a larva cisticercóide Ciclo: monoxênico ou Heteroxênico: - HI: coleópteros - pulgas (princ. de rato) e carunchos de cereais Trebollium , Trebis . Monoxênico: - No homem: após a ingestão dos ovos contidos nas fezes, ocorrea semidigestão dos OVOS (embrióforos). - O embrião hexacanto (larva oncosfera) é liberado no intestino, penetra nas vilosidades intestinais e forma a larva CISTICERCOIDE. - Essa larva se fixa na mucosa intestinal pelo escólece. Isso pode estimular o sistema imune e ocorrer imunidade ativa específica. Heteroxênico: - Os ovos das fezes são ingeridos pelos insetos -No intestino do inseto, o embrião hexacanto (larva oncosfera) é liberado e se transforma em larvas CISTICERCOIDES. - O homem ingere acidentalmente um INSETO contendo as larvas cisticercoides. (podendo causar hiperinfecção, pois não forma imunidade e milhares de ovos podem ser liberados no intestino); - As larvas desenvaginam-se no intestino, se fixando à mucosa e transformando-se em vermes adultos. Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 DIFILOBOTRÍASE 4 espécies reconhecidas: Diphyllobothrium latum, Diphyllobothrium pacificum, Diphyllobothrium klebanovskii e Diphyllobothrium nihonkaiense Infectam humanos. A identificação das spp. é relevante: D. pacificum - infecta peixes de ÁGUA SALGADA. D. latum - infecta peixes de ÁGUA DOCE. A difilobotríase, conhecida como a doença do peixe. A infecção humana ocorre por ingestão de peixes crus, defumados em temperatura inadequada ou mal cozidos, contendo as larvas plerocercóides. O D. latum é encontrado em grande variedade de peixes de água doce: pike, salmão, truta, peixe-branco, turbot. Manifestações clínicas: Dor epigástrica; anorexia; náuseas, vômitos, perda de peso; eosinofilia; distensão abdominal; flatulência; cólica abdominal intermitente; diarreia. Uma complicação peculiar dessa parasitose é a anemia perniciosa (anemia hipercrômica macrocítica), pois o parasito adulto tem a capacidade de absorver intensamente a vitamina B12 no intestino do hospedeiro. Mas a infecção pode ser assintomática. - A DIFILOBOTRÍASE é doença emergente no Brasil, devido à expansão do hábito de comer peixes crus ou parcialmente. - Estima-se 9 milhões de pessoas estão infectadas no mundo. - Ao contrário de outras parasitoses, esta é encontrada em pacientes de nível socioeconômico alto. - Deve servir de alerta porque esta associado ao crescente consumo de peixes crus, caracterizado pela disseminação da culinária japonesa. - Diphyllobothrium sp. é conhecida como uma das maiores espécies de parasitos intestinal do homem (10-25m comprimento). - Pode persistir no intestino delgado humano por mais de 10 anos. - O tempo decorrido entre a ingestão da larva e ovos nas fezes do hospedeiro é de 5 a 6 semanas (1 milhão de ovos diariamente- proglotes). - As manifestações gastrointestinais dependem do tamanho e do local de fixação da tênia no intestino. Morfologia: Diagnóstico: consiste em observação dos ovos nas fezes; Profilaxia: cozimento adequado dos peixes; saneamento básico; inspeção do pescado e congelamento adequado dos peixes. Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 ESQUISTOSSOMÍASE Agente etiológico: Schistosoma mansoni, Schistosoma japonicum Schistosoma haematobiu. Subclasse digenea: são endoparasitos de vertebrados, com 2 hospedeiros (mínimo), sendo o primeiro HI sempre um molusco. Desenvolvimento indireto com uma larva ciliada, váriasespécies são de importância econômica e social. Morfologia: Ventosas: são estruturas de fixação que evoluíram em organismos com vida parasitária. - Ventosa Oral: pode estar situada na região apical ou subventral; - Ventosa Ventral (acetábulo): sempre na face ventral, no 1º terço, na região equatorial ou na extremidade posterior do corpo. São monóicas (hermafroditas), com exceção das famílias Schistosomatidae Reprodução: - Assexuada → HI → molusco; - Sexuada → HD → vertebrados. Feito por autofecundação ou fecundação cruzada . Alimentação: - Ventosa oral: sangue ou fluído dos hospedeiros, a faringe funciona como bomba; - Tegumento: absorção de moléculas orgânicas. Onde são encontrados? - Adultos: ovos ou larva Miracídio; - Moluscos aquáticos e terrestres: HI 1 – esporocisto, rédia, cercaria; HI 2 – ou vegetação – metacercária. . Estágios larvais: 1. Miracídio; 2. Esporocisto; 3. Rédia; molusco 4. Cercária; 5. Metacercária. Família Schistosomatidae: Espécie Schistosoma mansoni - Schisto=fenda; soma= corpo; - São dióicos, com dimorfismo acentuado; - Machos com canal ginecóforo (laterais do corpo e não uma fenda); - Fêmeas abrigam-se no canal (macho); - Ovos com espinho; - Espécie parasito de humanos. - Alimentam-se de sangue; - São resistentes aos anticorpos dos hospedeiros. -No Brasil é conhecida como barriga d’água; - Os vermes adultos vivem no sistema porta. - Quando os esquistossômulos atingem o fígado e começam a apresentar um ganho de biomassa exponencial, a maturação sexual (25 dias); - Migram para os ramos terminais da veia mesentérica inferior onde acasalam, em 35 dias as fêmeas iniciam a postura dos ovos Descrição da Doença: - Os vermes adultos (machos e fêmeas) vivem nas veias mesentéricas ou vesiculares do hospedeiro humano durante seu ciclo de vida que dura vários anos. - Os ovos produzem minúsculos granulomas e cicatrizes nos órgãos nos quais se alojam ou são depositados. - O quadro sintomático depende do número de ovos e órgão onde estão localizados. A principal complicação da esquistossomose mansônica ou esquistossomíase é a hipertensão portal nos casos avançados que se caracteriza por hemorragia, ascite, edema e insuficiência hepática severa, casos que, apesar do tratamento, quase sempre evoluem para óbito. Tem trabalhos que relatam um estado de resistência adquirida contra reinfecções em moradores de áreas endêmicas. - Baseada em dados epidemiológicos que indivíduos de áreas endêmicas com exposição frequente à infecção o parasitose apresentava-se uma certa estabilidade com relação a carga parasitária e aos sintomas. - Enquanto que pessoas de áreas sem a doença e em contato com as fontes de infecção a doença se manifestou grave e até mesmo fatal. - Esta espécie tem capacidade de escapar da resposta imuni (HD) que atua contra as formas jovens. Usa artifícios engenhosos como, por exemplo, a aquisição ou síntese de antígenos semelhantes aos do hospedeiros que irão mascarar/mimetizara parte externa do parasito. Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 Miracídio: - Nadam junto à superfície, saem a procura do molusco em profundidade de 1 a 2 m; - A penetração ocorre após as primeiras horas de eclosão (10 a 12 h). - A invasão ao molusco se dá em qualquer ponto do tegumento do molusco. - A atividade aumenta com a presença do molusco. Cercarias: - Um único miracídios pode gerar de 100 a 300 mil cercarias (com sexo definido). - A saída das cercarias do molusco é regulada por estímulos externos luminosidade e temperatura (circadiano). - Podem viver por 36-48 h, mas a maior atividade e capacidade infectiva ocorre nas primeiras horas. Bruna Reis Krug - ATM 2023/2 FASCIOLose Agente etiológico: Fasciola hepática (espécie). É um trematódeo que parasita os ductos biliares do fígado de bovinos, ovinos, equinos, cervídeos, suínos e coelhos. Parasita o homem acidentalmente. Tem o ocorrência mundial. Miracídio: - Possui revestimento ciliar, tem capacidade de nadar e é forma infectante para o HI (molusco do gênero Lymnaea. - Quando liberado na água, não se alimenta, necessita infectar o HI dentro de 3 horas; - O processo de penetração no molusco leva 30min. - Após a penetração, perde os cílios e origina uma estrutura denominada esporocisto, que irá conter inúmeras células germinativas. - Rédias: hepatopâncreas do molusco. - Condições ambientais favoráveis para o caramujo → rédia → cercarias; - Condições ambientais inadequadas → rédia → rédias filhas ou de segunda geração Molusco: - Vivem em coleções de águas superficiais, nas margens dos lagos e represas, nos brejos e pastagens alagadiças. - Alimentam-se de microalgas que necessitam de luz para seu metabolismo; - Moluscos nunca são encontrados em locais sombrios; - Época de seca prolongada: caramujo em estivação; - Na época das cheias são transportados pelas águas correntes, inundações. Cercarias: - Trematóides jovens com cauda longa; - Emergem ativamente do caramujo, em quantidades consideráveis; - Estímulo para saída das cercarias dos caramujos está associado à alterações de temperatura e intensidade da luz; - Um vez infectado, o caramujo continua sempre produzindo cercarias; - Os caramujos morrem devido ao desenvolvimento do parasita no hepatopâncreas. - Cercária é oval ou arredondada e possui uma cauda simples que se agita como chicote; - Apresenta cachos de glândulas cistógenas. ]
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