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TRAUMATOLOGIA FORENSE

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Curso de Técnico de Medicina Geral
Traumatologia Forense
Instituto de Ciências de Saúde Tenha Esperança
`Nampula
2021 
Nome dos elementos do 2˚ grupo:
Juma Luís 
Lia António José Tique Eliane 
Mussa Abacar Ossufo
Rosa Pedro Namacepe
Traumatologia Forense
 (
Curso de Técnico de Medicina Geral, turma 4, trabalho em grupo 
de carácter avaliat
ivo, referente a cadeira de Deontologia e Medicina Legal leccionada pelo Docente: Dr. Victor 
Laguessa
.
)
Instituto de Ciências de Saúde Tenha Esperança 
Nampula
2021
Índice
Introdução	4
Traumatologia Forense	5
Conceito	5
Lesões Corporais	5
Classificação das Lesões Traumáticas	5
Lesões corporais leves	6
Lesões corporais graves	7
Debilidade permanente de membro, sentido ou função	9
Lesões produzidas por Instrumentos ou Agentes Contundentes	11
Lesões produzidas por Armas Brancas	14
Instrumentos Cortantes	14
Estudo dos Artigos relativos ao Crime de Ofensas Corporais Contemplados no Código Penal	16
Artigos do código penal	16
Conclusão	19
Bibliografia	20
Introdução
No presente trabalho, abordamos sobre o a Traumatologia Forense, no qual se estudam as lesões corporais de causa traumática como o próprio diz, traumato + lógia, uma especialidade da medicina que se dedica no estudo e tratamento das lesões causadas por traumatismos.
Os traumatismos podem ser de diferentes causas, material ou moral danosos à saúde física ou mental.
Objectivos gerais: caracterizar as lesões corporais, conhecer as causas;
Objectivos específicos: descrever o papel da medicina legal diante de situações de género, verificar a sua culpabilidade no código penal.
O trabalho é constituído por capa e contra capa, índice, introdução, desenvolvimento, conclusão e bibliografia.
Traumatologia Forense
Conceito
É o capítulo da Medicina Legal no qual se estudam as lesões corporais resultantes de traumatismos de ordem material ou moral, danosos ao corpo ou à saúde física ou mental.
Há quem prefira, por mais abrangível, a denominação “lesões pessoais”, dado que envolve todas as faces da pessoa, compreendendo o dano ao corpo e/ou à saúde física ou mental, decorrente de agressões materiais ou morais.
Lesões Corporais
Lesão corporal é todo e qualquer dano ocasionado à normalidade do corpo humano, quer do ponto de vista anatómico, quer do fisiológico ou mental. O crime de lesão corporal é, assim, definido no Código Penal como ofensa à integridade corporal ou à saúde de outrem, isto é, pela existência de dano somático, funcional ou psíquico.
Assim sendo, a autolesão não é crime, desde que não ofenda outro bem jurídico (art. 171, 2.º, V, do CP), pois, além de perturbar a normalidade do corpo humano, a lesão precisa ser juridicamente relevante.
O crime de lesão corporal leve e lesão corporal culposa são de acção penal condicionada à representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo ou de outro órgão público, nos termos do artigo 88 da Lei n.9.099/95. Nas demais espécie do crime de lesão corporal a acção penal será plena ou pública; vale dizer que o representante do Ministério Público pode intentá-la livremente, sem depender de qualquer provocação do ofendido ou de seu representante legal.
Classificação das Lesões Traumáticas
Segundo a quantidade do dano, as lesões corporais classificam-se em:
a) Leves - São as que não determinam as consequências previstas nos 1.º, 2.º e 3.º do art. 129 do Código Penal.
b) Graves - Incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias; perigo de vida; debilidade permanente de membro, sentido ou função; aceleração de parto.
c) Gravíssimas - Incapacidade permanente para o trabalho; enfermidade incurável; perda ou inutilização de membro, sentido ou função; deformidade permanente; aborto.
Embora praticamente em geral a exiguidade das lesões sugira lesão corporal leve, o tamanho externo não constitui critério seguro de classificabilidade delas. Diga-se o mesmo na ausência de lesão anatómica visível à inspecção, se houver perturbação da normalidade funcional, física ou mental.
Lesões corporais leves
As lesões corporais leves são representadas frequentemente por danos superficiais, interessando apenas a pele, tela subcutânea, músculos superficiais, vasos arteriais e venosos de pequeno calibre. São as escoriações, equimoses, hematomas, feridas contusas, alguns entorses, os torcicolos traumáticos, edemas e a maioria das luxações. Constituem, pericialmente, cerca de 80% das lesões corporais.
Importa saber que a rubefação, simples e fugaz rubor da pele provocado por maior afluxo de sangue, que não compromete a normalidade anatómica, funcional ou mental do corpo humano, não constitui lesão corporal leve. É leve rubor que pode ser causado até por simples emoção.
Na vertente, também o eritema simples (sinal de Christinson), primeiro grau das queimaduras, quanto à profundidade, vermelhidão da epiderme, mantendo-se, todavia, a pele íntegra, em que a reacção local desaparece em poucas horas ou dias, sem comprometimento da normalidade anatómica, fisiológica ou mental, não é tido como lesão corporal leve.
A dor física, de índole inteiramente subjectiva, envolvendo reacções vegetativas e de defesa, podendo adquirir elementos emocionais, que não está, hodiernamente, na competência dos peritos aferir sem o respectivo dano anatómico ou funcional, não caracteriza o delito de lesão corporal, na verdade, só por falível presunção pode ser reconhecida a dor como efeito da violação corporal.
As lesões corporais leves integram, amiúde, o corpo de delito indirecto pela natureza fugaz dos vestígios deixados pela infracção (delicta factis transeuntis), ou em consequência da demora na realização da perícia, o que pode constituir dificuldade intransponível para o esperto. Nesse caso, a despeito da ofensa real à integridade corporal ou à saúde de outrem, núbio de vestígios por desaparecimento material do crime, e só nessa hipótese, o exame de corpo de delito indirecto, feito a partir de outros elementos ou através de testemunhas idóneas, poderá suprir o exame de corpo de delito directo decorrente da exigência legal; in casu, há de o julgador concluir por lesão corporal de natureza leve. “Provada a agressão física, mas não tendo sido constatadas lesões aparentes, é de ser desclassificado o delito de lesões corporais para a contravenção de vias de facto”.
Lesões corporais graves
Caracterizam as lesões graves um elemento positivo, representado por qualquer das consequências previstas (incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias, perigo de vida, debilidade permanente de membro, sentido ou função, aceleração de parto).
Incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias
Incapacidade é falta de habilidade, de aptidão; é inabilitação.
A lei não exige falta de capacidade absoluta, bastando apenas que a lesão caracterize não impossibilidade, mas perigo ou imprudência no exercício das ocupações habituais, por mais de 30 dias.
As ocupações habituais a que se refere não têm o sentido de trabalho diário, nem são aquelas de natureza lucrativa. São todas e quaisquer actividades corporais comuns.
A lei lhe empresta sentido funcional, tendo em vista a actividade habitual do indivíduo em concreto, pouco importando que seja economicamente improdutiva, pois, não fora assim, não se puniriam as lesões corporais graves em desocupados, crianças, senis e obreiros aposentados.
Ocupações habituais da previsão legal incluem toda manifestação de diligência lícita, física ou mental.
Destarte, são verdadeiramente genéricas as ocupações habituais da lei.
Para avaliar o tempo de duração da incapacidade, os espertos reexaminarão a vítima, se não for revel, “logo que decorra o prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do crime”, conforme estatui o art. 168, do Código de Processo Penal. É o exame complementar a que se submete uma segunda vez a vítima, um mês após, contado da data do facto delituoso e não do correspondente auto de corpo de delito, objectivando verificar se a incapacidade excede o trintídio.
“Para se comprovar a lesãocorporal de natureza grave consistente em incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias é necessário que o exame complementar de sanidade seja realizado a partir do 31.º dia do facto delituoso”.
De passagem, apenas para avivar a lembrança, é também modalidade de exame complementar a investigação pericial levada a efeito a qualquer tempo, para corrigir ou completar laudo anterior (perícia contraditória), ou logo após a vigência de um ano da data da ocorrência do dano, objectivando pesquisar permanência de incapacidade total para o trabalho.
Divergem os autores quanto à determinação do tempo de desaparecimento da inaptidão. A lei fala em mais de 30 dias. A minoria entende cessada a incapacidade pela cura, ou seja, pela completa consolidação anatómica e funcional da lesão, qualquer que seja o tempo em que ela ocorra.
Desse modo, se o ofendido após o trintídio não está curado, nenhum relevo tem para a existência da qualificadora ter sido parcial a falta de capacidade, ou ter ele retornado ao trabalho antes de restabelecido. Filiamo-nos aos que pensam que cessa a incapacidade quando a vítima, sem imprudência ou maior dano ou perigo da cura definitiva, pode retornar ao statu que antes, ou seja, a todas as suas ocupações habituais, e não apenas a algumas delas, em condições razoáveis, não importando a não consolidação completa da lesão.
Perigo de vida
Em concreto, não tem o mesmo significado de risco de vida.
Denomina-se perigo de vida a probabilidade concreta e objectiva de êxito letal próximo.
O perigo de vida é uma situação actual, ou surgida no curso de processo patológico, consequente à ofensa, em que, pelo estado do ofendido, há o perigo de morte, se não for socorrido adequadamente em tempo hábil.
O perigo de vida pode apresentar-se no momento da lesão ou depois de horas ou dias, em qualquer fase da evolução clínica, antes dos 30 dias.
À autoridade interessa saber se há ou se houve perigo de vida, o que é diagnóstico, expressado através de dados objectivos, como, por exemplo, temperatura corporal, pulsação, pressão arterial, volume hemorrágico, anemia aguda implantada, toxemia pronunciada, estado de coma e outros factores significativos desse estado periclitante, e não se haverá, o que é prognóstico, visto estar este sujeito a erros.
“O perigo de vida, para que fique configurado, exige diagnóstico minucioso e onde resta demonstrado que, com relação às funções mais importantes da vida orgânica, ocorreram perturbações graves, sintomas alarmantes, que, real e concretamente, puseram risco à vida do ofendido”.
Não basta a autoridade dos peritos para legitimar suas conclusões, urge que eles as fundamentem, propiciando o controle da erronia ou acerto de seu raciocínio.
Essa figura jurídica é fato irreversível que não reclama nova constatação e dispensa amiúde exame complementar. Com efeito, o perigo de vida, quando afirmado em laudo pericial adequadamente elaborado pelo apontamento dos sintomas verificados pelos peritos-médicos no examinando e pela respectiva sequela natural, independente de confirmação posterior, justamente por ter existido como um relâmpago, contemporâneo à produção da lesão, e depois não mais se concretizar em razão de atendimento imediato e adequado ou das reacções orgânicas naturais do ofendido.
Se o legisperito, por não haver ainda eclodido nenhum sintoma alarmante no ofendido, não diagnosticou, todavia, ab initio, perigo de vida, mas ele vem a se oferecer antes do trintídio, é obrigatório novo laudo de exame complementar, posterior, circunstancialmente pormenorizado.
Não são apenas as grandes lesões que podem constituir perigo de vida, Pequenos ferimentos infectados pelo vírus da raiva, pelo bacilo tetânico ou por estafilococcias ainda hoje constituem perigo de vida, a despeito do moderno arsenal terapêutico de que dispõe a Medicina, determinando mesmo a morte.
Debilidade permanente de membro, sentido ou função
A debilidade a que se refere a lei é fraqueza, diminuição de forças, enfraquecimento, embotamento, debilitação.
A debilidade pode ser consequência de dano anatómico (amputação de dedo), ou funcional (paralisia por secção nervosa).
Na caracterização da figura jurídica considera-se debilidade permanente a debilitação de membro, sentido ou função consecutiva a um dano traumático, limitadora duradouramente, mas não sub specie aeternitatis, do uso da energia, do vigor físico ou da plenitude do poder de acção, sem comprometimento do bem-estar do organismo.
A debilidade não necessita ser perpétua e impossível de tratamento ortopédico ou reeducativo do membro ou órgão debilitado. Basta que seja duradoura. Deve-se entender por permanente a fixação definitiva da incapacidade parcial, após tratamento rotineiro, não sendo alcançada a restitution integrum, resultando, portanto, verdadeira enfermidade. Não é de se ter em conta debilidade transitória, como a discreta hipotonia do braço, manifestada no curso evolutivo de processo mórbido, nem a hipótese de correcção por via cirúrgica ou processos especializados, cujo resultado é aleatório e aos quais, obedecendo princípio geral aplicável a todas as lesões e suas consequências legais, não está o ofendido obrigado a se submeter.
Há toda uma gama de graus de debilidade, o que impossibilita determinar escalas de gradações prefixadas. Cabe aos médicos-peritos o julgamento clínico de cada caso, afirmando judiciosamente as suas assertivas.
Para ser considerada grave, deverá resultar da lesão indubitável e duradoura debilidade de membro, sentido ou função, prejudicando efectivamente o vitimado, mas não chegando, todavia, à verdadeira inutilização configurativa de lesão gravíssima.
Membro - São os quatro apêndices anatómicos do corpo.
Lesões diversas – óssea, muscular, nervosa, vascular — podem ocasionar debilidade permanente em qualquer segmento ou articulação dos membros superiores ou inferiores.
A debilitação ou a perda de um único dedo da mão caracteriza a lesão porque o enfraquecimento do membro pode ter sua sede anatómica ou funcional em qualquer segmento dele.
O mesmo ocorre se da lesão resulta a redução dos movimentos normais de um quirodáctilo.
“Embora extensas e aparentes, classificam-se como permanente debilidade, e não deformidade da mesma natureza, as lesões que, em definitivo, afastam a integridade de membro, sentido ou função”.
Sentido - Todo sentido é função. Então há redundância na lei ao falar em sentido ou função. Seja, porém, a palavra aqui empregada no sentido psicofisiológico.
Por sentido entende o legislador as funções perceptivas que atendem à vida de relação, permitindo ao indivíduo contactar os objectos do mundo exterior.
São cinco os sentidos: tacto, visão, audição, olfacção e gustação.
Qualquer um desses sentidos pode debilitar-se permanentemente, após uma lesão, Desse modo, traumatismos directos do globo ocular ou sobre a cabeça, nas proximidades da cavidade orbitária, principalmente quando há fracturas, podem ocasionar debilidade permanente do sentido da visão.
A verificação da debilidade dos sentidos da visão e da audição constitui o grosso das perícias médico-legais no que tange à determinação de debilidade permanente quanto ao sentido.
Os peritos especializados julgarão a acuidade sensorial subsistente, se debilidade (lesão grave) ou verdadeira perda ou inutilização caracterizadora de lesão gravíssima.
Lesões produzidas por Instrumentos ou Agentes Contundentes
Agentes ou Instrumentos contundentes: são instrumentos que actuam por meio de superfície relativamente extensa não sendo possível enumerá-las todas, dada a grande variedade dos instrumentos ocasionais, entre os habituais podemos mencionar os órgãos de defesa e de ataque dos homens e dos animais (cabeça, mãos, pés, etc.), as pedras, os paus, coronha das armas de fogo, cassetetes, etc.
São os agentes mecânicos maiores causadores do dano. Agem por pressão, deslizamento, percussão, compressão, descompressão, torção, contragolpe ou de forma mista. 
As lesões produzidas por agentes contundentes segundo Thoinot classificam-se em:
· Rubefação: é a menosgrave lesão, mais simples produzida por um agente contundente, consiste numa hiperémia temporária da pele ou das mucosas devido a congestão dos vasos. Acontece após por exemplo uma bofetada na face ou nádegas fica a marca dos dedos do agressor, sinal para casos de ofensas corporais associado a sevícias. Também surgem em casos dos chupões - chamada equimose de sucção, importante sinal ou prova para os casos em que se suspeita de um crime contra a honestidade.
· Escoriação: são ferimentos que resultam dum simples desnudamento ou arrancamento da camada epidérmica da pele ou erosões da mucosa. A escoriação cobre-se depois de serosidade albuminosa e de gotículas de sangue que depois de secar formam a crosta. A escoriação do ponto de vista clínico é uma lesão insignificante, podendo as vezes constituir porta de entrada das infecções. Do ponto de vista médico-legal ela reveste-se de grande importância. A forma permite determinar o tipo de agente que a produziu, por exemplo semi-lunar ou linear são produzidas pelas unhas; a sede permite deduzir a intenção do agressor, por exemplo no pescoço tentativa de esganadura; o número dá ideia da multiplicidade de traumatismo; a direcção permite identificar as lesões de ataque e as lesões de defesa; o aspecto permite determinar a data em que elas foram produzidas e também se as lesões são vitais ou pós morte.
· Derrames sanguíneos: Petéquias - são infiltrações de sangue nos tecidos de pequeníssimas dimensões com forma de cabeça de alfinete. Devem-se a ruptura de micro-capilares, são lesões vitais, sempre presentes por exemplo nas Asfixias Mecânicas, chamadas de Manchas de Tardieu subpleurais e epicardicas ou subpericardicas. 
· Sufusão: extravasamento sanguíneo de disposição laminar, resultante de ruptura de vasos de maior calibre, exemplo hemorragia subaracnoidea. 
· Equimoses: infiltração sanguínea nas malhas dos tecidos, resultante de ruptura de vasos de pequeno calibre. As equimoses podem ser superficiais ou profundas. Importância médico-legal: a forma permite identificar o agente ou objecto que a produziu; o aspecto permite em função da mudança da coloração determinar a data em que ela foi produzida. Segundo Lacassagne as equimoses têm inicialmente cor vinosa, escurecem do 2º ao 3º dia, azulam do 3º ao 6º, esverdinham do 7º ao 12º e amarelecem do 13º ao 20º dia. Também permite afirmar com certeza absoluta que se trata de uma lesão vital. 
· Hematomas: colecção de sangue coagulado numa cavidade limitada por tecido subcutâneo ou outro, em cavidades pré-existente ou que se formam, devido a ruptura de vasos de médio calibre. 
· Hemorragias intra-cavitárias: temos as hemorragias localizadas em distintas cavidades: na cavidade pleural – hemotorax, cavidade pericárdica - hemopericardio, cavidade abdominal - hemoperitoneu, cavidades articulares - hemoartrose. 
· Hemorragias que se manifestam nos orificios e vias dos aparelhos e sistemas: canal auditivo externo - otorragia; narinas - rinorragia ou epistaxes; cavidade bucal - bucorragia; tubo digestivo - hemorragia digestiva alta - hematemeses, hemorragia digestiva baixa-melenas, anal - rectorragia; vias respiratórias - hemoptises; vias urinárias - hematúria; vaginal - hemorragia vaginal.
· Derrames serosos: resultam da lesão tangencial dos instrumentos contundentes nos vasos linfáticos com derrame da linfa. 
· Feridas contusas: é uma solução de continuidade na pele, tem forma irregular com desigualdade e descolamento dos bordos, que se apresentam escoriados com derrames hemorrágicos e ligados com pontes de tecido lesados ou por vasos. 
· Fracturas: é uma solução de continuidade dos ossos, podem ser fechadas e abertas ou exposta, fracturas directas ou indirectas, lineares ou cominutivas, de grande ou pequeno raio, em foco, em rampa, etc. 
· Luxações: é o deslocamento de dois ou mais ossos cujas superfícies articulares deixam de manter as suas relações de contacto que lhe são comuns. As luxações podem ser completas quando as superfícies articulares se afastam totalmente e incompletas quando a perda de contacto das superfícies articulares é parcial; e podem ser fechadas e abertas ou expostas.
· Entorses: são lesões articulares provocadas por movimentos exagerados dos ossos que compõem uma articulação, incidindo apenas nos ligamentos. A vítima apresenta dor na articulação afectada com diminuição da função. Nos casos mais graves pode ocorrer ruptura dos ligamentos e outras lesões intra-articulares. 
· Arrancamentos e lacerações dos tecidos moles: as lacerações dos tecidos moles provocam hemorragias. Por acção de tracção de máquinas ou de veículos em movimento pode ocorrer arrancamento de tecidos ou membros, uma variedade rara de arrancamento é o escalpo, isto é, o arrancamento dos cabelos com o couro cabeludo. Por acção de veículos e corpos pesados produzem-se esmagamentos. 
· Rupturas ou lacerações de órgãos internos: após traumatismo fechado ou aberto das cavidades e regiões do corpo, pode produzir-se lacerações ou rupturas das vísceras internas provocando hemorragias. 
Lesões produzidas por Armas Brancas
Armas Brancas: são agentes ou instrumentos que actuam:
(1) Por meio da lâmina ou folha do objecto – instrumento cortante. 
(2) Por meio da extremidade ou ponta do objecto – instrumento perfurante. 
(3) Em simultâneo a lâmina e a extremidade do objecto – instrumento corto-perfurante.
(4) Em simultâneo a lâmina e o peso do objecto – instrumento corto-contundente. 
(5) Em simultâneo a extremidade e o peso do objecto – instrumento perfuro-contundente.
(6) Em simultâneo a lâmina, a extremidade e o peso do objecto – instrumento corto-perfuro-contundente.
Instrumentos Cortantes - Segundo Lacassagne “são os instrumentos que cortam os tecidos de maneira rectilínea, provocando feridas mais compridas do que largas, com bordos nítidos e ângulos agudos”. As lesões produzidas por instrumentos cortantes são chamadas de feridas cortantes ou feridas incisas. 
Temos como exemplo de instrumentos cortantes ou actuando como tal: lâmina, bisturis, pedaços ou fragmentos de vidro, folhas metálicas de facas, etc. Geralmente as feridas cortantes são mais profundas no centro do que nas extremidades, marcando-se o seu inicio pela maior nitidez e profundidade da secção, e a extremidade terminal pela superficialidade do corte em cauda escoriativa. Estes caracteres distintivos são valiosos para determinar a direcção em que o ferimento foi produzido ou o instrumento manejado, o que têm grande importância para estabelecer o diagnóstico diferencial médico-legal entre homicídio, suicídio e acidente. Por exemplo nos casos de Degolação, ferida cortante na região cervical, o diagnóstico diferencial médico-legal entre degolação homicida e degolação suicida é feita em função da localização e direcção da lesão, nos casos de homicídio a ferida cortante localiza-se geralmente nos 2/3 superior do pescoço de direcção transversal da esquerda para direita se o agressor for dextro e surpreender a vítima por detrás; nos casos de suicídio nos indivíduos dextros a ferida cortante está localizada na face antero-lateral esquerda do pescoço e a direcção é oblíquo de cima para baixo que termina em cauda, existindo vários cortes paralelos satélites feitos pela vítima ao experimentar a eficácia da arma branca, podemos encontrar na face dorsal da mão manchas de sangue do tipo de projecção.
Instrumentos Perfurantes: são os que produzem feridas em que a profundidade é maior do que a extensão superficial, feridas com um orifício, em regra de pequenas dimensões, seguido de canal de penetração, mais ou menos profundo. Há instrumentos que podem produzir mais do que um orifício quando manejada uma só vez, um compasso actuando simultaneamente com duas pontas produz dois orifícios, etc. As lesões graves encontram-se no interior, produzidas pela profundidade que o instrumento alcança nos órgãos e vísceras. As lesões produzidas por instrumentos perfurantes são chamadas de feridas penetrantes segundo Afrânio Peixoto e Furtado Galvão, e feridas perfuradas segundo AsdrúbalAguiar. Temos como exemplo de instrumentos perfurantes objectos tais como: agulhas hipodérmicas, pregos, chave de fenda, alfinete, estiletes, etc. 
Instrumentos Corto-Perfurantes: são os instrumentos que actuam por um mecanismo misto, cortante e perfurante, agem por secção e pressão. Os instrumentos corto-perfurantes podem ter um só gume ou lâmina (canivete), dois gumes ou lâminas (punhal) e três gumes ou triangulares (lima). As feridas corto-perfurantes têm as características de uma ferida cortante na superficie da pele com bordos rectilíneos e regulares, outra ferida perfurante desenhando a forma e o tipo de instrumento utilizado.
Instrumentos Corto-Contundentes: são os instrumentos que actuam por um mecanismo misto, cortante e contundente derivado do peso do instrumento ou da força activa de quem o maneja; agem por deslizamento ou secção, por percussão e por pressão. Temos como exemplo de instrumentos corto-contundentes a catana, o machado, a enxada, as rodas de um comboio, etc. As feridas corto-contundentes tem as características de uma ferida cortante associado as lesões tipicas produzidas por agente contundente ou actuando como tal, de forma variável dependendo da região atingida e da inclinação, da lâmina ou gume, do peso e da força activa que actua. As lesões quase sempre são graves, profundas atingindo os planos interiores provocando fracturas.
Instrumentos Perfuro-Contundentes: são os instrumentos que actuam por um mecanismo misto, perfurante ou penetrante e contundente derivado do peso do instrumento ou da força activa de quem o maneja, agem por perfurar ou penetrar, por percussão e/ou por pressão. Temos como exemplo de instrumentos perfuro-contundentes ou actuando como tal, as ponteiras de guarda-chuvas, os dentes de ancinhos, os projecteis de arma de fogo isoladamente, etc. As feridas perfuro-contundentes tem as características de uma ferida perfurante, com um orifício associado as lesões típicas produzidas por agente contundente, isto é, orla de contusão no orifício, infiltração hemorrágica subjacente e pode haver fracturas ósseas.
Estudo dos Artigos relativos ao Crime de Ofensas Corporais Contemplados no Código Penal
Artigos do código penal:
ARTIGO 23 (Agentes do crime)
Os agentes de crime são autores e cúmplices.
ARTIGO 24 (Autor)
É punível como autor quem:
a) Executar o facto, por si ou por intermédio de outrem; ou
b) Tomar parte directa na sua execução, por acordo ou juntamente com outro ou outros; ou
c) Dolosamente, determinar outra pessoa à prática do facto, desde que haja execução ou começo de execução.
ARTIGO 25 (Cúmplice)
1. É punível como cúmplice quem, dolosamente e por qualquer forma, prestar auxílio material ou moral à prática por outrem de um facto doloso.
2. É aplicável ao cúmplice a pena prevista para o autor, especialmente atenuada.
ARTIGO 26 (Comparticipação)
1. Se a ilicitude ou o grau de ilicitude do facto dependerem de certas qualidades ou relações especiais do agente, basta, para tornar aplicável a todos os comparticipantes a pena respectiva, que essas qualidades ou relações se verifiquem em qualquer deles, excepto se outra for a intenção da norma incriminadora.
2. Cada comparticipante é punido segundo a sua culpa, independentemente da punição ou do grau de culpa dos outros comparticipantes.
ARTIGO 28 (Responsabilidade penal)
A responsabilidade penal consiste na obrigação de reparar o dano causado na ordem jurídica da sociedade, cumprindo pena ou a medida estabelecida na lei.
ARTIGO 35 (Erro sobre elementos circunstanciais e consentimento do ofendido)
1. Não dirime da responsabilidade penal:
a) A ignorância da lei criminal;
b) A ilusão sobre a criminalidade do facto;
c) O erro sobre a pessoa ou a coisa a que se dirigir o facto punível;
d) A persuasão pessoal da legitimidade do fim ou dos motivos que determinaram o facto;
e) O consentimento do ofendido, salvo os casos especificados na lei;
f) A intenção de cometer crime distinto, ainda que o crime projectado fosse de menor gravidade;
g) O erro censurável sobre a ilicitude do facto punível;
h) O erro sobre os pressupostos de uma causa de justificação ou de exculpação;
i) Em geral, quaisquer factos ou circunstâncias, quando a lei expressamente não declare que eles dirimem de responsabilidade penal.
2. As circunstâncias designadas nas alíneas a) e b) do número 1 do presente artigo em nada contribuem para atenuar a responsabilidade penal.
3. O erro sobre a pessoa, a que se dirigir o facto punível, agrava ou atenua a responsabilidade penal, segundo as circunstâncias.
4. A circunstância designada na alínea f) do número 1 não pode dirimir em caso algum a intenção criminosa, não podendo por consequência ser por esse motivo classificado o crime como meramente culposo.
ARTIGO 69 (Proibição de aplicação)
1. É proibida a aplicação de penas não privativas de liberdade sempre que o agente tiver praticado alguns dos seguintes crimes:
a) Crime contra a humanidade e identidade cultural;
b) Homicídio doloso;
c) Violação de menor;
d) Rapto ou tráfico de pessoas;
e) Tráfico de estupefaciente ou de substâncias psicotrópicas;
f) Terrorismo ou outro tipo de criminalidade organizada ou associação criminosa;
g) Cometidos com o uso de armas de fogo ou com violência ou cometidos com ameaça graves contra as pessoas;
h) Cometido contra criança, incapaz, idoso ou mulher grávida;
i) Branqueamento de capitais, corrupção e crime conexo;
j) Violência física grave cometida contra cônjuge, pessoa com quem viva como tal, ex-cônjuge, parceiro ou ex - parceiro, namorado ou ex-namorado e familiar;
k) De acidente de viação de que resulte morte, praticado em estado de embriaguez igual ou superior a 1,2 mg/l ou sob efeito de substância psicotrópica ou estupefaciente; 
Conclusão
A Medicina Legal serve mais ao Direito, visando defender os interesses dos homens e da sociedade, do que à Medicina. A designação legal emprestada a essa ciência indica que ela se serve, no cumprimento de sua nobre missão, também das ciências jurídicas e sociais, com as quais guarda, portanto, íntimas relações. É a Medicina e o Direito completando-se mutuamente, sem engalfinhamento. 
Bibliografia
DELTON, C. & DELTON C. Jr. Manual de Medicina Legal, Estado de São Paulo, 8ª ed., 2012.
ANTONIO, E. Zacarias. Medicina Legal e Seguros.
Boletim da Republica, publicação oficial da Republica de Moçambique, I serie, número 248, 2019.

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