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Energia para a atividade física Silvia Gonçalves Ricci Neri Fisioterapeuta – Faculdade São Francisco de Barreiras Especialista em Docência em Ciências da Saúde – AVM Faculdade Integrada Mestra em Educação Física – Universidade de Brasília Doutoranda em Educação Física – Universidade de Brasília/ The University of Sydney Membro do Grupo de Estudos em Fisiologia do Exercício e Saúde (GEFS/UnB) Introdução • A execução de atividades motoras depende da capacidade de extrair energia dos macronutrientes contidos nos alimentos e transferi-la para os elementos contráteis do músculo estriado esquelético. • Os conceitos gerais de bioenergética constituem a base para compreender o metabolismo energético durante todas as formas de atividade física. Bioenergética • Energia - capacidade de realizar trabalho. • Bioenergética - troca de energia em um sistema vivo. – Primeira lei da termodinâmica: A energia não pode ser criada nem destruída, apenas transformada de uma forma para outra (princípio da conservação de energia). – Segunda lei da termodinâmica: A transferência de energia potencial prossegue sempre em uma direção que reduz a capacidade de realizar trabalho (maior entropia). Bioenergética • Conversões de energia – Reações químicas endergônicas: armazenam energia (+ΔG). – Reações químicas exergônicas: liberam energia (–ΔG). Bioenergética • Metabolismo: Conjunto de transformações, num organismo vivo, pelas quais passam as substâncias que o constituem. – Anabolismo: reações de síntese (endergônicas) – Catabolismo: reações de desassimilação (exorgônicas) O processo endergônico da fotossíntese absorve a energia solar e armazena na forma de carboidratos, lipídios e proteínas. O processo exergônico da respiração celular utiliza a energia dos macronutrientes para formar ATP e, então, aciona todas as formas de trabalho biológico. Lista de exercícios 1- A bioenergética se refere à troca de energia em um sistema vivo e obedece às leis da termodinâmica. Explique a primeira e a segunda lei. 2- As conversões de energia podem ser endergônicas (armazenam energia) ou exergônicas (liberam energia). Nas células vivas, os exemplos mais fundamentais de conversão de energia são a fotossíntese e a respiração celular. Classifique esses processos como endergônicos ou exergônicos e justifique a sua resposta. Trifosfato de Adenosina (ATP) • A energia contida nos alimentos não é transferida diretamente às células para a realização de um trabalho biológico. • A energia proveniente da oxidação dos macronutrientes é recolhida e conduzida através do composto rico em energia denominado ATP. • Papéis: – Extrair a energia dos alimentos e conservá-la nas ligações do ATP. – Extrair a energia química do ATP para acionar o trabalho biológico. O ATP é formado a partir de uma molécula de adenina e de ribose (adenosina) unida a três fosfatos (trifosfato). As ligações que unem os dois fosfatos mais externos liberam energia útil durante a hidrólise, a qual impulsionará as funções corporais. Trifosfato de Adenosina (ATP) • Quando o ATP é hidrolisado (catalisado pela enzima adenosina trifosfatase - ATPase), é formado um novo composto: o difosfato de adenosina (ADP). – A clivagem da ligação fosfato mais externa libera aproximadamente 7,3 kcal de energia livre (–ΔG). – Raramente, mais energia é liberada quando outro fosfato é separado do ADP (→ AMP). Ilustração do papel do ATP como moeda energética para o trabalho biológico da síntese de macronutrientes em processos anabólicos (endergônicos) e sua reconstrução subsequente a partir de ADP e o íon fosfato (Pi) por intermédio da oxidação dos macronutrientes armazenados pelos processos catabólicos (exergônicos). Trifosfato de Adenosina (ATP) • As células contêm pouco ATP e, portanto, têm de ressintetizá- lo continuamente de modo a acompanhar a taxa de utilização. – Em condições normais de repouso, o corpo armazena somente 80 a 100 g de ATP. – A taxa de utilização depende da intensidade do movimento. Durante o período de uma vida inteira (admitindo-se um peso corporal de 80 kg e um estilo de vida relativamente sedentário durante um período de 50 anos após os 20 anos de idade), a produção total de ATP será igual ao peso aproximado de dois aviões. O corpo mantém um suprimento contínuo de ATP por diferentes vias metabólicas; algumas estão localizadas no citosol da célula, enquanto outras operam no interior das mitocôndrias. Sistema ATP-CP • Parte da energia para a ressíntese do ATP provém da cisão anaeróbica de um fosfato da fosfocreatina (PCr). • A reação não necessita de oxigênio e alcança um rendimento máximo de energia por cerca de 10 s. – Se o esforço máximo continuar por mais de 10 s, a energia para a ressíntese do ATP tem de provir do catabolismo menos rápido dos macronutrientes. • É o principal sistema em atividades motoras rápidas e intensas, como halterofilismo e pique de 100 m. O sistema ATP-CP proporciona fontes anaeróbicas da energia das ligações fosfato. A energia liberada pela hidrólise de PCr reúne ADP e Pi para formar ATP. Sistema ATP-CP Sistema ATP-CP • As reações catalisadas por creatinoquinase e adenilatoquinase não apenas aumentam rapidamente a disponibilidade de ATP, mas também produzem os subprodutos moleculares (ADP, AMP e Pi) que ativam os estágios iniciais do catabolismo do glicogênio e da glicose e as vias de oxidação celular da mitocôndria. Sitema ATP-CP • A creatinoquinase é um marcador bioquímico de dano muscular, podendo ser utilizado no controle da carga de treinamento. – A CK não possui a capacidade de atravessar a membrana plasmática da célula muscular em condições normais e, portanto, elevações séricas da enzima sugerem o extravasamento da mesma para o líquido extracelular por dano celular. Sitema ATP-CP • A suplementação de creatina é comumente utilizada para ganho de força e potência, e melhora da performance em tiros de até 30s. Qual é a explicação fisiológica para isso? • Como seria o treinamento para melhorar a performance em modalidades esportivas intensas e de curta duração? Qual a explicação fisiológica para isso? Para pensar... Lista de exercícios 3- Explique o que é ATP e quais as suas funções. 4- As células contêm pouco ATP e, portanto, têm de ressintetizá- lo continuamente de modo a fornecer energia para o trabalho biológico. Parte da energia para a ressíntese do ATP provém da cisão anaeróbica de um fosfato da fosfocreatina. Explique o Sistema ATP-CP, e dê exemplos de atividades motoras que utilizam este sistema como principal fonte de energia para a formação de ATP. Liberação de energia pelos macronutrientes • A liberação de energia no catabolismo dos macronutrientes tem a finalidade de fosforilar o ADP para voltar a formar o ATP. – Estágio 1 envolve a digestão, a absorção e a assimilação de macromoléculas alimentares grandes, transformando-as em subunidades para serem utilizadas no metabolismo celular. – Estágio 2 degrada aminoácido, glicose, ácido graxo e glicerol no citosol em acetil-coenzima A (formada na mitocôndria) com produção limitada de ATP e de NADH. – Estágio 3 na mitocôndria, a acetil-coenzima A é degradada em CO2 e H2O com considerável produção de ATP. As vias específicas de degradação diferem dependendo do substrato do nutriente catabolizado. a Valor energético dos macronutrientes. Fontes de energia que suprem substratos para a geração do ATP. O fígado é uma rica fonte de aminoácidos e de glicose, enquanto os adipócitos numerosas moléculas de ácidos graxos ricas em energia. Após sua liberação, a corrente sanguínea leva esses compostos até a célula muscular. Há, ainda, as fontes intracelulares de energia (fosfatos de alta energia ATP e PCr, e triacilgliceróis, glicogênio e aminoácidos). Metabolismo dos carboidratos • Durante a atividade física aeróbica leve a moderada, os carboidratos proporcionam um terço das demandas energéticas do organismo. • A degradação dos carboidratos ocorre mais rapidamente do que a degradaçãodos ácidos graxos para geração de energia. • O processamento de grandes quantidades de gordura para obtenção de energia requer catabolismo mínimo dos carboidratos. • Os carboidratos proporcionam o único substrato dos macronutrientes cuja energia gera ATP sem oxigênio. • O SNC necessita de um fluxo ininterrupto de carboidrato. Metabolismo dos carboidratos • C6 H12O6 + 6 O2 → 6 CO2 + 6 H2O – ΔG 686 kcal · mol –1 94 moles de ATP ÷ 7,3 A formação de ligações fosfato conserva apenas 34% de energia (233 kcal), com o restante sendo dissipado na forma de calor. 32 moles de ATP Sistema glicolítico • A oxidação completa da glicose em CO2 e H2O, envolve a glicólise, o ciclo de Krebs e a cadeia transportadora de elétrons. • Existem duas formas de degradação dos carboidratos. – Glicólise anaeróbica: Produção rápida de uma quantidade limitada de ATP, em que o piruvato leva a formação de lactato. – Glicólise aeróbica: Produção substancial de ATP, porém de maneira lenta, em que o piruvato prossegue para reações oxidativas. • A demanda de produção rápida ou lenta de ATP e a presença de O2 determina a forma de glicólise. Sistema glicolítico • Duas coenzimas que carregam os átomos de hidrogênio durante as reações acopladas de oxirredução são o dinucleotídio de nicotinamida adenina (NAD) e o dinucleotídio de flavina adenina (FAD). – Oxidação: remoção de elétrons de uma substância; – Redução: acréscimo de elétrons em uma substância. • A energia armazenada originalmente na glicose é transferida para as coenzimas NADH e FADH2, que posteriormente fornecerão energia para a formação de ATP. Glicólise anaeróbica • Fornece energia durante atividades físicas com esforço máximo por até cerca de 90 s. – Quando a atividade física ultrapassa alguns minutos, o metabolismo aeróbico fornece quase toda a transferência de energia. • É ativada quando uma pessoa acelera no início do movimento ou durante os últimos quilômetros em uma corrida, quando realiza um esforço máximo do início ao fim durante uma corrida de 440 m ou uma prova de natação de 100 m. Uma série de 10 reações químicas no citosol produz 2 moléculas de piruvato a partir da degradação anaeróbica da glicose. O lactato é formado quando a oxidação de NADH não consegue acompanhar a sua formação na glicólise. Glicogênio • O excesso de glicose é armazenado como glicogênio ou é transformado em gordura. • O fígado e o músculo contém reservas de glicogênio, bem como enzimas para a sua síntese (glicogênese) e degradação (glicogenólise). – Com uma alta atividade celular, a glicose e/ou o glicogênio são metabolizados para formar ATP (glicólise / glicogenólise). – Em contrapartida, uma baixa atividade celular e/ou reservas de glicogênio depletadas inativam enzimas glicolíticas cruciais, fazendo com que o excesso de glicose forme glicogênio (glicogênese). 3 ATPs 2 ATPs Sítios de reservas de glicogênio em um homem de 70 Kg, em repouso, alimentado com dieta ocidental padrão Tecido Peso ou Volume Estoques de CHO Fígado 1,8 Kg 70 g Músculo 32 Kg 450 g Fluido extracelular 12 L 10 g 0 1 2 3 4 10 20 30 40 Tempo de Exercício (min) (m m o le s /m in ) Exercício Intenso Exercício Moderado Exercício Leve 0 1 2 3 4 10 20 30 40 ( Degradação do glicogênio muscular. Acúmulo de lactato • Quando as demandas energéticas ultrapassam o aporte de oxigênio ou a sua taxa de utilização, a cadeia respiratória não consegue processar todo o hidrogênio ligado ao NADH. • A combinação do hidrogênio proveniente do NADH com o piruvato libera NAD+ e a glicólise anaeróbica pode prosseguir. – Se não houvesse disponibilidade de NAD+, a produção de energia rapidamente se esgotaria. – Como resultado, há a formação de lactato. Em condições fisiológicas no músculo, o lactato é formado quando hidrogênios de NADH combinam-se temporariamente com piruvato. Isso libera NAD+ para aceitar outros hidrogênios gerados na glicólise. Acúmulo de lactato Acúmulo de lactato • Depois que o lactato é formado no músculo, ele pode ser utilizado como percussor energético. – Oxidação: Quando oxigênio suficiente se torna disponível, NAD+ retira os hidrogênios ligados ao lactato, e o piruvato resultante segue para formar ATP por oxidação. – Gliconeogênese: Síntese de glicose a partir de percussores não-carboidratos (como lactato, glicerol e aminoácidos), sendo a maior parte produzida no fígado. As reações bioquímicas do ciclo de Cori no fígado sintetizam glicose a partir do lactato liberado pelos músculos ativos. Esse processo gliconeogênico ajuda a manter as reservas de carboidratos. Acúmulo de lactato • Durante a atividade leve e moderada, a formação de lactato sanguíneo é igual a sua eliminação. • O lactato acumula-se somente quando a conversão do substrato não acompanha sua produção. – Acúmulos rápidos e consideráveis de lactato sanguíneo ocorrem principalmente no músculo agonista, movimentos máximos entre 60 e 180 s de duração. – Resulta em fadiga. O acúmulo de lactato é acelerado quando a intensidade do exercício aumenta. Nesse caso, não se consegue atender à demanda energética aerobicamente, nem oxidar o lactato com a mesma taxa de sua formação. Existe um padrão semelhante para os indivíduos não treinados e treinados, exceto que o limiar para o acúmulo de lactato ocorre em uma intensidade mais elevada no atleta. Além disso, os indivíduos treinados alcançam níveis mais elevados de lactato durante o exercício máximo. Limiar anaeróbio Glicólise aeróbica • As reações glicolíticas anaeróbicas liberam apenas cerca de 5% da energia existente na glicose. • A extração da energia restante prossegue quando o piruvato é transformado em acetil-CoA, o qual penetra no ciclo do ácido cítrico (ciclo de Krebs) e transfere hidrogênio para a cadeia transportadora de elétrons (cadeia respiratória). • O metabolismo aeróbico fornece quase toda a transferência de energia quando uma atividade física máxima prossegue por mais de alguns minutos. Metabolismo energético aeróbico. Fase 1. Nas mitocôndrias, o ciclo do ácido cítrico gera átomos de hidrogênio durante a degradação de acetil-CoA. Fase 2. Quantidades significativas de ATP são regeneradas quando esses hidrogênios são oxidados pelo processo aeróbico do transporte de elétrons. Glicólise aeróbica • Durante a ressíntese aeróbica do ATP, o oxigênio funciona como aceptor final de elétrons na cadeia respiratória a fim de combinar-se com o hidrogênio para formar água. – Em um certo sentido, o termo aeróbico parece ser enganoso, pois o oxigênio não participa diretamente na síntese do ATP. – Por outro lado, a presença de oxigênio no “final da linha” faz com que NAD e FAD se regenerem e a produção de energia prossiga, possibilitando a manutenção de um exercício de endurance. A função primária do ciclo do ácido cítrico é gerar elétrons que serão transferidos na cadeia respiratória. A formação de 2 moléculas de acetil-CoA a partir de 2 moléculas de piruvato libera 4 hidrogênios e 2 dióxidos de carbono, enquanto o ciclo do ácido cítrico libera 16 hidrogênios e 4 dióxidos de carbono. O fracionamento completo da glicose produz um total de 34 ATPs. Levando em conta que dois ATPs são utilizados na glicólise anaeróbica , a produção efetiva é de 32 ATPs. Sistemas energéticos ATP-CP (anaeróbio alático) Glicólise anaeróbica/ Glicólise (anaeróbio lático) Glicólise aeróbica/ Aeróbico (aeróbio alático) Sistemas energéticos Contribuição percentual para a produção de energia durante um exercício máximo de diferentes durações. Sistemas energéticos Aeróbio Anaeróbio Lático Anaeróbio Alático Contribuição percentual para a produção de energia durante um exercício máximo de diferentes durações. Sistemas energéticos Contribuição percentual para a produção de energia durante um exercício máximo de diferentes durações. Lista de exercícios 5- O sistema ATP-CP provê energia para um esforço máximo por cerca de 10 s. Se oesforço continuar, a energia para a ressíntese do ATP tem de provir do catabolismo dos macronutrientes (carboidratos, lipídios e/ou proteínas). Explique a importância dos carboidratos para o metabolismo energético. 6- Existem duas formas de degradação dos carboidratos: a glicólise anaeróbica e a glicose aeróbica. Explique cada uma delas, ressaltando a velocidade e a quantidade de produção de ATP, bem como o seu produto final. Além disso, dê exemplos de atividades motoras que utilizam cada um desses sistemas como principal fonte de energia para a formação de ATP. Lista de exercícios 7- O glicogênio constitui uma reserva energética abundante nas células hepáticas e musculares. Nesse contexto, explique o que é glicogênese, glicogenólise e gliconeogênese. 8- A glicólise anaeróbica tem como produto final o lactato. Explique como ele é formado, como ele pode ser aproveitado como fonte de energética, e dê exemplos de situações esportivas em que o seu acúmulo pode ser observado gerando fadiga. 9- Qual é o papel do oxigênio no metabolismo da glicose? Metabolismo das gorduras • Representa uma fonte quase ilimitada de energia. – Os triacilgliceróis intramusculares armazenam cerca de 3.000 kcal, e aqueles existentes nos adipócitos armazenam entre 60.000 e 100.000 kcal (energia suficiente para acionar cerca de 25 a 40 corridas de maratona) . – Em contrapartida, as reservas energéticas de carboidratos em geral correspondem a menos de 2.000 kcal. Metabolismo das gorduras • Os lipídios suprem entre 30 e 80% da energia para a realização do trabalho biológico, dependendo do estado nutricional da pessoa, do nível de treinamento, da intensidade e da duração da atividade física. • A potência gerada apenas pela degradação das gorduras representa somente cerca de metade daquela conseguida com o carboidrato funcionando como a principal fonte de energia aeróbica. – A depleção de glicogênio reduz a produção máxima de potência aeróbica de um músculo. Metabolismo das gorduras • A depleção de glicogênio pode ocorrer nas seguintes condições: – Atividade física prolongada (ex., maratona). – Dias consecutivos de treinamento intenso. – Aporte energético insuficiente (ex., pular refeições). – Redução drástica de carboidratos da dieta. – Diabetes mellitus. • A gliconeogênese proporciona uma opção metabólica para a síntese da glicose a partir de fontes diferentes dos carboidratos. Metabolismo das gorduras • Lipólise: antes da liberação de energia pela gordura, a molécula de triacilglicerol é hidrolisada, pela ação da enzima lipase sensível aos hormônios, em uma molécula de glicerol e três moléculas de ácidos graxos. Dinâmica da mobilização e utilização das gorduras. A lipase sensível aos hormônios estimula a degradação dos triacilgliceróis em ácidos graxos e glicerol. O sangue transporta os ácidos graxos livres (AGL) liberados pelos adipócitos ligados à albumina plasmática. Uma vez dentro da fibra muscular, o AGL pode ser armazenado em triacilgliceról intramuscular ou penetrar na mitocôndria para formação de Acetil-CoA e consequente produção de ATP. O glicerol, por sua vez, é aceito nas reações da glicólise e também funciona como um precursor para a síntese de glicose no fígado. Em nota, o triacilgliceról intramuscular também pode ser degradado a glicerol e ácidos graxos. Esquema da degradação do glicerol e ácidos graxos. O glicerol penetra nas vias energéticas durante a glicólise. Os ácidos graxos preparam-se para entrar no ciclo do ácido cítrico por meio da betaoxidação. A cadeia de transporte de elétrons aceita hidrogênios liberados durante a glicólise, a betaoxidação e o metabolismo do ciclo do ácido cítrico. O metabolismo dos ácidos graxos depende do metabolismo dos carboidratos. Metabolismo das gorduras • A disponibilidade de ácidos graxos regula o fracionamento ou a síntese dos lipídios. – Após uma refeição, os processos digestivos elevam o fornecimento de gordura às células, o que estimula a síntese de triacilgliceróis. – Em contrapartida, a atividade física moderada faz aumentar a utilização de ácidos graxos para a obtenção de energia, o que reduz sua concentração celular. Simultaneamente, a liberação hormonal desencadeada pelo exercício estimula a lipólise, de forma a aumentar ainda mais o fornecimento de AGL ao músculo ativo. Substrato energético e intensidade do exercício 0 50 100 150 200 250 300 350 25% 65% 85% Glicogênio Triglicerídeos AGL Glicose Efeito da Intensidade do Exercício na Utilização de Substrato Porcentagem do VO2máx Substrato energético e intensidade do exercício Substrato energético e duração do exercício Substrato energético e treinamento físico 0 100 200 300 400 500 600 700 0 30 60 90 120 Tempo de Exercício (min) G o r d u r a ( k c a l) Sedentário Treinado Efeito do Treinamento Físico no Metabolismo de Gordura 0 100 200 300 400 500 600 700 0 30 60 90 120 Tempo de Exercício (min) C H O ( k c a l) Sedentário Treinado Efeito do Treinamento Físico no Metabolismo de Carboidratos Substrato energético e treinamento físico Lista de exercícios 10- Explique a dinâmica da mobilização e utilização das gorduras como substrato energético. 11- Explique como ocorre a degradação do glicerol e ácidos graxos para a produção de energia, bem como o rendimento de ATP promovido pela degradação de uma molécula de gordura. 12- A depleção de glicogênio pode ocorrer em diversas condições, como atividade física prolongada, dias consecutivos de treinamento intenso e redução drástica de carboidratos da dieta; e leva à redução da produção máxima de potência aeróbica de um músculo. Explique porque isso acontece. Lista de exercícios 13- Os lipídios suprem entre 30 e 80% da energia para a realização do trabalho biológico, a depender de aspectos como intensidade e duração da atividade motora e nível de treinamento físico. Explique em que condições há maior utilização de gordura como substrato energético: a) Exercício de baixa, moderada, ou alta intensidade? b) Exercício de curta, média ou longa duração? c) Indivíduo sedentário ou treinado? Metabolismo das proteínas • As proteínas desempenham papel auxiliar como substrato energético durante atividades de endurance e treinamento intenso. • Para obtenção de energia, os aminoácidos devem ser transformados em uma forma que lhes permita participar nas vias energéticas. Essa conversão depende da retirada do nitrogênio da molécula de aminoácido (desaminação). – O fígado é o principal local para a desaminação, embora também possa ocorrer no músculo. • Alguns aminoácidos são gliconeogênicos. Conversão de carboidratos e proteínas em gorduras • Lipogênese: ocorre quando a glicose ou a proteína ingerida não utilizada para sustentar o metabolismo energético é transformada em triacilglicerol. • Muitos indivíduos acreditam que o uso de suplementos proteicos produzem músculos. Você recomendaria essa prática pessoas sedentárias? E para os praticantes de musculação? Para pensar... Lista de exercícios 14- Qual o papel das proteínas durante prática de atividade física? 15- Para obtenção de energia, os aminoácidos devem ser transformados em uma forma que lhes permita participar nas vias energéticas. Explique o que é desaminação. Demanda energética diária • O gasto energético diário é igual à soma do metabolismo de repouso, das influências termogênicas (p. ex., efeito térmico do alimento) e da energia gerada na atividade física. – Taxa Metabólica Basal: energia mínima necessária para manter as funções vitais no estado acordado, medida sob condições laboratoriais controladas. É apenas um pouco mais baixa que a Taxa Metabólica de Repouso. • Fatores que afetam a taxa metabólica : tamanho corporal, atividade física, termogênese de indução dietética, clima e gravidez, com a atividade física exercendo o maior efeito. Demanda energética diária Consumo de O2 durante o exercício • Taxa estável de consumo de oxigênio (steady-state): equilíbrio entre as necessidadesenergéticas dos músculos ativos e a ressíntese aeróbica de ATP. – Não há acúmulo de lactato sanguíneo em condições de steady-state. • Déficit de oxigênio: diferença entre a demanda de oxigênio da atividade física e o oxigênio consumido durante a atividade física. Consumo de oxigênio durante um trote contínuo com um ritmo relativamente lento para um indivíduo treinado em endurance e para um outro não treinado. As regiões laranja e púrpura indicam o déficit de oxigênio – o volume de oxigênio que teria sido consumido se o consumo de oxigênio tivesse alcançado imediatamente o steady-state. Consumo de O2 durante o exercício • Consumo máximo de oxigênio (VO2 máx): define quantitativamente a capacidade máxima de uma pessoa de realizar a ressíntese aeróbica do ATP. – É um importante indicador da capacidade funcional fisiológica para sustentar atividade aeróbica intensa. – Um VO2 máx alto requer resposta integrada e de diversos sistemas de apoio fisiológico (ventilação pulmonar, concentração de hemoglobina, volume sanguíneo e débito cardíaco, fluxo sanguíneo periférico e capacidade metabólica celular). Obtenção do consumo máximo de oxigênio (VO2 máx) na corrida por colinas com inclinação progressivamente maior. O VO2 máx ocorre na região (designada pela parte amarela da curva) em que quaisquer aumentos adicionais na intensidade do exercício produzem um aumento aquém do esperado (ou nenhum aumento) no consumo de oxigênio. Consumo de O2 durante o exercício • Consumo excessivo de oxigênio após o exercício (EPOC): excesso de consumo de oxigênio durante a recuperação quando comparado ao valor de repouso. – O consumo de oxigênio da recuperação reflete as demandas metabólicas do exercício e os desequilíbrios fisiológicos induzidos pelo exercício no período de recuperação. Consumo de oxigênio durante a atividade física e na recuperação após (A) esforço steady-state leve, (B) um esforço em steady-state de moderado a intenso e (C) um esforço exaustivo que não produz steady-state de metabolismo aeróbico. No exercício aeróbico leve, cerca de metade do consumo total de oxigênio da recuperação ocorre no transcorrer de 30 s, e a recuperação completa ocorre em 2 a 4 min (componente rápido). Na recuperação após uma atividade extenuante, existe uma segunda fase de recuperação (componente lento). Dependendo da intensidade e da duração da atividade física precedente, o componente lento pode levar até 24 h para retornar ao consumo de oxigênio pré-exercício. Consumo de O2 durante o exercício • A Atividade física moderada após atividade física intensa (recuperação ativa) facilita a recuperação, em comparação com as técnicas passivas. • O espaçamento apropriado dos intervalos de trabalho e repouso é uma maneira de aumentar a atividade física em uma intensidade que normalmente se revelaria fatigante se fosse realizada continuamente. Concentração sanguínea de lactato após exercício máximo utilizando recuperação passiva e recuperações ativas com 35%, 65% e uma combinação de 35 e 65% do O2máx. Lista de exercícios 16- O gasto energético diário é igual à soma do metabolismo de repouso, das influências termogênicas e da energia gerada na atividade física. Nesse contexto, explique o que é Taxa Metabólica Basal e os fatores que a influenciam. 17- Explique o que ocorre com a demanda energética no repouso, transição do repouso para o exercício e recuperação do exercício. Relacione aos conceitos de déficit de oxigênio, steady- state, VO2 máx e EPOC. silvia_grn@hotmail.com @SilviaNeri_PT Silvia Neri @bioestatisticapratica
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