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Educação Especial: histórico, políticas e práticas Prof. Dr. Leonardo Santos Amâncio Cabral Educação Especial: histórico, políticas e práticas Prof. Dr. Leonardo Santos Amâncio Cabral S U M Á R I O UNIDADE 1 – Parte I ........................................................................................................................................... 2 Unidade 1 (Parte I):.............................................................................................................................................. 3 (Des)construindo concepções de normalidade, anormalidade, identidades e diferenças 3 a) A normalidade com base na Geometria ........................................................................................ 4 b) A normalidade com base na Filosofia ........................................................................................... 5 c) A normalidade com base na Estatística ...................................................................................... 6 d) A normalidade com base na Medicina .......................................................................................... 7 e) A normalidade com base na Psicologia ........................................................................................ 8 f) A normalidade com base na Antropologia .................................................................................. 8 g) A normalidade com base na Mitologia .......................................................................................... 10 UNIDADE 1 – Parte II ........................................................................................................................................ 12 Unidade 1 (Parte II): .......................................................................................................................................... 13 (Des)construindo concepções de identidades e diferenças ............................................................. 13 UNIDADE 2 – Parte I ......................................................................................................................................... 18 Unidade 2 (Parte I) ............................................................................................................................................. 19 Breve Histórico em Educação Especial .................................................................................................... 19 As pessoas com deficiência na Antiguidade .................................................................................... 19 As pessoas com deficiência na Idade Média .................................................................................... 19 As pessoas com deficiência no Renascimento ................................................................................. 20 As pessoas com deficiência no século XX .......................................................................................... 21 UNIDADE 2 – Parte II ........................................................................................................................................ 25 Unidade 2 (Parte II) ........................................................................................................................................... 26 Breve Histórico em Educação Especial .................................................................................................... 26 Políticas em Educação Especial no Brasil ............................................................................................ 26 UNIDADE 3 ............................................................................................................................................................ 31 Unidade 3 ............................................................................................................................................................... 32 Modalidades, Serviços, Espaços e Atores da Educação Especial. ................................................. 32 Referências Bibliográficas .............................................................................................................................. 37 UNIDADE 1 PARTE I Unidade 1 (Parte I): (Des)construindo concepções de normalidade, anormalidade, identidades e diferenças. Por que vamos discutir a respeito de concepções de normalidade, anormalidade, identidades e diferenças? É muito comum, em nossa sociedade, falarmos que alguém é normal ou anormal. Contudo, isso é feito com base em concepções construídas ao longo da nossa trajetória de vida. Sendo assim, não seria muito prudente de minha parte começar a falar com você a respeito das pessoas com deficiência, sem procurar uma maneira de te colocar em uma posição de normalidade e de anormalidade também. Pense comigo: continuamente, você está lidando com o outro e consigo mesmo, concorda? Nesse processo, quando se percebe que alguém é muito diferente de você, a tendência é a de começar, com base em suas concepções de normalidade, dizer que essa pessoa é diferente ou não. Por exemplo: ou a pessoa é muito alta ou muito baixa; ou a pessoa é obesa ou muito magra; enfim... O que você construiu e constrói enquanto padrões de normalidade? Quando você percebe alguém como sendo muito diferente, importa se perguntar: “o que constrói o meu olhar a respeito da diferença?”. Se estudarmos a questão da normalidade ao longo da história, veremos que várias abordagens tentaram conceituá-la, mas que nenhuma chegou, definitivamente, no que seriam os conceitos de normal e de anormal. Então, para que pensemos a respeito dessa questão, trago uma citação de Wykes (2010), que é médica, presidente da Sociedade Internacional de Pesquisa sobre Esquizofrenia. Ela fala que: "A piscina da normalidade está se tornando uma simples poça". O que isso quer dizer? Cada vez mais, estamos rotulando as pessoas e, nesse processo, temos sempre mais pessoas anormais na sociedade, pois todo mundo está, em diferentes níveis, sendo encaixado (e/ou se encaixando) em algum rótulo social. E isso é muito perigoso. Nesse cenário, por que é importante resgatar o seu conceito de normalidade? Frequentemente, estamos todos olhando o outro com base no que a gente acredita ser normal e, se tivermos um repertório muito restrito, somado ao fato de não estarmos atentos às influências culturais discriminatórias, há a possibilidade de cada um de nós ver o outro como anormal e, também, de ser visto como anormal pelos demais. Pense comigo no risco que isso traz a uma história de vida: Se uma criança acredita que é super diferente, quando não mediamos esse processo, podemos contribuir para que esse sujeito construa uma auto percepção negativa (ou super positiva) sobre si mesmo, acarretando em representações sociais que potencialmente influenciarão, e muito, nas atitudes sociais negativas ou positivas frente a esse sujeito. Temos que tomar muito cuidado com isso. Então, vamos conhecer um pouco do que se tentou, ao longo da história, compreender o que seja normalidade. a) A normalidade com base na Geometria: Com base na geometria, por exemplo, o que pode estar na medida do esquadro, é considerado como dentro de uma norma. O que está fora dele pode ser visto como fora da norma. Fonte: Esquadros: coisas de Madeira Disponível em: https://diegodeassis.wordpress.com/galeria/ Descrição da imagem #PraCegoVer: Ao lado esquerdo do parágrafo acima, há dois esquadros de madeira comumente utilizados por carpinteiros. Um esquadro é maior e o outro é menor, parcialmente sobreposto ao outro. https://diegodeassis.wordpress.com/galeria/ b) A normalidade com base na Filosofia: A Filosofia também tentou conceituar a normalidade. Porém, ela defendeu que tudo depende dos olhos de quemvê, de seu repertório e da cultura em que o sujeito provém e/ou está inserido. É com base nisso que alguma característica pode ser vista como um desvio da normalidade. Fonte: “79”: Maurits Cornelis Escher – litografia Disponível em: https://pt.wahooart.com/@@/5ZKCZQ-Maurits-Cornelis-Escher-79 Descrição da imagem #PraCegoVer: Logo acima, a imagem em preto e branco da obra “79”, de Maurits Cornelis Escher, representa a metamorfose das coisas que partem de linhas horizontais e que, progressivamente, passam a ser transversalizadas por linhas mais espessas verticais e, em seguida, se transformam nas seguintes imagens: quadrados, losangos, estrelas, trevos de quatro folhas, que voltam a ser losangos, quadrados, em que crescem patas de lagartos, para se transformar em lagartos, que se reduzem a hexágonos, que formam colmeias, em que saem abelhas, que se transformam em insetos, que se transformam em borboletas e pássaros, entre os quais, as silhuetas formam a figura de peixes até que os próprios pássaros percam as asas e se transformam em peixes. Observação: como o próprio artista Escher era da corrente do Ilusionismo, a descrição desta imagem também dependeu da percepção de quem a fez e isso reflete, de certa forma, a própria concepção de normalidade à luz da Filosofia: depende de quem a vê. https://pt.wahooart.com/@@/5ZKCZQ-Maurits-Cornelis-Escher-79 c) A normalidade com base na Estatística: De acordo com termos estatísticos, o que seria normal? O que entraria na normalidade? Apresento para vocês (#PraCegoVer), à esquerda, um gráfico que é chamado de Curva de Gauss. O eixo y (linha vertical), representa a quantidade de pessoas e, o eixo x (linha horizontal), temos o exemplo do coeficiente intelectual (Q.I). Fonte: Gráfico: Associação Brasileira da Síndrome de Williams Disponível em: http://swbrasil.org.br/artigos/os-individuos-com-sw-possuem-deficiencia-intelectual/ Esse coeficiente intelectual (Q.I.), está sendo medido entre 70 e 130. Quem está com menos de 70 ou mais de 130, são tidas como pessoas com Q.I. anormais. Aquelas pessoas que são enquadradas com o Q.I. entre 70 e 130, são vistas e/ou se veem como dentro da normalidade. Contudo, veja o perigo disso: o coeficiente intelectual é medido, inclusive, a partir dos repertórios culturais e informações que um sujeito acumula em sua trajetória de vida. Então, vamos a um exemplo: Então, com base em que a gente está construindo a normalidade e a anormalidade? Nesse exemplo, notamos que quando tentamos reduzir um sujeito a uma perspectiva estatística, por exemplo, colocamos o sujeito em risco de Uma criança ‘A’ que vive na fronteira entre o Paraguai e o Mato Grosso do Sul, tem o coeficiente intelectual medido com um determinado teste de Q.I. Uma criança ‘B’, do Estado de São Paulo, vai para essa mesma fronteira e, casualmente, submetem ela ao mesmo teste de Q.I., que a criança ‘A’ fez. Inevitavelmente, os repertórios cultural e escolar que a criança ‘B’ traz, provavelmente, não serão devidamente correspondentes às perguntas relacionadas ao Mato Grosso do Sul, reduzindo o seu Q.I., enquanto a criança ‘A’ poderá responder mais itens, aumentando o seu Q.I.. http://swbrasil.org.br/artigos/os-individuos-com-sw-possuem-deficiencia-intelectual/ discriminação negativa com base em critérios pré-estabelecidos, inclusive, culturalmente. Está tudo interligado. d) A normalidade com base na Medicina: Por mais de quatro mil anos, o sujeito normal era visto somente com base nos seguintes elementos: ao sangue (Ar); à bile amarela (Fogo); à bile negra (Terra); e à fleuma (Água). Se o sujeito apresentasse esses quatro elementos de maneira equilibrada, essa pessoa era vista como normal. “Bastava” isso para dizer que a pessoa era normal ou anormal. Se fosse identificada alguma descompensação em uma dessas esferas, já era vista como uma pessoa anormal. Fonte: Autoria Própria. Descrição da imagem #PraCegoVer: Logo acima, a imagem representa os quatro elementos (sangue; bile amarela; bile negra e fleuma), cada uma em um círculo, que se interseccionam, todos, ao centro e, cada um, com ao menos dois elementos. Descrevendo os elementos: Entre o Sangue e a Bile amarela (círculos à esquerda e acima, respectivamente), está o estado “Quente”. Entre a Bile Amarela (Fogo) e a Bile Negra (Terra), (círculos acima e à direita, respectivamente) está o estado “Seco”; entre a Bile Negra (Terra) e o Fleuma (Água), (círculos da direita e abaixo) está o estado “Frio”; e, por fim, entre o Fleuma (Água) e o Sangue (Ar) está o estado “Molhado”. Mas, hoje o que a Medicina traz enquanto saúde, enquanto normalidade? Quando se fala de saúde, trazemos o conceito de "bem-estar", que é a interrelação entre o estado físico, mental e social. Agora pergunto a você: quem está plenamente normal em todos esses aspectos? Talvez, se alguém está em uma esfera social favorável, não necessariamente estará em uma esfera mental ou física favorável. Bile Amarela (Fogo) Bile Negra (Terra) Fleuma (Água) Sangue (Ar) É muito difícil alguém estar dentro do que “se compreende” como normalidade, quando consideramos essas três esferas. Isso, pois, em alguma dessas esferas, pode- se ter alguma fragilidade. E nesse caso? A pessoa é vista como normal ou anormal? e) A normalidade com base na Psicologia: Se um sujeito tem alguma questão psicológica a ser trabalhada, essa pessoa não deve ser necessariamente enquadrada como anormal. O indivíduo pode ter, “simplesmente”, uma questão psicológica que precisa ser trabalhada. Isso não quer dizer que as esferas sociais, físicas e mentais estão em desequilíbrio e, tampouco, pode definir uma pessoa. Fonte: Autoria Própria. Descrição da imagem #PraCegoVer: Logo acima, está a figura da sombra de um rosto em perfil, com nariz, olhos e boca voltado à sua direita. Na região do cérebro, está a figura de vários neurônios em tons de azul, interseccionados, como em sinapses. f) A normalidade com base na Antropologia: Quando trago a questão da antropologia, trago a questão cultural, também. Tomemos como exemplo a questão da diversidade de gênero e sexualidade. Quando abordamos a questão dos transexuais, dos travestis, das lésbicas, dos gays, tudo isso, não podemos "simplesmente" dizer que são pessoas anormais. Nessa perspectiva, podemos afirmar que é de acordo com cada cultura que um sujeito pode ser visto como normal ou como anormal. Fonte: Instituto Nacional de Antropología e Historia Disponível em: https://www.inah.gob.mx/ https://www.inah.gob.mx/ Por exemplo: uma pessoa transexual no Brasil não será, necessariamente, vista da mesma forma que ela seria vista na Rússia, pois a cultura é um fator determinante na representação e atitudes sociais em relação aos sujeitos. Então, como a gente está trabalhando a normalidade de acordo com as culturas em que esses sujeitos estão imersos? Tudo está muito atrelado à questão cultural, econômica, social, filosófica e, nesse caso, antropológica! Precisamos, portanto, ter atenção quando falamos sobre a questão da diferença, pois devemos abarcar a questão do contexto social. Outra reflexão: uma pessoa transexual pode ter deficiência física e pode ser negra. Temos, nesse caso, três minorias políticas envolvidas no mesmo sujeito – gênero e sexualidade; condição de deficiência e raça/etnia. Precisamos, portanto, rever as nossas concepções de normalidade, o que as influencia, para que não coloquemos esses sujeitos em condições de vulnerabilidade social, econômica e cultural. Basicamente: precisamos reconhecer as suas diferenças. Descrição da imagem #PraCegoVer: No início desse tópico, está uma figura, em preto e branco, que simboliza a área de conhecimento da Antropologia. Ao centro da figura, está umcírculo cortado horizontalmente ao centro. Na parte inferior dessa divisão, está um semi-círculo. Esta parte da figura, se assemelha a um olho. Ao lado direito e esquerdo desse círculo, de forma espelhada e simétrica, estão duas figuras, cada uma similar a um boneco de braços abertos. Ligando os dois braços superiores, está a extremidade superior de um triângulo. Ligando os dois braços inferiores, está uma linha curvada para baixo, ligada a um pequeno círculo. g) A normalidade com base na Mitologia: Sim, até a mitologia entrou nessa! O Proteu, que é o deus grego dos mares, também está envolvido nessa discussão sobre normalidade e anormalidade. De acordo com a mitologia grega, enquanto sujeito fluido, do fundo dos mares, a cada situação que surgia diante ao Proteu, ele se modificava. Então, enquanto que para a nossa sociedade é “mais fácil” definir um sujeito enquanto normal quando está em uma condição estática, o Proteu, por outro lado, ao se apresentar enquanto ser fluido e mutável, passou a representar a condição de anormalidade, porque sempre ele é fluido, de acordo com cada situação. Fonte: Alciato's Book of Emblems Disponível em: https://www.mun.ca/alciato/e183.html Descrição da imagem #PraCegoVer: A figura de Proteu, inserida no tópico ‘G’, intitulado “A normalidade com base na Mitologia”, está representada à esquerda do parágrafo. A figura é em preto e branco e representa Proteu, com todo o corpo voltado para a esquerda da figura e dorso para a direita da figura, na superfície do mar, com algumas montanhas ao fundo. Proteu é representado por um homem de barba e cabelos ondulados e de comprimento mediano, como se o vento os tivessem tocando. Segura um tridente em suas mãos. Seu tronco é de ser humano, enquanto a parte inferior de seu corpo tem pernas de cavalo e calda de dragão (como parte de uma grande serpente). Sendo assim, quem somos nós para dizer que um sujeito tem que se comportar de certa maneira, considerando-se que as situações externas se modificam minuto a minuto na sala de aula, na família, no mercado de trabalho e em todas as esferas sociais? De acordo com Frances (2016), portanto, a normalidade é um conceito proteico: "Cada um é tão amorfo, heterogêneo e mutável em sua forma, que nunca pode se estabelecer divisas fixas entre eles" (p. 39). E, mais do que isso: se trouxermos essa perspectiva quando pensamos a respeito das pessoas com deficiência, com algum transtorno ou distúrbio, podemos nos aproximar da questão de Frances: "Quanto https://www.mun.ca/alciato/e183.html desconforto, desabilidade, disfunção, descontrole e desvantagens deve haver (uma pessoa), e de que tipo? (p. 39)" para dizermos que ela é ou não é anormal? O quanto você tem de anormalidade e normalidade de acordo com um circuito que você vivencia todos os dias? E, mesmo que você vivencie o mesmo circuito todos os dias, quando você se desloca para outro circuito, outro contexto social, o quanto você traz à tona as suas diferenças? Com base nisso, pergunto para você: Essas problematizações foram trazidas já no início do curso para que você resgatasse suas concepções de normalidade e de anormalidade para que, só então, compreenda o quanto o seu olhar sobre um sujeito “pode” rotulá-lo, ou não, com base nas suas concepções. É por isso que este curso, ao trazer uma perspectiva histórica, tem que começar de você, do seu lugar de fala, de suas concepções, para que possamos continuar. Agora, vamos entrar na Parte 2, desta Unidade 1 para trabalhar sobre as questões da diferença e das identidades. 1) Como você tem definido o que é normal e anormal? 2) Com base em que você construiu o seu conceito de normalidade? 3) Como você transfere suas concepções de normalidade sobre um sujeito que é muito diferente de você? UNIDADE 1 PARTE II Unidade 1 (Parte II): (Des)construindo concepções de identidades e diferenças. Dando continuidade à segunda parte da Unidade 1, vamos discutir a respeito das esferas que compõem e constituem as discussões a respeito da identidade e das diferenças. Quando buscamos conceituar Identidade, importa considerarmos um pressuposto: as Identidades são conceitualizadas e divididas em diferentes dimensões. Vamos aproximarmo-nos de algumas delas, agora. Dimensão Essencialista: quando falamos sobre o essencialismo, podemos nos aproximar de uma perspectiva de identidades fixas e imutáveis. Então, basicamente, a pergunta que compõe essa esfera é: quem pertence e quem não pertence a um determinado grupo identitário? Nesse sentido, quando um sujeito se aproxima de um grupo identitário, é inevitável que esse grupo pergunte se essa pessoa o compõe ou não. Dimensão Baseada na Natureza: algumas identidades são definidas, primordialmente, com base em perspectivas étnico-raciais e relações de parentesco. Sob essa ótica, a identidade de um sujeito pode, também, estar atrelada à pesquisa essencialista, sobre a qual falamos anteriormente: você é ou você não é da minha família? Você é ou não é do meu grupo étnico-racial. Dimensão Relacional: as diferenças entre as identidades são estabelecidas com base em uma marcação simbólica. As identidades nacionais, por exemplo, ilustram bem essa dimensão: somos brasileiros, paraguaios ou argentinos. Essa característica, ao apresentar uma concepção nacional, nacionalista, traz consigo uma perspectiva relacional entre os sujeitos de um grupo identitário. Dimensão de Condições Sociais e Materiais: qual a relação entre essas duas esferas que compõem uma identidade? Se, em um grupo social, uma pessoa é considerada como inimiga ou apresenta comportamentos vistos como tabus, contra uma moralidade social, consequentemente, essa pode sofrer pelos demais sujeitos prejuízos concretos materiais, sendo sucumbida a situações de vulnerabilidade. Dimensão Social e Simbólica: a partir da marcação simbólica, que sentidos são dados às práticas e às relações sociais? Como podemos, a partir de perspectivas identitárias, identificar quem são os excluídos e os incluídos nesse grupo identitário? Dimensão dos Sistemas Classificatórios: “Nós e Eles”. Na comunidade surda, por exemplo, alguns grupos defendem que não são pessoas com deficiência, mas que são pessoas com diferenciações linguísticas. Nesse caso, o que ocorre? Quando um grupo de surdos, que tem essa perspectiva, se aproxima de pessoas surdas que se auto reconhecem enquanto pessoas com deficiência, podem ocorrer discriminações classificatórias com base nessa perspectiva. Dimensão das Obscuridades: algumas esferas podem trazer obscuridades como, por exemplo: a identidade nacional pode omitir diferenças de classe, diferenças de gênero, diferenças étnico-raciais. Dimensão das Identidades Não-Unificadas: apresenta discrepâncias entre o nível coletivo e o nível individual. Por exemplo: têm cegos que podem ou preferem utilizar braile e outros que podem ou preferem utilizar leitores de tela. Nesse caso, você pode perceber que dentro de um mesmo grupo identitário, é possível ter duas (ou mais) perspectivas diferentes, apresentando identidades não unificadas, ainda que componham um mesmo grupo identitário. Dimensão de Nível Psíquico: somada ao nível social e simbólico, o nível psíquico nos traz a seguinte questão: por que as pessoas assumem e se identificam em posições de identidade? Atualmente, podemos perceber os mais diversos grupos de militâncias compostos por algumas identidades coletivas, por exemplo: os grupos de surdos, de pessoas com deficiência, de lésbicas, de gays, de negros, quando se unem respectivamente entre si, percebe-se a motivação com base psíquica, em que as pessoas se reconhecem como parte daquele grupo identitário, se sentindo motivadas a reivindicarem coletivamentepor seus direitos, enquanto cidadãos, enquanto grupos que compõem um grupo identitário. Os Circuitos de Cultura: Isso tudo compõe os circuitos da cultura, cujos elementos constroem, contribuem para a construção da identidade. Segundo Du Gay (1997), esse circuito traz algumas esferas, tal como a identidade que, relacionada às condições de produção, de consumo, de regulação, de representação, todas interrelacionadas entre si, compõem a construção da identidade e, também, das diferenças. Fonte: Du Gay (1997). Descrição da imagem #PraCegoVer: Dispostos em organização circular, a figura representa cinco elementos, a saber: identidade, produção, consumo, regulação e representação. Todos esses elementos estão ligados por flechas bidirecionais, tanto de maneira sequencial (exemplo: identidade está ligado diretamente com produção, que vem logo em seguida na figura, no sentido horário), quanto de maneira aleatória com os elementos não sequenciais (exemplo: identidade está interligada com consumo, após o elemento produção, no sentido horário). É um movimento que constitui um circuito que pode tanto reforçar, quanto desconstruir uma identidade, sobretudo quando essa se depara com outros grupos identitários, o que demarca as diferenças. Assim, afirmo que “a antonímia da diferença não é a igualdade, mas a singularidade constituída pelas identidades que, por serem múltiplas, quando se deparam umas diante às outras no âmbito de uma sociedade, demarcam as suas diferenças. (CABRAL, 2018, p. 11)”. Não quero dizer que estou falando sobre igualdade como se todo mundo fosse igual. A gente precisa reconhecer essas diferenças quando essas identidades se deparam entre si. Concordando com Bauman (2011), “uma das razões pela qual valorizamos indivíduos não é porque sejam todos iguais, mas porque são todos diferentes” (p. 30). No Brasil, temos um hábito de dizer que respeitamos a diversidade. Contudo, nesse discurso, corremos o risco de apagar as diferenças de um sujeito, generalizando práticas, sem considerar as particularidades do indivíduo. Vamos a um caso: Você acaba de receber a informação de que você terá uma aluna cega. Agora pense: Como desenvolver todo o material de leitura de sua disciplina para ela? Você: 1. Transformaria em Braille todos os textos digitais e impressos? 2. Disponibilizaria um computador com software de leitores de tela? 3. As duas alternativas? Uma dúvida: Para pensar na sua opção, você considerou: o contexto de onde ela vem? suas condições socioeconômicas? seu repertório acadêmico? seus interesses? sua idade? o contexto da instituição educacional (escola, universidade, instituição especializada) em que você está trabalhando? os recursos disponíveis? Pois bem... se você não considerou, no mínimo, esses elementos, o que pode acontecer? Pelo fato de você ouvir dizer que cego “lê em Braille”, você pode fortemente correr o risco de generalizar uma concepção de deficiência, dizendo que está respeitando aquela diversidade em classe, transformando tudo em Braille, mas se esquecendo de reconhecer a identidade dessa aluna. Consequentemente a isso, você pode impor a ela, sem ouvi-la, uma reprodução de uma prática potencialmente ineficaz ao seu desenvolvimento e participação, apagando a sua própria diferença. Quantos universitários com deficiência visual preferem utilizar leitores de tela? Quantos escolares preferem utilizar o Braille? Já se perguntou o contrário também? As ações afirmativas para pessoas com deficiência, por exemplo, podem se configurar como estratégias muito vazias quando apagamos essas peculiaridades dessas identidades. Então, precisamos reconhecer que: A pluralidade identitária e as diferenças, elementos que constituem a diversidade de nosso organismo social, permeiam a constituição de nossa própria identidade de maneira capilar, por meio da condução de vivências e experiências, (des)compondo-nos enquanto indivíduos únicos e híbridos, sempre em movimento de (trans)formação e resultantes de uma multiplicidade de sujeitos outros que se expressam em nossas próprias microações as quais, por sua vez, (re)agem sobre inúmeras variáveis presentes em nossa sociedade, culminando em sua mutação nem sempre constante e linear, mas contínua. (CABRAL, 2018, p. 03). É a partir da convivencialidade que estaremos sempre adquirindo aspectos de outras identidades, as quais, constantemente, conduzem-nos, desconstruindo-nos, compondo-nos e descompondo-nos em um processo muito contínuo nas nossas vivências do dia a dia. É por isso que, quando você convive com as diferenças, fica “mais fácil” ter noção sobre as necessidades e as potencialidades dos indivíduos e, consequentemente, temos a oportunidade de rever nossas concepções e práticas. No ambiente educacional, nessa perspectiva, temos a riquíssima oportunidade de rever as nossas práticas pedagógicas, passando pelo reconhecimento dessas diferenças não somente no âmbito escolar, mas no ambiente universitário, do mercado de trabalho e nas outras esferas sociais. Vamos, agora, para a Unidade 2 de nosso curso! UNIDADE 2 PARTE I Unidade 2 (Parte I): Breve Histórico em Educação Especial: da antiguidade aos dias atuais. As pessoas com deficiência na Antiguidade. Na tentativa de se aproximar da antiguidade, particularmente buscando elementos sobre as pessoas com deficiência, nos deparamos com um fato: temos poucos registros históricos sobre a temática. As poucas obras de arte e documentos, trazem indícios de que as pessoas com deficiência daquele período eram tratadas em condições de sub-humanidade e que, sequer, eram vistas como seres humanos. Então, é possível compreender que existia um hábito (e até mesmo cultura) de inferiorizar essas identidades e essas diferenças em âmbito social naquele período histórico. Basicamente, as práticas sociais frente a essas diferenças se davam com base em atributos físicos e mentais. Isso é o que o contexto histórico do período permitiu que nós pudéssemos, enquanto pesquisadores da Educação Especial, reunir para podermos dizer que, na antiguidade, os tratamentos eram de eliminação. Sendo assim, denota-se que as pessoas com deficiência daquele período, por serem consideradas sub-humanas, eram eliminadas dos grupos sociais. As pessoas com deficiência na Idade Média. E na Idade Média? Se nos remetemos ao quinto até ao décimo quinto século, é possível identificar algumas mudanças nas concepções, impulsionadas, inclusive, por movimentos sociais nas diferentes esferas e continentes. Cabe, aqui, ressaltar que esse recorte a respeito da história da Educação Especial, é muito eurocêntrica. Soma-se a isso, o fato de que poucos registros a respeito da Educação Especial no oriente são difundidos no ocidente e, quando isso ocorre, as condições de acesso aos idiomas, ainda que estejamos na era da tecnologia da informação e comunicação, é um limitante nos processos investigativos. Nessa perspectiva e recorte eurocêntrico, compreendemos que os grupos sociais daquele período eram constituídos em cenários rurais e com fortes influências religiosas, particularmente o cristianismo. Naqueles contextos, os tratamentos sociais voltados à população com deficiência eram de maus tratos ou de supervalorização. Sobretudo a partir de meados dos séculos XIII e XIV, com a ideia de que uma pessoa com deficiência poderia ser a imagem e semelhança de Deus, as pessoas começaram a não eliminar essas pessoas, como na antiguidade, e passaram a superprotegê-las, contribuindo com a construção de uma visão caritativa e assistencialista. Por outro lado, também com base no cristianismo, quando as pessoas com deficiência eram atreladas a imagens demoníacas ou que eram “resultantes” de castigos de Deus, esses sujeitos poderiam ser maltratados.Naquele cenário, portanto, podemos dizer que a sociedade tinha, no mínimo, duas atitudes sociais: a eliminação, os maus tratos, atitudes baseadas em visões demoníacas, negativas; e a superproteção, atitude respaldadas pelo cristianismo. As pessoas com deficiência no Renascimento. Passando um pouco do século XV, entramos no período do Renascimento, em meados dos séculos XVII e XVIII. Naquele período, a perspectiva que relaciona fé e razão teve forte influência sobre as concepções sobre deficiência. Consequentemente, as pessoas com deficiência não eram vistas somente com base em princípios religiosos, mas como alguns médicos passaram a tentar estudar as condições de deficiência, com base organicista, a visão médica passou a influenciar fortemente essas perspectivas. Então, qual tratamento social ganhou força naquele período? As pessoas com deficiência passaram a ser assistidas em ambientes hospitalares e institucionais, compondo uma população para fins de estudos e pesquisas em caráter médico. Em todo esse cenário, a partir do momento em que você considera que aquelas pessoas eram eliminadas e, depois, passaram a sofrer maus tratos ou assistidas, sob a perspectiva caritativa e, “em seguida”, passaram a ter uma visibilidade inclusive social, ainda que de maneira segregada em hospitais e instituições especializadas, não podemos desconsiderar o progresso histórico no reconhecimento dessa população em nossas sociedades, sobretudo quando passamos por esses movimentos de construção social, que “foi” o da eliminação até o reconhecimento dessas pessoas, ainda que em caráter médico. Nesse movimento de reconhecimento em algumas instituições, alguns precursores da Educação Especial se dedicaram, também, a aspectos pedagógicos. Alguns médicos, psicólogos e pedagogos passaram a pensar a respeito da educabilidade e visibilidade social desses sujeitos, e representam os precursores da Educação Especial, a saber: Philippe Pinel (1745-1826); Jean Marc Gaspard Itard (1775-1838); Édouard Séguin (1812–1880) e Maria Montessori (1870-1952). Esses precursores trabalharam com essa população nas instituições especializadas. Com a Revolução Francesa (1789), a qual defendia que a educação teria que ser oferecida para todas as minorias políticas e sociais, essa população passou a ser acolhida em ambientes educacionais que tinham o currículo comum, ainda que em espaços separados, por exemplo: a população composta por filhos de operários passou a ser atendida em escolas ou classes especiais. Naquele cenário, as pessoas com deficiência acabaram por entrar nesses movimentos conquistando, também, gradativamente, o seu acesso à educação, ainda que em instituições ou classes especiais. As pessoas com deficiência no século XX. Após você se aproximar do que ocorreu desde a Revolução Francesa, no século XVIII, atravessaremos o século XIX e entraremos no século XX, quando as duas Grandes Guerras produziram muitas condições de deficiência, os chamados "mutilados e inválidos civis". Sobretudo a partir da Segunda Guerra Mundial, os soldados que voltavam das guerras como mutilados, cegos, surdos, sem alguns movimentos, dentre outras limitações (inclusive de cunho mental), de heróis, passavam a ser vistos como pessoas com deficiência, mas que tinham potencialidades. Então, estratégias de reabilitação passaram a ser pensadas em alguns hospitais e as pessoas com deficiência passaram a ter, inclusive a partir do esporte adaptado, uma visibilidade social. Da década de 1940 a 1950, esses movimentos ganham força, até que na década de 1960 ocorre, em Roma, as primeiras paraolimpíadas. A partir daí, algumas sociedades passaram a reconhecer as pessoas com deficiência não mais como inválidos ou incapazes, mas como pessoas que tinham potencialidades. Tal visibilidade social contribuiu com o reconhecimento gradativo dessa população, inclusive nas esferas educacionais. Desse panorama, é possível compreender que saímos de um processo histórico de exclusão, adentramos em um movimento de normalização desses sujeitos, até a sua “integração” nos espaços comuns. Vale ressaltar que perspectiva de integração antecedeu a nossa atual perspectiva de inclusão. Hoje, vivenciamos um movimento que preconiza a inclusão dessa população na sociedade, sabendo da necessidade de se reconhecer as diferenças nos espaços comuns. Contudo, o que se vê na prática, muitas vezes, são as pessoas com deficiência que até conquistam o ingresso em espaços comuns, mas que dificilmente tem o reconhecimento de suas identidades e diferenças, com a oferta de oportunidades equitativas e reparadoras, quando necessário. Frente a isso, se tentarmos construir um panorama que faz esse contraponto entre a história, as concepções e as atitudes sociais, podemos organizar didaticamente o quadro a seguir: Quadro 01: Relação entre períodos históricos: as concepções do momento e as atitudes sociais predominantes. Época Concepções Atitudes sociais Anterior à Idade Média Sub-humanidade Eliminação Idade Média Visão sobrenatural (divina ou demoníaca) Ambivalência: proteção e maus tratos Renascimento Visão médica organicista deficiência = doença Isolamento em hospitais e hospícios Meados do Século XX Visão multideterminista: biologia-educação-psicologia- sociologia (modelo social) Direitos sociais (educação), integração/inclusão Em uma revisão, temos, portanto, que anterior à Idade Média, as concepções de sub-humanidade traziam, enquanto atitudes sociais, a eliminação. Na Idade Média, a visão era sobrenatural, divina ou demoníaca, e as atitudes sociais eram, simultaneamente, de proteção e maus tratos. No Renascimento, a visão médica, organicista, passa a ver a deficiência enquanto doença, trazendo essas pessoas em situações de isolamento, em hospitais e em hospícios. Até que, em meados do século XX, a visão multi-determinista traz a questão biológica, educacional, psicológica e sociológica, emergindo o modelo social da deficiência, em que os direitos sociais, nas diferentes esferas sociais, começando aí a se construir uma perspectiva de integração e inclusão escolar, social, e o reconhecimento de seus direitos, enquanto cidadãos. Então, com base na Unidade 1 e no início desta Unidade 2, pergunto a você: Quais são as concepções de deficiência que você traz consigo? Será que você, hoje, enquanto sujeito do século XXI, deixou para trás concepções que são atreladas a condições de eliminação da pessoa com deficiência, de sua exclusão e de segregação? Será que você realmente superou todas essas visões discriminatórias negativas em relação à condição de uma pessoa com deficiência? Se você já recebeu alguém na sala de aula, com deficiência, você a viu enquanto sujeito que tinha necessidade de tratamento ou de normalização, ou você viu a pessoa enquanto sujeito em si, sem que a deficiência pudesse defini-la? Será que estamos mesmo superando esses preconceitos que podemos identificar, cotidianamente, tanto em nossas famílias, quanto nas esferas para fora dos muros de nossas casas, quando vamos ao banco, ao mercado de trabalho, à escola, à universidade? Será, mesmo, que você não carrega com você algumas concepções discriminatórias? Por isso, é importante conhecermos a história, rever e revisitar as nossas concepções, para que possamos perceber os sujeitos com deficiência com essas perspectivas desconstruídas, problematizadas, e para que estejamos abertos a desconstruirmos as nossas visões com o sujeito, pois é com a convivência que ressignificamos as nossas concepções sobre as diferenças, sobre as identidades, movendo-nos a rever as nossas práticas, as nossas atitudes sociais e os nossos movimentos pra que possamos nos adequar, também, em relação a uma identidade que necessita de reconhecimento de suasdiferenças. Vale ressaltar que nós, também, precisamos ter as nossas diferenças reconhecidas frente ao outro. UNIDADE 2 PARTE II Unidade 2 (Parte II): Breve Histórico em Educação Especial: Políticas em Educação Especial no Brasil Nesta parte da Unidade 2, você irá se aproximar de uma vitrine com as políticas de Educação Especial no Brasil, desde o Brasil Império, até os dias atuais, de modo que você tenha conhecimento a respeito da evolução dessas políticas em nosso contexto. Quando, hoje, falamos dos direitos humanos em todas as esferas sociais, devemos nos atentar para a perspectiva de equiparação de oportunidades, e não "simplesmente" falar de igualdade de direitos. Na equiparação de oportunidades, o princípio é o reconhecimento das diferenças e das identidades. E por que precisamos diferenciar igualdade de equidade? Quando falamos que "a política é para a diversidade", corremos o risco de apagar as diferenças, conforme exemplificamos no final da Unidade 1. Hoje, predominam as políticas sob a perspectiva inclusiva. Contudo, não foi sempre assim. Apresento para você uma da linha do tempo, desde o Brasil Império, com os principais marcos político-legais em Educação Especial. Nesse primeiro trecho, conforme indica o fluxograma apresentado acima, partimos da implementação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, que, até hoje, está em funcionamento no Rio de Janeiro, sendo conhecido como Instituto Benjamin Constant, onde iniciativas de cunho educacional, de autonomia, de direitos humanos e empoderamento das populações com deficiência visual, são preconizadas. Quando passamos para o Século XX, temos a influência da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, que impactou diretamente nas perspectivas 1854 Imperial Instituto dos Meninos Cegos. 1948 Escola para todos (Declaração Universal dos Direitos Humanos) 1954 Ensino Especial (Surge a primeira APAE) 1961 LDB Atendimento Preferencial na Escola Regular 1971 LEI nº 5.692 (Tratamento Especial) 1973 Criação do CENESP (Atendimento aos que conseguem acompanhar) brasileiras, quando se fala de equiparação de oportunidades. Por que isso? A Declaração Universal dos Direitos Humanos trouxe a perspectiva de que a educação é para todos, influenciando, diretamente, as desconstruções e construções da Educação no Brasil. Na década seguinte à Declaração Universal dos Direitos Humanos, temos a implementação da primeira APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e de outras instituições especializadas, como as instituições Pestalozzi. Essas instituições trouxeram uma grande visibilidade social e educacional às pessoas com deficiência, por terem sido frutos de movimentos de suas famílias e delas próprias. Em 1961, a Lei de Diretrizes e Bases preconizou o atendimento preferencial na escola regular, ainda que isso não tivesse sido colocado na prática, em muitas das esferas sociais. Muitas vezes as pessoas com deficiência até ingressavam nas instituições comuns de ensino, mas não necessariamente permaneciam, uma vez que as escolas não estavam preparadas para acolher essa população. O ano de 1971, para alguns, é visto como um retrocesso. A Lei nº 5.692, voltou a defender que a educação das pessoas com deficiência deveria ser em instituições especializadas. Falava-se, ainda, de tratamento especial, denotando uma visão biomédica muito forte. Mas, será que isso era um retrocesso? Ou era o reconhecimento dessas diferenças, também? Temos que nos perguntar sobre essa radicalização do debate, assim como a professora Enicéia Gonçalves Mendes o faz em seu artigo “A radicalização do debate em Educação Especial no Brasil”1, o qual sugiro que leia. Na década de 1970, devemos pensar que, naquele contexto, o mais coerente seria ter a opção de escolha, uma vez que essas instituições que poderiam responder às necessidades e corresponder às potencialidades dessas pessoas de maneira diferenciada em relação à escola comum. Em 1973, foi criado o CENESP e defendida a oferta de atendimento aos que conseguem acompanhar a educação, ao currículo comum. 1 MENDES, Enicéia Gonçalves. A radicalização do debate sobre inclusão escolar no Brasil. Rev. Bras. Educ. [online]. 2006, vol.11, n.33, pp.387-405. Para acesso ao artigo, utilize o link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1413- 24782006000300002&lng=en&nrm=iso&tlng=pt http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1413-24782006000300002&lng=en&nrm=iso&tlng=pt http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1413-24782006000300002&lng=en&nrm=iso&tlng=pt Após esse primeiro trecho, seguimos ao segundo fluxograma histórico, apresentado a seguir. O fluxograma indica que, em 1988, a Carta Magna, a nossa Constituição Federal, determina que o Atendimento Educacional Especializado (AEE) deve ser ofertado, preferencialmente, na rede regular de ensino. Contudo, o que se viu, na prática, foi que as pessoas com deficiência, quando entravam nas escolas comuns eram novamente encaminhadas às instituições especializadas, sob o discurso de que não estavam preparadas para acolher essa população. Em 1989, ocorre um grande avanço na sociedade brasileira: a Lei nº 7.853 criminalizou o preconceito e isso transversalizou, também, o reconhecimento das identidades das pessoas com deficiência. Em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, juntamente com a Declaração Mundial de Educação para Todos, deu força para que as pessoas com deficiência tivessem o direito de ingressar nas escolas comuns. A Declaração de Salamanca, de 1994, traz uma perspectiva, o início de um discurso de uma perspectiva inclusiva, de que todos deveriam estar nas escolas comuns, o que inspirou, também, a reformulação da Lei Brasileira de Diretrizes e Bases (LDB), a Lei nº 9.394 de 1996, que faz uma releitura, vamos dizer assim, do que já tinha sido pressuposto pela Constituição Federal, mas, agora, sob uma perspectiva mais próxima ao que conhecemos como perspectiva inclusiva. Em 1999, foi criada a CORDE, a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, por meio do Decreto nº 3.298, de 1999. 1988 Carta Magna (Atendimento Especializado preferencialm ente na rede regular) 1989 Lei 7.853 (Criminaliza Preconceito – Regulamenta da em 1999) 1990 Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA Declaração Mundial de Educação para Todos 1994 Declaração de Salamanca Política Nacional de Educação Especial 1996 Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) 1999 Coordenadori a Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Decreto 3.298) Em 2001, a Resolução nº 2, defende a matrícula obrigatória, juntamente com a Convenção de Guatemala. Em 2002, a Resolução nº 1, que apresenta a questão da formação docente, também traz força ao que a gente preconiza, enquanto reconhecimento dessas diferenças no âmbito da escola comum. A Libras passa a ser reconhecida, pela Lei nº 10.436, e o Braille em classe, também, por meio da Portaria nº 2.678. Em 2003, o programa "Educação Inclusiva: direito à diversidade", também traz essa perspectiva de força ao reconhecimento das pessoas com deficiência nos espaços comuns, sob a perspectiva inclusiva, o que é referendado, internacionalmente, pela Convenção Internacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, da ONU, de 2006, da qual o Brasil é signatário, desde 2009. Antes disso, a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva já havia sido implementada, em 2008, no Brasil, à luz da Convenção Internacional de 2006. Depois da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, temosa Resolução nº 4, de 2009, que predispõe o AEE e orienta os professores do ensino regular a atuarem em articulação com outros espaços e outros serviços no processo de escolarização das pessoas com deficiência. Vale ressaltar que, de modo mais abrangente, o chamado Público-Alvo da Educação Especial abarcou, a partir do Decreto nº 7.611, de 2011, as pessoas com deficiência, as pessoas com transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades/superdotação. 2001 Resolução nº 2 (CNE/CEB) Matrícula Obrigatória Convenção de Guatemala 2002 Formação docente Libras Reconhecida (Lei nº 10.436) Braille em Classe (Portaria 2.678) 2003 Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade 2006 Convenção Internacional dos Diretos da Pessoa com Deficiência 2008 Política Nacional de Educação Especial Na Perspectiva da Educação inclusiva Em 2012, as pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) também foram abarcadas enquanto pessoas com deficiência e, automaticamente, elas foram abarcadas enquanto Público Alvo da Educação Especial. A Lei nº 12.796, de 2013, define o conceito de Educação Especial enquanto modalidade de educação escolar oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Essa modalidade perpassa todos os níveis de ensino, que vai desde a Educação Infantil até a Educação Superior. Frente a esse breve panorama, podemos dizer que tivemos um pouco da vitrine das políticas de Educação Especial no Brasil. UNIDADE 3 Unidade 3: Modalidades, Serviços, Espaços e Atores da Educação Especial. Vamos agora dar andamento ao último conteúdo, o qual está relacionado mais às questões práticas. Na Unidade 2, você viu que nossa legislação prevê o AEE. Nesta unidade, vamos tentar nos aproximar de quais modalidades, quais serviços, quais atores estão envolvidos nesse atendimento. Que tipo de AEE a Educação Especial pode oferecer nos espaços comuns da rede regular de ensino e, também, nas instituições especializadas? Antes, porém, vale conhecermos os objetivos do AEE, conforme a legislação. De acordo com o Decreto nº 7.611/2011: Art. 3º São objetivos do atendimento educacional especializado: I - prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular e garantir serviços de apoio especializados de acordo com as necessidades individuais dos estudantes; II - garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular; III - fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e IV - assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis, etapas e modalidades de ensino (BRASIL, 2011, Art. 3º). Quando falamos da Educação Infantil, precisamos pensar, primeiramente, que a criança ainda está em desenvolvimento. Nesse sentido, será que ela precisa ter um laudo médico para poder ter a sua diferença reconhecida? A perspectiva de atuação tem que envolver a família e os responsáveis de forma colaborativa, para que haja um planejamento eficaz para o desenvolvimento da criança, desde iniciativas de estimulação precoce, até aspectos do próprio desenvolvimento em si, como a linguagem, os aspectos sensoriais, dentre outros. Sendo assim, o trabalho precisa ser realizado envolvendo a família, os profissionais da educação e, também, os profissionais da saúde. Não podemos pensar que, por estarmos falando de educação, devemos desconsiderar os outros profissionais: terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, terapeutas, profissionais de educação física, enfim, os vários profissionais da educação e da saúde. Um dos espaços que estão compondo a Educação Especial, nas escolas, são as Salas de Recursos Multifuncionais (SRM), as quais são ambientes dotados de equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para a oferta do AEE. Temos dois tipos de SRM: Outro espaço que compõe a AEE é representado pelas instituições especializadas, uma vez que estas podem se configurar enquanto espaços de atendimentos que, somados às questões curriculares da escola comum, podem dar suporte ao aluno com deficiência. Desse modo, esse aluno pode ser atendido em contra-turno nesses espaços, com profissionais específicos, capacitados e que podem somar esforços, de maneira suplementar, ao que é oferecido na classe comum, na escola comum, para que essa criança ou adolescente se desenvolva plenamente no percurso escolar, de escolarização. Então, a partir da Resolução nº 2, de 2001, é previsto que: alunos que apresentam necessidades educacionais e que requeiram atenção individualizada nas atividades de vida autônoma e social: recursos, ajudas e apoio intensos e contínuos, bem como adaptações curriculares tão significantes que a escola comum não consiga prover, podem ser atendidos em caráter extraordinários, em escolas especiais, públicas ou privadas, atendimento esse complementando, sempre que necessário e de maneira articulada, por serviços das áreas da saúde, trabalho a assistência social (BRASIL, 2001, p. 73). Temos, também, o ensino domiciliar ou ensino doméstico, cuja modalidade ainda não é reconhecida pela legislação brasileira. Quando discutimos a questão do Sala Tipo 1: é composta por equipamentos e materiais didáticos, pedagógicos, microcomputadores, scanners, impressora à laser, recursos de tecnologia assistiva. Sala Tipo 2: são salas que têm os mesmos elementos da Sala Tipo 1, acrescidas de recursos para alunos com deficiência visual, como impressora e máquina de datilografia Braille, reglete de mesa e punção, sorobã, kits de assinatura e de desenho geométrico, calculadoras sonoras. currículo, questiona-se: como o ensino domiciliar vai respaldar que o aluno esteja acompanhando o currículo comum? Temos, ainda, alguns desafios quando pensamos no ensino regular oferecido no ambiente domiciliar, o qual ocorre quando os pais ou tutores assumem, por completo, o controle do processo de educação às respectivas crianças e adolescentes. Uma outra modalidade de AEE é o ensino itinerante, que segundo Pletsch e Glat (2007), tem como objetivo "prestar assessoria às escolas regulares que possuem alunos com necessidades especiais incluídos (...), [tendo] como atribuição a produção de materiais pedagógicos necessários ao trabalho com estes alunos" (s/p.). Nessa modalidade, o profissional itinerante não faz parte do cotidiano da escola, mas ele frequenta, esporadicamente, esses espaços, para poder prestar serviços de produção de materiais, de consultorias e desenvolvimento de estratégias para o ensino desse público. Na perspectiva de profissionais externos à escola, temos a consultoria colaborativa. Nem sempre o professor da classe comum vai conseguir responder, com base em sua formação e com o tempo disponível, a todas as necessidades dos educandos e, nem mesmo, ao que a família traz, enquanto demanda, em relação a esses estudantes. Nesse cenário, a consultoria colaborativa se apresenta como a possibilidade de compartilhamento do trabalho entre um especialista e um professor de educação comum, para que, com planejamento e avaliações processuais favoreça o processo de ensino-aprendizagem do Público-Alvo da Educação Especial (PAEE) em ambientes comuns, de escolarização. Além da Consultoria colaborativa, temos o ensino colaborativo ou coensino, a qual: é uma prática educativa e inclusiva que ocorre quando dois profissionais – um educador comum e um educador especial – atuam de modo conjunto e articulado, dividindo responsabilidades de planejamento e gerenciamento da classe, fornecendo a um grupo heterogêneo de estudantes, orientações sobre determinado assunto, visando o desenvolvimento plenode todos (MENDES; VILARONGA; ZERBATO, 2014). E, finalmente, temos o AEE na Educação Superior, no formato de Núcleos de Acessibilidade. No Brasil, a partir de 2007, um programa do governo federal chamado Programa Incluir fomentou a implementação desses espaços em todas as instituições federais. Esses núcleos passaram a responder às demandas dos estudantes com deficiência desse nível de ensino. Algumas instituições, como a Universidade Federal de São Carlos – UFSCar (Estado de São Paulo) e a Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD (Estado de Mato Grosso do Sul) partiram da perspectiva de que esses espaços pudessem se configurar como espaços de consultoria colaborativa, sem atender a todas as demandas de maneira centralizada, mas envolvendo docentes, equipe gestora, os próprios discentes, os colegas desses alunos com deficiência na universidade e a comunidade, quando necessário. Desse modo, é possível representar a Educação Especial enquanto uma modalidade de ensino transversal a todos os níveis e etapas educacionais. Precisamos, nesse contexto, ter conhecimento sobre os elementos que compõem a Educação Especial para que possamos planejar e atuar de modo a contribuir com o processo de ensino-aprendizagem desses estudantes, com a formação inicial e continuada dos profissionais da educação. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES... Como disse para você no início do curso a respeito do reconhecimento das diferenças, das identidades: não teremos uma receita pronta para poder lidar com os sujeitos. Precisamos reunir repertórios para que, ao encontrá-los frente a frente, possamos planejar, junto a eles, estratégias para que tenham as suas potencialidades e as suas diferenças reconhecidas e trabalhadas para o seu desenvolvimento pleno, não numa perspectiva assistencialista, caritativa, discriminatória negativa. Enfim, espero que você tenha aproveitado o curso, que as videoaulas e os textos disponibilizados tenham contribuído com suas atividades de reflexão e com a desconstrução de algumas concepções que potencialmente podem impactar, diretamente, em suas práticas. Que nosso encontro tenha contribuído com alguns despertares sobre o reconhecimento de sujeitos diferentes no cotidiano escolar, no cotidiano acadêmico, na sociedade como um todo, com o reconhecimento dos direitos humanos da população com deficiência, com o transtorno do espectro autista, com as pessoas com altas habilidades/superdotação. Que possamos, sempre, ressignificar nossas práticas e concepções a partir da convivência e reconhecendo as identidades e diferenças dessas pessoas. Muito obrigado por ter acompanhado o curso! Referências Bibliográficas: AMARAL, Lígia Assumpção. Resgatando o passado: deficiência como figura e vida como fundo. 1. ed. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo. 2004. 174 p. BAUMAN, Zygmund. (2015). A riqueza de poucos beneficia todos nós? Rio de Janeiro, RJ: Zahar. BRASIL. Presidência da República. Congresso Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília, 1996a. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf>. 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A intenção da organização e apresentação desse conteúdo é a de contribuir com a desconstrução de alguns aspectos relacionados a preconceitos prévios voltados a pessoas com deficiência, Transtornos do Espectro Autista (TEA) e altas habilidades/superdotação, chamado de "Público Alvo da Educação Especial", no sentido de podermos buscar reconhecer as suas diferenças e, sobretudo, as suas potencialidades. http://inovaeh.sead.ufscar.br/ http://inovaeh.sead.ufscar.br/
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