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Criminologia como ciência

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Criminologia como ciência: conceitos, funções, elementos essenciais, métodos, sistemas e objetos de 
estudo ao longo da história 
Resumo: Busca-se apresentar os conceitos, funções, elementos essenciais, métodos e objetos de estudo da 
criminologia ao longo da história, bem como estabelecer o seu patamar como ciência e identificar as 
disciplinas formadoras dos subcomponentes da criminologia. Por meio do procedimento bibliográfico e 
abordagem qualitativa, verifica-se que não há uma determinação predominante do conceito de 
criminologia, embora as opiniões convirjam no sentido de que se trata de uma ciência empírica. 
Modernamente, seu objeto está consolidado em quatro vertentes: crime, criminoso, vítima e controle 
social. Será possível, ainda, compreender que a criminologia se utiliza dos métodos biológico e sociológico, 
bem como da metodologia experimental, naturalística e indutiva na análise e observação da realidade, além 
de possuir como elementos essenciais a autonomia, empirismo e interdisciplinaridade. 
Sumário: Introdução. 1. Criminologia: conceitos e funções da criminologia. 2. Método e elementos 
essenciais. 3. Objetos. 3.1 Crime. 3.2 Criminoso; 3.3 Vítima. 3.4 Controle social 4. Sistemas. Conclusão. 
Referências 
1 Criminologia: conceito e funções da criminologia 
São vários os estudos apresentados por autores no sentido de definir criminologia, a depender do objeto 
de estudo relativo ao momento histórico, apresentando-se desde conceitos mais restritos, que se ligam 
apenas ao crime e criminoso, como àqueles mais críticos e abrangentes, que incluem a vítima e o controle 
social do comportamento delitivo. 
Etiologicamente, a palavra criminologia vem do latim crimino (crime) e do grego logos (estudo, tratado), 
significando o “estudo do crime”. O termo “criminologia” foi usado pela primeira vez em 1883 por Paul 
Topinard e aplicado internacionalmente por Raffaele Garófalo, em seu livro Criminologia, no ano de 1885. 
Raffaele Garófalo (1995, p. 36) definiu criminologia como a “ciência do delito”, enquanto Hilário Veiga de 
Carvalho (1973, p. 11) afirmou que a criminologia representa “o estudo do crime e do criminoso, isto é, da 
criminalidade”. 
Para Nelson Hungria (1963), “Criminologia é o estudo experimental do fenômeno crime, para pesquisar-lhe 
a etiologia e tentar a sua debelação por meios preventivos ou curativos”. (FERNANDES; FERNANDES, 1995, 
p. 24) 
Edwin H. Sutherland (1985) apresentou um importante conceito ao definir a criminologia como um conjunto 
de conhecimentos que objetivam estudar o fenômeno e as causas da criminalidade, a personalidade do 
criminoso, sua conduta delituosa e os meios de ressocializá-lo. 
Nestor Sampaio Penteado Filho (2012, p. 11) diz ser a criminologia uma “ciência empírica (baseada na 
observação e na experiência) e interdisciplinar que tem por objeto de análise o crime, a personalidade do 
autor do comportamento delitivo, da vítima e o controle social das condutas criminosas”. 
Sérgio Salomão Shecaira (2018, p. 41) crê que a criminologia é uma ciência que “reúne uma informação 
válida e confiável sobre o problema criminal, que se baseia em um método empírico de análise e observação 
da realidade”. 
Eduardo Viana (2018, p.147) afirma que a criminologia é ciência empírica e interdisciplinar responsável por 
subministrar elementos para compreender e enfrentar o fenômeno desviante”. 
Antônio García-Pablos de Molina e Luiz Flávio Gomes (1999, p.39) apresenta uma definição bastante 
completa e aceita de criminologia ao conceituá-la como “ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa 
do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que 
trata de subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais 
do crime – contemplado este como problema individual e como problema social -, assim como sobre os 
programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem delinquente” (grifo 
nosso). 
A criminologia é uma “ciência do ser”, empírica, porque se baseia na experiência e observação do mundo 
real para explicar e compreender o problema criminal em seus múltiplos aspectos, devendo estar aberta 
constantemente a “leis evolutivas e flexíveis” (MANNHEIM, 1984, p. 46). Difere do direito penal, que é uma 
ciência do “dever ser” e, portanto, normativa e valorativa. 
A criminologia não se traduz em pretensões de segurança e certeza inabalável, já que não se trata de uma 
ciência exata. Assim, o conhecimento da criminologia, por integrar o campo das ciências humanas, é parcial, 
fragmentado, provisório, fluido, adaptável à realidade e evoluções histórias e sociais (SHECAIRA, 2018). 
É interdisciplinar, pois forma um diálogo com uma série de ciências e disciplinas, tais como a biologia, 
psicopatologia, medicina legal, sociologia, antropologia, direito penal, criminalística, filosofia, a política 
criminal, etc. 
É importante ressaltar que interdisciplinaridade não pode ser confundida com multidisciplinariedade, pois 
esta significa a participação de diversas disciplinas, enquanto aquela traz a ideia de coordenação e 
integração, representando um maior influxo entre as ciências. 
Dito isto, é possível compreender que a criminologia objetiva fornecer um diagnóstico qualificado do 
fenômeno criminal, ao estudar a criminalidade em todas suas causas. Por meio da investigação e análise 
experimental do crime, criminoso, vítima e do controle social, a criminologia possui condições de sugerir 
programas, diretrizes ou estratégias aos legisladores e poderes públicos, visando a prevenção, repressão do 
delito e ressocialização do delinquente numa perspectiva mais efetiva e com custos sociais adequados à 
população. 
 As principais funções modernas da Criminologia são: a) explicar e prevenir o crime; b) intervir na 
pessoa do infrator; c) avaliar os diferentes modelos de reposta ao crime (MOLINA; GOMES, 2007). 
No seu atual estágio de desenvolvimento, a criminologia busca explicar o crime e até questionar a própria 
existência de alguns tipos penais dissociados de estudos reais científicos, muitas vezes criados com 
dogmatismo acrítico, como no caso de inclusão de novas incidências penais por meras pressões midiáticas 
ou populares. 
Uma das funções principais da criminologia é encontrar meios para a prevenção de novos delitos, que 
perpassa não só pela implantação dos direitos sociais básicos (educação, saúde, trabalho, habitação, etc.), 
mas em atendimento a grupos vulneráveis que ostentam maior risco de sofrer com o problema criminal. 
No entanto, se não foi possível prevenir, encampa-se estudos no sentido de intervir positivamente na 
pessoa do infrator, buscando métodos eficazes de ressocialização, pois de antemão sabe-se que este 
delinquente retornará ao convívio social e é preciso reeducá-lo para que este não se enverede novamente 
ao mundo do crime. 
Avalia, ainda, os diferentes modelos de reposta ao crime. Atualmente, esta resposta não passa apenas pela 
punição e ressocialização do infrator, mas pela assistência das vítimas e de suas famílias na comunidade em 
que ocorreu o delito, visando restaurar todo círculo social afetado. A própria inovação da Lei n°. 11.340/06 
(Lei Maria da Penha) é reflexo de estudos criminológicos das mulheres vítimas de violência doméstica e 
familiar, que culminou na criação de mecanismos e diversas medidas de atendimento e assistência às 
vítimas, o que demonstra uma preocupação voltada em atingir todos os níveis, desde a prevenção, punição 
e erradicação da violência contra a mulher na sociedade. 
Assim, diante da análise das diversas definições apresentadas, conclui-se que não há uma determinação 
predominante do conceito de criminologia, embora as opiniões convirjam no sentido de que se trata de 
uma ciência empírica. 
Diante das diferentes perspectivas, entende-se que a criminologia é uma ciência empírica einterdisciplinar 
que investiga e reflete sobre o ato de punir e o complexo fenômeno criminal ao estudar o crime, criminoso, 
vítima e controle social, visando subsidiar o legislador na criação/modificação das normas penais e os 
poderes públicos para agirem na prevenção, repressão do delito, ressocialização do criminoso e restauração 
do círculo social afetado. 
 2 Método e elementos essenciais 
Metodologia é uma “analise sistemática dos procedimentos, hipóteses e meios de explicação com que nos 
deparamos na investigação empírica” (BOUDON; LAZARFELD apoud VIANA, 2018, p. 147). 
A criminologia se utiliza dos métodos biológico e sociológico, bem como da metodologia experimental, 
naturalística e indutiva (FILHO, 2012, p. 24). 
Busca-se analisar e observar a realidade fática, por meio das experiências, para conhecer o processo do 
fenômeno criminal, utilizando-se da indução para depois estabelecer suas regras. 
Os pesquisadores partem de dados particulares para induzirem correspondentes conclusões, ou seja, 
retiram do diagnóstico criminal as suas consequências. Antes de tentar explicar o crime, pretende a 
criminologia conhecê-lo para evitar ilações causais e especulativas. 
Imagine a hipótese do criminólogo que analisa um número suficiente de casos particulares de crimes contra 
o patrimônio que são cometidos por indivíduos pobres e desempregados, estabelecendo-se, por indução, 
a regra geral de que estes são fatores sociais desencadeadores. Após considerar um número suficiente de 
casos particulares, conclui-se, por indução, uma verdade geral. 
É diferente do método lógico abstrato ou dedutivo utilizado no direito penal, onde existem hipóteses gerais 
que se consideram corretas (normas jurídico-penais) e delas os juristas partem para aplicação no caso 
concreto. As normas penais estão previstas no campo em abstrato por meio do direito penal e das 
legislações penais especiais e, quando o indivíduo pratica a infração penal, ocorre a subsunção da norma 
geral ao caso concreto em particular. 
 Para compreensão com maior profundidade, deve-se extrair três elementos essenciais da 
criminologia: autonomia, empirismo e interdisciplinaridade. Autônoma porque a criminologia não é uma 
ciência auxiliar do direito penal, já que possui sua própria história, institutos, publicações cientificas e seu 
próprio método. 
É ciência empírica, pois como já visto, orienta suas políticas de enfrentamento da criminalidade a partir da 
realidade fática, das experiências. Além disto, os problemas modernos da criminalidade só podem ser 
verdadeiramente enfrentados por meio da criminologia interdisciplinar, não se confundindo com 
multidisciplinar. 
Multidisciplinar significa apenas a participação de diversas disciplinas, ao passo que interdisciplinar traduz 
que as ciências se comunicam estreitamente por meio de integração e coordenação. Assim, diversas 
ciências contribuem para o saber criminológico: a psiquiatria, a ciência jurídica, a sociologia, a psicologia, a 
política, a economia, a biologia, geografia, a arquitetura, etc. 
 
 
 
 3 Objetos 
 A identificação do objeto é constituída por elementos constitutivos básicos de estudos que se 
edificaram durante a história evolutiva do saber criminológico. De fato, no início, a criminologia possuía 
propósitos de investigação mais modestos. Na escola clássica, teve-se o protagonismo do estudo do crime, 
enquanto no positivismo criminológico foi o criminoso. 
O progresso da ciência foi alargando o objeto de investigação, sendo que, modernamente, ele está 
consolidado em quatro vertentes: crime, criminoso, vítima e controle social. 
3.1 Crime 
O direito penal apresenta o conceito formal (formal sintético) de crime como aquele consistente numa 
violação à lei penal incriminadora. Ou seja, é toda conduta (positiva ou negativa) proibida por lei, sob 
ameaça de sanção penal (pena ou medida de segurança). 
Sob conceito material (substancial), define crime como um comportamento humano que causa lesão ou 
perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. 
Por fim, apresenta, ainda, um conceito analítico de crime, enfocando em seus elementos ou requisitos, no 
qual predomina a teoria tripartida (majoritária na doutrina e na jurisprudência do Superior Tribunal de 
Justiça e do Supremo Tribunal Federal), em que conceitua o crime como fato típico, ilícito e culpável. 
Já a criminologia não pode se limitar a uma análise jurídico-penal do conceito de crime, pois a transformaria 
em uma ciência auxiliar do direito penal e a descaracterizaria como uma ciência autônoma e independente. 
Por isso, para a criminologia, o crime “é um fenômeno social, comunitário e que se demonstra como um 
problema maior, exigindo assim dos estudiosos uma visão ampla que permita aproximar-se dele e 
compreendê-lo em seus diversos enfoques” (SUMARIVA, 2001, p. 06), abrangendo uma análise de quatro 
elementos para sua constituição, na visão de São Tomás de Aquino: 
1. a) incidência massiva na população (só deve ser tipificado como crime o que afeta excessivamente 
a sociedade, não havendo motivo para se criminalizar fatos isolados; 
2. b) incidência aflitiva do fato praticado (o crime deve gerar dor à vítima e à comunidade); 
3. c) persistência espaço-temporal do fato delituoso (é necessário que o delito ocorra repetidas vezes 
no mesmo espaço e território); 
4. d) consenso inequívoco acerca de sua etiologia e técnicas de intervenção eficazes (a criminalização 
de condutas depende de uma análise detalhada desses elementos e sua repercussão na sociedade). 
Nesse contexto, examinar o crime sob seus múltiplos aspectos permite que o pesquisador se aproxime de 
uma compreensão completa e complexa do problema criminal para apresentar soluções no combate à 
criminalidade. 
 3.2 Criminoso 
Na visão moderna, o criminoso deve ser compreendido em uma análise biopsicossocial, influenciado por 
fatores biológicos, psicológicos e sociais. 
Não deve mais ser compreendido como uma unidade biopsicopatológica da criminologia tradicional, cujo 
infrator era visto como prisioneiro de sua deformação patológica (determinismo biológico) ou por processos 
causais alheios (determinismo social). 
 
Sérgio Salomão Shecaira (2008, p. 54) salienta que atualmente “o criminoso é um ser histórico, real, 
complexo e enigmático, um ser absolutamente normal, pode estar sujeito às influências do meio (não aos 
determinismos) ”. Ou seja, parte-se da ideia de que o criminoso é um homem normal que infringe as leis 
por razões que nem sempre podem ser compreendidas diante da complexa problemática criminal. 
Mas nem sempre o criminoso foi encarado desta forma. Para escola Clássica, o delinquente era um ser que, 
com base em seu livre arbítrio, pecou e optou pelo mal, embora pudesse e devesse escolher pelo bem, 
respeitar a lei. 
Para escola positiva, o delinquente era um ser atávico, prisioneiro de sua deformação patológica (muitas 
vezes nascia criminoso) ou por processos multicausais alheios (determinismo social). 
A Escola Correcionalista (influência da América espanhola) tratava o criminoso como um ser inferior e 
incapaz de se governar por si próprio, merecendo do Estado uma atitude pedagógica e de piedade. 
Por fim, na filosofia marxista, entende ser o criminoso vítima inocente das estruturas econômicas. 
3.3 Vítima 
O objeto de estudo da vítima na participação da gênese delitiva foi desprezado nos dois últimos séculos, 
pois ganharam destaque a busca pela punição do infrator e a prevenção delitiva. 
No entanto, com os estudos criminológicos, regatou-se a importância da participação da vítima na 
persecução penal, tendo inclusive sido criado um sub-ramo específico de estudo denominado vitimologia. 
Costuma-se dividir o estudo das vítimas em três fases na história da civilização ocidental: 
1. a) “Idade de Ouro” ou protagonismo da vítima: Ocorreu no período de vingança privada, 
compreendendo o início da civilização até o fim daalta idade média, em que predominava a autotutela e a 
pena de talião. Presente no Brasil até as ordenações Filipinas. 
2. b) Neutralização: a assunção do monopólio punitivo por parte do Estado acaba esvaziando o papel 
da vítima e da necessidade da reparação dos danos sofridos, instalando-se um sistema de vingança pública. 
A vítima é subtraída e marginalizada do conflito delitivo, até porque as teorias criminológicas clássicas se 
voltam para a figura do criminoso. 
3. c) Redescobrimento ou revalorização do papel da vítima: surgiu no período pós-segunda guerra 
mundial em razão da vitimização que atingiu grupos vulneráveis, como os judeus, perseguidos por Adolf 
Hitler. 
Nasceu-se aqui a vitimologia marcada pelo resgate da vítima, ganhando importância o estudo desta como 
sujeito capaz de influir significativamente no fato delituoso, em sua estrutura dinâmica e prevenção. 
3.4 Controle social 
O último objeto de estudo, o controle social, consiste no conjunto de instituições, estratégias e sanções 
sociais que pretendem promover à obediência dos indivíduos aos modelos e regras comunitárias. Divide-se 
em controle social formal e controle social informal. 
O controle social formal é constituído da aparelhagem do poder público, ou seja, das instâncias as quais o 
Estado pode utilizar para controlar a criminalidade, representado pela Polícia (1ª seleção), Ministério 
Público (2ª seleção), Judiciário (3ª seleção), Forças Armadas e Administração Penitenciária. 
Já controle social informal é composto pela sociedade civil, por meio de normas e sanções sociais aptas à 
socialização do indivíduo, como a família, escola, igreja, ciclo profissional, opinião pública, etc. 
Ora, a previsão de infrações penais e as respectivas sanções impostas pelo controle social formal não são 
suficientes para formação de um cidadão íntegro e honrado, pois desde a infância as normas sociais 
acompanham o indivíduo por meio de valores morais e éticos, visando a criação de padrões sociais de 
conduta. 
No policiamento comunitário temos as duas formas de controle social, denominado de controle formal-
informal. 
4. Sistemas da criminologia 
 Parte minoritária entende que os objetos de estudo da criminologia representariam apenas um 
resumo de diversas ciências, no entanto, a maioria parte de uma premissa ampla e inclui nos sistemas dos 
subcomponentes da Criminologia todas as disciplinas que tratam do fenômeno criminal. 
Segundo Eduardo Viana (2018), as principais disciplinas que integram o sistema da criminologia se dividem 
em disciplinas relacionadas à realidade criminal, com a investigação criminal e com a prevenção e repressão 
do delito. 
1. a) Disciplinas relacionadas à realidade criminal: a1) fenomenologia criminal: trabalha-se com a 
análise das formas de surgimento do crime através do tempo ou do espaço; a2) etiologia criminal: ocupa-
se das causas que levaram ao comportamento desviante, ou seja quer esclarecer as casas do crime e da 
criminalidade; a3) biologia criminal: entende o crime como produto da personalidade delinquente; a4) 
geografia criminal: identifica o crime nas várias regiões geográficas; a5) ecologia criminal: tem por objeto 
estudar a influência dos lugares nos crimes. 
2. b) Disciplinas relacionadas com a investigação: b1) criminalística (ciência policial): é a arte que 
estuda e aplica técnicas de investigação, com o fim de identificar os crimes e seus suspeitos. Se divide em 
tática criminal, relacionada com o método de investigação e, técnica criminal, que se ocupa com as provas 
e suas formas de obtenção. 
3. c) Sistemas relacionados com a prevenção e repressão ao delito: c1) penologia: compreende o 
estudo das formas de penalidade e sua execução; c2) profilaxia: estuda formas de prevenção do delito. 
Conclusão 
Diante das diferentes perspectivas dos conceitos de criminologia, entende-se que esta é uma ciência 
empírica e interdisciplinar que investiga e reflete sobre o ato de punir e o complexo fenômeno criminal ao 
estudar o crime, criminoso, vítima e controle social, visando subsidiar o legislador na criação/modificação 
das normas penais e os poderes públicos para agirem na prevenção, repressão do delito, ressocialização do 
criminoso e restauração do círculo social afetado. Modernamente, seu objeto está consolidado em quatro 
vertentes: crime, criminoso, vítima e controle social. Utiliza-se, ainda, dos métodos biológico e sociológico, 
bem como da metodologia experimental, naturalística e indutiva na análise e observação da realidade do 
saber criminológico, além de possuir como elementos essenciais a autonomia, o empirismo e a 
interdisciplinaridade. 
 
 
 
 João Carlos Garcia Pietro Júnior 
 
 
REFERÊNCIAS 
BATISTA, Nilo. Introdução crítica ao direito penal brasileiro. 5ª.ed. Rio de Janeiro: Revan, 2001, p. 27-29. 
CARVALHO, Hilário Veiga. Compêndio de criminologia. São Paulo: Bushatsky, 1973. 
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FERNANDES, Newton; FERNANDES, Valter. Criminologia Integrada. São Paulo: revista dos Tribunais, 1995. 
 GAROFALO, Rafaele. Crimiminologie. 5ªed. Paris: Felix Alcan Éditeur, 1995. 
 MOLINA, Antônio García-Pablos. Tratado de criminologia. 5ªed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 
43. 
 MOLINA, Antônio Garcia-Pablos; GOMES, Luiz Flávio. Criminologia- Introdução a seus fundamentos 
teóricos. 2ª ed. São Paulo: RT, 1999. 
 MANNHEIM, Hermann. Criminologia Comparada; trad. J.F Faria da Costa e M. Costa Andrade. Lisboa: 
Fundação CalousteGulbenkian, 1985, vol. II. 
PRADO, Luiz Regis. Bem jurídico-penal e Constituição, 47. 
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 PEIXOTO, Afrânio. Criminologia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1953 
 SUMARIVA, Paulo. Criminologia, teoria e prática. 3ª ed. Editora Impetus, 2010. 
SCHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. 
SUTHERLAND, Edwin H. Criminologia comparada. Trad. Faria Costa e Costa Andrade. Lisboa: Fundação 
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VIANA, Eduardo. Criminologia. 6ª.ed. Salvador: Juspodvim, 2008, p. 17.

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