Buscar

AULA 02 - INTRODUÇÃO Á MICROECONOMIA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 79 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 79 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 79 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DEFINIÇÃO
Preferências e escolhas do consumidor. Insumos e custos do produtor. Mercados de competição perfeita.
Método da escolha ótima de consumo do consumidor para diferentes tipos de preferência de acordo com
a sua renda. Produto ótimo da firma em um mercado perfeitamente competitivo. Conceitos atrelados a
esses métodos e suas definições.
PROPÓSITO
Compreender as escolhas de consumo e produção de consumidores e firmas para o estudo da
determinação das curvas de oferta e demanda dos diferentes mercados, assim como o processo de
formação de preços e as diferentes dinâmicas de variação na renda, no preço de bens e no custo de
insumos.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar a escolha ótima de um consumidor racional a partir de suas preferências e renda
MÓDULO 2
Reconhecer as curvas de indiferença e suas propriedades
MÓDULO 3
Distinguir os tipos de custo da firma e suas aplicações
MÓDULO 4
Demonstrar a quantidade de produto para a maximização do lucro do produtor
INTRODUÇÃO
Pessoas se deparam todos os dias com escolhas sobre o gasto da sua renda em bens e serviços.
Quando vão a uma pizzaria, por exemplo, elas devem decidir quantos pedaços querem comer e o quanto
estão dispostas a pagar por uma fatia de pizza ou por toda a iguaria. Mesmo num rodízio, em que o
preço é fixo e uma fatia extra não tem custo, os fregueses precisam escolher se vale a pena comer mais
um pedaço ou se eles estão satisfeitos.
Afinal, depois de certa quantidade ingerida, comer mais pode despertar náuseas ou enjoo; nestes casos,
a satisfação com a comida diminui ao invés de aumentar.
Podemos então afirmar que um cliente quer tirar o máximo de satisfação de sua refeição dada a sua
disposição de pagar por ela. Mas como se mede o nível máximo de satisfação dos consumidores? Não é
tudo uma questão pessoal de gosto?
Sim, é uma questão de gosto – e talvez seja o papel da psicologia (e não da economia) tentar
compreender como ele surge. No entanto, os economistas podem dizer muito sobre como um indivíduo
racional se comporta para satisfazer esses gostos pessoais. Nosso tema gira em torno desse tópico.
Fonte: Shutterstock
 Fonte: Shutterstock.
MÓDULO 1
Identificar a escolha ótima de um consumidor racional a partir de suas
preferências e renda
UTILIDADE E CONSUMO
Quando se fala sobre o comportamento do consumidor, não é uma tarefa trivial medir o sentimento
subjetivo de satisfação gerado ao consumir uma pizza ou um refrigerante. Muito menos trivial se mostra a
comparação da sua satisfação com a de outros indivíduos. Felizmente, isso não é necessário. 
Para analisarmos esse comportamento, só precisamos supor que cada pessoa busca maximizar alguma
medida própria de satisfação obtida por meio do consumo de bens e serviços. A essa medida damos o
nome de utilidade do consumidor.
Trata-se de um conceito utilizado pelos economistas para compreender o comportamento de escolha,
cujo valor, na prática, sequer precisa ser medido. A utilidade do consumidor depende de tudo aquilo que
um indivíduo consome. O conjunto de bens e serviços consumidos é chamado de cesta de consumo. 
EXEMPLO
Duas fatias de pizza e um refrigerante podem constituir uma cesta de consumo, enquanto três fatias e
nenhum refrigerante podem ser outra.
Existe uma relação entre as cestas de consumo individuais possíveis e o montante total de utilidade
gerado por elas. Essa relação é conhecida como função utilidade. Ela varia em cada indivíduo, pois se
revela uma questão pessoal e subjetiva.
Evidentemente, as pessoas não possuem calculadoras em suas cabeças para medir exatamente o
quanto de utilidade suas escolhas de consumo irão gerar. Porém, ainda que de forma grosseira, elas
tomam decisões partindo do princípio de qual escolha irá lhes trazer mais satisfação. 
EXEMPLO
O que me faz mais feliz: viajar no feriado ou comprar um videogame novo?
Para medir essa utilidade, podemos supor – a fim de simplificar o processo – que ela possa ser
mensurada com uma unidade hipotética denominada util. Ilustrando um exemplo de função utilidade, a
figura a seguir mostra a utilidade total que Júlia obtém ao comer (sem nenhum custo) salgadinhos numa
festa:
Fonte: A autora
A função utilidade de Júlia indica uma inclinação positiva em sua maior parte, mas, à medida que o
número de salgadinhos consumidos aumenta, ela se torna mais achatada. Isso significa que uma iguaria
a mais traz mais utilidade até certo ponto, ou seja, o valor dela diminui quando mais unidades são
consumidas. 
A partir do décimo salgadinho, adicionar um a mais demonstra ser algo ruim para Júlia, piorando a sua
situação. Se for racional, ela perceberá isso e não consumirá o décimo primeiro. Desse modo, quando
Júlia for decidir sobre o número de iguarias a ser consumido, ela tomará essa decisão considerando a
mudança na sua utilidade total proveniente do consumo de mais um salgadinho. 
Fonte: Shutterstock
 Fonte: Shutterstock.
Isso revela a seguinte ideia geral: para maximizar sua utilidade total, o consumidor precisa se
concentrar na utilidade marginal, ou seja, a utilidade de se consumir um pouco a mais, como, por
exemplo, um salgadinho adicional.
UTILIDADE MARGINAL DECRESCENTE
O gráfico anterior também mostra a utilidade marginal gerada para Júlia ao consumir uma unidade de
salgadinho adicional. O painel (b) indica a curva de utilidade marginal implícita construída a partir da
variação de utilidade gerada por intervalos unitários.
A curva de utilidade marginal, por sua vez, tem inclinação negativa: cada salgadinho a mais acrescenta
menos valor em utilidade que o anterior. A própria figura informa isto: enquanto o primeiro salgadinho
rende 15 utils, o décimo oferece -1,5 utils. Trata-se, portanto, do último salgadinho a ter utilidade marginal
negativa: o seu consumo diminui a utilidade total, ou seja, o excesso de salgadinhos começa a cair mal! 
ATENÇÃO
Isso não é uma verdade imutável para todos os bens e serviços. Afinal, o consumo de algo em excesso
não vai necessariamente render uma utilidade marginal negativa no final da curva.
Apesar desse alerta, a suposição de que as curvas de utilidade marginal sejam negativamente inclinadas
é bastante aceita pelos economistas.
O princípio da utilidade marginal decrescente atesta que:
A primeira unidade traz mais valor que a segunda
A segunda, por sua vez, possui mais valor que a terceira unidade
E assim por diante.
A intuição por trás desse princípio é a seguinte: à medida que o montante consumido de um bem ou
serviço aumenta, a satisfação adicional que um indivíduo obtém de uma unidade a mais diminui. Quanto
mais consumimos algo, mais próximos ficamos do estágio de satisfação até finalmente atingirmos a
saciedade, ponto em que uma unidade a mais do bem não nos acrescenta em nada em termos de
utilidade. 
DICA
Vale notar que, embora o princípio da utilidade marginal decrescente nem sempre seja verdadeiro (você
consegue pensar em um exemplo?), ele vale na maior parte dos casos, sendo o suficiente para embasar
a teoria do comportamento do consumidor.
ORÇAMENTO E RESTRIÇÃO
Até aqui trabalhamos com a ideia de que uma pessoa pararia de consumir um bem ao atingir um certo
nível de saciedade no qual uma unidade a mais dele não traria satisfação extra ou até mesmo diminuiria
sua utilidade total. Um exemplo disso foi o caso dos salgadinhos.
Um pressuposto implícito na análise que fizemos até então é que:
autor/shutterstock
Não há custo adicional para o consumo de uma unidade a mais do bem.
autor/shutterstock
Existe dinheiro infinito; portanto, um indivíduo não precisa se preocupar com isso.
A realidade, no entanto, é diferente:
autor/shutterstock
Consumir mais de um bem requer, em geral, recursos adicionais – e o consumidor precisa levar em conta
esse fator ao fazer suas escolhas.
O que são esses recursos adicionais? Para simplificar, os chamaremos de custo. O que levamos em
consideração é o chamado custo de oportunidade, isto é, o ganho potencial ao qual se renuncia
quandose opta por uma alternativa. Em outras palavras, trata-se do benefício do qual abrimos mão
quando fazemos uma escolha.
EXEMPLO
O custo de oportunidade de jogar uma partida de futebol é o prazer que você teria ao dar um mergulho
na praia no mesmo período.
Um dos pressupostos básicos da economia é que os recursos são escassos. O custo de oportunidade
faz a ponte entre a escassez de recursos e a escolha. O recurso escasso, neste caso, é o dinheiro, pois o
consumidor tem um orçamento limitado.
Vejamos o exemplo abaixo:
Gabriel está fazendo uma dieta especial para treinos, alimentando-se exclusivamente de frango e batata-
doce. Ele recebe em salário, semanalmente, 30 reais. Dado o seu apetite, a satisfação dele aumenta ao
consumir mais de cada bem; por conta disso, ele gasta toda sua renda nas duas iguarias.
O quilo da batata custa R$3 e o do frango, R$6. Quais são as possibilidades de escolha para Gabriel?
Qualquer que seja a cesta de consumo escolhida por ele, sabemos que seu custo não pode ser maior
que o seu salário, ou seja, o montante total de dinheiro que ele possui para gastar.
Fonte: Shutterstock
 Fonte: Shutterstock.
Assim:
(1) GASTO EM BATATAS + GASTO EM FRANGO ≤ RENDA
TOTAL
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Como Gabriel, os consumidores têm uma renda finita que restringe suas possibilidades de consumo.
Demonstrando que o consumidor deve escolher uma cesta de consumo menor ou igual à sua renda total,
a condição (1) é chamada de restrição orçamentária.
Isso significa que ele não pode gastar mais do que o total de recursos (renda) de que dispõe. Desse
modo, as cestas de consumo só são factíveis – isto é, financeiramente viáveis – quando obedecem à
restrição orçamentária.
O conjunto de cestas de consumo factíveis de um consumidor recebe o nome de conjunto de
possibilidades de consumo. As pertencentes a esse conjunto dependem tanto da renda do consumidor
quanto dos preços de bens e serviços.
A figura a seguir informa as possibilidades de consumo de Gabriel. O montante de batatas no seu pacote
está representado no eixo horizontal; o de frango, no vertical.
Fonte: A autora
Conectando os textos e A a F, a linha inclinada para baixo divide os pacotes de consumo entre quais se
pode comprar e aqueles em que isso não é possível. Os pacotes factíveis ficam abaixo dessa linha (cuja
divisória também deve ser incluída na lista), enquanto os de cima pertecem ao grupo dos que não são.
EXEMPLO
No ponto D, há 6kg de batatas e 2kg de frango. Multiplicando-os pelos preços, temos 6 × R$3 + 2 × R$6
= R$30. Logo, a cesta D satisfaz a restrição orçamentária, custando exatamente a renda de Gabriel.
Verifique que os demais pontos sobre a linha negativamente inclinada são as cestas nas quais Gabriel
gastaria exatamente o total de sua renda. Mostrando todas as cestas de consumo disponíveis quando ele
a gasta inteiramente, tal linha recebe o nome de reta orçamentária.
Como vimos acima, Gabriel precisa escolher um número de batatas (o que vamos denominar xb) e outro
de frango (xf), multiplicando-os por seus preços respectivos: pb e pf. A soma das duas multiplicações
deve ser menor ou igual ao total de sua renda m.
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Quando Gabriel consome uma cesta sobre a sua reta orçamentária, isto é, gasta todo o seu salário, seu
gasto com batata-doce e frango é exatamente igual à sua renda.
Assim:
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Podemos utilizar as equações (2) e (3) para fazer manipulações algébricas e calcular as cestas possíveis
para Gabriel de forma mais fácil. Supondo que ele queira gastar toda a sua renda e substituindo m =
R$30, podemos testar as diferentes combinações de cesta consumidas por ele.
Vejamos agora um caso extremo: Gabriel consome apenas frango (isto é, xb = 0): substituindo os valores
na equação 3, temos 0 x 3 + xf x 6 = 30. Assim, o máximo de frango xf que pode ser consumido é igual a
5kg, pois 30 ÷ 6 = 5. Desse modo, o intercepto do eixo vertical da reta orçamentária fica no ponto A
quando toda a renda dele é consumida nessa iguaria. Fazendo o exercício análogo para o ponto F, no
qual sua renda agora é dedicada inteiramente à batata-doce, ficamos com uma cesta de 10kg dela.
DICA
Podemos repetir este exercício para todos os pontos da reta orçamentária.
Os demais pontos sobre a linha orçamentária podem ser analisados à luz da relação de perdas e
ganhos com a qual Gabriel se depara ao gastar todo o seu salário. Essa relação é tipicamente chamada
pelo seu nome em inglês: trade-off.
Vejamos outro exemplo:
Gabriel quer sair do ponto A e consumir 2kg de batata-doce ao mesmo tempo em que deseja comer a
maior quantia possível de frango. Para ingerir 2kg de batatas, ele precisa renunciar ao equivalente de
R$6 em frango, medida que corresponde exatamente ao valor do quilo dessa iguaria. Ou seja, para
consumir 2kg de batata, Gabriel precisa renunciar a 1kg de frango, o que o coloca na posição da cesta B
de sua reta orçamentária, ficando com 4kg dele e 2kg dela.
Fonte: Shutterstock
 Fonte: Shutterstock.
Se repetirmos este exercício para os pontos C, D, E e F, veremos que Gabriel está sempre trocando mais
batata por menos frango e vice-versa, deslizando, assim, sobre a sua reta orçamentária. A mudança de
cestas de consumo sobre essa reta (tanto para cima quanto para baixo) expressa o custo de
oportunidade de um bem em termos do outro.
A inclinação da reta orçamentária informa, para um indivíduo, o custo de oportunidade ao consumir uma
unidade a mais de um bem de acordo com a quantidade de outro pertencente à cesta de consumo dele
que precisa ser renunciada.
ATENÇÃO
A inclinação da reta orçamentária de Gabriel é -1/2. Trata-se da variação no eixo vertical (a mudança
na quantidade de frango denotada por Δxf) dividida pela variação no horizontal (modificação na de
batata denotada por Δxb). Ou seja, a razão (Δxf/Δxb) é igual a½, o que significa o seguinte: meio quilo
de frango tem de ser sacrificado para ele conseguir 1kg a mais de batata.
O número de quilos de frango ao qual é preciso renunciar para obter 1kg a mais de batata é chamado
pelos economistas de preço relativo daquele em termos desta.
DICA
Também é possível calcular o mesmo tipo de preço da batata em termos do frango. Basta fazer a conta
inversa: para obter 1kg a mais de frango, é preciso renunciar a 2kg de batata. Sendo assim, 2 é o preço
relativo desta em termos daquele.
Desse modo, a inclinação da reta orçamentária não depende da renda do indivíduo, e sim dos
preços de cada bem.
Perceba que -1/2 = -R$3/R$6 = -pb/pf.
No entanto, isso não é verdade para a posição da reta orçamentária: o quanto essa reta está afastada
da origem depende da renda do consumidor.
Exemplo: Se a renda de Gabriel aumentasse para R$42 por semana, então ele poderia comprar um
montante maior dessas duas iguarias, totalizando um máximo de 7kg de frango, ou 14kg de batata, ou
qualquer outra cesta de consumo intermediária.
Como indica esta figura, a reta orçamentária se desloca para direita ou para fora.
Fonte: A autora
Se, por outro lado, seu salário diminuísse para R$18 por semana, a reta dele se deslocaria para a
esquerda (ou para dentro); neste caso, o máximo que Gabriel poderia adquirir agora seria o seguinte: 3kg
de frango, ou 6kg de batata-doce, ou novamente uma cesta intermediária.
Nos dois casos, a inclinação da reta orçamentária dele é a mesma da sua situação inicial, pois os preços
relativos dos bens não mudaram.
ESCOLHA ÓTIMA DE CONSUMO
Vamos supor agora que a renda de Gabriel não mude, mantendo o orçamento inicial de R$30 por
semana. Sabemos que, para aumentar sua saciedade, ele prefere consumir maiores montantes dos dois
bens já citados.
Como podemos identificar qual cesta Gabriel vai escolher? Em outras palavras, qual escolha traz mais
utilidade para ele?
Como vimos na parte inicial do módulo, os consumidoresquerem escolher cestas de consumo que
maximizem a sua utilidade total dada uma determinada restrição orçamentária. Este tipo recebe o nome
de cesta de consumo ótima.
Para descobrirmos a cesta que satisfaz essa condição para Gabriel, precisamos analisar, dentre as
cestas de consumo factíveis, qual delas conta com a combinação de bens (frango e batata-doce) que lhe
rende mais utilidade.
A tabela a seguir aponta o grau de utilidade que os diferentes consumos de frango e batata-doce geram
para ele. De acordo com ela, quanto mais Gabriel consumir de cada um dos bens, maior será a sua
utilidade.
Para maximizar sua utilidade, ele deve escolher a combinação dos dois bens que gera maior utilidade
total, isto é, a soma das utilidades geradas pelo consumo de cada bem. Contudo, Gabriel tem uma
restrição orçamentária e deve enfrentar um trade-off entre frango e batata: para obter mais de um, ele
deve consumir menos de outro.
Utilidade do consumo de frango Utilidade do consumo de batata
Quantidade de
frango (kg)
Utilidade do frango
(util)
Quantidade de batata
(kg)
Utilidade da batata
(util)
0 0 0 0
1 20 1 15
2 30 2 27
3 35 3 37
4 37 4 45
5 38 5 52
6 57
7 61
8 63
9 64
10 64.5
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
A cesta de consumo ótima de Gabriel recai sobre a sua reta orçamentária, pois ela tem as combinações
máximas de consumo dos dois bens, gastando, assim, toda a renda dele.
Já a próxima tabela indica as cestas sobre a reta orçamentária de Gabriel conforme ele desliza para
baixo nessa reta. Suas colunas apontam as combinações de quantidade de cada bem em cada cesta e
as respectivas utilidades, além da utilidade total de cada cesta na última coluna:
Cesta de
consumo
Quantidade
de frango
(kg)
Utilidade
do frango
(util)
Quantidade
de batata
(kg)
Utilidade
da batata
(util)
Utilidade
total (util)
A 5 38 0 0 38
B 4 37 2 27 64
C 3 35 4 45 80
D 2 30 6 57 87
E 1 20 8 63 83
F 0 0 10 64.5 64.5
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Conforme observamos na tabela, a cesta de consumo que maximiza a utilidade total dele é a D, com 2kg
de frango e 6kg de batata-doce. Com ela, Gabriel obtém a utilidade total de 87 utils, índice maior que o
de qualquer outra cesta.
Perceba que, nas combinações das cestas à esquerda de D, ou seja, com menos batata-doce e mais
frango, a utilidade cresce à medida que Gabriel prescinde de frango por mais batata. A partir da cesta D,
no entanto, a utilidade total começa a cair. Assim, podemos dizer que a cesta de consumo D é a que
melhor resolve o trade-off entre o consumo de frango e o de batata. O pacote D é, portanto, a cesta ótima
dele, maximizando sua utilidade total.
Esta figura ilustra a relação entre as cestas da reta orçamentária de Gabriel e a sua utilidade total:
Fonte: A autora
ANÁLISE MARGINAL
No exemplo anterior, descobrimos o topo da curva de utilidade total de Gabriel usando a observação
direta. No entanto, a construção dessa curva pode ser muito trabalhosa. Em geral, a análise marginal é
uma ferramenta mais rápida e eficiente para resolver o problema da escolha ótima.
Sabemos que Gabriel toma uma decisão sobre o montante de batata a ser consumido levando em conta
o seguinte fator:
shutterstock
Quanto mais batata-doce consumir...
shutterstock
... Menos frango ele poderá comprar.
Aplicando a análise marginal, podemos verificar que sua decisão passa a ser em torno do gasto de um
real marginal, ou seja, a maneira de alocar uma unidade adicional de moeda entre as duas iguarias.
Para isso, primeiramente devemos nos perguntar:
Quanto de utilidade adicional ele irá ganhar ao gastar um real a mais em frango ou batata? Ou melhor,
quanto de utilidade marginal por real a mais isso rende?
Esta tabela indica o cálculo da utilidade marginal (Umg) por real gasto em frango ou batata:
(a) Frango (pf = R$6 por kg) (b) Batata (pb = R$3 por kg)
Qtd.
de
frango
(kg)
Utilidade
do
frango
(util)
Umg/kg
de
frango
(util)
Umg
por
real
(util)
Qtd.
de
batata
(kg)
Utilidade
da
batata
(util)
Umg/kg
de
batata
(util)
Umg
por
real
(util)
0 0 - - 0 0 - -
1 20 20 3.3 1 15 15 5
2 30 10 1.7 2 27 12 4.0
3 35 5 0.8 3 37 10 3.3
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
(a) Frango (pf = R$6 por kg) (b) Batata (pb = R$3 por kg)
Qtd.
de
frango
(kg)
Utilidade
do
frango
(util)
Umg/kg
de
frango
(util)
Umg
por
real
(util)
Qtd.
de
batata
(kg)
Utilidade
da
batata
(util)
Umg/kg
de
batata
(util)
Umg
por
real
(util)
4 37 2 0.3 4 45 8 2.7
5 38 1 0.2 5 52 7 2.3
6 57 5 1.7
7 61 4 1.3
8 63 2 0.7
9 64 1 0.3
10 64.5 0.5 0.2
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
A tabela está dividida em dois painéis, um para cada bem. Observemos as colunas de cada painel:
PRIMEIRA E SEGUNDA
São idênticas às colunas da tabela apresentadas anteriormente.
TERCEIRA
Mostra a utilidade marginal de cada bem, ou seja, o aumento de utilidade que Gabriel tem ao consumir
uma unidade a mais de um dos bens.
QUARTA
Exibe a utilidade marginal por real para cada bem.
O valor de Umg é obtido dividindo a utilidade marginal pelo preço de cada unidade de bem: R$6 por quilo
de frango e R$3 pelo de batata. Como podemos observar, assim como a utilidade marginal de ambos
diminui à medida que ele aumenta o montante consumido de cada bem, a utilidade marginal por real
também decresce.
Isso significa que, em virtude da utilidade marginal decrescente de Gabriel, cada real a mais gasto lhe
rende menos utilidade extra que o anterior.
Denotando respectivamente por UmgF e UmgBa utilidade marginal por quilo de batata-doce e de frango,
a utilidade marginal por real de cada bem é igual a:
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
A figura abaixo mostra as curvas de utilidade marginal por real gasto em cada bem:
Fonte: A autora
Ç
Já observamos em outra tabela que D (a cesta ótima de consumo de Gabriel) é composta por 2kg de
frango e 6kg de batata, correspondendo aos pontos DF e DB em cada painel. Repare que, neste ponto, a
utilidade marginal por real gasto para cada bem é igual:
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Isso não é apenas uma coincidência. Analisemos outra cesta de consumo factível para Gabriel.
Na cesta C, a utilidade marginal de cada bem por real está representada na figura pelos pontos CF e CB.
Além disso, a Umg de Gabriel por real gasto em frango é 0.8; já em batata-doce, ela é 2.7. Esse dado
revela que ele está consumindo muito frango e pouca batata.
MAS POR QUE ISSO ACONTECE?
Se a Umg por real gasto em batata é maior que a de frango, é um indício de que ele pode melhorar sua
situação respeitando o próprio orçamento.
Basta gastar 1 real a menos em frango e 1 a mais em batata, adicionando 2.7 utils com esta em sua
utilidade total e perdendo 0.8 utils com aquele.
Ao todo, Gabriel terá ganhado 1.9 em utilidade fazendo essa “troca”.
Ele procederá dessa maneira até que a utilidade marginal dos dois bens se iguale. Neste ponto, não será
mais vantajoso trocar um real a mais de um bem pelo outro. Assim, quando Gabriel escolher seu pacote
de consumo ótimo, sua utilidade marginal por real gasto em frango e batata será igual.
Essa regra constitui um princípio básico da teoria da escolha do consumidor conhecido como regra de
consumo ótimo. Quando um consumidor maximiza a sua utilidade total segundo a restrição
orçamentária dele, a utilidade marginal por unidade de moeda gasta em cada bem ou serviço que faz
parte da sua cesta de consumo é igual.
De forma matemática, para qualquer um dos bens b e f, a regra do consumo ótimo frisa que, na cesta
ótima de consumo, ocorre o seguinte cálculo:
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Embora seja mais fácil compreender essa regra quando a cesta de consumo tem apenas dois bens,ela
poderá ser aplicada para qualquer quantidade de bens e serviços que o consumidor comprar. Na cesta
ótima de consumo, as utilidades marginais por real gasto em cada um dos bens são iguais.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SOBRE A FUNÇÃO UTILIDADE, ASSINALE A AFIRMATIVA FALSA:
A) A função utilidade mostra a relação entre a cesta de consumo e a utilidade total gerada por ela.
B) O princípio da utilidade marginal decrescente implica que a inclinação da função utilidade é negativa.
C) Para maximizar a utilidade, o consumidor considera a utilidade marginal de consumo de uma unidade
a mais de um bem ou serviço.
D) Utilidade é uma medida de satisfação do consumidor ao consumir, sendo expressa na unidade
chamada de utils.
2. SOBRE A CESTA DE CONSUMO ÓTIMA, ASSINALE A AFIRMATIVA
VERDADEIRA:
A) A cesta ótima do consumidor racional recai abaixo da sua reta orçamentária.
B) A cesta ótima do consumidor racional é a que maximiza sua utilidade marginal para cada bem.
C) Na cesta ótima do consumidor racional, o consumidor maximiza a sua utilidade independentemente de
sua restrição orçamentária.
D) Na cesta ótima do consumidor racional, as utilidades marginais por real gasto em cada um dos bens
são iguais.
GABARITO
1. Sobre a função utilidade, assinale a afirmativa falsa:
A alternativa "B " está correta.
O princípio da utilidade marginal decrescente aponta que a inclinação da função utilidade diminui à
medida que a quantidade de bens aumenta, mas não que essa inclinação é negativa. A curva de utilidade
marginal possui uma inclinação negativa, pois cada unidade a mais de bem rende uma utilidade menor
que a anterior. A razão por trás dessa inclinação é o princípio da utilidade marginal decrescente.
2. Sobre a cesta de consumo ótima, assinale a afirmativa verdadeira:
A alternativa "D " está correta.
A alternativa (a) é falsa pelo fato de a cesta ótima recair sobre a sua reta orçamentária para que o
consumidor gaste toda a sua renda disponível. Para os consumidores, consumir mais de um bem
aumenta a sua utilidade. A alternativa (b) é falsa, já que a cesta ótima maximiza a sua utilidade total, e
não a marginal. A alternativa (c) não é verdadeira, pois a definição de cesta ótima de consumo diz que a
cesta é ótima dada uma restrição orçamentária.
MÓDULO 2
Reconhecer as curvas de indiferença e suas propriedades
FUNÇÃO DE UTILIDADE TOTAL
No módulo anterior, introduzimos o conceito de função utilidade, que é responsável pela determinação da
utilidade total do consumidor dada a sua cesta de consumo. Vimos ainda como a utilidade total de Júlia
variava quando mudávamos o número de salgadinhos consumido, ou seja, a quantidade consumida de
um bem.
Entretanto, quando estudamos o problema de escolha de Gabriel, vimos que a opção pela cesta de
consumo ótimo envolvia o seguinte dilema: como alocar o último real gasto entre dois bens (frango e
batata-doce)? Surge ainda outra pergunta:
COMO É POSSÍVEL EXPRESSAR A FUNÇÃO DE
UTILIDADE TOTAL EM TERMOS DE DOIS BENS?
RESPOSTA
Basta usar o mapa da função utilidade.
Vejamos agora o caso de Ana, que consome apenas cerveja e drinks (coquetéis) quando vai ao bar.
Como seria a função utilidade dela para esses dois bens?
Fonte: Shutterstock
 Fonte: Shutterstock.
Uma possibilidade (complicada!) é fazer um gráfico similar ao de Júlia acrescido de um terceiro eixo para
o segundo bem. O painel (a) desta figura, portanto, ilustra um morro de utilidade tridimensional:
Fonte: A autora
Observemos as correspondências dos eixos:
VERTICAL HORIZONTAL
Já a altura do morro, indicada por uma linha de contorno constante por ponto, mede a quantidade de
utilidade gerada por combinações de consumo ao longo de cada linha de contorno. Todos os
pontos ao longo de uma linha do tipo geram o mesmo retorno em utilidade para Ana.
EXEMPLO
Com 4 latinhas de cerveja e 2 drinks, o ponto A gera 20 utils para Ana, enquanto B, com 1 latinha e 6
drinks, consegue a mesma quantia.
No entanto, não existe apenas uma forma de representar a relação entre utilidade total e consumo de
dois bens. Como na geografia com mapas topográficos, é possível fazer a representação da superfície
tridimensional em curvas de nível em apenas duas dimensões.
Trata-se do painel (b) da figura acima. Nele, as linhas de contorno que mapeiam as cestas de consumo
do painel (a) estão representadas como curvas achatadas num plano cartesiano. Os economistas
definem como curvas de indiferença as que geram a mesma quantidade de utilidade total para
diferentes combinações de bens.
ATENÇÃO
Um indivíduo é indiferente em relação a duas cestas que estão sobre a mesma curva de indiferença, já
que elas lhe rendem a mesma utilidade. reprehenderit in voluptate velit esse cillum dolore eu fugiat nulla
pariatur.
Dadas as preferências de um consumidor, existe uma curva de indiferença para cada nível de utilidade
total. A curva de indiferença I2 destacada na figura (b) mostra as cestas que geram 20 utils; as outras
duas curvas (I1 e I3), respectivamente, 10 e 40 utils. Existem ainda outras infinitas curvas de indiferenças
de Ana que não estão representadas nos gráficos.
Observe com atenção o painel (b) e verifique por que o consumidor é indiferente entre as cestas
de consumo A e B: elas estão na mesma curva de indiferença, gerando, portanto, o mesmo nível
de utilidade!
Observaremos agora as propriedades dessas curvas. Embora diferentes indivíduos tenham
preferências únicas e nunca apresentem o mesmo conjunto de curvas de indiferença, os economistas
acreditam que elas apresentem algumas propriedades gerais. Essas curvas estão ilustradas nos quatro
painéis desta figura:
Fonte: A autora
LETRA A: CURVAS DE INDIFERENÇA NUNCA SE CRUZAM
Se duas curvas de indiferença com diferentes níveis de utilidade se cruzassem, qual seria o nível de
utilidade da cesta de consumo em que elas se cruzam? Seria diferente pelas curvas serem díspares? Ou
seria igual por uma cesta de consumo ter um só nível de utilidade total? Essa inconsistência indica que
curvas de indiferença diferentes não podem de cruzar.
LETRA B: QUANTO MAIS DISTANTE DA ORIGEM, MAIOR A
UTILIDADE TOTAL DA CURVA
O motivo para isso é que partimos do princípio de que mais é melhor. Assim, quanto maior a quantidade
dos dois bens, mais para “fora" está situada a curva de indiferença.
LETRA C: CURVAS DE INDIFERENÇA SÃO NEGATIVAMENTE
INCLINADAS
Novamente, a razão para isso é a hipótese de que mais é melhor. O diagrama no painel (c) da figura
acima ilustra o que aconteceria se uma curva de indiferença tivesse inclinação para cima: à medida que
aumentássemos as quantidades dos dois bens, permaneceríamos nessa mesma curva. Isso é
incompatível com nosso pressuposto (o de que mais é melhor).
LETRA D: CURVAS DE INDIFERENÇA SÃO CONVEXAS
Geometricamente, isso significa que um segmento de reta ligando dois pontos da curva de indiferença
fica inteiramente sobre a curva. O diagrama (d) da figura atesta que a inclinação dela diminui à medida
que deslizamos para baixo e para a direita.
Desse modo, o arco da curva vai em direção à origem; além disso, a inclinação dela é maior em cima do
que embaixo. Esse atributo se deve ao princípio da utilidade marginal decrescente: na prática, indivíduos
preferem médias (cestas com um pouco dos dois bens) a extremos.
TAXA MARGINAL DE SUBSTITUIÇÃO
Como vimos, as curvas de indiferença são inclinadas para baixo. Também observamos que sua
inclinação diminui à medida que deslizamos para baixo delas. A inclinação da curva de indiferença em
cada ponto está diretamente relacionada aos termos do trade-off enfrentado por um consumidor.
Esta figura representa uma curva de indiferença de Ana:
Fonte: A autora
Na curva I1, se Ana se move da cesta A para a B, ela precisa renunciar a 2 unidades de cerveja por 1
drink adicional para manter a utilidade total. Porém, estando mais à direita da curva (no ponto C), se
renunciar a apenas 1 cerveja, ela terá de tomar mais 4 drinks para manter a utilidade total.
ISSOILUSTRA QUE, QUANDO SE MOVE PARA BAIXO E
PARA A DIREITA DA CURVA DE INDIFERENÇA, OCORRE O
SEGUINTE:
1
2
Ana troca mais de um bem por menos de outro.
Os termos desse trade-off, ou seja, a razão entre drinks adicionais consumidos e cervejas renunciadas,
são escolhidos para manter a sua utilidade total constante.
Reformulando os trade-offs examinados acima em termos de inclinação, verificamos na figura
apresentada que:
robuart / Shutterstock
A inclinação da curva de indiferença entre A e B da figura é -2.
robuart / Shutterstock
A inclinação dessa curva entre os pontos C e D é -1/4.
A inclinação da curva de indiferença, portanto, diminui à medida que deslizamos para a direita e que a
curva vai se tornando mais achatada.
Mas por que os trade-offs mudam ao longo da curva de indiferença?
Isso se deve ao ponto inicial de Ana e ao princípio da utilidade marginal decrescente. Analisando o caso
intuitivamente, no ponto A ela tem muita cerveja e poucos drinks.
Quanto à sua utilidade marginal, verifica-se que:
1
A das últimas unidades de cerveja é relativamente pequena se comparada às primeiras unidades dela.
2
A de uma unidade adicional de drinks é relativamente alta, já que Ana só consome uma unidade deles na
cesta A, ou seja, ainda está nas unidades iniciais de consumo de drinks.
E3
Ao deslizar para a direita da curva, Ana está perdendo-a em consumo de cerveja e ganhando no de
drinks – e esses dois efeitos precisam se anular entre si.
RELEMBRANDO
Reformulando esse raciocínio, temos que: Mudança na utilidade total por causa de menos consumo de
cerveja + Mudança na utilidade total por mais consumo de drinks = 0
À medida que Ana se move para a direita da curva de indiferença, assim como o faz sua posição inicial, o
trade-off dos dois bens vai mudar, uma vez que a utilidade marginal do consumo de um bem adicional
também é modificada.
No exemplo da mudança do ponto C para o D, a situação inicial de Ana é inversa à da mudança de A
para B: ela já consome alguns drinks e pouca cerveja.
Desse modo, a utilidade marginal que ela perde renunciando uma unidade de cerveja é relativamente
alta, enquanto a de consumir um drink a mais é relativamente baixa, já que Ana:
shutterstock
Está numa posição inicial com pouca cerveja e muitos drinks.
shutterstock
Quer mudar para ainda menos cerveja e mais drinks.
Utilizando as notações UmgC e UmgD para denotar respectivamente as utilidades marginais de cerveja e
drinks e representar as mudanças no consumo de ambos, podemos formalizar esse mecanismo com o
emprego de equações.
De forma geral, a mudança na utilidade total gerada pela variação no consumo de um bem é igual a essa
variação multiplicada pela utilidade marginal dele.
Assim:
MUDANÇA NA UTILIDADE TOTAL DEVIDO À VARIAÇÃO NO
CONSUMO DE CERVEJAS =
MUDANÇA NA UTILIDADE TOTAL DEVIDO À VARIAÇÃO NO
CONSUMO DE DRINKS =
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Reescrevendo a equação nos novos termos, fica expresso o seguinte:
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Rearranjando-a, ela agora fica assim:
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
ATENÇÃO
Perceba o sinal de negativo do lado esquerdo da última equação: ele representa a perda de utilidade total
por conta da redução do consumo de latinhas de cerveja, o qual, por sua vez, deve ser igual ao ganho de
utilidade total proveniente do aumento do número de drinks no lado direito da equação.
Devemos entender a relação dessas mudanças com a inclinação da curva de indiferença. Dividindo os
dois lados da equação 2 por e por , encontramos isto:
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Nesta equação, temos:
Lado esquerdo
Menos a inclinação da curva de indiferença e taxa pela qual Ana está disposta a trocar uma quantidade
de cerveja por outra de drinks.
Lado direito
Razão entre a utilidade marginal de drinks e a de cerveja — ou seja, a razão entre o que Ana ganha a
mais de utilidade com aqueles e com esta.
A razão entre as utilidades marginais do lado direito da equação acima é conhecida como taxa marginal
de substituição (TMS). Substituição, no caso específico, refere-se aos drinks no lugar das cervejas.
Juntando tudo isso, vemos que a inclinação da curva de indiferença de Ana é exatamente igual à
razão entre a utilidade marginal de um drink e a de uma cerveja – ou à sua TMS.
ATENÇÃO
Relembremos que a inclinação das curvas de indiferença diminui quando que nos movemos para baixo e
para a direita, tornando-se mais achatadas. Logo, se o lado esquerdo da equação está diminuindo, o
mesmo deve acontecer no direito para satisfazer a igualdade.
Quando deslizamos para direita, o que acontece na prática é o seguinte: a razão entre a UmgD e a UmgC
diminui.
COMENTÁRIO
Verificamos isso na análise intuitiva da utilidade marginal decrescente dos bens.
O achatamento das curvas de indiferança a refletir a lógica da utilidade marginal decrescente é
denominado taxa marginal de substiuição decrescente. Em termos gerais, ela informa o seguinte: um
indivíduo que consome poucas unidades do bem C e muitas de D está disposto a trocar uma quantidade
grande do bem D por uma unidade a mais do C - e vice versa.
A CONDIÇÃO DE TANGÊNCIA
De que forma os conceitos de curva de indiferença e TMS se relacionam com o que vimos de restrição
orçamentária e cesta ótima no módulo 1? Para ilustrarmos essa relação, indicamos a figura a seguir. Seu
diagrama contém algumas curvas de indiferença de Ana e sua restrição orçamentária:
Fonte: A autora
Ana só pode gastar R$40 quando sai. O preço da latinha de cerveja é de R$5 e o de um copo de drink,
R$8. Qual é a cesta ótima de consumo dela?
Para responder a essa pergunta, devemos analisar as curvas de indiferença representadas por I1, I2 e I3
no diagrama.
I3
A representada por I3 é a utilidade máxima que Ana gostaria de ter. No entanto, não é possível alcançá-
la, uma vez que todas as cestas de consumo dessa curva de indiferença estão acima de sua reta
orçamentária. Ela está limitada por sua renda.
I1
Ana tampouco deveria escolher as cestas da curva de indiferença I1, pois, embora as cestas entre os
pontos B e C ao longo dessa curva sejam factíveis, há outras cestas de consumo que lhe geram mais
utilidade e que cabem na sua renda.
I2
Veja o caso da cesta A: assim como B e C, ela está sobre a sua reta orçamentária, porém gera mais
utilidade que ambas por estar na curva de indiferença I2, ou seja, mais afastada da origem que a curva I1.
De fato, a cesta de consumo A é a escolha ótima de Ana, com 3 latinhas de cerveja e 3 drinks. Ela está
na curva de indiferença mais afastada que Ana pode alcançar dada a sua renda.
Na cesta ótima, a reta orçamentária apenas toca a curva de indiferença mais afastada, sendo tangente
em relação a ela. Essa é a chamada condição de tangência, sendo aplicada quando as curvas de
indiferença são convexas.
PREÇOS E TAXA MARGINAL DE SUBSTITUIÇÃO
No ponto de tangência entre a curva de indiferença e a reta orçamentária, ou seja, a cesta ótima, a curva
de indiferença tem a mesma inclinação da reta orçamentária.
Retomando a equação representada acima, temos que:
INCLINAÇÃO DA CURVA DE INDIFERANÇA = -UMGD/UMGC
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Na cesta ótima, podemos substituir a inclinação dessa curva pela da reta orçamentária, pois já vimos que
ambas são iguais nesse ponto.
Assim:
INCLINAÇÃO DA RETA ORÇAMENTÁRIA = -UMGD/UMGC
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
RELEMBRANDO
O que é a inclinação da reta orçamentária? Como vimos no módulo anterior, essa inclinação é
exatamente a razão de preços 
Juntando as duas equações, chegamos à regra do preço relativo:
, NA CESTA ÓTIMA DE CONSUMO.
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Lembrando que a razão entre as utilidades marginaisdos bens é chamada de TMS, obtemos uma regra
geral para a cesta ótima de consumo:
A taxa marginal de substituição é igual à razão entre os preços dos dois bens.
EFEITOS DE UMA VARIAÇÃO NO PREÇO E NA
RENDA
O que vai acontecer se o preço de um dos bens mudar? Suponha que, por alguma razão, o bar que Ana
frequenta resolva aumentar os preços dos drinks. Agora, em vez de R$8, eles custam R$20. Como essa
mudança vai afetar a escolha de consumo dela?
Com o aumento dos preços dos drinks, ela vai consumir menos unidades do que antes, mas, como o
preço da cerveja se manteve, Ana ainda pode consumir a mesma quantidade máxima dessa bebida.
O painel (a) desta figura destaca a nova reta orçamentária de Ana (RO2) e a inicial (RO1):
Fonte: A autora
A inclinação da reta orçamentária de Ana mudou. Isso ocorre porque o preço relativo dos drinks em
termos de cervejas subiu, isto é, a razão 
A RO de Ana agora intercepta o eixo horizontal em 2, que é o número máximo de drinks que ela pode
 aumentou em seu valor absoluto.
consumir. Sua cesta ótima de consumo inicial consistia em 3 cervejas e 3 drinks, o que agora deixou de
ser factível, já que está acima de sua reta orçamentária.
Para lidar com a nova situação, ela terá de escolher uma nova cesta de consumo ótima ao eleger um
ponto na RO2 que toque a curva de indeferença mais afstada possível.
É o que mostra o painel (b) da figura: sua nova cesta ótima será de B, com 4 cervejas e 2 drinks.
Resta uma dúvida: se o preço dos drinks permanecer constante, mudando, em vez disso, a renda direta
de Ana, o que acontecerá?
Suponhamos que ela recebeu um aumento de salário, podendo agora gastar R$80 no bar. A inclinação
de sua reta orçamentária não muda, pois os preços dos bens permaneceram iguais. No entanto, Ana
agora terá mais dinheiro para gastar tanto em cerveja como em drinks.
Fonte: A autora
Os dois interceptos de sua reta orçamentária mudam, pois ela tem mais poder aquisitivo. Assim, sua reta
orçamentária inteira se desloca para fora, se afastando da origem. Ana pode escolher outra cesta de
consumo, ou seja, uma que toque sua nova reta orçamentária RO2. Isso consequentemente aumentará o
seu consumo.
Ela, portanto, consome mais os dois bens quando sua renda aumenta: o consumo de drinks sobe de 3
(cesta A) para 6 (B); o de cerveja, de 3 para 6 latinhas. Isso é possível porque, em sua função utilidade,
ambos constituem bens normais, isto é, aqueles cuja demanda varia positivamente de acordo com a
variação na renda.
SUBSTITUTOS E COMPLEMENTOS PERFEITOS
Algumas vezes, a preferência pela combinação de dois bens pode ter algum tipo de relação.
EXEMPLO
Se Pedro toma exclusivamente café com açúcar e, a cada xícara da bebida, coloca duas colheres de
açúcar, existe uma relação complementar entre os dois bens. Por outro lado, se gosta tanto de mate
quanto de guaraná, ele pode substituir um pelo outro. Isso resulta em formatos diferentes da curva de
indiferença.
No primeiro caso, quando um consumidor quer consumir dois bens na mesma proporção, eles são
chamados de complementos perfeitos. Como dissemos, Pedro só gosta de tomar uma xícara de café
acompanhada de duas colheres de açúcar. Uma xícara extra sem açúcar não lhe oferece utilidade
adicional, tampouco uma colher extra sem café.
O painel (a) desta figura indica as curvas de indiferença de Pedro para xícaras de café e colheres de
açúcar:
Fonte: A autora
Essas curvas formam ângulos retos, pois uma unidade adicional de cada bem fora da proporção 1:2 não
lhe dá mais utilidade, o que significa que ele permanece na mesma curva de indiferença.
Somente um aumento dos dois bens na proporção de sua preferência faria Pedro dar “um salto” nas suas
curvas de indiferença. O diagrama (a) ainda evidencia:
autor/shutterstock
Reta orçamentária de Pedro (em cinza).
autor/shutterstock
Cesta A tangenciando a reta (sua cesta de consumo ótimo).
Note que a inclinação da reta orçamentária aqui não afeta seu consumo relativo de café e açúcar. Ele
consome ambos sempre na mesma proporção independentemente de seu preço. Repare ainda que, no
ponto B, as curvas de indiferença sofrem uma mudança abrupta de inclinação: da esquerda para a
direita, a curva deixa de ser vertical, passando a ser horizontal.
O que acontece com a taxa marginal de substituição?
No caso de complementos perfeitos, essa taxa é indefinida, pois o consumidor não está disposto a fazer
qualquer substituição entre os dois bens.
Já o diagrama (b) da figura acima aponta as curvas de indiferença de Pedro para o segundo caso:
gostar tanto de mate quanto de guaraná, ou seja, os dois bens lhe conferem a mesma utilidade. Como
está sempre disposto a substituir a mesma quantidade de um item pela de outro, suas curvas de
indiferença são linhas retas e sua taxa marginal de substituição, constante (afinal, a TMS é a inclinação
da CI, que é uma reta. Logo, trata-se de uma constante).
O painel (b) também destaca a reta orçamentária de Pedro: quando ela tem inclinação diferente das
curvas de indiferença, como é o caso, essa curva vai encostar na reta em um dos eixos. Desse modo, ele
consumirá apenas o bem:
DIAGRAMA (B)
Fonte: A autora
autor/shutterstock
Mais barato.
autor/shutterstock
Que ele puder comprar a maior quantidade possível, como o mate (indicado pela cesta b).
Composto apenas por um dos bens, esse tipo de cesta ótima é chamado pelos economistas de solução
de canto.
O que aconteceria se a inclinação da reta orçamentária de Pedro fosse igual à da própria reta? Uma de
suas curvas de indiferença a tocaria em todos os seus pontos, de modo que qualquer cesta sobre a reta
de Pedro seria uma cesta ótima.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SOBRE AS CURVAS DE INDIFERENÇA, ASSINALE A ALTERNATIVA FALSA:
A) Curvas de indiferença de um consumidor racional são côncavas.
B) Curvas de indiferença geram a mesma quantidade de utilidade total para diferentes combinações de
bens.
C) Existe uma curva de indiferença para cada nível de utilidade total.
D) Curvas de indiferença mais distantes da origem oferecem mais utilidade.
2. SOBRE A TAXA MARGINAL DE SUBSTITUIÇÃO, ASSINALE A ALTERNATIVA
FALSA:
A) No ponto de tangência entre a curva de indiferença e a reta orçamentária, a taxa marginal de
substituição é igual à inclinação dessa reta.
B) A taxa marginal de substituição é a razão entre as utilidades marginais de dois bens.
C) A inclinação da curva de indiferença é igual à taxa marginal de substituição.
D) Quando dois bens têm uma utilidade marginal decrescente, a taxa marginal de substituição é
crescente.
GABARITO
1. Sobre as curvas de indiferença, assinale a alternativa falsa:
A alternativa "A " está correta.
As curvas de indiferença do consumidor racional são convexas. A inclinação de uma curva de indiferença
diminui à medida que deslizamos para baixo e para a direita. Isso se deve ao princípio da utilidade
marginal decrescente.
2. Sobre a taxa marginal de substituição, assinale a alternativa falsa:
A alternativa "D " está correta.
A taxa marginal de substituição será decrescente se os dois bens tiverem uma utilidade marginal também
decrescente. Isso se dá pelo fato de o trade-off entre ambos mudar ao longo da curva; assim, um
consumidor vai exigir cada vez mais do bem 2 para compensar cada unidade do 1 ao qual ele renuncia à
medida que a quantidade daquele aumenta em relação à consumida deste.
MÓDULO 3
Distinguir os tipos de custo da firma e suas aplicações
CUSTOS E INSUMOS
No módulo anterior, verificamos como o consumidor racional toma decisões de consumo. Agora veremos
como a firma realiza as suas decisões de produção.
Primeiramente, precisamos definir o que é firma.
Firma: organização que produz bens e serviços com o objetivo de vendê-los. Para produzi-los, ela
precisa de insumos que envolvem custos.
Já a função de produção da firma é a relação entre a quantidade de produto feita por ela e seu
montante de insumos.
EXEMPLO
Um exemplo de insumo é o número de trabalhadores da firma. O custoseria o salário deles.
Para uma compreensão melhor desses conceitos, tomaremos a fábrica de Vitória como exemplo. Por
questão de simplicidade, vamos supor que ela:
Vitória paga o aluguel de 20 máquinas em sua fábrica; no momento, não tem capacidade de alugar mais
máquinas nem menos, pois já assinou contrato com o locatário delas. Isso é conhecido como insumo
fixo, pois sua quantidade é fixa e não pode variar — ao menos, não no curto prazo.
Fonte: Shutterstock
 Fonte: Shutterstock.
No entanto, ela pode escolher quantos trabalhadores irá contratar. Esse outro tipo de insumo é
denominado insumo variável; com ele, uma firma pode variar a sua quantidade a qualquer momento.
A rigidez do montante dos insumos – isto é, se eles são fixos ou variáveis – depende, na verdade, do
horizonte de tempo: no longo prazo, passado um tempo suficientemente grande, as firmas podem
ajustar a quantidade de qualquer insumo.
EXEMPLO
Após alguns anos ou o tempo do contrato de aluguel de Vitória, ela poderia negociar outro contrato com o
locatário de máquinas e ajustar sua quantidade de capital fixo.
Desse modo, não existem insumos fixos no longo, mas apenas no curto prazo.
O número de carros produzido por ela depende de quantos trabalhadores foram contratados. Cada um –
mesmo sem ser muito eficiente – pode operar as 20 máquinas adquiridas por Vitória.
shutterstock
Quando um trabalhador adicional é contratado, as máquinas são divididas igualmente entre os
funcionários.
shutterstock
Quando há dois trabalhadores, cada um opera dez máquinas.
shutterstock
Se forem três, cada um mexe em 6 e se reveza nas 2 restantes.
E assim por diante.
Se Vitória empregar um número maior de trabalhadores, as máquinas serão operadas de forma mais
intensiva; assim, mais carros estarão sendo produzidos. A função de produção da firma é a relação
entre a quantidade de trabalho e a de produto (carros) para um dado montante de insumo fixo
(máquinas).
A figura a seguir informa a função de produção da fábrica de Vitória em dois formatos (diagrama e
tabela):
Fonte: A autora
Denominada curva de produto total da fábrica, essa função de produção revela como uma quantidade
de produto depende do montante de insumo variável para uma dada quantidade de insumo fixo. O eixo
vertical, por sua vez, exibe o número de carros produzidos (Y); o eixo horizontal, o montante de insumo
variável, ou seja, o número de trabalhadores empregados (L).
A curva de produto total está positivamente inclinada, mas sua inclinação não é constante: à medida que
se acrescentam trabalhadores empregados, o número de carros produzido aumenta, mas esse
acréscimo na produção é cada vez menor. Ou seja: ao deslizarmos para a direita da curva, ela se tornará
mais achatada.
Para entendermos essa mudança na inclinação, observemos a tabela da figura acima: ela mostra o
produto marginal do trabalho (PMgL), isto é, a variação na quantidade de produto ao se acrescentar
uma unidade de trabalho. Já possuímos as informações sobre a quantidade dele para todas as unidades
de trabalho, ou seja, para 1, 2, 3 trabalhadores – e assim por diante.
DICA
Nem sempre é necessário haver uma informação individualizada dessa maneira: muitas vezes, a
quantidade de produto para a variação do trabalho é conhecida em dezenas (para empresas com 10 ou
20 trabalhadores, por exemplo) ou outros intervalos possíveis.
Para calcularmos o PMgL nesses casos, podemos usar a seguinte equação:
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Ou, mais formalmente, esta:
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
A inclinação na curva de produto total é igual ao produto marginal do trabalho. Podemos observar que ele
diminui quando mais trabalhadores são empregados; portanto, a curva se achata à medida que outros
mais são contratados.
A razão para isso é simples: em geral, ocorrem retornos decrescentes de um insumo quando se
registra um aumento em sua quantidade. Mantido constante o montante dos demais insumos, reduz-se o
produto marginal dele.
EXEMPLO
Pense numa sorveteria: se só houver uma máquina de sorvete e um trabalhador operando, pode-se
aumentar bastante a produção ao contratar um empregado extra para eles se revezarem entre duas
atividades: fazer sorvete e atender os clientes. Mas não se ganha muito em produção contratando 10
empregados com apenas uma máquina: não é possível que todos eles a operem ao mesmo tempo.
O mesmo ocorre com a fábrica de Vitória. Cada trabalhador adicional trabalha com uma quantidade
ÇÃ
ÇÃ
menor que o total anterior de 20 máquinas. Isso faz com que ele não consiga produzir tanto quanto o
anterior; portanto, o produto marginal por trabalhador diminui.
Fonte: A autora
ATENÇÃO
A hipótese dos retornos decrescentes só é válida caso tudo mais seja mantido de maneira constante. Se
os demais insumos pudessem mudar também, as curvas de produto total e marginal se deslocariam.
Esta figura demonstra as curvas de produto total (PT) e marginal por trabalhador (PMgL) na fábrica de
Vitória na situação inicial (20 máquinas) e na atual (10):
Fonte: A autora
Observemos estes dois painéis:
PAINEL (A)
A menos que sejam empregados 0 trabalhadores, PT10, que representa a produção com 10 máquinas,
está situada abaixo de PT20 (20 máquinas), pois, com menos unidades disponíveis, qualquer número de
trabalhadores produz menos carros.
ETAPA 02
Mostra o exposto no painel anterior em termos de produto marginal. Embora as duas curvas tenham
inclinação para baixo, já que o número de máquinas em cada situação é fixo, pmgl20 fica acima de
pmgl10 em todos os pontos, refletindo, assim, que o PMgL é mais alto quando há mais insumo fixo.
CURVAS DE CUSTO
Mostramos que Vitória pode conhecer sua função de produção verificando a relação entre insumos de
trabalho e capital e produção de automóveis. Mas nada falamos sobre suas escolhas de produção. Em
geral, os produtores vão escolher uma produção que maximize seus lucros.
A definição formal de lucro é:
Lucro = receita total - custo total
Ou, em notação, ele é expresso da seguinte forma:
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
A receita total (RT) é o que um produtor obtém pela produção vendida, ou seja, o preço daquele bem
multiplicado pelo montante vendido dele. Se estamos falando do número de automóveis (qA) e do seu
preço (pA), a receita total é dada pela igualdade:
Π
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
E o custo total? Como vimos neste módulo, insumos são custosos e apresentam dois tipos: fixos e
variáveis. Cada insumo vai ter seu custo ao ser empregado na produção. O do aluguel de máquinas –
insumos fixos, ou seja, que não variam – recebe o nome de custo fixo (CF).
O CF não depende do montante produzido, uma vez que o produtor já incorre nele quando toma a
decisão de produzir, não podendo mudar sua quantidade – ao menos, não no curto prazo. Já o custo do
insumo variável é denominado custo variável (CV).
EXEMPLO
Os trabalhadores de Vitória.
O CV consiste no número de trabalhadores multiplicado pelo seu salário (que é o custo por unidades de
trabalho). Como a quantidade produzida depende desse número, o custo variável também depende dele.
A soma dos custos fixo e variável para um determinada montante de produto configura, portanto, o custo
total (CT) dela. Essa relação pode ser expressa pela equação:
CUSTO TOTAL = CUSTO FIXO + CUSTO VARIÁVEL
OU
CT = CF + CV.
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
A tabela a seguir indica como é calculado o custo total da fábrica de Vitória. Perceba que o CT sobe
conforme o número de unidades produzida aumenta. Isso ocorre por conta do CV: quanto maior for o
montante produzido, maior será o custo total da fábrica.
Quantidade de
carros Y
Quantidade de
trabalho L
Custo
variável CV
Custo
fixo CF
Custo
total CT
0 0 R$0
R$500
000
R$500 000
13 1 1 000 500000 501 000
24 2 2 000 500 000 502 000
33 3 3 000 500 000 503 000
40 4 4 000 500 000 504 000
45 5 5 000 500 000 505 000
48 6 6 000 500 000 506 000
50 7 7 000 500 000 507 000
50 8 8 000 500 000 508 000
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
CUSTOS MARGINAL E MÉDIO
Imaginemos agora que Vitória queira fazer uma análise na margem sobre seus custos e compreender o
custo de cada unidade a mais de carro em sua produção. Assim como acontece no caso do produto
marginal, será mais fácil entender o custo adicional de uma unidade a mais de produto se tivermos as
informações detalhadas para cada unidade dele. Infelizmente, este não é o caso: ela só dispõe desses
dados em intervalos de produção.
EXEMPLO
Zero, 13, 24 carros.
Vamos analisar então a sorveteria de Mateus. A tabela a seguir detalha, na primeira coluna, a produção
dela e os seus custos. Ele possui um custo fixo: diariamente, são gastos R$125 com aluguel, máquina
etc..
Mateus precisa pagar seus funcionários e os insumos para a feitura do produto, como açúcar, leite e
outros ingredientes. Eles representam o seu custo variável (expresso na coluna 3) e dependem de
quantos sorvete são produzidos. Já o custo total, ou seja, a soma dos custos fixo e variável, figura na
coluna 4:
Fonte: Shutterstock
 Fonte: Shutterstock.
Quantidade de
sorvete Y
Custo
fixo CF
Custo
variável
CV
Custo
total CT
Custo
médio
CME
C.
marginal
CMg
0 R$125 R$0 R$125
1 125 5.00 130.00 130.00 5.00
2 125 20.00 145.00 72.50 15.00
3 125 45.00 170.00 56.67 25.00
4 125 80.00 205.00 51.25 35.00
5 125 125.00 250.00 50.00 45.00
6 125 180.00 305.00 50.83 55.00
7 125 245.00 370.00 52.86 65.00
8 125 320.00 445.00 55.63 75.00
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Já apresentamos esses conceitos neste módulo. Além dessas medidas de custo, existem ainda outras
duas muito usadas pelos economistas:
autor/shutterstock
Custo marginal (CMg)
autor/shutterstock
Custo médio (CMe)
Assim como observamos no produto marginal, o custo marginal é a variação no custo total ao se
acrescentar uma unidade de trabalho (por exemplo, um trabalhador a mais ou um dia a mais de
trabalho). Sua forma de cálculo também é parecida com a que vimos antes:
OU
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
O custo médio, por sua vez, possui um cálculo ainda mais simples: como o próprio nome diz, ele é uma
média. Para calculá-lo, basta dividir o custo total pela quantidade de produto.
OU
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
As colunas 5 e 6 da tabela anterior oferecem respectivamente os custos médio e marginal da sorveteria
de Mateus. O marginal aumenta com o número produzido de sorvetes, enquanto o médio começa alto e
diminui à medida que mais unidades são produzidas. No entanto, a partir da 5ª unidade de sorvete, ele
volta a crescer.
Para compreendermos o comportamento das duas curvas, devemos observar os diagramas desta figura:
ÇÃ
ÇÃ
É
Fonte: A autora
DIAGRAMA (A)
O diagrama (a) mostra a curva de CT da sorveteria de Mateus, indicando o aumento dela com o número
de unidades produzida. A inclinação da curva de CT também não é constante, pois ela se torna cada vez
mais inclinada à medida que se desliza para a direita. A razão para isso são os retornos decrescentes do
insumo variável.
DIAGRAMA (B)
No segundo gráfico, vemos a curva de custo marginal (CMg) da sorveteria. Como pudemos ver
anteriormente no caso da curva de produto marginal, que corresponde à inclinação da de produto total, o
custo marginal é igual à inclinação da curva de CT. Como ela é positivamente inclinada, a inclinação da
própria curva de custo total aumenta. Novamente, os retornos decrescentes de insumos justificam a
inclinação da CMg. Como o produto marginal do insumo declina, cada vez mais insumo variável será
necessário para produzir qualquer unidade adicional de produto. Como cada unidade adicional de insumo
variável tem de ser paga, o custo por unidade adicional de produto também aumenta.
DIAGRAMA (C)
O terceiro diagrama (c) indica o custo médio. Conforme apontamos, ele não tem inclinação constante: a
curva de CM tem um formato de “U”. Isso ocorre por dois efeitos acontecerem simultaneamente na curva
de custo médio.
ATENÇÃO
Lembre-se de que o produto marginal é decrescente.
Recordemos que o custo total é composto por dois tipos de custo: variável e fixo. Assim, o médio também
pode ser decomposto em dois componentes:
autor/shutterstock
Custo fixo médio (CFM);
autor/shutterstock
Custo variável médio (CVM).
O cálculo de ambos é direto: divide-se cada um pela quantidade de produto produzida.
OU
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
 OU
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
No início da produção, quando há poucas unidades, o custo total médio (CME) é alto por conta do peso
grande que o componente do custo fixo tem sobre ele. Conforme se produz mais, esse componente de
custo fixo vai sendo “diluído”.
Em outras palavras, assim que o denominador aumenta, o CFM diminui, de modo que a inclinação da
curva também diminui, tornando-a mais achatada. Isso ocorre até ela atingir um ponto mínimo e voltar a
crescer.
O crescimento do custo médio depois do ponto de mínimo ocorre por conta do outro efeito: o do custo
variável. Se, por um lado, o CFM cai, o CVM sobe. Esse crescimento do custo variável se deve ao efeito
dos retornos decrescentes dos insumos, fazendo com que, quanto maior for a quantidade de produto,
mais insumo variável será necessário para produzir unidades adicionais, aumentando, por sua vez, o
custo variável.
Indicaremos mais à frente uma figura que possui essa dinâmica dos custos, ilustrando, para tal, cada
uma das curvas. Como se pode observar, o CFM e o CMg se cruzam no ponto mínimo de custo total
É
Á É Á
médio.
A partir deste ponto (destacado pela letra M na figura), o CVM ultrapassa o CFM; dessa forma, os efeitos
do componente variável do custo médio ultrapassam o efeito do componente fixo dele.
Fonte: A autora
Notemos também que a curva de custo marginal intercepta a de custo médio no mesmo ponto.
Correspondendo a um custo total médio mínimo, a quantidade de produto desse ponto recebe o nome de
produto de custo mínimo. Abaixo dele, o CVM é menor que o CFM; com isso, a curva de custo médio
total declina. Acima do ponto M, no entanto, o CVM ultrapassa o CFM e é maior do que ele, de maneira
que o custo médio passa a crescer.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SOBRE FUNÇÃO DE PRODUÇÃO DA FIRMA, ASSINALE A AFIRMATIVA
FALSA:
A) É a relação entre a quantidade de produto que uma firma irá produzir e a de insumos.
B) Os insumos da função de produção de curto prazo são fixos.
C) A curva que mostra como a quantidade de produto depende do montante de insumo variável para uma
dada quantia de insumo fixo é chamada de curva de produto total.
D) A inclinação da curva de produto total é igual ao produto marginal do insumo variável.
2. QUESTÃO NÚMERO DOIS DO MÓDULO 3.
A) O custo variável é a variação no custo total ao se acrescentar uma unidade de insumo variável.
B) O custo fixo médio é o custo fixo dividido pela quantidade total produzida.
C) A curva de custo marginal é crescente.
D) O custo total é a soma dos custos fixo e variável.
GABARITO
1. Sobre função de produção da firma, assinale a afirmativa falsa:
A alternativa "B " está correta.
No curto prazo, os produtores não conseguem modificar o montante de alguns insumos. Trata-se dos
chamados insumos fixos. Eles só podem alterar a sua produção mudando a quantidade de insumos
variáveis. No longo prazo, não existem insumos fixos: todos eles são variáveis.
2. Questão número dois do módulo 3.
A alternativa "A " está correta.
Tal definição corresponde ao custo marginal.
MÓDULO 4
Demonstrar a quantidade de produto para a maximização do lucro do produtorOFERTA E COMPETIÇÃO PERFEITA
No módulo anterior, estudamos as curvas de custo do produtor e enunciamos os conceitos de lucro e
receita.
Mas resta saber ainda como esses conceitos estão relacionados entre si e de que forma afetam as
escolhas de produção e oferta das firmas.
Isso depende do tipo de mercado no qual uma firma se encontra. Neste módulo, contudo, analisaremos
uma na seguinte situação: competição perfeita.
Se você já foi a uma feira, deve ter notado que, em geral, existe mais de um feirante vendendo batatas
ou tomates. Também já deve ter percebido que o preço desses produtos repetidos costuma ser muito
parecido ou igual entre as barracas.
O barulho alto característico das feiras é um sintoma da competição que os feirantes enfrentam entre si.
Para vender produtos que não oferecem muitas diferenças entre uma barraca e outra, competir é
inevitável. Para isso, recorre-se à voz. Mas por que eles não usam outros recursos, como alterar o preço
e a quantidade ofertada, para tentar vender mais?
Fonte: Shutterstock
 Fonte: Shutterstock.
José e Sônia são dois feirantes que vendem batatas. Ambos comercializam o seu produto na mesma
feira aos domingos. Suponha também que suas batatas sejam da mesma qualidade. Na prática, eles
competem entre si ao disputarem potenciais compradores.
Será que um dos dois devia impedir o outro de vender batatas? Ou eles deveriam fazer um acordo para
aumentar o preço dela?
É provável que a resposta seja não. Há centenas de outros feirantes vendendo esse item, seja na mesma
feira ou em outra talvez não muito distante. Sônia e José definitivamente estão competindo com todos
esses vendedores de batata.
Se ambos tentassem aumentar o preço da batata, provavelmente não conseguiriam vender muito, pois
os consumidores encontrariam outra mais barata a apenas algumas barracas de distância. Desse modo,
podemos dizer que José e Sônia são produtores tomadores de preço.
Um produtor é chamado assim quando suas ações não afetam o preço de mercado do bem que ele
vende. O raciocínio análogo vale para os consumidores tomadores de preço: eles não podem influenciar
esse preço por meio de suas ações.
Em um mercado perfeitamente competitivo, consumidores e produtores são tomadores de preço. Com
isso, decisões individuais, de quem quer que elas partam, não afetam o preço de mercado de
determinado bem. Além disso, há duas condições necessárias para a competição perfeita:
Competição perfeita
autor/shutterstock
PRIMEIRA CONDIÇÃO
A) A indústria deve possuir um número relativamente grande de produtores; B) Nenhum deles pode ter
participação de mercado grande.
A participação de mercado de um produtor é a fração do produto total da indústria pela qual ele é
responsável. Se possuir uma parcela muito grande dele, ele passará a influenciar o preço de mercado do
bem que produz. Por exemplo, na crise do petróleo da década de 1970, a OPEP (Organização dos
Países Exportadores de Petróleo) tinha quase 1/3 de fatia da produção total de petróleo mundial. Ao
diminuir a quantidade ofertada, ela influenciou diretamente no preço do barril. Este não é o caso de José
nem de Sônia.
autor/shutterstock
SEGUNDA CONDIÇÃO
Os consumidores devem considerar os produtos de todos os produtores equivalentes.
Isso não seria verdade se os compradores acreditassem que as batatas de Sônia são de melhor
qualidade que as de José. Caso realmente fossem melhores, ainda que ela aumentasse um pouco o seu
preço, os consumidores continuariam comprando em virtude de sua melhor qualidade.
No caso de commodities (ou produtos padronizados), os consumidores costumam considerar o produto
de um produtor como perfeitamente substituível pelo de outro. Temos como exemplo um produtor de
batatas como José ou Sônia. Eles não podem aumentar o preço de suas batatas sem perder todas as
suas vendas para outros vendedores.
Assim, para que uma indústria seja perfeitamente competitiva, é necessário que seu produto seja
padronizado.
LIVRE ENTRADA E SAÍDA
Além das duas condições enunciadas acima, os mercados perfeitamente competitivos têm ainda outra
característica: a livre entrada e saída de firmas e produtores. Dito de outra forma, não há barreiras para
seu acesso ao mercado.
EXEMPLOS DE BARREIRAS À ENTRADA
Acesso limitado a recursos, obstáculos legais e regulamentações governamentais.
Tampouco existem custos adicionais associados à saída do mercado, como tarifas associadas ao
fechamento de uma firma. Contudo, a livre entrada e saída não é uma condição necessária para a
competição perfeita, e sim uma característica comum na maioria dos mercados competitivos.
Como funcionam os mercados perfeitamente competitivos?
Para responder a essa pergunta, primeiramente examinaremos de que modo um produtor maximiza o
seu lucro individualmente em uma indústria perfeitamente competitiva. Em seguida, entenderemos o
significado de lucro econômico a partir da análise dos lucros e prejuízos de um negócio hipotético.
PRODUTO ÓTIMO
Imagine que João e Maria administrem um cultivo de café. Suponha que o preço de mercado da saca
seja R$40 e que eles sejam tomadores de preço, podendo, assim, vender o montante que quiserem com
esse preço.
Quantas sacas eles devem produzir para maximizar seu lucro?
Já verificamos no módulo anterior que o lucro é igual à receita total menos o custo total, assim como a
receita total é o preço de mercado multiplicado pela quantidade de produto.
Como fizemos no caso do consumidor, recorreremos agora à análise marginal para encontrar a
quantidade ótima de produto (que maximiza o lucro) a ser vendida. Quando um produtor aumenta o
montante dele em uma unidade, sua receita cresce, mas, infelizmente, acontece o mesmo com seu
custo.
Também vimos que esse aumento no custo por unidade extra de produto é conhecido como custo
marginal. Analisemos agora outro conceito relativo a esse tópico: receita marginal (RMg).
Analogamente, ela é a receita adicional gerada com a venda ao se aumentar o produto em uma unidade.
Formalmente, temos a seguinte equação:
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Mas como isso ajuda a descobrir a quantidade ótima de sacas de café que João e Maria deve produzir
para maximizar os lucros de sua produção?
A tabela a seguir aponta a receita total, o custo total e o lucro total por unidade de saca de café do cultivo
de ambos, além dos cálculos do custo e RMg. A última coluna, por sua vez, exibe o ganho líquido por
saca, isto é, a receita marginal menos o custo marginal.
Quantidade de
café Y (sacas)
Custo
variável
CV
Custo
total CT
C. Marginal
por saca
CMg
R. Marginal
por saca
RMg
Ganho
líquido
por saca
0 R$0 20.00 - - -
1 25.00 45.00 25.00 40.00 15.00
2 55.00 75.00 30.00 40.00 10.00
ÇÃ
ÇÃ
3 65.00 110.00 35.00 40.00 5.00
4 75.00 150.00 40.00 40.00 0.00
5 85.00 195.00 45.00 40.00 -5.00
6 95.00 245.00 50.00 40.00 -10.00
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Como vimos no módulo 3, esta tabela evidencia que o custo variável e o total crescem à medida que a
produção aumenta. O custo marginal também sobe a cada unidade de café por conta dos retornos
decrescentes dos insumos. A RMg, no entanto, permanece constante, uma vez que o preço do produto
não muda (afinal, João e Maria são tomadores de preço).
Examinemos agora a última coluna, a de ganho líquido por saca: até a 4ª saca de café produzida, ambos
registram um ganho líquido positivo. Produzir, portanto, gera mais receita do que custos. Na quarta saca,
o ganho líquido já é zero; a partir da 5ª, ele passa a ser negativo, pois o custo marginal é maior que a
receita marginal.
Podemos observar essas curvas graficamente para a melhor absorção desse conceito:
Fonte: A autora
A curva de custo marginal (CMg) apresenta uma inclinação positiva e permanece abaixo da de receita
marginal (RMg) até o ponto E, onde ela intercepta a RMg. Até E (ou até a 4º saca), João e Maria
contabilizam um ganho líquido positivopor saca.
A partir de E, a CMg ultrapassa a curva de receita marginal, enquanto o ganho líquido se torna negativo,
ou seja, eles passam a perder dinheiro com a produção de unidades adicionais de sacas de café.
Desse modo, o ponto que maximiza o lucro de ambos é o E, com uma produção de quatro sacas de café.
Note que, neste ponto, a receita marginal é exatamente igual ao custo marginal. Isso é chamado de
regra de produto ótimo do produtor. Na quantidade ótima de produto, Rmg = CMg.
LUCROS E PREJUÍZOS
Sabemos então que, no ponto indicado, João e Maria não encontram incentivos para produzir mais nem
menos, pois ele se trata da quantidade de produto ótima deles. Mas este é o único ponto no qual a
produção dele e sua manutenção no mercado fazem sentido? A resposta é não.
A decisão de uma firma permanecer ou não em um mercado depende de seu lucro econômico, medida
que considera o custo de oportunidade dos recursos de um negócio além de suas despesas explícitas.
EXEMPLO
Se fôssemos pensar no lucro econômico de João e Maria, poderíamos incluir como custo de
oportunidade de investir na produção de café o quanto esse dinheiro renderia no banco. Lembremos que
custo de oportunidade é o que você deixa de obter (rendimento do banco) ao optar por outra atividade
(produção de café).
O que diferencia o lucro econômico do contábil é o custo implícito, isto é, os benefícios dos quais se
abdica no uso dos recursos da firma.
Vamos supor que todos os custos (implícitos e explícitos) estejam incluídos na tabela a seguir,
mostrando, portanto, o lucro econômico. Para saber se Maria e João operam em lucro ou prejuízo,
devemos olhar para:
Custo total médio mínimo de sua produção;
Preço de mercado do café.
Esta tabela calcula o custo variável médio e o total médio para a produção de ambos. Consideramos o
custo fixo como dado; portanto, são valores de curto prazo:
Quantidade de
café Y (sacas)
Custo
variável CV
Custo
total CT
Custo variável
médio CVM =
Custo total
médio CTM =
CV/Y CT/Y
0 R$0 20.00 - -
1 25.00 45.00 25.00 45.00
2 55.00 75.00 27.50 37.50
3 65.00 110.00 21.67 36.67
4 75.00 150.00 18.75 37.50
5 85.00 195.00 17.00 39.00
6 95.00 245.00 15.83 40.83
Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Como se pode observar, o custo total médio é minimizado na quarta saca no valor de R$36,67, que
corresponde ao produto de custo mínimo. Mas o que isso nos diz a respeito de uma firma ser lucrativa ou
não?
No módulo anterior, frisamos que o lucro 
Logo:
SE RT > CT, A FIRMA É LUCRATIVA;
SE RT < CT, A FIRMA TEM PREJUÍZO;
π é igual à receita total (RT) menos o custo total (CT).
SE RT = CT, A FIRMA POSSUI CUSTO E RECEITA IGUAIS
E LUCRO ZERO.
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Também é possível manipular essas equações dividindo os dois lados pelo produto Y e expressar essa
ideia em termos de receita e custo por unidade de produto:
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
O primeiro termo do lado direito da equação (RT/Y) representa a receita média, que é igual ao preço de
mercado das sacas de café, uma vez que o preço é constante. Já o segundo termo constitui o custo total
médio.
Dessa maneira, uma firma será lucrativa se o preço de mercado de seu produto exceder o custo total
médio da quantidade que ela produz e terá prejuízo se o preço de mercado for inferior.
Reescreveremos essas relações a seguir:
SE P > CTM, A FIRMA É LUCRATIVA;
SE P < CTM, A FIRMA TEM PREJUÍZO;
SE P = CTM, A FIRMA POSSUI CUSTO E RECEITA IGUAIS
E LUCRO ZERO.
Π
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Também podemos observar essa relação graficamente. Esta figura apresenta dois diagramas com
diferentes preços de mercado de saca de café:
Fonte: A autora
No painel (a), o preço de mercado da saca de café excede o custo total médio mínimo, em que p = 40, e
a firma opera em lucro. João e Maria possuem uma situação lucrativa, pois o preço de R$40 excede o
custo total médio a equilibrar receita e custo; afinal, o ponto de custo total médio mínimo é R$36,67.
O ponto E do gráfico é o caso já analisado no qual ambos produzem a quantidade maximizadora de
lucro: quatro sacas de café. Nesse montante, o custo total médio, indicado por B no gráfico, é de
R$37,50. Como o preço de mercado por saca é maior que o custo total médio por unidade, a produção
de João e Maria mostra ser lucrativa.
Esse lucro é indicado pela distância vertical entre a reta de receita marginal e o custo total médio dessa
quantidade de sacas ou pela distância entre os pontos E e B multiplicada pelo número de sacas. A área
sombreada (cinza) no gráfico ilustra o lucro de João e Maria.
É possível expressar o lucro total também em termos de lucro por unidade:
OU
Π
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Já no gráfico (b), conforme indica a letra D, a firma, com p = 30, ou seja, abaixo do custo total médio
mínimo, opera em prejuízo. Nessa situação, a curva de custo marginal corta a de receita marginal (ou
preço) no ponto C, que corresponde ao montante de duas sacas de café.
Agora é negativa a distância entre a reta de receita marginal e o ponto de custo total médio associado à
quantidade W, que equivale a R$37,50. O custo total médio excede o preço de mercado. Com isso, a
produção de Maria e João opera em prejuízo.
Assim, para determinar se um produtor é lucrativo ou não, é necessário comparar o preço de mercado do
bem e o que iguala receita e custo para o produtor, ou seja, seu custo total médio mínimo.
A CURVA DE OFERTA
Vimos até aqui como os produtores de um mercado perfeitamente competitivo decidem suas quantidades
ótimas de produção. Também apontamos neste módulo que, no curto prazo, o número de produtores ou
firmas desse tipo de indústria é fixo, não havendo entrada nem saída.
Mas qual é a quantidade total de bens ofertada em um determinado mercado?
Sabemos que cada produtor tomará o preço como dado e fará sua escolha individual sobre a quantidade
ótima de produto. Neste módulo, fizemos a suposição de que não haja diferença na qualidade dos bens
dos produtores. Vamos estender essa hipótese para supor também que todos os produtores sejam
iguais, ou seja, arquem com os mesmos custos e insumos.
Π
Como seria a curva de oferta dessa indústria?
Revisitemos o mercado de café analisado anteriormente. Vamos supor, que além de João e Maria,
existam outros 49 participantes idênticos, totalizando, assim, um grupo de 50. Sabendo que o número de
produtores desse mercado é dado, cada um vai tomar sua decisão de produzir individualmente.
Fonte: Shutterstock
 Fonte: Shutterstock.
Desse modo, cada um igualará seu custo marginal à receita marginal, isto é, ao preço de mercado. Como
os produtores são iguais e têm os mesmos custos, todos eles decidirão produzir o mesmo número de
sacas de café: quatro (quantidade ótima de produto).
Se houver 50 produtores de café, a quantidade de oferta da indústria será 50 vezes 4 sacas, ou seja, 200
sacas de café. Já o preço dela será de R$40. O resultado disso é a curva de oferta da indústria de
curto prazo ilustrada no painel (a):
Fonte: A autora
Neste diagrama, D representa a curva de demanda e E, o ponto de equilíbrio de mercado de curto
prazo, no qual a quantidade de oferta é igual à de demanda para um dado número de produtores.
No curto prazo, não há entrada nem saída de participantes, pois estamos olhando um período pequeno
de tempo. No longo prazo, no entanto, eles podem entrar e sair livremente do mercado, havendo, desse
modo, uma variação no número de produtores que altera tanto o montante ofertado quanto o equilíbrio.
Suponhamos agora que, além dos 50 produtores de café operando no mercado, haja muitos outros
querendo entrar nele que também são idênticos a João e Maria. Quantos participantes adicionais
entrarão na indústria? Em que situação o farão?
Fonte: Shutterstock

Outros materiais