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RELATÓRIO DE VISITA TÉCNICA: ALVENARIA, CONCRETO, FÔRMA E AÇO. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 3 A OBRA 4 ATIVIDADES OBSERVADAS NA VISITA À OBRA 4.1 FÔRMA 4.2 AÇO 4.3 CONCRETO 4.4 ALVENARIA 5 ANÁLISE CRÍTICA 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 7 REFERÊNCIAS 1. INTRODUÇÃO O trabalho tem como objetivo fazer uma análise pontual das normas aplicadas à obra locada. As normas são leis utilizadas para padronizar, e indicam um padrão de qualidade. Seguir as normas de publicação da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) é importante para não existirem conflitos e a padronização ajuda ainda na comparação de pesquisas relacionadas a um mesmo assunto. A ABNT surgiu em 1940 em função de conflitos que ocorriam em dois laboratórios de pesquisas, o INT (Instituto Nacional de Tecnologia) e o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), esses laboratórios, apesar de rigorosos e muito respeitados não usavam os mesmos métodos para avaliação, ocorrendo frequentemente a aprovação de uma pesquisa em um laboratório e a reprovação em outro. Como esses problemas eram frequentes a busca por uma metodologia e padronização única resultou no surgimento da ABNT, que foi também uma das fundadoras da ISO (International Organization for Standardization), entidade responsável por organizar as normas internacionais de publicação em trabalhos técnicos. A ABNT possui um papel de destaque na ISO, por fazer parte do TMB (Technical Management Board), um comitê formado por entidades normalizadoras de apenas doze (12) países, é responsável pela gestão, planejamento estratégico e desempenho de atividades técnicas. As outras onze (11) entidades normalizadoras de países que participam desse comitê são: SAC da China, AENOR da Espanha, NEN da Holanda, AFNOR da França, SABS da África do Sul, DIN da Alemanha, ANSI dos EUA, BSI do Reino Unido, JISC do Japão, SCC do Canadá, e SN da Noruega. A Argentina não dispõe de uma norma padrão. Na maioria das vezes, as universidades estabelecem em seus regulamentos regras próprias de formatação. Em outras, seguem o padrão norte-americano da APA (American Psychological Association). Na ausência de um direcionamento para a formatação, é recomendável seguir as normas da ABNT, devido à sua ampla aceitação. A importância da ABNT para a construção civil foi em justamente contribuir para que não se construa de qualquer forma, com a ausência de padrões de qualidade bem definidos e dessa forma contribuindo para estruturas frágeis e perigosas. Graças à ABNT, não se pode construir de qualquer maneira, temos normas a seguir. As normas existem, mas algumas organizações buscam formas de burlá-las para cortar custos e burocracia. Por isso, assim como as normas, a fiscalização se faz necessária. A prefeitura tem a função de vistoriar se as obras em andamento estão regulares, assim como o corpo de bombeiros verifica se as normas estão sendo respeitadas em vários locais em funcionamento. Sabemos que nem sempre esse tipo de verificação ocorre, por isso é importantíssimo que a população exija esse tipo de procedimento. Hoje, em mercados cada vez mais competitivos e globalizados, os processos produtivos necessitam de padronização. Isso, além de garantir a qualidade e segurança ao consumidor, melhora a eficiência e aceitação dos produtos para o produtor. 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL O objetivo desta visita foi proporcionar aos integrantes do grupo, que até então, na sua maioria, não possuíam contato com obras da construção civil, o conhecimento prático do processo de construção. Observar detalhes técnicos da construção, materiais e equipamentos, conhecer um pouco do processo planejamento e execução e do dia-a-dia dos trabalhadores num canteiro de obra, incluindo aspectos de segurança do trabalho e verificar se a obra está dentro das normas. A atividade de visita técnica visa o encontro do acadêmico com o universo profissional, proporcionando aos participantes uma formação mais ampla. A realização destas é de extrema relevância para os alunos da graduação. Nela, é possível observar o ambiente real de uma construção, além de ser possível verificar sua dinâmica e organização. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Durante a visita, o grupo observou a concretagem da laje, feito com concreto usinado. É de suma importância conhecer a concretagem da laje, pois é considerado um ponto crítico e muitas vezes negligenciado nas obras. Também foi verificado se a mesma foi executada conforme a norma vigente, sendo seguida rigorosamente. 3. A OBRA I. O empreendimento consiste em um edifício residencial, com dois níveis de garagem e quatro pavimentos, sendo dois apartamentos por andar. II. A obra teve início em 05/05/2017 e tem término previsto pra dezembro de 2018. III. São 10 funcionários fixos, dentre pedreiros, serventes e carpinteiros. IV. Em frente à obra há uma escola pública de Educação Infantil. V. Do lado direito obra será construído em breve outro edifício, idêntico a esse. VI. O valor estimado total é cerca de R$ 1.600.000,00. 4. ATIVIDADES OBSERVADAS NA VISITA À OBRA Durante as visitas, o grupo pode observar às diversas etapas de uma obra, como a preparação das armaduras, conforme projeto, a finalização da colocação das fôrmas e o processo de concreto usinado, desde a chegada do caminhão a obra até o despejo do mesmo nas fôrmas. Observou-se também a construção de alvenaria de vedação. Para coletar os dados, o grupo fez diversas perguntas aos funcionários responsáveis por cada etapa e foi acompanhado pelo mestre de obra, sob orientação. 4.1 FÔRMA As fôrmas são de grande importância para a construção civil, pois desempenham funções de moldagem das estruturas de concreto, servem de suporte para o posicionamento da armação e são responsáveis por resistirem aos esforços do concreto fresco como peso próprio e sobrecargas acidentais. Além de que, as fôrmas devem seguir as orientações do projeto. Na obra visitada, as fôrmas foram executadas com maderite plastificado e tábua de pino, e no escoramento foi usado troncos de eucalipto. A amarração da fôrma foi feita com arame. Há aproveitamento de fôrmas na obra, assim que é retirada já é colocada na laje superior, visto que tem menor custo do material, porém tem maior custo da mão de obra. Não foi usado desmoldante, e segundo o mestre de obra não houve dificuldade para a retirada da fôrma. Figura 1 – detalhe do escoramento. Para cada laje, usou-se 220 m de fôrma, com valor R$ 17 reais o metro cúbico de forro e um total de R$ 3740,00. A fôrma é retirada de 12 a 15 depois de feita a concretagem. Figura 2 – detalhe das fôrmas. As principais recomendações da NBR 14931, item 7, foram seguidas na execução das fôrmas, porém de acordo com o item 7.2.7 “agentes desmoldantes devem ser aplicados de acordo com as especificações do fabricante e normas nacionais, devendo ser evitados o excesso ou a falta do desmoldante.”, já que o grande objetivo da utilização do desmoldante é facilitar o processo de retirada das fôrmas. A facilidade de desforma acontece graças à formação de uma película muita fina entre a estrutura de concreto e a fôrma. Segundo o item 7.2.1 “o uso adequado possibilita o reaproveitamento de fôrmas e dos materiais utilizados para sua construção. No entanto, em um processo de utilização sucessiva, devem ser verificadas as características e principalmente a capacidade resistente da fôrma e do material que a constitui.”, na obra as fôrmas foram guardadas empilhadas e sob ação do sol e chuva, o que pode interferir nas suas características. E também de acordo com o item 10.2.3 “A retirada do escoramento e das formas deve serefetuada sem choques e obedecer ao plano de desforma elaborado de acordo com o tipo da estrutura.”, o que não ocorreu visto que a desforma é realizada dias antes do estabelecido pelo projeto. Figura 3- estocagem das fôrmas. 4.2 AÇO A verdadeira revolução do uso do aço na construção civil ocorreu no final do século XIX com o surgimento do concreto armado. O concreto armado utiliza as vantagens do concreto, que são sua alta resistência às tensões de compressão, com as vantagens do aço que são sua alta resistência às trações. O uso do aço proporcionou uma revolução nos padrões arquitetônicos, não só pelo tamanho das estruturas que agora são possíveis, mas principalmente pelo melhor aproveitamento do espaço e tempo. Largamente usado na construção civil, o aço pode estar presente como parte das obras ou como material principal. Dentre as vantagens do aço estão: • Possibilidade de reciclagem: o aço tem alto valor de revenda e pode ser derretido para a confecção de outras peças. • Maior área útil e distância entre vãos: os pilares e as vigas são mais delgados do que os equivalentes de concreto. • Flexibilidade. • Alta resistência do material nos diversos estados de solicitação, tração, compressão, flexão. Na obra visitada, não se estoca aço. A compra é feita a partir do andamento da obra. Quando o aço chega à obra já é preparado e logo utilizado. Foram usados aço CA50 de diâmetro 10,0 mm; 12,5 mm; 16,0 mm e 20,0 mm e aço CA60 de 5,0 mm. Nos cômodos maiores usou-se aço de maior bitola por causa do tamanho do vão, segundo o mestre de obra. Figura 4- aços de diferentes bitolas na armadura. O peso total de aço CA50 usado foi de 685,4 kg e de aço CA60 foi de 98,4 kg. No total da obra serão gastos aproximadamente 4702,8 kg de aço de variadas bitolas e diâmetro. Comprando-se o kg de aço a R$ 1,70 o custo final e total de aço será R$ 7994,76. Figura 5 – detalhe da armadura e pilares. O aço utilizado em obra (seja ele em barras, telas, fios, cordoalhas ou luvas) precisa possuir certificação da sua qualidade pelo fabricante de acordo com as normas técnicas específicas. Esse certificado de qualidade deve vir junto com a nota fiscal e nele conter os resultados exigidos pelas normas técnicas, por exemplo, deve atender às NBR 6439, NBR 7480, NBR 7481, NBR 7482 e NBR 7483. 4.3 CONCRETO O concreto usinado, o qual foi utilizado na obra, tem conquistado diversos adeptos por uma grande característica que é a praticidade que ele traz aos procedimentos de concretagem ao longo da obra, além do maior controle da qualidade e redução do espaço destinado ao estoque. Por se tratar de um produto industrializado o concreto chega à obra pronto para ser lançado nas fôrmas previamente preparadas. Isso facilita os procedimentos necessários para esta importante etapa da obra, além do grande volume comportado pelos caminhões betoneiras, que possibilitam um consumo maior de concreto com mão de obra reduzida na obra. Entretanto, é importante planejar a chegada dos caminhões na obra, conforme a quantidade de concreto necessária, de modo que não ocorra atraso na chegada do material e nem que o mesmo fique esperando dentro do caminhão betoneira por tempo demasiado. O caminhão chegou à obra no horário pré- estabelecido para ser feita a concretagem. Figura 6- caminhão betoneira fazendo a concretagem. “A central deve assumir a responsabilidade pelo serviço e cumprir as prescrições relativas às etapas de preparo do concreto”, como visto na NBR 12655. De acordo com a NBR 14931, item 5, “A execução da estrutura de concreto deve ser baseada em projetos de estruturas e de fundações, elaborados de acordo com o que estabelecem as Normas Brasileiras (por exemplo, ABNT NBR 6118, ABNT NBR 6122, ABNT NBR 7187 e outras).” “Nas especificações de projeto devem ser apresentadas todas as informações necessárias e todos os requisitos técnicos para a execução da estrutura de concreto” e “antes do início da execução de qualquer parte da estrutura de concreto, as especificações de projeto relativas a essa parte devem estar completas e disponíveis”, item 5.2.1. Alterações foram feitas nos pilares, depois do projeto já apresentado. Figura 7- projeto da laje Já no item 9.5, “antes da aplicação do concreto, deve ser feita a remoção cuidadosa de detritos. O concreto deve ser lançado e adensado de modo que toda a armadura, além dos componentes embutidos previstos no projeto, sejam adequadamente envolvidos na massa de concreto”, o que foi observado durante a concretagem. Na obra foram gastos 32 m³ de concreto com o FCK 30 Mpa para as lajes dos pavimentos e 60 m³ de concreto com o FCK 40 Mpa para os níveis de garagem, com valor de R$ 195,00 o metro cúbico, gerando um total de R$ 6240,00. Na concretagem da laje que o grupo observou, pediu-se 32,5 m³ de concreto com o FCK 30 Mpa, visto que na laje inferior, faltou concreto. Retirou-se corpo de prova de todas as lajes e também foi realizado o Slump Test, que é realizado para verificar a trabalhabilidade do concreto em seu estado plástico, buscando medir sua consistência e avaliar se está adequado para o uso a que se destina. Figura 8 – corpos de prova. 4.4 ALVENARIA A alvenaria de vedação é um sistema construtivo em que o bloco desempenha a função de fechamento de uma estrutura e também faz a função de divisão de ambientes. É uma alvenaria que não é dimensionada para resistir a ações além de seu próprio peso. Os componentes de vedação podem ser blocos de concreto, blocos cerâmicos, painéis pré-moldados, entre outros. A maioria das edificações executadas pelo processo construtivo convencional (estrutura reticulada de concreto armado moldada no local) utiliza para o fechamento dos vãos, paredes de alvenaria. De acordo com a NBR 15270, item 4.4.1, “O bloco cerâmico de vedação não deve apresentar defeitos sistemáticos, tais como quebras, superfícies irregulares ou deformações que impeçam o seu emprego na função especificada.”, na obra o grupo observou que todos os blocos cerâmicos estavam em ótimo estado de conservação e aparência. Já no item 4.2,”O bloco cerâmico de vedação deve trazer, obrigatoriamente, gravado em uma das suas faces externas, a identificação do fabricante e do bloco, em baixo relevo ou reentrância, com caracteres de no mínimo 5 m de altura, sem que prejudique o seu uso.”, o que foi observado pelo grupo. Foram utilizados tijolos de 12 furos para parede externa, usado em pé e tijolos de 8 furos para área de serviço e divisão de quartos. Na garagem, usou-se tijolo deitado. Nas paredes feitas com tijolo deitado, usa-se em média de 19 tijolos por m² e nas paredes feitas com tijolo em pé, usa-se uma média de 16 tijolos por m². Compra-se tijolo à medida que vai gastando para o mesmo não ficar muito tempo estocado na obra. Todas as lajes são concretadas para ver então se usará encunhamento ou expansor. Figura 10- detalhe do vão na escada. Para executar o travamento de entroncamento das paredes foi usado encontro de ferro e também tela de aço. Os vãos na alvenaria que recebem janelas e portas são considerados regiões de concentração de tensões. Para reduzir o risco de surgirem fissuras nas paredes, é preciso, portanto, melhorar a distribuição das cargas. Isso é obtido com o uso das chamadas vergas e contravergas. As vergas ficam na parte de cima de toda porta, janela ou qualquer outra abertura e a contraverga fica na parte de baixo de janelas ou outro tipo de abertura que demande um peitoril. Tanto as vergas quanto as contravergasdevem ter um comprimento maior que a abertura e serem apoiadas dos dois lados na alvenaria de no mínimo 30 cm de cada lado do apoio, assim distribuindo corretamente as cargas. Podem ser feitas de uma peça pré-moldada de concreto ou de blocos canaletas que funcionam como forma para esses elementos da alvenaria. Na obra visitada, segundo o pedreiro, todas as portas e janelas estão sendo preparadas para receber as vergas e contravergas. Figura 11- janela pronta para receber verga e contraverga. 5. ANÁLISE CRÍTICA Durante as visitas, o grupo pode observar as principais etapas do processo construtivo de um edifício. Aparentemente todas as normas foram seguidas de forma coesa, o que traz qualidade a construção. Segundo informações passadas pelo mestre de obras e por alguns funcionários, o engenheiro responsável não costuma visitar a obra. Essa negligência pode determinar muitos prejuízos mais para frente, despesas desnecessárias, além de atrasos na entrega. Como há aproveitamento de fôrmas, as mesmas ficam estocadas na obra, porém de forma inadequada, o que poderia ser evitado e assim não comprometer e alterar suas características. Outro detalhe que chamou a atenção do grupo foi que as fôrmas só são retiradas dias depois como o previsto no projeto, o que pode causar prejuízos a laje. Pilares foram alterados, processo que ocorreu depois do projeto ser aprovado. O engenheiro fez as alterações porque segundo o mestre de obras ele achava que havia necessidade de reforço. Na concretagem da laje que o grupo observou foi pedido concreto a mais, visto que nas lajes inferiores foi necessário virar uma pequena quantidade de concreto na obra. Nem todos os funcionários fazem o uso de EPI’s na obra, como o uso de capacetes, óculos e viseiras de segurança, luvas e protetor auricular. O uso do EPI é fundamental para garantir a saúde e a proteção do trabalhador, evitando consequências negativas em casos de acidentes de trabalho. Além disso, o EPI também é usado para garantir que o profissional não será exposto a doenças ocupacionais, que podem comprometer a capacidade de trabalho e de vida dos profissionais durante e depois da fase ativa de trabalho. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS A visita foi de grande valor para o grupo, visto que alguns integrantes até então nunca tinham visitado um canteiro de obras. Foi possível relacionar a teoria ensinada em sala de aula com as visitas a obra. Esta atividade é imprescindível para a qualidade e o aperfeiçoamento do aprendizado profissional e tecnológico para uma futura aplicação na sociedade. Todos os funcionários se mostraram dispostos a responder todas as dúvidas do grupo, o que foi de suma importância para a realização deste trabalho. O cumprimento das normas se torna importantíssimo nas obras, porém podem ocorrer falhas e descumprimento de algumas dessas normas, muitas vezes http://www.saudeevida.com.br/preocupa-com-seguranca-no-trabalho/ para se ganhar tempo, o que poderia ser evitado, garantindo mais qualidade e economia na obra. 7. REFERÊNCIAS NBR 14931Execução de estruturas de concreto – procedimento. NBR 6439 Prova de carga direta sobre terreno de fundação – procedimentos. NBR 7480 Barras e fios de aço destinados a armaduras para concreto armado. NBR 7481 Tela de aço soldada – armadura para concreto. NBR 7482 Fios de aço para concreto protendido. NBR 7483 Cordoalhas de aço para concreto protendido – requisitos. NBR 15270 Blocos cerâmicos para alvenaria de vedação — Terminologia e requisitos.
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