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ARTIGO 6

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QUESTÕES – Artigo 6 – Traumas emocionais vs ritmos diferenciados de aprendizagem
1) Descrição :Faça uma síntese dospontos centrais do caso, etapa de contextualizaão. Nesta parte, pode-se inclusive, construir esquemas ou fluxogramas que resumam a história?
Em 2008, o Colégio Semear recebeu a aluna Ana que foi matriculada na 4ª Série/9 (antiga 3ª Série). No início do ano letivo, ao realizar a sondagem diagnóstica, a professora constatou dificuldades cognitivas significativas, principalmente na aquisição da escrita, na leitura, na compreensão de textos em geral e no raciocínio lógico-atemático. Além dessas dificuldades cognitivas, Ana se mostra retraída, constantemente se isola da turma e demonstra ter uma baixa autoestima. Tão logo a professora percebeu a gravidade do caso de Ana, comunicou à supervisão pedagógica para, juntas, buscaram alternativas para sanar as dificuldades, tentando evitar que essas prejudicassem ainda mais o desenvolvimento de Ana. Foram realizadas reuniões com os pais de Ana para obter informações sobre o seu histórico de vida. Após alguns encontros com a família, descobriu-se que Ana sempre foi uma criança desejada e amada pelos pais, é filha única, sempre teve muitos amigos, estudou em uma única escola da rede privada até que foi matriculada no Colégio Semear e os pais são sempre presentes em sua vida. Ao perguntar sobre o relacionamento de Ana com seus colegas e professores na escola anterior, os pais comentaram, dentre outros fatos, um episódio ocorrido, mas que acreditavam que em nada ajudaria no caso, entretanto relataram: “Ana sempre foi muito extrovertida, brincalhona, esperta e participativa. Certa vez, a professora fez Ana passar a maior vergonha na frente de sua turma. Quando estava na 2ª Série/9 (antiga 1ª Série), ela produziu um pequeno texto e ficou com vergonha de ler a sua produção na frente de seus coleguinhas. A professora colocou tanto defeito na leitura de Ana e na sua produção, que ela começou a chorar e chegou a fazer xixi na calça e, por este motivo, ficou de castigo na sala, em pé, até sua roupa secar. Todos riram muito dela, mas acreditamos que ela já se esqueceu desse caso, pois nunca mais comentou nada sobre esse assunto. Gostávamos muito da escola, mas, infelizmente, tivemos que conter algumas despesas e, por isso, procuramos uma escola mais em conta para nossa filha. Mas não está adiantando pagar escola particular para Ana, pois parece que ela não gosta mais de estudar e tem muita dificuldade de aprender!” Após esta relevante descoberta, foi possível detectar mais facilmente as possíveis origens dos problemas de Ana. Buscando alternativas, a supervisora e a professora criaram estratégias diferenciadas para atender Ana, Nesse propósito, professora e supervisora pesquisaram diferentes autores tais como Piaget, Vygotsky e Emília Ferreiro entre outros, elaboraram e organizaram uma série de situações de aprendizagem, oficinas, trabalho com jogos, dinâmicas que elevavam a sua auto-estima, promoviam o aprendizado, além de envolver a família de Ana neste processo. O êxito deste processo foi a curto prazo e, portanto, excluiu-se a possibilidade da intervenção de outro profissional como um psicopedagogo, por exemplo. Ana avançou bastante em suas limitações e está em contínuo processo de melhorias. Conclui-se, assim, que uma intervenção adequada do professor e supervisor, que se tornaram sensíveis às necessidades da aluna, acreditaram em seu potencial, trabalharam com sua auto-estima e investiram tempo para que ela pudesse superar suas dificuldades, foi de extrema importância para que Ana deixasse a condição de “aluna rotulada como problema” e passasse à condição de uma aluna vencedora, que superou suas dificuldades e que, bem provavelmente, trilhará seus passos na educação com total êxito.
2) Análise e Reflexão: Articule os dados trazidos no relato do caso com os conteúdos estudados na psicologia da aprendizagem (Piaget, Vygotski, Wallon, Ausubel, Paulo Freire, Emília Ferreira.)?
No caso da Ana os fatores ambientais foram o que levaram ao desenvolvimento dessa dificuldade cognitiva que envolveu os estímulos oferecidos a criança tanto no ambiente familiar como no escolar, materiais e metodologia de ensino. Em relação aos aspectos psicológicos.
Vygotsky: o desenvolvimento cognitivo do aluno se dá por meio da interação social, ou seja, de sua interação com outros indivíduos e com o meio.Para substancialidade, no mínimo duas pessoas devem estar envolvidas ativamente trocando experiência e idéias.A interação entre os indivíduos possibilita a geração de novas experiências e conhecimento.A aprendizagem é uma experiência social, mediada pela utilização de instrumentos e signos, de acordo com os conceitos utilizados pelo próprio autor. Um signo, dessa forma, seria algo que significaria alguma coisa para o indivíduo, como a linguagem falada e a escrita. A aprendizagem é uma experiência social, a qual é mediada pela interação entre a linguagem e a ação. O professor deve mediar a aprendizagem utilizando estratégias que levem o aluno a tornar-se independente e estimule o conhecimento potencial, de modo a criar uma nova ZDP a todo momento. O professor pode fazer isso estimulando o trabalho com grupos e utilizando técnicas para motivar, facilitar a aprendizagem e diminuir a sensação de solidão do aluno.Mas este professor também deve estar atento para permitir que este aluno construa seu conhecimento em grupo com participação ativa e a cooperação de todos os envolvido.
Wallon: de desenvolvimento infantil propicia uma compreensão sobre as condutas individuais e é uma fonte de inspiração para a escola à medida que aponta a importância do professor para a formação do ser humano. Sua participação nos movimentos pedagógicos revela sua preocupação com uma sociedade democrática, justa, solidária. Valorizava o trabalho em equipe, a cooperação.  Para ele, o professor deve estabelecer uma boa relação com o aluno, colocando-se no papel de líder do grupo, permitindo a autonomia da criança ou adolescente. Para Wallon, a afetividade e a cognição são processos indissociáveis, que se alternam em diferentes aprendizagens e estão em constante movimento, por toda a vida do indivíduo.
Ausubel: leva em conta a história do sujeito e ressalta o papel dos docentes na proposição de situações que favoreçam a aprendizagem. De acordo com ele, há duas condições para que a aprendizagem significativa ocorra: o conteúdo a ser ensinado deve ser potencialmente revelador e o estudante precisa estar disposto a relacionar o material de maneira consistente e não arbitrária.
Paulo Freire: traz uma proposta antiautoritária, onde professores e alunos ensinam e aprendem juntos, engajados num diálogo permanente. Esse processo não deve estar presente apenas na sala de aula, mas em um círculo cultural constante. Para Freire o educador ao ensinar aprende, havendo uma transferência de conhecimento entre educador e educando.
Emilia Ferreiro se tornou uma espécie de referência para o ensino brasileiro e seu nome passou a ser ligado ao construtivismo, campo de estudo inaugurado pelas descobertas a que chegou o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) na investigação dos processos de aquisição e elaboração de conhecimento pela criança - ou seja, de que modo ela aprende. As pesquisas de Emilia Ferreiro, que estudou e trabalhou com Piaget, concentram o foco nos mecanismos cognitivos relacionados à leitura e à escrita. De maneira equivocada, muitos consideram o construtivismo um método. O princípio de que o processo de conhecimento por parte da criança deve ser gradual corresponde aos mecanismos deduzidos por Piaget, segundo os quais cada salto cognitivo depende de uma assimilação e de uma reacomodação dos esquemas internos, que necessariamente levam tempo. É por utilizar esses esquemas internos, e não simplesmente repetir o que ouvem que as crianças interpretam o ensino recebido. No caso da alfabetização isso implica uma transformação da escrita convencional dos adultos.
Estes teóricos vem alertar que as crianças respondememocionalmente diante de diferentes situações como divórcios, problemas familiares, superproteção, rivalidade entre irmãos, morte de pessoas próximas, situações novas, etc. Devemos estar muito atentos às reações das crianças, buscando a forma de ajudá-las a manejar e elaborar estas situações, já que podem ser afetados diferentes âmbitos da sua vida, incluindo a aprendizagem. Este aspecto envolve principalmente a autoestima, ansiedade e como a criança consegue se autorregular diante de suas vivências sejam elas positivas ou negativas.
3) Intervenções: Proponha ações/intervenções psicológicas que podem ser realizadas frente ao caso apresentado?
· Uma reunião inicial com a equipe pedagógica (orientadores e supervisores e direção, assim como professores) é mais que necessária. Faz-se importante deixar claro qual visão de sujeito o psicólogo tem o que pensa acerca da aprendizagem e quais estratégias diferenciadas tem a oferecer além do esperado atendimento individual na sala do psicólogo.
· Faz-se necessário conhecer o Projeto Político Pedagógico da Escola e participar da sua atualização.
· Trabalhar junto à equipe pedagógica em espaços semanais ou quinzenais de diálogo com os professores (intervenção mediada) a fim de juntos criarem novos significados as situações cotidianas de sala de aula, eliminando a possibilidade de estigmatizar os alunos com dificuldade de aprendizagem.
· Criar espaços de discussão acerca das teorias de aprendizagem em Paradas Pedagógicas, sempre vislumbrando o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola e a prática pedagógica.
· O envolvimento de pais e educadores no processo de formação e educação das crianças e adolescentes: quando pensamos em processo de formação dos alunos não podemos excluir a participação ativa das famílias e, certamente, dos educadores. Envolver a família, co-responsável no processo de educação de seus filhos e filhas, a fim de que se possa colher dados acerca do outro sistema direto em que participa o aluno é mais que necessário.
· Possibilidade de Intervenção: em entrevista com a família levantar dados acerca das seguintes questões: autonomia X dependência; limites; autoritarismo X autoridade; relacionamento cognitivo e emocional na família, com o objetivo de resignificar os relacionamentos intra-familiar. Junto com a família, em encontros sistematizados, refletir sobre a função da dificuldade de aprendizagem neste momento do ciclo de vida familiar, criando estratégias com pais e cuidadores que possibilitem o sucesso escolar da criança.
· Confrontar família e professor quando necessário, criando um espaço de dialogo franco acerca das dificuldades de todos, não só do aluno, diluindo no s sistemas a “culpa” pelo fracasso escolar. Assim, outra armadilha é enfraquecida: “a culpa sempre é da família”.Unir pais e professores no processo educacional das crianças em estratégias cognitivas que contem com a participação de ambas as partes.
· O Psicólogo Escolar, questionador, curioso e acima de tudo assumindo uma posição investigativa, pode criar junto à equipe uma estratégia de intervenção colaborativa, na qual todos têm influência sobre o aluno, assim como sofrem influência mutuamente

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