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Metodologia da Pesquisa Científica
Ementa
Ementa
Pesquisa: conceito, dimensões e características básicas. Tipos de conhecimento associados à
ciência e a não ciência. Dimensões do pensar autônomo e da atitude de pesquisa. Paradigmas em
ciência e método científico. Pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa: conceitos,
características e abordagens práticas. Hipótese, variável, indicadores, população e amostra.
Classificação e tipologia de pesquisas: survey, pesquisa experimental, pesquisa não experimental
ou ex post facto, pesquisa bibliográfica, pesquisa participante, estudo de caso, pesquisa-ação,
pesquisa participante. Instrumentos de coleta de dados: entrevista semi-estruturada,
questionário, análise documental, observação sistemática, grupo focal. Perspectivas de análise e
interpretação dos dados em pesquisas quantitativas e qualitativas: gráficos, tabelas, análise de
conteúdo e triangulação.
Objetivos
Geral
Analisar diferentes métodos, abordagens, tipos e procedimentos de pesquisa, ressaltando suas
possibilidades de aplicação prática em situações diversas e suas exigências na produção de
trabalhos científicos.
Específicos
Ao final do estudo desta unidade, você estará apto a:
Reconhecer a pesquisa como processo de investigação crítica da realidade, destacando
suas principais dimensões e características.
Estabelecer relação entre paradigmas e método científico, ressaltando a expressão
destes dois conceitos em trabalhos científicos diversos.
Caracterizar as abordagens qualitativa e quantitativa de pesquisa, ressaltando seus
pressupostos e princípios de complementaridade.
Caracterizar os diferentes tipos de pesquisa de forma articulada às abordagens
quantitativa e qualitativa de investigação científica.
Analisar conceitos importantes para a realização de diferentes tipos pesquisas,
ressaltando especificidades e relações em sua utilização.
Reconhecer as características básicas do survey, da pesquisa experimental e da pesquisa
não experimental ou ex post facto, ressaltando especificidades a serem consideradas em
seu planejamento e aplicação.
Analisar os princípios e características básicas da pesquisa bibliográfica e da pesquisa
documental, destacando especificidades em seu planejamento e aplicação.
Analisar importância, características e princípios de construção e aplicação de diferentes
instrumentos de coleta de dados.
Analisar diferentes perspectivas de análise e interpretação de dados que possam ser
utilizados em pesquisas de natureza quantitativa e qualitativa.
Reconhecer e aplicar princípios e técnicas adequadas à apresentação do Trabalho de
Conclusão de Curso, como componente curricular obrigatório.
Contextualização
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O tema pesquisa tem sido discutido em vários componentes curriculares do seu curso. Dizemos
isso porque, do ponto de vista acadêmico e pedagógico, o ensino deve acontecer de maneira
articulada à pesquisa. Para tanto, isso ora acontece de maneira mais explícita, ora de forma
menos evidente, mas nos dois casos a pesquisa acaba assumindo um caráter formativo.
A preocupação com o caráter formativo da pesquisa existe em todas as áreas do conhecimento,
sejam aquelas vinculadas às ciências exatas – Matemática, Estatística, Física, Química etc., seja
aquelas ditas ciências sociais e humanas, como por exemplo, História, Geografia, Sociologia,
Antropologia e Educação. Especialmente neste último caso, os avanços da literatura pedagógica
têm levado ao reconhecimento da necessidade de a prática pedagógica desenvolvida pelos
professores das mais variadas áreas, se constituir, de fato, em objeto permanente de reflexão e,
portanto, de pesquisa.
Nesse sentido, você já vem, inclusive, realizando atividades de pesquisa em seu curso, pois estas
podem acontecer das maneiras mais diversas, e em níveis variados dependendo do objetivo
definido para elas. Por exemplo: caso você realize um curso de Física ou Química, já pode ter
feito experimentos laboratoriais, apoiando-se na literatura da área. No caso de seu curso ser
História, você pode ter sido levado a consultar documentos de diferentes épocas, o que constitui
uma atividade de pesquisa documental, tema que discutiremos na aula 7. Todavia, se realiza um
curso de Geografia pode ter realizado atividades de campo, visando a conhecer determinados
tipos de solo (arenoso, argiloso,...) e a vegetação presente em determinado espaço físico. Mas
se estuda Pedagogia, pode ter realizado observações em turmas variadas de alunos de anos
iniciais do Ensino Fundamental com o objetivo de compreender de que forma eles estão sendo
alfabetizados.
Entretanto, neste componente curricular – Metodologia da Pesquisa Científica – você terá a
oportunidade de sistematizar um pouco mais as reflexões a respeito da atividade de pesquisa, de
maneira mais geral. Em todas as suas onze aulas, a reflexão proposta é acompanhada de
exemplos práticos que visam, fundamentalmente, ilustrar as discussões feitas, de maneira a
facilitar a compreensão dos temas abordados, à medida que se propõem a articular a relação
teoria e prática.
Assim, de início, é importante que você examine o esquema apresentado a seguir, que sintetiza
os vários temas tratados neste componente curricular. Nele a reflexão proposta é agrupada em
seis grandes blocos ou preocupações centrais, distribuídos em onze aula:
1.
2.
3.
4.
5.
Construção de conceitos básicos relativos ao ato de pesquisa.
Utilização de ferramentas adequadas para a definição de um problema.
Caracterização de abordagens e tipos variados de pesquisa.
Diferenciação e uso de instrumentos variados de coleta de dados.
Compreensão de diferentes perspectivas de análise e interpretações de dados coletados
em pesquisas quantitativas e qualitativas.
6. Orientações gerais a respeito da apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC),
que se constituirá em atividade de pesquisa realizada por você.
Visão esquemática da disciplina Metodologia da Pesquisa Científica
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Como você pôde observar no referido esquema, e unidade tratará, nas primeiras aulas, de temas
mais gerais de pesquisa – tanto do ponto de vista conceitual quanto metodológico – avançando,
nas demais, para uma reflexão mais detalhada a respeito de diferentes tipos de pesquisa, bem
como de formas de coletar, organizar e interpretar os dados. A articulação desses temas
resultará, na última aula, em orientações práticas de como apresentar o Trabalho de Conclusão
de Curso, componente curricular obrigatório do seu curso.
Bom estudo!
Aula 01 - Pesquisa: Conceito, Dimensões e Características
Básicas
Caro (a) estudante, você já se perguntou por que, muitas vezes, pensamos a atividade de
pesquisa como algo desenvolvido apenas em laboratórios, em meio a aparelhagens sofisticadas e
cientistas com suas complexas teorias? De fato, nesse ambiente, pode ser realizado um grande
número de pesquisas visando a dar conta das necessidades que aparecem nas diversas áreas da
vida humana. Entretanto, a pesquisa não se resume a estes espaços, apesar de neles ser
realizada de maneira extremamente importante para a humanidade.
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Na realidade, a pesquisa acontece também orientada por diferentes procedimentos e em espaços
variados, como por exemplo, a escola, seja ela destinada a atender alunos de Educação Básica
(Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) ou de Educação Superior, ofertada em
Universidades, Centros Universitários, Faculdades ou InstitutosFederais de Educação
Tecnológica.
Todavia, nesses e em outros espaços educativos, a pesquisa se constrói por meio de um discurso
de natureza científica e sistemática. Por isso, nesta primeira aula discutiremos o conceito de
pesquisa, os tipos de conhecimento e os discursos associados à ciência. Além disso,
enfatizaremos as dimensões do pensar autônomo e da atitude de pesquisa, em uma visão mais
ampla.
1.1 Conceito e Características do Processo de Pesquisa
Você já se perguntou também a respeito do que significa a palavra pesquisa? Caso procuremos
seu significado, por exemplo, em dicionários encontraremos respostas como a seguinte:
1. Ato ou efeito de pesquisar. 2. Indagação ou busca minuciosa para averiguação
da realidade; investigação, inquirição. 3. Investigação e estudo, minudentes e
sistemáticos, com o fim de descobrir ou estabelecer fatos ou princípios relativos a
um campo qualquer do conhecimento. (FERREIRA, 1995, p. 502)
Como sabemos, este sentido da pesquisa é etimológico, pois está relacionado basicamente ao
próprio sentido da palavra. Por isso, com o intuito de ampliar a compreensão do termo, a mesma
fonte apresenta alguns exemplos de pesquisa:
Pesquisa de mercado: Levantamento e análise de informações referentes às
tendências e preferências dos consumidores, em geral visando facilitar as vendas
de um produto.
Pesquisa de motivação: A que tem por fim conhecer mais em profundidade a
reação psicológica do público a um dado produto; marca, acontecimento ou
serviço.
Pesquisa de opinião: Levantamento de dados sobre as opiniões do público, ou de
certo grupo, acerca de determinado assunto.
Pesquisa e desenvolvimento: Conjunto de atividades visando à introdução de
inovações técnicas no processo produtivo (novos produtos, métodos de
produção, materiais, etc.), abrangendo desde a concepção inicial até os testes
de sua utilização efetiva.
Pesquisa operacional: Conjunto de técnicas de análise de problemas de
otimização, em economia e administração, com uso de métodos matemáticos.
(FERREIRA, 1995, p. 503)
Observe como os exemplos de pesquisa apresentados dizem respeito a diferentes áreas da vida
humana. Alem disso, todos eles mencionam algumas palavras ou expressões que, na realidade,
fazem parte do próprio campo da pesquisa, em geral, como por exemplo, “análise de
informações”, “conhecer com mais profundidade”, “levantamento de dados”, “conjunto de
técnicas de técnicas de análise de problemas” e “métodos”.
Essas e outras expressões nos ajudam a compreender a pesquisa como toda atividade voltada
para a solução de problemas. Veja que, desse ponto de vista, a pesquisa pode ser concebida
como toda atividade voltada para a busca de solução de determinado problema. Por isso, dizemos
que ela corresponde a uma atitude de indagação, investigação e inquirição da realidade,
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permitindo a construção e aquisição de conhecimentos que contribuam para a tomada de decisão
pelos indivíduos visando a responder situações diversas de sua vida.
Importante!
A pesquisa é uma atividade que vai permitir ao homem, no âmbito do saber científico, elaborar um
conhecimento, ou um conjunto de conhecimentos, que o auxilie na compreensão da realidade e o
oriente em suas ações.
Portanto, a pesquisa é algo que acompanha o homem ao longo de sua evolução. Por exemplo:
nos tempos atuais, nossa vida é altamente influenciada por resultados de estudos desenvolvidos
nos mais variados setores. Veja como Bortoni-Ricardo (2009) chama a atenção para esta
questão:
[...] o alimento que consumimos é resultado da pesquisa em agronomia para a
produção de cereais, verduras e frutos e da pesquisa genética para a produção
de proteínas animais; a roupa que vestimos, os meios de transporte que usamos,
os cuidados com a saúde, os eletrodomésticos de que nos servimos e, em
especial, os meios de comunicação - que experimentaram uma verdadeira
revolução no final do século passado com o desenvolvimento da informática e o
advento da internet -, enfim, tudo o que nos cerca em nossa rotina diária é
produto da evolução científica. (p. 11)
Então, a pesquisa possui um grande compromisso para com a vida humana. Segundo Pimenta,
Ghedin e Franco (2006), a responsabilidade de toda pesquisa é fazer o conhecimento avançar,
além de contribuir para o pensamento crítico; ela é essencial para os indivíduos, pois lhes permite
conhecer a realidade na qual vivem e atuam. A grande importância da pesquisa está associada,
por exemplo, ao fato de ela subsidiar as soluções dos problemas da humanidade, visto que seus
resultados não visam a beneficiar apenas um indivíduo ou um grupo, mas a coletividade.
A pesquisa é, portanto, um meio de aperfeiçoamento da própria vida humana, em diversos
sentidos, ocorrendo, porém, baseado na ciência. Por falar em ciência, sabemos que se trata de
um conceito complexo e abrangente. Todavia, em uma visão mais ampla, é possível dizer que a
ciência corresponde ao conjunto de atividades racionais, desenvolvidas por meio de
procedimentos sistemáticos, em relação a determinado objeto, capaz de ser submetido à
testagem ou à verificação. Essa testagem é exigida no caso específico de algumas pesquisas,
como veremos nas próximas aulas.
Importante!
A ciência é “[...] uma atividade voltada para a investigação de problemas teóricos ou práticos
por meio do emprego de processos científicos” (GIL, 2009, p. 57).
A ciência busca compreender a realidade de maneira racional, descobrindo relações universais e
necessárias entre os fenômenos, o que permite prever acontecimentos e, consequentemente,
também agir sobre a natureza. Para tanto, a ciência utiliza métodos rigorosos e atinge um tipo de
conhecimento sistemático, preciso e objetivo (ARANHA; MARTINS, 1992, p. 89).
A atitude de pesquisa contribui também para o próprio processo de mudança social, visto que
não se pode mudar o rumo de determinado problema ou situação somente pelo desejo de mudar:
é preciso pesquisar, investigar, questionar os fatos e fenômenos, sejam eles naturais ou sociais.
Por isso, dizemos que a pesquisa é uma importante ferramenta de desenvolvimento do
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pensamento crítico, de olhar e pensar a realidade, sendo referência importante para a tomada de
decisões.
Outra importante característica da pesquisa é a intencionalidade, que é considerada o elemento
que motiva o pesquisador a elaborar conhecimentos que lhe possibilitem compreender e
transformar a realidade. Em decorrência dessa intencionalidade, qualquer pesquisa está inserida
em determinado contexto histórico, político, social, cultural e econômico. Por sua vez, esse
contexto é construído e ligado a todo um conjunto de valores, ideologia e concepções de homem
e de mundo que fazem parte também daquele que exerce a própria investigação – o pesquisador.
1.2 Tipos de Conhecimento e Discursos Associados à Ciência e à Não
Ciência
Sabemos que existem várias maneiras de apreender a realidade, tanto no que se refere aos
fenômenos sociais quanto naturais. Dessa forma, analisaremos a seguir três tipos de
conhecimento – senso comum (popular), filosófico e científico. Lembramos, no entanto, que cada
um desses conhecimentos possui, à sua maneira, importância para a compreensão do mundo.
O senso comum mostra que o conhecimento humano não é algo exclusivo da razão. Na prática,
o conhecimento pode ser apreendido e construído também recorrendo a outros elementos – os
vários sentidos, a memória, hábitos, imaginação, crenças e desejos. Porém, mesmo sendo
importante, de maneira geral, o conhecimento do senso comum mostra-se como algo irrefletido,
de concepções fragmentadas.
Importante!
Chamamos senso comum (ou conhecimentoespontâneo, ou conhecimento vulgar) a essa primeira
compreensão do mundo resultante da herança fecunda de um grupo social e das experiências
atuais que continuam sendo efetuadas. Pelo senso comum, fazemos julgamentos, estabelecemos
projetos de vida, adquirimos convicções e confiança para o agir. (ARANHA; MARTINS, 1992, p.
56)
O conhecimento do senso comum tem origem nas relações cotidianas, passando de geração a
geração, motivo pelo qual também possui seu valor para a vida humana. Vejamos um exemplo
desse tipo de conhecimento:
Desde a Antiguidade, até nossos dias, um camponês, mesmo letrado e/ou
desprovido de outros conhecimentos, sabe o momento certo da semeadura, a
época da colheita, a necessidade de utilização de adubos, as providências a
serem tomadas para a defesa das plantações de ervas daninhas e pragas e o tipo
de solo adequado para as diferentes culturas. (LAKATOS; MARCONI, 1986, p. 27)
O segundo tipo de conhecimento aqui comentado é o filosófico, que procura compreender os
fenômenos naturais e humanos não na perspectiva da fragmentação deles – como faz o senso
comum –, mas de sua totalidade. Ao buscar uma visão de conjunto na interpretação desses
fenômenos, o conhecimento filosófico tem como preocupação central apreender o seu significado
mais profundo. Em decorrência disso, acaba emitindo juízos de valor a respeito de cada fato ou
ação, considerando a realidade como um todo. De acordo com Saviani (1996), esse tipo de
conhecimento possui três características fundamentais, explicitadas a seguir:
Radical: Em primeiro lugar, exige-se que o problema seja colocado em termos radicais,
entendida a palavra radical no seu sentido mais próprio e imediato. Quer dizer, é preciso
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que se vá até às raízes da questão, até seus fundamentos. Em outras palavras, exige-se
que se opere uma reflexão em profundidade.
Rigorosa: Em segundo lugar e como que para garantir a primeira exigência, deve-se
proceder com rigor, ou seja, sistematicamente, segundo métodos determinados,
colocando-se em questão as conclusões da sabedoria popular e as generalizações
apressadas que a ciência pode ensejar.
De conjunto: Em terceiro lugar, o problema não pode ser examinado de modo pardal, mas
numa perspectiva de conjunto, relacionando-se o aspecto em questão com os demais
aspectos do contexto em que está inserido. É neste ponto que a filosofia se distingue da
ciência de um modo mais marcante. Com efeito, ao contrário da ciência, a filosofia não
tem objeto determinado; ela dirige-se a qualquer aspecto da realidade, desde que seja
problemático; seu campo de ação é o problema, esteja onde estiver.
Após analisar essas três características, veja um exemplo de conhecimento filosófico, tomando
como referência os avanços científicos do mundo moderno: a reflexão ética acerca da indústria
de beleza que leva muitas pessoas a fazerem sucessivas cirurgias plásticas, com finalidade
meramente estética e não corretiva. Reflexões sobre este problema podem gerar
questionamentos diversos capazes de levar as pessoas a indagarem a respeito do crescimento
expressivo dessa indústria em várias partes do mundo e de suas repercussões sobre o seu
comportamento.
Por sua vez, o conhecimento científico decorre da relação teoria-prática, no sentido de que o
homem teoriza, reflete, elabora argumentos e examina uma realidade, que apresenta fenômenos
repletos de contradições. Entretanto, esses fenômenos precisam ser investigados por meio de
uma reflexão rigorosa e sistemática. A definição a seguir sintetiza bem a natureza desse tipo de
conhecimento:
[...] o conhecimento científico é o que é produzido pela investigação científica.
Surge não apenas da necessidade de encontrar soluções para problemas de
ordem prática da vida diária, característica esta do conhecimento ordinário, mas
do desejo em fornecer explicações sistemáticas que possam ser testadas e
criticadas através de provas empíricas. (KOCHE, 2006, p. 17)
Em decorrência de sua natureza, o conhecimento científico assume algumas características
básicas: atendendo-se aos fatos, é analítico, comunicável, verificável, organizado e sistemático.
Além disso, mostra-se explicativo e depende de estudos desenvolvidos por meio de investigações
metódicas.
Leia no quadro a seguir as principais características dos três tipos de conhecimento comentados
anteriormente.
Popular (senso comum)
Valorativo
Reflexivo
Assistemático
Verificável
Falível
Inexato
Filosófico
Valorativo
Racional
Sistemático
Não verificável
Infalível
Exato
Científico
Real (factual)
Contingente
Sistemático
Verificável
Falível
Aproximadamente exato
Fonte: Trujillo (1974 apud MARCONI; LAKATOS, 2008, p. 77-78)
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