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fichamento O setting A criação de um novo espaço In ZIMERMAN, D E Manual de Técnica psicanalítica, uma re-visão

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O setting: A criação de um novo espaço. In ZIMERMAN, D. E. Manual de Técnica psicanalítica, uma re-visão - Porto Alegre: Artmed, 2004. Pag. 66 à 72
Nome: Elisandra Inocencia Faria
RA: T7331E-0
Data: 06/03/2020 
A idéia central do texto, gira em torno do Setting, o autor começa conceitualizando sobre a criação de um novo espaço tanto físico, quanto de uma atmosfera emocional, que propicie ao paciente uma experiência em que possa se estabelecer uma situação emocional única, rara e singular, definindo esse conceito como sendo a soma do processo psicanalítico de todos os procedimentos que irão se organizar e normatizar esses processos.
“O setting é um novo espaço, muitíssimo especial, que está sendo conquistado pelo paciente, no qual ele concede ao seu analista uma nova oportunidade de poder reviver com esse – à espera de outros significados e soluções – as antigas e penosas experiências afetivas que foram mal solucionadas em seu passado remoto” (ZIMERMAN, 2004).
Ou seja, uma aliança entre analista e analisando, resultante de uma combinação de regras, tanto aquelas que estão contidas no contrato analítico, quanto aquelas que irão aparecendo durante a evolução da análise, tais como: dias e horários estabelecidos, honorários e até mesmo um plano de férias, sendo importante aqui frisar que não deverá ser uma imposição somente do analista, e sim um acordo junto ao paciente, que também deverá participar como uma construção, pois estas poderão sofrer alterações variáveis pertencentes ao próprio setting que compõem esse campo analítico. O autor também destaca a relevância desse setting, como uma função muito ativa e determinante na evolução da análise, por servir como sendo um cenário de reprodução de velhas e novas experiências e não como uma mera situação formal e passiva que possa atropelar os princípios básicos de confiança, regulamentação e estabilidade, que possam cumprir com as combinações prévias e com uma certa flexibilidade.
Esse novo espaço, deverá possibilitar ao paciente a reprodução de vínculos transferenciais, tanto em seus aspectos infantis, quanto sua parte adulta que irá ajudar no crescimento e fortalecimento dessas partes frágieis e infantis.
O analista frente a esse paciente deverá criar uma atmosfera que proporcione o acolhimento, o respeito e a empatia, assim como ao mesmo tempo trabalhar com esse paciente com muita firmeza, e não com rigidez.
Zimerman (2004), apud F. Tustin (1981), afirma que se tratando de pacientes muito regressivos, como por exemplo o caso de crianças autistas, sugere que o setting terapêutico, deverá ser visto por este como uma incubadora, que irá acolher o “prematuro psicológico” para que este possa encontrar as gratificações básicas como: o calor, a compreensão, o amor e a paz, que esta criança ainda não realizou, ou se satisfez por algum motivo desde o nascer.
Destacando que antes o analista em seu enquadre se comportava como um mero observador neutro, que se atentava somente em entender, decodificar e interpretar o material trazido pelo paciente. E que ao contrário, hoje em dia é consensual que o terapeuta desenvolva junto ao paciente a partir de suas estruturas psíquicas, ideologias psicanalíticas e interpretações, atribuídas de sua personalidade e modo de ser, enfim sua “Pessoa Real” auxiliando o rumo da terapia.
Zimerman (2004), destaca que as funções terapêuticas do setting, vão muito além de uma medida prática, que há muitas particularidades invisíveis, sutilezas, armadilhas, transgressões a pessoa real do analista, como um novo modelo de identificação, podendo agir de uma forma positiva ou negativa, que irá depender no manejo técnico deste terapeuta, apresentando algumas características relevantes a essa prática: 
· o setting é o mesmo para qualquer tipo de paciente, se diferenciando um pouco no caso de crianças autistas ou outro paciente que esteja protegido por uma densa cápsula autística, o analista se portará de forma mais ativa que o habitual, e reflexível a algumas mudanças habituais, criando formas de aproximação;
· Ao paciente com autismo psicógeno, espera que o setting terapêutico funcione como uma incubadora, um útero psicológico, isto não quer dizer que o analista se comporte como uma mãe substituta, mas sim que permita condições de maternagem, contribuindo na suplementação de falhas e vazios, auxiliando a internalização de uma figura materna suficientemente boa;
· O setting deverá ser preservado ao máximo, principalmente em se tratando das necessidades de pacientes psicóticos; e também a preservação do enquadre respaldando-se nos argumentos analíticos;
· As regras auxiliam a promover uma delimitação entre o “eu” e os “outros”;
· O enquadre auxilia em desfazer fantasias do paciente, que sempre está em busca de uma ilusória simetria; 
· O analista deverá tomar cuidado em desvirtuar-se em uma excessiva rigidez, o que tornaria ainda mais sério um erro técnico;
· Deverá ficar claro que entre seres humanos não deve existir distinção entre analista e paciente, mas que em contrapartida na situação analítica é fundamental que os direitos e deveres de cada um devem ser diferenciados, para que não ocorra confusão e a terapia fracasse.
· O analista cuidará para não confundir a condição de ser uma pessoa humana, com a condição de não frustrar o paciente, com medo de o frustar, não provocando dores e atendendo todos os seus pedidos, tendo consciência que um bom analista quando necessário, frustra adequadamente seus pacientes; sendo assim o analista deverá mergulhar na depressão do paciente e suas partes psicóticas, evitando criar táticas de fugas, o que perpetuaria o estado de onipotência e reforçaria a condição de criança dependente deste paciente;
· O analista deve considerar o fato de que fazer alguns sacrifícios pessoais, poderia estar encobrindo uma atitude sedutora a serviço de seu narcisismo, com medo de ser rejeitado pelo analisando, desvirtuando assim a essência do processo analítico;
· Em outras situações, o analista cria obstáculos exagerados, repetindo uma provável conduta familiar que o paciente sofreu enquanto criança por parte dos pais, reforçando a crença do paciente de que consiga ganhar algo, pelo bom comportamento;
· Em outras palavras o analista deve perceber-se quando inconscientemente tenta sadicamente controlar o paciente;
· É relevante que o analista reconheça que frustações impostas pelo setting, desde que não sejam excessivamente exageradas ou incoerentes, são fundamentais para o desenvolvimento da capacidade do paciente pensar e simbolizar;
· A função mais nobre do setting é propiciar ao paciente, uma nova oportunidade de reexperimentar com seu analista, as experiências antigas, marcantes e conflituosas, que foram mal compreendidas e mal solucionadas pela criança do passado, e que poderá ressignificar tais experiências emocionais;
· A importância do setting manter-se inalterado, e o analista não estando destruído, deprimido e não revidando o paciente, apesar de todo sentimento e verbalização da agressividade sadia, significados pelo paciente como proibidos e perigosos;
· A importância do analista se sentir no controle da situação, podendo voltar a situação original, sempre que sentir necessidade;
· Inversão de pápeis onde o paciente toma o lugar do analista e este fica a mercê da dependência do paciente;
· Combinações formais que devem conduzir o setting, como por exemplo o número de sessões, para que o tratamento possa ser considerado analítico verdadeiramente, e que em contrapartida o analista possa ser flexível quanto ao número de sessões semanais, não se prendendo ao número de quatro ou cinco sessões semanais como no antigo modelo tradicional, ou seja, avaliar as necessidades de cada paciente individualmente
Com base no que foi apresentado, concluí-se que o setting terapêutico, constitui-se como uma moldura viva, envolvendo muita reflexão, técnicas e ética que poderão possibilitar o trabalho clínico analítico, onde o analista deverá desenvolver um olhar crítico a soma de todos esses processos conscientes e inconscientesaqui citados e exemplificados, e com constantes revisões nas teorias que embasam e ampliam essa técnica.

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