Prévia do material em texto
Estresse Oxidativo Radicais livres e espécies reativas de oxigênio conceito espécie química independente, com um ou mais elétrons não pareados em orbitais atômicos ou moleculares elétron livre em átomo de oxigênio, nitrogênio, carbono ou enxofre na natureza: oxigênio no estado fundamental (O2) e o óxido nítrico (.NO), um poluente da atmosfera e EDRF oxigênio no estado fundamental (O2) bi-radical, só reage com moléculas de configuração eletrônica semelhante a maioria das moléculas biológicas não é um bi-radical O2 não pode reagir alvos celulares não lesados oxigênio pode gerar espécies reativas por absorção energia ou transferência de elétrons espécies reativas por absorção energia oxigênio singlete (1O2) delta e sigma espécies eletronicamente excitadas poder oxidante maior do que O2 espécies reativas por transferência de elétrons redução do oxigênio a água redução em quatro etapas (elétron em cada etapa) formação do radical superóxido (O2 -), peróxido de hidrogênio (H2O2) e do radical hidroxila ( .OH) toxicidade do oxigênio devida as espécies reativas podem reagir com diversas moléculas biológicas e lesar diferentes estruturas celulares “espécie reativa de oxigênio” (ERO) usada para designar radicais livres e o H2O2 que não tem elétron não pareado radicais livres e EROs gerados por fontes externas radiação ionizante (raios X e gama) agentes químicos, por biotransformação gerados no organismo participam de processos fisiológicos (crescimento celular normal, morte celular programada e outros) produzidos sob o controle de sistemas antioxidantes aumento na produção pode resultar em efeitos deletérios radicais livres e EROs gerados nas células principalmente através da ação de enzimas solúveis ou ligadas as membranas celulares no citoplasma, mitocôndrias, retículo endoplasmático e núcleo das células aeróbicas capacidade de vias específicas para produzi-los varia dependendo do tipo de célula Geração de espécies reativas em sistemas biológicos Oxigênio singlete (1O2) excitação do oxigênio no estado triplete (3O2) ao seu estado singlete ( 1O2) requer energia térmica ou fotoquímica e pode ocorrer quando pigmentos (sensibilizadores) são iluminados na presença de (3O2) substâncias sensibilizadoras (bilirrubina, retinal, porfirinas, etc.) substâncias sensibilizadoras quando irradiadas com luz de comprimento de onda adequado são excitadas ao estado triplete transferem essa energia ao 3O2, convertendo-o em 1O2 sensibilizadores triplete e 1O2 podem reagir com diversas moléculas produzindo efeitos fotodinâmicos importantes em diversas situações biológicas por ex.:retinal ligado a rodopsina presente nos bastonetes da retina pode sensibilizar a produção de 1O2 ocorrência de lesões devido a exposição prolongada dos bastonetes da retina à luz em comprimentos de onda absorvíveis pela rodopsina Ânion radical superóxido (O2 -) gerado por reações de auto-oxidação hemoglobina, mioglobina e catecolaminas gerado por reações enzimáticas transporte de elétrons pelo sistema oxidase de função mista (processo de biotransformação de xenobióticos) sistema de transporte de elétrons na mitocôndria (respiração celular) células fagocitárias (neutrófilos, monócitos, macrófagos, e eosinófilos) ativadas, na reação inflamatória oxidante fraco e só penetra nas células através de canais aniônicos Peróxido de hidrogênio (H2O2) produzido por qualquer sistema gerador do ânion radical superóxido reação de dismutação O2 - + O2 - → H2O2 + O2 agente oxidante fraco capaz de oxidar grupamentos tiol (-SH), podendo inativar enzimas Radical hidroxila (.OH) espécie de oxigênio mais reativa grande potencial deletério, podendo: modificar as bases purínicas e pirimidínicas, levando a inativação ou mutação de DNA inativar proteínas, principalmente através da oxidação de seus grupamentos ditióis (_SH) em pontes dissulfeto (S_S) iniciar a peroxidação lipídica em ácido graxos poliinsaturados nas membranas celulares e lipoproteínas duas principais vias de produção de (.OH): radiações ionizantes (raios X e gama) no processo de radiólise da água reação de Haber-Weiss catalisada por ferro ou cobre reação entre o radical superóxido e peróxido de hidrogênio com participação de metais de transição reação de Haber-Weiss catalisada por metais de transição (ferro ou cobre) Mn + + O2 - → M(n - 1) + O2 M(n - 1) + H2O2 → Mn + + .OH + OH- ____________________________ O2 - + H2O2 → O2 + .OH + OH- Óxido nítrico (.NO) produzido no endotélio vascular (fator de relaxamento derivado do endotélio, EDRF), no cérebro e nas células fagocitárias atua como segundo mensageiro relaxamento dos vasos sanguíneos regulação da função imune neurotransmissor óxido nítrico potencialmente lesivo quando disponível em excesso, em alguns processos patológicos, (por ex. inflamação crônica) em algumas ocasiões radical superóxido reage com óxido nítrico resultando o peroxinitrito (ONOO-), um potente oxidante O2 - + .NO → ONOO- peroxinitrito pode reagir rapidamente com proteínas, lipídeos, carboidratos, ácidos nucléicos (alterando suas estruturas e funções) um de seus prováveis produtos de decomposição é o radical hidroxila a nocividade atribuída ao óxido nítrico se deve pelo menos em parte, a sua reação com o radical superóxido Peroxidação lipídica dano oxidativo observado com maior frequência ataque de espécies oxidantes a ácidos graxos poliinsaturados nas membranas celulares iniciação do complexo processo de peroxidação lipídica reação em cadeia compromete a estrutura da membrana celular danificando-a eventualmente, causa completa destruição da membrana com morte da célula Peroxidação lipídica iniciação: LH → L. propagação: L. + O2 → LOO . LOO. + LH → LOOH + L. Fe2+ LOOH → LO. + OH- Fe3+ LOOH → LOO. + H+ H+ término: LO. + LO. → 3 L=O + LOH H+ LOO. + LOO. → L=O + LOH + 1O2 Defesas antioxidantes enzimas antioxidantes, principais: (superóxido dismutase, glutationa peroxidase e catalase) superóxido dismutase (SOD) presente em todos os organismos aeróbicos catalisa a dismutação do radical superóxido: SOD 2 O2 - + H+ → O2 + H2O2 dois tipos: CuZn-SOD, no citoplasma das células Mn-SOD, na mitocôndria glutationa peroxidase (GPx) redução de hidroperóxidos orgânicos e inorgânicos (H2O2) através da glutationa reduzida (GSH) para formar glutationa oxidada (GSSG) e água (ou álcoois) GPX 2 GSH + H2O2 → GSSG + H2O continuidade do ciclo catalítico da GPx: redução da glutationa oxidada pela enzima glutationa redutase, via NADPH formado pela via das pentoses glutationa reduzida (GSH) tripeptídeo (glicina, cisteína e ácido glutâmico) concentrações milimolar em todas as células humanas sequestrador de .OH e 1O2 participa de processos de desintoxicação celular (biotransformação de xenobióticos) catalase localizada nos peroxissomos na maioria dos tecidos remove o peróxido de hidrogênio, catalisando sua redução à água e oxigênio molecular: catalase 2 H2O2 → 2 H2O + O2 específica para o H2O2 importante com altas concentrações de H2O2 Outros antioxidantes albumina ligante de íons cobre ou ferro inativa o ácido hipocloroso (oxidante liberado das células fagocitárias pela enzima mieloperoxidase) e ácido úrico produto final do metabolismo das purinas ligante de íons ferro ou cobre inativa radicais .OH, peroxila (ROO.), 1O2, ácido hipocloroso e outros α-tocoferol (vitamina E) se acumula nas membranas celulares transportado pelas lipoproteínas (LDL) no plasma sequestrador de O2 - e .OH, evita a iniciação da peroxidação lipídica interrompe a fase de propagação da lipoperoxidação nas membranas celulares radical tocoferil é regenerado a α-tocoferol pelo ácido ascórbico Flavonóides compostos poli-fenólicos antioxidantes potentes eliminam O2 - e .OH e ligam-se metais de transição in vitro, inibem a oxidação de LDL in vivo: hispidulina inibiu a hepatoxicidade por bromobenzeno silibina reduziu a hepatotoxicidade por ferro silimarina inibiu a hepatotoxicidade tanto por tetracloreto de carbono como por paracetamol tioredoxinas enzimas com ampla distribuição celular capaz de reduzir ligações dissulfeto (ligação S-S) de proteínas oxidadas em ditióis (2 grupos –SH) restaura a atividade dessas moléculas proteínas oxidadas degradadas com maior velocidade por proteosomos (enzimas proteolíticas presentes no citoplasma e mitocondria) existem mecanismos de reparo das lesões produzidas por espécies radicalares no DNA Estresse oxidativo é uma perturbação do equilíbrio entre os níveis de antioxidantes e de pró-oxidantes, com o predomínio destes últimos, a qual é potencialmente capaz de causar dano celular Estresse oxidativo redução dos sistemas antioxidantes ou aumento da geração de espécies oxidantes danos oxidativos em macromoléculas e estruturas celulares com alterarão da funcionalidade de células, tecidos e órgãos câncer, aterosclerose, lesões por isquemia e reperfusão, doenças autoimunes e inflamação crônica têm bases teórica e experimental, de um papel causal ou contribuidor dessas espécies reativas Inflamação em condições normais produção de EROs tem um alvo definido controlada por eficientes sistemas antioxidantes transformar-se em doença produção de EROs induzida por um estímulo anormal e foge ao controle, ocorrendo por tempo prolongado por ex.: artrite reumatóide e outras doenças caracterizadas como respostas inflamatórias crônicas