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Fisiologia Natália Furlaneto INTRODUÇÃO No envelhecimento: Aumento do dano oxidativo (pior se doenças presentes). Perda das funções mitocondriais. Há perda da capacidade do meio interno de se adaptar ao meio externo. Produção contínua de EROs ao longo da vida. ESPÉCIES REATIVAS Espécies reativas de oxigênio (EROs): responsável pelo estresse oxidativo. São produzidas a partir do metabolismo de O2. Espécies químicas de radicais livres (RLs): átomo ou molécula que possui elétron desemparelhado na camada de valência. Espécies químicas que não são radicais livres: geram ↑radioatividade sem apresentarem o desemparelhamento de elétrons. Espécies reativas de nitrogênio. ESTRESSE OXIDATIVO Desequilíbrio bioquímico entre oxidantes e antioxidantes em favor dos oxidantes, levando a um desarranjo da sinalização e do controle redox e/ou a um dano molecular. EROs ESTÍMULOS/VARIÁVEIS Exógenos: tabaco, álcool, estresse, poluição, sedentarismo, alimentação desequilibrada, radiação gama, medicamentos. Endógenos: produção por enzimas. - Principal: mitocôndria (nas cristas mitocondriais), durante a etapa de cadeia oxidativa. O O2 deveria receber 4 elétrons, ser reduzido e formar H2O. - Outros: citocromo P450 oxidase, xantina oxidase (XAO), NADPH oxidase (Nox). ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO (EROS) Resumo das transformações: O2 + e- = ânion superóxido + próton = H2O2 + metal = OH- ÂNION SUPERÓXIDO (O2•- ) CARACTERÍSTICAS: Meia-vida curta: rapidamente convertido em H2O2. Não é muito lesivo porque: é rapidamente degradado (efeito breve) e existe antioxidante p/ ele. Efeito local: baixa permeabilidade na membrana plasmática (MP). MECANISMO DE FORMAÇÃO: O2 da cadeia oxidativa complexo 4 desvio do O2 do metabolismo normal (1-5%) recebe elétrons ânion superóxido. Produzido nos complexos I e III da cadeia respiratória: O2 + e - → O2•- (ânion superóxido é o oxigênio que ganhou elétron!). PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO (H2O2) CARACTERÍSTICAS: Fraco oxidante com elevado potencial lesivo: atravessa membrana → efeitos distantes. Potencial mais lesivo que o ânion superóxido. Não apresenta e - desemparelhado na orbita externa. Existe antioxidante p/ ele. Participa da formação do OH• . MECANISMO DE FORMAÇÃO: Ânion superóxido recebe prótons (ação da SOD) se torna H2O2. O2 •- sofre dismutação espontânea ou catalisada pela superóxido desmutase (SOD). RADICAL HIDROXILA (OH•) CARACTERÍSTICAS: + lesivo de todos. Altera qualquer estrutura que esteja próxima a sua formação. NÃO existe antioxidante p/ ele. Meia vida muito curta dificulta sequestro por antioxidantes. MECANISMO DE FORMAÇÃO: H2O2 recebe um metal (ex: Fe) se torna OH-. ESPÉCIES REATIVAS DE NITROGÊNIO (ERN s) NADPH e O2 são os 2 cofatores da oxidação do aminoácido L- arginina em óxido nítrico (NO), que é neuromodulador do SNC, tem ação citotóxica contra agressores e estimula o relaxamento do endotélio. Reação catalisada pela enzima óxido nitrico sintase (NOS). Síntese a partir do aminoácido L-arginina. Cofatores: NADPH e O2. PEROXIDO NITRITO (ONOO-) CARACTERÍSTICAS: Intermediário altamente reativo. Atravessa a membrana plasmática. Altamente prejudicial às biomoléculas. Concentração regulada pela concentração de O2• (ânion superóxido). Pode conduzir à formação do OH•. MECANISMO DE FORMAÇÃO: ↑ EROS excesso de ânion superóxido + N forma 1ª espécie reativa de N peróxido nitrítrico (muito reativo). Envelhecimento e Espécies Reativas Normal/homeostase: são produzidos o tempo todo (na proliferação e diferenciação celular, sinalização intracelular, síntese de substâncias), mas há equilíbrio no organismo (adaptação metabólica e regulação da longevidade). Em excesso: gera estresse oxidativo. Ultrapassou a capacidade dos antioxidantes. ↑ EROs e ↓defesa. Danos em DNA, lipídeos e proteínas. É a base molecular dos processos degenerativos associados ao envelhecimento. Fisiologia Natália Furlaneto O2•- + NO• → ONOO– FORMAÇÃO DE OH• VIA NO• : ONOO- + H+ → OH• + NO2 DIÓXIDO DE NITROGÊNIO (NO 2) CARACTERÍSTICAS: Formação via exposição do NO• ao O2. Formação via protonação de peroxinitrito. Potente iniciador da peroxidação lipídica: agressão à MP, destruindo a bicamada lipídica. MECANISMO DE FORMAÇÃO: NO• + O2 → NO2 FORMAÇÃO DE NO2 VIA NO•: ONOO- + H+ PROTONAÇÃO → OH• + NO2 POTENCIAIS DESTRUIDORES DA MEMBRANA PLASMÁTICA NO2: faz peroxidação lipídica. PL ocorre por via enzimática (ciclo-oxigenases e peroxidases) e por via não enzimática (auto- oxidação). Ânion superóxido: ação local. Todos os componentes celulares são suscetíveis à ação das EROs e ERNs. Estrutura mais atingida é a membrana celular/plasmática. CONSEQUÊNCIA: Perda da permeabilidade seletiva: desequilíbrio hidroeletrolítico, liberação do conteúdo das organelas, morte celular (pela liberação de malonaldeído, que é citotóxico). Malonaldeído: É um aldeído, como o álcool. Sofre metabolização hepática: 1º é reduzido a acetaldeído (pior que o álcool) pela enzima alcooldesidrogenase. Ação: vasodilatação; citotóxico. SISTEMA DE DEFESA ANTIOXIDANTE No ser aeróbio. Objetivos: reduzir H2O2 e formar água p/ evitar formação do radical hidroxila (que não tem mecanismo de defesa). SISTEMA DE DEFESA ENZIMÁTICO - 3 ENZIMAS: Superóxido dismutase (SOD): faz reação de oxidação e depois redução. Converte o ânion superóxido em H2O2 e depois reduz à H2O. Faz dismutação. Catalase (CAT): reduz H2O2 em H2O + O2. Glutationa peroxidase (GPx): reduz H2O2 em H2O. SISTEMA DE DEFESA NÃO ENZIMÁTICO: Vitaminas lipossulúveis (A/β-caroteno, vitamina E/α-tocoferol). Vitaminas hidrossolúveis (C, B). Oligoelementos (zinco, cobre, selênio, magnésio). Bioflavonóides (derivados de vinho, chás, café, frutas, cacau, cereais, soja). Carotenoides (astaxantina, açafrão, mel). CONCLUSÕES SOBRE ANT IOXIDANTES Baixa concentração quando comparados aos substratos oxidáveis. Redução/supressão da geração de ERs e do dano molecular. Antioxidante enzimático: Mantem baixas as quantidades de O2 •- e de H2O2 → evitando assim a formação do radical HO• . Antioxidante não enzimático: em especial, dieta com substâncias antioxidantes. Envelhecimento reduzida capacidade endógena de defesa antioxidante → estresse oxidativo. Doenças crônicas: ineficiência do sistema antioxidante. Atividade física e dieta antioxidante: estratégias para aumentar defesa antioxidante. Envelhecimento com qualidade funcional e redução de doenças crônicas. ORGANISMO – EQUILÍBRIO: Entre produção de espécies reativas (ER) e a atividade de defesa antioxidante. Defesa não enzimática: nutrição (astaxantina) e exercício. ER > defesa = envelhecimento. - Substâncias antioxidantes + atividade física p/ tentar contrabalancear e evitar doenças cronicodegenerativas e câncer. - Pouca quantidade de antioxidante já consegue suprimir ER. RESTRIÇÃO CALÓRICA: Aumenta defesa antioxidante e aumenta anos de vida ao reduzir estresse oxidativo e EROS. CASOS CLÍNICOS 1) G.A. e G.B., gêmeas, 70 anos, partilham a mesma herança genética, mas apresentam comportamentos bem distintos. Dentre outras diferenças comportamentais, o nível de exercício físico, praticado pelas gêmeas, é o principal ponto que auxilia no entendimento do processo individual de envelhecimento. Enquanto G.A. é ativa (praticante de exercício físico aeróbio moderado) e apresenta ter idade cronológica inferior a real, G.B. é sedentária e parece muito mais “velha” do que realmente é. Frente a isso, responda a questão abaixo: a) O exercício físico de intensidade moderada desencadeia estresse oxidativo ao organismo. Contudo, após um período de adaptação, há redução da geração de espécies reativasde oxigênio. Justifique essas afirmativas. RESPOSTA: No início, o exercício aumenta o metabolismo oxidativo, uma vez que há maior necessidade metabólica e a consequência é o aumento da respiração celular com maior consumo de oxigênio, que aumenta o fluxo de elétrons na cadeia respiratória mitocondrial, que aumenta a concentração de espécies reativas. Assim, há maior indução do estresse oxidativo. Todavia, com a prática regular de exercícios com intensidade leve a moderada, adaptações condicionam um efeito protetor antioxidante. Há biogênese mitocondrial muscular, sem aumento das espécies reativas. Assim, há redução da produção de ânion superóxido e maior ação das proteínas desacopladoras (UCP3) no músculo esquelético, desviando a reação para a produção de calor (termogênese) ao invés de formar ânion superóxido. Além disso, há maior produção de enzimas antioxidantes. Resumo: ↑ atv física no início ↑ação das mitocôndrias ↑estresse oxidativo (> consumo O2, +O2 sendo desviado e + ânion superóxido sendo formado). Processo de condicionamento físico (prática regular de atv física) ↑nº mitocôndrias (biogênese mitocondrial) adaptação condiciona efeito protetor ↓ânion superóxido porque há desvio para as UCP-3 termogênese. ADAPTAÇÃO: ↑nº mitocôndrias + ↓ER + termogênese + ↑enzimas. b) Quais os mecanismos pelos quais a prática de exercício físico aumenta a capacidade antioxidante? Justifique. RESPOSTA: Pelo aumento da atividade de enzimas do sistema antioxidante de defesa (endógeno), que são 3: SOD, CAT e GPx. Fisiologia Natália Furlaneto 2) O chá verde – um polifenol obtido a partir das folhas da planta Camelia sinensis (C. sinensis), possui propriedades que repercutem em ações antioxidantes, anti-inflamatórias, antiaterogênicos, anticarcinogênicas, hipoglicemiantes, além de auxiliar na regulação da massa corporal e aumentar a densidade óssea. Desta forma, quando ingerido, auxilia na promoção da saúde e participa do efeito protetor contra os processos oxidativos que ocorrem no organismo – em especial de idosos, desempenhando um importante papel na redução de danos à alvos biológicos e na redução de doenças crônicas não transmissíveis. a) Considerando os princípios de defesa antioxidante, fundamente a ação básica antioxidante do chá verde. RESPOSTA: O chá verde possui propriedade antioxidante porque possui catequinas, que levam ao ''sequestro de antioxidantes''. Atua transferindo elétrons p/ EROS (radical livre), estabilizando-as. Neutraliza a formação de ER, prevenindo a citotoxicidade induzida pelo estresse oxidativo. Inibe a peroxidação lipídica. 3) Dentre inúmeras condições que se entrelaçam ao decaimento fisiológico inerente ao envelhecimento, a osteoporose se destaca e constitui uma preocupação alarmante – uma vez que se correlaciona com aumento à suscetibilidade às fraturas, mesmo em condições de baixa energia. a) Como os processos oxidantes e antioxidantes influenciam o osteometabolismo? Justifique RESPOSTA: Existem várias situações em relação ao equilíbrio e desequilíbrio: 1. Quanto aos EROS, em equilíbrio são fundamentais para a atividade de osteoclastos. Em desequilíbrio (superprodução de EROS), geram aumento da expressão de RANKL (ligante do RANK), aumentando a atividade dos osteoclastos e reduzindo a massa óssea. 2. Em equilíbrio, osteoclastos geram ânion superóxido para reabsorção óssea. O desequilíbrio (superprodução de ânion superóxido) gera redução da massa óssea. 3. O equilíbrio entre ânion superóxido e SOD resulta em defesa contra o estresse oxidativo e em homeostase óssea. O GPx suprime a diferenciação dos osteoclastos via redução do peróxido de hidrogênio. Em desequilíbrio, a alta concentração de ânion superóxido em osteoclastos inibe a SOD. OBS: Cascata de formação de oxidantes: Ânion superóxido em osteoclasto: diferenciação osteoclástica e controle da atividade de osteoclastos maduros. Peróxido de hidrogênio: participa da perda de massa óssea (aumenta a diferenciação e função dos osteoclastos).
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