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AS-TIC-E-O-ENSINO-DE-INGLÊS-1 pdf IBRA

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1 
 
 
 
 
 
 
NÚCLEO DE PÓS GRADUAÇÃO 
 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO 
Coordenação Pedagógica – IBRA 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
 
 
 
AS TICS E O ENSINO DE 
INGLÊS 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
 
 
CAPITULO 01 - APRESENTAÇÃO ............................................................................3 
RESUMO ............................................................................................................................... 5 
INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 5 
A INTERNET NA EDUCAÇÃO CONTINUADA ............................................................... 7 
PROJETOS DE INTERNET NA EDUCAÇÃO PRESENCIAL........................................... 8 
EXPERIÊNCIAS PESSOAIS DE ENSINO NA INTERNET ............................................. 10 
A PESQUISA NA INTERNET ............................................................................................ 14 
A COMUNICAÇÃO NA INTERNET................................................................................. 17 
Avaliação da utilização da Internet na educação presencial............................................. 19 
ALGUNS PROBLEMAS ..................................................................................................... 21 
INTEGRAR A INTERNET EM UM NOVO PARADIGMA EDUCACIONAL ............... 22 
How to use the Internet in education field............................................................................ 25 
Abstract............................................................................................................................. 25 
CAPÍTULO 03 - INGLÊS EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO: para além de bem e 
mal ............................................................................................................................27 
RESUMO ............................................................................................................................. 27 
INGLÊS & GLOBALIZAÇÃO: impossível ignorar... ........................................................ 29 
INGLÊS & EDUCAÇÃO PÚBLICA: é assim meio pra tapear........................................... 39 
PONTOS DE INTERROGAÇÃO........................................................................................ 47 
REFERÊNCIAS.........................................................................................................51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
CAPITULO 01 - APRESENTAÇÃO 
 
 
 
 
Isto porque, contemporaneamente, a realidade está centrada em um modelo 
de comunicação descentralizado, que permite modificar e recompor as mensagens 
por intervenção dos mais diferentes meios tecnológicos, bem como, dos diversos 
atores do processo educacional. 
 
Essa nova realidade exige dos professores uma revisão dos processos de 
autoria que utiliza para construir conhecimento e, dos alunos uma mudança no modo 
de construir o conhecimento. Neste cenário, torna-se fundamental o intercâmbio 
entre alunos e professores, de modo que ambos aprendam e ensinem. 
 
Em sendo, é necessário que se estabeleça uma relação de mão dupla, em 
que o professor vá construindo, de forma dinâmica, o processo de aprendizagem e o 
seu fazer pedagógico, enquanto o aluno elabora e concretiza seu próprio 
conhecimento. 
 
Para tanto, tornar possível a transformação de informações em 
conhecimento, através das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), exige 
grande investimento em alternativas pedagógicas, além de esforços no sentido de 
despertar o aluno para a mudança no processo de ensino e aprendizagem, levando- 
o a desafiar a sua inteligência e incentivando as relações interpessoais e o diálogo 
entre todos: professores e alunos; alunos e alunos; alunos, professores e instituição; 
professores e professores. 
 
Pretendendo oferecer a perspectiva para essas discussões, preparamos 
este material, objetivando analisar a aplicação das TIC no Ensino de Inglês, a partir 
do debate acerca do uso dessas tecnologias na educação e os novos paradigmas 
trazidos e criados por este novo fazer pedagógico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
Esperamos proporcionar o debate e a busca de novas alternativas para a 
construção do conhecimento, através da utilização das ferramentas possibilitadas 
pelas TIC e, em sendo, contribuir para o desenvolvimento educacional do país. 
 
Em sendo, pretendemos listar diversos trabalhos, de autores consagrados e 
especialistas no tema, para tornarmos mais atual e abrangente, a oferta do curso em 
questão. 
Para tanto, relacionamos e transcrevermos, literalmente os textos de uma 
das maiores autoridades em educação e uso das Tecnologias de Informação e 
Comunicação (TIC), José Manoel Moran, com seu texto: Como Utilizar A Internet 
Na Educação. 
Esperamos clarear as novas tecnologias educacionais e a utilização das TIC 
 
na educação, de forma clara e objetiva. 
 
O outro texto: Inglês Em Tempos De Globalização: para além de bem e 
mal é de duas grandes autoridades no tema, a saber: Ana Antônia de Assis- 
Peterson: Ph. D. na área de Educational Linguistics pela University of Pennsylvania 
MeEL/UFMT e Maria Inês Pagliarini Cox:Doutora em Educação pela UNICAMP 
MeEL/UFMT. 
Pretendemos, com a leitura e análise, destes textos, despertar em você, 
professor e futuro professor de língua estrangeira, em especial em inglês, as 
habilidades e competências necessárias para o bom desempenho dessa função. 
 
Por tudo isso, esperamos que você faça uma excelente leitura e que tenha 
sucesso em seu curso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
CAPITULO 02 – COMO UTILIZAR A INTERNET NA EDUCAÇÃO 
 
José Manuel Moran 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Relato e análise de experiências pessoais e institucionais que utilizam a 
Internet na educação presencial como pesquisa, apoio ao ensino e como 
comunicação. Avalia os avanços e problemas que estão acontecendo atualmente e 
mostra que a Internet é mais eficaz, quando está inserida em processos de ensino- 
aprendizagem e de comunicação que integram as dimensões pessoais, as 
comunitárias e as tecnológicas. 
 
Palavras-chave: Internet; Educação; Pesquisa; Comunicação. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A Internet está explodindo como a mídia mais promissora desde a 
implantação da televisão. É a mídia mais aberta, descentralizada, e, por isso 
mesmo, mais ameaçadora para os grupos políticos e econômicos hegemônicos. 
Aumenta o número de pessoas ou grupos que criam na Internet suas próprias 
revistas, emissoras de rádio ou de televisão, sem pedir licença ao Estado ou ter 
vínculo com setores econômicos tradicionais. Cada um pode dizer nela o que quer, 
conversar com quem desejar, oferecer os serviços que considerar convenientes. 
Como resultado, começamos a assistir a tentativas de controlá-la de forma clara ou 
sutil. 
 
A distância hoje não é principalmente a geográfica, mas a econômica (ricos e 
pobres), a cultural (acesso efetivo pela educação continuada), a ideológica 
(diferentes formas de pensar e sentir) e a tecnológica (acesso e domínio ou não das 
tecnologias de comunicação). Uma das expressões claras de democratização digital 
se manifesta na possibilidade de acesso à Internet e em dominar o instrumental 
teórico para explorar todas as suas potencialidades. 
 
 
 
 
6 
 
 
 
A Internet também está explodindo na educação. Universidades e escolas 
correm para tornar-se visíveis, para não ficar para trás. Uns colocam páginas 
padronizadas, previsíveis, em que mostram a sua filosofia, as atividades 
administrativas e pedagógicas. Outros criam páginas atraentes, com projetos 
inovadores e múltiplas conexões. 
 
A educação presencial pode modificar-se significativamente com as redes 
eletrônicas. As paredes das escolas e das universidades se abrem, as pessoas se 
intercomunicam, trocam informações,dados, pesquisas. A educação continuada é 
otimizada pela possibilidade de integração de várias mídias, acessando-as tanto em 
tempo real como assincronicamente, isto é, no horário favorável a cada indivíduo, e 
também pela facilidade de pôr em contato educadores e educandos. 
 
Na Internet, encontramos vários tipos de aplicações educacionais: de 
divulgação, de pesquisa, de apoio ao ensino e de comunicação. A divulgação pode 
ser institucional - a escola mostra o que faz - ou particular - grupos, professores ou 
alunos criam suas home pages pessoais, com o que produzem de mais significativo. 
A pesquisa pode ser feita individualmente ou em grupo, ao vivo - durante a aula - ou 
fora da aula, pode ser uma atividade obrigatória ou livre. Nas atividades de apoio ao 
ensino, podemos conseguir textos, imagens, sons do tema específico do programa, 
utilizando-os como um elemento a mais, junto com livros, revistas e vídeos. A 
comunicação ocorre entre professores e alunos, entre professores e professores, 
entre alunos e outros colegas da mesma ou de outras cidades e países. A 
comunicação se dá com pessoas conhecidas e desconhecidas, próximas e 
distantes, interagindo esporádica ou sistematicamente. 
 
As redes atraem os estudantes. Eles gostam de navegar, de descobrir 
endereços novos, de divulgar suas descobertas, de comunicar-se com outros 
colegas. Mas também podem perder-se entre tantas conexões possíveis, tendo 
dificuldade em escolher o que é significativo, em fazer relações, em questionar 
afirmações problemáticas. 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
A INTERNET NA EDUCAÇÃO CONTINUADA 
 
O artigo 80 da Nova LDB/96 incentiva todas as modalidades de ensino à 
distância e continuada, em todos os níveis. A utilização integrada de todas as mídias 
eletrônicas e impressas pode ajudar-nos a criar todas as modalidades de curso 
necessárias para dar um salto qualitativo na educação continuada, na formação 
permanente de educadores, na reeducação dos desempregados. 
 
Estamos em uma etapa de transição quantitativa e qualitativa das mídias 
eletrônicas. Estamos passando de uma fase de carência de canais para uma outra 
de superabundância. Na TV a Cabo e por Satélite, podemos aumentar o número de 
canais pela compressão digital até várias centenas. Mesmo a televisão aberta (VHF) 
vai poder proximamente, com a TV digital, multiplicar por cinco o número de canais 
ofertados até agora. 
 
Há uma clara aproximação da televisão, do computador e da Internet. O 
Netputer, a WEBTV, a tela em que trabalhamos e vemos televisão aproxima áreas 
tecnológicas que até agora estavam separadas. A chegada da Internet à TV a cabo 
sem dúvida é um marco decisivo para visualizar imagens em movimento e sons, 
integrando o audiovisual, a hipermídia, o texto "linkado" e a narrativa do cinema e da 
TV. 
 
Estamos, em conseqüência, diante de um panorama poderoso para integrar 
todas estas mídias no ensino à distância e continuado. A Internet, ao tornar-se mais 
e mais hipermídia, começa a ser um meio privilegiado de comunicação de 
professores e alunos, já que permite juntar a escrita, a fala e proximamente a 
imagem a um custo barato, com rapidez, flexibilidade e interação até há pouco 
tempo impossíveis. As grandes universidades e instituições educacionais norte- 
americanas, canadenses e européias estão investindo maciçamente em todo tipo de 
cursos que utilizam também a Internet. A Home Page do INED traz dezenas de 
artigos em português e inglês sobre ensino à distância e muitos endereços de 
instituições que estão oferecendo programas de ensino à distância no mundo inteiro. 
O endereço é: http://www.ibase.org.br/~ined/ 
 
 
 
 
http://www.ibase.org.br/~ined/
8 
 
 
 
Neste artigo, vou concentrar-me em como utilizar a Internet no ensino 
presencial, no ensino que está organizado para o encontro físico em salas de aula. 
Nele, podemos introduzir formas de pesquisa e comunicação não presenciais, que 
nos ajudarão a renovar a forma de dar aula, de investigar, de relacionar-nos dentro e 
fora da sala de aula. 
 
PROJETOS DE INTERNET NA EDUCAÇÃO PRESENCIAL 
 
Na impossibilidade de descrever e analisar, neste artigo, os muitos projetos 
que estão sendo desenvolvidos atualmente na Internet, trago alguns projetos da 
Grande São Paulo que tenho acompanhado com mais atenção e aponto alguns 
endereços mais significativos de instituições educacionais para consultaI. 
 
A Escola do Futuro [http://www.futuro.usp.br] - grupo de pesquisas da 
Universidade de São Paulo - é pioneira na implantação de uso de redes eletrônicas 
no ensino fundamental e médio no Brasil. Desenvolve projetos de ensino de ciências 
e de humanidades com redes telemáticas desde 1990. Exemplos de projetos: Fast 
Plant (comparação do crescimento rápido das plantas em climas e com adubos 
diferentes). Projeto Ecologia das águas (coleta e análise de amostras de águas 
próximas às escolas conveniadas). Projeto Biogás (produção de mistura de gases; 
biodigestão com três temperaturas diferentes). Projeto Energia Solar (comparação 
do consumo de energia; coleta de energia solar, transformando-a em energia 
elétrica). Projeto de Plantas Carnívoras (em 1996, com 23 escolas). Projeto Sky 
(observar o céu e trocar informações com alunos do hemisfério Norte). Projeto 
Brasil/Portugal (Des)encontros de culturas (professores e alunos de geografia, 
história e português de duas escolas brasileiras e duas portuguesas). Projeto 
Educando para a Cidadania (com alunos da sexta série de vários colégios). 
 
Os projetos são coordenados por professores-pesquisadores, com bolsas de 
estudo. Começam com encontros presenciais para dominar as ferramentas das 
redes, os conceitos fundamentais e as etapas do projeto. Os projetos encontram-se 
em fase final de avaliação. Os resultados são desiguais. Aumentam a motivação dos 
alunos, o interesse pela pesquisa e por participar em grupos. Há mais sensibilidade 
para uso das novas tecnologias de comunicação. Ganha maior importância o ensino 
 
 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-19651997000200006#not1
http://www.futuro.usp.br/
9 
 
 
 
de inglês. Os alunos desenvolvem contatos pessoais e amizades por meio da rede. 
As dificuldades maiores são a continuidade entre os professores, principalmente na 
rede pública. Também há, às vezes, dificuldade de contato com os monitores dos 
projetos na USP. Algumas escolas se queixam de falta de retorno dos resultados 
finais de cada projeto ao seu término. 
 
O Colégio Municipal Alcina de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo 
[http://eu.ansp.br/~cimpadf/] começou com dois computadores XT e atualmente 
desenvolve 14 projetos, alguns na área de ciências vinculados à Escola do Futuro 
(Ecologia das Águas, Biogás, Fast-plant, Sky, Plantas Carnívoras). Outro projeto é 
sobre o ensino de inglês com escolas estaduais e particulares da mesma cidade. 
Também um projeto de ensino da informática para alunos do curso de magistério. E 
um projeto de Livro Eletrônico com crianças do interior da Suécia, escrevendo 
capítulos alternados sobre como crianças das quintas e sextas séries vivem no 
Brasil e na Suécia. 
 
Indico algumas instituições educacionais que vale a pena conhecer na 
Internet. Página do Colégio Magno de São Paulo [http://eu.ansp.br:80/~colmagno/]. 
Projetos na Internet, como Matemática e Arte, Observatório Estelar. Outros lugares 
interessantes: O Brasil na Internet, Viagem pelo mundo. Página do Colégio 
Magnum Agostiniano de Belo Horizonte: Projetos, Parcerias, páginas dos alunos 
[http://www.magnum.com.br]. Grupo Patnet, vinculado à Faculdade de Educação da 
USP, projetos em telemática na educação para crianças, principalmente projetos 
para crianças do Kidlink [http://eu.ansp.br:80/~educacao/]. O Kidlink é pioneiro em 
desenvolver projetos pontuais para crianças no mundo inteiro 
[http://www.kidlink.org]. Foi criado por Odd de Presno,na Noruega. No Brasil, os 
projetos do Kidlink são coordenados pela professora Marisa Lucena, do Rio de 
Janeiro. Escola Comunitária, de Campinas [http://www.ecc.br]:trabalhos de alunos 
em várias séries e matérias. Projetos em diversas áreas, com outros colégios. 
Estudos do Meio. Outros projetos interessantes no Brasil podem ser encontrados na 
Lista de Escolas conectadas na Internet, da Kanopus, com destaque para 
ciências e humanidades http://www.kanopus.com.br/~educacao/. Também o Centro 
Federal de Educação Tecnológica do Paraná (Cefet-PR), com projetos 
 
 
http://eu.ansp.br/~cimpadf/
http://eu.ansp.br/~colmagno/
http://www.magnum.com.br/
http://eu.ansp.br/~educacao/
http://www.kidlink.org/
http://www.ecc.br/
http://www.kanopus.com.br/~educacao/
10 
 
 
 
principalmente na área de computação evolutiva e também listas de discussão e 
programas para educação [http://www.cefetpr.br/index-servicos.html]. Econet Brasil, 
com projetos sobre meio ambiente [http://www.lsi.usp.br/econet]. A Estação Ciência 
da USP [http://www.usp.br/geral/cultura/EC/]. 
 
Em espanhol, recomendo o Programa de Nuevas Tecnologías do Ministério 
de Educação e Cultura da Espanha (PNTIC) [http://www.pntic.see.mec.es] com 
experiências telemáticas, bases de dados, bibliotecas escolares. Também o 
Programa de Informática Educativa (PIE), da Catalunha, um programa da 
secretaria da Educação da região catalã, em Barcelona, um dos mais avançados no 
uso de tecnologias no ensino público [http://www.xtec.es]. Recomendo também o 
Programa Rede de Educação do Ministério da Educação do Chile (Enlaces), 
construído em torno do software e metáfora da praça, onde as pessoas se 
encontram [http://www.enlaces.ufro.cl]. 
 
Em inglês há muitos endereços estimulantes, bem elaborados, com projetos, 
aulas, atividades, artigosII. Destaco o Institute for Learning Technologies (ILT), da 
Columbia University [http://www.ilt.columbia.edu], um dos melhores centros de 
pesquisa sobre tecnologias em educação, com um amplo elenco de projetos. A 
Global Schoolhouse [http://www.gsh.org] com projetos e recursos avançados para 
educadores e o AskERIC [http://ericir.syr.edu/], com projetos, aulas, ferramentas, 
biblioteca virtual. Do Canadá vale a pena o Canada's Schoolnet 
[http://schoolnet2.carleton.ca], que mostra as principais redes eletrônicas na 
educação canadense (em francês e inglês), com destaque para os projetos de 
ciências, matemática e artes. 
 
EXPERIÊNCIAS PESSOAIS DE ENSINO NA INTERNET 
 
Venho desenvolvendo algumas experiências no ensino de graduação e de 
pós-graduação na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. 
Criei uma página pessoal na Internet, com dois endereços: 
http://www.eca.usp.br/eca/prof/moran/mor.htm e 
http://www.geocities.com/TelevisionCity/7815/index.html. 
Nela constam as disciplinas de pós-graduação (Redes Eletrônicas na Educação e 
 
Novas Tecnologias para uma Nova Educação) e três de graduação (Novas 
http://www.cefetpr.br/index-servicos.html
http://www.lsi.usp.br/econet
http://www.usp.br/geral/cultura/EC/
http://www.pntic.see.mec.es/
http://www.xtec.es/
http://www.enlaces.ufro.cl/
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-19651997000200006#not2
http://www.ilt.columbia.edu/
http://www.gsh.org/
http://ericir.syr.edu/
http://schoolnet2.carleton.ca/
http://www.eca.usp.br/eca/prof/moran/mor.htm
http://www.geocities.com/TelevisionCity/7815/index.html
11 
 
 
 
Fronteiras da Televisão, Legislação e Ética do Radialismo e Mercadologia de Rádio 
e Televisão), com o programa e alguns textos meus e dos meus alunos. O roteiro 
básico é o seguinte: no começo do semestre, cada aluno escolhe um assunto 
específico dentro da matéria, vai pesquisando-o na Internet e na biblioteca; ao 
mesmo tempo, pesquisamos também temas básicos do curso; o aluno apresenta os 
resultados da sua pesquisa específica na classe e depois pode divulgá-los, se 
quiser, através da Internet. 
 
Disponho de uma sala de aula com 10 computadores ligados à Internet por 
fibra ótica, para 20 alunos, em média. Utilizamos essa sala a cada duas ou três 
semanas. As outras aulas acontecem na sala convencional. 
 
O fato de ver o seu nome na Internet e a possibilidade de divulgar os seus 
trabalhos e pesquisas exerce forte motivação nos alunos, estimula-os a participar 
mais em todas as atividades do curso. Enquanto preparam os trabalhos pessoais, 
vou desenvolvendo com eles algumas atividades. 
 
Começamos com uma aula introdutória para os que não estão familiarizados 
com a Internet. Nela, aprendemos a conhecer e a usar as principais ferramentas. 
Fazemos pesquisa livre, em vários programas de busca. Cadastramos cada aluno 
para que tenha o seu email pessoal (na própria universidade ou em sites que 
oferecem endereços eletrônicos gratuitamente). 
 
Em um segundo momento, todos pesquisamos o mesmo tópico do curso nos 
programas de busca (como o Altavista, Yahoo, Lycos, Infoseek, Galaxy, Cadê). Eles 
vão gravando os endereços, artigos e imagens mais interessantes em disquete e 
também fazem anotações escritas, com rápidos comentários sobre o que estão 
salvando. As descobertas mais importantes são comunicadas aos colegas. Os 
resultados são socializados, discutidos, comparados. 
 
O meu papel é o de acompanhar cada aluno, incentivá-lo, resolver suas 
dúvidas, divulgar as melhores descobertas. No fim da aula, fazemos um rápido 
balanço e peço que sintetizem o que foi mais importante e que estudem com mais 
calma o material gravado, para descobrir as principais coincidências e divergências 
 
 
12 
 
 
 
no material encontrado. Na aula seguinte, esse material é trocado, discutido, junto 
com outros textos trazidos pelo professor que são retirados de revistas, livros e da 
própria Internet. As aulas na Internet se alternam com as aulas habituais. 
Posteriormente, cada aluno desenvolve o seu tema específico de pesquisa, sob a 
minha supervisão. Estou junto com eles, dando dicas, tirando dúvidas, anotando 
descobertas. Esses temas específicos são mais tarde apresentados em classe para 
os colegas. O professor complementa, questiona, relaciona essas apresentações 
com a matéria como um todo. Alguns alunos criam suas páginas pessoais, e outros 
entregam somente os resultados das suas pesquisas para colocá-los na minha 
página. 
 
Além das aulas, ocorre um estimulante processo de comunicação virtual, 
junto com o presencial. Eles podem pesquisar em uma sala especial em qualquer 
horário, se houver máquinas livres. Os alunos me procuram mais para atendimento 
específico na minha sala e também enviam mensagens eletrônicas. Como todos têm 
e-mail, de vez em quando envio sugestões pela rede, lembro-os de datas de leituras 
de textos. Estou começando a enviar alguns artigos pela própria rede. Na pós- 
graduação, estou fazendo algumas experiências de discussões virtuais com 
programas em tempo real, escrevendo ao mesmo tempo (programas em IRC como o 
Mirc). Neste momento, também estamos começando a experimentar programas de 
som e de imagem, interagindo com outras pessoas - fora da Universidade -, em 
tempo real, discutindo assuntos da matéria. 
 
Adapto esse processo também aos meus orientandos de graduação 
(trabalhos de conclusão de curso), de mestrado e de doutorado. Os que não moram 
em São Paulo se comunicam com mais freqüência comigo pela Internet, enviam-me 
capítulos das suas teses eletronicamente e eu as devolvo da mesma forma. Os que 
já terminaram têm uma página na rede com o resumo da tese e outras informações 
que julguem convenientes. 
 
Ensinar utilizando a Internet exige uma forte dose de atenção do professor. 
Diante de tantas possibilidades de busca, a própria navegação se torna mais 
sedutora do que o necessário trabalho de interpretação. Os alunos tendem a 
dispersar-se diante de tantasconexões possíveis, de endereços dentro de outros 
13 
 
 
 
endereços, de imagens e textos que se sucedem ininterruptamente. Tendem a 
acumular muitos textos, lugares, idéias, que ficam gravados, impressos, anotados. 
Colocam os dados em seqüência mais do que em confronto. Copiam os endereços, 
os artigos uns ao lado dos outros, sem a devida triagem. 
 
Creio que isso se deve a uma primeira etapa de deslumbramento diante de 
tantas possibilidades que a Internet oferece. É mais atraente navegar, descobrir 
coisas novas do que analisá-las, compará-las, separando o que é essencial do 
acidental, hierarquizando idéias, assinalando coincidências e divergências. Por outro 
lado, isso reforça uma atitude consumista dos jovens diante da produção cultural 
audiovisual. Ver equivale, na cabeça de muitos, a compreender e há um certo ver 
superficial, rápido, guloso, sem o devido tempo de reflexão, de aprofundamento, de 
cotejamento com outras leituras. Os alunos se impressionam primeiro com as 
páginas mais bonitas, que exibem mais imagens, animações, sons. As imagens 
animadas exercem um fascínio semelhante às do cinema, vídeo e televisão. Os 
lugares menos atraentes visualmente costumam ser deixados em segundo plano, o 
que acarreta, às vezes, perda de informações de grande valor. 
 
É importante que o professor fique atento ao ritmo de cada aluno, às suas 
formas pessoais de navegação. O professor não impõe; acompanha, sugere, 
incentiva, questiona, aprende junto com o aluno. 
 
Ensinar utilizando a Internet pressupõe uma atitude do professor diferente da 
convencional. O professor não é o "informador", o que centraliza a informação. A 
informação está em inúmeros bancos de dados, em revistas, livros, textos, 
endereços de todo o mundo. O professor é o coordenador do processo, o 
responsável na sala de aula. Sua primeira tarefa é sensibilizar os alunos, motivá-los 
para a importância da matéria, mostrando entusiasmo, ligação da matéria com os 
interesses dos alunos, com a totalidade da habilitação escolhida. 
 
A Internet é uma tecnologia que facilita a motivação dos alunos, pela 
novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece. Essa 
motivação aumenta, se o professor a faz em um clima de confiança, de abertura, de 
cordialidade com os alunos. Mais que a tecnologia, o que facilita o processo de 
 
14 
 
 
 
ensino-aprendizagem é a capacidade de comunicação autêntica do professor, de 
estabelecer relações de confiança com os seus alunos, pelo equilíbrio, competência 
e simpatia com que atua. 
 
A PESQUISA NA INTERNET 
 
A Internet está trazendo inúmeras possibilidades de pesquisa para 
professores e alunos, dentro e fora da sala de aula. A facilidade de, digitando duas 
ou três palavras nos serviços de busca, encontrar múltiplas respostas para qualquer 
tema é uma facilidade deslumbrante, impossível de ser imaginada há bem pouco 
tempo. Isso traz grandes vantagens e também alguns problemas. 
 
Podemos partir, na pesquisa, do geral para o específico, dos grandes tópicos 
para os subtópicos. Em um primeiro momento, procuramos nos programas de busca 
as palavras-chave mais abrangentes, mais amplas. Por exemplo, televisão, televisão 
e educação. As palavras podem ser buscadas em serviços norte-americanos como o 
Altavista, digitando-as, além de em inglês, em português ou em espanhol, o que 
apontará os endereços predominantemente nessas línguas. As primeiras buscas 
mostrarão milhares de resultados. Escolheremos alguns das primeiras páginas. 
Gravamos alguns endereços, anotamos por escrito também as observações 
principais. O estudante iniciante na Internet se deixa, primeiramente, deslumbrar 
quando vê que uma pesquisa apresenta 100 mil resultados. Depois desanima, ao 
constatar que não pode esgotá-la, que há inúmeras repetições, muitas indicações 
equivocadas. Convém procurar mais de um programa de busca, porque os 
resultados não são idênticos. 
 
Em um segundo momento, dirigimos mais a busca para temas específicos, 
por exemplo, televisão por cabo, televisão de acesso público, televisão comunitária, 
televisão interativa. Fazemos essa pesquisa em vários programas de busca. Vamos 
abrindo alguns endereços. Com a prática, desenvolvemos a habilidade de descobrir 
onde estão os melhores endereços, aqueles nos quais vale a pena aprofundar-se. 
Fazemo-lo, observando a organização dos tópicos, a riqueza e variedade de artigos, 
a respeitabilidade da instituição e dos pesquisadores. 
 
 
 
 
15 
 
 
 
Podemos coordenar pesquisas com objetivos bem específicos, monitorando 
de perto cada etapa da busca, pedindo que anotem os dados mais importantes e 
que reconstruam ao final os resultados. É importante sensibilizar o aluno antes 
para o que se quer conseguir neste momento, neste tópico. Se o aluno tem claro ou 
encontra valor no que vai pesquisar, procederá com mais rapidez e eficiência. O 
professor precisa estar atento, porque a tendência na Internet é para a dispersão 
fácil. O intercâmbio constante de resultados e a supervisão do professor podem 
ajudar a obter melhores resultados. 
 
Na pesquisa com objetivos bem específicos, podemos fazer uma busca 
"uniforme", isto é, todos pesquisam os mesmos endereços previamente indicados 
pelo professor ou fazem uma busca mais aberta sobre o mesmo assunto. Vale a 
pena alternar as duas formas. Na primeira, há menos variedade de lugares 
pesquisados, mas podem-se aprofundar mais os resultados. Na segunda, ao deixar 
menos definidos os lugares, e sim o tema, as possibilidades de encontrar resultados 
inesperados aumentam. 
 
Podemos fazer pesquisas de temas diferentes, individualmente ou em 
pequenos grupos. É interessante que os alunos escolham algum assunto dentro do 
programa que esteja mais próximo do que eles valorizam mais. Essas pesquisas 
podem ser realizadas dentro e fora do período de aula. Durante a aula, o professor 
acompanha cada aluno, tira dúvidas, dá sugestões, incentiva, complementa os 
resultados, aprende com as informações que os alunos passam. Essas pesquisas 
são depois apresentadas para os demais colegas e para o professor. Este 
complementa, problematiza, adapta à realidade local, os resultados trazidos pelos 
alunos. 
 
Como há tantas possibilidades de pesquisa e facilidade de dispersão, o 
educador estará atento, na aula-pesquisa, a escolher o melhor momento de cada 
aluno comunicar os seus resultados para a classe. A comunicação de resultados 
pode ser espontânea: o professor pede que, quando alguém encontre algo 
significativo, que o comunique a todos. Isso ajuda a que os colegas possam avançar 
mais, aprofundar os melhores sites, os mesmos assuntos. 
 
 
 
16 
 
 
 
Pode-se também, ao final do período da aula-pesquisa, pedir aos alunos que 
relatem a síntese do que encontraram de mais significativo. Os alunos terão 
gravadas as principais páginas, junto com um roteiro de anotações, para esclarecer 
a navegação feita e encontrar melhores relações, ao final. Um aprofundamento dos 
resultados pesquisados pode ser deixado para a próxima aula. Os alunos fazem, 
fora da aula, a análise das páginas encontradas. Procuram o que houve demais 
significativo. Esses dados são colocados em comum na aula seguinte. Professor e 
alunos relacionam as coincidências e divergências entre os resultados encontrados 
e as informações já conhecidas em reflexões anteriores, em livros e revistas. Essa 
discussão maior é importante, para que a Internet não se torne só uma bela diversão 
e que esse tempo de pesquisa se multiplique pela difusão em comum, pela troca, 
discussão, síntese final. A comunicação dos resultados ao grupo é cada vez mais 
relevante pela quantidade, variedade e desigualdade de dados, informações 
contidas nas páginas da Internet. Há muitos pontos de vista diferentes explicitados. 
A colocação em comum facilita a comparação, a seleção, aorganização hierárquica 
de idéias, conceitos, valores. A tendência dos alunos é a de quantificar, mais do que 
analisar. Juntam inúmeras páginas. Se não estivermos atentos, não explorarão 
todas as possibilidades nelas contidas. 
 
A pesquisa na Internet requer uma habilidade especial devido à rapidez com 
que são modificadas as informações nas páginas e à diversidade de pessoas e 
pontos de vista envolvidos. A navegação precisa de bom senso, gosto estético e 
intuição. Bom senso para não deter-se, diante de tantas possibilidades, em todas 
elas, sabendo selecionar, em rápidas comparações, as mais importantes. A intuição 
é um radar que vamos desenvolvendo ao "clicar" o mouse nos links que nos levarão 
mais perto do que procuramos. A intuição nos leva a aprender por tentativa, acerto e 
erro. Às vezes, passaremos bastante tempo sem achar algo importante e, de 
repetente, se estivermos atentos, conseguiremos um artigo fundamental, uma 
página esclarecedora. O gosto estético nos ajuda a reconhecer e a apreciar páginas 
elaboradas com cuidado, com bom gosto, com integração de imagem e texto. 
Principalmente para os alunos, o estético é uma qualidade fundamental de atração. 
Uma página bem apresentada, com recursos atraentes, é imediatamente 
selecionada, pesquisada. 
 
17 
 
 
 
Com frequência, encontram-se assuntos novos, diferentes dos buscados e 
que também podem interessar a alguém em particular. O educador não deve 
simplesmente dizer ao aluno que aquele assunto não faz parte da aula. Pode pedir- 
lhe que grave rapidamente o que achar mais importante e que deixe para outro 
momento o aprofundamento desse novo assunto, para voltar mais que logo ao tema 
específico da aula. 
 
Não podemos deslumbrar-nos com a pesquisa na Internet e deixar de lado 
outras tecnologias. A chave do sucesso está em integrar a Internet com as outras 
tecnologias - vídeo, televisão, jornal, computador. Integrar o mais avançado com as 
técnicas já conhecidas, dentro de uma visão pedagógica nova, criativa, aberta. 
 
A COMUNICAÇÃO NA INTERNET 
 
Todos procuram na rede seus semelhantes, seus interesses. Cada um busca 
a sua "turma"; buscam pessoas que tenham gostos, valores, expectativas 
parecidas; pessoas fisicamente próximas e distantes, conhecidas e desconhecidas. 
 
Uma das características mais interessantes da Internet é a possibilidade de 
descobrir lugares inesperados, de encontrar materiais valiosos, endereços curiosos, 
programas úteis, pessoas divertidas, informações relevantes. São tantas as 
conexões possíveis, que a viagem vale por si mesma. Viajar na rede precisa de 
intuição acurada, de estarmos atentos para fazer tentativas no escuro, para acertar e 
errar. A pesquisa nos leva a garimpar jóias entre um monte de banalidades, a 
descobrir pedras preciosas escondidas no meio de inúmeros sites publicitários. 
 
A comunicação torna-se mais e mais sensorial, mais e mais multidimensional, 
mais e mais não-linear. As técnicas de apresentação são mais fáceis hoje e mais 
atraentes do que anos atrás, o que aumentará o padrão de exigência para mostrar 
qualquer trabalho pelos sistemas multimídia. O som não será um acessório, mas 
uma parte integral da narrativa. O texto na tela aumentará de importância, pela sua 
maleabilidade, facilidade de correção, de cópia, de deslocamento e de transmissão. 
 
Na educação, professores e alunos praticam formas de comunicação novas. 
Encontram colegas com os quais podem comunicar-se facilmente por correio 
 
18 
 
 
 
eletrônico, por listas de discussão, por comunicação instantânea em IRC. 
Atualmente começam a comunicar-se por intermédio de voz (programas como o 
Iphone) e também de imagem (programas como o CuSeeme ou a última versão do 
Iphone). 
 
Aumenta a procura pelos chats ou bate-papos. Muitos estudantes passam 
horas seguidas em conversas aleatórias, fragmentadas, em um autêntico jogo de 
cena, de camuflagem de identidade, de meias-verdades. Mas o chat tem um grande 
potencial democrático, por ser aberto, multidimensional. Nessas trocas, realizam-se 
encontros virtuais, criam-se amizades, relacionamentos inesperados que começam 
virtualmente e muitas vezes levam a contatos presenciais. 
 
Começamos a ser nossos próprios editores de textos e diretores de imagens 
na Internet. Há centenas de jornais escolares na rede. Quem tem algo a dizer pode 
fazê-lo sem depender da autorização de emissoras, jornais ou conselhos editoriais; 
basta colocá-lo na sua página pessoal. Os estudantes podem mostrar sua 
capacidade on-line, ao vivo, sem ter de esperar anos pelo ingresso formal dentro do 
mercado de trabalho. O artista está podendo divulgar suas obras para o mundo 
inteiro imediatamente. O pesquisador consegue publicar na rede os resultados do 
seu trabalho instantaneamente, sem depender do julgamento de especialistas e sem 
demora na publicação. Isso torna mais difícil a seleção do que vale ou não vale a 
pena ser lido. Nem sempre há um conselho editorial de notáveis para filtrar os 
melhores artigos. Com isso, há muito lixo cultural, mas também se amplia 
imensamente o número e a variedade de pessoas que se expõem ao julgamento 
público. 
 
As profissões ligadas à informação e à comunicação estão experimentando 
um grande desenvolvimento. Cada vez temos menos tempo para procurar tantas 
informações necessárias. Por isso, precisamos de mediadores, de pessoas que 
saibam escolher o que é mais importante para cada um de nós em todas as áreas 
da nossa vida, que garimpem o essencial, que nos orientem sobre as suas 
conseqüências, que traduzam os dados técnicos em linguagem acessível e 
contextualizada. 
 
 
 
19 
 
 
 
Avaliação da utilização da Internet na educação presencial 
 
Nos projetos brasileiros que temos acompanhado, podemos observar 
algumas dimensões positivas e alguns problemas. Aumenta a motivação, o interesse 
dos alunos pelas aulas, pela pesquisa, pelos projetos. Motivação ligada à 
curiosidade pelas novas possibilidades, à modernidade que representa a Internet. 
Há uma primeira etapa de deslumbramento, de curiosidade, de fascínio diante de 
tantas possibilidades novas. Depois vem a etapa de domínio da tecnologia, de 
escolha das preferências. Mais tarde, começa-se a enxergar os defeitos, os 
problemas, as dificuldades de conexão, as repetições, a demora. 
 
Comparando as minhas aulas, agora e antes da Internet, posso afirmar que 
aumentou significativamente a motivação, o interesse e a comunicação com os 
alunos e a deles entre si. Estão mais abertos, confiantes. Intercambiamos mais 
materiais, sugestões, dúvidas. Trazem-me muitas novidades. Já me aconteceu de, 
em alguns seminários, apresentarem resultados com informações que eu 
desconhecia sobre tópicos do meu programa, por estarem extremamente 
atualizadas, o que traz novas perspectivas para a matéria. 
 
O aluno aumenta as conexões linguísticas, as geográficas e as 
interpessoais. As lingüísticas, porque interage com inúmeros textos, imagens, 
narrativas, formas coloquiais e formas elaboradas, com textos sisudos e textos 
populares. As geográficas, porque se desloca continuamente em diferentes espaços, 
culturas, tempos e adquire uma visão mais ecológica sobre os problemas da cidade. 
As interpessoais, porque se comunica e conhece pessoas próximas e distantes, da 
sua idade e de outras idades, online e offline. 
 
O aluno desenvolve a aprendizagem cooperativa, a pesquisa em grupo, a 
troca de resultados. A interação bem-sucedida aumenta a aprendizagem. Em alguns 
casos, há uma competição excessiva, monopólio de determinados alunos sobre o 
grupo. Mas, no conjunto, a cooperação prevalece. 
 
A Internet ajuda a desenvolver a intuição, a flexibilidade mental, a adaptação 
a ritmos diferentes. A intuição, porque as informações vão sendo descobertas por 
acerto e erro,por conexões "escondidas". As conexões não são lineares, vão 
20 
 
 
 
"linkando-se" por hipertextos, textos interconectados, mas ocultos, com inúmeras 
possibilidades diferentes de navegação. Desenvolve a flexibilidade, porque a maior 
parte das seqüências é imprevisível, aberta. A mesma pessoa costuma ter 
dificuldades em refazer a mesma navegação duas vezes. Ajuda na adaptação a 
ritmos diferentes: a Internet permite a pesquisa individual, em que cada aluno vai no 
seu próprio ritmo, e a pesquisa em grupo, em que se desenvolve a aprendizagem 
colaborativa. 
 
Na Internet, também desenvolvemos formas novas de comunicação, 
principalmente escrita. Escrevemos de forma mais aberta, hipertextual, conectada, 
multilinguística, aproximando texto e imagem. Agora começamos a incorporar sons e 
imagens em movimento. A possibilidade de divulgar páginas pessoais e grupais na 
Internet gera uma grande motivação, visibilidade, responsabilidade para professores 
e alunos. Todos se esforçam por escrever bem, por comunicar melhor as suas 
idéias, para serem bem aceitos, para "não fazer feio". Alguns dos endereços mais 
interessantes ou visitados da Internet no Brasil são feitos por adolescentes ou 
jovens. 
 
O interesse pelo estudo de línguas aumenta. A aprendizagem de línguas, 
principalmente do inglês, é um dos motivos principais para o sucesso dos projetos. 
Os alunos enviam e recebem mensagens, o que exige uma boa fluência em língua 
estrangeira. Com programas de comunicação na Internet em tempo real, a 
necessidade de domínio de línguas estrangeiras é mais percebida. Em programas 
de IRC, de audiofone (como o Iphone), de videoconferência, os alunos escrevem ou 
falam ao vivo, com rapidez. 
 
Outro resultado comum à maior parte dos projetos na Internet confirma a 
riqueza de interações que surgem, os contatos virtuais, as amizades, as trocas 
constantes com outros colegas, tanto por parte de professores como dos alunos. Os 
contatos virtuais se transformam, quando é possível, em presenciais. A comunicação 
afetiva, a criação de amigos em diferentes países se transforma em um grande 
resultado individual e coletivo dos projetos. 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
ALGUNS PROBLEMAS 
 
Criam-se todos os dias mais de 140 mil novas páginas de informações e 
serviços na rede. Há informações demais e conhecimento de menos no uso da 
Internet na educação. E há uma certa confusão entre informação e 
conhecimento. Temos muitos dados, muitas informações disponíveis. Na 
informação, organizamos os dados dentro de uma lógica, de um código, de uma 
estrutura determinada. Conhecer é integrar a informação no nosso referencial, no 
nosso paradigma, apropriando-a, tornando-a significativa para nós. O conhecimento 
não se passa, o conhecimento se cria, constrói-se. 
 
Há facilidade de dispersão. Muitos alunos se perdem no emaranhado de 
possibilidades de navegação. Não procuram o que está combinado, deixando-se 
arrastar para áreas de interesse pessoal. É fácil perder tempo com informações 
pouco significativas, ficando na periferia dos assuntos, sem aprofundá-los, sem 
integrá-los em um paradigma consistente. Conhecer se dá ao filtrar, selecionar, 
comparar, avaliar, sintetizar, contextualizar o que é mais relevante, significativo. 
 
Há informações que distraem, que pouco acrescentam ao que já sabemos, 
mas que ocupam muito tempo de navegação. Perde-se muito tempo na rede. 
Onde mais se percebe isso é ao observar a variedade de listas de discussão e 
newsgroups sobre qualquer tipo de assunto banal. Mas, em contrapartida, a Internet 
espelha nessas listas os desejos reais de cada um de nós, sem termos o controle do 
Estado ou de outras instituições, que, em outras mídias, sempre estão "orientando- 
nos", oferecendo-nos os "melhores" produtos econômicos e culturais. 
 
Constato também a impaciência de muitos alunos por mudar de um 
endereço para outro. Essa impaciência os leva a aprofundar pouco as 
possibilidades que há em cada página encontrada. Os alunos, principalmente os 
mais jovens, "passeiam" pelas páginas da Internet, descobrindo muitas coisas 
interessantes, enquanto deixam por afobação outras tantas, tão ou mais 
importantes, de lado. 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
É difícil avaliar rapidamente o valor de cada página, porque há muita 
semelhança estética na sua apresentação, há muita cópia da forma e do conteúdo: 
copiam-se os mesmos sites, os mesmos gráficos, animações, links. 
 
Nem sempre é fácil conciliar os diferentes tempos dos alunos. Uns 
respondem imediatamente. Outros demoram mais, são mais lentos. A lentidão pode 
permitir maior aprofundamento. Na pesquisa individual, esses ritmos diferentes 
podem ser respeitados. Nos projetos de grupo, depende muito da forma de 
coordenar e do respeito entre seus membros. 
 
A participação dos professores é desigual. Alguns se dedicam a dominar a 
Internet, a acompanhar e supervisionar os projetos. Outros, às vezes por estarem 
sobrecarregados, acompanham à distância o que os alunos fazem e vão ficando 
para trás no domínio das ferramentas da Internet. Esses professores terminam 
pedindo aos alunos as informações essenciais. Em avaliações dos projetos 
educacionais que utilizam a Internet, há queixas de que muitos professores vão 
deixando de estar atentos aos projetos dos alunos, que não se atualizam, não 
mexem no computador e empregam mal o tempo de aula e de pesquisa. 
 
Professores e alunos se relacionam com a Internet, como se relacionam com 
todas as outras tecnologias. Se são curiosos, descobrem inúmeras novidades nela 
como em outras mídias. Se são acomodados, só falam dos problemas da lentidão, 
das dificuldades de conexão, do lixo inútil, de que nada muda. 
 
INTEGRAR A INTERNET EM UM NOVO PARADIGMA EDUCACIONAL 
 
Ensinar na e com a Internet atinge resultados significativos quando se está 
integrado em um contexto estrutural de mudança do processo de ensino- 
aprendizagem, no qual professores e alunos vivenciam formas de comunicação 
abertas, de participação interpessoal e grupal efetivas. Caso contrário, a Internet 
será uma tecnologia a mais, que reforçará as formas tradicionais de ensino. A 
Internet não modifica, sozinha, o processo de ensinar e aprender, mas a atitude 
básica pessoal e institucional diante da vida, do mundo, de si mesmo e do outro. 
 
 
 
 
 
23 
 
 
 
A palavra-chave é integrar. Integrar a Internet com as outras tecnologias na 
educação _ vídeo, televisão, jornal, computador. Integrar o mais avançado com as 
técnicas convencionais, integrar o humano e o tecnológico, dentro de uma visão 
pedagógica nova, criativa, aberta. 
 
Há um pouco de confusão entre tecnologias interativas - que permitem 
participação - e processos interativos. Uma tecnologia pode ser profundamente 
interativa, como, por exemplo, o telefone, que permite o intercâmbio constante entre 
quem fala e quem responde. Isso não significa que automaticamente a comunicação 
entre pessoas, pelo telefone, seja interativa no sentido profundo. As pessoas podem 
manter formas de interação autoritárias, dependentes, contraditórias, abertas. O 
telefone facilita a troca, não a realiza sempre. Isso depende das pessoas envolvidas. 
 
A mesma situação acontece com a Internet. Fala-se das inúmeras 
possibilidades de interação, de troca, de pesquisa. Elas existem. Mas, na prática, se 
uma escola mantém um projeto educacional autoritário, controlador, a Internet não 
irá modificar o processo já instalado. A Internet será uma ferramenta a mais que 
reforçará o autoritarismo existente: a escola fará tudo para controlar o processo de 
pesquisa dos alunos, os resultados esperados, a forma impositiva de avaliação. Os 
alunos, eventualmente, ou alguns professores poderão estabelecer formas de 
comunicação menos autoritárias, mas, para isso, precisam contrariar a filosofia da 
escola, mudando-a por conta própria, sem o endossoinstitucional. 
 
Compreendo perfeitamente que a Internet é uma ferramenta fantástica para 
buscar caminhos novos, para abrir a escola para o mundo, para trazer inúmeras 
formas de contato com as pessoas. Mas essas possibilidades só se concretizam, se, 
na prática, elas estão atentas, preparadas, motivadas para querer saber, aprofundar, 
avançar na pesquisa, na compreensão do mundo. Quem está acomodado em uma 
atitude superficial diante das coisas pesquisará de forma superficial. 
 
Vejo muitas pessoas adultas e jovens que se aborrecem com a Internet. 
Acham só problemas ao pesquisar. Reclamam de que aparecem milhares de sites, 
que em muitos só há propaganda, que, com freqüência, os endereços não entram, 
que nunca acham o que procuram e que o que encontram está em inglês. Colocam 
 
24 
 
 
 
desculpas para não pesquisar mais, porque realmente para elas pesquisar é um 
problema. Enquanto isso, ficam horas seguidas, provavelmente, em programas de 
bate-papo, de" conversa" superficial, interminável e pouco produtiva, para quem olha 
de fora. 
 
Nossa mente é a melhor tecnologia, infinitamente superior em 
complexidade ao melhor computador, porque pensa, relaciona, sente, intui e 
pode surpreender. Faremos com as tecnologias mais avançadas o mesmo que 
fazemos conosco, com os outros, com a vida. Se somos pessoas abertas, nós as 
utilizaremos para comunicar-nos mais, para interagir melhor. Se somos pessoas 
fechadas, desconfiadas, utilizaremos as tecnologias de forma defensiva, superficial. 
Se somos pessoas autoritárias, utilizaremos as tecnologias para controlar, para 
aumentar o nosso poder. O poder de interação não está fundamentalmente nas 
tecnologias, mas nas nossas mentes. 
 
Ensinar com a Internet será uma revolução, se mudarmos simultaneamente 
os paradigmas do ensino. Caso contrário, servirá somente como um verniz, um 
paliativo ou uma jogada de marketing para dizer que o nosso ensino é moderno e 
cobrar preços mais caros nas já salgadas mensalidades. A profissão fundamental 
do presente e do futuro é educar para saber compreender, sentir, comunicar-se e 
agir melhor, integrando a comunicação pessoal, a comunitária e a tecnológica. 
 
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25 
 
 
 
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redes. Rio de Janeiro. Delume Dumará, 1996. [ Links ] 
 
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9. MORAN, José Manuel. Novos caminhos do ensino à distância. Informe CEAD - 
Centro de Educação à Distância. SENAI. Rio de Janeiro, Ano 1, n. 5, out/nov/dez 
1994, p. 1-3. [ Links ] 
 
10. .Novas Tecnologias e o Reencantamento do Mundo. Tecnologia 
Educacional. Rio de Janeiro, vol. 23, n.126, setembro-outubro 1995, p. 24-26. 
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11. PAPERT, Seymour. A máquina das crianças: repensando a escola na era da 
informática. Porto Alegre, Artes Médicas, 1994. [ Links ] 
 
12. POSTMANN, Neil. Tecnopolio. São Paulo, Nobel, 1994. [ Links ] 
 
13. SEABRA, Carlos. Usos da telemática na educação. In Acesso; Revista de 
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14. SPROULL, Lee; KIESLER, Sara. Connections; New ways of working in the 
networked environment. Cambridge, Mass: MIT Press, 1991. [ Links ] 
 
 
 
 
 
HOW TO USE THE INTERNET IN EDUCATION FIELD 
 
Abstract 
 
Report and analysis of personal and institutional experiences that use Internet in 
education as research, support to teaching and as communication. This article 
evaluate the advances and problems that are taking place and shows that Internet 
has more efficiency when is introduced with processes of teaching, learning and of 
communication that try to integrate the personal, social and technological 
dimensions. 
 
Keywords: Internet; Education; Research; Communication. 
 
 
 
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26 
 
 
 
José Manuel Moran 
 
 
Doutor em comunicação pela Universidade de São Paulo 
Professor de Novas Tecnologias no Curso de Televisão da USP 
E mail: jmmoran@usp.br . Home Page sobre Comunicação e Educação: 
http://www.eca.usp.br/eca/prof/moran/mor.htm e 
http://www.geocities.com/TelevisionCity/7815/index.html 
 
 
I O leitor encontrará endereços comentados sobre educação e comunicação no item 
links ou endereços interessantes da minha home page: 
http://www.eca.usp.br/eca/prof/moran/mor.htm ou em 
http://www.geocities.com/TelevisionCity/7815/index.html . Os tópicos principais são 
os seguintes: Programas de busca em Educação e Comunicação; Endereços 
Interessantes em Educação e Comunicação no Exterior e no Brasil; Links Gerais, 
Artes, Ciências, Ensino à Distância, Mídias na Educação, Softwares e Vídeos na 
Educação, Listas de discussão em Educação; Comunicação, Jornais e Revistas em 
Educação e Comunicação, Televisão e Educação. 
 
II Podem ser encontrados na minha página, em Endereços interessantes em 
 
Educação e Comunicação no exterior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
mailto:jmmoran@usp.br
http://www.eca.usp.br/eca/prof/moran/mor.htm
http://www.geocities.com/TelevisionCity/7815/index.html
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-19651997000200006#1
http://www.eca.usp.br/eca/prof/moran/mor.htm
http://www.geocities.com/TelevisionCity/7815/index.html
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-19651997000200006#2
27 
 
 
 
CAPÍTULO 03 - INGLÊS EM TEMPOS DE GLOBALIZAÇÃO: para 
além de bem e mal 
 
 
ENGLISH IN THE AGE OF GLOBALIZATION: 
beyond good and evil 
 
 
Ana Antônia de Assis-Peterson 
 
Maria Inês Pagliarini Cox 
 
 
 
RESUMO 
 
Este trabalho relembra três leituras para o fenômeno do vínculo inalienável 
entre globalização e inglês: a leitura ingênua, que vê a mundialização da língua 
como natural e neutra; a leitura crítica, fortemente timbrada pela ideologia 
nacionalista e anti-imperialista, que a interpreta como mais uma instância da 
dominação americana sobre o mundo; e a leitura crítica da leitura crítica, que aponta 
os limites da posição anti-imperialista na nova ordem mundial posta pela 
globalização. Contudo, qualquer que seja a leitura, ninguém quer/pode esperar mais 
para aprender inglês. Essa urgência nos coloca cara a cara com a ineficiência 
histórica da escola pública para ensinar língua estrangeira, prerrogativa dos cursos 
livres de idiomas, situação que vinha/vem fazendo do domínio do inglês, entre outras 
línguas, um capital cultural garantido apenas para filhosdas classes mais 
abastadas. Para esses, começa a assomar no horizonte também as chamadas 
escolas bilíngües. E para os outros, os desvalidos da sorte? 
Palavras-chave: globalização, educação pública, ensino-aprendizagem de LE. 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This article resumes three interpretations for the phenomenon of the bond 
between globalization and English. First, it recalls the naïve position that sees the 
worldliness of English as natural and neutral. Second, it presents the critical view 
deeply marked by the nationalist and anti-imperialist ideology that understands the 
spread of English as another dimension of USA domination over the world. Finally, 
the third view is the critical viewpoint of the critical viewpoint that points out the 
limitations of the anti-imperialist position in the new world order imposed by 
globalization. However, whatever the interpretation is, no one wants or can wait any 
28 
 
 
 
longer to learn English. These urges place us face to face with the historic 
inefficiency of Brazilian public schools to teach foreign languages. Along the years 
the privilege of efficient teaching has been allocated to private language institutes. 
Such situation has been turning the competent learning of English among other 
languages into a cultural asset guaranteed only to the children of wealthy classes in 
Brazilian society. For the wealthy, on the horizon appears the so called bilingual 
school. And what is there for the others, for the underprivileged? 
Key words: globalization, public education, foreign language teaching/learning. 
 
 
 
 
 
Antes de falar inglês o mundo falou latim e francês. Contudo, diferentemente 
do que ocorrera com o latim e o francês, línguas usadas, sobretudo, para a 
enunciação da alta cultura e, portanto, domínio restrito de uma elite intelectual e 
dirigente, nos tempos da globalização, o inglês se dissemina por todas as esferas de 
atividades sociais. Em nenhum outro tempo da história da humanidade, os homens 
precisaram tanto de uma língua comum como agora, ao serem reunidos pelo/no 
ciberespaço. 
As interações entre falantes de diferentes línguas sempre ocorreram e 
sempre deram origem a meios de comunicação comuns: línguas francas, sabirs, 
pidgins, crioulos, línguas veiculares etc. Enquanto as fronteiras só eram 
atravessadas no ritmo dos pés humanos, dos cavalos e das canoas, e a 
comunicação se resumia à interação face a face, a necessidade de uma língua 
comum não se impunha com a mesma veemência. O aperfeiçoamento da indústria 
da navegação, que tornara possível aos homens reencontrar partes de sua espécie 
separadas por mares, e a invenção da escrita e depois da imprensa, que ampliara a 
possibilidade de comunicação para além da imediatez da interação face a face 
aumentara a necessidade de uma língua comum. Os trens, os carros, os aviões só 
têm feito encurtar as distâncias entre os homens. O telefone permitiu que pessoas, 
separadas no espaço, co-habitassem um mesmo tempo, assim como o rádio e a 
televisão. 
Contudo, nenhum desses meios de circulação e comunicação comprimira as 
distâncias entre os homens na proporção realizada pela Internet, que tecnicamente 
permite a interação de “todos com todos” em tempo real. 
29 
 
 
 
O único embaraço a esse meio de comunicação sem fronteiras é o gueto da 
língua materna, quando essa língua materna não é o inglês. Nunca os homens 
sentiram tanta falta de uma língua comum, nunca desejaram tanto saber inglês, 
mesmo que, em nome de alguma ideologia nacionalista e anti-imperialista, odeiem 
essa língua. 
Enquanto a urgência do inglês não havia batido à porta, fazíamos corpo mole 
para o arrematado fracasso do ensino de língua estrangeira na escola pública, 
situação não diferente na escola particular, com o atenuante de que sua clientela 
pode pagar por um curso livre de idiomas, lugar projetado como ideal para a 
aquisição do inglês. A incompetência da escola pública em fazer dos filhos das 
classes menos favorecidas usuários do inglês vem colaborando, ano após ano, para 
a reprodução da atual ordem econômica e social. Os filhos das famílias abastadas 
são preparados, ironicamente, para ingressar em universidades púbicas, para cruzar 
“legalmente” as fronteiras do país em busca dos melhores empregos, para ocupar 
cargos de direção. Os filhos das famílias empobrecidas, geralmente, trabalham de 
dia para poder custear uma universidade privada à noite, isso quando não 
engrossam a base da pirâmide dos que se evadem da escola antes de completar o 
ensino básico. Esses, quando cruzam as fronteiras do país, o fazem, quase sempre, 
como imigrantes ilegais e para realizar serviços braçais, que até combinam com o 
mutismo a que são condenados em terra estrangeira. Se antes a educação pública 
produzia os subempregados e os desempregados da nação, contemporaneamente 
está em via de produzir os inempregáveis da globalização. 
Eis as temáticas de que nos ocuparemos neste texto. 
 
 
 
INGLÊS & GLOBALIZAÇÃO: IMPOSSÍVEL IGNORAR... 
 
Comecemos por um lugar-comum: o mundo contemporâneo é o mundo da 
globalização. E a globalização, como assinala Ortiz (2006, p. 17), “declina-se (...) em 
inglês”, afirmação categórica que o cientista social atenua, juntando ao verbo no 
presente do indicativo o modalizador “preferencialmente”, assim: 
A globalização declina-se preferencialmente em inglês. 
Digo, preferencialmente, pois a presença de outros idiomas é constitutiva de 
nossa contemporaneidade, mesmo assim, uma única língua, entre tantas, detém 
uma posição privilegiada (Ortiz, 2006, p. 17). 
30 
 
 
 
Que o mundo global fala inglês é algo incontestável. Contudo, essa 
ubiquidade da língua tem sido alvo de diferentes interpretações. Há, por um lado, as 
chamadas leituras ingênuas que explicam a ampla difusão do inglês, ressaltando a 
simplicidade de sua gramática, a sua justeza e afinidade com a mídia, com o 
marketing, com a ciência, com a técnica e com o progresso, a sua aura de 
modernidade e, principalmente, seu caráter neutro como meio de comunicação entre 
falantes de diferentes línguas maternas, uma vez que a utopia do esperanto, entre 
outras propostas de criação artificial de uma língua internacional desenraizada de 
fronteiras geopolíticas, não vingou. Quer dizer, na falta de um esperanto bem 
sucedido, “esperantizase” o inglês. 
Há, por outro lado, as chamadas leituras críticas que, nutrindo-se mais ou 
menos de uma vulgata da Escola de Frankfurt, desconfiam da aludida neutralidade 
do inglês. Os frankfurtianos (Horkheimer, Adorno, Marcuse e Habermas, dentre os 
mais notáveis) desenvolveram uma perspectiva crítica de análise das práticas 
sociais, atenta à presença insidiosa da ideologia burguesa, como mecanismo de 
distorção da realidade e ocultação e legitimação de relações assimétricas de poder. 
Pretendiam potencializar a consciência das raízes da dominação, minando a 
ideologia e promovendo a verdade, a desalienação, de modo a contribuir para 
emancipação dos homens e para as transformações sociais. Foram eles os 
criadores do conceito de “indústria cultural” para designar a transformação de 
entidades culturais em mercadorias padronizadas distribuídas pela mídia. A indústria 
cultural era vista como uma espécie de cimento para manter a ordem existente. Na 
constelação semântica do discurso frankfurtiano, a onipresença do inglês no mundo 
global passou a ser interpretada por uma plêiade de intelectuais que se auto- 
intitulam politizados como produto do imperialismo americano e, desde então, a sua 
aludida inocência estaria desacreditada para sempre. 
Não são poucos os estudos que lêem a globalização do inglês como obra 
diabólica dos Estados Unidos, como abuso de seu descomunal poder econômico, 
bélico e político no conjunto das nações. Usando menos a força bruta e maiso 
poder simbólico como estratégia de dominação, o imperialismo entronou novos 
deuses, “prometeus” da modernidade – a ciência, a tecnologia e o banquete do 
consumo – que se expressam, sobremaneira, em inglês e fecundam a imaginação 
de pessoas de todos os cantos da Terra com a ambição do progresso. 
31 
 
 
 
Nos termos de Latouche (1994, p. 29), “Às formas antigas de ser mais, 
substitui-se o objetivo ocidental de ter mais. 
O bem-estar canaliza todos os desejos (a felicidade, a alegria de viver, 
desprendimento...) e se resume em alguns dólares suplementares”. 
Phillipson (1992) é referência obrigatória no que tange à leitura do fenômeno 
da difusão do inglês no mundo pela via do imperialismo. De modo contundente 
nomeou sua obra como Linguistic Imperialism, denunciando a “dominância do inglês 
afirmada pela constituição e contínua manutenção de desigualdades estruturais e 
culturais entre o inglês e outras línguas” (1992, p. 47). Argumenta que a hegemonia 
do inglês, solidamente enraizada no período colonial, tem sido promovida e 
sustentada por estruturas materiais ou institucionais (agências britânica e norte- 
americana) e argumentos ideológicos relacionados ao ensino da língua no mundo 
para promover interesses capitalistas. Mediante a promoção de características 
intrínsecas (língua pura, legítima), extrínsecas (disponibilidade de materiais, 
professores, instituições para seu ensino, disponibilidade de insumo para todos os 
navegadores da Internet) e funcionais (inglês como passaporte para o mundo global 
e desenvolvimento material e intelectual), agências diversas vêm promovendo e 
garantindo a ascendência do inglês em relação às demais línguas. Consoante 
Phillipson, a difusão do inglês no mundo constitui uma ameaça à vida de outras 
línguas e ao multilinguismo, perigo iminente que só poder ser enfrentado por meio 
de políticas linguísticas que promovam as línguas minoritarizadas na conjuntura da 
globalização. 
Pennycook (1994), por sua vez, busca desconstruir o discurso que significa a 
mundialidade do inglês como natural, neutra e benéfica. Salienta que, sob o manto 
da naturalidade (resultado inevitável das relações de força na conjuntura global), 
neutralidade (desenraizamento do contexto de origem e transformação da língua em 
um meio de comunicação universal) e benefício (condição para o diálogo, a 
cooperação e a eqüidade entre os povos), agem, efetivamente, interesses 
colonialistas e neo-colonialistas de instituições britânicas e norte-americanas. Quer 
dizer, a retórica de uma universalização benfazeja velaria interesses nada universais 
e nada amistosos. Ademais, a expansão do inglês não é a expansão apenas da 
língua, mas é também a expansão de um conjunto de discursos que, ao 
promoverem o inglês, promovem concomitantemente ideais do Ocidente e da 
32 
 
 
 
modernidade, como progresso, liberalismo, capitalismo, democracia etc. “É nesse 
 
sentido que o mundo é inglês” (Pennycook, 1995, p. 52). 
 
Embora o autor seja incisivo em suas críticas, não recomenda a atitude 
radical de recusa pura e simples do inglês, mas sim a sua apropriação para a 
produção de contra-discursos que tragam à tona o poder centrípeto do inglês e do 
discurso neoliberal que fala por meio dele. 
Enunciados por meio de línguas locais, os discursos insurgentes produziriam 
poucos efeitos. Conforme Pennycook, a lingüística aplicada clássica, iluminando os 
aspectos sócio-psicológicos, metodológicos e linguísticos do ensino de LE e 
deixando na sombra seus aspectos ideológicos, dá sustentação ao discurso da 
neutralidade do inglês. Contudo, aposta numa lingüística aplicada e numa pedagogia 
crítica que encarem o ensino-aprendizagem do inglês como “possibilidade” de os 
alunos se apropriarem da língua para formular contra-discursos aos discursos e 
práticas que promovem desigualdade e dependência. A voz em inglês que o 
professor tentaria cultivar no aluno não seria aquela colada à voz britânica nativa ou 
à voz americana, treinada em aulas comunicativas, mas sim aquela que lhe 
permitiria escrever contra qualquer forma de dominação econômica, política, cultural 
e linguística de um país sobre os outros. 
Além de Phillipson e Pennycook, são inumeráveis os autores que traduzem a 
globalização, no seu todo ou em parte, como um processo de americanização, 
embora nem sempre a vejam pelo viés do imperialismo, de que, às vezes, são até 
críticos contumazes. Canclini (1999, p. 16), por exemplo, vê a globalização cultural 
como sendo protagonizada pela cultura norte-americana, ainda que não seja 
governada por ela. Alvi (1996), retroagindo ao século XVI, que ele chama de século 
ibérico, diz do século XX um século americano. Segundo Alvi, a globalização nada 
mais é do que o triunfo do econômico – liberalismo e capitalismo – em sua versão 
estadunidense. 
Kubota (2001), refletindo sobre o impacto da globalização no ensino de língua 
no Japão, de igual modo afirma que naquele país a americanização produziu o 
discurso da internacionalização (kokusaika), que, na década de 1990, começou a 
ser substituído pelo discurso da globalização. Sob o signo desse discurso, 
patenteou-se a equação: língua estrangeira = inglês, situação que, como mostra 
fartamente a literatura da área, não é diferente em outros países. Quer dizer, o 
33 
 
 
 
discurso da internacionalização promoveu uma maciça anglicização do espaço de 
ensino de LE no Japão. Isso não é novidade para nós brasileiros que 
acompanhamos a agonia de morte do francês e a luta do espanhol para conquistar 
algum lote no espaço dominado pelo inglês. Também Ritzer (1996, in Block, 2001), 
satiricamente, designou o processo progressivo de americanização da vida social 
em todo mundo pela metáfora da “McDonaldização”. Analogamente, criou o termo 
“McComunicação” para se referir à tendência de superracionalizar e comodificar o 
ensino de inglês como segunda língua. 
A lista de autores que articulam, explícita ou implicitamente, o fenômeno da 
globalização econômica, cultural ou lingüística ao império do Tio Sam e assumem 
uma posição francamente anti-imperialista poderia se alongar por algumas páginas. 
Contudo, retomamos Ortiz (2006), o autor com que abrimos esta seção, para 
incorporar a essa reflexão a voz de um crítico da extemporaneidade das leituras 
anti-imperialistas. Antes de expormos a posição de Ortiz, parece-nos necessário 
apresentar a sua distinção conceitual entre “globalização” e “mundialização”, uma 
vez que o que se passa com o inglês hoje é, a seu ver, um fenômeno de 
mundialização. Reserva o termo globalização para designar processos econômicos 
e tecnológicos que ocorrem em escala planetária. “Há apenas uma economia global, 
o capitalismo, e um único sistema técnico (computador, Internet, satélites etc.)”, diz o 
autor (p. 39). Para ele, o termo global encerra o sentido de unicidade, o que o torna 
inadequado para designar o que ocorre na esfera da cultura. Assim, julga mais 
apropriado falar em mundialização da cultura que não implica unicidade. A 
mundialização “se exprime em dois níveis: (a) está articulada às transformações 
econômicas e tecnológicas da globalização, a modernidade-mundo é a sua base 
material; (b) é o espaço de diferentes concepções de mundo, no qual formas 
diversas e conflitivas de entendimento convivem” (p. 39 e 40). 
Partindo dessa distinção, Ortiz opta por dizer que o inglês é uma língua 
“mundial” e não “global”. “Sua mundialidade se dá no interior de um universo 
transglóssico habitado por outros idiomas” (p. 40). Discorda igualmente da 
designação “inglês internacional”, uma vez que o termo “internacional” pressupõe o 
funcionamento independente dos Estados-nação, o que não corresponde ao real da 
globalização. “Dizer que o inglês é uma língua inter-nacional significa considerá-lo 
na sua integridade, circulandoentre as nações” (p. 26). É também com base nesse 
34 
 
 
 
mesmo argumento que o autor tece sua crítica às leituras anti-imperialistas da atual 
posição planetária do inglês. 
Vincular diretamente a hegemonia do inglês em relação às demais línguas 
faladas na contemporaneidade à condição de potência econômica dos Estados 
Unidos é uma explicação anacrônica que se recusa a ver o que se passa com os 
Estados-nação nos tempos da globalização. 
A idéia de que os EUA é o centro de um poder, repartido proporcionalmente 
com as demais potências industrializadas, mas sempre imposto aos países 
periféricos economicamente subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, não leva em 
conta que “as nações deixam de ser unidades autônomas, independentes, 
interagindo entre si, para serem territórios atravessados pelo fluxo da modernidade- 
mundo”. (p. 26). A noção de fluxo desautoriza polarizações xenófobas, tão caras aos 
intelectuais da esquerda, como estrangeiro/nacional, interno/externo, centro/periferia 
etc. Os imperialismos se desequilibraram e agonizam diante da nova ordem mundial, 
mas essa é uma mudança difícil de ser admitida, digerida. 
O privilégio do inglês hoje até pode ter sua origem vinculada ao imperialismo 
americano, mas esse fato torna-se secundário. Mundializado, ele se desprende de 
suas raízes e ganha existência própria como idioma desterritorializado, apto a ser 
camaleonicamente apropriado, re-significado, re-entoado por falantes de diferentes 
línguas maternas nas interações entabuladas nos fluxos comunicacionais 
imprevisíveis da modernidade-mundo. 
Ao tornar-se mundial a língua inglesa, 
 
 
(...) libera-se de seu enraizamento anterior instituindo um artefato a ser 
legitimamente “deformado” pelos falantes de uma mesma galáxia. Na 
situação de globalização desconhecer o inglês significa ser analfabeto na 
modernidade-mundo, no entanto, como a existência de um padrão 
linguístico é uma quimera ideológica, qualquer indivíduo, 
independentemente de sua origem, tem a oportunidade e o direito de 
manipulá-lo, “deturpá-lo”. A diversidade dos sotaques é o preço pago por 
sua hiper-centralidade (Ortiz, 2006, p. 29). 
 
 
A essa afirmação acerca da manipulação e deturpação do inglês, podemos 
juntar aquela de Vasantkumar (1992), citada por Canevacci (1996, p. 21): “O 
processo de globalização não é simplesmente aquele em que as culturas indígenas 
são modernizadas, mas também aquele em que a modernidade se indigeniza”. 
Quem suspeitar da pertinência dessa afirmação, basta prestar atenção no inglês que 
35 
 
 
 
circula estampado nas camisetas, nos outdoors, nos nomes de estabelecimentos e 
produtos, na boca dos DJs e intérpretes musicais etc., em qualquer cidade brasileira, 
para mudar de opinião. Não existe ortodoxia ou purismo lingüístico que dê conta de 
resguardar o inglês autêntico de sua contaminação pelas variedades de português 
brasileiro, as nossas línguas maternas. Certamente, o atravessamento do inglês por 
outras línguas maternas se repete em todo mundo nos tempos da gurôbarizêshon, 
para homenagear a toada japonesa, mencionada por Kubota (2001). 
Ademais, Ortiz (2006, p. 31) acredita que os elementos-chave da chamada 
sociedade de informação – conceitos, modelos, fórmulas, procedimentos – foram 
inicialmente preparados em inglês, em razão de os Estados Unidos serem o único 
país industrializado, ao findar a II Guerra Mundial, a dispor de uma infra-estrutura 
educacional e tecnológica em condições de garantir a expansão do ensino superior 
e dos institutos de pesquisa, e de dispor de recursos para bancar uma agressiva 
política tecnológica que colocava a ciência a serviço do aperfeiçoamento da técnica. 
Sem isso, possivelmente o mundo não disporia dos computadores e da Internet que 
constituem a alma da sociedade da informação. 
Diferentemente da sociedade industrial que se caracteriza pela concentração 
dos meios de produção, pela distribuição em massa de objetos padronizados, pela 
especialização das tarefas e pelo controle hierárquico destas, a sociedade da 
informação se caracteriza pela descentralização das tarefas, pela dessincronização 
das atividades, pela desmaterialização das trocas e pela organização em redes 
antes do que por pirâmides de poder (ROSNAY, 2000). Parece-nos possível articular 
a noção de sociedade da informação com as noções de ciberespaço e cibercultura. 
Segundo Lévy (1999, p. 248-250), estamos vivendo a terceira etapa da história da 
comunicação e da cultura – a etapa do ciberespaço e cibercultura –, embora essa 
etapa não suplante definitivamente as duas anteriores. O tempo presente é, sim, 
uma coexistência complexa de temporalidades. 
A primeira etapa corresponde às pequenas sociedades fechadas, de cultura 
oral. Tais sociedades constituem totalidades culturais dinâmicas, unidades de 
sentido que se perpetuam pela transmissão cíclica de geração em geração, mas não 
enunciam proposições de cunho universalizante: nem as leis, nem os deuses, nem 
os conhecimentos, nem as técnicas, nem as línguas são universais. São “totalidades 
vivas, mas totalidades, sem universal” (p. 248). A humanidade apresenta múltiplas 
36 
 
 
 
faces e fala múltiplas línguas, mas nenhuma desejando se sobrepor às outras, 
converter as outras ao mesmo. 
A segunda etapa corresponde às sociedades civilizadas, colonialistas ou 
imperialistas, que inventaram o universal totalizante. O que faz a diferença nesse 
tipo de sociedade é a presença da escrita, potencializada pela imprensa, que amplia 
a memória social e instaura uma prática universalizante, empenhada na fixação do 
sentido, na conquista dos territórios e na submissão dos homens. O universal 
totalizante “impõe-se por sobre a diversidade das culturas. Tende a cavar uma 
camada do ser idêntica em toda parte e sempre, supostamente independente de nós 
(o universo construído pela ciência) ou vinculado a determinada definição abstrata 
(os direitos humanos). Sim, nossa espécie existe a partir de agora enquanto tal” (p. 
248 e 249). Essa etapa viu a expansão do Império Romano e a conseqüente 
ascensão do latim à categoria de língua universal da ciência e da cultura literária; viu 
a Europa chegar ao Novo Mundo e ensinar aos povos que aí encontraram suas 
línguas – Português, Espanhol, Inglês etc.; viu os Estados Unidos, na segunda 
metade do século XX, avultar como potência econômica, científica, tecnológica e 
bélica mundial, e o inglês tomar o lugar do francês como língua internacional. Enfim, 
essa etapa viu a Terra ficar com cara de Ocidente. As leituras anti-imperialistas do 
inglês estão, pois, presas a essa lógica de sentido, que, de acordo com Lévy, não é 
mais a lógica da etapa atual. 
A terceira etapa corresponde às sociedades globalizadas que, conectadas 
pela rede, formam um ciberespaço, entendido como espaço de comunicação aberto 
pela interconexão mundial dos computadores. O termo ciberespaço cobre a infra- 
estrutura material de comunicação digital, o universo oceânico de informações posto 
em circulação e os seres humanos – navegadores e provedores de uma inteligência 
coletiva sempre em construção. Já o termo cibercultura designa o conjunto de 
técnicas, práticas, atitudes, modos de pensar, conhecimentos, valores que crescem 
juntos com o crescimento do ciberespaço (p. 17). Esse tipo de sociedade planetária 
só se tornou possível graças ao dispositivo de comunicação “todos para todos” que 
conjuga a reciprocidade e a partilha do contexto e da memória. Esse dispositivo 
combina propriedades da imprensa, rádio e televisão que funcionam segundo o 
esquema “um para todos” com propriedades do correio e telefone que funcionam 
segundo o esquema “um para um”. A mídia torna possível o compartilhar de um 
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contexto (embora seja imposto por centros emissores), mas não a reciprocidade. O 
correio e o telefone asseguram a reciprocidade, mas não o compartilhar do contexto. 
No

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