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AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE ACESSO À EDUCAÇÃO 
SUPERIOR NO BRASIL: UMA AVALIAÇÃO PARLAMENTAR 
 
 
CORCINI, Milena M. – PUC/PR 
BONETI, Lindomar W. – PUC/PR 
 
Resumo 
 
O presente artigo trata das políticas públicas de acesso à educação superior, as quais foram criadas 
visando permitir o acesso ao ensino superior às pessoas consideradas historicamente excluídas deste 
nível de educação. Este trabalho divide-se em três partes. Na primeira faz-se a introdução e a 
apresentação da pesquisa realizada em 2005, com deputados federais e senadores, em Brasília - DF. Na 
segunda parte são relacionados e descritos as principais políticas e programas de acesso ao ensino 
superior que o governo federal manteve, neste ano de 2006, no Brasil, quais sejam: Programa de 
Financiamento Estudantil – FIES; Programa Universidade para todos – PROUNI, Programa de 
Inclusão social e racial – COTAS para os vestibulares nas instituições públicas de ensino superior e o 
Programa INCLUIR para pessoas portadoras de alguma deficiência. Na terceira parte apresenta-se a 
concretização da pesquisa realizada que foi enviada por correio eletrônico, de forma aleatória, ou seja, 
sem preocupação com o partido político o qual é filiado o parlamentar, através de um questionário com 
08 (oito) perguntas discursivas sobre a importância das políticas públicas de educação inclusiva; se 
existiriam outras alternativas de solução do problema do acesso à educação superior; os detalhes de 
implantação das políticas de acesso adotadas no Brasil; se estas políticas beneficiam quem realmente 
precisam das mesmas, etc. Faz-se a apresentação de cada pergunta e em seguida compartilha as 
respostas dos parlamentares, de um modo sintético e geral, sem colocar nomes, sobre as políticas e os 
programas implantados até o momento pelo Governo Federal. Por fim, seguem-se as considerações 
finais acerca das respostas recebidas dos parlamentares. 
 
Palavras-Chaves: Políticas Públicas; Acesso; Educação Superior. 
 
 
 484 
Com a ampla expansão das Instituições de Ensino Superior - (IES) no Brasil, 
principalmente na década de 1990, as exigências e o controle da qualidade de ensino das instituições 
públicas ou particulares tornaram-se mais rigorosos, e deste modo, a realização de alterações foram 
indispensáveis, mudanças essas que pretendem propiciar o aumento do nível educacional, pois isso é 
fundamental para o desenvolvimento de uma população, proporcionando uma melhoria em todo o 
âmbito da vida. 
A educação é tratada pela Constituição federal de 1988, como um princípio fundamental, 
ou seja, todas as pessoas têm o direito de obtê-la, e é dever do Estado, provê-la. A Constituição declara 
em seu artigo 205 que "a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e 
incentivada com a colaboração da sociedade". 
Educação de qualidade é o que todo cidadão busca quando se trata de ensino, de escola, 
ainda mais em se tratando de um direito adquirido, e com previsão legal. 
 
“Qualidade é o que realmente interessa, quando falamos de qualquer tipo de serviço oferecido 
à sociedade. Tal princípio também vale quando o assunto é educação. Está fora de dúvida que 
o país necessita de juventude bem educada, como a sua maior garantia para assegurar o 
progresso, desenvolvimento e madureza da sociedade atual e vindoura. Famílias e estudantes 
procuram melhorar de vida, investindo na educação, na crença de que assim realizam os seus 
sonhos. Simplesmente todos acreditamos que a escola faz a diferença.” (JULIATTO, 2005, pg. 
47) 
 
Muito embora a cada ano o número de vagas nas instituições de ensino superior sejam 
expandidas, não há como negar que existe o problema do acesso a educação superior para a maior parte 
dos brasileiros. Desta forma, o Governo Federal, neste ano de 2006, manteve alguns programas para 
permitir o acesso a esse nível de educação às pessoas consideradas historicamente excluídas. Os 
principais programas são: Programa de Financiamento Estudantil – FIES; Programa Universidade para 
todos – PROUNI, Programa de Inclusão social e racial – COTAS para os vestibulares nas instituições 
públicas de ensino superior e o Programa INCLUIR, que é destinado à pessoas portadoras de alguma 
deficiência. 
Podendo assim, acadêmicos ou futuros acadêmicos lutarem pela sua posição em uma IES, 
seja por eles mesmos, seja com o auxílio do governo brasileiro. Ademais, o mais importante é dar a 
todos as mesmas oportunidades. 
Sabiamente KANT ( 2004, p. 20) comenta 
 485 
 
“ A educação, portanto, é o maior e o mais árduo problema que pode ser proposto aos homens. 
De fato, os conhecimentos dependem da educação e esta, por sua vez, depende daqueles. 
(...) 
Entre as descobertas humanas há duas dificílimas, e são: a arte de governar os homens e a arte 
de educá-los.” 
 
A partir do contexto analisado acima, este artigo tem como intuito analisar dados obtidos 
com uma pesquisa sobre a opinião de parlamentares a respeito dos programas de facilitação de acesso 
ao ensino superior desenvolvidos atualmente pelo Governo Federal. 
Um questionário foi enviado por correio eletrônico aos deputados federais e senadores, 
indagando sobre a importância das políticas públicas de educação inclusiva; se existiriam outras 
alternativas de solução do problema do acesso à educação; os detalhes de implantação destas políticas 
de acesso; se estas políticas beneficiam quem realmente precisam delas, etc. 
Escolheu-se enviar o questionário para os deputados federais e senadores, pois são os 
parlamentares responsáveis, entre outras atribuições, por aprovar ou não uma lei no Brasil. Desta 
forma, saber o que pensa sobre a educação, uma pessoa que tem um poder como esse, é no mínimo 
importante, uma vez que o país depende desses cidadãos para poder tentar promover à sociedade o 
acesso à educação superior com mais qualidade. 
Elaborou-se um questionário com 08 (oito) perguntas discursivas, o qual foi enviado pelo 
correio eletrônico aos deputados federais e senadores, de modo aleatório, sem preocupação de o 
parlamentar ser filiado a um ou outro partido político. Ao todo foram enviados 580 (quinhentos e 
oitenta) e-mails, entre os dias 13/10 e 22/11/2005. 
 
Descrição e análise dos programas avaliados 
 
As políticas públicas de acesso ao ensino superior público são iniciativas de inclusão de 
grupos considerados excluídos, ou seja, a inclusão de afro-descendentes, de pessoas sem condições 
econômicas de arcar com a educação superior, de deficientes, indígenas e etc, nas instituições de ensino 
superior. 
Boneti (2003, p.15) define política pública como 
 486 
 
a ação que nasce do contexto social, mas que passa pela esfera estatal como decisão de 
intervenção pública numa realidade, quer seja ela econômica ou social. Entendemos por 
políticas públicas o resultado da dinâmica do jogo de forças que se estabelecem no âmbito das 
relações de poder, relações essas constituídas pelos grupos econômicos e políticos, classes 
sociais e demais organizações da sociedade civil. 
 
Neste ano de 2006, no Brasil, o governo federal manteve diversas políticas e programas de 
acesso ao ensino superior, as principais estão relacionadas abaixo: (INEP, 2006) 
- Apesar de ter sido iniciado em meados de 1999, o Programa de Financiamento 
Estudantil – FIES, foi estruturado em 12 de julho de 2001 com a entrada em vigor da Lei nº 10.260 e 
das Portarias nº 1.725 e nº 2.184, de 02/08/2001 e 22/07/2004, respectivamente. Este programa é 
destinado a acadêmicos regularmente matriculados em cursos superiores (avaliados positivamente pelo 
Ministério da Educação) não gratuitos, podendo ter financiado até 50% (cinqüenta por cento) a partir 
de setembro de 2005 (antes era 70%) do valor da mensalidade escolar. É necessário que o aluno 
apresente um fiador que tenha uma renda no mínimo o dobro do valor da mensalidade do curso, em 
caso do primeiro fiador não conseguir provar o valor, o aluno pode apresentar maisum fiador para 
poder atingir a importância pedida. E enquanto cursa a faculdade o acadêmico se compromete a pagar 
R$ 50,00 (cinqüenta reais) a cada 03 (três) meses. 
- Políticas de Ação Afirmativa, isto é, programa de inclusão racial e social nas instituições 
de ensino superior públicas, ou seja, as cotas para afro-descendentes, indígenas e estudantes egressos 
do ensino médio cursado em escola pública. Está em tramitação no Congresso Nacional o projeto de lei 
federal nº 3.627/2004, que implanta a reserva de vagas, de 50% (cinqüenta por cento) para as pessoas 
mencionadas acima, nas universidades federais brasileiras. A medida faz parte de uma política de 
combate às desigualdades sociais, que visa garantir a inclusão de grupos desfavorecidos da sociedade. 
É um tema complexo, uma vez que envolve outros assuntos como o desequilíbrio social e econômico 
enfrentado por toda a população. 
- A Lei nº 11.096, de 13 de janeiro de 2005, instituiu o Programa Universidade para Todos 
– PROUNI, que possui o intuito de destinar bolsas de estudos integral ou parcial de 50% (cinqüenta por 
cento) ou 25% (vinte e cinco por cento) para estudantes de cursos de graduação ou seqüenciais em 
instituições de ensino superior particulares, que não sejam portadores de diploma de curso superior. 
Uma das exigências é que só pode se candidatar ao PROUNI o estudante que tiver participado do 
Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, e obtido a nota mínima divulgada pelo Ministério da 
 487 
Educação – (MEC), além disso, é preciso que o estudante tenha renda familiar por pessoa até três 
salários-mínimos e satisfaça uma das condições abaixo: ter cursado o ensino médio completo em escola 
pública; ter cursado o ensino médio completo em escola privada com bolsa integral; ser portador de 
deficiência, ou ser professor da rede pública de ensino básico, em efetivo exercício, integrando o 
quadro permanente da instituição e concorrendo a vagas em cursos de licenciatura, normal superior ou 
pedagogia (neste caso, a renda familiar por pessoa não é considerada). 
- O programa INCLUIR oferece igualdade de oportunidade e direito à educação superior 
às pessoas com algum tipo de deficiência. Esse programa procura fazer as Instituições Federais de 
Ensino Superior - IFES cumprirem a adequação da estrutura física, conforme dispõe o Decreto 
Presidencial nº 5.296/2004. Os cidadãos que convivem com algum tipo de deficiência, podendo ser 
congênita ou adquirida, permanente ou transitória, somam 14,4% da população brasileira, enquanto 
dados do Censo da Educação Superior de 2003 demonstram a baixa inserção desse extrato populacional 
nos ambientes acadêmicos. Faz-se necessária a promoção de ações que promovam a inclusão das 
pessoas com deficiência nos ambientes acadêmicos, em condições de igualdade. 
Não é possível ter um resultado concreto sobre os programas e políticas de acesso ao 
ensino superior, desta forma, ainda não se tem informação palpável e fidedigna se há realmente 
viabilidade prática desses programas para as pessoas que realmente precisam. 
 
 
 
 
 
O resultado da pesquisa 
 
Até o dia vinte de janeiro do ano vigente, 30 (trinta) parlamentares retornaram o e-mail, 
sendo que apenas 05 (cinco) deputados federais responderam as questões; entretanto 20 (vinte) 
parlamentares responderam que estavam providenciando, mas até o presente momento nada foi 
recebido; dois senadores e três deputados disseram que estavam impossibilitados de responder. Dois 
por estarem licenciados das atividades do senado na época, outro sugeriu o envio para a Comissão de 
Educação, por conhecimento do caso, outro em função de cirurgia médica, e outro ainda respondeu 
dizendo que precisaria pesquisar o tema mais aprofundadamente de forma a responder mais 
 488 
adequadamente as questões, e tendo em vista as muitas atividades diárias, estava impedido de atender 
esta solicitação, não podendo assim colaborar. 
Apesar de apenas 05 (cinco) deputados federais terem respondido as questões, receber as 
respostas dos mesmos foi bem importante, pois desta maneira consegue-se identificar o que os 
parlamentares pensam sobre as políticas públicas de educação superior, e percebe-se também que há 
diferença nas opiniões em algumas questões controversas. 
No que diz respeito a melhoria da qualidade da educação superior em função da prática 
das políticas públicas de facilitação do acesso ao ensino superior, nenhum parlamentar respondeu que 
melhorará a qualidade do ensino, entretanto essa política pública democratiza, e isso, de certo modo, é 
visto por muitos como um avanço. As cotas são mecanismos novos de inclusão e por isso precisam de 
mais tempo para serem julgadas e aí sim, serem findadas ou continuadas. 
Na pergunta sobre se as políticas públicas de facilitação de acesso ao ensino superior 
conseguem diminuir os conflitos éticos decorrentes das diferenças raciais e sociais, ou se exacerbam 
esta situação, alguns deputados responderam, em síntese, que as políticas afirmativas servem para 
reparar um prejuízo social para grupos historicamente desprestigiados, ou submetidos a espoliação 
econômica. Outro deputado, entretanto, respondeu que as políticas públicas educacionais não 
conseguem diminuir os conflitos, e que somente a tolerância adquirida por via de atitudes e meios 
pacíficos poderão diminuir esses conflitos. Outro ainda respondeu que no Brasil não existem problemas 
étnicos-raciais como em alguns outros países da Europa, ou mesmo, nos Estados Unidos. Quem quer 
dizer o contrário está procurando criar um clima de raiva, que não existe no Brasil. Os mecanismos 
criados na legislação para garantir determinados números de vagas ou cotas nas instituições públicas de 
ensino aos negros e aos índios, por exemplo, deve ser melhor analisado. Embora essa concepção seja 
completamente nobre se for olhado como instrumentos de se tentar resgatar uma dívida social contraída 
pelo Estado brasileiro ao longo dos séculos com esses grupos históricos, mas também é verdade que 
esses mecanismos de cotas podem ter criado uma situação embaraçosa, pois está se criando dois grupos 
diferenciados de alunos das instituições públicas. Um grupo que adentrou nas universidades públicas 
via o concorrido vestibular e outros, os poucos quotistas, que adentraram no ambiente universitário via 
concorrendo a vagas disponibilizadas para determinados grupos da sociedade. 
Quando perguntado se todos aqueles que freqüentam o ensino médio em escolas 
particulares podem se sentir excluídos das universidades públicas em função das políticas públicas de 
 489 
facilitação de acesso ao ensino superior criadas pelo governo federal, todas as respostas foram 
negativas, e complementaram em geral, dizendo que este seria um sentimento equivocado, e que alguns 
podem ter inicialmente algumas resistências às políticas públicas educacionais, entretanto acabarão por 
compreender a importância da solidariedade na construção de uma sociedade menos desigual e, 
portanto, socialmente mais justa e menos violenta. 
No que se refere às concepções dos programas de facilitação de acesso ao ensino superior 
no Brasil, se realmente objetivam a elaboração de políticas públicas ou atendem unicamente a 
determinantes de ordem partidária, alguns deputados acreditam que as concepções dos programas 
objetivam realmente a elaboração de políticas públicas sérias, não atendendo, pois, às injunções de 
ordem partidária. Outros colocam que toda política pública tem o viés do partido que está no poder, não 
prevalecendo integralmente a sua vontade, pois existem os contrapesos do congresso nacional, da 
oposição e das interações com sindicatos e outros atores sociais da democracia. Desta forma, a parte 
ativa do processo é o partido ou os partidos políticos que governam. Outro ainda acredita que as 
políticas públicas atendem em parte a determinantes de ordem partidária, considerando uma concepção 
equivocada de acesso universaldo ensino superior, e completa que considera que o Brasil está muito 
distante de ter realmente políticas de acesso à educação superior. 
Perguntando sobre quais interesses econômicos orientam a elaboração e implementação 
das políticas públicas de facilitação de acesso à educação superior, um deputado respondeu que não há 
relação com interesse econômico na orientação e implementação das políticas públicas, assim, a 
questão é eminentemente de promoção social. Outro parlamentar respondeu que não são interesses 
econômicos e sim de Estado. Outro ainda respondeu que é o interesse de tornar o Brasil cada vez mais 
capacitado, com cidadãos capacitados para aumentar a geração de renda, para poder distribuir a riqueza 
com mais facilidade. Outro ainda, respondeu que o Estado não consegue prover a universalização do 
tratamento no estudo de nível superior, nem do ensino médio e técnico, portanto as universidades 
particulares investem e proliferam, muitas vezes, sem preocupação com a qualidade. 
Já na pergunta se há alguma conexão entre as políticas públicas de facilitação do acesso e 
o desenvolvimento do Brasil, os deputados responderam, de modo geral e em síntese, que de imediato, 
pouca é a conexão, no entanto, mesmo a curto prazo, a ampliação da educação no país, mais 
abrangente, terá inevitavelmente conseqüências em nosso desenvolvimento futuro, não apenas o 
desenvolvimento econômico, mas socialmente. 
 490 
Outra pergunta foi se os programas de acesso ao ensino superior possuem alguma 
vinculação com ideologias específicas. Alguns deputados responderam que são teses defendidas 
tradicionalmente por partidos de esquerda, além do acesso a permanência, de preferência em 
instituições públicas. Outros disseram que democratizar o ensino e levá-lo a um número maior de 
pessoas não significa que essa idéia pertença a um ou outro partido. 
A última pergunta indagou se as políticas públicas de facilitação de acesso contemplam os 
princípios fundamentais do estado democrático de direito, identificando-os. A maioria dos deputados 
responderam afirmativamente e que os princípios contemplados são: a cidadania, a dignidade da pessoa 
humana, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a redução das desigualdades sociais e a 
promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras 
formas de discriminação, sem esquecer do repúdio ao racismo. Outro respondeu que o Estado brasileiro 
tem uma dívida história com as pessoas historicamente excluídas do ensino superior, entretanto o 
mecanismo de cotas poderia funcionar por um tempo, seja 50 anos ou mais, mas nunca fazer deste 
mecanismo um item perpétuo. Um deputado apenas respondeu negativamente, sem argumentar a sua 
opinião. 
 
 
 
Considerações Finais 
 
Apesar de baixíssimo o número de parlamentares que responderam as questões enviadas 
por e-mail, apenas 05 (cinco) deputados federais de um total de 580 (quinhentos e oitenta) e-mails 
enviados, consegue-se perceber que há diversidade nas opiniões, desta maneira, a pesquisa corrobora 
que este é um tema complexo e fica evidente que necessita de maiores estudos e análises. 
As respostas recebidas mostram a intenção dos parlamentares em ver todos os cidadãos 
tendo acesso ao ensino superior, principalmente os considerados historicamente excluídos deste nível 
de educação, pois se acredita que levando para as universidades públicas membros de segmentos da 
sociedade que dificilmente chegariam até lá por falta exclusiva de oportunidade, acabam por promover 
uma contribuição importantíssima para a academia brasileira. Os assuntos sobre negros, índios, 
 491 
deficientes, excluídos, etc deixam de ser apenas uma discussão acadêmica de suposição para se tornar 
uma discussão mais enraizada pelo pensamento nacional. 
Entretanto, ainda não é plausível mensurar os resultados de todos esses programas e/ou 
políticas, ou seja, segundo alguns parlamentares, ainda não se tem conhecimento se há realmente 
viabilidade prática desses programas para as pessoas que realmente precisam, e diante disto serão 
indispensáveis mais alguns anos para se ter uma informação precisa sobre a viabilidade das políticas 
públicas de facilitação de acesso à educação superior no Brasil. 
Entretanto o que não se pode deixar de observar é o descontentamento de alguns 
parlamentares, no que se refere às políticas públicas e o seu andamento, chegando até mesmo a 
considerar que o país está muito longínquo de ter realmente políticas de acesso à educação superior. 
Percebe-se também, com a pesquisa, que as tentativas governamentais de se ampliar o 
número de cidadãos com diploma universitário é uma tendência na área da educação, pois acredita-se 
que só haverá democratização na educação pública universitária com a inclusão de todos os segmentos 
da sociedade. 
Ademais, quanto mais pessoas tiverem acesso a boas universidades, mais cidadãos 
capacitados serão formados e somente desta forma atingiremos o desenvolvimento completo do povo 
brasileiro, neste sentido Kant (2004, p.15), “O homem não pode se tornar um verdadeiro homem senão 
pela educação. Ele é aquilo que a educação dele faz”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 492 
Referências 
 
BRASIL. Programa de inclusão racial e social nas instituições de ensino superior. Projeto de Lei nº 
3.627 de 2004. 
 
BRASIL. Programa de financiamento estudantil - FIES. Lei nº 10.260, de 12 de julho de 2001. 
 
BRASIL. Programa universidade para todos - PROUNI. Lei nº 11.096, de 13 de janeiro de 2005. 
BRASIL. Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988. 
BONETI, Lindomar W. Políticas públicas, educação e exclusão social. In (Cord) Educação, exclusão e 
Cidadania. 3ª ed. Ijui: Editora UNIJUI, 2003. 
 
INEP. Instituto nacional de estudos e pesquisas educacionais Anísio Teixeira. disponível em : 
http://www.inep.gov.br/superior/sinaes Acessado em: 11/08/2006. 
 
JULIATTO, Clemente Ivo. A universidade em busca da excelência: Um estudo sobre a qualidade da 
educação. Curitiba: Champagnat, 2005. 
 
KANT, Immanuel. Sobre a pedagogia. Tradução de Francisco Cock Fontanella. 4ª ed. Piracicaba: 
Editora UNIMEP, 2004.

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