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Mandato de Injunção caso 001

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO BETA
SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO BETA, inscrito no CNPJ sob o n°...., com sede localizada no endereço..., por meio de seu advogado ao final inscrito (mandato anexo), com escritório profissional sito à Rua..., onde recebe intimações, vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, inciso LXXI, da CF/1988 e artigo 2º da Lei nº. 13.300/2016, impetrar:
MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO
Em face do GOVERNADOR DO ESTADO BETA, que poderá ser encontrado na sede funcional, pelos fundamentos de fatos e de direito a seguir passa-se a expor.
I - DOS FATOS
Os servidores públicos do Estado Beta, no qual o impetrado é governador, diante ao não recebimento do adicional noturno, se encontram inconformados, posto que eles trabalham no período noturno e fazem jus ao referido adicional.
A justificativa para o não pagamento do adicional, segundo o Estado Beta é a ausência de dispositivo que regulamente as normas constitucionais que a asseguram o seu pagamento.
Diante disso, não havendo outro meio de solucionar o problema, o impetrante vem a este juízo requerer a tutela do direitos dos seus filiados
II - CABIMENTO
Conforme se observa no caso em apreço, não há norma dispondo sobre o adicional noturno, razão pela qual o Estado Beta se nega a oferta-lo. E de acordo com o Art. 5º, inciso LXXI, da Constituição Federal quando há ausência de norma legal impedindo o exercício de direito constitucional, é cabível o mandato de injunção. Neste sentido o  Art. 2º da Lei nº 13.300/2016:
“Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação quando forem insuficientes as normas editadas pelo órgão legislador competente."
A nossa Corte Suprema delibera que o writ poderá ser manejado pelo interessado na medida em que a busca desse pelo “direito à legislação” corresponda a um dever de prestar, ou seja, “uma obrigação jurídica indeclinável imposta ao poder público” (STF, MI 5.926 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 10.4.2014, P, DJE de 2-6-2014).
A esses pressupostos definidos na esteia da jurisprudência do Supremo, para que o mandado de injunção seja cabível, não basta que haja somente a omissão legislativa por si só, mas uma omissão que concretamente inviabilize a fruição dos direitos individuais por ele resguardados pelo seu titular e que seja especificadamente apontado pelo legitimado ativo. (STF, MI 624, rel. Min. Menezes Direito, j. 21-11-2007, P, DJE de 28-3-2008).
	No caso em tela, os servidores não conseguem acesso ao benefício sob a alegação da ausência da norma regulamentador, daí porque imprescindível o presente mandato de injunção.
III - LEGITIMIDADE ATIVA
Em consonância com o art. 12, inciso III, da Lei do Mandado de Injunção Individual e Coletivo, Lei nº 13.300/16, tem-se que são legitimados ativos: 
Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:
(...) III - por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial;
Assim sendo, o impetrante é legitimado para propor o presente mandato de injunção, conforme consta tanto do art. Supracitado, quanto do art. 5º, LXXI da CF, 
Insta salientar, que o Supremo Tribunal Federal editou Súmula n° 629 que assim dispõe:
Súmula 629. A IMPETRAÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO POR ENTIDADE DE CLASSE EM FAVOR DOS ASSOCIADOS INDEPENDE DA AUTORIZAÇÃO DESTES.
Sendo perfeitamente cabível no caso do presente mandado, uma vez que, os servidores públicos do Estado Beta estão deveras, sendo prejudicados pela falta de legislação específica que os ampare em relação ao direito constitucional ao adicional noturno, sendo dever do sindicato zelar pelos direitos e interesses dos seus filiados, propôs-se o presente writ.
IV - DA LEGITIMIDADE PASSIVA
Nos moldes do art. 3º da Lei do Mandado de Injunção Individual e Coletivo, temos expressa a legitimidade passiva: “como impetrado, o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora”.
O legitimado passivo no Mandado de Injunção é a esfera estatal considerada omissa no dever de legislar. Nesta esteira, o governador do Estado Beta, pois é a parte legítima para integrar o polo passivo da presente ação constitucional, haja vista que, no processo legislativo estadual, é quem detém competência privativa para iniciar o processo legislativo no presente caso, vez que as regras constitucionais estaduais de competência devem observar, por simetria, o que determina a Carta Magna (Art. 61, § 1º, II, alínea ´a´, da CF).
VI - DO MÉRITO
O mandado de injunção tem por objetivo combater a existência de lacunas constitucionais que frustrem direitos individuais relacionados à soberania, nacionalidade e à cidadania, que é a previsão do art. 2º da Lei nº 13.300/16. São as normas constitucionais de eficácia limitadas, também denominadas pela doutrina constitucionalista como normas constitucionais por princípio institutivo, impositivas (art. 20, parágrafo segundo da CF) ou facultativas (art. 22, parágrafo único da CF).
	Sabe-se que o direito ao adicional noturno está previsto na Constituição Federal, no seu artigo 7º, inciso IX, que estabelece que são direitos dos trabalhadores, além de outros, remuneração do trabalho noturno superior à do diurno.
Acontece, Exa., que por não haver até então legislação específica tratando sobre o tema, os servidores públicos do Estado Beta estão tendo seus direitos abafados, pois eles.
Em que pese a alegação do Estado Beta para não conceder o adicional por falta de lei regulamentadora, salienta-se que a própria CLT já prevê tal direito regulamentado para os trabalhadores celetistas, garantindo, nessa esteira, o ora debatido adicional noturno, disciplinado no art. 73 da referida Consolidação Trabalhista, que assim dispõe:
Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior a do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20 % (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna.
Logo, no que diz respeito especialmente à ausência da lei que regulamente o direito ora debatido, remanesce a este juízo a decisão de tornar aplicável ao caso o disposto que rege os trabalhadores celetista previsto no artigo 73 da CLT, no que couber, até que seja suprida a referida omissão inconstitucional pelo órgão legiferante.
Ante o exposto, não pode os servidores em decorrência da mora do estado/legislador, ser prejudicado por falta de norma que regulamente direito constitucionalmente inerente a sua função, motivo pelo qual se elegeu esta via com a finalidade de obter a resolução do litígio ora apresentado.
VI - DOS PEDIDOS
Presente os pressupostos de fato e de direito que autorizam a presente demanda, requer:
a) a notificação da autoridade estatal, para que, querendo, preste as informações que entender pertinentes do caso;
b) a ciência do ajuizamento da ação ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada;
c) a intimação do Representante do Ministério Público;
d) a condenação do Impetrado em custas processuais;
e) que o pedido seja ao final julgado procedente para que o Tribunal determine prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora;
f) o estabelecimento das condições em que se dará o exercício dos direitos, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado;
Dá-se à causa, para efeitos fiscais e de alçada, o valor de...
Termos em que, pede deferimento.
Local e data.
Advogado
OAB/UF nº...

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