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relatorio psicologia fenomenologica

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RELATÓRIO FINAL DO 
ESTÁGIO SUPERVISIONADO ESPECÍFICO 
EM INTERVENÇÕES PSICOLÓGICAS I 
CURSO DE PSICOLOGIA 
 
 
João de Freitas Guedes 
 
 
 
 
 
 
 
 
Data da Entrega: _______/________/_______ 
Nota Final do Estágio: ___________________ 
Assinatura Supervisor: ____________________ 
Assinatura Estagiário: _____________________ 
 
 
João de Freitas Guedes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO FINAL DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO ESPECÍFICO EM 
INTERVENÇÕES PSICOLÓGICAS I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Relatório Final apresentado como 
requisito para aprovação na disciplina 
Estágio Supervisionado Específico em 
Intervenções Psicológicas I. 
 
Orientador: Prof.: Letícia Reis 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2020 
 INTRODUÇÃO 
 
 Meu intuito é contextualizar através deste relatório o caso da Chiara, apresentado 
pelo programa sessão de terapia e acompanhado ao longo do estágio de clínica 
fenomenológica ,com os fundamentos da fenomenologia existencial. Através deste procuro 
expressar minha visão da forma com que a paciente se constitui e se manifesta enquanto 
ser-aí, evitando por vezes mencionar passagens que apenas expressam a maneira com 
que o terapeuta "conduz" as sessões e pouco contribuem para a elaboração de um pensar 
fenomenológico. 
 Chiara é uma atriz comediante de meia idade que está no auge da sua carreira , 
enfrenta dificuldades de lidar com sua exposição na internet e traz a tona questões acerca 
da pressão que a sua atual fama lhe impõe .Buscamos e conseguimos então,através da 
fenomenologia uma visão singular do caso, a partir do momento em que abandonamos a 
busca pela patologização da paciente ou de algum objetivo a se alcançar e acompanhamos 
os fenômenos se manifestarem como expectadores e estudantes. 
 Ao debruçarmo-nos sobre a filosofia fenomenológico-existencial conseguimos o 
movimento necessário para não fixar o modo de ser humano a teorias deterministas, e 
compreender o quanto tal modo de ser é decisivo para a constituição do ser em si. Procuro 
ao longo do texto recordar alguns momentos importantes do caso que me fizeram refletir de 
maneira fenomenológica e que abordam questões existenciais relevantes para uma clínica 
hermenêutica autêntica. 
 
 
 DESENVOLVIMENTO 
 
 Na primeira sessão Chiara chega antes da hora marcada de óculos escuros,boné e 
capuz, logo após entrar no consultório o terpeuta pergunta se ela está com algum 
problema na visão, ela diz que não, tira o "disfarce" , revela que marcou a sessão com seu 
nome de batismo (Joana) para não ser reconhecida e pergunta se ele está surpreso ,ele 
sem entender diz que não, então Chiara relata que é uma atriz famosa, o terapeuta 
questiona se é muito importante para ela ser reconhecida, ela fala que tem mais de 20 
milhões de seguidores e com tom irônico diz ter entendido qual é o "tipo" dele, diz que 
existem pessoas que dizem que não assistem seus filmes ou novelas,mas na verdade 
assistem sim, sugerindo que o terapeuta não estava sendo sincero, logo após não ter sido 
reconhecida pelo terapeuta e questionada se ser reconhecida é algo importante para ela, 
Chiara começa a descrever como imaginou que seria aquela sessão, diz que achou que o 
terpeuta fosse mais alto e que achou que ia rolar um "negócio', um "olho no olho" com tom 
sedutor. 
 Chiara apresenta de início um modo de ser que parece estar constantemente em uma 
posição de defesa enquanto ser-no-mundo ,evitando a sua forma mais autêntica de ser-aí. 
Chiara ao se ver lançada no indeterminado, de frente com o terapeuta que por surpresa da 
mesma não é mais um fã, e tendo que lidar com assuntos que lhe afligiam, buscou recursos 
que lhe impedissem de trazer a tona suas fragilidades, tal fenômeno por si só nos mostrou a 
dificuldade da paciente e uma certa "resistência" para lidar com suas dificuldades. 
 Em um segundo momento Chiara relata que desde pequena queria ser atriz, e que por 
influência da sua mãe sempre fez muitos testes desde pequena, que já recebeu muitos 
nãos, mas que sempre insistiu. Ela alega que devido a essa rotina está cansada e as vezes 
sem força para levantar da cama, ela tenta atribuir tal cansaço a sua vida noturna sempre 
movimentada, diz que após fazer muitos exames que nada apontaram, o médico a indicou 
um psiquiatra que a diagnosticou com depressão, ela insatisfeita com o diagnóstico recorreu 
a terapias alternativas, mas que por não terem o resultado esperado a fez retornar ao 
psiquiatra que a receitou "tarja preta", a paciente então contesta e diz que depressão é 
coisa de gente fraca, elabora para si um conflito ao se questionar como seria possível ter 
depressão sem ter motivos para isso e estando no auge do seu sucesso. Ela traz a tona 
uma angústia pautada na ausência de sentido em ter conquistado o que sempre desejou 
desde pequena e mesmo assim se sentir vazia. 
 Para kierkegaard ,em O desespero humano, o médico tem o trabalho de tratar e 
diagnosticar a saúde e a doença enquanto o psicólogo trata e diagnostica o desespero . 
Segundo ele o desespero humano é uma forma de negação dos paradoxos e pode ser 
consciente e inconsciente ,acerca de tal teoria Kierkegaard afirma: 
 "Habitualmente, o estado do desesperado ,ainda que irisado por muitas 
tonalidades,esconde-se sob a sua própria penumbra. No seu íntimo ele bem duvida do seu 
estado, sente-o até, como quando se pressente a doença latente, mas sem grande vontade 
de descobrir qual seja. Em certo instante quase apercebe do seu desespero, outro dia já o 
seu mal-estar lhe parece ter outra origem, como se fosse qualquer coisa exterior, fora dele, 
e cuja substituição aboliria o seu desespero. Ou quem sabe se ,por meio de distrações, ou 
pelo trabalho, por ocupações que sirvam de passatempo, ele não procura manter, sobre o 
seu estado, essa penumbra, mas mesmo assim, sem querer ver nitidamente que é com tal 
fim que se distrai, que age assim para não sair dessas meias trevas" 
 Ana Maria Feijoo elucida: 
 "No desespero inconsciente de ter um eu, este se torna presa da sensualidade [...] 
Carece de paciência,quer tudo no imediato. Ao cessar o encantamento das ilusões dos 
sentidos, surge em forma de angústia do nada, o sentimento de vazio" 
 Em certo momento o terapeuta pergunta a Chiara por que ela não tira férias, tendo 
em vista que ela anda se sentindo cansada devido a sua rotina desgastante, ela então 
pergunta se ele está maluco, e diz que ela está prestes a estrear um programa só dela na 
televisão ,que está tudo maravilhoso e que não pode largar tudo agora para tirar férias. 
Kierkegaard afirma que o homem é uma síntese de infinito e finito,de temporal e 
atemporal,de possibilidades e de necessidade, tendo em vista que a existência humana 
implica a relação consigo mesmo e com o mundo, o desespero se manifesta a partir do 
momento em que os paradoxos presentes nas relações não são aceitos. Chiara se depara 
com um paradoxo relacionado a uma carência de possível em relação ao necessário, sua 
rotina torna-se asfixiante a partir do momento em que não vê "tirar férias" como uma opção, 
para Chiara não há lugar para arriscar a possibilidade de tirar férias. 
 Após Chiara "desabafar" ,confessar que chegou a tomar os remédios "tarja preta" 
mas que parou, e abandonar sua "posição defensiva" diante de suas fragilidades, o 
terapeuta sugere que ela não está apenas cansada como alega estar, Chiara diz que 
perdeu tempo e que não irá mais voltar, o terapeuta então pergunta quem não vai mais 
voltar Joana ou Chiara, ela levanta e anda em direção a porta para sair do consultório. 
Segundo Heidegger (2012, p.141), o ser-aí é o ente “em cujo ser está em jogo esse 
ser ele mesmo”. O terapeuta nessa passagem sugere justamente que ela em seu modo de 
ser-no-mundo não se manifesta da forma mais sincera consigo mesma, ao atribuir a Chiara 
características que estão mais ligadas a um ser-para-os-outros do que um ser-para-si. 
Chiara ao nãosustentar se manter em contato com essa angústia se levanta e anda em 
direção a porta. 
 Na segunda sessão Chiara diz que voltou porque o terapeuta disse uma coisa que 
pode ser verdade e que fez sentido para ela, que ela pode estar cansada de ser sempre a 
engraçadona, ele pergunta se isso não trouxe nenhum alívio para ela, afinal ninguém 
precisa ser divertido o tempo todo, ela diz que sempre precisou ser assim, ele retoma a 
uma fala anterior dela e pergunta oque ela quis dizer com "tudo o que vivi me trouxe até 
aqui", a paciente então conta um pouco da sua infância ,diz que sua família passou por 
necessidades financeiras e que foi nessa época em que ela começou a participar de testes 
para comercial de tv, e que já que ela era uma criança carismática e exibida se tornou nas 
suas palavras a "previdência" da família, Chiara diz que só gostava dos testes quando 
passava, que o dinheiro era bom e gostava de ver a mãe feliz, o terapeuta pergunta se foi aí 
que ela começou a se refugiar no seu lado engraçado, ela comenta que gostava que as 
pessoas gostassem dela e que várias vezes fingia ser outra pessoa antes dos testes para 
se sentir mais segura, fingia ser uma super-heroína,uma pessoa muito poderosa. 
 Heidegger apontou nos Seminários de Zollikon que o distúrbio , no homem,se 
caracteriza pela sua dificuldade de flexibilização e da liberdade. À psicoterapia cabe 
acompanhar aquele que esqueceu do seu caráter de poder-ser e ,no desvelamento de sua 
situação,poder resgatar possibilidade de sua liberdade. Chiara quando pequena se 
refugiava em um ideal criado por ela mesma que era capaz de tudo ,diz ter feito isso a "vida 
toda ",e ter demorado muito para perceber. Chiara reproduz a mesma forma de ser de 
quando criança ao se mostrar como a engraçada para todos a todo momento, Heidegger 
afirma que o ser-aí está presente tanto no próprio quanto no impróprio, mesmo que não se 
dê conta disso. No caso, Chiara encontra-se lançada no impróprio a partir do momento em 
que desde a primeira sessão expressa a importância que dá para a opinião alheia, a ponto 
de ignorar suas próprias necessidades .Por estar em uma constante busca em si "constituir" 
a partir do impessoal e do ser-com Chiara abre mão do ser-si-próprio. 
 Chiara conta para o terapeuta sobre um garoto (henry) que ela era afim quando 
adolescente ,no desenrolar da história ela diz que esse menino e o terapeuta foram as 
únicas pessoas que realmente pediram para conhecer a Joana, ela diz que convidou Henri 
para ir em um dos seus shows e ele levou a atual namorada,que no caso era sua fã, eles 
pediram para tirar foto com ela e ela permitiu mas confessa não ter gostado, Chiara reclama 
muito da situação e relata com raiva o fato de Henri ter aparecido em seu show com uma 
namorada, alega não entender porque Henri não a preferiu. O celular de Chiara toca ,ela 
atende e é a mãe dela que ligou para pedir dinheiro emprestado, após terminar a ligação 
Chiara reclama alegando que a mãe só pensa em dinheiro, o terapeuta então pergunta se 
ela percebe que toma atitudes e depois se irrita com as pessoas como se não tivesse 
responsabilidade pelo o que está acontecendo. 
 Chiara por não se abrir a todas possibilidades diante das situações acaba 
negando sua liberdade, o valor excessivo que ela atribui ao que os outros acham dela e ao 
impessoal impede que muitas possibilidades se abram em seu existir. Chiara não se vê 
responsável pelas situações justamente por não perceber que são consequências de suas 
escolhas, ela não enxergando as possibilidades também não se vê escolhendo e evitando a 
liberdade Chiara evita também a angústia presente nas escolhas, e consequentemente as 
chances de decepcionar alguém. Segundo Ana Maria Feijoo , "Não experimentar a angústia 
implica a perdição do eu, uma vez que conhecê-la ou nela emergir constitui o possível da 
liberdade" 
 Na terceira sessão, ainda na sala de espera Chiara se depara com a outra paciente 
saindo, essa paciente então diz ser muito sua fã e pede para tirar foto. Chiara então entra 
no consultório e insinua ter tido um caso com o terapeuta na noite passada, mas depois 
revela que estava apenas mostrando uma cena dela, Chiara comenta sobre a paciente que 
era sua fã e diz que todo dia é assim, (reclama que todo dia pedem pra tirar fotos) pergunta 
qual era o "problema" da última paciente e o terapeuta diz ser antiético revelar. Chiara conta 
(com tom de reclamação) sobre a vez que estava tirando sangue e pediram para tirar uma 
foto com ela, e então mais uma vez o terapeuta atribuiu a responsabilidade a ela com a 
seguinte pergunta "-mesmo você tirando sangue deixou que tirassem foto sua?". O discurso 
de Chiara apenas evidencia que suas realizações são ditadas pelas determinações do 
impessoal, compõe-se pela incapacidade de escolha quando diante a possibilidade de 
decepcionar alguém. 
 Chiara começa a contar que decidiu fazer um procedimento estético um dia antes 
da festa ,e que ficou com um hematoma no rosto, então o terapeuta pergunta se ela não 
sabia que ficaria com hematoma, e se não comentaram nada com ela antes do 
procedimento, ela demora mas confessa que falaram sim sobre isso, ela pergunta ao 
terapeuta se ele acha que ela está se boicotando, e ele diz que quem se boicota sabe que 
está se boicotando, ela diz que em certo momento sentiu raiva da dermatologista mas 
depois viu que isso era uma ótima desculpa para não ir e assume que sabia de certa forma 
o que estava fazendo, mas diz que mesmo assim acabou indo na festa pois era importante 
para ela , e porque nas palavras dela , não sabe dizer não para as coisas. 
 Para Kierkegaard é só na singularidade que o indivíduo torna-se responsável por 
sua ação, compromete-se com a sua obra,assina a sua autoria. Para este, os meios não 
justificam nenhum fim. Chiara acreditando-se não escolher, crê não correr o risco de 
decepcionar, se utiliza do procedimento estético para não ter que escolher entre ir ou não ir 
na festa, mas mesmo assim vai. 
 Chiara diz que a festa foi um fiasco, e revela que sabe desde quando se tornou 
uma pessoa engraçada, diz que quando era nova em determinada situação respondeu ao 
bullying que sofria de forma cômica, fazendo as pessoas rirem, descobriu que o humor era 
uma forma de defesa, e revela que nessa época ficou um amigo dos meninos da turma, 
saía muito com eles, nadava pelada com eles e uma vez eles pediram para tocar no peito 
dela e ela deixou, ela gostou daquilo pois segundo ela nunca imaginou que os meninos 
mais bonitos da turma fossem gostar de tocar nela, ela diz que estava escondendo a joana, 
se questiona se a joana está querendo aparecer e diz que a joana não aguentaria o mundo 
como ele é, Chiara chora e pede desculpa, o terapeuta diz que isso tudo foi bom, pois isso é 
joana assumindo sua vulnerabilidade, ele diz que Chiara se esquece muitas vezes ao estar 
sempre respondendo aos pedidos dos outros. 
 Através do seu projeto idealizado de si mesma Chiara não aceita cometer erros, 
equivocar-se. Nessa sessão a psicoterapia acontece de forma que Chiara reconhece e 
entra em contato com sua vulnerabilidade, aproximando-a a imperfeição em que a 
existência sempre se encontra. 
 No quarto encontro Chiara começa a sessão pedindo para ver as anotações do 
terapeuta,ele fala que isso não ajudaria em nada no processo e explica o porquê de não 
mostrar, Chiara insiste mas logo muda de assunto, reclama dizendo que está cansada e 
que não sabe a partir de qual momento se tornou uma empresa, diz que abriu uma porta 
que não consegue fechar mais. Chiara começa a falar sobre a personagem de uma história 
que admira desde criança, diz que a personagem tem uma força e uma coragem incrível, e 
que em certo momento abandona sua família e vai em busca da própria vida, deixa de ser a 
boneca da casa e vira dona da própria vida,Chiara diz que acha isso muito lindo, o terpeuta 
então pergunta porque ela achatão bonito e lhe sugere ser uma certa identificação.Nesse 
momento é possível perceber que Chiara elabora melhor sua dor ao reconhecer uma certa 
identificação com a personagem. 
 Em um outro momento o terapeuta relata que às vezes Chiara fala sobre seu 
trabalho com diversas tonalidades, e às vezes com raiva, então do que é exatamente essa 
raiva, Chiara diz que é de sua mãe, e contou uma história de quando era criança, a história 
contava de um teste que fez junto a sua mãe em que achou que tinha passado, mas ao 
estar em casa vendo televisão viu o tal comercial pro qual elas fizeram o teste e nele estava 
apenas sua mãe, com uma outra criança interpretando o papel de filha. Chiara diz que 
parece que na sua vida sempre tem alguém para puxar o seu tapete, para fazer o papel de 
sua mãe.Em um momento seguinte Chiara fala mais um pouco sobre sua família e o 
terapeuta sugere que seu pai cumpre um papel de "invisível",sua mãe da bonita e ela 
mesma de engraçada dentro da família. Diante disso ele diz que ela deve acreditar que 
também pode cumprir o papel de bonita e que isso não irá apagar sua mãe. 
 Ana Maria Feijoo em relação ao cuidado afirma:" O ser do estar-aí, como cuidado, 
fala da unidade do todo existencial do ser-aí, que se determina do ponto de vista ontológico 
existencial". Cabe a Chiara perceber que o seu cuidado (sorge) lhe pertence. Chiara desde 
pequena teve o costume de atribuir muito valor ao impessoal, para compreender suas 
possibilidades Chiara precisa primeiro reivindicar sua consciência e assim sair da escolha 
ditada pelo impessoal, seu ser-aí está em débito a partir do momento em que não usufrui 
por completo de sua liberdade. 
 
 
 CONCLUSÃO 
 
Ao sentir medo quando criança Joana se refugiava em um ideal de que era capaz de 
tudo, ao longo de sua vida tal projeto idealizado de si mesma começou a aparecer com 
muita frequência , ganhou nome artístico de Chiara e uma personalidade descontraída e 
engraçada (personalidade essa que era natural de Joana, porém deveria ser constante em 
Chiara).O peso de sustentar Chiara (ser engraçada o tempo todo, estar produzida o tempo 
todo ,se manter sempre na mídia) é tão grande para Joana , que ela se sente angustiada 
por sempre ter desejado e idealizado tal vida e hoje em dia estar "cansada" de ter 
frequentemente que interpretar um ideal invulnerável e que se mostra constantemente 
determinado pelo impessoal. O valor de Chiara está justamente na aprovação do outro 
devido ao fardo que seu emprego lhe impõe. Joana não vê sentido em abandonar seu 
projeto de vida(o qual relata diversas vezes com orgulho de ter conquistado) mas está 
exausta de sustentar os ideais de Chiara,e assim Joana permanece em uma posição na 
qual não escolhe, e não usufrui de sua liberdade diante do seu emprego. A necessidade de 
aprovação de Chiara também se manifesta além do que diz respeito ao emprego, Joana 
toma decisões em diversos "âmbitos" de sua vida e depois reclama ,isso ocorre devido a 
autocobrança de perfeição,característica que sempre esteve presente em Chiara, porém 
não assume a responsabilidade de tais decisões ao reclamar, já que estas escolhas estão 
totalmente baseadas em um conceito idealizado. 
 
 
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
FEIJOO, A.A escuta e a fala em psicoterapia. Rio de Janeiro: IFEN, 2010. 
 
KIERKEGAARD, S. O Desespero Humano. São Paulo: Hemus, 1968. 164p. 
 
HEIDEGGER, M. Seminários de Zollikon.Petrópolis: Vozes, 2001. 311p. 
 
____________.Ser e tempo.Petrópolis: Vozes, 1989. Parte1, 325p. Parte2, 262p. 
 
KIERKEGAARD, S. O Desespero Humano. São Paulo: Hemus, 1968. 164p. 
 
PONTY, M. Merleau-Ponty na Sorbonne.São Paulo: Papirus, 1990. 317p.

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