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direito civil 05

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Aula 05
Direito Civil p/ TJ-MA (Analista Judiciário - Direito) Com Videoaulas -
2019
Aline Baptista Santiago, Renata Armanda, Paulo H M Sousa
 
 
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1. Do Direito das Obrigações ............................................................................................. 2 
1.1 に Apresentação da Aula 05 ......................................................................................................... 2 
2. Cronograma da Aula ..................................................................................................... 3 
3. Teoria Geral das Obrigações ........................................................................................... 3 
4. Fontes das Obrigações ................................................................................................... 3 
4.1 に Das Obrigações de Dar (Obligationes Dandi) ........................................................................... 6 
4.2 に Das Obrigações de Fazer (Obligationes Faciendi) .................................................................. 11 
4.3 に Das Obrigações de Não Fazer................................................................................................. 12 
5. Modalidades de Obrigações Quanto aos Seus Elementos ............................................. 12 
5.1 に Obrigações Cumulativas ......................................................................................................... 13 
5.2 に Obrigações Alternativas ......................................................................................................... 13 
5.3 に Das Obrigações Divisíveis e Indivisíveis .................................................................................. 15 
6. Das Obrigações Solidárias ............................................................................................ 19 
6.1 に Da Solidariedade Ativa (Concorrência De Credores) .............................................................. 20 
6.2 に Da Solidariedade Passiva (Concorrência De Devedores)........................................................ 21 
6.3 に Obrigações Quanto ao Tempo do Adimplemento (Do Cumprimento) ................................... 24 
7. Transmissão das Obrigações ........................................................................................ 24 
8. Adimplemento e Extinção das Obrigações ................................................................... 36 
8.1 に Pagamento ............................................................................................................................. 36 
9. Do Lugar do Pagamento ............................................................................................... 44 
10. Do Tempo do Pagamento ........................................................................................... 46 
11. Pagamento Indireto ................................................................................................... 48 
11.1 に Do Pagamento em Consignação .......................................................................................... 48 
11.2 に Do Pagamento com Sub-Rogação ........................................................................................ 50 
11.3 に Da Imputação Do Pagamento .............................................................................................. 51 
11.4 に Da Dação em Pagamento..................................................................................................... 52 
11.5 に Da Novação .......................................................................................................................... 53 
11.6 に Da Compensação .................................................................................................................. 54 
11.7 に Da Confusão ......................................................................................................................... 57 
11.8 に Da Remissão das Dívidas ...................................................................................................... 58 
12. Do Inadimplemento das Obrigações .......................................................................... 59 
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12.1 に Da Mora ................................................................................................................................ 62 
12.2 に Das Perdas e Danos .............................................................................................................. 64 
12.3 に Dos Juros Legais .................................................................................................................... 65 
12.4 に Da Cláusula Penal ................................................................................................................. 66 
12.5 に Das Arras ou Sinal ................................................................................................................. 68 
13. Considerações Finais .................................................................................................. 69 
14. Resumo da Matéria .................................................................................................... 70 
15 に Questões .................................................................................................................. 84 
15.1 に Questões Comentadas .......................................................................................................... 84 
15.2 に Lista de Questões ................................................................................................................ 139 
15.3 に Gabarito .............................................................................................................................. 162 
 
1. DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
1.1 に APRESENTAÇÃO DA AULA 05 
Olá! Como vão os estudos? 
Espero que você esteja conseguindo estudar de forma adequada. Lembre-se que o sacrifício é 
momentâneo e quando você visualizar seu nome no diário oficial terá a certeza de que todo este 
esforço valeu a pena. 
Os temas da aula de hoje não são difíceis, mas, há uma grande carga teórica e o seu estudo pode 
ser um pouco cansativo principalmente devido à grande quantidade de informações que você terá 
pela frente, por isto vá com calma, sem afobações e entre em contato conosco em caso de dúvidas. 
Novamente, me coloco à sua disposição, para ajudá-lo(a) em caso de dúvidas, por meio do fórum. 
 
 
 
 
Aline Baptista Santiago, Renata Armanda, Paulo H M Sousa
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2. CRONOGRAMA DA AULA 
AULAS TÓPICOS ABORDADOS NO EDITAL DATA 
Aula 05 Direito das Obrigações. 27/01/2019 
 
AULAS TÓPICOS ABORDADOS NO EDITAL ARTIGOS DA LEI 
Aula 05 Direitos das Obrigações. Art. 233 - 420 Código Civil 
 
3. TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES 
Não cabe, em um curso preparatório para um concurso público, ficar divagando muito sobre a teoria 
geral das obrigações. O assunto é extenso e permite uma ampla discussão doutrinária. Deste modo, 
falaremos o básico, aquilo que julgamos necessário para uma boa compreensão da matéria, focando 
o estudo nas obrigações jurídicas encontradas no código civil. 
A obrigação, objeto do nosso estudo, é, então, a obrigação jurídica, aquela que encontra respaldo 
em uma lei, mas que estará também relacionada a um negócio jurídico, como, por exemplo, um 
contrato. 
Por ter respaldo legal, esta obrigação está protegida pelo direito e tem garantia do Estado, por isto, 
se não for cumprida (em caso de inexecução), haverá consequências de cunho jurídico, trata-se da 
chamada responsabilidade contratual (assunto de outra aula). 
A obrigação estabelece um vínculo jurídico entre sujeitos (pessoas) e objeto. É, portanto, uma 
relaçãojurídica. Diz-se que esta relação tem caráter transitório, uma vez que já nasce com a 
finalidade de se extinguir (normalmente pelo seu cumprimento). 
 
4. FONTES DAS OBRIGAÇÕES 
Investigar as fontes das obrigações é investigar de onde elas surgem, quando e como se formam, 
ou seja, de onde vem o vínculo da obrigação. É saber, também, por que certa pessoa (o devedor) 
passa a ter o dever, ou a obrigação, de prestar determinada prestação para a outra (o credor). 
No entanto, esta investigação não é tarefa fácil, pois não há concordância entre os doutrinadores e, 
neste sentido, são muitas as construções doutrinárias e as soluções legislativas sobre o assunto. 
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Nas palavras de Silvio de Salvo Venosa1ぎ さQuer-nos parecer, contudo, sem que ocorra total 
discrepância com o que já foi dito, que a lei será sempre fonte imediata de obrigações. Não pode 
existir obrigação sem que a lei, ou em síntese, o ordenamento jurídico a ampare. Todas as demais 
várias figuras que podem dar nascimento a uma obrigação são fontes mediatas. São, na realidade, 
fatos, atos e negócioゲàテ┌ヴケSキIラゲàケ┌WàS?ラàマ;ヴェWマà;ラàゲ┌ヴェキマWミデラàSWàラHヴキェ;NロWゲざく (grifos nossos) 
Assim, temos a lei como a primeira fonte das obrigações, fonte imediata, sendo as demais 
classificadas como fontes mediatas. É importante destacarmos que o Código Civil de 1916 e o de 
2002 não possuem um dispositivo específico a respeito das fontes das obrigações, porém são 
reconhecidos como fonte de obrigações: ¹o contrato, ²os atos ilícitos e o abuso de direito, ³os atos 
unilaterais, 4os títulos de crédito. 
O estudo dos atos unilaterais, as declarações unilaterais de vontade, como fonte de obrigações, é 
importante porque o seu inadimplemento (o não cumprimento) ocasionará o dever de indenizar, a 
responsabilidade civil. 
Os atos unilaterais estão expressamente previstos no CC e são: a promessa de recompensa, a gestão 
de negócios, o pagamento indevido e o enriquecimento sem causa. 
 
✓Promessa de recompensa (arts. 854 a 860): é aquela feita por anúncio público, neste momento 
(quando se torna público) a pessoa que promete se obriga a cumprir o que prometeu. 
Art. 854. Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar, a quem 
preencha certa condição, ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir o prometido. 
 
✓Gestão de negócios (arts. 861 a 875): Ocorre quando uma pessoa (gestor de negócio) age 
presumindo o interesse, a vontade, de outra (o dono do negócio). Exemplo citado por Maria Helena 
Diniz é o da pessoa que, ao ver a casa do vizinho em risco de inundação, por terem sido arrebentados 
os encanamentos, interfere na situação, corrigindo tais problemas, mas efetuando para tanto os 
gastos indispensáveis ao conserto. 
 
✓Pagamento indevido (arts. 876 a 883) e enriquecimento sem causa (arts. 884 a 886): Segundo 
Maria Helena Diniz2, さO pagamento indevido constitui um caso típico de obrigação de restituir 
fundada no princípio do enriquecimento sem causa, segundo o qual ninguém pode enriquecer à custa 
;ノエWキ;がàゲWマàI;┌ゲ;àケ┌Wàテ┌ゲデキaキケ┌Wざくà 
Após vermos algumas fontes de obrigações e citarmos os atos unilaterais, vamos voltar agora ao 
;ゲゲ┌ミデラ さラHヴキェ;N?ラざ ヮヴラヮヴキ;マWミデW Sキデラく 
 
 
1 Sílvio de Salvo Venosa, Direito Civil II, ed. Atlas, 11 ed., pág. 50. 
2 Maria Helena Diniz, Manual de direito Civil, Saraiva 2011, pág. 282. 
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Segundo Carlos Roberto Gonçalves3 a obrigação, no estudo do direito das obrigações, é empregada 
em seu sentido mais restrito, pois apenas os vínculos de conteúdo patrimonial estarão em sua 
abrangência, trata-se daquela relação direta entre as pessoas (que tem como objeto os direitos de 
natureza pessoal), onde uma pessoa é credora (aquela que pode exigir a prestação) e a outra é 
devedora (aquela que tem a incumbência de cumprir a prestação). 
E, segundo Flavio Tartuce4: さáàラHヴキェ;N?ラàヮラSWàゲWヴàIラミIWキデ┌;S;àcomo a relação jurídica transitória 
existente entre um sujeito ativo (credor) e um sujeito passivo (devedor), tendo como objeto imediato 
;àヮヴWゲデ;N?ラくざ 
Deste modo, direitos de natureza pessoal, também denominados direitos de crédito, são aqueles 
em que há um vínculo entre o chamado sujeito ativo (que pode exigir a prestação) e o sujeito 
passivo (de quem se pode exigir o cumprimento da prestação). 
 
 
 
3 Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, Saraiva 2012, 2ª ed., pág. 441. 
4 Em, Costa Machado, Código Civil Interpretado, Manole 2012, 5ª ed., pág. 236. 
さMA“ O QUE É AFINAL UMA OBRIGAÇÃO PARA O MUNDO JURÍDICOいざ 
é a relação direta ente o sujeito ativo e o sujeito passivo.
Elementos que 
constituem uma 
obrigação:
(elemento subjetivo) 
sujeitos
ativo
(é para quem a 
prestação é devida)
passivo
(é quem deve cumprir 
a obrigação)
(elemento objetivo) 
objeto
é o elemento material 
(é a própria prestação)
vínculo obrigacional
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As obrigações, levando em consideração a qualidade da prestação, ou seja, quanto ao objeto, serão 
classificadas em obrigações de dar, obrigações de fazer (estas duas são positivas) e obrigações de 
não fazer (esta é obrigação negativa). 
 
 
 
4.1 に DAS OBRIGAÇÕES DE DAR (OBLIGATIONES DANDI) 
A prestação de dar consiste em ¹entregar ou, então, ²restituir algo ao credor. Mas o compromisso 
de entrega da coisa já constitui o que o nosso ordenamento jurídico chama obrigação de dar. Como 
exemplo tenha um contrato de compra e venda, o vendedor tem obrigação de dar a coisa e o 
comprador tem a obrigação de dar o preço acordado. 
No direito brasileiro o contrato, por si só, não transfere o domínio, visto que apenas gera a obrigação 
de entregar a coisa alienada, enquanto não ocorrer à tradição, a coisa continuará pertencendo ao 
devedor5. A tradição da coisa poderá se dar por entrega ou restituição. Mas o direito real, ou seja, 
a transferência do domínio, ocorrerá somente quando houver a tradição (bens móveis) ou quando 
houver o registro (bens imóveis). 
 
A obrigação de dar subdivide-se em: ¹dar coisa certa (arts. 233 a 242) e ²dar coisa incerta (arts. 243 
a 246). A coisa que se vai entregar pode ser certa (determinada) ou, então, incerta (que embora 
indeterminada, será ao menos determinável). 
 
COISA CERTA (específica) é coisa que pode ser individualizada, ou seja, que possui características 
próprias que permitem a sua individualização. É prestação determinada. Exemplo muito comum é 
de um automóvel. Este possui características que são somente suas e de nenhum outro, tais como 
chassi, motor e placa. Outro exemplo, seria um determinado quadro de um artista famoso. 
 
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo 
se o contrário resultar ¹do título ou ²das circunstâncias do caso. 
 
 
5 Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, Saraiva, 2ª ed., pág. 473. 
As obrigações quanto ao objeto, classificam-se em
obrigações de dar obrigações de fazer obrigações de não fazer
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Em regra a obrigação principal abrange os seus acessórios, mas poderá haver estipulação diferente 
em contrato ou, então, isto poderá ser determinado pelas circunstânciasdo caso. Além disso, após 
assumir a obrigação (e até a entrega da coisa) o devedor (que ainda detém a coisa) deve ter o 
cuidado de conservá-la. Isto é o que observamos, por exemplo, com relação à compra e venda: 
Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do 
preço por conta do comprador. 
 
Se a coisa ¹se perder ou ²se deteriorar deve ser avaliado se houve ou não culpa do devedor. Havendo 
culpa do devedor este responde também pelas perdas e danos6. (conforme você verá logo à frente) 
 
 
 
Continuando! 
 
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, ¹sem culpa do devedor, antes da 
tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; ²se 
a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. 
 
Se a coisa se perder (se houver perecimento に perda total da coisa) antes da tradição: 
¹Sem culpa do devedor に resolvida a obrigação, sem perdas e danos. As partes voltam ao statu quo 
ante, voltam à situação original. Portanto, se o devedor já recebeu o preço pela coisa, este deve 
ser restituído à outra parte. 
 
6 CC Aヴデくàヴヰヲくàさ“;ノ┗ラà;ゲàexceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele 
efetivamente perdeu (DANO EMERGENTE), o que razoavelmente deixou de lucrar (LUCRO CESSANTEぶくざ (As observações ao texto 
da lei são nossas). 
さPROFE““ORE“が MA“ QUANDO I“TO OCORRERÁ “EM CULPA DO 
DEVEDORいざ
A ideia de ausência de culpa estará associada ao caso fortuito e a força
maior. Estas situações são imprevisíveis, não cabendo responsabilização a
pessoa se não lhe deu causa. Além disso, a questão da prova informará se
houve ou não culpa.
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²Com culpa do devedor に o devedor responde pelo equivalente (em dinheiro) e mais perdas e 
danos. 
Art. 235. Deteriorada a coisa, ¹não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, 
ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. 
Art. 236. ²Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no 
estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e 
danos. 
 
Se a coisa se deteriorar (veja que a coisa ainda existe, apenas perdeu em parte seu valor に é a 
perda parcial da coisa) 
¹Sem culpa do devedor に se dá por resolvida a obrigação ou pode o credor aceitar a coisa, mas com 
abatimento do preço. 
²Com culpa do devedor に o devedor reponde pelo equivalente ou pode o credor aceitar a coisa, 
mas nas duas situações caberá indenização das perdas e danos. 
 
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos 
quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. 
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. 
 
Enquanto a tradição, a transferência de domínio, não ocorrer o devedor é o dono da coisa, sendo 
assim, se forem feitos melhoramentos e acréscimos, este poderá exigir aumento do preço, podendo, 
inclusive, resolver a obrigação caso não haja anuência do credor. Pelo §único do art. 237 temos que 
os frutos percebidos (aqueles que já foram colhidos) são do devedor. Restando para o credor os 
frutos pendentes (aqueles que ainda não foram colhidos), justamente porque estes ainda integram 
a coisa e dela não estão separados. 
 
Com relação ao art. 237, há um termo que a doutrina costuma utilizar e que já foi cobrado em 
concursos públicos, trata-ゲW S; ヮ;ノ;┗ヴ; さIレマラSラゲざく Cômodos são vantagens produzidas pela coisa, 
isto é, seus melhoramentos e acrescidos, pertencentes ao devedor, que poderá exigir por eles 
aumento no preço ou a resolução da obrigação, se o credor não concordar em pagar o quantum 
apurado. 
A obrigação de restituir (é um tipo de obrigação de dar) ocorre quando existe uma coisa alheia que 
está em poder do devedor, sendo que esta coisa deverá ser restituída ao seu verdadeiro dono em 
momento oportuno. Isto é o que ocorre, por exemplo, no contrato de comodato. Se você possui TV 
por assinatura, está diante desta obrigação perante a prestadora de serviço. Ao final do contrato 
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terá que devolver o aparelho receptor (a coisa está em seu poder por estipulação contratual, 
comodato, no entanto não é de sua propriedade). Nestes casos, se não houver culpa o prejudicado 
será o credor. Vamos às situações possíveis: 
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, ¹sem culpa do devedor, se perder antes 
da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o 
dia da perda. 
Art. 239. Se a coisa se perder ²por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas 
e danos. 
 
Se a coisa se perder (se houver perecimento に perda total da coisa) antes da tradição: 
¹Sem culpa do devedor に o credor sofre a perda e a obrigação se resolve. A ressalva diz respeito a 
se já tiver começado a correr o período de mora do devedor, 
²Com culpa do devedor に o devedor responde pelo equivalente mais perdas e danos. 
 
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar ¹sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se 
ache, sem direito a indenização; se ²por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239. 
 
Se a coisa se deteriorar (novamente destacamos, a coisa ainda existe, apenas perdeu em parte seu 
valor に é perda parcial da coisa) 
¹Sem culpa do devedor に o credor recebe a coisa tal qual se ache. 
²Com culpa do devedor に o devedor responde pelo equivalente mais perdas e danos. 
 
Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou 
trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização. 
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso 
se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé 
ou de má-fé. 
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste 
Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé. 
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Uma observação importante: não se pode entregar coisa diversa, mesmo que seja mais valiosa (art. 
313). Se a obrigação é de coisa certa, a troca da coisa, se consentida pelas partes, implica a chamada 
novação objetiva (modifica-se a obrigação). Lembre-se que a convenção é lei entre as partes. 
 
NA OBRIGAÇÃO DE DAR coisa incerta (genérica), diferentemente do que ocorre na prestação 
anterior, o objeto não é individualizado, mas sim genérico. Determina-se apenas o gênero e a 
quantidade (por sinal, estes são requisitos mínimos necessários, porque a coisa, embora seja 
indeterminada, deverá ser ao menos determinável, não se trata de uma indeterminação absoluta) 
a determinação da qualidade será decidida quando da entrega da coisa. 
Exemplos: 10kg (quantidade) de arroz (gênero), 30 (quantidade) canetas (gênero), 55 litros de água. 
(veja que sempre sem especificar a sua qualidade, falta a sua individualização). 
 
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. 
 
Quando da escolha da coisa ocorrerá a sua individualização e o que até então era apenas 
determinável passará a ser determinado. Esta escolha em regra caberá ao devedor, mas poderá ser 
do credor se o contrato assimestipular. 
No entanto, quando da escolha (ato que também pode se denominar concentração), o devedor não 
poderá dar coisa pior nem ser obrigado a dar coisa melhor (art.244). Outro ponto importante é que 
a alegação da perda ou da deterioração da coisa somente poderá ocorrer depois da escolha, estando 
assim já individualizada. 
 
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, 
se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será 
obrigado a prestar a melhor. 
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente. 
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que 
por força maior ou caso fortuito. 
 
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Uma informação importante é a que diz respeito à obrigação pecuniária. Obrigação pecuniária é 
uma espécie de obrigação de dar, mas o cumprimento da obrigação ocorre com o pagamento em 
dinheiro. 
Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor 
nominal, salvo o disposto nos artigos subsequentes. 
Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para 
compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na 
legislação especial. 
 
4.2 に DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER (OBLIGATIONES FACIENDI) 
A obrigação de fazer está relacionada a atos positivos ou prestação de serviços, consiste na 
confecção de algo (é claro que esta coisa, em determinados casos, deverá posteriormente ser 
entregue, mas isto não tira a qualificação de obrigação de fazer). A doutrina tem colocado três tipos 
de obrigação de fazer: a ¹personalíssima (ou infungível); a ²impessoal (ou fungível); e ³a que consiste 
em emitir declaração de vontade: 
¹A personalíssima (intuitu personae, infungível) é aquela que, ¹por convenção contratual ou ²por 
qualificações da pessoa, só pode ser realizada pessoalmente pelo devedor; 
²A impessoal (fungível) é aquela em que não há exigências, podendo o serviço ser realizado por 
terceiro; e 
³A consistente em emitir declaração de vontade, que deriva de um contrato preliminar. 
 
Se a prestação for personalíssima (infungível), o inadimplemento (o seu descumprimento) pode 
acarretar indenização por perdas e danos (art.247). 
 
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele 
só imposta, ou só por ele exequível. 
 
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível ¹sem culpa do devedor, resolver-se-á a 
obrigação; se ²por culpa dele, responderá por perdas e danos. 
Nラ ;ヴデキェラ ヲヴΒが さ“W ; ヮヴWゲデ;N?ラ Sラ a;デラ デラヴミ;ヴ-ゲW キマヮラゲゲケ┗Wノざが ミラ┗;マWnte devemos analisar se 
houve ou não culpa do devedor, isto quando a prestação se tornar impossível: 
¹Sem culpa do devedor に resolve-se a obrigação, sem perdas e danos. 
²Por culpa do devedor に o devedor responde por perdas e danos. 
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O art. 249 traz a possibilidade de a prestação ser executada por terceiro, se assim for possível 
(obrigação impessoal, fungível), e à custa do devedor, quando houver recusa ou mora (atraso) por 
parte deste. Além disso, poderá ser devida indenização: 
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa 
do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, 
executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. 
 
4.3 に DAS OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER 
Agora estamos diante de uma obrigação negativa, o não fazer, é o ato de se abster. Nesta situação 
é preciso que você tenha o entendimento de que a pessoa poderia livremente praticar o ato, mas 
não o pratica porque está obrigada a não praticá-lo. Se praticar o ato caracteriza-se o 
inadimplemento. 
 
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne 
impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. 
 
O artigo seguinte, traz a situação do inadimplemento: 
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que 
o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, 
independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. 
 
5. MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES QUANTO AOS SEUS ELEMENTOS 
Você acabou de ver os tipos de prestação (dar, fazer, não fazer). Observando o número de 
prestações teremos o seguinte: quando a prestação for única teremos uma obrigação simples, 
como, por exemplo, quando uma pessoa se obriga a entregar a outra um cavalo; em contrapartida, 
se houver mais de uma prestação, estaremos diante de uma obrigação denominada complexa ou 
composta. 
Nas duas situações acima estamos analisando as obrigações quanto aos seus elementos. De acordo 
com esta classificação as obrigações poderão, então, ser: ¹simples ou ²compostas (sendo estas 
subdivididas em cumulativas, alternativas e solidárias). 
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Você pode perceber que obrigações compostas envolvem uma pluralidade, esta pluralidade poderá 
ser tanto de objetos quanto de sujeitos. 
 
✓Pluralidade de objetos: ¹obrigações cumulativas e ²obrigações alternativas. 
✓Pluralidade de sujeitos: ¹sem solidariedade e ²obrigações solidárias. 
Quanto à pluralidade de objetos: Obrigações Cumulativas, Obrigações Alternativas e Obrigações 
Divisíveis e Indivisíveis. 
 
5.1 に OBRIGAÇÕES CUMULATIVAS 
Há, nas obrigações cumulativas, pluralidade de objetos. Por exemplo, entregar um carro e um 
apartamento. Neste tipo de obrigação o cumprimento deve ser num todo, ou seja, os dois objetos 
devem ser entregues. Se isto não ocorrer o inadimplemento (o descumprimento da obrigação) será 
tido como total. Motivo desta afirmação já utilizada por uma banca de concursos: A obrigação 
cumulativa é a obrigação consistente em um vínculo jurídico pelo qual o devedor se compromete a 
realizar diversas prestações, de tal modo que não se considerará cumprida a obrigação até a 
execução de todas as prestações prometidas, sem exclusão de uma só. 
 
5.2 に OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS 
Como o próprio nome já diz, nestas obrigações há opção de escolha, que em regra caberá ao 
devedor. Entrega-se uma coisa ou outra, ou seja, pode-se entregar uma das coisas entre as opções 
acordadas (art. 252). No entanto deve ficar claro que não pode o devedor entregar apenas parte de 
uma e parte de outra (art. 252 §1º). 
 
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. 
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. 
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em 
cada período. 
 
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o que está expresso neste parágrafo é o que se denomina jus variandi, trata-se da faculdade de 
escolha de prestação sucessiva em obrigações alternativas. 
 
“W ;ゲ ヮヴWゲデ;NロWゲ aラヴWマ ヮWヴキルSキI;ゲ ; WゲIラノエ;が ヮWノ; ヮヴWゲデ;N?ラ さAざ ou pela prest;N?ラ さBざが ヮラSWヴ= ゲWヴ 
feita a cada período (jus variandi). 
 
§ 3o Nocaso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, 
findo o prazo por este assinado para a deliberação. 
§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz 
a escolha se não houver acordo entre as partes. 
 
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexequível, 
subsistirá o débito quanto à outra. 
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo 
ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, 
mais as perdas e danos que o caso determinar. 
 
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa 
do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e 
danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor 
reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos. 
 
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a 
obrigação. 
 
IMPORTANTE:  
obrigação 
alternativa
EM REGRA o 
DEVEDOR pode 
escolher entre
cumprir prestação "A"
cumprir prestação "B"
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5.3 に DAS OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS 
O entendimento dos conceitos de obrigações divisíveis e de obrigações indivisíveis é muito 
importante, porque o fato de ser a obrigação divisível ou indivisível trará repercussões no mundo 
dos negócios jurídicos. Tal assunto está relacionado à pluralidade de sujeitos. Assim fala o art. 257: 
Art. 257. Havendo ¹mais de um devedor ou ²mais de um credor em obrigação divisível, esta 
presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. 
 
A ラHヴキェ;N?ラ さAざ presume-se dividida. 
 
Se a obrigação é divisível presume-se dividida em 
tantas obrigações quanto forem necessárias para 
cada credor ou devedor existente. 
(na representação ao lado é como se existissem três 
obrigações, uma para cada credor ou devedor に é uma 
presunção) 
 
Na ラHヴキェ;N?ラ Sキ┗キゲケ┗Wノ ; ヴWゲラノ┌N?ラ SW ヮヴラHノWマ;ゲ Y マ;キゲ さゲキマヮノWゲざが ヮラヴケ┌W I;S; ┌マ Sラゲ IララHヴキェ;Sラゲ 
tem a sua quota parte de responsabilidade. A obrigação é rateada entre as partes. 
 
 
(FCC/ TJ-PI に2015) 
Marcos foi contratado, em um mesmo instrumento, para prestar serviços de manutenção de 
máquinas agrícolas durante o período de colheita, simultaneamente, nas fazendas de Lourenço 
e Sérgio, comprometendo-se estes conjuntamente a pagar os serviços, parte em dinheiro e 
parte com um equino. Não tendo Lourenço e Sérgio cumprido a obrigação assumida e achando-
se eles em mora, Marcos poderá cobrar a parte de cada um na dívida em dinheiro e a entrega 
do animal de qualquer dos devedores. 
Comentários: 
Marcos poderá cobrar parte de cada um dos devedores na dívida em dinheiro (obrigação 
divisível), e a entrega do animal (obrigação indivisível) de qualquer um dos devedores. 
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta 
presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. 
obrigação 
"A2"
Origação "A3"
obrigação 
"A1"
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Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação NÃO FOR divisível, cada um será 
obrigado pela dívida toda. 
Gabarito: Correto. 
 
O princípio concursu partes fiunt (as partes se dividem pelos sujeitos) refere-se à presunção legal 
de que se houver pluralidade de sujeitos, sendo mais de um credor ou mais de um devedor, o objeto 
da prestação poderá ser dividido ou fracionado em parcelas iguais e distintas de devedores e 
credores. 
 
Haverá, no entanto, duas exceções com relação à prestação demonstrada acima: ¹a indivisibilidade 
(que será vista a seguir, no art. 258) e ²a solidariedade (que é detalhada nos arts. 264 a 285). 
 
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não 
suscetíveis de divisão, ¹por sua natureza, ²por motivo de ordem econômica, ou ³dada a razão 
determinante do negócio jurídico. 
 
 
A Obrigação é indivisível, pois a ¹coisa ou o ²fato não são 
susceptíveis de divisão. 
Exemplos de obrigações indivisíveis: a entrega de um carro, a 
entrega de um determinado animal. 
 
 
 
 
Se a obrigação, por algum motivo, for convertida em uma obrigação pecuniária, não se deve falar 
mais em obrigação indivisível, pois a prestação em dinheiro tem como característica a possibilidade 
de divisão. 
 
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado 
pela dívida toda. 
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos 
outros coobrigados. 
sempre considerada 
obrigação única 
(indivisível), 
independentemente 
do número de credores 
ou devedores
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Na obrigação indivisível, como já falado, cada devedor é obrigado pela dívida toda. E ainda temos a 
situação do § único, exemplificada a seguir: Se João, Paulo e Vitor são devedores coobrigados da 
ラHヴキェ;N?ラ さXざが I;da um responde pela dívida toda. Se João, por exemplo, pagar a dívida sub-roga-
se no direito do credor com relação aos outros. 
 
(FCC/ PREFEITURA DE SÃO LUIZ-MA に2016) 
João deve entregar um colar que vale R$ 300.000,00 a Maria, Paula e Joana, sendo que Maria 
remitiu o débito. Assim, Paula e Joana exigirão o colar, mas, de outro lado, deverão restituir a 
João, o montante equivalente ao quantum remitido. Essa situação só pode ocorrer pelo fato 
de a obrigação em tela ser indivisível. 
Comentários: 
Trata-se de uma obrigação é indivisível. 
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato 
não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão 
determinante do negócio jurídico. 
O colar é um bem indivisível, e por sua natureza, não pode ser dividido. 
Gabarito: Correto. 
 
Da pluralidade de credores (Nos artigos seguintes não há solidariedade ativa, apenas a pluralidade 
de credores. A solidariedade será explicada mais à frente). 
 
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o 
devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: 
I - a todos conjuntamente; 
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. 
Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o 
direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. 
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Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; 
mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. 
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou 
confusão. 
 
No caso de negociações (como no caso de remissão に perdão da dívida) por parte de um dos 
credラヴWゲが ヮラヴ W┝Wマヮノラが Sラ IヴWSラヴ さAざが ラゲ SWマ;キゲ ヮラSWヴ?ラ W┝キェキヴ ; ヮヴWゲデ;N?o, mas deverá ser 
SWゲIラミデ;S; ; ヮ;ヴデW ケ┌W I;Hキ; ;ラ IヴWSラヴ さAざ. Aqui há uma particularidade, conforme exemplo dado 
por Clóvis Beviláqua7, se a obrigação fosse um Cavalo que custa R$ 30.000 ゲWミSラ ケ┌W さAざ ヴWマキデキ┌ ; 
Sケ┗キS;く さBざW さCざ ゲラマWミデW ヮラSWマ W┝キェキヴ ; Wミデヴega do cavalo se pagarem os R$ 10.000 ao devedor. 
 
Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. 
§ 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos 
por partes iguais. 
§ 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos. 
 
 
7 Em Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Esquematizado, Saraiva, 2ª ed., pág. 510. 
Pagando a todos credores conjuntamente 
( neste exemplo "A", "B", "C")
há desobrigação quanto a "A"
há desobrigação quanto a "B"
há desobrigação quanto a "C"
Pagando somente a um deles (neste 
exemplo, ao credor "A")
credor "A" recebe o pagamento 
e dá caução de ratificação dos 
credores "B" e "C"
Ao credor "B" assiste o direito 
de exigir em dinheiro a parte 
que lhe caiba
Ao credor "C" assiste o direito 
de exigir em dinheiro a parte 
que lhe caiba
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6. DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS 
A solidariedade ocorre quando há ¹mais de um sujeito ativo ou ²mais de um sujeito passivo ou, então, 
³pluralidade de ambos. Na solidariedade não se trata de uma simples pluralidade de sujeitos, 
porque o direito (dos credores) ou a obrigação (dos devedores) nestes casos é pelo total da dívida. 
Na realidade é como se existisse um único credor ou um único devedor, no primeiro caso, qualquer 
um poderá exigir a dívida, já no segundo caso, de qualquer um poderá ser exigida a dívida. 
 
 
 
 
A solidariedade se aproxima muito da obrigação indivisível, 
mas com esta, no entanto, não se confunde. 
 
 
Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de 
um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. 
 
Na solidariedade não há fracionamento. São dois os tipos de solidariedade possíveis: 
✓Concorrência de credores (solidariedade ativa) - cada um tem o direito de exigir a dívida toda. 
✓Concorrência dos devedores (solidariedade passiva) - cada um tem a obrigação de cumprir a 
dívida toda. 
 
A proteção conferida pelo Código Civil ao nascituro em relação aos direitos da personalidade alcança 
também o natimorto. 
 
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei OU da vontade das partes. 
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores ou codevedores, e 
condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro. 
Na solidariedade ativa é 
como se existisse um 
único credor, já na 
solidariedade passiva é 
como se existisse um 
único devedor. 
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6.1 に DA SOLIDARIEDADE ATIVA (CONCORRÊNCIA DE CREDORES) 
Solidariedade ativa é aquela em que há credores solidários. 
 
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da 
prestação por inteiro. 
Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer 
daqueles poderá este pagar. 
 
O devedor pode escolher a quem dos credores solidários pagar, desde que ainda não tenha sido 
cobrado por nenhum deles. (Enquanto não for cobrado por algum dos credores, pode pagar a 
qualquer um). 
 
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que 
foi pago. 
Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito 
a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a 
obrigação for indivisível. 
 
Neste caso, em regra, a solidariedade não passa aos herdeiros, cada um poderá exigir apenas a sua 
parte. A exceção é no caso de obrigações indivisíveis, onde a solidariedade permanece. 
 
Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a 
solidariedade. 
 
Diferentemente do que ocorreu na obrigação indivisível que perdeu a sua qualidade quando 
resolvida em perdas e danos, a solidariedade se mantém mesmo quando a prestação é convertida 
em perdas e danos. 
 
Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela 
parte que lhes caiba. 
 
Veja que na relação interna (entre os credores solidários) a dívida pode ser fracionada. Se um credor 
perdoar a dívida ou receber o pagamento, terá este que dar aos outros credores a parte que lhes 
caiba. 
 
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Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos 
outros. 
Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o 
julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito 
de invocar em relação a qualquer deles. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015) 
 
Veja que estamos falando de solidariedade ativa (credores solidários). 
 
Uma observação importante: o que acontece com a obrigação solidaria se um dos credores vier a se 
tornar incapaz? Com relação à solidariedade este fato não trará repercussão alguma. Permanece a 
solidariedade. 
 
6.2 に DA SOLIDARIEDADE PASSIVA (CONCORRÊNCIA DE DEVEDORES) 
De qualquer dos devedores poderá o credor exigir a prestação: 
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou 
totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores 
continuam obrigados solidariamente pelo resto. 
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra 
um ou alguns dos devedores. 
Na solidariedade ativa (concorrência de credores)
Se o credor "A" ¹perdoa a dívida ou ²recebe o pagamento, responderá 
aos outros credores pela parte que lhes caiba 
(neste modelo aos credores "B" e "C")
O credor "B" deverá receber de "A" a parte que lhe caiba
O credor "C" deverá receber de "A" a parte que lhe caiba
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Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado 
a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for 
indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos 
demais devedores. 
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não 
aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada. 
 
Exemplo: Se haviam três devedores solidários, se a dívida era de R$30 e se foi perdoado o pagamento 
de R$10 a um dos devedores (remissão da dívida). Permanece a dívida de R$20 e a solidariedade dos 
demais, estes somente serão beneficiados em relação à cota já paga ou perdoada. 
 
Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores 
solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes. 
 
Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para 
todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. 
 
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta 
somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida. 
Art. 281. O devedor demandado podeopor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as 
comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro codevedor. 
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os 
devedores. 
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos 
demais. 
 
O credor neste caso não está remitindo (perdoando) a dívida, apenas está renunciado à 
solidariedade, mas não poderá reclamar aa obrigação como anteriormente. O que ocorre é o 
ゲWェ┌キミデWぎ キマ;ェキミW ┌マ; Sケ┗キS; SW Rガ ンヰくヰヰヰ Iラマ デヴZゲ SW┗WSラヴWゲ ゲラノキS=ヴキラゲ さAざが さBざ W さCざく “W ラ IヴWSラヴ 
ヴWミ┌ミIキ;ヴ ; ゲラノキS;ヴキWS;SW Wマ a;┗ラヴ SW さAざが ヮラSWヴ= ゲラマente reclamar de "A" o valor de R$ 10.000,00, 
sendo que "B" e "C" continuarão respondendo solidariamente por R$ 20.000,00. 
 
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores 
a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, 
no débito, as partes de todos os codevedores. 
 
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Art. 284. No caso de rateio entre os codevedores, contribuirão também os exonerados da 
solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente. 
Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por 
toda ela para com aquele que pagar. 
 
Importante você observar que tanto na solidariedade como na indivisibilidade, ante a pluralidade 
subjetiva, cada credor pode exigir a dívida inteira e cada devedor está obrigado pelo débito todo. O 
credor que receber responderá pela parte dos demais e o devedor que pagar terá direito de regresso 
contra os outros. 
 
(FGV/ COMPESA に2016) 
Amanda, Bianca e Cristiana contraíram empréstimo no valor de R$ 150.000,00 a Frederico, com 
vista a iniciar um negócio conjunto, tendo o contrato estabelecido a solidariedade entre as três 
devedoras. Depois de concluído o negócio, contudo, Frederico exonerou Amanda da 
solidariedade. Já Bianca veio a falecer, deixando dois herdeiros maiores e capazes, seus filhos 
Felipe e Bernardo, cabendo a cada um, na partilha, herança bastante superior ao valor do 
empréstimo. Considerando ter havido o vencimento da dívida depois de realizada a partilha 
dos bens deixados pela devedora Bianca, com relação à exigibilidade do crédito Frederico 
poderá exigir a dívida toda de Cristiana; de Amanda, apenas a sua cota parte; de Felipe e de 
Bernardo, poderá exigir, de cada um, a cota correspondente ao seu quinhão hereditário. 
Comentários: 
Frederico poderá exigir a dívida toda de Cristiana. 
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou 
totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores 
continuam obrigados solidariamente pelo resto. 
Frederico poderá exigir de Felipe e de Bernardo, de cada um, a cota correspondente ao seu 
quinhão hereditário. 
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será 
obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a 
obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário 
em relação aos demais devedores. 
Frederico poderá exigir de Amanda, apenas a sua cota parte. 
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Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os 
devedores. 
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos 
demais. 
Gabarito: Correto. 
 
6.3 に OBRIGAÇÕES QUANTO AO TEMPO DO ADIMPLEMENTO (DO CUMPRIMENTO) 
De execução ¹instantânea, ²diferida e ³continuada: 
✓Obrigação de execução instantânea (ou momentânea) é aquela que em um só ato já está 
consumada, se constitui a obrigação e no momento seguinte esta já é cumprida. Exemplo: A compra 
à vista com a entrega da coisa no instante seguinte. 
✓Obrigação de execução diferida é aquela que ocorre, também, em um só ato, mas a obrigação 
não é cumprida no momento seguinte, mas sim em momento futuro. Exemplo: A compra à vista em 
que a entrega é feita em momento futuro. 
✓Obrigação de duração continuada (periódica ou de trato sucessivo) é aquela que não se cumpre 
em um só ato e que ocorre por meio de atos reiterados. Exemplos: A compra e venda a prazo (haverá 
prestações periódicas), o fornecimento de determinada mercadoria em prestações periódicas. 
 
Vamos começar agora outro ponto importante do edital: a transmissão das obrigações. 
 
7. TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES 
A transmissão, seja ela de direitos ou de obrigações, pode verificar-se tanto por causa de morte, 
como por atos entre vivos. A transmissão que se dá com a morte é disciplinada e mais bem estudada 
no direito das sucessões. A transmissão que julgamos ser mais importante para analisarmos, neste 
momento, é aquela realizada pela vontade das partes. 
Veja que a obrigação faz parte do patrimônio do credor, por consequência, este credor, se quiser, 
poderá transmiti-la. A mudança da figura do credor é o que se chama cessão de crédito. 
 
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De acordo com Maria Helena Diniz8: さOàato determinante de transmissibilidade das obrigações 
designa-se cessão, que vem a ser a transferência negocial, a título gratuito ou oneroso, de um direito, 
de um dever, de uma ação ou de um complexo de direitos, deveres e bens, com conteúdo 
predominantemente obrigatório, de modo que o adquirente (cessionário) exerça posição jurídica 
キSZミデキI;à<àSラà;ミデWIWゲゲラヴàふIWSWミデWぶざく 
 
Como espécies de cessão temos: a ¹cessão de crédito; a ²cessão de débito; e a ³cessão de contrato 
(este último tipo de cessão é menos cobrado em concursos). 
 
Vamos analisar cada uma delas! 
 
A CESSÃO DE CRÉDITO (arts. 286 a 298) enfoca a substituição, por ato entre vivos, da figura do 
credor e isto independentemente do consenso do devedor. O crédito, como parte integrante de 
um patrimônio, possui um valor econômico e, sendo assim, é algo que pode ser transmitido, tanto 
de forma onerosa como gratuita. 
 
(CESPE / STF に2008) 
Em regra, na cessão de crédito ocorre a substituição subjetiva no polo ativo ou passivo da 
obrigação, com a conservação do vínculo obrigacional com todos os seus acessórios, a qual 
opera efeitos legais, com expressa anuência do devedor originário. 
Comentários: 
 
8 Maria Helena Diniz, Manual de direito Civil, Saraiva 2011. 
さMA“ O QUE VEM A “ER CE““ÃOいざ 
Cessão é, então, transferência negocial. Neste tipo de negócio teremos a
presença de três envolvidos: ¹o cedente; o cessionário; e aquele que é
cedido.
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Na cessão de crédito ocorre a substituição subjetiva no polo ativo (credor). Lembre-se que não 
é necessária anuência do devedor, este deverá apenas ser notificado. 
Gabarito: Errado. 
 
Na cessão de crédito temos como figuras do negócio (ou partes envolvidas): o cedente (aquele que 
vende o direito), o cessionário (que adquire o direito) e o cedido (que é o devedor original, que deve 
cumprir com a obrigação de pagar a dívida, agora para outra pessoa). O cedido não participa 
ativamente do negócio, mas, como você verá logo a frente, ele precisa ser notificado. 
Na cessão de crédito, este é transferido tal comofoi contratado, o que se modifica é a pessoa que 
irá cobrar a obrigação. De um modo geral a cessão de crédito é permitida, mas atente para o art. 
286: 
Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser ¹a natureza da obrigação, ²a 
lei, ou ³a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao 
cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. 
 
O próprio contrato pode proibir a cessão de crédito (cláusula proibitiva da cessão), mas para que 
isso se torne eficaz perante terceiros de boa-fé, a cláusula deve constar no instrumento de 
obrigação, ou seja, no próprio contrato. Em todos os casos, deve-se verificar se o terceiro, que está 
comprando o crédito, teve conhecimento da cláusula impeditiva. Se não teve conhecimento, a 
cessão de crédito poderá ser válida, mesmo perante a cláusula impeditiva. 
Também, é importante destacar que deve estar presente a possibilidade jurídica para a transmissão 
do crédito, pois as obrigações personalíssimas, por sua natureza, não admitem cessão. 
 
Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus 
acessórios. 
 
Veja então que, em regra, a cessão de um crédito abrange todos os seus acessórios, mas esta regra 
comporta exceção. Basta que exista disposição a esse respeito. 
 
A cessão de crédito pode ser ainda: 
✓¹Gratuita ou ²onerosa, conforme ela se realize com ou sem pagamento por parte do cessionário. 
✓¹Total ou ²parcial, pois o cedente pode transferir todo o crédito ou, então, somente uma parte, 
resguardando para si o resto. 
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✓¹Convencional, ²legal ou ³judicial. Convencional é quando decorre da vontade livre e espontânea 
entre o cedente e o cessionário. Legal é decorrente de lei, pois existem casos em que a própria lei 
prevê esta cessão. Judicial é a que decorre de sentença judicial, como por exemplo, nos casos de 
sucessão onde haverá a partilha dos bens. Como os créditos também são bens, estes vão ser 
transferidos para os herdeiros. 
✓Pode ser ¹pro soluto, quando, com a transferência, o cedente deixa de ter responsabilidade pelo 
pagamento do crédito, pela solvência do devedor, mas continua responsável pela sua existência; ou 
²pro solvendo, quando o cedente continua responsável pelo pagamento, caso o cedido ou devedor 
não o faça. 
 
Já foi afirmação de prova, mas de outra banca: さN;àIWゲゲ?ラàヮヴラàゲラノ┌デラàSラàIヴYSキデラがàラàIWSWミデWàミ?ラà
responde pela solvência do devedor, mas apenas pela existência SラàIヴYSキデラざく 
 
Embora a cessão de crédito seja um negócio jurídico não solene (ou consensual), pois não depende 
de forma determinada, convém que a cessão seja feita por escrito, pois assim terá validade contra 
terceiros9. 
 
Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrar-se 
mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1o do art. 
654. 
(Art. 654, § 1º. O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a 
qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a 
extensão dos poderes conferidos). 
 
Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro do 
imóvel. 
 
Trata-se de garantia para o cessionário, pois com esta atitude に de averbação na escritura do imóvel 
no registro de imóveis, o ato de cessão gera efeitos contra todos (erga omnes). 
 
No art. 290 temos a informação quanto à necessidade de notificação do devedor: 
 
9 EゲゲWゲ さデWヴIWキヴラゲざ Iキデ;Sラゲ ミラ デW┝デラ S; ノWキ SW┗Wマ デWヴ キミデWヴWゲゲW ミラ ヮ;デヴキマレミキラ S;ゲ ヮ;ヴデWゲく N?ラ ヮラSWミSラ ゲer qualquer pessoa. 
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Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este 
notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou 
ciente da cessão feita. 
 
Assim, a cessão de crédito não está condicionada a aceitação do devedor, mas ele deve ser 
notificado de quem é o credor da obrigação, para poder efetuar o pagamento. Esta notificação ao 
devedor pode ser feita tanto pelo cedente (aquele que está cedendo) como pelo cessionário (aquele 
que está adquirindo o direito). 
Como dito anteriormente, a cessão prescinde (não precisa) de autorização do devedor, que dela, 
apenas, deve ter ciência. O devedor não faz parte diretamente do negócio jurídico que é a cessão de 
crédito. 
Se a cessão foi desmembrada, e existirem vários credores, o devedor deve ser informado de tal 
situação e esta não deve lhe gerar maiores gastos, ou seja, sua situação não poderá ser agravada 
sem sua concordância. 
 
Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição 
do título do crédito cedido. 
 
Esta situação irá ocorrer, quando o crédito for vendido várias vezes, para diferentes pessoas. Nestes 
casos não está obrigado o devedor a procurar o último cessionário para fazer o pagamento. De 
acordo com o artigo, ele pagará ao cessionário que lhe apresentar o título do crédito cedido. Se isso 
vier a causar algum dano para os demais cessionários, será resolvido entre eles. 
 
O art. 294, fala das exceções (das defesas que dispõe o devedor), e diz assim: 
Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, 
no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente. 
 
Desse modo, se o devedor podia em sua defesa, por exemplo, alegar erro ou, então, dolo contra o 
cedente, também poderá fazê-lo contra o cessionário. Isso se dá, porque o crédito se transfere com 
as mesmas características que possuía originariamente. 
 
(CESPE / MPE-RN に2009) 
Na cessão de crédito, o devedor pode opor contra o cessionário todas defesas pessoais que 
detinha contra o cedente < época da cessão. 
Comentários: 
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Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as 
que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente. 
Gabarito: Correto. 
 
A responsabilidade do cedido é cumprir com a obrigação. Já a reponsabilidade do cedente, nas 
cessões a título oneroso, ainda que não se responsabilize pelo cumprimento da obrigação, está na 
existência do crédito ao tempo da cessão. Isto também é valido nas cessões a título gratuito, se o 
cedente agiu de má-fé. É o que diz o art. 295: 
Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável 
ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe 
cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé. 
 
(CESPE / TRE-GO に2009) 
Na cessão pro soluto do crédito, o cedente não responde pela solvência do devedor, mas 
apenas pela existência do crédito. 
Comentários: 
A cessão do crédito pode ser ¹pro soluto, quando, com a transferência, o cedente deixa de ter 
responsabilidade pelo pagamento do crédito, pela solvência do devedor, mas continua 
responsável pela sua existência; ou ²pro solvendo, quando o cedente continua responsável 
pelo pagamento, caso o cedido ou devedor não o faça. 
Havíamos destacado a afirmação em aula: さN;àcessão pro soluto do crédito, o cedente não 
responde pela solvência do devedor, mas apenas pela existência do créditoざく 
Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize,fica 
responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma 
responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé. 
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor. 
Gabarito: Correto. 
 
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência10 do devedor. 
 
 
10 Solvência é a situação econômica positiva, quando os haveres superam, em valores, às dívidas. 
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O cedente, em regra, assume apenas obrigação de garantia e existência do credito, mas veja que é 
┗WヴS;SWキヴ; ; キミaラヴマ;N?ラぎ さO IWSWミデW ヮラSW ヴWゲヮラミSWヴ ヮWノ; ゲラノ┗ZミIキ; Sラ SW┗WSラヴざが H;ゲデ; ケ┌e haja 
estipulação neste sentido (convencionada entre as partes). O artigo 297 continua: 
Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais 
do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e 
as que o cessionário houver feito com a cobrança. 
 
Se as partes convencionaram a responsabilidade do cedente, este não pode ser responsabilizado por 
mais do recebeu, respeitando o que foi dito no art. 297. 
 
Finalizando o assunto cessão de crédito, temos o art. 298: 
Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver 
conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, 
subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro. 
 
(FCC/ DPE-BA に2016) 
A cessão de crédito não depende da anuência do devedor para que seja válida. 
Comentários: 
A cessão de crédito não depende da anuência do devedor para que seja válida. 
Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a 
lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao 
cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. 
Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este 
notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se 
declarou ciente da cessão feita. 
Gabarito: Correto. 
 
A cessão de débito (ou assunção de dívida), que não ocorre sem a anuência do credor, de acordo 
com Maria Helena Diniz é um negócio jurídico bilateral, pelo qual o devedor será o cedente e, com 
anuência expressa do credor (será o cedido), transfere a um terceiro (assuntor ou cessionário) os 
encargos obrigacionais, de modo que este assume sua posição na relação obrigacional, substituindo-
o, responsabilizando-se pela dívida, que subsiste com todos os seus acessórios. Vamos colocar na 
prática, veja o exemplo abaixo: 
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¹João deve pra ²Otávio. Surge, na relação obrigacional, a figura de ³Paulo, um terceiro, 
que será o assuntor ou cessionário. 
³Paulo assume a obrigação, que era de ¹João (devedor primitivo), perante ²Otávio 
(credor). 
 
No código civil, o conceito para a assunção de dívida está no art. 299: 
É facultado à terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, 
ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o 
credor o ignorava. 
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção 
da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa. 
 
Do que foi dito acima, podemos extrair os pressupostos da cessão de débito: 
✓Existência e validade da obrigação transferida. 
✓Substituição do devedor sem alteração na substância do vínculo obrigacional, salvo se o novo 
devedor, ao tempo da assunção da dívida, era insolvente e o credor ignorava. 
✓Concordância expressa do credor. 
✓Observância dos requisitos relacionados para os negócios jurídicos. 
 
A assunção pode ¹liberar o devedor primitivo, ou ²mantê-lo ligado ainda à obrigação. Trata-se de 
uma opção das partes, uma escolha do credor. 
 
Entretanto, o art. 300 nos diz: 
Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da 
dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor. 
 
 
 
さO QUE I“TO EXPRE““O NO ARTく ンヰヰ QUER DIZERいざ
O fiador, por exemplo, não é obrigado a garantir um devedor que não
conhece, que não confie. A ideia é no sentido de que as garantias ditas
especiais não permanecerão com a assunção se não houver menção
expressa a este respeito. No entanto, permanecem as garantias dadas pelo
devedor primitivo ligadas a sua pessoa.
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Quanto as suas características a cessão de débito: ¹possui natureza contratual; ²se o negócio exigir 
forma especial, assim deverá ser feito, caso contrário à forma é livre; ³os vícios possíveis são os dos 
negócios jurídicos em geral. 
 
A assunção de dívida (cessão de débito) pode se dar através de dois modos: ¹por acordo entre o 
terceiro e o credor (expromissão); ou ²por acordo entre o terceiro e o devedor (delegação). 
 
✓Expromissão é quando o terceiro contrai perante o credor a obrigação de liquidar o débito. O 
acordo é entre o terceiro e o credor. Esta expromissão pode ocorrer com a liberação do devedor に 
assunção perfeita, ou manter-se o devedor cumulativamente responsável pela obrigação に assunção 
de débito imperfeita. 
✓Delegação, se o devedor transferir a terceiro, com a anuência do credor, o débito com este 
contraído. Subdivide-se em: primitiva, se o terceiro assumir toda a dívida, excluído o devedor 
original; e simples ou cumulativa, se o terceiro entrar na relação obrigacional unindo-se ao devedor 
primitivo, que continuará vinculado. 
 
De todo modo, o principal efeito da assunção é a substituição do devedor na relação obrigacional. 
 
Os artigos 301 e 302 apresentam outros efeitos da assunção: 
Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas 
garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava 
a obrigação. 
Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor 
primitivo. 
 
Assim, na falta de estipulação expressa, as exceções (defesas) oponíveis pelo primitivo transferem-
se ao terceiro, salvo as exceções pessoais. 
 
Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito 
garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender-
se-á dado o assentimento. 
 
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Pois quem adquire um imóvel que está hipotecado, na maioria das vezes, absorve no preço o valor 
da hipoteca e se assume a dívida a partir daquele momento. Se o credor, notificado da mudança e 
da assunção da dívida, não se manifestar no prazo estabelecido pela lei, dá-se o seu assentimento. 
 
(CESPE/ TRE-GO に2008) 
Na assunção de dívida, o novo devedor pode opor ao credor as exceções pessoais que 
competiam ao devedor primitivo. 
Comentários: 
Na cessão de débito: 
Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao 
devedor primitivo. 
Gabarito: Errado. 
 
Tenha cuidado para não fazer confusão com a cessão de crédito, pois nesta o devedor pode opor 
contrao cessionário todas defesas pessoais que detinha contra o cedente < época da cessão. 
Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, 
no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente. 
 
A cessão da posição contratual (próximo ponto que será visto) não tem sido muito cobrada em 
concursos. De todo modo, é bom que você tenha uma visão geral acerca do assunto, por isto 
incluímos na aula. 
 
A cessão de posição contratual é a transferência da inteira posição ativa e passiva, do conjunto de 
direitos e obrigações de que é titular uma pessoa, derivados de contrato bilateral já ultimado, mas 
de execução ainda não concluída. 
Nesse negócio, vamos ver que uma das partes (cedente), com o consentimento do outro contratante 
(cedido), transfere sua posição no contrato a um terceiro (cessionário). Para que não ocorra 
confusão com a terminologia, chama-se o contrato original de contrato base. 
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Vimos que na cessão de crédito substitui-se uma das partes na obrigação, apenas do lado ativo e em 
um único aspecto da relação jurídica. O mesmo acontecendo na assunção de dívida. Entretanto, ao 
transferir uma posição contratual, transfere-se todo um conjunto de direitos e deveres, 
consequentemente, transfere-se o crédito e também o débito, isto não como contrato principal, 
mas como parte, como elemento do negócio jurídico. 
A cessão de posição contratual possui como objeto a substituição de uma das partes no contrato, o 
qual objetivamente permanecerá o mesmo. Assim, a cessão de todos os créditos e de todas as 
pretensões presentes e futuras e a assunção de todas as dívidas não esgota o conteúdo jurídico do 
tema em estudo. Ou seja, o negócio jurídico básico, ultrapassa o somatório dos direitos transferidos. 
O que se transfere é uma relação jurídica fundamental, e não a soma de créditos e débitos. 
A cessão de posição contratual situa-se basicamente nas relações a prazo, duradouras, mas não está 
por elas limitada. Portanto, enquanto um contrato não estiver completamente exaurido, o que não 
se confunde com contrato cumprido, haverá possibilidade de cessão de posição contratual, 
dependendo sempre da necessidade econômica das partes. O caso concreto é que mostrará a 
necessidade. 
 
A concordância do terceiro-cedido é de suma importância para a formação da cessão de posição 
contratual. Essa concordância, embora necessária, pode ser simultânea, prévia ou posterior ao 
negócio jurídico. 
 
✓Haverá concordância contemporânea ou simultânea quando uma das partes manda a proposta de 
cessão diretamente às outras duas. 
✓Haverá concordância posterior se a concordância do cedido ocorrer após o acerto da cessão entre 
cedente e cessionário. 
✓Haverá concordância prévia quando no contrato base já houver previsão e autorização para uma 
futura cessão. 
 
A falta de consentimento do cedido impede o aperfeiçoamento da cessão e o relacionamento entre 
cedente e cessionário permanece no campo da responsabilidade pré-contratual. 
O principal efeito da cessão de contrato é a substituição de uma das partes de contratoにbase, 
permanecendo este íntegro em suas disposições. 
Todo complexo contratual, direitos e obrigações provenientes do contrato transferem-se ao 
cessionário. 
Na cessão de posição contratual, o cedente é responsável pela existência do contrato, por sua 
validade e pela posição que está cedendo. Caso não ocorram tais circunstâncias, a solução será uma 
indenização por perdas e danos, com ressarcimento da quantia acordada para a transferência da 
posição contratual. Ainda que o negócio seja gratuito, poderá gerar direito à indenização. Em se 
tratando de cessão onerosa, a responsabilização independe de culpa. A culpa funcionará, talvez, 
como um reforço para o quantum indenizatório. 
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Na hipótese de inexistir o contrato cedido, ou de não existir de forma que permita a eficácia da 
cessão, há, na verdade, uma impossibilidade do negócio por inexistência de objeto. 
O cedente não se responsabiliza pelo adimplemento11 do contrato. Pode, no entanto, assumir 
perante o cessionário uma garantia, maior ou menor, dependendo das cláusulas do negócio, pelo 
adimplemento das obrigações contratuais do cedido. Porém, se não houver expressado menção do 
tipo de garantia, existirá uma caução fidejussória12, nada impedindo, no entanto, que as partes 
coloquem a responsabilidade solidária total ou parcial, restrita a determinado valor, ou mesmo 
restrita a uma só assunção de dívida do contrato base. 
Na transferência de posição contratual, devem as partes identificar claramente o objeto do negócio, 
sempre que possível avisando o cedente ao cessionário de todas as cláusulas do contrato cedido. É 
muito importante, que no mesmo instrumento ou em instrumento à parte, em cópia fiel, conste o 
contrato base. Deste modo, estará o cessionário plenamente ciente da situação contratual que está 
assumindo. Como também deve o cedente dar todas as informações necessárias ao cessionário, para 
que ele tenha condições de cumprir com seu novo acordo. 
O acordo preparatório entre cedente e cessionário não produz qualquer efeito quanto ao cedido 
sem sua anuência, ainda que posterior. 
Com a transferência de sua posição contratual, ausenta-se o cedente da relação jurídica. Neste tipo 
de negócio, podem as partes estipular que há uma cessão de posição contratual, mas que o cedido 
pode agir contra o cedente em caso de inadimplemento do cessionário. Entretanto, as partes devem 
manifestar-se expressamente quanto a isso, caso não o façam haverá total liberação do cedente. 
Quanto ao cessionário e o cedido, ambos passam a ser partes no contrato-base. O cessionário toma 
o lugar do cedente nos direitos e obrigações. O cedido só se libertará de suas obrigações contratuais 
com pagamento ao cessionário após tomar conhecimento e anuir na cessão. O contrato pode ser 
cedido em trânsito, isto é, parcialmente cumprido. 
 
Lembrem-se: só se transferem as relações jurídicas ainda existentes. 
 
Transfere-se a posição contratual no estado em que se encontra para o cedente. Todos os acessórios 
dos direitos conferidos pelo contrato também se transmitem ao cessionário, inclusive sua posição 
subjetiva de parte processual. As garantias para o contrato, fiança, hipoteca, penhor, prestadas por 
terceiro, necessitam do consentimento deste para permanecerem íntegras. 
 
11 Pelo cumprimento do contrato. 
12 As garantias contratuais se dividem em reais e fidejussórias. Nas reais é oferecido um bem para assegurar o cumprimento da 
obrigação, através de hipoteca, penhor ou anticrese. Já nas garantias fidejussórias é uma pessoa quem vai assegurar o 
cumprimento da obrigação, através de aval ou fiança. 
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Efetivar-se-á a cessão de contrato somente se: 
1. O contrato transferido for bilateral. 
2. O contrato for suscetível de ser cedido de maneira global. 
3. Houver transferência ao cessionário não só dos direitos como também dos deveres do cedente. 
4. O cedido consentir, prévia ou posteriormente, uma vez que a cessão de contrato implica, 
concomitantemente, uma cessão de crédito e uma cessão de débito. 
5. Houver observância dos requisitos do negócio jurídico. 
6. A obrigação não for personalíssima, nem houver cláusula vedando a cessão. 
 
A cessão de contrato produz as seguintes consequências jurídicas: 
1. Transferência do crédito

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