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Logística Integrada II.3 – SCM – Melhores Práticas – rev. 4 – 2018 MÓDULO II.3 – Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Melhores Práticas Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos Práticas para melhoria da eficiência da Cadeia de Suprimentos Diversas são as práticas que dão suporte a implantação das estratégias da cadeia de suprimentos: i - gerenciamento da demanda; ii - redução e consolidação da base de fornecedores; iii - representante em tempo integral nos fornecedores (in plant representatives); iv - participação dos fornecedores desde as primeiras fases do projeto (ESI early supplier involvement); v - logística. (Franciose, 1995, Pires, 1998, Rodrigues, 1998 ) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos i - Gerenciamento da Demanda O planejamento da produção de qualquer empresa se inicia com a análise da previsão da demanda futura. Desta análise será definido: • o que produzir; • em que quantidade; • e quando produzir. Uma gestão integrada da demanda na cadeia produtiva levará a maior precisão dos dados trocados dentro da cadeia, minimizando a: • propagação de erros de previsão; • reduzindo as incertezas na gestão da capacidade produtiva; • diminuindo os estoques, entre outras vantagens. (Franciose, 1995, Pires, 1998, Rodrigues, 1998; Corrêa, 2010 ) Suprimento se adeque a demanda; A demanda se adeque as possibilidades de suprimentos; Ambos. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos i - Gerenciamento da Demanda (cont.) (Corrêa, 2010) Grande variação da demanda Grande variação da demanda Tempo Tempo demanda demanda produção produção capital investido capital investido Pequena variação da demanda Pequena variação da demanda Tempo Tempo O ci o si d ad e e st o q ue Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos i - Gerenciamento da Demanda (cont.) O grau de complexidade do gerenciamento da demanda depende de negócio para negócio. Por exemplo, nas empresas que produzem sob encomenda (make to order) a gestão é facilitada, pois esta empresa trabalha com pedidos em carteira. Já para as empresas que produzem para estoque (make to stock) a sua gestão se baseia na previsão de vendas, e, portanto estão sujeitas a todas as desvantagens e riscos inerentes a uma previsão. Mesmo para as empresas que produzem sob encomenda, a gestão da demanda também se torna bastante incerta se for considerado um cenário de longo prazo, além dos pedidos existentes em carteira (Pires & Musetti, 2000) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos i.1 - Causas da variabilidade da demanda: i.1.1 - Variação do consumidor final: são variações nos padrões de compra e consumo dos produtos e serviços. • Alterar a curvas de demanda • Oferecer produtos e serviços com padrão oposto de ciclicidade i.1.2 - Variação causada pelo efeito chicote (bullwhip effect): são variações na demanda de partes da cadeia de suprimento que são causadas não apenas pelas variações nos padrões de compra e consumo do usuário, mas por ações evitáveis e condições controláveis internas a cadeia de suprimentos. Este é um efeito dinâmico que faz com que pequenas variações na demanda do consumidor final seja amplificada a medida que as informações sobre essa demanda são transmitidas pela cadeia de suprimentos. (Corrêa, 2010) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos i.1.2 - Causas do efeito chicote (bullwhip effect): • Atualizações desordenadas de previsões dos membros da cadeia: quando um membro percebe que há o crescimento na demanda imediata, ele o interpreta como uma tendência de crescimento, fazendo com que este membro da cadeia reveja sua previsão da demanda para cima. • Formação de lotes de produção e/ou transporte: a compra pelos membros da cadeia de lotes mínimos de produção e/ou transporte maiores que a demanda real do consumidor final, pode ser entendido pelos outros membros da cadeia como um aumento da demanda. • Flutuações de preço: o aumento ou diminuição da demanda devido a flutuação de preços causados por ações de marketing, problemas políticos ou econômicos, etc. podem levar a uma interpretação errada da demanda do consumidor final causando o efeito chicote ao longo da cadeia de suprimentos. (Corrêa, 2010) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos i.1.2 - Causas do efeito chicote (bullwhip effect): (contin.) • Racionamento/Comportamento oportunista: quando um membro da cadeia (intermediário ou final) não tem sua demanda totalmente atendida devido a falta do produto (por exemplo, recebe apenas 80% do que foi solicitado), estes passam a aumentar seus próximos pedidos para obter a totalidade de sua necessidade pois imaginam que terão novamente um corte no seu pedido. • Demora nos fluxos de materiais e informações: o tempo decorrido entre a identificação de uma necessidade e o momento que o material passa a estar disponível para uso faz com que membros da cadeia aumentem sua demanda além do necessário para compensar esta demora. (Corrêa, 2010) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos i.1.3 – Maneira para reduzir o efeito chicote (bullwhip effect): • Redução da incerteza ao longo da cadeia de suprimentos : centralização e compartilhamento da informação, padronização de métodos de previsão da demanda, etc. • Redução da variabilidade da demanda do cliente. • Redução dos lead times (de pedido e de informação): adoção de processos como cross docking, utilização se sistemas eletrônicos de troca de informação, etc. • Parcerias estratégicas: informações compartilhadas, estoques gerenciados pelo fornecedor, etc. (Simchi-Levi, Kaminsky, Simchi-Levi, 2010) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos i.2 – Processo de Previsão • Coleta de informações relevantes; • Tratamento das informações; • Busca de padrões de comportamento; • Consideração de fatores qualitativos relevantes; • Projeção de padrões de comportamento; • Estimativa de erros de previsão. (Corrêa, 2010) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos ii - Redução e Consolidação da Base de Fornecedores As empresas têm procurado estrategicamente concentrar suas atividades em suas core competences, delegando a terceiros, atividades que até recentemente eram de sua administração interna. Pesquisas demonstram que a participação de itens comprados tem aumentado quando comparado com os itens produzidos internamente, o que reforça a importância do gerenciamento de suprimentos dentro do ciclo produtivo. A maneira como são implementadas e gerenciadas as cadeias de suprimentos, especificamente na gestão de seus fornecedores, podem influenciar o resultado da empresa no que se refere a redução de custos, maximização dos lucros, melhoria da qualidade, flexibilidade de atendimento, etc. (Pires & Musetti, 2000) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos ii - Redução e Consolidação da Base de Fornecedores (cont.) Através do desenvolvimento estruturado de fornecedores a empresa consegue montar uma base de fornecedores parceiros comprometidos com o objetivo comum de redução de custos e aumento do valor dos produtos. Porém, antes do desenvolvimento de fornecedores, deve-se decidir o que vale a pena fazer internamente à empresa e o que vale a pena comprar de terceiros (make or buy decision). (Pires & Musetti, 2000) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos Existem diversos modelos que orientam na tomada de decisão entre fazer e comprar. A abordagem mais simples para se decidir entre fazer versus comprar é se comparar o custo de fabricação com o custo de aquisição (custos totais associados a uma transação e não apenas o preço) no mercado. Se o custo de fabricação é maior que o custo de mercado, o produto deve ser comprado. Esta abordagem, entretanto é adequada apenas para produtos não estratégicos, de baixo valor agregado. A decisão de fazer ou comprardeve considerar não apenas critérios econômicos, mas fazer uma análise estratégica multidimensional considerando fatores como: competências centrais da organização, alocação de despesas, capacidade de inovação, fatores humanos, maturidade tecnológica, custo, competência dos fornecedores, entre outros. (Rodrigues, 1998; Handfield et al, 2000, Di Serio & Sampaio, 2001; Corrêa, 2010) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos Decisão Fazer x Comprar (Corrêa, 2010) C e n tr a l Fazer ou controlar Fazer N ã o c e n tr a l Terceirizar com baixo controle Terceirizar com alto controle Baixo Alto C o m p e tê n c ia e s tr a té g ic a Custos de transação Matriz de decisão: Fazer x Comprar Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos ii.1 - Relacionamento com os fornecedores Como a maioria das empresas não é auto suficiente em todas as suas necessidades técnicas, produtivas e comerciais, decisões estratégicas devem ser tomadas visando focar os esforços nas competências básicas da empresa, enquanto que as demais atividades ou funções devem ser delegadas a outras empresas melhor capacitadas. Nos casos onde é tomada a decisão de repassar estas atividades a outras empresas (outsourcing), relacionamentos específicos devem ser desenvolvidos entre as partes a fim de integrar estas funções ou atividades com as demais atividades e funções mantidas na empresa. dos fornecedores, entre outros. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos ii.1 - Relacionamento com os fornecedores (cont.) Relacionamentos bem definidos, com regras claras e forte integração entre as partes, permitem ganhos de competitividade, capacitação tecnológica, ampliação da rede de fornecedores, fortalecimento da capacidade inovadora, redução de custos, além de, evitar a duplicidade de atividades. Pode-se classificar os relacionamentos dentro da cadeia de suprimentos em seis grupos distintos: ii.1.1 - comprometimentos comercial de curto prazo; ii.1.2 - joint venture; ii.1.3 - alianças estratégicas / parcerias; ii.1.4 - integração vertical; ii.1.5 - contrato coordenado; ii.1.6 – parceria para desenvolvimento. (Cooper & Gardner, 1993; Lambert et al, 1996; Heizer & Render, 1996; Slack et al, 1997; Corrêa, 2010) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos ii - Reestruturação e Consolidação da Base de Fornecedores (cont.) (Corrêa, 2010) A lt a Risco Estratégico Joint venture Mercado Dependência B a ix a Baixo Alto Custos de transação Relacionamento com Fornecedores Parceria para desenvolvimento Parceria estratégica Contrato de longo prazo C o m p e tê n c ia e s tr a té g ic a Contrato de médio prazo Integração vertical Contrato curto prazo Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos ii.1.1 - Comprometimento comercial de curto prazo: não há nenhum compromisso além de um determinado pedido, tudo o que é transferido entre as partes na transação são o pedido em uma direção e os materiais e serviços na outra. Terminadas as relações, nenhum elo de ligação os mantém ligados, contudo não proíbe que novos compromissos venham a ser firmados posteriormente. ii.1.2 - Joint venture: são relacionamentos que envolvem alguma forma de participação ou sociedade entre duas ou mais partes para a realização de um empreendimento comum. Os agentes motivadores para a criação de joint ventures podem variar desde a necessidade de conquista de novos mercados, melhoria da competitividade através do compartilhamento de informações e recursos, ganho de escala ou redução de custos, entre outros. (Cooper & Gardner, 1993; Lambert et al, 1996; Heizer & Render, 1996; Slack et al, 1997, Corrêa, 2010) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos ii.1.3 - Alianças estratégicas / parcerias: alianças são relacionamentos contratuais formados por duas organizações independentes para atingir objetivos específicos. Apesar desta relação ser normalmente de longo prazo, as organização preferem não se fundir, embora troquem alguns valores como tecnologia, pessoas, informações e recursos. ii.1.4 - Integração vertical: na integração vertical a empresa decide por incorporar todas as atividades da cadeia de suprimentos, desde a fonte de matéria prima até a distribuição ao cliente final. Integração vertical é o grau de posse de uma organização da cadeia da qual faz parte. (Cooper & Gardner, 1993; Lambert et al, 1996; Heizer & Render, 1996; Slack et al, 1997; Corrêa, 2010) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos ii.1.4 - Integração vertical: (contin.) Do ponto de vista estratégico, significa manter dentro de casa, materiais, produtos e serviços considerados centrais ou estratégicos para a organização e/ou quando o custo e risco da troca de fornecedor é muito alta. A integração vertical pode ocorrer através da fusão ou da compra de diferentes organizações ou através do crescimento interno da empresa. A estratégia de integração vertical de uma organização pode ser definida em termos de: • da direção de qualquer expansão; • da amplitude necessária do processo; • do equilíbrio entre as etapas verticalmente integrantes resultantes. (Slack et al, 1997) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos TQM Direção da expansão: Se a decisão for expandir-se no lado do fornecimento ela é denominada de integração vertical a montante (upstream) ou para traz. Se a decisão de expandir-se do lado da demanda (clientes) ela é denominada de integração vertical a jusante (downstream) ou para frente. A integração a montante permite que a organização assuma o controle de seus fornecedores e assim, obter vantagem de custo e/ou evitar que seus concorrentes ganhem controle sobre seus fornecedores. A integração a jusante, aproxima a organização dos mercados (clientes) e lhe da maior autonomia para lidar com seus consumidores. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos TQM Amplitude do processo: A integração pode ser feita abrangendo o fornecedor e/ou cliente imediato (integração de pequena amplitude) ou envolver todos os elos da cadeia (integração de grande amplitude). Para a decisão entre pequena ou grande amplitude a empresa deve levar em consideração diferentes aspectos tais como: • se deseja concentrar esforços em suas competências centrais e habilidades ou; • se deseja controlar todos os elos da cadeia para, por exemplo, desenvolver novas competências ou dominar novas áreas de conhecimento ou ainda alinhar sistemas organizacionais e processos. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos TQM Equilíbrio da cadeia: O equilíbrio da cadeia de uma organização é o nível da capacidade de cada etapa na rede que é dedicado a fornecer a etapa seguinte. Um relacionamento de rede totalmente balanceado é aquele no qual uma etapa produz somente para a próxima na rede e satisfaz totalmente suas experiências. Vantagens: simplicidade no relacionamento e operações mais focadas. Desvantagens: comprometer a competitividade do fornecedor devido a falta de concorrência e pode sofrer o impacto de problemas que apareçam em seu cliente exclusivo. 100% da produção Fornecedor Cliente Final Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos TQM Organizações com operações menos equilibradas permitem que cada elo da cadeia venda seus produtos a outras empresas ou compre componentes em outros fornecedores. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos ii.1.5 - Contrato coordenado (médio e longo prazo): envolve um contratante que emprega um conjunto de subcontratados através do estabelecimento de uma relação duradoura que pode perdurar por vários contratos. Neste relacionamento, o contratante, normalmente, fornece as especificações do trabalho podendo inclusive fornecer os materiais e parte dos recursos necessários. Neste tipo de contrato é comum estabelecer compromissos de médio e longo prazopor exemplo, quanto ao volume a ser fornecido, preço decrescente e nível de serviço crescente ao longo da vigência do contrato. (Cooper & Gardner, 1993; Lambert et al, 1996; Heizer & Render, 1996; Slack et al, 1997) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos ii.1.6 – Parceria para desenvolvimento: é o tipo de relacionamento adequado para situações onde pode haver diversos fornecedores capazes de atender a uma “competência central” do comprador. Para se proteger da concorrência que podem lançar mão destes possíveis fornecedores, o contratante desenvolve um ou alguns poucos fornecedores para que possam ofertar de maneira competitiva estes produtos ou serviços. Em muitos casos, o desenvolvimento dos fornecedores exige troca intensa de informações muitas vezes importantes e críticas para o contratante. Nestes casos, o contratante pode incluir clausulas que intensifiquem o relacionamento, por exemplo, exclusividade de fornecimento. (Corrêa, 2010) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos iii - Representantes de Tempo Integral nos Fornecedores (In Plant Representatives): facilita o entendimento das necessidades de ambas as partes, melhora o balanceamento entre suas deficiência e competências e fornece o feed back necessário para a melhoria do desempenho do comprador e/ou dos fornecedores. O conceito por trás desta técnica é de que ninguém conhece melhor o seu produto do que o fornecedor, e, portanto, deve-se aproveitar esta experiência e conhecimento. • participar junto a engenharia do parceiro no desenvolvimento de novos produtos; • na colocação de ordens de compras na sua própria companhia ou nos seus fornecedores; • no planejamento conjunto da produção; • no controle de estoques; manutenção e assistência técnica. (Cordon & Raabe, 1995; Atkinson, 2001 ) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos iv - Participação dos Fornecedores desde as Primeiras Fases do Projeto (ESI – Early Supplier Involvement) Esta ferramenta tem como proposta integrar as diferentes capacidades dos fornecedores e compradores desde a fase inicial de desenvolvimento do projeto, com os objetivos de redução do tempo de desenvolvimento, dos recursos necessários, dos custos em geral e de melhoria da qualidade. As empresas que alcançam sucesso com o uso do ESI abordam o processo sob um novo ponto de vista, focado em benefícios mútuos. Esta abordagem demanda uma nova postura e habilidades gerenciais, o envolvimento da alta direção em todas as fases do processo e o desenvolvimento de um forte espírito cooperativo entre as empresas. O ESI não é um processo estático que a empresa pratica ou não pratica, mas sim, é um processo contínuo de envolvimento dos fornecedores no desenvolvimento dos projetos. (Bidault & Butler, 1995 ) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos iv - Participação dos Fornecedores desde as Primeiras Fases do Projeto (ESI – Early Supplier Involvement) (Corrêa, 2010) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos iv - Participação dos Fornecedores desde as Primeiras Fases do Projeto (ESI – Early Supplier Involvement) (cont.) Primeiro estágio (nenhuma integração): denominado “fornecimento conforme projeto”. O comprador assume toda a responsabilidade no desenvolvimento do projeto e o fornecedor simplesmente compartilha informações sobre seus equipamentos e capacidades com o comprador. A prioridade das empresas é a diminuição dos custos. Segundo estágio: denominado de “projeto compartilhado”. O comprador ainda assume a responsabilidade pelo desenvolvimento do projeto, porem o fornecedor atua de forma pontual e informal, comentando o projeto e dando sugestões de melhoria em termos de redução de custo, redução de lead time e melhoria da qualidade na medida da necessidade. A prioridade das empresas é a redução do tempo de desenvolvimento. (Bidault & Butler, 1995 ; Corrêa, 2010) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos iv - Participação dos Fornecedores desde as Primeiras Fases do Projeto (ESI – Early Supplier Involvement) (cont.) Terceiro estágio: o fornecedor participa de maneira mais formal, executando atividades conjuntas junto com a equipe do comprador no desenvolvimento do projeto, produção de protótipos, testes, etc. Quarto estágio (design sourced): neste estágio os fornecedores são responsáveis pelo desenvolvimento total de parte ou de todo o componente. A maior preocupação das empresas é a melhoria da qualidade. (Bidault & Butler, 1995 , Corrêa, 2010) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos v – Logística Integrada Para o Council of Logistics Management, logística “é o processo da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla o fluxo e o estoque de bens e serviços e as informações relativas, do ponto de origem ao ponto de consumo, de maneira eficiente e eficaz, buscando a satisfação das necessidades do cliente”. Esta definição amplia a visão de logística de meramente uma atividade interna da organização, para toda a cadeia de suprimentos, incluindo desde os fornecedores primários da cadeia produtiva até o cliente final da mesma. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos As atividades da função logística integrada podem ser decompostas em três grandes grupos: Atividades estratégicas: estas atividades relacionam-se às decisões e à gestão estratégica da própria empresa. A função logística deve participar de decisões sobre serviços, produtos, mercados, alianças, investimentos, alocações de recursos, etc. Atividades táticas: estas atividades relacionam-se ao desdobramento das metas estratégicas e ao planejamento do sistema logístico. Envolvem decisões sobre fornecedores, sistemas de controle da produção, rede de distribuição, sub-contratação de serviços, etc. Atividades operacionais: estas atividades relacionam-se à gestão do dia a dia da rede logística. Envolvem a manutenção e melhoria do sistema, solução de problemas, etc. (Wood Jr. & Zuffo, 1998 ) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos Entre as principais práticas relacionadas à logística e que contribuem na otimização de suas atividades, diminuição dos custos e melhor atendimento às necessidades dos clientes podemos citar : • integração de custos logísticos; • princípio do adiamento; • auditoria logística; • Benchmarking; • cross-docking; • sistema de coleta programada; • logística reversa; • operador logístico; • estoque gerenciado pelo fornecedor. (Zinn, 1995; Ballou, 1997; Bowersox & Closs, 1997; Pires & Musetti, 2000 ) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos Integração dos custos logísticos: de acordo com o Fundo Monetário Internacional – FMI, os gastos médio com logística são da ordem de 12% do produto interno bruto mundial. Dentre os principais custos logísticos têm-se o transporte, armazenagem e movimentação, estoques, processamento de pedidos, custos de produção e serviço ao cliente. A administração integrada de custos logísticos, não objetiva reduzir custos individuais, mas sim o custo logístico global da empresa, pois ganhos individuais não necessariamente resultam em ganhos para a empresa. Por exemplo, uma redução no custo de transporte através da excessiva consolidação de cargas obriga a empresa a ter estoques mais próximos do cliente para manter o prazo de entrega em um nível aceitável. Este custo adicional de estoque pode ser maior que a redução obtida com a consolidação de cargas. (Ballou, 1997) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos Princípio do adiamento (postponement): o princípio do adiamento é um conceito organizacional o qual prega que algumas atividades dentro da cadeia de suprimentos não devem ser executadas até que o pedido do cliente seja recebido. Entre as principais vantagens desta prática tem-se a redução do estoque de produtos acabados, diminuição da movimentação de produtos, pois os mesmospodem ser embarcados diretamente ao cliente sem passar por um almoxarifado intermediário, diminuição do grau de incerteza quanto à demanda futura, otimização do transporte, diminuição do lead time, etc. Um exemplo típico desta técnica é o comercio de tintas, onde a definição da cor é feita pelo cliente na hora da compra. (Van Hoek, 2001) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos Princípio do adiamento (postponement): A postergação ou postponement pode ser definido como o retardo do movimento (retardação de tempo) ou da formulação final de um produto tipicamente produzido em massa até que os pedidos dos consumidores sejam feitos (retardação de forma)”. Classificação da Postergação: • Postergação de etiquetagem: os produtos são armazenados sem nenhuma identificação de marca. As etiquetas e rótulos somente são afixados mediante a ocorrência de um pedido feito, sendo que cabe ao cliente especificar a marca que identificará o produto final; • Postergação de embalagem: modalidade adequada para produtos de embalagens de diferentes tamanhos; (Zinn, 1990; Beker & Gutierrez, 2009) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos Classificação da Postergação: (contin.) • Postergação de montagem: neste caso, até que se receba o pedido do cliente, a operação de embalagem e a própria montagem do produto também é retardada. Na etapa de montagem ocorre a “diferenciação dos produtos”. Por intermédio desse retardo, torna-se possível oferecer uma gama de produtos diferentes aos clientes e manter estoques em níveis baixos; • Postergação de fabricação: a fabricação somente se conclui depois do recebimento de um pedido; os produtos semi-elaborados ou mesmo em forma de insumos ficam estocados para que ocorra a diferenciação da mercadoria em um tempo ou local mais próximo da demanda. (Zinn, 1990; Beker & Gutierrez, 2009) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos Auditoria logística: uma das formas mais produtivas de auditoria logística é o estudo do ciclo do pedido, onde ocorre o acompanhamento do processo administrativo e operacional por onde passam os pedidos, desde o recebimento até a entrega do produto ao cliente. Como o ciclo do pedido documenta a maior parte do processo logístico da empresa, seu estudo sempre resulta na identificação de excelentes oportunidades para a redução de custos. Benchmarking: esta é uma técnica específica, com conceitos únicos e passos itemizados que permite às empresas melhorarem seus processos administrativos utilizando-se de dados de outras empresas. Um destes conceitos é a liderança funcional, em que a empresa procura um parceiro de benchmarking que seja líder no desempenho de algum método administrativo. Um exemplo de líder funcional é a Toyota, conhecida por sua competência na execução do Just in Time. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos Cross-docking: o objetivo desta prática é fracionar e realocar cargas em armazéns sem que o produto tenha que ficar armazenado por mais de algumas horas. Em outros casos, o produto não é armazenado de nenhuma forma. Este fracionamento é realocado e permite grande eficiência no reabasteciemento de lojas, por exemplo. Sistema de coleta programada (Milk run): é uma prática que visa coletar e/ou entregar materiais/produtos nos fornecedores, de maneira periódica e programada, através de rotas fixas, visando minimizar o custo de transporte da operação, reduzir o estoque na cadeia de suprimentos e atender as necessidades do cliente no tempo e na qualidade necessária. Este modelo permite a consolidação de cargas fracionadas/mistas. A entrega ou coleta dos produtos pode ser de responsabilidade do cliente, do fornecedor ou de um operador logístico. (Moura, 2000; Corrêa, 2010) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos Logística reversa: Existem duas categorias de ciclos reversos de retorno dos produtos aos ciclos produtivos: canais de distribuição de ciclo aberto e canais de ciclo fechado. Os canais de ciclo aberto são constituídos pelas diversas etapas de retorno dos materiais constituintes dos produtos de pós-consumo, tais como os metais, plásticos, vidros, papéis, etc., que são extraídos de diferentes produtos visando sua reintegração ao ciclo produtivo substituindo matérias-primas novas na elaboração de produtos diferentes daqueles dos quais os materiais foram extraídos. Os canais de ciclo fechado são constituídos por diversas etapas de retorno de produtos de pós-consumo, tais como latas de alumínio, latas de aço, baterias de automóveis, etc., dos quais são extraídos seus materiais constituintes principais para serem reintegrados na fabricação de um produto similar ao de origem. (Leite, 2000) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos Operador logístico: utilização de companhias externas para realizar funções logísticas as quais têm sido tradicionalmente realizadas pela própria companhia. As funções executadas pelo operador logístico podem incluir todo o processo logístico (projeto da rede logística, gerenciamento e operação de sistemas de armazenagem, soluções e gestão de transporte, etc.) ou apenas algumas atividades pré-selecionadas. O uso de operadores logísticos não deve ser considerado apenas como um meio para diminuir os custos logísticos, mas sim, como uma ferramenta estratégica para criar vantagem competitiva através do aumento de flexibilidade e melhoria dos serviços. (Larsen, 2000; Venanzi & Pires, 2002) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos Estoque gerenciado pelo fornecedor (Vendor Managed Inventory – VMI) e Consignação (Vendor Owned Inventory – VMO): no VMI, o fornecedor se responsabiliza pela gestão do inventário do cliente baseado em um contrato de reposição acordado entre ambas as partes. O VMI faz sentido quando o fornecedor tem melhor condição de gerenciar o estoque do cliente que o próprio cliente (mais foco e/ou mais informação sobre a demanda). No VMO o estoque mesmo já de posse do cliente, continua de propriedade do fornecedor. A vantagem no VMO é que os valores contábeis do estoque dos produtos consignados são zerados, e os itens serão pagos ao fornecedor apenas quando utilizados. Em ambos os casos, há necessidade de troca intensa de informações entre cliente e fornecedor para garantir a gestão eficaz dos estoques. (Larsen, 2000; Venanzi & Pires, 2002; Corrêa, 2010) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ATKINSON, W., Does JIT II still work in the Internet age? (just in time supply chain management), Purchasing, September 6, 2001. BALLOU, R. H. Business Logistics – importance and some research opportunities. Gestão & Produção, v.4, n.2, p. 117-129, Ago. 1997. BEKER, J. C.; GUTIERREZ, R. H. O Uso da Estratégia de Postergação na Produção: O Novo Paradigma Competitivo da Logística nos Tempos Modernos, SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia, 2009. BIDAULT, F., BUTLER, C. Buyer – Supplier cooperation for effective innovation. Executive Report, n. 17, September, 1995. BOWERSOX, D. J., CLOSS, D.J. Brazilian Logistics: a time for transition. Gestão & Produção, v.4, n.2, p. 130-139, Ago. 1997. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COOPER, M., C., GARDNER, J., T. Building good business relationships – more than just partnering or strategic alliances? 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