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Coordenação Luciano Sampaio Guimarães - Medicina UFPE 144 CONCEITOS · Ataxia: distúrbio da coordenação muscular. Os tipos mais comuns são cerebelar, sensitiva e vestibular. · Astasia/Distasia: dificuldade de se manter na postura ortostática · Abasia/Disbasia: dificuldade na marcha (de deambular) · Discronometria: atraso na contração muscular/perda da harmonia do movimento COORDENAÇÃO · Para uma atividade motora útil, ordenada, regular e harmônica, participam mecanismos de alta complexidade, que vêm de vias vestibulares, cerebelares e propioceptivas (sensibilidade profunda). CEREBELO · Centro da coordenação motora – “servomecanismo”, objetiva coord., eumetria e sinergia dos movimentos · Funções de manutenção do equilíbrio, tônus, postura, planejamento, correção, aprendizagem motora · Quando vai se realizar um comando motor, há envio de informações do córtex ao cerebelo mediante a via corticopontocerebelar · As informações da posição dos músculos são enviadas ao cerebelo pelas vias espinocerebelares e pelos nervos cranianos · Como resultado disso, o cerebelo comunica-se com o córtex motor via cerebelorrubrotalamocortical, participando do controle/correção/sinergia das ações que seriam realizadas pelos músculos · ARQUICEREBELO: lobo flóculo-nodular · Regulação do equilíbrio e movimentos oculares · Recebe aferência da via vestibulocerebelar · PALEOCEREBELO: vérmis + córtex paravermiano adjacente · Regulação da motricidade automática, tônus postural (controle dos m. axiais), tônus cinético (marcha) · Recebe aferência da via espinocerebelar, informações sobre propriocepção · NEOCEREBELO: hemisférios cerebelares · Regulação da motricidade voluntária, especialmente das extremidades · Recebe aferência da via corticopontocerebelar, influencia neurônios motores ipsilateralmente devido ao duplo cruzamento · Comprometimento Cerebelar (comum às regiões) · Teste de Romberg (-) · Estática: posição ereta com alargamento de base, “dança dos tendões” (assinergia dos músculos) – dificuldade de ficar em pé (astasia/distasia) · Dinâmica: marcha atáxica, ebriosa, vacilante, instável, desvios/oscilações ao andar em linha reta para todos os lados · Tendência à retropulsão; reflexos podem ser pendulares · Fala escandida (silabada), explosiva – disartria; · Dismetria (hiper ou hipo) ao tentar unir com uma linha horizontal duas verticais; · Macrografia · Distasia-disbasia · Arquicerebelo: ↓ coordenação das reações estáticas, nistagmo importante, vertigem, não há ataxia de membros · Paleocerebelo: comp. da linha média, marcha atáxica, tônus e reflexos normais · Neocerebelo: comp. do hemisfério, mais ataxia apendicular que axial, compromete mais os mov. finos distais que os proximais OBS: a estática (ataxia axial) ocorre por comprometimento do paleocerebelo (tônus postural) e a dinâmica (ataxia apendicular) pelo comprometimento do neocerebelo (movimentos voluntários). O paleocerebelo também está envolvido na marcha. OBS²: na Ataxia frontal de Bruns, o tipo é axial (fundamentalmente na posição ortostática/durante a marcha), paciente oscila e tende a aumentar a base de sustentação, aspecto ebrioso, tendência à retropulsão. É determinada pela presença de tumores frontais que comprometem a via corticopontocerebelar. VESTIBULAR · Comprometimento Vestibular · Teste de Romberg (+) estereotipado, queda sempre para o lado afetado (muda com a posição da cabeça) · Marcha em estrela, desvio para o lado da lesão enquanto anda de olhos fechados (lateropulsão) – correção ao andar para trás · Reflexos normais; vertigem, nistagmo SENSIBILIDADE PROFUNDA · Informações sobre a posição exata do corpo enviadas ao cerebelo e ao córtex cerebral · Aferências pelos feixes grácil, cuneiforme e nervos cranianos · Comprometimento Sensorial · Teste de Romberg (+), oscilações/quedas para qualquer lado · Movimentos incoordenados · Marcha talonante/calcaneante/escarvante com dissociação olhos abertos/fechados · Reflexos hipoativos/ausentes EXPLORAÇÃO · Teste de Romberg: posição ereta, pés unidos e olhos fechados. É positiva se cair. · Prova do copo d’água: cerebelopata apresenta incoordenação, ato desajeitado, mão abre exageradamente (dismetria), tremor cinético. · Prova índex-nariz: extensão do membro superior seguida de tocar a ponta do nariz com o dedo indicador. Realizar primeiro com olhos abertos, depois, fechados. · Cerebelopatas não atingem o alvo (ultrapassam: hipermetria) ou o fazem de modo imperfeito; há decomposição do movimento (dissinergia), conseguem fazer melhor com olhos abertos. · Prova calcanhar-joelho: decúbito dorsal, MMII estendidos, tocar no joelho com a ponta do calcanhar oposto. Realizar diversas vezes, olhos abertos e fechados. Pode ocorrer hipo ou hipermetria (cerebelo). · Prova dos braços estendidos: · Lesão unilateral do cerebelo: membro ipsilateral à lesão desvia-se para fora (abdução) ou ambos não chegam ao nível desejado e o ipsilateral à lesão fica num nível menor ou maior. · Lesão bilateral do cerebelo: abdução dos dois membros. · Distúrbios sensitivos profundos: quando olhos fechados, aparecimento de discretos movimentos involuntários nos dedos para tentar localizar seus segmentos no espaço; ou pode haver queda parcial do membro sem que o paciente perceba a modificação. · Prova dos movimentos alternativos: pronação e supinação com as mãos na coxa, exploração da diadococinesia, se alterada, caracteriza adiadococinesia ou disdiadococinesia · Lesão unilateral do cerebelo: movimento mais lento no lado afetado (mal executado/não executado) · Variantes: bater palma rapidamente, flexão-extensão sucessiva dos dedos das mãos, oposição com polegar · Prova do Rechaço (Stewart-Holmes): flexão do antebraço contra resistência do examinador, que bruscamente a relaxa. · Cerebelopatia: positiva, o antebraço não consegue frear seu movimento e acaba se chocando contra o peitoral. · Prova da assinergia tronco-membros: similar a “fazer abdominal”, mas o cerebelopata não consegue sentar-se, faz movimento em gangorra. · Prova da Indicação de Bárany: ponta dos dedos do examinador – ponta dos dedos do paciente · Lesão vestibular: desvio bilateral para o lado da lesão (ipsilateral) · Lesão cerebelar: desvio unilateral para o lado da lesão (ipsilateral) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: SANVITO, W.L. Propedêutica Neurológica Básica. 1ed. São Paulo: Atheneu, 2000
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