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Epidemiologia 15

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UNIDADE I
Introdução à Epidemiologia - Aspectos Conceituais e Históricos
TÓPICO I
Matemática, Dados Estatísticos e Planejamento em Saúde
1 Introdução
Epidemiologia é a ciência que estuda o processo saúde-doença em coeltividades humanas, analisando a
distribuição e os fatores determinantes de infermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde
coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças, fornecendo
indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação de ações em saúde.
A repetição de certos eventos ou doenças é um sinal de alerta para que se desencadeiem pesquisas
cuidadosas a partir da observação e comparação de dados. É necessário fazer registros, mantê-los a
disposição de outros pesquisadores e profissioais da saúde e invertir tempo para estudar e pesquisar por
que tal evento se repete. No Brasil este trabalho é desenvolvido pela Vigilância em Saúde,
principalmente na Divisão de Vigilância Epidemiológica, órgão que determina ações em todos os
estabelecimentos de saúde do país. A Vigilância Sanitária, trata de orientar e fiscalizar empresas de
saúde, alimentícias, insdústrias, com objetivo de proteger as pessoas de riscos.
As vigilâncias tem como missão realizar buscas e pesquisas sobre condições de saúde e condições de
moradia, saneamento, acesso a água potável, condições de trabalho, venda de produtos alimentícios e
depois divulgar, orientar e fiscalizar que em uma coletividade se pratique conscientemente as leis da
prevenção. Estas “leis de prevenção” foram baseadas em dados e estudos epidemiológicos que, por sua
vez, foram anotados e sistematizados.
2 A Importância de Estudos Epidemiológicos
A epidemiologia começou com o estudo das doenças transmissíveis, com o seu amadurecimento como
ciência, com a implantação do Sistema Único de Saúde, com a redução das doenças transmissíveis e a
ampliação das redes de dados, esta estendeu-se para o estudo das doenças crônico-degenerativas e as
causas externas, como são chamados os acidentes de trânsito e as mortes por violência. Para atuar em
qualquer área lígada à saúde, uma das primeiras informações necessárias será o perfil epidemiológico da
população atendida por aquele serviço.
Entende-se o processo saúde doença como não somente a ausência de doenças, mas a possibilidade de
acesso a uma vida em que as potencialidades do indivíduo sejam alcançadas: bom desenvolvimento
físico e mental, acesso à educação de qualidade, proteção de contaminantes ambientais, condições de
trabalho dignas, acesso a lazer, espaços sociais, organização comunitária, liberdade de expressão, requer
também observar como e onde se processa o adoecimento, quais recursos o indivíduo terá disponíveis
para o tratamento e como será a vida pós evento.
Vejamos os números de uma reportagem:
O número de mortos em acidentes de trânsito com motos no Brasil aumentou 236,5% em 10 anos,
segundo o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), criado pelo Ministério da Saúde. Em 2011,
foram 11.268 mortes no país, contra 3.100 usuários de motos em 2011. De acordo com o Ministério da
Saúde, em 2011 houve 155.656 internações por acidentes de trânsito, com custo de R$ 205 milhões. Os
acidentes de moto correnpoderam a 77.113 delas, totalizando gasto de R$ 96 milhões de reais.
Juntamente com esta reportagem faz parte o seguinte gráfico:
A maior parte das vítimas é jovem, do sexo masculino, e de camadas de renda mais baixa, o que sinaliza
para a vulnerabilidade deste grupo de risco: condutores de motocicletas. Podemos chamá-los de grupos
de risco para acidentes de trânsito com motocicletas. Muitos desses acidentes seriam evitados se
tivessemos uma rede de transporte público eficiente e infraestrutura viária. Os custos sociais,
hospitalares, familiares dos acidentados de trânsito são muito elevados e requerem muitos recursos do
sistema de saúde. Muitos desses acidentados levam anos para se recuperar e alguns ficam com sequelas
permanentes, o que chamamos de magnitude do problema. A lesões pós acidente e sequelas podemos
chamar de agravos. Podemos dizer que este evento tem relevância social e política, e merecem estudos
epidemiológicos mais detalhados.
3 Um Pouco de História
Desde o tempo de Hipócrates, médico e cientista grego, já havia algumas noções de como as doenças
podiam ser transmitidas. Muitas ideias erradas, míticas e com forte influência religiosa prevaleceram até
o século dezenove, como a Teoria dos Miasmas, que explicava a origem das doenças pela inalação dos
miasmas, odores fétidos emanados por pântanos, cadáveres e matéria em putreficação, que mesmo
errada ajudou a salvar vidas . Evitando os miasmas, ou o mau cheiro, as pessoas ficavam distantes das
fontes de infecção. A partir desta teoria que as pessoas começaram a afastar as causas de mau cheiro,
deixar os cemitérios em lugares mais retirados, proteger as águas de consumo humano, e dar destino
aos esgotos.
Em 1847, Ignaz Semmelweiss, médico obstetra enlouqueceu tentando provar aos seus colegas da
Maternidade de Viena que as infecções passavam dos cadáveres em decomposição (que eram
dissecados pelos estudantes de medicina e professores nas aulas de anatomia) para as pacientes da
maternidade pelas mãos dos médicos. Somente com Louis Pasteur Koch, décadas depois, é que ficou
demonstrada a presença destes micróbios e que Semmelwess passou a ser levado a sério, sendo
considerado hoje o “pai da antissepsia”.
No decorrer dos séculos XVII e XVIII o asseio pessoal não incluia banhos, pois eram considerados
perigosos para a saúde. No século XVIII a situação melhorou gradualmente, nessa época foram
inventados os bidês, que auxiliavam na higiene corporal. O sistema de esgotos nas cidades era precário,
sendo comum as pessoas fazerem suas necessidades fisiológicas nos quartos, dentro de potes, que
depois eram esvaziados em qualquer lugar. Um decreto real, em 1780, proibiu os habitantes de Paris a
lançar água, urina, fezes e lixo de suas janelas para as ruas. Havia recolhimento de lixo das ruas, que era
levado para fora do perímetro urbano. Os cemitérios, que ficavam ao lado de igrejas, foram sendo
desativados, sendo criados outros em lugares mais distantes. Os matadouros de animais também foram
deslocados para fora das cidades.
Ao longo do século XIX de forma gradual foram sendo observados os resultados mais importantes deste
movimento sanitário. É fácil imaginar porque epidemias como a peste e a cólera dizimaram parte da
população da europa. Há menos de 200 anos, sequer se cogitava em lavar as mãos antes de auxiliar um
parto no principal hospital de Viena, sendo que era uma das cidades mais modernas da época na
Europa. Londres, capital da Inglaterra e capital da Revolução Industrial, enfrentou duas epidemias
terríveis de cólera em 1849 e 1854, os estudos de John Snow (1813-1858) acerca destas epidemias que
lançaram as bases da moderna epidemiologia.
Snow desenvolveu um método epidemiológico sistematizado, descrevendo o comportamento da doença
através de dados, como: mortalidade, frequência e distribuição dos óbitos, cronologia dos fatos, locais
de ocorrência, entre outros dados a fim de estabelecer hipóteses causais. Snow comparou as
companhias forncedoras de água da cidade e os distritos para quem forneciam a água. Uma delas,
captava a água acima do Rio Tâmisa, antes que entrasse na cidade. A outra captava a água abaixo da
cidade, já poluída, o que nos parece um absurdo nos dias atuais, mas era comum na época, depois de
um estudo detalhado ele publicou a seguinte tabela:
A partir dos estudos de Snow, mudaram-se os locais de captação de água e a epidemia foi controlada. E
seus estudos estabeleceram as bases da epidemiologia científica. A medida que estas doenças foram
sendo controladas por antibióticos, vacinas e medidas profiláticas, e sua incidência foi recrudescendo, os
pesquisadores puderam se dedicar a outros tipos de doenças e eventos e descrevê-las utilizando
métodos epidemiológicos.
A pesquisa de Josef Goldberger foi a primeira que levou a epidemiologiapara além do campo dos
micróbios e doenças transmissíveis. Suas observações e estudos utilizando o método epidemiológico
possibilitaram a descoberta da etiologia (causa) da pelegra, uma doença da época que atormentava
marinheiros, tropas militares e populações inteiras pela falta de vitamina B3, chamada também de
Niacina, que ocorreu principalemente pela substituição do arroz integral pelo arroz branco ou polido,
que retirou deste alimento a vitamina B3.
Hoje, graças aos estudos epidemiológicos, podemos prevenir a maior parte das doenças transmissíveis,
interromper a cadeia de transmissão, prever e prevenir os principais agravos que ocorrem em pessoas
idosas e de meia idade portadoras de hipertensão, diabetes, obesidade, dislipidemias. Podemos investir
em pré natal de qualidade, sabendo quais os exames mais importantes e necessários, evitar a
mortalidade infantil, decidir em quais vacinas investir e em quais programas educativos focalizar esforços
para diminuir óbitos, adoecimento, agravamento das condições de saúde.
4 Classificação dos Tipos de Estudos Epidemiológicos
4.1 Estudos Observacionais Descritivos
Os estudos observacionais descritivos podem se subdividir em:
- Estudos caso-controle; - Estudos Transversais; - Estudos de Coorte;
 -Estudos de Coorte Históricos
4.2 Estudos Experimentais
O desenvolvimento da informática e de softwares de pesquisa favoreceu a ampliação de forma
exponencial da epidemiologia, devido a infinidade de dados catalogados e colocados à disposição dos
pesquisadores pelos bancos de dados sobre mortalidade e vigilância das doenças e agravos à saúde em
geral. Este estoque de informações permite fazer associações entre saúde e fatores protetores e doenças
e fatores de risco e direcionar estratégias de prevenção, planejamento e intervenções precisas.
5 Linhas de Aplicação do Método Epidemiológico
5.1 Epidemiologia Descritiva
É o ponto de partida para entender o comportamento de uma doença ou agravo em uma determinada
população. Trata de levantar a maior quantidade possível de dados em relação a uma situação de risco à
cida ou a saúde relativa ao objeto de uma determinada pesquisa. Nesta fase necessitarão ser reunidas
informações acerca de:
- Quem são as pessoas acometidas? - Quando a situação ocorre? - Onde ocorre?
Estas variáveis de pessoa, tempo e lugar precisam ser cuidadosamente descritas, para que se tenham
pontos de partida para análise e pesquisa.
- Descrição das Pessoas: Por exemplo, quando falamos das pessoas acometidas em acidentes com
motocicletas temos que descrevê-los cuidadosamente: idade, sexo, posição econômica e social,
escolaridade, ocupação ou profissão, estado civil etc. Esses dados serão essenciais para caracterizar a
população de risco. Qualquer variável que possa reunir estas pessoas é importante: se frequentam
serviços de saúde, se residem ou não em cidades grandes, se tinham episódios anteriores de acidentes,
se tinham ou não habilitação para dirigir, se eram ou não usuários de álcool ou SPA (Substâncias
Psicoativas - Drogas e medicamentos que afetam o funcionamento psíquico).
Vejamos algumas fontes de dados:
- SIM - Sistema de Informação sobre Mortalidades (e causas).
- Registros de Internações Hospitalares por acidentes de moto.
- Boletins de ocorrência de acidente de trânsito (casos leves, que às vezes não dão entrada em nenhum
pronto socorro).
- IML - Instituto Médico Legal, uma vez que ocorrências com morte às vezes nem passam pelos hospitais,
indo direto para este local.
- Descrição de Tempo: quando se descreve o comportamento epidemiológico de um evento, é
importante que todas as variáveis relativas ao tempo estejam anotadas. Quando acontece o acidente,
em que hora do dia, em que estação do ano, se há mais casos em dias de chuva, à noite, nos fins de
semana, se a incidência aumenta ou diminui com o passar do tempo. É importante constituir uma série
histórica, ou seja, o comportamento do evento ao longo do tempo.
- Descrição do Lugar: irá se deter na localização geográfica dos fatos: em que cidade ocorre? Qual o
tamanho dela? Como é em outros países? É mais nas rodovias ou vias urbanas? Nas capitais ou no
interior? Como o fato ocorre nas cidades pequenas e na zona rural? Os dados são reunidos, organizados
e apresentados na forma de gráficos, tabelas com taxas, médias e distribuição segundo atributos da
pessoa, do tempo e do espaço, visa descrever populações alvo.
Os estudos de epidemiologia descritiva podem se subdividir em:
- Estudos Ecológicos ou de Correlação: são feitos com populações e poucas variáveis globais, são de fácil
execução e baixo custo. Pode medir coisas como o impacto de adição ao flúor na água e a cárie de uma
população, ou a relação entre cigarros vendidos e doenças coronárias em outra população.
- Relatos de Caso ou de Série de Casos: relato detalhado de um caso ou de uma série de casos, mas em
ambas situações com um universo bem menor que o anterior. Servem para recortes mais específicos,
como comportamentos diferentes de uma doença ou mesmo uma moléstia ou evento desconhecido.
- Estudos Seccionais ou de Corte Transversal: conhecidos por estudos de prevalência e medem a
exposição de um indivíduo, em um tempo, a um efeito. São pesquisas simples, medem um curto
intervalo de tempo e partem da investigação em um indivíduo ou grupo amostral. Estes estudos são
validos para fatores de risco de doenças de evolução lenta, que não costumam ter diagnóstico fácil nas
estapas iniciais.
5.2 Estudos Analíticos
5.2.1 Estudos de Coorte
Uma coorte é uma amostragem grande de pessoas, acompanhadas em geral por pongo tempo. Podem
ser complexos e de longa duração. São os metodos para investigar surtos epidêmicos em populações
pequenas e bem delimitadas.
5.2.2 Estudos Tipo Caso Controle
São aqueles que comparam dois grupos. Em geral, os que tem a doença e os que não tem. É importante
que os grupos sejam rigorosamente iguais possível, com a excessão, de um grupo portar a doença ou
patologia ou variável estudada e outro não. Os estudos deste tipo também são observacionais, isto é,
não se realizam intervenções.
5.3 Epidemiologia Experimental
5.3.1 Estudos Analíticos - Ensaio Clínico
Ensaio Clínico é um dos estudos mais comuns em epidemiologia, é através dele que se testa a eficácia de
uma intervenção. Normalmente, divide-se o grupo pesquisado em dois. Um grupo se aplica a
intervenção, que pode ser um remédio novo, uma vacina, ou outra prática, como terapia de grupo,
sendo o Grupo de Intervenção. O outro grupo não se fará a intervenção com o agente que motiva a
pesquisa será o grupo de controle.
5.3.2 Randomização
Neste estudo, é importante garantir confiabilidade na pesquisa. Divide-se em dois grupos com
características semelhantes: idade, paridade entre os sexos, estado nutricional, nível de adoecimento ou
o comprometimento do organismo pela doença etc. É preciso garantir a homogeneidade das amostras. É
necessária a randomização para a escolha dos indivíduos que irão pertencer a um ou outro grupo. A
separação dos grupos deve obedecer critérios de randomização que garantam que os grupos tem
características semelhantes e estão em igualdade de condições para responder ou não ao
tratamento/intervenção.
5.3.3 Uso de Placebo
Se o ensaio clínico for para testar a eficácia de um medicamento, todos os envolvidos deverão tomar um
medicamento, sendo que a metade dos indivíduos pesquisados estará tomando um medicamento
totalmente inóculo, isto é um placebo: uma pílula ou medicamento com a mesma aparênica, porém sem
o princípio ativo do medicamento. Como se tomassem pílulas de farinha ou açúcar disfarçadas de
remédio. Este fato se deve à poderosa influência que a mente tem no estado de saúde das pessoas.
Pode ser chamado também de Estudo Cego, uma vez que as pessoas envolvidas não sabem o que
tomam e quem toma a substância a ser testada. O estudo chamado de Duplo Cego é quando os
pesquisadores que recolhem e tabulam os dados não sabem quem está tomando o remédio e quem está
tomando o placebo.
6 Níveis de Confiabilidade(Matemáticos) nas Estatísticas - Desvio Padrão, Qui Quadrado e
Outros
A aplicação de testes e provas são fundamentais para conferir se os resultados obtidos não estão sendo
influenciados por outros fatores e “dar uma quebra ou desconto” nos achados das pesquisas, por conta
do cálculo de incertezas que é inerente a qualquer pesquisa que usa dados estatísticos. Em toda
estatística existe uma incerteza inserida, pois está se trabalhando com um cálculo de probabilidade.
Normalmente as equipes de pesquisa contam com o apoio de um profissional da área de matemática ou
estatística.
O teste de Ki Quadrado compara proporções e as possíveis diferenças ocorridas entre a frequência de
resultados observados e os resultados esperados, serve para calcular a sigficância da diferença ou desvio
entre o resultado observado e o esperado, para isto, é utilizado fórmulas matemáticas e programas de
computador.
Epi Info é um software de domínio público criado pelo CDC (Centers Disease Control and Prevention -
Centro para o Controle e Prevenção de Doenças), é utilizado para gerenciar e analisar dados em saúde e
epidemiologia.
Desvio Padrão é outro dos testes utilizados para aumentar a confiabilidade de um dado estatístico em
epidemiologia e nas ciências estatísticas em geral. É a medida mais comum que mostra o quanto de
variação ou dispersão existe em relação ao valor esperado ou à média. Desvio Padrão Baixo, indica que
os dados estão próximos da média. Se o Desvio Padrão for Alto, os dados estão espalhados em um
leque de valores que se afasta da média esperada. Em estatísticas define-se o desvio padrão como a “raiz
quadrada da variância”.
7 Epidemiologia Crítica
A clareza matemática de se trabalhar com números não pode dar conta da complexidade do processo de
adoecimento de uma pessoa ou de uma coletividade. A visão crítica da epidemiologia , nos leva a
exergar além dos micróbios e seus respectivos remédios e vacinas , e adentramos em uma ciência
política, social e revolucionária.
8 Epidemiologia e Governabilidade
Há fortes lobbys interessados em vender seus medicamentos e produtos, interesses corporativistas, falta
de educação problematizada e de qualidade, e principalmente muita desigualdade entre negros, brancos
e pardos e ainda desigualdades de gênero. Cabe ao estado fiscalizar para que pressupostos nas formas
de trabalho, nos direitos do consumidor, nos direitos e equidade étnicos e de gênero e no manejo
ecológico seguro estejam complemplados e sejam cumpridos na vida cotidiana, facilitando a vida e o
cotidiano da população.
9 Epidemiologia dos Mínimos Possíveis
Existe uma tendência crescente em transferir as “cargas sociais” como a de saúde e educação, para a
iniciativa privada. A isto se chama a política do Estado Mínimo, forçar as desresponsabilização do
Estado. No tempo em que o Brasil tomava empréstimos do FMI - Fundo Monetário Internacional
também lhe era exigido, a título de mostrar-se apto ao recebimento daqueles empréstimos, a
diminuição e arrocho dos investimentos sociais.
10 Níveis de Confiabilidade (Éticos) nas Pesquisas e Estatísticas
Além dos testes de confiabilidade matemáticos, é importante pensar que uma pesquisa precisa ser
confiável do ponto de vista ético. É o que se observa: laboratórios de fabricantes de medicamentos
fazendo pesquisas e ensaios clínicos e distribuindo literatura para os médicos, enfermeiros,
nutricionistas, fonoaudiólogos e assim por diante.
TÓPICO II
Por que as Pessoas e as Populações Adoecem e Morrem
2 A Imoportância dos Estados de Mortalidade
2.1 Perfil Epidemiológico de uma População - O que é isto?
O Perfil epidemiológico é uma especie de retrato das condições de saúde de uma população. Precisamos
de dados de nascimento, expectativa de vida, informações sobre morbidade, quais são as doenças que
mais internam pessoas nos hospitais, quais as que mais mortes causam e quais os motivos de dias
perdidos no trabalho. As condições sociais também ajudam a delinear o perfil epidemiológico de uma
população. Se há pobreza e desemprego, baixas condições sanitárias, dificuldades no acesso aos serviços
de saúde, podemos dizer que esta população não tem um bom perfil epidemiológico.
O perfil epidemiológico pode ser construído a partir de algumas perguntas como:
- Quais as principais causas de adoecimento e mortalidade? - Quais os medicamentos mais utilizados?
- Quais as principais ocupações dos moradores? - O número de idosos é alto neste bairro?
- Qual o número de crianças e escolares? - Há poluição?
- Há boa estrutura urbana (creche, escola, praça, local para caminhar, ônibus, calçadas, coleta de lixo,
saneamento, posto de saúde)?
- Como está o índice de violência? - Que serviços as pessoas procuram quando estão doentes?
- Há muitas pessoas afastadas do trabalho? Por qual motivo? - Qual o nível econômico da população?
É baseado no perfil epidemiológico que a Equipe de Saúde de uma determinada área constrói um mapa
e planeja suas ações de saúde, principalmente as de caráter preventivo. Também é baseado nele que a
equipe de saúde organizará o atendimento por grupos, como preconizam os programas do Ministério
da Saúde, sendo necessário saber:
- Quantos idosos há no bairro? - Quantos diabéticos e hipertensos há no bairro?
- Quantas gestantes e bebês de menos de um ano? - Os bebês e crianças estão com as vacinas em dia?
- Os bebês são amamentados? - Quantas mulheres em idade produtiva?
- Quantos pacientes acamados? - Qual o peso de sua população?
- Quais as principais ocupações da população? - Quantas pessoas estão ou foram internadas?
- Há pessoas em tratamento psiquiátrico?
Os dados acima devem ser repassados mensalmente pelos gestores setoriais e municipais para o Estado,
que repassará ao Ministério da Saúde, compondo o SIAB - Sistema de Informações Sobre Atenção
Básica. O repasse dos recursos financeiros do nível federal ao município vai depender da alimentação
deste sistema, cujos dados são coletados em casa, em grande parte pelos Agentes Comunitários de
Saúde. Até mesmo, os serviços de saúde privados, estão regidos pelas leis de mercado de oferta e de
procura, se baseiam neste perfil para oferecer seus serviços.
3 Bases de Dados e Indicadores Disponíveis
Saber como as pessoas vivem, trabalham, quais as condições de vida, qual a estrutura urbana que
dispõem, é uma parte fundamental na construção do perfil epidemiológico.
Para construir o perfil epidemiológico e estudar as condições de saúde de uma população, podemos (e
precisamos) lançar mão das bases de dados disponíveis nos principais sistemas de notificação. Estes
bancos de dados são de base populacional, quer dizer que se propõem a abranger todos os eventos
daquela natureza existentes na população nacional, como:
* SIM - Sistema de Informações sobre Mortalidade;
* SINASC - Sistema Nacional sobre Nascidos Vivos;
* SINAN - Sistema de Informações de Agravos sob Notificação;
* SIH - SUS - Sistema de Registros das Internações Hospitalares do SUS;
* SIA - SUS - Sistema de Registro de Informações Ambulatoriais;
Outros sistemas também podem ser consultados, embora a sua abrangência não seja tão grande como a
dos sistemas listados acima:
* CIH - Comunicação de Internações Hospitalares (geral, mesmo sem vínculo com o SUS);
* API - Sistema de Informações de Avaliação do Programa de Imunização;
* SISAEDES - Sistema de Informação das Atividades de Vigilância e Controle de Aedes aegypti;
* SISVAN - Sistema de Informações e Vigilância de Agravos Nutricionais (mede obesidade e condições
nutricionais com enfoque especial em gestantes e em crianças);
* SISPRENATAL - Sistema de Informações do Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento;
* SIAB - Sistema de Informação sobre Atenção Básica (cadastro e acompanhamento da atenção no
Programa Saúde da Família);
* SISCAM - Sistema de Informações do Câncer da Mulher;
* HIPERDIA - Sistema de Cadastramento e Acompanhamento dos Hipertensos e Diabéticos;
Uma população de baixa renda, que tem acesso a bons serviços de saúdee boa estrutura urbana, muitas
vezes tem melhores indicadores epidemiológicos do que uma população de boa renda, que não tem
acesso a bons serviços de saúde, carece de estrutura urbana, se alimenta de forma incorreta, tem altos
índices de obesidade e assim por diante.
4 Um Paradoxo: Para Medir a Saúde Precisamos Medir a Morte e a Doença
Para cuidar da saúde de um grupo de pessoas precisamos saber: o que mais as ameaça de morte e
adoecimento? É com foco neste risco que se faz a prevenção.
Exemplos:
No pré-natal: qual a primeira coisa que se faz numa consulta de gestantes? Aferir à PA e também o peso
da gestante. Por que? Pois, através dos estudos epidemiológicos será analisado a maior causa de mortes
e complicações obstétricas relacionadas à hipertensão na gravidez. O risco de complicações
relacionadas à hipetensão é maior em mulheres que:
- Nulíparas: primeira gestação. - Mulheres com complicações hipertensivas na gestação anterior.
- Mulheres já hipertensas há mais de 4 anos. - Gestação Múltipla: mais de um feto;
A obrigatoriedade do uso do cinto de segurança diminui as mortes no trânsito, o que já foi comprovado
há anos pelas estatísticas.
A taxa de mortes e hospitalização por diabetes sinalizam um problema crônico que aumenta a cada
ano, devido o envelhecimento da população, o aumento da expectativa de vida, aumenta o número de
portadores da doença. Estudos epidemiológicos dos óbitos, internações e complicações decorrentes do
diabetes sinalizam a importância de realizar intervenções simples, como: verificar a glicemia, exercício
físico, controle da dieta, uso de insulina e/ou medicamentos quando necessário. Estas medidas
prolongam a vida dos portadores de diabetes, evita óbitos e complicações graves como cegueira,
insuficiência renal, amputações e cegueira causada pela retinopatia diabética.
5 A Importância dos Registros de Óbitos e o SIM - Sistema de Informações sobre Mortalidade
As declarações de óbitos devem ser preenchidas cuidadosamente por médicos, explicando a causa do
óbito, pois é pela notificação do óbito que é feito o levantamento mais importante da epidemiologia, o
registro de mortalidade por causas.
SIM - Sistema de Informações sobre Mortalidade, foi fundado em 1975 pelo Ministério da Saúde, foi
um passo fundamental para construir um sistema de Vigilância Epidemiológica. A declaração de óbito
deve seguir critérios precisos e detalhados no Manual do SIM, o médico deve atestar o óbito utilizando o
CID 10 - Classificação Internacional de Doenças, além de atestar as condições preexistentes e todos os
diagnósticos de doenças que possam ter contribuído para o óbito. Esta precaução é para que não
ocorram falsas causas de morte. É impresso e distribuído para as secretarias estaduais de saúde, pelo
Cenepi - Centro Nacional de Epidemiologia do Ministério da Saúde em três vias numeradas do
documento de DO - Declaração de Óbito e as secretarias repassarão às secretarias municipais, que
distribuirão para as unidades notificadoras (do óbito). Os registros de mortalidade por causas, compõem
a Base Nacional dos Dados de Mortalidade.
6 Morbidade e Mortalidade
A análise de registros de morbidade, indicam as situações que afastam as pessoas do trabalho e
provocam atendimentos nas unidades de saúde e hospitais. São as doenças de Notificação Compulsória
como HIV, síffilis e hepatite, além de alguns tipos de câncer também serem notificados.
Mortimorbilidade, indica todas as etapas do processo de uma doença que pode ser mortal.
8 Quando a Qualidade nos Registros “Piora” o Perfil Epidemiológico
À medida que aumenta a qualidade dos registros, a notificação passa a ser mais eficaz, e melhora o
conhecimento das doenças e os registros aumentam em números. Um leitor desavisado em estatísticas,
ve um aumento na incidência de determinado doença, sendo que geralmente este fato não é verdade o
que aumentou não foi a estatística, mas a eficiência do diagnóstico e da notificação.
TÓPICO III
Conceitos de Epidemiologia e sua Aplicação
2 Indicadores Epidemiológicos
Em 1952 a ONU - Organização das Nações Unidas, convocou um grupo de trabalho e os encarregou de
determinar o que seria indicadores de saúde ou maneiras confiáveis de avaliar os coletivos humanos. Em
1957, dada a dificuldade de encontrar uma medida que indicasse o que seria saúde, a ONU, por meio do
informe técnico nº 137, passou a recomendar que se usassem os dados dos óbitos para avaliar a
quantidade/qualidade de saúde das coletividades, ou seja, as taxas de mortalidade passaram a ser o
mais importante indicador epidemiológico. A OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde, juntamente
com a Ripsa - Rede Interagencial de Informações para a Saúde, lançou uma publicação completa sobre
indicadores de saúde, que logo nas primeiras páginas traz uma definição sobre indicadores de saúde:
em termos gerais contém informação relevante sobre determiados atributos e
dimensões do estado de saúde, bem como o desempenho do sistema de saúde. Vistos
em conjunto, devem refletir a situação sanitária de uma população e servir para a
vigilância das condições de saúde. A construção de um indicador e um processo cuja
complexidade pode variar desde a simples contagem direta de casos de determinada
doença, até o cálculo de proporções, razões, taxas e índices mais sofisticados, como a
esperança de vida ao nascer.
3 Taxas de Mortalidade
As taxas de mortalidade são muito importantes para o planejamento epidemiológico, elas vão indicar o
que mata pessoas jovens, o que mata os idosos, quais as doenças crônicas que mais matam e em que
idade.
3.1 Taxa de Mortalidade
Para calcular a taxa de mortalidade geral de uma população no período de um ano, precisamos saber a
população residente naquela área que será medida e dividir por este número a quantidade de óbitos
ocorridos naquele mesmo período:
Número de óbitos do ano
 População residente naquele ano
Depois de ter a ideia se esta mortalidade está dentro do esperado para aquela região e condições de
vida, calcula-se o número por 100.000 habitantes. Isto dará uma ideia se esta população está bem ou
não.
3.2 Taxa de Mortalidade por Causas
Conforme o Guia Ripsa, mais de 60% dos óbitos informados no país em 2004 foram devido a três grupos
de causas:
- Doenças do Aparelho Circulatório (31,8%); - Causas Externas (14,2%) - Neoplasias (13,4%);
Entre os anos de 1996 e 2004 as causas circulatórias sempre ocuparam o primeiro lugar. Já as causas
externas (violência, acidentes e suicídio) ocuparam o segundo lugar nas regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste, e as neoplasias estavam em segundo lugar nas regiões Sul e Sudeste. As doenças
infecciosas e parasitárias, as causas externas e as afecções originadas no período perinatal diminuiram
sua participação em todas as regiões.
3.3 Taxa de Mortalidade Infantil
A taxa de mortalidade infantil está entre os indicadores mais sensíveis da governabilidade de um país.
Essa taxa é medida dividindo-se o número de óbitos antes de completar um ano pelo número total de
crianças nascidas vivas naquele ano. Esta taxa é calibrada para a contagem de 1000 habitantes, uma vez
que a mortalidadde neste período é bastante alta. No Brasil a taxa de mortalidade infantil era 22,6 para
cada mil crianças nascidas vivas, sendo que o menor índice ficou para a região Sudeste, com a taxa de
14,9/1000, e a maior na região Norte com 25,5/1000, dados estes de 2004.
Epidemia: é a ocorrência da doença em um grande número de pessoas ao mesmo tempo, é percebida
empiricamente pela população, como ocorreu com as pestes (Negra e Bubônica) na Europa na Idade
Média. Há outras epidemias que passam despercebidas, como a obesidade infantil e obesidade em
geral. O SISVAN - Sistema Nacional de Vigilância em Alimentação e Nutrição está tentando monitorar
esta situação, mas faltam registros mais abrangentes. O surto epidêmico define-se como a ocorrência da
doença da doença em uma região delimitada, como um bairro, prédio ou creche.
Pandemia é uma ocorrência epidêmica de larga distribuição espacial,atingindo várias nações como o
Coronavírus e a H1N1.
Endemia é a ocorrência coletiva habitual de uma doença que de tempos em tempos aparece na mesma
população, como a Malária na região Norte do Brasil.
4 As Variáveis dos Indicadores e Estatísticas
4.1 Temporalidade e Sazonalidade
É muito importante estabelecer registros temporais, ou seja, um registro cronológico de indivíduos
atingidos e dos óbitos causados pela doença, por exemplo, quando observamos fenômenos como
doenças trasmissíveis ou de grande alcance populacional, como ocorreu no passado com doenças
causadas por deficiência de vitaminas. Por meio de anotações das ocorrências podemos observar se a
doença aparece sazonalmente, isto é, se sua ocorrência está ligada a determinada estação do ano. As
doenças ainda podem aparecer de forma cíclica, como o sarampo antes das campanhas de vacinação.
- A linha vermelha indica a incidência de casos de sarampo por 100.000 habitantes. Onde estão as
miniaturas de tesouras está o recorte cíclico que indica períodos onde a doença aumenta ou diminui, ou
ainda, estaciona, como aparece entre os anos de 1973 e 1974.
- As coberturas de vacinação de bebês estão representadas pela linha azul, as campanhas isoladas e
restritas aos centros urbanos iniciaram em 1974 e mesmo assim a doença continuou a se manifestar.
Somente em 1992, onde foram vacinadas 48 milhões de crianças entre 9 meses e 14 anos, o sarampo
apresentou uma queda radical. Desde o ano 2000 considera-se que não existem mais casos autóctones
da doença.
Acompanhando a série histórica da ocorrência das doenças, podemos estabelecer uma tendência, isto é,
verificar se esta doença permanece estável, se tende a ser erradicada (como o caso do sarampo), se
tende a aumentar. Este trabalho é feito acompanhando o problema ao longo de muito tempo e
construíndo gráficos para demonstrar a evolução de casos, novos casos e óbitos.
4.2 Variáveis Relacionadas ao Espaço - Geográficas, Políticas e Administrativas
Variáveis Geopolíticas de Espaço: são variáveis que organizam o espaço de alguma forma, zona urbana,
rural, países da América Latina, estados etc. Do ponto de vista político administrativo do Brasil, podemos
separar por municípios e estados, para fins práticos no trabalho em saúde pública, estes dados
geográficos são agrupados em distritos sanitários e de acordo com o perfil epidemiológico daquela
região. Nos estudos epidemiológicos, precisamos nos ater a fatores climáticos, ambientais e
populacionais. Fatores Populacionais referem-se a como uma população esta distribuída, se tem
identidade coletiva, se é fechada a insufiências externas, se há migrantes ou imigrantes, enfim, tudo o
que está socialmente organizado (ou desorganizado).
4.3 Variáveis dos Indivíduos: Idade, Sexo e Raça
Para construir o perfil de uma população com variáveis de idade, sexo e raça, desenha-se o que é
chamado de Pirâmide Populacional, assim, poderá ser observado o conjunto da população: se há mais
idosos ou jovens, se há muitos nascimentos, se há mais brancos ou negros e pardos, se há homens ou
mulheres. Pirâmides de países pobres costumam ter o desenho diferenciado de países ricos.
5 Evento Sentinela - O que vem a ser isto?
Evento Sentinela são acontecimentos a princípio isolados, mas que servem de alarme para a possível
ocorrência de eventos semelhantes em um mesmo contexto. São estes eventos que requerem uma
investigação mais detalhada, pois se teve ocorrência de um caso, poderá existir circunstâncias
semelhantes que levem outros casos a aparecer. Também se presta à investigação em áreas onde não
existam sistema de saúde bem estruturado e laboratórios à disposição para confirmar se determinadas
manifestações clínicas e sintomas pertencem àquela doença específica que todos tem medo, pelo risco
de se espalhar, ou sua letalidade ou a sua magnitude, como o Coronavírus.
Área de Risco coloca todo o sistema de saúde em alerta, pois pode ser um caso desta doença, o
coronavírus aparece bastante nos jornais, mas já existia antes, sendo considerada uma doença com
surtos autolimitados. Começa a desaparecer depois de alguns casos. O comportamento epidemiológico
do coronavírus mudou e virou uma epidemia, que se tornou uma pandemia, pois os cuidados sanitários
internacionais não foram realizados e não há tratamento adequado para doentes e populações expostas
ao risco.
UNIDADE II
Demografia, Saúde e Governabilidade
TÓPICO I
2 Bancos de Dados Disponíveis e Sistemas de Dados Disponíveis para Consulta On-Line
2.1 O IBGE
O IBGE é um órgão governamental, com cerca de dez mil funcionários com sede no Rio de Janeiro, foi
fundado em 1936 está ligado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Tem como missão a
produção, análise, pesquisa, disseminação de informações de natureza estatística - demográfica,
socioeconômica e científica, além de informações geográficas, cartográficas, geodésicas e ambientais. As
informações e pesquisas do IBGE são fundamentais para entender a saúde e a doença no país, e são
consultadas pelos epidemiologistas. Muitos dos dados utilizados para o planejamento em saúde, e seu
planejamento orçamentário, são subsidiados pelas pesquisas desta instituição.
2.2 O DATASUS
O DATASUS - Departamento de Informática do SUS, é o órgão incumbido de sistematizar, consolidar e
veicular a informação produzida coletivamente na Rede de Atenção à Saúde, mediante a transferência
eletrônica de dados. O DATASUS também se serve dos dados do IBGE, assim como outras publicações na
área da saúde pública e gestão em saúde.
2.3 OPAS e a RIPSA
O RIPSA foi formalizado em 1996 pela portaria ministerial e por acordo de cooperação com a OPAS -
Organização Pan-Americana de Saúde, tem como propósito promover a disponibilidade adequada e
oportuna de dados básicos, indicadores e análises sobre condições de saúde e suas tendências, visando
aperfeiçoar a capacidade de formulação, gestão e avaliação de políticas e ações públicas pertinentes.
2.4 Os Indicadores de RIPSA
- Indicadores Demográficos; - Indicadores Socioeconômicos; - Indicadores de Mortalidade;
- Indicadores de Morbidade; - Indicadores de Recursos; - Indicadores de Cobertura;
- Indicadores de Fatores de Risco e Proteção;
Cada um destes indicadores, se desdobra em outros, dentro da mesma categoria: os indicadores
demográficos vão nos trazer informações importantes acerca da idade média da população, fertilidade,
natalidade, quantidade de idosos ou pessoas socioeconomicamente ativas e inativas (crianças e idosos).
Os indicadores demográficos podem se subdividir em:
- População Total; - Razão de Sexos; - Grau de Urbanização; - Razão de Dependência;
- Taxa de Crescimento da População; - Proporção de Menores de Cinco Anos de Idade;
- Proporção de Idosos; - Índice de Envelhecimento; - Taxa de Fecundidade Total;
- Taxa Bruta de Natalidade; - Taxa Bruta de Mortalidade; - Esperança de Vida ao Nascer;
- Mortalidade Proporcional por Idade; - Esperança de Vida aos 60 anos de idade;
- Mortalidade Proporcional por Idade em Menores de um ano de idade;
3 Envelhecimento Populacional e Saúde - Brasil e Mundo
A população geral do Brasil envelheceu pelo aumento da expectativa de vida ao nascer: a esperança
média de vida no país é de 76,2 anos em geral. No ano 2000 era de 69,8 anos. Isto significa que o
número de idosos aumentou.
3.1 Esperança de Vida ao Nascer e aos 60 Anos de Idade
O aumento da expectativa de vida implica em ampliar a logística de atendimento para os problemas
crônicos de saúde, que são mais incidentes na população idosa, como Hipertensão e Diabetes e as
unidades de saúde pública trabalham com programas específicos para atender essa faixa etária. A
estatística mostra também que as mulheres vivem mais que os homens, a expectativa de vida para elas é
de 78,2 anos de vida, contra 70,9 anos de vida para os homens.
3.2 Esperança de Vida aos 60 Anos de Idade
A esperança média de vida para quem atinge os 60 anos no Brasil, em 2005 era de viver mais 20,2 anos,
sete anos depois a esperança de vidaestá em 21,6 anos vividos, ou seja, em sete anos os idosos
ganharam em média 1,4 anos de vida. Quem chega vivo aos 60 anos no Brasil terá a esperança de viver
até os 81,6 anos em média, ao passo que a expectativa de vida para a população geral é de 74,5 anos de
vida. Isto quer dizer que a população como um todo envelhece, uma vez que os idosos permanecem
vivos por mais tempo e as taxas de fecundidade por mulher vem concomitantemente caindo. Em 1991 o
número de filhos por mulheres era de 2,73, ao passo que em 2011 ezte número havia caído para 1,78.
4 Sustentabilidade do Sistema e Razão de Dependência
Os cálculos de quantos idosos, quantas crianças, e a expectativa de vida dos idosos, nos remete as
questões de sustentabilidade financeira: as crianças e adolescentes ainda não são economicamente
produtivos, e os idosos, em sua maioria, dependem do sistema previdenciário o qual contribuíram
quando trabalhadores. Os trabalhadores em atividade são os que sustentam o sistema previdenciário.
4.1 Razão de Dependência
Mede a participação relativa do contingente populacional inativo que deveria ser sustentada pela
parcela da população potencialmente produtiva. A razão de dependência no ano de 2012 era de 53,5.
Na prática, quer dizer que está é a razão de pessoas mantidas economicamento pelo total de adultos
produtivos. Ou seja, num grupo de 100 pessoas, 53,5% são dependentes economicamente e 46,5%
estão em atividade no mercado de trabalho. Com base nestas fontes, podemos observar que no ano de
2012 os idosos com mais de 60 anos eram 10,8% da população. Em termos populacionais em uma
cidade com 100.000 habitantes, significa que nos dias atuais ela teria uma população de 10.800 idosos,
ou 3.500 idosos a mais do que teria há 24 anos.
5.1 Um Painel da População Brasileira
Afora o envelhecimento populacional devido ao aumento da expectativa de vida e da redução da
natalidade, o Brasil experimenta, nos últimos anos, melhora dos indicadores de saúde e de
desenvolvimento. Hoje no Brasil, morre-se mais por neoplasias ou câncer, doenças circulatórias
(cardíacas e cerebrais) e pelas causas externas (acidentes e violência). Causas circulatórias repondem
pela primeira causa de óbitos e as outras duas (câncer e causas externas), alternam-se como segunda e
terceira causa mortis nas diversas regiões do Brasil.
5.2 Os Fatores de Risco da População Brasileira
Boa parte da população adulta encontra-se exposta a fatores de risco, como: fumo (17% a 25%), abuso
do álcool (7% a 12%), inatividade física (28,2% a 43,7%) e obesidade (8,7 a 12,9%), estes dados foram
obtidos através de uma pesquisa realiza nas principais capitais brasileiras. As taxas de sobrepeso
variavam de 26% a 27% nos indivíduos adultos entrevistados nas maiores capitais brasileiras. Reduzir os
fatores de risco é um dos desafios para os gestores dos serviços de saúde públicos e privados.
5.3 As Necessidades de Prevenção - Novas Estratégias para o Fazer Saúde
A necessidade de prevenção sinaliza para novas estratégias de marketing, tais como ofertar descontos
aos usuários que praticam atividade física regular, realizam consultas e exames preventivos, não fumam
e mantem seu peso nos níveis considerados seguros. Em algumas capitais e grandes cidades brasileiras é
possível ver empresas de convênio promovendo práticas esportivas. Está é uma estratégia que, além do
marketing, gera economia a estes prestadores - além de melhorar a qualidade de vida dos segurados. O
mesmo tipo de investimento aparece na forma de grupos de tratamento de tabagismo, abuso do álcool,
controle da aniedade e da obesidade. Embora existam no sistema público desde o começo do SUS ,
nunca foram exclusivos dos serviçso públicos de saúde.
O sistema público de saúde trabalha com metas de controle de qualidade que premiam servidores ou
unidades, de acordo com critérios contemplados, atualmente chamados de PMAQ - Programa Nacional
de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica. A formação dos grupos terapêuticos e/ou
preventivos é uma das metas a alcançar como padrão de qualidade.
5.3.1 A Prevenção das Causas Externas - Acidentes e Violência
A prevenção da violência é um desafio, já que em algumas regiões do país, chega a ser a segunda causa
de mortalidade. Essa prevenção inclui a prevenção da violência doméstica praticada contra idosos,
mulheres e crianças, o que aumenta a estatística de óbitos por violências.
O país além de enfrentar condições de saúde inadequadas, tem que lidar também com o estresse da via
contemporânea, os déficits educacionais e as desigualdades e inequidades sociais e econômicas, estes
fatores elevam o risco de óbitos por causas externas, como: acidentes, suicídios e violências. A violência
urbana, agrava a ocorrência de transtornos de ansiedade e depressão.
6 Determinação Social da Doença - A Epidemiologia é um Fenômeno Social
A epidemiologia pode ser pensada como um fenômeno social, uma vez que estuda a evolução de uma
doença, seu agente causador, sua cura com medicamentos e tratamentos e a prevenção, através de
vacinas e estes processos podem criar uma armadilha ao pensamento científico, que não permita ver
além do tripé, conhecido como Tríade ecológica, e reúne:
- Agente Ecológico (o micróbio); - Hospedeiro (o doente); - Meio Ambiente;
Esta tríade deixa de fora a dimensão social do problema.
6.1 Desigualdades Sociais
De acordo com as medições da OMS - Organização Mundial de Saúde, nos países ricos se vive mais, com
excessão de Cuba, onde a população é muito pobre em renda per capita.
Na Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde que ocorreu na cidade de Alma Ata,
no Casaquistão, em 1978, foi desenvolvida a declaração:
Os governos tem pela saúde de seus povos uma responsabilidade que só pode ser
realizada mediante adequadas medidas sanitárias e sociais. Uma das principais metas
sociais dos governos, das organizações internacionais e de toda a comunidade mundial
na próxima década deve ser a de que todos os povos do mundo, até o ano 2000,
atinjam um nível de saúde que lhes permita levar uma vida social e economicamente
produtiva. Os cuidados primpários de saúde constituem a chave para que essa meta
seja atingida, como parte do desenvolvimento, no espírito da justiça social.
Esta declaração tem sido considerado o primeiro documento internacional sobre os cuidados primários
de saúde do mundo. As organizações internacionais de saúde consideram como um documento atual e
norteador das políticas públicas em saúde. A Declaração de Alma Ata foi também um dos documentos
que norteou a construção do SUS, durante o movimento que ficou conhecido como a Reforma Sanitária
Brasileira.
6.2 Epidemiologia e Sociedade - Um Compromisso Político
Se os epidemiologistas não se detiverem nas causas sociais, há o risco de se esvaziar os debates sociais e
econômicos. No entanto, sabemos que a doença está ligada também à inserção do indivíduo na escala
produtiva, suas condições de trabalho e exploração, e a maneira como vive. Não é raro que um grupo de
uma empresa X esteja sempre endividado, embora seus salários sejam bons, uma vez que, são
incentivados à consumir cada vez mais bens e mercadorias. Fato que tem aumentado as horas de
trabalho, a “terceirização” dos cuidados com as crianças, acumulação de lucros bancários e a diminuição
da qualidade de vida em geral.
TÓPICO II
Dinâmica Populacional e Situação de Saúde no Brasil
2 A Tripla Carga de Problemas de Saúde
A situação epidemiológica do país é muito singular e define-se por alguns atributos fundamentais: a
superposição de etapas, como a persistência concomitante de doenças infecciosas e carências e das
doenças crônicas; as contra-transições, movimentos de ressurgimento de doenças que se acreditavam
superadas; as doenças reemergentes como a dengue e febre amarela e transição prolongada, a falta de
resolução da transição num sentido definitivo; a polarização epidemiológica, representada pela
agudização das desigualdades sociais em matéria de saúde; e o surgimento de novas doenças, as
doenças emergentes,essa complexa situação é conhecida como a Tripla Carga de Doenças, pois envolve,
ao mesmo tempo uma agenda não concluída de infecções, desnutrição e problemas de saúde
reprodutiva; o desafio das doenças crônicas e de seus fatores de risco, como o tabagismo, sobrepeso,
inatividade física, uso excessivo de álcool e outras drogas, alimentação inadequada entre outros, e o
forte crescimento de causas externas.
3 O que são Condições Crônicas?
São condições de saúde de curso longo ou permanente, que exigem respostas e ações contínuas,
proativas e integradas do sistema de atenção à saúde, dos profissionais de saúde e dos usuários, para o
seu controle efetivo, eficiente e com qualidade, como as vacinas, os serviços odontológicos, grupos de
terapia e as visitas domiciliares. Como o atendimento de idosos e das gestantes e bebês nos primeiros
anos de vida, são situações que trazem amíude os usuários às unidades de atendimento em saúde.
4 Doenças Emergentes
São doenças como o HIV/AIDS e o uso excessivo de álcool e drogas, que irá inscrever o usuário/portador
dos serviços de saúde em uma rede de cuidado contínuo. O portador de HIV+ deverá tomar
medicamentos, participar de grupos de apoio e monitorar a sua carga viral, pelo resto da vida, o que
configura também uma condição crônica. Distúrbios mentais, da ordem de sofrimento psíquico,
agravam-se em incidência e prevalência, desde a forma mais grave como a esquizofrenia e os
transtornos psicóticos, até as mais moderadas, como os transtornos de ansiedade e depressivos, o abuso
de álcool e outras drogas.
5 A Magnitude das Condições Crônicas
As condições crônicas não transmissíveis constituem o problema de saúde de maior magnitude. A
Portaria nº 483, de 1º de abril de 2014, redefine a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e estabelece diretrizes para a organização das suas
linhas de cuidado.
A Lei Orgânica se ajusta a dinâmica de saúde da população, ao crescimento do sistema, a transição
demográfica, as mudanças de perfil epidemiológico, para que o sistema funcione melhor. A cada quatro
anos os prestadores de serviços de saúde (clínicas, hospitais e laboratórios) e todos os setores e
categorias de profissionais públicos se organizam para a prestação de contas, sugerir melhorias,
mobilizações na Conferência Nacional de Saúde.
6 Vivendo com Qualidade Apesar da Doença ou Condição Crônica
Sem mudanças no estilo de vida não é possível enfrentar com eficiência problemas crônicos de saúde.
Diminuir os fatores de risco é a chave para enfrentar as complexas condições que o cenário
epidemiológico nos mostra e investir na prevenção.
TÓPICO III
Um Painel das Condições Crônicas e a Prevenção de Riscos
2 Principais Fatores de Risco a Evitar com Mudança no Comportamento
2.1 Tabagismo
Programas bem sucedidos de combate ao hábito de fumar implantados no Brasil reduziram o hábito de
fumar de 34,8% em 1989 para 17,2% em 2009, mas ainda cerca de 13,6% dos óbitos de adultos nas
capitais, estão ligadas ao tabaco. A diminuição do hábito de fumar fez o Brasil ser um dos signatários na
Convenção Quadro Internacional para o controle do tabaco e trabalhou afinco para regular e diminuir a
propaganda de cigarros.
O Ministério da Saúde em parceria com o INCA - Intituto Nacional do Câncer, realizou um programa
abrangente de treinamentos para instrumentalizar os profissionais de atenção básica à realizar Grupos
de Tratemento do Fumante - que se tornaram experiências bem sucedidas - e podem ser encontradas na
Rede Municipal de Saúde de muitos municípios brasileiros. Junto com os treinamentos houve ampla
distribuição de insumos, como adesivos e gomas de nicotina e medicamentos para abstinência do
cigarro, como a Bupropiona. Um investimento em grupos de tratamento do fumente tanto na rede
privada ou pública, diminui os riscos de óbitos, câncer e adoecimento, além de proporcionar uma
economia no mercado futuro da saúde. Um doente com asma crônica, enfisema pulmonar ou câncer
custa muito caro tanto para o sistema público quanto privado de saúde - além de todo o sofrimento para
o doente e familiares.
2.2 Alimentação Inadequada
Alimentar-se de forma inadequada pode ser um risco para a saúde que frequenta todas as casas. O baixo
consumo de frutas e hortaliças é fator de aumento para doenças, inclusive câncer de intestino,
obesidade e obstrução de coronárias. Indústrias alimentícias colocam no mercado produtos de
qualidade nutricional duvidosa. O Acréscimo de níveis de açúcar, gordura saturada, sal, aditivos e
preservantes químicos tem aumentado o risco de consumo destes alimentos. O consumo de
refrigerantes e bebidas de frutas “naturais” altamente açucaradas aumenta o perfil da obesidade de
adultos e crianças, aumenta também o risco de desnutrição e anemia.
2.4 Obesidade
A obesidade está e não está relacionada com a alimentação. Muitos obesos tem anemia e doenças
carenciais. E muitos magros tem altos índices de coleterol, avitaminoses e outras doenças ligadas à
alimentação de má qualidade. O risco de óbito cresce com o aumento de peso, especialmente na faixa
etária de 30 a 64 anos, a incidência de doenças cardiovasculares é maior em pessoas com sobrepeso; a
prevalência de hipertensão é duas vezes maior em indivíduos obesos; a obesidade é associada com a
elevação de triglicerídeos e diminuição do colesterol HDL; um ganho de peso de cinco a oito quilos
duplica a chance de ter diabetes tipo 2; a obesidade está associada com o câncer de colo, endométrio,
próstata, rins e mama; a apneia do sono é mais comum em obesos; a obesidade está associada com a
prevalência de asma; cada quilo ganho de peso aumenta a chance de ter artrite em 9% a 13%.
2.5 Sedentarismo e Atividade Física
Apenas 30,8% dos brasileiros que vivem nas capitais realizam alguma atividade física, seja no tempo livre
ou no deslocamento diário. A mudança de comportamento evita riscos e mortes, gera bem-estar,
fortalecimento imunológico, redução dos níveis de depressão, diabetes, hipertensão, obesidade,
dificuldades intestinais e circulatórias, aumento da resistência imunológicas, cardiorrespiratória e uma
infinidade de benefícios. Até mesmo pessoas com depressão acentuada, câncer e outras moléstias
graves se beneficiam intensamente da atividade física.
A OMS - Organização Mundial de Saúde, em conjunto com a Federação Internacional de Medicina e
Esportes, propõe que se faça ao menos 30 minutos de atividade fícia todos os dias, como: caminhadas
para o trabalho, atividades domésticas como lavar janelas e varrer e algum exercício físico propriamente
dito, estes períodos devem ser divididos em três períodos de 10 minutos.
2.6 Alcoolismo - Mais um Grave Fator de Risco
O consumo de álcool é responsável por 3,2% a 4% dos óbitos ocorridos no mundo, de acordo com a
OMS, o consumo moderado de álcool pode ser considerado saudável (uma dose por dia para mulheres e
duas doses diárias para homens), acima destes níveis de consumo é considerado fator de risco
associado à várias doenças digestivas como: pancreatite, gastrite, úlcera gástrica, cânceres do aparelho
digestivo, cirrose hepática e altera o comportamento, que engrossam as estatísticas de morte e
adoecimento por causas externas - as violências. O consumo tem aumentado entre os mais jovens.
O álcool é uma droga legal, largamente aceita nos meios sociais. No sul do país, no Vale do Itajaí, há
festas temáticas ao consumo de cerveja e chope. O mesmo ocorre na festa do vinho.
3 Desafios Relativos ao Nascimento
Os nacimentos mobilizam aquilo que um país tem de melhor a oferecer à sua população. Preparar o
mundo para aqueles que chegam é um sinal de civilização, desenvolvimento e governabilidade.
3.1 Mortalidade Materna, Mortalidade Infantil e Seus Desafios
O Brasil reduziu significamente seus riscos referentes à mortalidade infantil, doenças como a desnutrição
e as chamadas imunopreviníveis - evitadas por vacinas - diminuíram significamente. A saúde das
gestantes apresenta melhores índices. As ações de assistência atodas as fases do ciclo reprodutivo, com
profissionais preparados, estudo detalhado dos óbitos e eventos adversos como os comitês de
investigação dos óbitos maternos e infantis, devem ser qualificados.
3.2 Políticas de Saúde da Mulher e Gênero
O exercício de uma sexualidade saudável e sem riscos, onde a mulher é protagonista de suas escolhas, se
tem vista quando se fala em políticas de saúde para as mulheres. As mulheres sofrem com violência e
discriminação, salários menores e sobrecarga na vida doméstica e reprodutiva.
3.3 Aborto - Uma Triste Estatística
A legislação brasileira proíbe a indução do aborto, exceto quando a gravidez resulta de estupro ou põe a
vida em risco. Um número elevado de abortos sinaliza educação de má qualidade, mulheres sem acesso
ao exercício de uma vida sexual segura e histórias de sofrimento e desespero. Abortos inseguros são a
grande causa de mortalidade: em 2008, 215.000 hospitalizações do SUS, das quais somente 3.230
estavam associadas a abortos legais.
3.4 Segurança Alimentar para Gestantes e Lactantes
3.4.1 Aleitamento Materno
A OMS - Organização Mundial de Saúde recomenda o aleitamento materno exclusivo nos primeiros sete
meses de vida - e complementado com outros alimentos até os dois anos de idade ou mais. A
amamentação e o início da alimentação do bebê também estão ameados pelas práticas da indústria.
Vejamos as informações do Inquérito Nutricional do Ministério da Saúde sobre a duração mediana da
amamentação:
- 1974/1975 - 2,5 meses - 1990 - 5,5 meses - 1996 - 7 meses - 2006 - 14 meses
Já a prevalência da amamentação exclusiva em memnores de quatro meses saltou de 3,6% em 1986
para 48,1% em 2007.
O PNIAM - Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno, lançado em 1981, treinou agentes
de saúde, estabeleceu um diálogo com os meios de comunicação, com pessoas responsáveis por
elaborar Políticas de Saúde e com as organizações da sociedade civil, como: IBFAN (International Baby
Food Action Network) e grupos de mães. A duranção da licença maternidade foi estendida de dois meses
para quatro meses em 1998 e posteiormente para seis meses em 2006. O Código Internacional de
Comercialização de Substitutos do Leite Materno foi implementado com muito rigor desde 1998. O Brasil
tem a maior rede de Hospitais Amigos da Criança, com mais de 300 maternidades credenciadas e mais
de 200 bancos de leite humano. Tais iniciativas, colaboraram para que a mediana duração do
aleitamento no país tenha se multiplicado por quatro nas últimas três décadas.
4 Outras Questões do Panorama Epidemiológico Brasileiro
4.1 As Neoplasias
O primeiro sistema populacional de registro de câncer foi friado no Recife em 1960. Desde então, apenas
17 cidades brasileiras contribuem com registros detalhados de dados do câncer. O SIM - Sistema de
Informações sobre Mortalidade mostra que os óbitos por câncer é o segundo ou terceiro no ranking das
estatísticas. O Brasil está alinhado a países de baixo nível socioeconômico, como a taxa de sobrevida
após o diagnóstico de câncer. A taxa de sobrevivência para pacientes com câncer de mama, próstata e
pulmão em duas cidades foram inferiores à países de alta renda, isto sugere, dificuldades ou
desigualdades de acesso a procedimentos de diagnósticos e tratamento no Brasil ao longo da década de
1990. Esse achado mostra que a sobrevida de um câncer curável (cervical, mama, testículo e leucemia
linfoblástica em crianças) está íntima e positivamente relacionadas à renda do país. Estas taxas
preocupantes se devem à dificuldade de acesso à assistência ambulatorial, demora no diagnóstico,
desconhecimento sobre a doença. A detecção precoce do câncer é fundamental à sobrevivência e a
eficácia do tratamento.
Campanhas de Papanicolau para detectar o câncer de colo de útero, mamografias, campanhas de
diagnóstico de cânceres demartológicos, bucais, próstata, entre outros é fundamental, possibilitando o
tratamento em tempo oportuno.
Uma política para rastrear o câncer de mama baseada em exame clínico anual após os 40 anos de idade
e mamografia a cada dois anos entre os 50 e 69 anos de idade foi iniciada em 2004, os desafios incluem
assegurar que as mulheres com maior risco para o câncer de colo de útero estejam sendo captadas.
Apesar de ser o segundo em incidência nas mulheres (o primeiro é o câncer de pele), é o que mais
mortes causa.
4.2 As Doenças Depressivas e o Sofrimento Psíquico
O sofrimento psíquico permanece escondido, muitas famílias sentem vergonha de procurar os serviços
de saúde. Tratar este tipo de problema significa expor-se, o que vai fazer com que estes doentes ou suas
famílias procurem os serviços de saúde apenas quando o transtorno já se tornou insuportável. O
transtorno, seja de sofrimento mental profundo como a esquizpfrenia - ou da ordem da adição - como o
uso de crack, causa verdadeiras catástrofes familiares caso não sej tratado.
4.3 Sobre o uso de Crack no Brasil - Últimas Pesquisas
Os usuários de crack e/ou formas similares de cocaína fumada (pasta-base, merla ou oxi) somam 370 mil
pessoas nas 26 capitais brasileiras e no DF, representa 35% do total de consumidores de drogas ilícitas,
com exceção de maconha, nesses municípios, estimado em 1 milhão de brasileiros. A pesquisa diz que o
Brasil é o maior consumidor de crack do mundo. Isto significa, que os serviços de saúde precisam se
preparar e capacitar-se para cuidar deste tipo de patologia.
A maioria dos usuários de drogas tem entre 20 e 30 anos, possui baixa renda, são negros e com baixa
escolaridade, cerca de um terço deles vive em situação de rua. Cerca de 9% declara ter participado de
atos ilícitos, para financiar o uso. A maioria refere a pequenos biscates ou serviços autônomos, e cerca
de 7% refere prostituir-se em troca de financiar a droga.
4.4 Diabetes e Hipertensão
O índice de pessoas com HAS, permanece estável no país, 24,1% da população adulta do país (26,3%
mulheres e 21,5% homens). O percentual de pessoas com DM cresceu desde 2006, passando de 5,5%
para 6,9% em 2014, é mais comum entre as mulheres 7,2% do que entre os homens 6,5%, a prevalência
talvez tenha aumentado por causa do aumento da oferta de testes diagnósticos e pela epidemia da
obesidade. Ambas as doenças respondem bem ao tratamento, desde que sejam contínuos e o próprio
indivíduo se mantenha cooperado através de um pacto com seu serviço de saúde. Este pacto se chama
autocuidado apoiado - onde o doente negocia as mudanças no estilo de vida que pode e deseja fazer (e
as que precisa também).
5 Acerca da Alocação de Recursos e Planejamento
O Brasil enfrenta uma tripla carga de desafios que requer complexo planejamento e equilíbrio dos
investimentos em saúde. É urgente promover ações que diminuam os riscos. Uma questão de
sustentabilidade financeira do sistema de saúde, seja ele de âmbito público ou privado. Como planejar e
equilibar os recursos?
Dois enormes desafios são a eliminação das longas listas de espera para assistência ambulatorial
especializada, serviços de diagnóstico e cirurgias, e a transferência do tratamento da maioria das
complicações de condições crônicas das emergências hospitalares para tratamento ambulatorial. Uma
explicação para a falha em fornecer acesso adequado à assistência ambulatorial de qualidade e a
cirurgias básicas são as demandas concorrentes por recursos de terapias de alta tecnologia para as DCNT
- Doenças Crônicas Não Transmissíveis avançadas, como os gastos com diálise renal que aumentaram de
R$ 600 milhões em 2000 para 1,7 bilhão em 2009. Neste cenário, a assim chamada ‘jurisdição’ da
medicina (decisões judiciais ad hoc que determinam o fornecimento de serviços com base em
julgamentos ou tribunais) agravou a já questionável distribuição dos escassos recursos em saúde.
6 E a Questão Hospitalar, como é que fica?
Apesar do envelhecimento da população, aumento da expectativa de vida e do crescimento da
população brasileira como um todo, as taxas de internação hospitalar pouco cresceram:
- Em 1982 o sistema previdenciário financiou 13,1 milhões de internações porano.
- Em 2009, o mesmo sistema financiou em um ano de 11,1 milhões de internações hospitalares.
O mesmo periódico sinaliza que a taxa proporcional de internações nos convênios privados de saúde é
substancialmente maior - dados de uma pesquisa do ano de 2009.
- 8 para cada 100 pessoas nos planos privados. - 7 para cada 100 pessoas no SUS.
A tendência dos modernos serviços é ir reduzindo a permanência no hospital e implantar cada vez mais
serviços como o hospital-dia. Procedimentos que antigamente demandavam internações podem ser
realizados em consultórios e clínicas. Como evitar eventos, como reações a medicamentos e infecções
hospitalares? Como poderiam os hospitais serem locais mais seguros para os doentes que ali ficam?
Além das conhecidas condições de controle de infecção hospitalar, temos o processo de acreditação
hospitalar, que impõe uma política hospitalar de âmbito nacional, coordenada pelo Ministério da Saúde.
A grande maioria das instituições são filantrópicas ou privadas que também atendem os usuários do
SUS, portanto, são abrangidas pelas normativas do MS.
UNIDADE III
Epidemiologia Aplicada
TÓPICO I
A Situação Epidemiológica das Doenças Transmissíveis no Brasil
1 Introdução
A questão das doenças transmissíveis é complexa e requer extrema vigilância dos órgãos competentes e
de pessoas capacitadas. Manter a população livre de riscos é a missão da Vigilância Epidemiológica.
3 Tendência Atual das Doenças Transmissíveis
A situação das doenças transmissíveis no Brasil, desde o início dos anos 80 até o presente momento,
corresponde a um quadro complexo que pode ser resumido em três grandes tendências: doenças
transmissíveis com tendência declinante; doenças transmissíveis com quadro de persistência e doenças
transmissíveis emergentes e reemergentes.
3.1 Doenças Transmissíveis com Tendência Declinante
São doenças como a: varíola que não existe no Brasil desde 1973 e poliomielite desde 1989, são
consideradas erradicadas. O sarampo, doença que causa muitos óbitos infantis, teve sua transmissão
endêmica encerrada desde 2000, embora houvesse surtos isolados em 2006 e um novo surto em 2014,
no Ceará. Mesmo com este último surto, o sarampo encontra-se em franco declínio no país. A raiva
humana, doença que era 100% mortal, teve seu primeiro caso de cura no Brasil em 2008.
Outras doenças que são consideradas de tendência declinante são: difteria, coqueluche e tétano, são
imunopreviníveis, isto é, evitadas por vacinação. A vacina de difteria e tétano - constitui a vacina dupla
adulto e deve ser tomada a cada 10 anos. Em caso de ferimento suspeito ou histórico de algum caso de
difteria na região onde a pessoa vive, a vacina deve ser refeita se foi tomada a mais de 5 anos. Em muitas
empresas públicas e privadas, a carteira de saúde comprovando que o funcionário tem estas vacinas em
dia é pré-requisito para a contratação. Doenças como a Peste, Filariose, Oncocercose, Febre Tifóide e
Doença de Chagas, que causaram milhões de óbitos, seguem existindo, mas com tendência declinante.
3.2 Doenças Transmissíveis com Quadro de Persistência
- Hepatites Virais: B e C doenças silenciosas, que podem ficar muito tempo sem apresentar sintomas.
Continuam sendo transmitidas a outros indivíduos pelo compartilhamento de cachimbos de crack e
seringas, por via sexual ou hematológica e prática de piercings e tatuagens e podem estar
desenvolvendo sequelas como a cirrose, ascite e favorecendo o aparecimento de tumores no fígado e
podem evoluir rapidamente para formas bastante graves e causar a morte. A Hepatite B pode ser
prevenida com vacinas, a qual está à disposição para jovens de até 19 anos, gestantes e pacientes
considerados suceptíveis, na rede pública. A Hepatite C ainda não pode ser prevenida com vacina.
- Tuberculose: doença bastante presente na agenda dos serviços de saúde. Tem risco aumentado para
usuários de crack e portadores de HIV e o doente é inscrito em um longo tratamento e deve ser
monitorado. A desistência do tratamento com medicamentos em meio a sua vigência pode fazer com
que os bacilos se tornem resistentes e desenvolva as formas graves da tuberculose, o que torna o
tratamento difícil, pois os bacilos se acostumam com os medicamentos, desenvolvendo resistência.
- Meningites: com incidência de 24 mil casos por ano. São causadas por vários agentes etiológicos, mas
boa parte delas é prevenível com vacinação.
- Malária: a ocorrência aumentou nas últimas décadas. A doença ocorre pela ocupação desordenada da
região amazônica, com projetos de colonização e mineração sem a estrutura necessária. Após organizar
a ocupação e promover medidas profiláticas e de controle, o número de casos começou a diminuir.
- Febre Amarela Silvestre: doença de ocorrência relativamente baixa, mas de altíssima mortalidade. É
também imunoprevenível, porém a vacina pode ser perigosa, podendo causar sérios efeitos colaterais,
por este motivo que não se vacina em massa. Quando a pessoa viaja para áreas onde a febre amarela é
endêmica, como Amazônia ou Colômbia, deverá tomar a vacina, em viagens internacionais, deverá
portar um certificado internacional de vacinação junto com o passaporte. Outra coisa que preocupa é a
possibilidade de o Aedes aegypti, além de transmitir a dengue passar a transmitir o vírus da febre
amarela, até o momento não ocorreu, mas é uma possibilidade, por isso, é monitorado pela Vigilância
Epidemiológica.
- Leishmaniose e Esquistosomose: doenças que modificam seu perfil epidemiológico e aumentam a
incidência e área de abrangência e vem ocorrendo em regiões de rápida urbanização, ocupação
desordenada e desmatamento, com deficiência de saneamento e rede de água e esgoto.
3.3 Doenças Transmissíveis Emergentes ou Reemergentes
Doença Emergente é a que podemos chamar de nova, ou que foi descrita recentemente como o
Coronavírus e o HIV/AIDS, ou doenças que já existiam em ocorrências isoladas ou remotas e passa a
mudar seu comportamento, tornando-se um problema de saúde pública. Doenças Reemergentes são
doenças que já foram controladas no passado, mas voltaram a incidir sobre a população como a Cólera e
Dengue.
3.3.1 Dengue
O Aedes aegypti foi erradicado em muitas regiões das Américas nos anos 70, mas voltou a multiplicar-se,
particularmente no Brasil. Existem quatro tipos de vírus causadores da dengue e que se a pessoa
contrair o tipo 1, terá imunidade apenas para aquele tipo de vírus, é importante conhecer os sinais de
dengue e procurar ajuda o quanto antes, para que a doença evolua sem complicações.
Todas as unidades de saúde da Federação estão aptas a atender as suspeitas de dengue e realizar o
diagnóstico da mesma, após observação do doente e de testes sorológicos específicos. Como se trata de
uma epidemia transmissível, todos estão implicados - todas as classes sociais - todos os serviços de
saúde (público e privado), embora as diretrizes de vigilância e tratamento sejam prerrogativas do SUS.
O Ministério da Saúde, através da Frente Nacional de Controle da Dengue, dividiu em 10 itens as ações
de combate e controle da dengue:
- Vigilância Epidemiológica; - Combate ao vetor (mosquito); - Assistência aos doentes;
- Integração com atenção básica; - Ações de saneamento ambiental;
- Ações integradas de educação ambiental; - Capacitação de recursos humanos
- Comunicação e mobilização; - Legislação e apoio ao programa; - Acompanhamento e avaliação;
3.3.2 Chicungunya
Não é mortal como a dengue, mas é uma febre transmitida pelo mesmo mosquito Aedes que transmite
a dengue, a estratégia de enfrentamento é parecida. Por ser uma doença nova, é necessário prover
ampla logística para enfrentá-la.
3.3.3 HIV/AIDS
A AIDS, ou como seria conhecida na língua portuguesa, SIDA - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida,
causada pelo vírus do HIV é considerada uma doença emergente. Num passado recente semeou pânico
e preconceito entre a população - principalmente por se tratar de uma doença sexualmente
transmissível, que inicialmente disseminou entrehomossexuais. A AIDS provocou grandes mudanças de
comportamento social, cultural e sexual nas últimas décadas. No Brasil, foram registrados desde 1980
até 2014 um total de 757.042 casos. No mesmo período foram identificadas 278.306 óbitos. A
mortalidade pela AIDS tem se mantido mais ou menos estável, com leve declínio, sendo que a cada ano
morrem 5,7 pessoas, para cada grupo de 100.000 pessoas.
A Coordenação Nacional de DST, AIDS e Hepatites Virais estima que estejam vivendo no Brasil
aproximadamente 734 mil pessoas com HIV/AIDS, e uma parte deles ignora a sua condição (com AIDS)
ou soropositivo (portador do vírus HIV). O Estado do Rio Grande do Sul detém a mior taxa de AIDS da
federação, a mortalidade por AIDS na capital, Porto Alegre, chega a ser duas vezes maior que a média
nacional.
Para cada novo caso se abre um tratamento (desde que o portador concorde), inclui desde exames para
pesquisar os contatos (companheiros e parceiros sexuais), exames para detectar a carga viral e doenças
oportunistas, até a distribuição de medicamentos, internações hospitalares e vinculação a grupos de
apoio. Se o novo soropositivo for uma gestante, o tratamento inclui a profilaxia da transmissão vertical
(mãe-bebê), realizado com medicamentos retrovirais durante a gestação, parto e puerpério, a
monitorização do bebê por exames e acompanhamento e investigação do companheiro e/ou pai da
criança - incluindo outros filhos, caso existam.
3.3.4 E, por fim, a Influenza, Gripe H1N1 e Companhia
Na história das pandemias, grandes epidemias de gripes de diversos tipos ocupam um lugar importante
e já causaram números assustadores de mortes. No século 20 ocorreram três grandes pandemias de
gripe: Gripe Espanhola, que vitimou mais de 20 milhões de pessoas (1918-1919); Gripe Asiática (1957-
1963 - um milhão de óbitos) e a Gripe de Hong Kong, em 1968, com um milhão de óbitos. O vírus do
tipo H1N1 foi o que causou a maior taxa de mortalidade do século 20. O vírus tipo influenza “A” são
encontrados em várias espécies de animais, sendo as aves aquáticas silvestres seu principal reservatório,
em 2009 fez o mundo ficar em alerta, para o que poderia ser a repetição da Gripe Espanhola. E agora no
século 21 com a pandemia do Coronavírus.
Os epidemiologistas sabem que a gripe se manifesta de duas formas:
- Sazonal: que ocorre todo ano e em geral não apresenta episódios de maior gravidade.
- Epidêmica: cujas formas podem variar a cada ano pela capacidade de mutação do vírus.
4 A Gripe que Matou 1% da Humanidade
A Gripe Espanhola matou entre 20 a 40 milhões de pessoas. Só no Rio de Janeiro, 65% das pessoas
adoeceram, deixando um saldo de mais de 14 mil mortos, o que na época foi assustador. O médico
epidemiologista Carlos Chagas, diretor da FIOCRUZ - Fundação de Saúde Osvaldo Cruz, foi quem assumiu
o comando das operações de enfrentamento da pandemia, foi o mesmo que descobriu a Doença de
Chagas. Chagas montou cinco hospitais de campanha e 27 pontos de atendimento no Rio de Janeiro,
onde a epidemia mostrou a face mais ferroz. Já na cidade de São Paulo houve 2 mil mortos pela mesma
gripe.
Desde então cuidadosas medidas nacionais e internacionais monitoram o comportamento das gripes,
para que as tragédias causadas pelas pandemias de gripe não se repitam.
5 Interrompendo a Cadeia de Transmissão e Identificando os Casos Graves
A identificação rápida e o tratamento adequado dos doentes, para que as formas graves sejam
rapidamente internadas e/ou medicadas é uma medida muito importante, deve-se identificar
precocemente a Síndrome Respiratória Aguda, já que é ela que caracteriza as formas graves da doença.
TÓPICO II
Epidemiologia Aplicada - Enfrentamento de Surtos e Epidemias
1 Introdução
Conhecimento epidemiológico das doenças da região (ou da região de onde o doente veio), protocolos
de tratamento e seus insumos fazem parte da logística de enfrentamento de qualquer doença de
ocorrência comum e podem poupar as vidas de muitas pessoas.
2 Estrutura para Respostas às Emergências em Saúde Pública
O que caracteriza ou não uma emergência pública é a letalidade de uma doença (sua capacidade de
causar óbitos), sua vurulência (capacidade de se espalhar), magnitude (quantidade de pessoas afetadas)
e abrangência geográfica, entre outras. Doenças como dengue, gripes, cólera e o sarampo, mobilizam o
planeta como um todo, e para isto, acordos internacionais devem ser firmados, a fim de que todas as
nações cumpram sua parte na vigilância e controle das doenças.
3 Regulamento Sanitário Internacional
Dentro do Regulamento Sanitário Internacional, existe regras claras para a vigilância das doenças e de
seus riscos para a saúde e também há uma situação acordada internacionalmente de “Emergências de
Saúde Pública de Importância Internacional”, para saber quais seriam estes eventos, desenvolveu-se um
instrumento técnico chamado Algoritmo de Decisão, uma espécie de escala de risco, onde foi
considerado fatos como:
- Potencial de impacto; - Número de casos/óbitos novos e prevalência comum;
- Necessita assistência externa ou o local da ocorrência dispõe de recursos para enfrentar?
- Há casos entre profissionais de saúde? - Existe um agente patogênico transmissível conhecido?
- Ataca populações extremamente vulneráveis? Refugiados, idosos, crianças?
- Fatores concomitantes adversos? Guerras, catástrofes naturais? - O evento é incomum?
- Quais os recursos humanos e a logística local onde ocorre o evento?
- Evolui de forma mais grave que o esperado? - É prevenível por vacina (imunoprevinível)?
- Ocorre em área de grande fluxo de viagens internacionais? Locais turísticos?
- Pode afetar o comércio internacional? As viagens internacionais?
É através deste algoritmo que os técnicos decidem ações como: dar alertas, ofertar ajuda internacional,
monitorar fronteiras e assim por diante.
Neste documento pode ser obtido informações como: - Enfrentamento de emergências;
- Regulamentação sanitária para contêineres, mercadorias e depósitos;
- Certificados internacionais de vacinação; - Normas sanitárias para portos e aeroportos;
- Procedimentos de fronteiras terrestres; - Quem nomeia os peritos para enfrentar emergências;
4 Eventos Extraordinários em Saúde Pública
O evento extraordinário é o que requer imediata notificação e providências, a ocorrência de uma doença
ou das condições que possibilitem que a mesma ocorra. Quanto mais grave o evento, maior o nível de
alerta quanto à possiblidade de propagar-se através de fronteiras internacionais, como o Coronavírus.
4.1 Como se Decide se Realmente é uma Emergência Internacional ou não? A Rede CIEVS
Os Centros de Informações Estratégicas e Respostas em Vigilância em Saúde - CIEVS, são estruturas
técnico-operacionais, que vem sendo implantadas nos diferentes níveis do sistema de saúde, voltadas
para a detecção e resposta às emergências de saúde pública, tem as seguintes funções:
- Análise contínua de problemas de saúde que podem constituir emergências em saúde pública para
emissão de “sinal de alerta”;
- Gerenciamento e coordenação das ações desenvolvidas nas situações de emergência, sendo
consideradas fundamentais para enfrentar epidemias e pandemias;
Os profissionais que atuam no CIEVS participam da tríade constitutiva da Vigilância Epidemiológica:
INFORMAÇÃO - DECISÃO - AÇÃO
No Brasil a Rede CIEVS é formada por centros que estão situados dentro da Secretaria de Vigilância em
Saúde estaduais e municipais. Para as informações chegarem ao CIEVS existe e-mail institucional,
telefone (disque-notifica) e página na web (e-notifica).
Esta mesma rede é reponsável pela elaboração de Planos de Contigência, que é o planejamento do que
fazer em casos de eventos de gravidade como epidemias: quando alertar a população?; O que fazer para
conseguir vacinas rapidamente e aonde (caso o evento seja imunoprevenível?; Quais as medidas de
controle: haverá restrição de viagens de/ou para algum local? Serão suspensas aulas e evntos de
aglomeração pública? O CIEVS atua também

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