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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ JYLL ROBERTHO DOS SANTOS MOURA NEUBAR LUIZ CLAUDIO DE SOUSA SISTEMA DE SEGURANÇA BLOWOUT PREVENTER (BOP) NA SONDA DE PERFURAÇÃO: ESTUDO DE CASO RIO DE JANEIRO 2019 0 JYLL ROBERTHO DOS SANTOS MOURA NEUBAR LUIZ CLAUDIO DE SOUSA SISTEMA DE SEGURANÇA BLOWOUT PREVENTER (BOP) NA SONDA DE PERFURAÇÃO: ESTUDO DE CASO Trabalho de conclusão de curso, apresentado à Universidade Estácio de Sá, como requisito parcial, para obtenção do grau de bacharel em Engenharia Mecânica, sob orientação do Professor Mestre Roberto António Roco Antunez. RIO DE JANEIRO 2019 1 N477s Neubar, Jyll Robertho dos Santos Moura Sistema de segurança Blowout Prevent (BOP) na sonda de perfuração: estudo de caso. / Jyll Robertho dos Santos Moura; Luiz Claudio de Sousa. ---- Rio de Janeiro, 2019. 43f Trabalho monográfico (Graduação Engenharia mecânica.). -- Universidade Estácio de Sá, 2019. Bibliografia:42-43 1.Engenharia mecânica. 2.Blowout Prevent. 3.Perfuração. 4.Petróleo. I.Sousa, Luiz Claudio de. II.Título. CDD 620.1 2 MOURA, Jyll Robertho dos Santos; SOUSA, Luiz Claudio. SISTEMA DE SEGURANÇA BLOWOUT PREVENTER (BOP) NA SONDA DE PERFURAÇÃO: ESTUDO DE CASO, Orientador: Professor Mestre Roberto António Roco Antunez. Rio de Janeiro: UNESA/ Universidade Estácio de Sá, 2019. Monografia para Graduação em Engenharia Mecânica. BANCA EXAMINADORA ______________________________________________________ Prof.Orientador: Mestre Roberto António Roco Antunez – UNESA _______________________________________________________ Prof. Mestre Ivan da Cunha Santos.– UNESA _______________________________________________________ Prof. Convidado: Mestre Rosivaldo Barbosa de Souza Aprovada em: ____/_____/ 2019. 3 “Minha fórmula para o êxito: Levantar-me cedo, trabalhar até tarde, encontrar petróleo.” J. Paul Getty 1892 - 1976 4 Para nossas famílias: nosso passado, presente e futuro. 5 AGRADECIMENTOS JYLL Primeiramente a Deus, por me guardar e sustentar durante todo o nosso curso. A minha mãe, Márcia Cristina dos Santos Moura, pelo apoio e suporte em todos os momentos. Sem você, eu não teria conseguido. O mérito é seu também. LUIZ Agradeço primeiramente а Deus, pois, sеm Ele, eu nãо teria forças pаrа essa longa jornada. Agradeco minha esposa, Marcele Sousa, e minha filha, Ana Júlia Sousa, e aos demais familiares pelo carinho, apoio. Vocês não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa da minha vida. Agradecemos também аos nossos professores quе durante muito tempo nos ensinaram е nos mostraram о quanto estudar é necessário para o sucesso de um profissional. Ao nosso orientador, Mestre Roberto Antonio, pelo conhecimento compartilhado e pelo suporte em todas as etapas da execução e conclusão deste estudo. Agradecemos, principalmente, a Flávio Ramos Guerra, inspetor de NDT, pela colaboração em obter informações cruciais para este trabalho e por disponibilizar imagens de seu acervo pessoal. Nosso muito obrigado! 6 RESUMO Delimita-se este estudo à avaliação do sistema BOP – Blowout Preventer, que tem como funções principais, permitir de forma segura a realização de diversas operações de segurança em sondas de perfuração, entre elas: o fechamento do poço em qualquer operação, monitoramento de pressão e do volume, corte de colunas de trabalho mantendo o poço isolado, etc. Tem-se por objetivo geral: Investigar o sistema de segurança BOP- Blowout Prevent. Complementado pelos objetivos específicos de: Descrever o funcionamento da Sondas de Perfuração; Verificar especificações do Sistema de segurança BOP- Blowout Prevent.; e Demonstrar o protocolo de manutenção preventiva do BOP - Blowout Prevent. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, composta de material publicado entre 2002 e 2019, seguida de estudo de caso. Concluiu-se que as empresas seguem as diretrizes determinadas pela ANP, chamando a atenção para as fotografias de cada componente inspecionado. Verificou-se, por fim, que o processo de manutenção de um BOP é extremamente meticuloso e trabalhoso, podendo e devendo ser reiniciado quantas vezes for necessário, para garantir a segurança de todos os envolvidos. Notou-se a necessidade de maiores investimentos em tecnologia de ponta para inclusão dos equipamentos na era digital. Palavras-chave: Sonda de Perfuração; Gás; Petróleo; BOP; Blowout Prevent 7 ABSTRACT This study is limited to the evaluation of the BOP-Blowout Preventer system, whose main functions are to safely perform various safety operations on drilling rigs, including: closing the well in any operation, monitoring pressure and volume, cutting working columns keeping the well isolated, etc. The general objective is: To investigate the BOP-Blowout Prevent safety system. Complemented by the specific objectives of: Describe the operation of the drilling rig; Check specifications of Prevent BOP-Blowout Safety System; and Demonstrate the Preventive Maintenance Protocol for BOP - Prevent Blowout. The methodology used was the bibliographic research, composed of material published between 2002 and 2019, followed by a case study. It was concluded that the companies follow the directives determined by the ANP, drawing attention to the photographs of each component inspected. Finally, it was verified that the process of maintaining a BOP is extremely meticulous and laborious and can be restarted as many times as necessary to ensure the safety of all involved. The need for greater investments in state-of-the-art technology for the inclusion of equipment in the digital era was noted. Keywords: Drilling rig; Gas; Petroleum; BOP; Prevent Blowout 8 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS AIE Agência Internacional de Energia ANP Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. BOP Blowout Preventer ESCP Equipamentos de segurança da cabeça de poço IBP Instituto Brasileiro de Petróleo MAH major accident hazards NDT Non-Destructive Testing PETROBRAS Petróleo Brasileiro S.A 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Guincho......................................................................................................... 16 Figura 2: Bloco de coroamento..................................................................................... 17 Figura 3: Catarinae gancho.......................................................................................... 17 Figura 4: Motores a diesel............................................................................................ 18 Figura 5: Motores a diesel............................................................................................ 18 Figura 6: Mesa rotativa................................................................................................. 19 Figura 7: Kelly quadrado.............................................................................................. 19 Figura 8: Top Drive...................................................................................................... 20 Figura 9: Motor de fundo............................................................................................. 20 Figura 10: Swivel......................................................................................................... 21 Figura 11: Tanques de Lama........................................................................................ 22 Figura 12: Bombas de Lama........................................................................................ 22 Figura 13: Painel do sondador..................................................................................... 24 Figura 14:Equipamento BOP....................................................................................... 29 Figura 15: BOP anular.................................................................................................. 30 Figura 16: Gaveta de Tubos, Cega, Cisalhante e Cega-Cisalhante.............................. 31 Figura 17: Tipos de plataformas................................................................................... 33 Figura 18: Componente do BOP em inspeção pela equipe de engenharia................... 36 Figura 19: Componente do BOP em inspeção pela equipe de engenharia................... 36 Figura 20: Componente do BOP em inspeção pela equipe de engenharia................... 36 Figura 21: Inspeção de Sonda NDT PT- SEal Carrier................................................. 37 Figura 22: Inspeção de Sonda NDT MT Ram Block.................................................... 38 Figura 23: Cabeçalho do relatório de inspeção............................................................. 39 10 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................ 11 1.1 Delimitação do tema.................................................................................................. 12 1.2 Problematização........................................................................................................ 12 1.3 Objetivos.................................................................................................................... 13 1.3.1 Geral........................................................................................................................ 13 1.3.2 Específico............................................................................................................... 13 1.4 Justificativa.............................................................................................................. 13 2 METODOLOGIA.......................................................................................................... 14 3 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................... 15 3.1 As Sondas de Perfuração............................................................................................ 15 3.1.1 Sistema de Sustentação.............................................................................................. 15 3.1.2 Sistema de Movimentação......................................................................................... 16 3.1.3 Sistema de Geração e Transmissão de Energia......................................................... 18 3.1.4 Sistema de Rotação................................................................................................... 19 3.1.5 Sistema de Circulação............................................................................................... 21 3.1.6 Sistema de Monitoração do Poço.............................................................................. 23 3.1.7 Sistema de segurança do Poço.................................................................................. 24 3.2 Kicks e Blowouts: Uma Possibilidade...................................................................... 25 3.3 Blowout Prevent (BOP).............................................................................................. 29 3.3.1 Dimensionamento do BOP.................................................................................... 32 4 ESTUDO DE CASO...................................................................................................... 33 5 CONCLUSÃO................................................................................................................ 40 REFERENCIAS .............................................................................................................. 41 11 1 INTRODUÇÃO A demanda mundial de petróleo é de aproximadamente 80 milhões de barris diários. Segundo a Agência Internacional de Energia - AIE, em 2018, no Brasil foram utilizados 3,14 milhões de barris por dia. Para suprir essa demanda, as atividades de perfuração no Brasil aumentaram rapidamente na década passada, mas decresceram a partir de 2012, apesar dos preços do petróleo estarem no patamar mais elevado dos últimos anos. A contagem de setembro de 2018 registrou, pela segunda vez, o número mais baixo da série histórica de sondas em operação no país (IBP, 2019). O Brasil possui 29 bacias sedimentares com interesse para pesquisa de hidrocarbonetos, cuja área é de 7,175 milhões de km² . Mas apenas um pequeno percentual dessas áreas está sob contratação para as atividades de exploração e produção (ANP, 2019). Segundo a Petrobrás (2019), as descobertas no pré-sal estão entre as mais importantes em todo o mundo na última década, trazendo grandes acumulações de óleo leve, de excelente qualidade e com alto valor comercial. Uma realidade que coloca o Brasil em uma posição estratégica frente à grande demanda de energia mundial, demonstrando a necessidade de know- how pelas equipes envolvidas no processo. Para descobrir essas reservas e operar com eficiência em águas ultraprofundas, houve o desenvolvimento de tecnologias específicas e parceria com fornecedores, universidades e centros de pesquisa para a utilização de sondas de perfuração, plataformas de produção, navios e submarinos com recursos que movimentam toda a cadeia da indústria de energia. As sondas terrestres de perfuração ou produção são equipamentos usados para perfurar ou estabelecer a produção em poços. Elas realizam funções viabilizando o acesso a reservatórios de petróleo ou gás natural (ARAUJO, RODRIGUES, 2016). Essas atividades estão associadas a numerosos riscos, com potencial de causar ferimentos ou danos à saúde humana, ao patrimônio ou ao meio ambiente. Para evitar que esses eventos ocorram é essencial identificar, avaliar e controlar os riscos (AMIR-HEIDARI et al., 2015). A falha de algum equipamento crítico, em uma sonda, pode ocasionar grandes prejuízos para a integridade física da força de trabalho, ou para o meio ambiente (ARAUJO, RODRIGUES, 2016). 12 Portanto, destaca-se a necessidade de seguir as normas do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais de acordo com as exigências do Ministério do Trabalho e Emprego, ressaltando a importância do uso de equipamentos de uso coletivo e individual, além de utilizar adequadamente o sistema de segurança de cada equipamento instalado, buscando, assim, umaextração mais segura para todos. 1.1 Delimitação do tema Delimita-se este estudo à avaliação do sistema BOP – Blowout Preventer, que tem como funções principais, permitir de forma segura a realização de diversas operações de segurança em sondas de perfuração, entre elas: o fechamento do poço em qualquer operação, monitoramento de pressão e do volume, corte de colunas de trabalho mantendo o poço isolado, etc. O conjunto é composto de válvulas que possibilitam o fechamento tanto do espaço anular entre o revestimento e a coluna de trabalho no poço, geralmente de perfuração, quanto do poço aberto, isto é, sem qualquer coluna. Em sondas terrestres o blowout preventer é instalado logo abaixo da subestrutura, entre a mesa rotativa e a base de concreto sobre a qual a sonda fica assentada. Em sondas autoelevatórias ou plataformas fixas, o BOP fica pouco acima da superfície do mar. Em sondas flutuantes, ele é instalado no fundo do mar. 1.2 Problematização Diversos acidentes ocorrem na exploração e produção de petróleo em todo o mundo e são acompanhados de perto por autoridades, seguradoras, sindicatos e organizações ambientais, e também por investidores e representantes da sociedade organizada. Os impactos socioeconômicos e ambientais desses acidentes geram inúmeras perdas, sejam de vidas humanas, recursos financeiros, patrimônio, meio ambiente e ainda de imagem das empresas envolvidas. Daí a grande preocupação em torno da segurança, principalmente em atividades que podem incorrer em maior risco, como as relacionadas a fases do ciclo de vida da extração, desde o projeto, perfuração e completação à intervenção (para manutenção e reparo) e abandono (descomissionamento). A segurança inclui também a etapa de produção, quando é maior o risco de acidentes graves (MAH, sigla do inglês major accident hazards), que afetam um grande número de pessoas, colocando em risco a unidade e podendo resultar em desastre ambiental, principalmente quando ocorrem em unidades de produção que também armazenam óleo. 13 A utilização do Sistema de Segurança BOP aparece como alternativa para assegurar que as sondas minimizem riscos enquanto utilizadas. Portanto, é necessário alinhar as sondas utilizadas em solo brasileiro aos padrões globais de operação e aos regulamentos locais, implicando na avaliação, supervisão e/ou fiscalização permanente dessas atividades, demandando conhecimento aprofundado a respeito da temática. 1.3 Objetivos 1.3.1 Geral Investigar o sistema de segurança BOP- Blowout Prevent. 1.3.2 Específico • Descrever o funcionamento da Sondas de Perfuração; • Verificar especificações do Sistema de segurança BOP- Blowout Prevent.; • Demonstrar protocolo de manutenção preventiva do BOP - Blowout Prevent. 1.4 Justificativa Justifica-se a escolha da temática, pois atividade extrativista apenas iniciou a discutir uma legislação específica que regule as práticas de inspeção, manutenção e qualificação da força de trabalho, bem como avaliação de equipamentos a partir de 2012. Esse fato também contribui para que a meta de acidente zero nunca seja alcançada. Sem uma regulamentação adequada e específica para o setor onshore, responsabilidade atribuída à ANP; os padrões de qualidade operacional, que repercutem na segurança, ficam, muitas vezes, a cargo da operadora do campo exploratório. O conjunto das regras estabelecidas pela ANP são fundamentadas na identificação dos perigos e na avaliação dos riscos associados aos processos e às operações de cada instalação. A ANP recebe, de todas as operadoras de petróleo do país, as informações relacionadas ao risco e/ou ao dano no meio ambiente, assim como à saúde humana e aos prejuízos materiais. Essas informações sobre os acidentes são reunidas e processadas pela ANP, sendo divulgadas em seu anuário estatístico (ANP, 2007). Desta forma, o engenheiro mecânico que se volte a este nicho de mercado, deverá aprofundar seus conhecimentos, para adquirir competências e habilidades que lhe permitam atuar junto a empresas petrolíferas, bem como a empresas de perfuração brasileiras. Sua expertise lhe concederá um diferencial para possíveis contratações. 14 2 METODOLOGIA A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, que segundo Lima e Mioto (2007) é “realizada para fundamentar teoricamente o objeto de estudo, contribuindo com elementos que subsidiam a análise futura dos dados obtidos”. Desta forma, visando responder aos objetivos propostos, através do levantamento bibliográfico, com material publicado de 2002 a 2019, contextualiza-se a temática através de três capítulos distintos, sendo que no primeiro apresenta-se as sondas de perfuração em suas diversas configurações existentes no mercado. Segue-se o segundo capítulo que versa sobre a ocorrência de kicks e blowouts. O terceiro capítulo apresenta o sistema de segurança BOP e sua utilização integrada as sondas de perfuração, visando atualizar acadêmicos e profissionais da área sobre a temática. E apresenta-se por fim um estudo de caso, baseado em relatos de profissionais do meio e fotografias de acervo pessoal, conforme disponibilidade. . 15 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 As Sondas de Perfuração A sonda de perfuração ou plataforma de perfuração são equipamentos ultilizados para perfurar e intervir em poços que permitam o acesso a reservatórios de petróleo ou gás natural. Dependendo da localização do reservatório, as sondas podem ser terrestres (Onshore) ou marítimas (Offshore). Estas últimas são instaladas sobre uma base flutuante e podem ou não ter propulsão própria (ROCHA, AZEVEDO, 2009). A perfuração de um poço de petróleo é realizada através dela e pode ser descrita pela ação rotativa de uma broca existente na extremidade de uma coluna de perfuração. Os fragmentos de rocha são removidos pela ação de um fluído de perfuração ou lama injetados por bombeamento nesta coluna. Ao atingir determinada profundidade a coluna de perfuração é retirada e é colocada uma coluna de revestimento em aço de diâmetro inferior ao da broca e ainda é executada a cimentação entre os anulares (uniões) dos tubos de revestimento garantindo a segurança. Após a coluna de perfuração é novamente descida ao poço com uma nova broca de menor diâmetro, assim sucessivamente até o final da perfuração. (THOMAS, 2004). Portanto, passa-se a descrever os sete sistemas que compõem a sonda de perfuração, pois os mesmos são responsáveis pelas operações de uma sonda. 3.1.1 Sistema de Sustentação O sistema de sustentação de cargas é constituído por um mastro ou torre, da subestrutura e da base ou fundação. A carga corresponde ao peso da coluna de perfuração ou revestimento que está no poço. Sua função é a de sustentar e distribuir o peso igualmente até a fundação ou base da estrutura. (THOMAS, 2004). Almeida (2006) relata que a torre ou mastro é uma estrutura de aço especial, de forma piramidal, de modo a prover um espaçamento vertical livre acima da plataforma de trabalho para permitir a execução de manobras. Uma torre é constituída de um grande número de peças montadas uma a uma, enquanto o mastro é uma estrutura treliçada ou tubular dividida em três ou quatro seções. Apesar do seu custo maior inicial e menor estabilidade, o mastro tem sido preferido em operações de prospecção pela facilidade e economia de tempo nas montagens em perfurações terrestres. A subestrutura é um espaço destinado a instalação dos equipamentos de segurança do poço. Fica localizada abaixo da plataforma de trabalho da sonda e é construída com vigas de aço especial. 16 3.1.2 Sistema de Movimentação É o conjunto de equipamentos responsáveis por prover toda movimentação vertical de equipamentos que irão ser descidos no poço. É composto por gancho, guincho, catarina, bloco de coroamento e cabo de perfuração.O guincho tem o controle do cabo de perfuração, que faz com que a catarina suba ou desça, para a realização de movimentos de equipamentos no interior do poço, além de controlar o peso sobre broca acionado pelos freios nela existentes, como também dar torque em chaves flutuantes para conexões ou desconexões e controlar equipamentos leves como registradores de inclinação (FERNANDES N., 2015). É constituído por: tambor principal, tambor auxiliar ou de limpeza, freios, molinetes e embreagens. O tambor principal tem a função de acionar o cabo de perfuração, movimentando as cargas dentro do poço. O tambor auxiliar ou de limpeza, tem a função de movimentar equipamentos leves dentro do poço, como: equipamentos de completação, registradores de inclinação e direção do poço (THOMAS 2004). Os freios usualmente são empregados dois tipos numa sonda: o freio principal, que tem a função de parar e assim manter a carga que está sendo movimentada e o freio secundário, que tem a função de apenas diminuir a velocidade de descida da carga, de modo a facilitar a atuação de freio principal (FERNANDES N., 2015). Figura 1: Guincho Fonte: Fernandes N., 2015 O Bloco de Coroamento, ou Crown Block é um conjunto estacionário de 4 a 7 polias montadas em linha num eixo suportado por dois mancais de deslizamento, localizados na parte superior da torre ou do mastro. Suporta todas as cargas que lhe são transmitidas (BUSSMEYER, HENKES, 2015). 17 Figura 2: Bloco de coroamento Fonte: THOMAS, 2004 A catarina também é um conjunto de polias, porém são móveis, sustentadas pelo cabo de perfuração que passam alternadamente entre o bloco de coroamento e a catarina. Na parte inferior da catarina ainda existe um gancho que ameniza as vibrações da carga, não deixando passar para a catarina. Fica suspensa pelo cabo de perfuração que passa alternadamente pelas polias do bloco de coroamento com 8 a 12 linhas passadas. O elevador é um equipamento com a forma de anel bipartido em que as duas partes são ligadas por dobradiça resistente. É utilizado para movimentar elementos tubulares (BUSSMEYER, HENKES, 2015). Figura 3: Catarina e gancho Fonte: Fernandes N., 2015 http://www.worldoils.com/ 18 3.1.3 Sistema de Geração e Transmissão de Energia A energia necessária para o acionamento dos equipamentos de uma sonda é normalmente fornecido por motores a diesel. Em sondas marítimas é comum a utilização de turbinas a gás por questões econômicas. Quando disponível, a rede pública de energia pode ser vantajosa em virtude de um tempo maior de permanência da sonda. Uma característica importante dos equipamentos de uma sonda, e que afeta o processo de transmissão de energia, é a necessidade deles operarem com velocidade e torque variáveis (MORAIS, 2014). As sondas mecânicas elevam a energia gerada nos motores a diesel a uma transmissão principal (compound) através de acoplamentos hidráulicos (conversores de torque) e embreagens. O compoud é constituído de diversos eixos, rodas dentadas e correntes que distribuem a energia a todos os sistemas da sonda. Os vários motores são ligados aos compounds no qual são conectados os principais equipamentos de perfuração; usam-se ainda conversores de torque e embreagens (MANSANO, 2004). Figura 4: Motores a diesel Fonte: Mansano, 2004 No caso de sondas diesel-elétricas, os motores diesel são ligados a geradores de energia elétrica (o sistema mais usado é o AC-DC) onde a geração é feita em corrente alternada e a utilização nos equipamentos é feito em corrente contínua (retificação e controle de tensão em SCR’s)(MANSANO, 2004). Figura 5: Motores a diesel Fonte: Mansano, 2004 19 3.1.4 Sistema de Rotação O sistema de rotação é composto dos equipamentos que promovem a rotação da broca. Existem basicamente três maneiras de promover rotação: • Através do conjunto mesa rotativa e bucha do kelly: Em sondas convencionais utiliza-se a mesa rotativa e bucha do kelly. A mesa rotativa é o equipamento responsável por girar toda a coluna de perfuração, aplicando torque em uma coluna de formato quadrado ou hexagonal, conhecida como bucha do kelly e essa por sua vez transmite para a coluna de perfuração (THOMAS, 2004). Figura 6: Mesa rotativa Fonte: THOMAS, 2004. Figura 7: Kelly quadrado Fonte: Thomas, 2004. • Por meio do top drive: Em sondas equipadas com Top drive, que é um motor acoplado a catarina, que desliza sobre um trilho fixo e emite o torque na parte superior a coluna de perfuração. Uma das vantagens de se usar o top drive é que a perfuração pode ser realizada de três a três tubos, ao invés de somente um (mesa rotativa e kelly) e em poços de alta profundidade pode descer ou retirar coluna girando e circulando fluido simultaneamente, o que evita e/ou soluciona problemas com o poço (THOMAS, 2004). 20 Figura 8: Top Drive Fonte: BENTEC, 2019 • Através de motor de fundo: Uma das aplicações deste equipamento é em poços de altas profundidades quando a rotação da coluna se torna critica, um motor de fundo é acoplado acima da broca, à potência do fluído de perfuração é o responsável pelo giro que o motor promove a broca. O motor de fundo também é utilizado em início de uma fase do poço quando não se tem peso sobre a broca suficiente e em brocas que precisam de alta rotação (PETROBRAS, 2002). Figura 9: Motor de fundo Fonte: Petrobrás, 2002 21 O Swivel, que é o equipamento responsável por direcionar o fluído de perfuração bombeado dos tanques para o interior da coluna, também liga as partes rotativas das fixas. A parte superior permanece estacionária enquanto que a inferior fica girando (FERNANDES N., 2015). Figura 10: Swivel Fonte: http://www.oilfield.com 3.1.5 Sistema de Circulação O sistema de circulação é constituído por equipamentos responsáveis pela a produção do fluído de perfuração até o devido tratamento. O processo segue a sequência: os fluídos são produzidos e armazenados em tanques e, em seguida, são succionados por bombas alternativas para o interior da coluna até passar pelos jatos de brocas. Em seguida, o fluído retorna pelo anular carregando os cascalhos gerados pela perfuração, ao chegar na superfície esse fluído passará por extratores de sólidos e ainda podem ir a desgaseificadores para remoção do gás que pode ter ficado incorporado ao fluído. Quando se fala de circulação, se está citando a movimentação do fluído, ele sai de uns pontos e volta para o mesmo ponto. Se esse fluído não voltar para o mesmo ponto, houve uma substituição (PETROBRAS, 2002). Os equipamentos utilizados, segundo Iramina (2016) são: • Tanques de lama: os tanques de lama, feitos de chapas de aço, armazenam a lama na superfície. São interligados entre si por tubos de aço ou mangotes flexíveis e conectados aos equipamentos do sistema de tratamento. 22 Figura 11: Tanques de Lama Fonte: https://portuguese.alibaba.com/ • Bombas de lama; as bombas de lama são as responsáveis pelo fornecimento de energia ao fluído para a circulação; Figura 12: Bombas de Lama Fonte:http://portuguese.drillingmudsystem.com • Tubo bengala/mangueira de lama: é um tubo vertical fixado à torre. Ele, conjuntamente com a mangueira de lama, que é uma mangueira flexível, permite o bombeio da lama em qualquer altura dentro da faixa de movimentação do swivel;. • Sistema de tratamento da lama: é um tubo que conecta o espaço anular do poço com sistema de tratamento e aos tanques de lama. As fases de circulação utilizam uma fase de retorno; o fluído é succionado dos tanques pelas bombas de lama e injetado na coluna através da cabeça de injeção, até sair sob alta pressão pelos jatos da broca e retorna carrilhando sedimentos e cascalhos da formação, com pressão suficiente para o retorno pelo espaço anular entre o poço e a coluna de perfuração.O fluido de perfuração era definido como um material empregado para ajudar na ferramentas de corte, onde seu uso era anterior a indústria de petróleo (IRAMINA, 2016). O fluido de perfuração também chamado de lama é considerado como toda mistura complexos de sólidos, líquidos, produtos químicos ou até gases assumindo aspectos de https://portuguese.alibaba.com/product-detail/drilling-mud-tank-1398561140.html 23 sustentação e dispersão coloidal ou emulsão, dependendo do aspecto físico dos componentes. (THOMAS, 2004). São esses fluidos que devem permitir o resfriamento da broca, a retirada dos cascalhos gerados na perfuração e a manutenção da estabilidade do poço. São eles que, também, devem se transformar numa espécie de gel para conter os cascalhos, quando da parada de uma coluna de perfuração, para alguma operação intermediária, e ter a capacidade de quebrar esse gel no instante da volta do movimento da coluna. Isso tudo sem comprometer a formação ou causar grandes perturbações no espaço anular do poço. Muitos desses fluídos de perfuração incorporam constituintes que, em maior ou menor grau têm características tóxicas, corrosivas, ou mesmo agressivas ao meio ambiente. Por outro lado, os fluídos de perfuração comumente levam em sua constituição substâncias capazes de retardar em algum grau, a ocorrência de fenômenos indesejáveis (formação de hidratos, p. ex.) (GUIMARAES, RICCI, 2007). Os equipamentos de tratamento, segundo Thomas (2004) consistem em: • Peneira vibratória que tem a função de separar os sólidos mais grosseiros do fluido de perfuração, tais como cascalhos e grãos maiores que areia; • Desareiador que é conjunto de dois a quatro hidro ciclones que são responsáveis por retirar a areia do fluido, • Dessiltador que é o conjunto de 8 a 12 hidrociclones de 4” a 5”, cuja função é descartar partículas de dimensões equivalentes ao silte, • O mud cleaner é também um conjunto de hidrociclones porém contém peneiras que permitem recuperar partículas. Parte deste material é descartado e parte retorna ao fluído, reduzindo os gastos com aditivos. A centrífuga é utilizada ainda em algumas sondas que retira partículas ainda menores que não tenham sido descartadas pelos hidrociclones, os desgaseificadores separam a parte gasosa presente no fluido da parte líquida quando necessário (THOMAS, 2004). 3.1.6 Sistema de Monitoração do Poço É o sistema composto pelos equipamentos que permitem acompanhar e registrar parâmetros à perfuração, tais como peso sobre broca, rotação, vazão e pressão de bombeio, drags entre outros. Com o progresso da perfuração observou-se que um máximo de eficiência e economia seria atingido quando houvesse uma perfeita combinação entre os vários parâmetros da perfuração. Disto surgiu a necessidade do uso de equipamentos para o registro e controle 24 destes parâmetros. Eles podem ser classificados em indicadores, que apenas indicam o valor do parâmetro em consideração, e registradores, que traçam curvas dos valores medidos. Figura 13: Painel do sondador Fonte: Mansano, 2004 3.1.7 Sistema de segurança do Poço O sistema de segurança é constituído dos equipamentos de segurança da cabeça de poço ( ESCP) e de equipamentos complementares que possibilitam o fechamento e controle do poço. O mais importante deles é o BOP, que é o conjunto de válvulas que permite fechar o poço. Os preventores são acionados sempre que houver ocorrência de um kick, fluxo indesejável do fluido contido numa formação para dentro do poço. Se este fluxo não for controlado eficientemente poderá se transformar num blowout, ou seja, poço fluindo totalmente sem controle, e criar sérias conseqüências, tais como danos aos equipamentos da sonda, acidentes pessoais, perda parcial ou total do reservatório, poluição ao meio ambiente, etc. A cabeça de poço é constituída de diversos equipamentos que permitem a ancoragem e vedação das colunas de revestimento na superfície. São eles: cabeça de revestimento, carretel de perfuração, adaptadores, carretel espaçador e seus assessórios. Os preventores permitem o fechamento do espaço anular e podem ser de dois tipo: preventor anular e preventor gaveta. Este o foco desta pesquisa e será aprofundado em um subcapítulo, entretanto é necessário primeiramente conhecer as possibilidades de acidentes que podem ocorrer quando se utiliza esses equipamentos na perfuração de um poço. 25 3.2 Kicks e Blowouts: Uma Possibilidade As atividades de perfuração e de produção de poços de petróleo e gás com sondas estão associadas a numerosos riscos, com potencial de causar ferimentos ou danos à saúde humana, ao patrimônio ou ao meio ambiente. Para evitar que esses eventos ocorram é essencial identificar, avaliar e controlar os riscos (AMIR-HEIDARI et al., 2015). O risco é definido como a existência de uma possível exposição às situações de perigo, que incluem, mas não limitado a: explosão; incêndio; vazamento de gás inflamável e tóxico; vazamento de produtos químicos e inflamáveis (COSTA, AQUINO, 2011). O risco é uma combinação de evento, probabilidade e consequências: uma medida de consequências a humanos e ao meio ambiente e de perdas econômicas em termos da probabilidade do acidente e a magnitude das consequências. O risco é função da frequência de ocorrência e a consequência de determinado perigo ocorrer (ABILIO et al., 2010). Torna-se imprescindível evitar kicks e blowouts, e pontua-se que esses dois fenômenos estão intimamente ligados. Normalmente, ao se operar um poço, é essencial que haja a realização de um rigoroso controle de pressão hidrostática, para assegurar que ela sempre seja um pouco mais alta do que a pressão no interior da formação (reservatório) (FERNANDES N., 2015). Por outro lado, a pressão no poço não pode ser muito mais elevada do que no interior do poço para evitar que o fluido de perfuração entre na formação, danificando o mesmo. O controle da pressão no poço é feito através do ajuste da densidade do fluido de perfuração que é injetado no mesmo. Torna-se também necessária a verificação do volume de fluido de perfuração que retorna para os tanques. Quando o volume que retorna é maior do que o volume de fluido injetado, verifica-se que a formação está expulsando fluido do poço. Este fenômeno é chamado de kick que, de maneira intuitiva, pode ser definido como um aviso da possibilidade de ocorrer um blowout (PEREIRA, MARINHO, 2013). Caso a situação se agrave e a pressão seja muito grande, ocorre a saída descontrolada de hidrocarbonetos, gás (como o CO2 e H2S) e/ou água do reservatório de petróleo. Esse fato acarreta em danos de alto custo de reparo na instalação, nas cadeias de produção, os quais podem ser piores se houver incêndio, já que o material expelido é altamente inflamável. O incêndio esperado é o jet fire ou também chamado de spray fire, que se caracteriza como uma dispersão de chamas, resultante da combustão liberada por algum ímpeto significante em instâncias offshore, e suas propriedades dependem da composição do combustível, da direção do vento e do ambiente em suas determinadas condições. 26 Esse cenário pode trazer consequências ainda mais graves, como o ferimento e, até mesmo, a morte de funcionários da empresa, a poluição ambiental e a danificação dos equipamentos inerentes ao processo. Portanto, torna-se necessário identificar a ocorrência de um Kick o mais rápido possível, possibilitando a tomada de medidas cabíveis o quanto antes. Os kicks podem ocorrer quando houver, segundo Mansano (2004): • Aumento no volume de lama dos tanques: Tal fator é resultante da invasão de fluido, proveniente da formação, no interior do tanque. Quando esse aumento é lento, fica difícil perceber a ocorrência desse importante indício, sendo assim, qualquer variação no volume do tanque merece total atenção; • Aumento da vazão de retorno: É um indícioprimário e ocorre quando o fluxo dos fluidos injetados é menor do que o fluxo de retorno deles; • Poço em fluxo com as bombas desligadas: Desligadas as bombas, a pressão no fundo do poço diminui, facilitando a entrada de fluidos de formação no poço. Se isso gerar um fluxo na lama dos tanques, se caracteriza como indício de kick; • Corte da lama por gás, água ou óleo: É possível verificar na superfície o fluido de perfuração sendo cortado por água, óleo ou gás, o que também pode ser decorrência da existência de um kick. Há uma série de indícios que alertam a equipe de perfuração para a presença de um kick ou um kick iminente. Nem todos os sinais são, necessariamente, observados em qualquer instância, mas alguns servem de alerta. A detecção de um kick pode ocorrer durante a perfuração, durante uma manobra ou em uma perda de circulação, segundo Costa e Lopez (2011): Durante a Perfuração pode ser percebido: a) Aumento do volume de lama nos tanques: Qualquer invasão de fluido da formação resulta em um aumento no nível de lama nos tanques, que normalmente é um sistema fechado de circulação. Quando o aumento é muito lento, esse indício fica difícil de ser detectado. Além disso, outros fatores podem mascarar a mudança no nível. Qualquer adição feita a esse fluido deve ser comunicada e acompanhada para a equipe de perfuração possa acompanhar corretamente o nível de lama nos tanques. b) Aumento da taxa de penetração: Um aumento brusco na taxa de penetração é geralmente causado por uma mudança no tipo de formação. Se uma litologia de maior perfurabilidade for alcançada, pode haver perda do equilíbrio de pressão, fazendo com que a pressão de poros fique maior do que a pressão no fundo do poço. É considerado 27 um indicador secundário de influxo, pois alterações na taxa de penetração podem ser obtidas por variações do peso sobre a broca, da rotação e da vazão. c) Aumento do fluxo no retorno: Esse é um indicador primário e pode ser observado quando a vazão de retorno é maior que a vazão de injeção. d) Aumento da velocidade da bomba e diminuição da pressão de bombeio: Inicialmente, a entrada do fluido invasor no poço pode causar floculação da lama e, temporariamente, um aumento da pressão de bombeio. Como a circulação é contínua esse efeito logo deixa de ser significativo. O fluido menos denso da formação torna a hidrostática do anular mais leve que a do interior da coluna e, como formam um tubo em "U", isso causa um desbalanceamento, aliviando o esforço da bomba. Outros problemas na perfuração também podem exibir esse indício como, por exemplo, um furo na coluna ou a queda de jatos da broca. e) Corte da lama por água: É possível verificar na superfície um corte do fluido de perfuração quer seja por gás, óleo ou água. Como já foi dito, o corte de gás é causado pelo gás contido nos cascalhos gerados, havendo expansão dele na superfície. Já o corte de água é verificado pela alteração na salinidade da lama e aumento do teor de cloretos. f) Fluxo com as bombas desligadas: Desligando-se as bombas, a pressão no fundo do poço decresce num valor correspondente às perdas de carga do anular. Isso facilita a entrada de fluidos da formação para o poço. Esse deslocamento de fluidos através da lama de perfuração será percebido e o contínuo deslocamento da lama pelo fluido da formação se refletirá no tanque. O poço fluindo com as bombas desligadas é um indicador primário de kick. O acompanhamento criterioso dos volumes de fluidos durante as manobras, ainda segundo Costa e Lopez (2011), é considerado uma forma valiosa de detectar um kick. Em caso de: a) Poço aceitando menos lama que o volume de aço retirado: Na retirada da coluna o poço deve aceitar o volume de lama correspondente ao de aço retirado. Deve haver um controle rigoroso dessa operação na superfície, o que é feito através de um tanque de manobra e preenchimento de planilhas. Caso o poço aceite menos lama, pode ser um sinal de que há fluido da formação invadindo o poço. b) Durante um pistoneio mecânico tal fato também se verifica, porém essa observação é uma causa de kick e não um indício. Mesmo assim, todas as providências devem ser 28 tomadas a fim de evitar que o kick realmente ocorra. O poço devolvendo mais lama que o volume de aço descido. c) Durante a descida da coluna ao fundo do poço: Quando a coluna é descida no poço, o fluido de perfuração flui em virtude do deslocamento da lama pela tubulação. Caso esteja ocorrendo um kick, o poço flui continuamente e não só no momento da descida da seção. As causas para esse indício podem ser: Pistoneio durante a retirada da coluna; Sobrepressão (surge pressure), isto é, pode-se ter induzido uma perda durante a descida da coluna, com a consequente diminuição do nível de lama no poço; e Poço abastecido incorretamente, provavelmente na retirada dos comandos. Nessas situações é necessário o monitoramento do volume na descida da ferramenta, através do tanque de manobra, para que as medidas de controle sejam tomadas. Costa e Lopez (2011) relatam ainda que pode ocorrer durante uma Perda de Circulação. Nesse caso, a recuperação do nível de lama no poço após sua queda pode ser um indício de kick. Por ter entrado um fluido mais leve no poço, a pressão hidrostática atuante sobre a formação pode não ser mais suficiente para que esta continue a absorver fluido. Assim, os fluidos invadem o poço e o nível é recuperado. Quando um Kick é identificado a ação é acionar o BOP para fechar e remover alguns fluídos, aumentando a densidade da lama para prevenir mais fluidos entrando. O controle do kick pode ser feito regulando a circulação do fluido invasor, para retirá-lo do poço, e trocando a lama de perfuração por uma lama de densidade correta, a qual possa conter a pressão da formação e então restabelecer o controle do poço (GOMES, ALVES, 2007). Há vários métodos específicos que são usados para tais objetivos. Alguns especialistas citam o uso o próprio fluido original para expulsar o fluido invasor, outros citam o uso de lama nova e ainda há aqueles que mudam gradualmente a densidade da lama, até que ela se torne adequada, mas todos são válidos na resolução e no restabelecimento do controle do poço. Caso os indícios acima citados não forem relatados e devidamente controlados, a probabilidade de acontecer um blowout se torna extremamente alta. Dessa maneira, aplica-se medidas mais severas com o objetivo de paralisar essa situação indesejável. Após a detecção do kick, o poço deverá ser fechado imediatamente, para que o volume do influxo indesejável seja o menor possível e o controle do poço seja retomado. As informações prévias da planilha devem sempre estar atualizadas, independente da ocorrência de kick ou não. O motivo é simplesmente devido as operações de circulação do kick e de amortecimento do poço dependerem das informações das antes e durante o kick. 29 O tempo que levaria para ir atrás das informações prévias somente após a ocorrência do kick poderia ser crucial para a perda total do controle do poço, e o que era kick torna-se blowout. Portanto, são sugeridos cálculos de volume de fluídos, capacidade de bombas e colunas , entre outros (FERNANDES N., 2015). Relatados os problemas que podem ocorrer, e a incidência de kicks e blowouts, denota- se a importância da existência de um sistema de segurança que detecte as ocorrências e assim determine agilidade na minimização de riscos ou até prevenção de sua ocorrência. Passa-se então a explicitar o sistema de segurança de uma sonda de perfuração. 3.3 Blowout Preventer (BOP) O sistema de segurança de poço é constituído, principalmente, pelo Blowout Preventer (BOP) de gavetas, que é composto por um conjunto de válvulas gavetas, e pelo BOP anular, composto por um material elastomérico destinado a selar o poço. Os BOPs são montados na cabeça do poço coma finalidade de evitar que ocorra o blowout (THOMAS, 2004). O BOP é o principal equipamento de segurança do poço de petróleo, uma vez que permite o fechamento deste em caso de descontrole, evitando a poluição ambiental e acidentes na plataforma. Esse equipamento só é acionado quando o controle primário já foi perdido (um kick já ocorreu) e precisam-se iniciar as medidas de controle secundárias para evitar um blowout (PEREIRA, MARINHO, 2013). Em casos de plataformas flutuantes móveis, a desconexão de emergência entre o riser e o poço, através do Low Marine Riser Package, permite que o BOP se afaste da plataforma sem haver ruptura das tubulações que a ligam ao poço (COSTA; LOPEZ, 2011). Figura 14:Equipamento BOP Fonte: Castilho, 2016 30 Lukin (2016) relata que em síntese existem três tipos principais de preventores no BOP destinados a fechar o poço: gavetas de corte, gavertas de tudo e anulares. Dependendo do elemento que se encontra dentro do BOP (por exemplo, coluna de perfuração) e da operação corrente, um desses preventores é acionado para fechar o poço. Além disso, alguns deles são redundantes propositalmente para garantir maior confiabilidade ao sistema. Para Castilho (2016) existem dois tipos: o Anular e o de Gavetas, sendo que BOP anular é um equipamento que permite fechar o poço diante da presença de uma coluna ou não, onde o fluido pressurizado é direcionado para a câmara de fechamento que empurra um pistão para cima forçando o elemento de vedação elastomérico contra a coluna. O BOP de gaveta funciona de forma similar a uma válvula gaveta convencional. Quando acionadas as duas gavetas são empurradas para o centro da válvula fechando e vedando o poço. O Anular pode fechar o poço em torno de qualquer diâmetro de coluna (sem que a coluna seja danificada) ou até mesmo no vazio. Este é o primeiro elemento a ser fechado quando um kick é detectado na perfuração (LUKIN, 2016). Iramina (2016) relata que o anular tem a função básica de fechar o espaço anular de um poço e consta de um pistão que ao ser deslocado dentro de um corpo cilíndrico, comprime um elemento de borracha que se ajusta contra a tubulação que esteja dentro de poço. O preventor anular atua em qualquer diâmetro de tubulação e pode até mesmo fechar um poço sem coluna, embora este procedimento cause dano ao elemento de borracha. Figura 15: BOP anular Fonte: Castilho, 2016 O preventor de gavetas tem a função de fechar o espaço anular do poço pela ação de dois pistões que ao serem acionados hidraulicamente deslocam duas gavetas, uma contra a outra, transversalmente ao eixo do poço (IRAMINA, 2016). 31 O BOP de gavetas é dividido em partes: tubo/vazada, que permite fechamento dos poço ao redor da coluna de diâmetro especifico, para o qual foi projetada; o cega, projetado para fechar e selar o poço quando não há ferramenta dentro do mesmo; e cega cesilhante, corta um tubo de perfuração e veda o poço (CASTILHO, 2016). Lukin (2016) cita os três tipos afirmando que: a gaveta de tubo somente pode fechar o poço em torno de uma faixa específica de diâmetro de coluna (gaveta de tubo variável) ou um diâmetro específico de coluna (gaveta tubo fixa); em caso de corte cega-cisalhante, pode fechar o poço em torno de qualquer diâmetro de coluna cisalhável (todavia cortando permanentemente a coluna) ou até mesmo o vazio. O primeiro caso geralmente ocorre quando a sonda perde a capacidade de se manter na posição desejada. E por fim a gaveta de revestimento, que é semelhante a gaveta de corte cisalhante, todavia não veda o poço, embora seja capaz de cortar revestimentos e colunas que uma cega-cisalhante não seria capaz de cortar. Figura 16: Gaveta de Tubos, Cega, Cisalhante e Cega-Cisalhante Fonte: Castilho, 2016 Os preventores devem responder imediatamente após o acionamento. Para isto deve haver um volume de fluido hidráulico, armazenado sob pressão, suficiente para fechar/abrir todas as gavetas do BOP. Este volume de fluido fica armazenado na Unidade Acumuladora/Acionadora do sistema, composta por uma bateria de acumuladores, válvulas, bombas (elétricas e pneumática), manômetro e tubulações de alta e baixa pressões. Nos acumuladores, separados por uma membrana de borracha, há gás (N2 ) e fluido hidráulico. O fluido é bombeado para dentro dos acumuladores aumentando a energia de pressão do gás. Ao acionar algum elemento do BOP, a energia é liberada e o fluido é impulsionado para a câmara de abrir ou fechar do preventor (IRAMINA, 2016). 32 3.3.1 Dimensionamento do BOP O BOP é geralmente fabricado em ranges de 5.000 psi, 10.000 psi e 15.000 psi e seu dimensionamento permite escolher o equipamento que atenda às normas de segurança e tenha o menor custo possível, evitando desperdícios. De acordo com Ohara (2008), é necessário calcular a pressão na cabeça de poço que será suportada pelo BOP, PBOP, através da fórmula: onde Pp,max é a pressão hidrostática máxima considerando pressão de de poros máxima obtida na região mais profunda do poço e Ph,gas é a pressão hidrostática do gás em psi. A pressão do gás pode ser calculada pela fórmula abaixo: onde ρgas é a massa específica do gás em lb/gal e h é a distância entre o fundo do poço e o BOP em m. Já para o cálculo da pressão de poros, pode-se utilizar o gradiente de pressão na profundidade máxima do poço. O gradiente de pressão é a pressão devida a uma coluna de fluido por uma unidade de comprimento. Dessa forma, a pressão de poros máxima será dada pela fórmula: onde Gp,max é o gradiente da pressão de poros na região mais profunda do poço em lb/gal. Com os valores da Pp,max e da Ph,gas pode-se calcular o valor da PBOP que exprime a pressão máxima que o BOP deve suportar. Tendo-se adquirido informações a respeito das sondas de perfurações e mais profundamente sobre o seu sistema de segurança, passa-se a analisar caso real de manutenção para exemplificação de prevenção de ocorrências de kick e blowout. 33 4 ESTUDO DE CASO A exploração offshore apresenta altos desafios tecnológicos demandando um alto grau de conhecimento e competência dos profissionais da indústria. Operar em mar aberto, geralmente distante da costa e em altas profundidades fazem com que as empresas necessitem enfrentar problemas que estas não teriam que se preocupar na exploração terrestre. Toda essa complexidade da exploração offshore causa um grande aumento dos custos envolvidos, podendo custar centenas de milhares de dólares por dia. Figura 17: Tipos de plataformas Fonte: Keller, 2016. É provável que o desempenho mecânico de equipamentos se deteriore com o uso em razão do desgaste, corrosão, erosão, vibrações, contaminações e fraturas, que podem levar a falhas. Tais falhas podem ser cruciais na ocorrência ou não de um blowout. Logo, deve haver a entrada de um importante departamento nesse processo, o de engenharia de manutenção, sendo que esse departamento fica responsável por um serviço que auxilia para o objetivo de produção ser alcançado de forma completamente segura. A responsabilidade da engenharia de manutenção era tradicionalmente de reparar os itens ao apresentarem alguma anormalidade. Hoje, a situação mudou e ela desempenha um 34 papel preventivo, influenciando, por exemplo, no meio como o projeto de um poço deve ser elaborado. Esta manutenção fará uma análise estatística de falha de equipamentos mostrando tendências características ao longo do tempo. A criticidade de tais falhas se relaciona com o papel determinante que equipamentos como o BOP têm na hipótese de um blowout. A engenharia de manutenção determina, portanto, que sempre haja equipamentos extras nesse aspecto, sendo este o motivo da instalação de certas quantidades de BOP's num poço, já que a falha de um não comprometeria por completo a segurança da instalaçãoe de seus respectivos funcionários. A empresa IB-NDT, relata em seu portal que as análises de engenharia podem envolver Fitness for service, que efetua a avalição das condições operacionais e possibilidades de recondicionamento dos componentes; análise de falhas, que trabalha para a condição de quebra zero e pretende trazer maior confiabilidade e disponibilidade para os ativos; análise de tensão, que utiliza os cálculos apresentados para avaliar sua integridade; análise de flexibilidade e memória de cálculo dos componentes, que calcula flexibilidade, transmissões de esforços, vibrações e condições de serviço das tubulações, vasos de pressão, trocador de calor e tanques de armazenamento, estruturas estáticas e dinâmicas, também de acordo com as fórmulas já apresentadas; e a análise modal, que aplica conceitos de análise dinâmica em elementos estruturais, de vida útil a fadiga e medidas para eliminar e minimizar os problemas vibratórios (IB-NDT, 2019). Para uma inspeção adequada, portanto, pode-se afirmar que a sonda tem seus diversos equipamentos como descritos, e a inspeção, manutenção, e, se necessária, reposição são efetuadas conforme a durabilidade de cada peça e seus componentes. Dentro deste contexto, teve-se a oportunidade de conversar informalmente com funcionário terceirizado de uma empresa de manutenção de sondas de perfuração, responsável pela manutenção de NDT (Non-Destructive Testing) em sondas instaladas na bacia de Santos – SP e na bacia de Aracaju - SE. Este funcionário explica que as equipes são seccionadas, sendo cada uma responsável por determinados componentes da sonda. Relata igualmente que existem inspeções programadas e emergenciais, sendo que as primeiras são agendadas com antecedência na periodicidade determinada pela validade de cada componente e baseada na inspeção anterior. Ou seja, cada peça tem sua durabilidade determinada pelo fabricante, e conforme a condição descrita na inspeção anterior, pode ser efetuada num prazo maior ou menor. Considera também os sinais descritos no item 3.2 deste estudo, que servem de gatilhos para inspeções emergenciais, para localização de possíveis problemas imediatos. Afirma que as 35 inspeções são realizadas, normalmente quando se muda de um poço para outro e quando o BOP vem para a superfície. As equipes responsáveis ficam monitorando o poço o tempo todo, e quando percebem que está perdendo muita lama, fazem ajustes. O funcionário terceirizado descreve a manutenção como sendo um processo muito trabalhoso e bastante meticuloso, que pode durar cerca de um mês embarcado na plataforma marítima. Em plataformas terrestres o processo é mais tranquilo. Relata que o grande problema encontrado é a perda da pressão heliodinâmica, pois sendo uma plataforma flutuante, fica a mercê das marés e da ação do vento, podendo causar a perda do poço por perda do posicionamento dinâmico. O Riser está travado e o que mexe é um grande amortecedor fazendo com que a plataforma oscile e se movimente. Também é dificultado pelas dimensões do equipamento, pois um BOP pode ter dimensões gigantescas, podendo conter de 500 a 600 parafusos, e dependendo do modelo podem ser encaixes exatos. Antes do equipamento ser submerso novamente passa por testes de pressão e muitas vezes pode uma gaveta quebrar ou acusar perda de pressão, fazendo com que o processo de inspeção necessite ser reiniciado. Este funcionário corrobora as informações apresentadas pelos autores, afirmando que na prática os funcionários fazem o controle e monitoramento da lama pelo BOP e que as marcas mais utilizadas atualmente são GE, NOV, Carrier e menos comentadas as Intersolution. Relata ainda que as sondas submersas podem chegar a 7 km de extensão, com capacidade de aguentar até 35 mil psi. Para se entender comparativamente, um carro de Formula 1, utiliza 72 psi para seu funcionamente, demonstrando a grandiosidade da pressão utilizada por uma sonda. Igualmente, chama atenção para a utilização de lama sintética. Isto ocorre pois é necessário utilizar-se um peso específico de lama que perde a densidade conforme vai circulando e sendo injetada. Nas fotos abaixo, demonstra-se justamente a corrosão/ oxidação que ocorre no cotidiano de uso da sonda, mostrando o momento de inspeção de acordo com a condição apresentada é recondicionada ou substituída, após avaliação. Esta inspeção trata-se especificamente de um BOP da NOV National Oill Varco - inspeção de NDT utilizando exame de líquido penetrante visível a luz normal. 36 Figuras 18, 19, 20: Componentes do BOP em inspeção pela equipe de engenharia Fonte: acervo pessoal do entrevistado, 2018. O funcionário confirma que a manutenção dos componentes é cobrada pela ANP e pela própria empresa responsável, no caso específico descrito a Petrobrás e que é utilizada uma sistemática de controle da informação e documento da Segurança operacional que considera: desenvolvimento, tipo de informação, atualização, distribuição, responsabilidades, controle e integridade. A inspeção é documentada por fotografias de cada setor inspecionado como determinado pela Regulamento Técnico da ANP: O Operador da Instalação deverá implementar planos de manutenção para os equipamentos, tubulações e acessórios, que considere: 16.3.1 Manutenção Corretiva, Preventiva ou Preditiva; [..] 16.3.11 Relatórios de identificação e análise de riscos. (ANP, 2015, p.35). A atuação da ANP nas questões de segurança operacional busca a prevenção e melhoria contínua trazendo a responsabilidade pela manutenção da segurança nas operações das suas instalações. Pretende assim que as plataformas sejam avaliadas preventivamente quanto a seus riscos e favorecer o aprimoramento rotineiro da gestão de risco realizada pelas empresas. Portanto, a redução dos riscos nas atividades da indústria do petróleo e gás natural, baseada na gestão eficaz da segurança operacional, é tratada pela Agência como prioridade absoluta, oportunizando melhores resultados à segurança de instalações e operações, à vida humana e ao meio ambiente. Entende-se, então, que para tal requer fiscalização constante e um corpo técnico altamente qualificado, gerando um ambiente capaz de promover a melhoria contínua da regulação da segurança operacional. 37 Falando-se do sistema BOP, viu-se que é um equipamento voltado para a segurança da sonda de perfuração e que necessitará de inspeção preventiva por ser parte essencial na manutenção da integridade do poço, do meio ambiente e dos funcionários envolvidos. Assim, obteve-se junto ao funcionário terceirizado entrevistado, dois relatórios de manutenção preventiva realizada em dois diferentes locais do país e com diferentes modelos de sondas, as quais demonstram como é efetuada a manutenção do sistema BOP. Figura 21: Inspeção de Sonda NDT PT- SEal Carrier. Fonte: acervo pessoal do entrevistado, 2019. 38 Figura 22: Inspeção de Sonda NDT MT Ram Block. Fonte: acervo pessoal do entrevistado, 2019. Ambos os relatórios são acompanhados de um cabeçalho com as principais informações e o relatório da inspeção. Notou-se que seguem o que é determinado pela ANP e é fornecido pela empresa que está encarregada do mesmo: 39 Figura 23: Cabeçalho do relatório de inspeção Fonte: acervo pessoal do entrevistado, 2019. Infelizmente não foi possível uma visitação a uma plataforma para visualização in loco ou acesso a cálculos reais de volume de lama ou pressão do poço, pois o acesso é restrito a funcionários em ação. Porém ficou claro na conversa informal/entrevista com o funcionário terceirizado em questão, a importância do conhecimento adquirido. Apesar do equipamento BOP fornecer a maior parte dos índices necessários ao controle de pressão, volume de lama, entre outros, é necessário ao engenheiro reconhecer causas de kick e possibilidadesde blowout para prevenir e/ou ter agilidade em solucionar problemas. Chama-se atenção a dois fatos percebidos na realização deste estudo. O primeiro é a importância da prevenção para a minimização de acidentes e incidentes, pois nota-se que estes acontecem em menor escala e que nenhuma grande ocorrência foi registrada após a criação do BOP. O segundo fato, é que o equipamento em sua grande maioria é analógico, o que chama atenção em uma era totalmente digitalizada. Não se teve contato com fabricantes dos equipamentos, apesar da tentativa, entretanto, verifica-se com o pessoal embarcado em plataformas que existem estudos contínuos para melhoria dos equipamentos e implementação de novas tecnologias. 40 5 CONCLUSÕES Ao longo deste estudo se pode conhecer mais profundamente o funcionamento das sondas de perfuração de gás e petróleo, ficando claro que são sete sistemas que juntos as compõem. Os modelos podem variar conforme o fabricante e podem ser terrestres(onshore) ou marítimas(offshore). Foi demonstrada a importância do sistema de segurança neste processo, foco deste estudo, pois o mesmo determina que a plataforma, o meio ambiente e, principalmente, os colaboradores, que trabalham na perfuração e posterior extração de petróleo, estejam seguros, evitando e minimizando riscos. A falha deste equipamento pode levar a efeitos catastróficas. O BOP, Blowout Prevent, é o principal equipamento de segurança do poço de petróleo, uma vez que permite o fechamento deste em caso de descontrole. Esse equipamento só é acionado quando o controle primário já foi perdido (um kick já ocorreu) e precisa-se iniciar as medidas de controle secundárias para evitar um blowout. Está voltado, como seu próprio nome diz, para a prevenção da ocorrência de acidentes e incidentes e seu mecanismo de ação pretende através do bloqueio do poço e controle de volume e da pressão manter estável para que seu funcionamento seja adequado. Respondendo aos objetivos, demonstrou-se o protocolo de manutenção preventiva do BOP, e apesar da pouca amostragem, pode-se verificar que as empresas seguem as diretrizes determinadas pela ANP, chamando a atenção para as fotografias de cada componente inspecionado. Verificou-se, por fim, que o processo de manutenção de um BOP é extremamente meticuloso e trabalhoso, podendo e devendo ser reiniciado quantas vezes for necessário, para garantir a segurança de todos os envolvidos. Notou-se a necessidade de maiores investimentos em tecnologia de ponta para inclusão dos equipamentos na era digital. Acredita-se que estudos estejam sendo feitos, entretanto não foi encontrado material de divulgação, nem foi confirmado pelos fabricantes. As orientações quanto a segurança devem ser seguidas de forma precisa e cuidadosa. O investimento em treinamento de pessoal e equipamentos mais modernos pode minimizar as perdas de vidas, prejuízos econômicos e impactos ambientais negativos para as empresas que atuam na indústria do petróleo mundial. Finaliza-se dizendo que o estudo demonstra a importância dos conhecimentos adquiridos para o engenheiro atuante na área petrolífera, e para acadêmicos que pretendem atuar nela, e que o aprofundamento na temática dá a oportunidade de inserção neste nicho seleto do mercado atual. 41 REFERENCIAS ABÍLIO, M.; ESTEVÃO, P.; DROGUETT, E. L. Análise Quantitativa de Risco: Aplicação em uma Unidade de Hidrocraqueamento Cataítico de uma Refinaria de Petróleo. Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 2010. ALMEIDA, J., Introdução à indústria do petróleo, FURG-CTI, Rio Grande, 2006. AMIR-HEIDARI, P.; FARAHANI, H.; EBRAHEMZADIH, M. Risk assessment of oil and gas well drilling activities in Iran - a case study: human factors. International journal of occupational safety and ergonomics : JOSE, Taylor and Francis Ltd., v. 21, n. 3, p. 276–83, 1 2015. ANP, Agência Nacional De Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. 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