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Seminário de casa I

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO 
EM DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
Módulo Tributo e Segurança Jurídica 
 
 
 
 
DANILA VIALRONGA RIOS MAIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2020 
 
 
 
TRABALHO DE PÓS-GRADUAÇÃO 
 
SEMINÁRIO DE CASA 
 
SEMINÁRIO I – DIREITO TRIBUTÁRIO E O CONCEITO DE “TRIBUTO” 
 
Questões 
 
 
1. Que é Direito? Há diferença entre direito positivo e Ciência do Direito? 
Explique. 
 
Direito é o conjunto de normas que regula a vida em sociedade, diante das imposições 
legais que limita a ação de cada indivíduo. 
 
A ciência do direito tem como objeto o estudo do direito positivo, que tem as normas 
jurídicas em sentido amplo como seu protagonista. 
 
A ciência do direito cuida das relações interpessoais da sociedade, na tentativa de 
entender seu funcionamento e com isso subsidiar o direito positivo no cumprimento do 
seu papel, qual seja, promover as normas, tornando viável o objetivo da ciência do 
direito, através da criação d conjuntos de leis, ou melhor, das normas jurídicas. 
 
2. Que é tributo (vide anexo I)? 
 
Preliminarmente, é importante destacar o artigo 3º do CTN, por ser este um ponto de 
partida para qualquer análise, seja através do ponto de vista de um doutrinador, ou de 
uma obra pronta, ou ainda para construção do entendimento de quem escreve o 
conceito partindo de suas próprias percepção, sendo, para tanto, o grande objetivo do 
estudo. 
 
 
 
 
Pois bem. O artigo 3º do CTN traz o seguinte conceito, tributo “é toda prestação 
pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não 
constitua sanção por ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade 
administrativa plenamente vinculada”. 
 
Importante elaborar a análise de forma didática, com objetivo de entender e interpretar 
o sentindo de cada quesito trazido pelo artigo exposto. Isto porque, entender o conceito 
de tributo será um dos pilares mais importante para toda a matéria, afirmação, 
inclusive, que coaduna com as palavras do professor Tácio Lacerda Gama, em seu 
vídeo disponibilizado na plataforma cuboz, como “aula 1 pílula Tácio Lacerda gama”, 
uma vez que os questionamentos e as análises sobre atos imposto pelo estado, serão 
verificados a partir do entendimento profundo do conceito de tributo. 
 
Diante disso, a primeira análise a ser feita diz respeito ao primeiro quesito, qual seja, 
“tributo é toda prestação pecuniária compulsória”, em moeda ou cujo valor nela se 
possa exprimir”. Sendo assim, a prestação pecuniária se traduz na obrigação que tem 
o contribuinte em pagar ao estado um valor em dinheiro e por isto pecúnia. Todavia, é 
possível também que este pagamento, em que pese não ser tão utilizado, e 
particularmente eu nunca soube de casos concretos que utilizaram essas outras 
formas, seja feito através de cheque ou vale postal, conforme preceitua o artigo 162, 
inciso I. 
 
Importante destacar que quando utilizado o pagamento em cheque, o tributo somente 
será considerado pago quando houver a devida compensação do cheque. 
 
Ainda sobre o primeiro quesito, importante trazer o entendimento da compulsoriedade 
partindo do conceito das palavras do Professor Paulo de Barros encontrados na leitura 
do livro Curso de Direito Tributário, em sua 16ª edição, que diz, “prestação pecuniária 
compulsória quer dizer o comportamento obrigatório de uma prestação em dinheiro, 
afastando-se, de plano, qualquer cogitação inerente às prestações voluntárias”, ou 
seja, o contribuinte paga de forma obrigatória imputada através de lei, o que tira a 
 
 
 
autonomia do contribuinte em decidir sobre sua ação em relação ao pagamento ou 
não, ou seja, não será subjetivo a vontade de entregar dinheiro ao estado, pelo 
contrário, ele é obrigado a fazer. 
 
E para entender toda a leitura do primeiro quesito, chamar atenção para a última 
expressão será importante para compreensão em sua leitura conjunta, qual seja, “em 
moeda ou cujo valor nela se possa exprimir”, melhor dizendo, não é permitido qualquer 
espécie de per multa ou contra prestação por parte do contribuinte, ou ainda 
pagamento in natura, uma vez cobrado o tributo, este somente deverá ser pago em 
dinheiro ou em cheque, com a exceção aos casos de dação em pagamento que se 
traduz na entrega de bens imóveis, instituída pela lei Complementar 118/05. 
 
Isto posto, o primeiro requisito do conceito de tributo pode ser dito, em outras palavras, 
como o dever que tem o contribuinte em pagar dinheiro ao estado, sem permissão de 
substituir este pagamento por outra que não seja a própria moeda. 
 
Outro requisito trazido pelo artigo diz respeito a não constituição do tributo em sanção 
ou ato ilícito e sobre esse tópico será importante o artigo 4º também do CTN, para 
explicar que o que determinada o tributo é o fato gerador, o que não se confunde com 
conduta ilícita. A rigor o tributo irá incidir sobre o resultado da conduta, caso essa 
conduta gere riqueza, assim explica o doutrinador Luís Eduardo Schoueri “Ocorre que 
esta conduta poderá implicar um efeito econômico e este (não a conduta que lhe deu 
origem) será alcançado pela lei tributária.” 
 
 Ademais, não pode ter o tributo caráter sancionatório, ou seja, ser o fato gerador uma 
sanção para a base de cálculo do tributo. Dentro desse tema, importante discorrer 
sobre a multa, que também é prestação pecuniária compulsória, no entanto não é a 
sanção pontuada no CTN. 
 
Em verdade, a multa é uma penalidade decorrente da falta de pagamento do tributo e 
não o próprio tributo, vejamos o exemplo do ISS, o fator gerador que imputa ao 
 
 
 
contribuinte o pagamento do ISS é a prestação de serviço, caso o contribuinte não 
pague, este será penalizado com uma multa, que passa ser pecuniária e compulsória, 
em função do inadimplemento, ou seja, o que ensejou a cobrança da multa não foi a 
prestação do serviço, pois se assim fosse, não seria possível justamente em função 
da redação do artigo 3º do CTN. 
 
Por fim, o último requisito do artigo, que diz ser a prestação pecuniária instituída por 
lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada, deve ser 
observado o que preceitua também a constituição Federação no artigo 150, I, bem 
como o Código Tributário Nacional no artigo 97, que coopera com a redação trazida 
pelo artigo em comento, de modo a estabelecer que somente a lei poderá, dentre 
outras atribuições, instituir tributo, ou seja, não pode o estado criar tributo sem que 
seja através de lei, o que serve como base legal também para conceituar o princípio 
da legalidade. 
 
Aliás, a imposição do tributo não é imposta pelo estado e sim pela lei, pontuação 
importante trazida pelo doutrinador Luís Eduardo Schoueri em sua obra Direito 
tributário, 9ª edição, pagina 283, pois é através da lei que surge a compulsoriedade 
em pagar o tributo e não através do estado, que serve apenas para exercer a função 
de cobrar, e por isso independe de quem esteja exercendo a função, conforme dito 
pelo professor mencionado, (...) independentemente de quem momentaneamente 
exerça tal função(...). 
 Com algumas exceções, é possível instituir tributos através de Medida Provisória, 
como é o caso dos tributos extrafiscais que servem para regular o mercado. 
 
Ademais e por derradeiro, temos o tributo deve ser cobrado mediante atividade 
administrativa plenamente vinculada, ou seja, o interprete da lei dever, de forma 
indistinta, aplicar o quanto determinado legalmente, não podendo usar a conveniência 
e oportunidade como pilares de sua análise. 
 
Dessa forma, o responsável pela administração do tributo jamais terá a liberdade de 
 
 
 
agir de acordo com concepções legais, em função do caráter vinculante atribuindo a 
atividade administrativa. Sendo assim, dispõe o artigo 142 do CTN sobre uma das 
atividades privativa da autoridade administrativa, qual seja, o lançamento, que é o 
procedimento administrativode apuração obrigatória. 
 
Diante de tudo quanto exposto é possível definir tributo com sendo uma atribuição 
obrigatória, que imputa ao contribuinte o pagamento em dinheiro, devendo ser 
instituído somente através de lei, com exceção aos tributos extrafiscais, por seu caráter 
regulador de mercado e, portanto, podem ser instituídos através de MPs, não podendo 
ter caráter sancionatório e devendo ser cobrado com observância da vinculação a 
atividade administrativa, que consiste na aplicação do princípio da isonomia, não 
permitindo análise pessoal do interprete da lei para aplicação legal., para sua 
cobrança, 
 
Com base na sua definição de tributo, quais dessas hipóteses são consideradas 
tributos? Fundamente sua resposta: 
 
(i) valor cobrado pela União a título de ressarcimento de despesas com selos 
de controle de IPI fabricado pela Casa da Moeda (anexo II); 
 
Considerando que tributo pode ser vinculado ou não, vale dizer, é possível 
instituir tributo com destinação especifica de sua receita, a cobrança para o 
ressarcimento de despesas em função da fiscalização de controle de IPI, tem 
caráter de obrigação tributária acessória, e, portanto, pode ser considerado 
tributo e como exemplo, é possível citar os emolumentos, que são taxas, e, por 
sua vez tributos, para o ressarcimento de serviços públicos. 
 
(ii) contribuição sindical (considerar as alterações da lei 13.467/17) (anexo 
III); 
 
Até o advento da Lei 13.467/17, a contribuição sindical era obrigação imposta 
 
 
 
ao trabalhador, o que no meu ponto de vista feria completamente o direito de 
liberdade de associação que dispõe a Carta Magna. 
 
Importante ressalta, que os sindicatos de classe são instituições privadas, que 
não sofre fiscalização do estado e a contribuição por eles (sindicatos) cobradas, 
além do pagamento não imputar ao estado uma atividade administrativa 
plenamente vinculada, até porque não tem qualquer gerência sobre a receita 
advinda deste pagamento, a cobrança, o meio e a forma de regulamentação 
não necessita de lei complementar. 
 
Em 2017, quando a lei 13.467 entrou em vigor, foi retirado o caráter compulsório 
da cobrança, ou seja, tornou livre o trabalhador para escolher se de fato deveria 
ou não se associar aquela determinada entidade. A repercussão será a 
propositura da ação direta de inconstitucionalidade 5794, que discutiu acerca 
da constitucionalidade da exclusão obrigatória do pagamento a título de 
contribuição. 
 
Neste particular, restou decido pela constitucionalidade da exclusão, pois se 
quis buscar a diminuição da disseminação exacerbada nas criações de diversos 
sindicatos, que ao final não prestam o serviço que se designa quando de seu 
nascimento. 
 
Decisão bastante acertada, no meu ponto de vista, pois a compulsoriedade 
imposta ao trabalhador retirava, por completo, o direito de decisão quanto a 
filiação, pois o simples fato de estar o trabalhador trabalhando, já estava 
obrigado ao pagamento. 
 
Dessa forma, diante de tudo quanto exposto, considerando não conter a 
contribuição sindical nenhuma característica de tributo, não é tal contribuição 
hipótese de tributo. 
 
 
 
 
(iii) tributo instituído por meio de decreto (inconstitucional – vide anexo IV); 
 
Segundo o artigo 3º do CTN, o tributo somente deve ser cobrado mediante lei, o 
que coaduna com o dispoto no artigo 150 da CF que veda qualquer outra forma 
de exigir ou aumentar tributo que não seja, da mesma forma, através de lei. 
Dessa forma, quando se tratar de instituir ou aumnetar tributo, outra forma tornará 
a midade legal, se não estiver sido imporsta através de uma norma jurídica. No 
entanto, como toda regra, nessas considerações é importante resslatar a execção 
atribuida aos tributos considerados extrafiscais, por seu carater regulador de 
mercado, qual seja, a possibilidade de ser um tributo instituido e/ou aumentado 
através da Medida Provisória. 
Diante disso, considerando que os decretos são atos adminstrativos, que servem 
para regulamentar e/ou promover a execução de leis, seus atributos, bem como a 
propria constituição retira a possibilidade em exigir ou aumentar tributos através 
dos decretos. 
 
(iv) o tributo inserido na base de cálculo de outro tributo. 
 
O tributo como prestação pecuniária tem sua base de cálculo resultante do 
montante apurado a partir da descrição do fato gerador, a exemplo do Imposto de 
Renda, que resulta da aferição de renda e seu montante de base de cálculo, de 
forma sintética, será a renda obtida pelo contribuinte. 
 
Neste particular, inserir um tributo na base de cálculo de outro tributo é imputar ao 
contribuinte o pagamento dúplice de tributo, ou seja, o mesmo montante a pagar 
sendo tributado duas vezes, vejamos como exemplo a situação do ISS, que tem 
como fato gerador a prestação de serviço e sua base de cálculo é o valor cobrado 
pelo serviço, todavia quando a empresa apura seu faturamento também está 
obrigada a pagar o imposto da COFINS, imposto que incide sobre o faturamento. 
Ocorre que o faturamento bruto inclui o que foi pago a título de ISS, ou seja, a 
mesma base de cálculo está sendo utilizada para apuração do mesmo tributo. 
 
 
 
De acordo o artigo 154, inciso I permitiu que a União pudesse criar ou aumentar 
impostos concorrente que desde não fossem acumulativos e que não tivesse como 
base de cálculo o mesmo objeto de outros tributos. 
Neste particular, o STF já entendeu a inconstitucionalidade da inserção de um 
tributo na base de cálculo de outro tributo, permitindo sua exclusão. Ocorre que, 
em razão dessa decisão a demanda de questões tributárias, especialmente no 
Supremo, aumentou de forma considerada. 
 
Por fim, considerando os conceitos de cada instituto, entendo ser inconstitucional 
a inserção de um tributo na base de cálculo de outro, uma vez que utiliza o mesmo 
montante para apuração do valor a ser liquidado. 
 
 
3. Que é norma jurídica? E norma jurídica completa? Há que se falar em norma 
jurídica sem sanção? Justifique. 
 
Importante introduzir a resposta de toda a questão pontuando a necessidade que 
o homem tem de viver em sociedade, bem como de se relacionar com todos que 
ali habitam, e, para tanto, sucede a carência da regulamentação desta conexão, o 
que consequentemente surge a necessidade da inserção de normas, dentre elas, 
as jurídicas, com objetivo em ordena a referida convivência social. 
 
Segundo Evanna Soares, que citou Hans Kelsen, em referência do tema em seu 
artigo “A norma jurídica em Kelsen. Concepção de sanção na norma primária e na 
norma secundária” 1, as normas: 
 
“fundamenta-se na distinção entre o sein (ser) e o sollen 
(dever), ou, seja, na existência do mundo físico, sujeito às leis 
 
1 https://jus.com.br/artigos/3269/a-norma-juridica-em-
kelsen#:~:text=A%20teoria%20da%20norma%20jur%C3%ADdica,podem%20ser%20traduzidas%20em%20normas
. 
https://jus.com.br/artigos/3269/a-norma-juridica-em-kelsen#:~:text=A%20teoria%20da%20norma%20jur%C3%ADdica,podem%20ser%20traduzidas%20em%20normas.
https://jus.com.br/artigos/3269/a-norma-juridica-em-kelsen#:~:text=A%20teoria%20da%20norma%20jur%C3%ADdica,podem%20ser%20traduzidas%20em%20normas.
https://jus.com.br/artigos/3269/a-norma-juridica-em-kelsen#:~:text=A%20teoria%20da%20norma%20jur%C3%ADdica,podem%20ser%20traduzidas%20em%20normas.
 
 
 
da causalidade, e do mundo social, sujeito às leis do espírito, 
as quais, sendo leis de fins, podem ser traduzidas em normas.” 
 
Diante disso, é relevante considerar as características das normas jurídicas, antes 
mesmo de defini-las, pois, será a partir de suas características, que o conceito 
poderá ser facilmente entendido. 
 
A primeira característica inerente a norma jurídica diz respeito a bilateralidade, ou 
seja, a norma jurídica objetiva regulamentar uma relação entre, no mínimo, duas 
pessoas, estabelecendo regras de condutas, impondo obrigação e direito. 
 
A normajurídica também possui como característica a abstração da norma, que é 
observada a partir do objetivo da norma, que consiste em prever situações futuras. 
Em virtude da celeridade em que a sociedade se transforma, a norma jurídica se 
torna incapaz de prever casos concretos e por isso a abstração como 
características. 
 
A generalidade como outra característica tem a finalidade de abranger toda 
sociedade, ou seja, não é personalíssima, muito menos deve ser criada para uma 
determinada pessoa, pois se assim fosse contrariaria o disposto no artigo 5º da 
Constituição, que prevê igualdade para todos. 
 
E para encerrar as pontuações sobre as caracteriticas da nomra jurídica, estão as 
duas derradeiras caracetristicas, que estão intimamentes ligadas em função do 
seu objetivo, de modo que uma fazer nascer a outra, são elas: a imperatividade e 
a coercibilidade, de modo que a primeira diz respeito ao cumprimento da norma, 
em outros termos, não se trata de mera declaração de conduta, mas sim de 
imposição ao comportamento diante de determinada situção, enquanto que a 
segunda diz respeito a obrigação em cumpri-la, sobre pena de sansão, isto é, caso 
não seja a norma jurídica cumprida, o estado poderá obriaga-lo a fazer sob 
punição. 
 
 
 
 
Isto posto, a norma juríca pode ser conceituada como um conjunto de regras 
imperativas e obrigacionais, imposta a sociedade, com obejtivo de regulametar 
suas relações. 
 
Nesta perspectiva, já em resposta ao segundo questionamento e para 
entendimento mais amplo sobre a matéria, as normas jurídicas são divididas em 
primária e secudária, de modo que a sua composição é chamada de norma jurídica 
completa. Destaca, que essa conexão entre as normas torna uma dependente da 
outra. 
 
A norma primária é a vinculação de um fato, que pode ser natural ou social, a 
imperatividade da lei, melhor dizendo, é conversão de um fenômeno ocorrido na 
sociedade em norma jurídica. Já a norma secudária é a obrigação imposta a 
sociedade, ao cumprimento da norma primária. 
 
Diante desses conceitos uma grande parte da doutrina afirmar existir norma sem 
sanção, uma vez que algumas normas visam apenas orientar, não 
necessariamente depender de uma norma secundária para sua existência. 
 
Diante dos estudos realizados, é possível afirma que não existe norma sem 
sanção, o que faria o mesmo sentido dizer que não é possível existe uma norma 
primária (imperativa), sem uma norma secundária (coercitiva), pois se assim 
ocorrer não haveria que se falar em norma jurídica completa, dada todas as 
características inerentes atribuidas a ela (a norma), perdendo assim sua 
juridicidade. 
 
4. Há diferença entre documento normativo, enunciado prescritivo, proposição e 
norma jurídica? Explique estabelecendo a diferença entre o conceito de norma 
em sentido amplo e norma em sentido estrito. 
 
 
 
 
Segundo os ensinamentos do professor Paulo de Barros Carvalho, não existe direito 
sem linguagem, de modo que tudo deve ser significado, a fim de alcançar o 
entendimento através do construtivismo lógico-semântico, que consiste em transmitir 
firmeza na mensagem repassada, sem perder o conteúdo e a fidelidade nas 
enunciações. 
 
Com as premissas acima estabelecidas, será importante entender, de forma separada 
o que seria cada um dos enunciados da questão, vejamos: 
 
Os documentos normativos são suporte fático para os enunciados prescritivos, em 
sentido estrito, ou seja, considerando que documento é a declaração escrita que 
reconhece oficialmente um fato, é possível afirmar os normativos possibilita a 
existência física da norma jurídica. Por sua vez, os enunciados prescritivos 
representam o registro da norma, transportando seus significados através da 
linguagem, melhor dizendo, os enunciados são as escritas necessárias para que o 
documento seja interpretado. 
 
Já as preposições são propostas evidenciadas pelos enunciados, de modo que 
quando estiverem tais enunciados prescrevendo condutas, estaremos diante de norma 
jurídica. 
 
Ademais, conclui-se que todas são normas. Todavia, considerando que a norma em 
sentido estrito somente poderá ser emana por ato do poder legislativo, considerando 
ainda que a norma em sentido amplo representa a manifestação escrita, ainda que 
não seja emanada do poder público, em que pese todas serem normas, os 
documentos normativos, as proposições e norma jurídica são normas em 
sentido estrito, ao passo que os enunciados prescritivos, são norma em sentido 
amplo. 
 
 
 
 
 
 
5. Com base em sua resposta dada na questão 2, responda: 
 
a) O desconto de IPVA concedido para contribuintes que não incorreram em 
infrações de trânsito é uma utilização do tributo como “sanção de ato ilícito”? 
 
O objetivo do estado em cobrar tributo não pode ser sancionatório, conforme prevê 
o artigo 3º do CTN, além disso, a instituição de tributo serve para que o contribuinte 
possa assistir o estado em sua manutenção, além disso, o que gera o crédito 
tributário não é a conduta de não infringir as regras de trânsito, em verdade, o fato 
gerador, que faz nascer o deve de pagar tributo, é ser o contribuinte proprietário de 
um veículo automotor. Portanto, respondendo a questão, O desconto concedido não 
é a utilização do tributo como sanção de ato ilícito. 
 
 
b) E a progressividade do IPTU e do ITR em razão da função social da 
propriedade? Responda fundamentadamente e considere para sua resposta 
as seguintes afirmações do autor Fernando Favacho: 
 
“a definição conotativa do art. 3º do CTN conflita com a definição denotativa 
do art. 182 da CF. Em suma, a Constituição traz um tributo (IPTU sancionatório 
progressivo) que, para o CTN, não é tributo”2 e “o IPTU sancionatório 
progressivo é tributo, a par do mandamento do CTN”3. 
 
A progressividade tem como finalidade assegurar a função social da propriedade, 
bem com tem sua constitucionalidade salvaguardada na carta Magna, 
especialmente na alínea a, do parágrafo 4º do artigo 182 do CF/88. Diante disso, 
entende que a progressividade incentiva a continuidade da função social da 
propriedade. 
 
 
2 FAVACHO, Fernando Gomes. Definição do conceito de tributo. São Paulo, 2010. p. 33. 
3 Idem. Loc. cit. 
 
 
 
6. Que é direito tributário? Sob as luzes da matéria estudada, efetuar crítica à 
seguinte sentença: “Direito tributário é o ramo do Direito público positivo que 
estuda as relações jurídicas entre o Fisco e os contribuintes, concernentes à 
instituição, arrecadação e fiscalização de tributos”, e propor definição para 
“direito tributário”. 
 
 Diante dos ensinamentos do Professor Paulo de Barros Carvalho, o direito tributário 
possibilita o conhecimento das “(...) proposições jurídico-normativo que correspondem, 
direta ou indiretamente, à instituição, arrecadação, e fiscalização de tributos.” (2002, 
p.47), e sendo assim, a sentença anunciada na questão não traduz o objetivo do direito 
tributário, segundo o entendimento do professor Paulo, uma vez que trata a ciência 
como um ramo do direito que estuda as relações. 
 
 Em tal caso, o doutrinador afirma que a ciência do direito tributário não estuda as 
relações entre os fiscos e os contribuintes, conforme relata a sentença, em verdade o 
direito tributário, através das proposições, trata acerca das instituições, arrecadações 
e fiscalização de tributos, possibilitando compreender o significado das normas 
jurídicas. 
 
7. Dada a seguinte lei (exemplo fictício): 
 
Estado de Minas Gerais, Lei Estadual nº 2.017, de 10/10/2017 
A Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais Decretou e eu sanciono a 
seguinte lei: 
Art. 1º Esta Taxa de Controle, Monitoramento e Fiscalização de Atividades de 
Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Hídricos, que tem como 
fato gerador o exercício do poder de polícia do Estado sobre estas atividades. 
Art. 2º A base de cálculo dessa taxa é a receitabruta obtida com a comercialização de 
mercadorias ou de serviços que utilizem recursos hídricos . 
Art. 3o. A alíquota é de 3%. 
Art. 4º Contribuinte é Pessoa, física ou jurídica, que utilize recursos hídricos com a 
 
 
 
finalidade de exploração ou aproveitamento econômico. 
Art. 5º A taxa será apurada mensalmente e recolhida, mediante preenchimento da guia 
de recolhimento, até o último dia útil do mês seguinte ao da exploração ou do 
aproveitamento do recurso hídrico, sob pena de multa de 10% sobre o valor do tributo 
devido. 
Art. 6º Na ausência de apuração e recolhimento da taxa pelo contribuinte,a autoridade 
fiscal competente deverá lavrar “Auto de Infração e Imposição de Multa”, aplicando 
multa de 50% sobre o valor da taxa devida. 
Art. 7º É isenta do pagamento da taxa a utilização de recurso hídrico na captação e 
consumo destinados à atividade agropecuária 
(...) 
 
 
Pergunta-se: 
 
a) Quantas normas há nessa lei? Identifique-as. 
 
1. Norma matriz de incidência artigo 1º ao 4º 
2. Definição do prazo para recolhimento – artigo 5º 
3. Norma de dever instrumental, artigo 5º 
4. Norma sancionatória, quando imputa ao contribuinte multa de 10% pelo não 
recolhimento – artigo 5º 
5. Norma sancionatória – Multa de 50% 
6. Norma sancionatória, quando permitir que o fiscal lavre auto de infração nos 
casos de não emissão de nota fiscal – artigo 6º 
7. A isenção da taxa para atividade de agropecuária – artigo 7º 
 
b) Qual dessas normas institui tributo? 
 
Artigo 1º ao 4º que define a regra matriz de incidência. 
 
 
 
 
c) Qual dessas normas é estudada pela Ciência do Direito Tributário? Justificar. 
 
Todas as normas da presente lei são estudadas pelo direito tributário, por versarem 
acerca das instituições, arrecadações e fiscalização de tributos, objetos da ciência 
tributária. 
 
 d) O texto legal, acima transcrito, é Ciência do Direito? Justificar. 
 
A ciência do direito tem com objetivo possibilitar a interpretação e tem como objeto o 
direito positivo. Isto posto, o texto legal, transcrito acima não pode ser considerado ciência 
do direito, dada sua característica prescritiva, sendo está direito positivo e não ciência do 
direito. 
 
 
Bibliografia: 
 
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 24 ed. São Paulo: Editora 
Sarava: 2012 
 
SOARES, Evanna. A norma jurídica em Kelsen. Concepção de sanção na norma primária 
e na norma secundária. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 7, n. 
59, 1 out. 2002. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/3269. Acesso em: 16 ago. 
2020. 
 
MACHADO, Ivja Neves Rabelo. Reflexão sobre a definição de tributo Conteúdo Juridico, 
Brasilia-DF: Disponível em: 
http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/42394/reflexoes-sobre-a-definicao-
de-tributo. Acesso em 16 ago. 2020. 
 
https://jus.com.br/artigos/3269/a-norma-juridica-em-kelsen
https://jus.com.br/artigos/3269/a-norma-juridica-em-kelsen
https://jus.com.br/revista/edicoes/2002
https://jus.com.br/revista/edicoes/2002/10/1
https://jus.com.br/revista/edicoes/2002/10/1
https://jus.com.br/revista/edicoes/2002/10/1
https://jus.com.br/revista/edicoes/2002/10
https://jus.com.br/revista/edicoes/2002
http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/42394/reflexoes-sobre-a-definicao-de-tributo
http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/42394/reflexoes-sobre-a-definicao-de-tributo

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