Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 1 | P á g i n a Considerada o maior órgão do corpo, indispensável à vida, é responsável pelo revestimento e proteção das estruturas internas, promovendo um isolamento das mesmas ao meio externo. Órgão complexo, que se diferencia nos diversos ciclos humanos, não podendo se comparar a pele de um recém-nascido com prematuridade extrema, de um adulto e de um idoso. Cada idade exige um cuidado específico, em que o técnico de enfermagem deve conhecer as especificidades para prestar um melhor cuidado. HISTOLOGIA DA PELE A pele humana é dividida em 3 camadas: epiderme, camada externa; derme, camada interna, sendo separadas uma da outra por uma estrutura denominada membrana basal; abaixo da derme, há um tecido conjuntivo gorduroso chamado hipoderme ou subcutâneo (Figura 1). 1 - Estrutura da Pele Epiderme: Avascular, espessura uniforme (75 a 150µm), à exceção da planta dos pés e da palma das mãos, que podem chegar a 0,4 a 0,6mm de espessura, constituída por células epiteliais. As principais células presentes na epiderme são: ceranócitos (as mais numerosas, sintetizam a ceratina, proteína fibrosa que dá firmeza à epiderme, garante a impermeabilização da camada externa e protege contra a desidratação); melanócitos (sintetizam melanina, pigmento escuro que protege a pele contra os raios ultravioletas do sol); células de Langerhans (células imunitárias gigantes de formato estrelado, atuam como macrófagos e Anatomia e Fisiologia da pele FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 2 | P á g i n a contribuem para a ativação do sistema imunológico, pois ingerem partículas e microrganismos+, saem da epiderme e passam para os gânglios linfáticos-satélites, onde apresentam esses antígenos aos linfócitos T); células de Merkel (ligam-se às terminações nervosas sensitivas, atuando como receptores de tato e pressão). Derme: Cobre e sustenta o organismo, é resistente e flexível, tem espessura variada, sendo em média quatro vezes mais espessa que a epiderme (mais delgada nas pálpebras e mais espessas na palma das mãos e na planta dos pés). Amplamente vascularizada, é importante para manter a temperatura corporal, com a dilatação com constrição dos vasos sanguíneos, que também são responsáveis pela alimentação da epiderme. As principais células da derme são os fibroblastos (produzem grande quantidade de fibras conjuntivas de colágeno e elastina, que sustentam os elementos dérmicos, a extensibilidade e a resistência da pele e diminuem progressivamente com a idade). Também é rica em capilares sanguíneos, fibras nervosas, receptores sensitivos de dor, temperatura e tato, glândulas sebáceas e sudoríparas, músculos eretores de pelos e tecidos linfoides associados à pele. Hipoderme ou Tecido Subcutâneo: faz a interface da derme com estruturas móveis, tais como fáscia muscular, tendões, etc. Mantém-se aderida à derme graças às fibras de colágeno e elastina. Constitui-se por células especializadas no armazenamento de gordura (adipócitos), que agrupadas formam o tecido adiposo (reserva lipídica), cuja função é proteger o organismo de choques e das variações de temperatura, sendo variável quanto a localização, sexo e idade. Proteção mecânica (dada principalmente pela hipoderme, que funciona como “amortecedor”); Proteção contra raios UV e radiação ionizante (parcialmente); Manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico (relativa impermeabilidade à água e a eletrólitos); Função fisico-química (Ph ácido 5,4 a 5,6, garante a integralidade e a coesão tissulares, fazendo com que a pele seja menos impermeável à água e seja menos susceptível à ação de microrganismos patogênicos); Função química (manto hidrolipídico, uma mistura da gordura produzida pelas glândulas sebáceas e o suor das glândulas sudoríparas, com atividade antimicrobiana e proteção contra agressões externas, como pó e pólen); Quais as funções da pele? (1) FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 3 | P á g i n a Função imunológica (células de Langerhans, macrófagos, linfócitos e mastócitos); Termorregulação e hemorregulação (processo de homeotermia – vasoconstrição ou vasodilatação da pele; atuação das glândulas sudoríparas, que previnem e controlam a evaporação do calor e a perda de água e eletrólitos; ereção dos folículos pilosos, que retardam as trocas de calor); Metabolismo (em especial a síntese e metabolização da vitamina D – a pele desempenha papel ativo na síntese e metabolização da vitamina D, nutriente que promove a regulação e a diferenciação de órgãos e tecidos, libera agentes inflamatórios, além de interferir no processo de morte celular da pele e induzir a expressão de genes que previnem infecções oportunistas da pele); Sensibilidade e percepção (as terminações nervosas livres e os receptores cutâneos geram impulsos cutâneos de pressão, temperatura fria, calor e tato, que são interpretados no córtice cerebral, contribuindo para o mecanismo de defesa do organismo). MECANISMOS DE LESÃO CELULAR As lesões celulares podem ser reversíveis ou irreversíveis, sendo o último resultando em morte celular. As consequências da lesão celular dependem do tipo, duração e intensidade do estímulo, além do tipo, estado e adaptabilidade das células atingidas. Os principais fatores que podem causar uma lesão celular são: HIPÓXIA: interfere na respiração celular, sendo uma das principais causas de lesão e morte celular. AGENTES FÍSICOS: traumatismos mecânicos, condições extremas de temperatura (queimaduras e frio intenso), choque elétrico e irradiação. AGENTES QUÍMICOS: oxigênio em excesso, cianeto, monóxido de carbono. DROGAS: álcool, drogas narcóticas e terapêuticas. AGENTES INFECCIOSOS: microrganismos. EX: erisipela, pneumonia, síndrome de Fournier. REAÇÕES IMUNOLÓGICAS: reações imunes podem levar a lesões celulares, como na reação anafilática, síndrome de Stevens-Johnson. DISTÚRBIOS GENÉTICOS: defeitos genéticos podem resultar em malformações congênitas, anormalidades enzimáticas, etc. EX: anemia falciforme, epidermólise bolhosa. DESEQUILÍBRIOS NUTRICIONAIS: deficiências calórico-protéicas (Kwashiorkor) e os excessos lipídicos, que causam predisposição à aterosclerose e à obesidade. FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 4 | P á g i n a REFERÊNCIAS 1. OLIVEIRA, R. A. A pele nos diferentes ciclos da vida. In DOMANSKY, R. C.; BORGES, E. L. Manual para prevenção de lesões de pele: recomendações baseadas em evidências. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2012. cap. 2, p. 9-41. 2. Imagem disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pele. Acesso em: 18 jun. 2020. 3. SILVA, R. C. L.; MEIRELES, I. B. Fundamentos Biológicos para o Atendimento ao Portador de Lesões de Pele. In SILVA, R. C. L.; FIGUEIREDO, N. M. A.; MEIRELES, I. B. Feridas: fundamentos e atualizações em enfermagem. São Caetanos do Sul, SP: Yendis Editora, 2007. cap. 3, p.55-80. O que são Feridas? Qualquer lesão que leve à solução de continuidade cutânea prejudicada pode ser chamada de ferida. Elas podem ser classificadas de várias maneiras, de acordo com a etiologia, morfologia, grau de contaminação, fase de evolução cicatricial, características do leito, do exsudato, entre outros. Em relação às causas, citam-se trauma (mecânico, químico, físico); intencional (cirurgia); isquemia (úlceras de perna); pressão (lesão por pressão). As feridas também podem ser rotuladas de acordo com sua profundidade: de espessura parcial (parte da derme permanece) e de espessura total (toda a derme é destruída, podendo estar envolvidas camadas maisprofundas). Outra classificação é quanto ao conteúdo bacteriano: limpa (lesão feita em condições assépticas e isenta de microrganismos); limpa contaminada (lesão com tempo inferior a 6 horas entre o trauma e o atendimento e sem contaminação significativa); contaminada (lesão com tempo superior a 6 horas entre o trauma e o atendimento e com presença de contaminantes, mas sem processo infeccioso local); infectada (presença de agente infeccioso local e lesão com evidência de intensa reação inflamatória e destruição de tecidos, podendo haver pus). Vamos estudar as FERIDAS? Processo de cicatrização de Feridas (estágios complexos, interdependentes e sobrepostos) FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 5 | P á g i n a Cicatrização por primeira intenção Ocorre quando não há perda de tecido e as bordas da pele se mantêm justapostas, tal como a ferida suturada – FERIDAS FECHADAS. Figura 1 - https://pxhere.com/pt/photo/762749 Cicatrização por segunda intenção Significa uma ferida na qual houve perda de tecido e as bordas da pele estão bem afastadas, tal como uma úlcera de perna – FERIDAS ABERTAS. Figura 2- Foto cedida pela Enf. Fernanda Zuffi Cicatrização por terceira intenção Ocorre quando intencionalmente a ferida é mantida aberta para permitir a diminuição ou redução de edema ou infecção ou para permitir a remoção de algum exsudato através de drenagem como, por exemplo, feridas cirúrgicas, abertas e infectadas, com drenos. Essas feridas cicatrizam por 3ª intenção ou 1ª intenção tardia. Figura 3 - https://sutura.com.br/suturas-e-suas- complicacoes-nao-seja-surpreendido-por-uma- delas/ Outras classificações de feridas FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 6 | P á g i n a FERIDAS CRÔNICAS São de longa duração ou recorrência frequente. Exemplo: lesões por pressão, úlceras de perna. Os pacientes podem ter problemas de múltiplos fatores que afetam sua capacidade de cicatrizar as feridas. Geralmente, ultrapassam a duração de seis semanas. Essa condição pode estar associada a diferentes fatores, tais como comprometimentos vasculares, Diabetes Mellitus, hipertensão arterial sistêmica, neuropatias, imobilidade prolongada, neoplasias e alterações nutricionais, requerendo tratamento especializado baseado na avaliação contínua, precisa e objetiva. Figura 4 - Arquivo pessoal FERIDAS AGUDAS Geralmente feridas traumáticas, como cortes, abrasões, lacerações, queimaduras e outras. Em geral, respondem rapidamente ao tratamento e cicatrizam sem complicações. Figura 5 - https://cepelli.com.br/noticias/saiba- as-principais-recomendacoes-para-o- tratamento-de-feridas/ FERIDAS CIRÚRGICAS São feridas agudas intencionais. Podem cicatrizar por primeira intenção, caso em que as bordas da pele são mantidas próximas. Suturas, grampos ou fitas são usados. Algumas feridas cirúrgicas são deixadas abertas para cicatrizarem por segunda intenção, a fim de permitirem drenagem de material infectado. Áreas doadoras de enxerto são feridas abertas. Figura 6 - https://www.physio- pedia.com/Pressure_Ulcers Fases do processo de cicatrização de Feridas FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 7 | P á g i n a INFLAMAÇÃO: O processo inflamatório é uma reação local à lesão do tecido e/ou invasão bacteriana. É parte importante dos mecanismos de defesa do organismo, fase essencial do processo de cicatrização. Os principais sinais, conhecidos como flogísticos, são: dor, calor, rubor (ou hiperemia) e edema. Ocorre uma liberação para a ferida de anticorpos, plaquetas e células de defesa, para proteger de microrganismos e promover a migração e o crescimento de células no local da ferida. A inflamação dura de 4-5 dias, exige recursos energéticos e nutricionais (o que, nas feridas grandes, é considerável). Quando esse estágio se prolonga por causa da irritação à ferida, como infecção, presença de corpos estranhos, ou lesões causadas por curativos, pode retardar o processo de cicatrização. Figura 7- arquivo pessoal RECONSTRUÇÃO Caracteriza-se pelo desenvolvimento de tecido de granulação, que é uma matriz indefinida de fibrina, fibronectina, colágeno, ácido hialurônico, dentre outros. Há a formação de vários novos vasos sanguíneos (neoangiogênese). Nas cicatrizações de feridas por primeira intenção, pouco pode-se observar desse estágio da cicatrização; mas nas de segunda intenção, a ferida é preenchida por tecido de granulação. O tempo necessário para a reconstrução depende do tipo e do tamanho da ferida, mas pode ser de 24 dias para a cicatrização por primeira intenção. Figura 8- Arquivo pessoal EPITELIZAÇÃO Descreve a fase em que a ferida está coberta por tecidos epiteliais. As células epiteliais só se movem sobre tecido viável e exigem um ambiente úmido. Nas suturas, as células epiteliais migram ao longo da linha de sutura, começando no segundo dia; nas abertas, é necessário que a cavidade da ferida seja preenchida com tecido de granulação antes que a epitelização comece. A duração desse estágio é muito variável. Figura 9- https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fe rida_5.jpg FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 8 | P á g i n a MATURAÇÃO A ferida fica menos vascularizada porque reduz- se a necessidade de levar células até a ferida. Há a reorganização das fibras de colágeno, sendo que o tecido cicatricial se remodela gradualmente, ficando comparável ao tecido normal depois de bastante tempo, cerca de 1 ano para as feridas fechadas e muito mais tempo nas feridas abertas. A resistência à tração, que é a capacidade de uma ferida resistir à ruptura, também aumenta com o tempo. Figura 10 - https://super.abril.com.br/mundo- estranho/como-ocorre-a-cicatrizacao-de- um-machucado/ Transudato é uma substância altamente fluida que passa através dos vasos e com baixíssimo conteúdo de proteínas, células e derivados celulares; já exsudato é um material fluido, composto por células que escapam de um vaso sanguíneo e se depositam nos tecidos ou nas superfícies teciduais, como usualmente resultado de um processo inflamatório. São tipos de exsudatos: Sanguinolentos: Avermelhados, fluidos, indica danos de vasos sanguíneos ou a formação de novos; podem indicar infecção crônica da ferida, se presente em moderada ou alta quantidade. Serossanguinolentos: Rosados ou avermelhados, fluidos, típicos da fase inflamatória e proliferativa. Serosos: Amarelados (cor de palha), translúcidos, fluidos, típicos da fase inflamatória e proliferativa. Aspectos importantes a serem avaliados nas feridas EXSUDATO NA FERIDA FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 9 | P á g i n a Seropurulentos: opacos, amarelados ou acastanhados, fluídos, sinal inicial de infecção. Purulentos (pus): amarelos, acastanhados ou esverdeados, opacos e densos; sinalizam infecção e podem estar associados a odor fétido. Importante avaliar, pois pode indicar problemas potenciais como o risco de contaminação nas feridas na região sacral ou problemas de mobilidade, como as feridas no pé. Também é importante o fato de que um curativo permanece no lugar em certas partes do corpo, mas não necessariamente em outras, como por exemplo lesões na cabeça, em que a bandagem sai com mais facilidade. Indica o estágio da cicatrização alcançado ou de qualquer complicação que possa estar presente. Feridas abertas ou que cicatrizam por segunda intenção podem se classificar como: Necrose Uma área de tecido que se torne isquêmica por um períodomorrerá. Essa área forma uma crosta necrótica, cor preta ou marrom. Pode estar presente algum tecido necrótico sob a forma de uma crosta espessa, marrom, cinzenta ou esbranquiçada. A necrose é a principal manifestação de lesões celulares irreversíveis; é definida como o conjunto de alterações morfológicas que se seguem à morte celular. Figura 11- Foto cedida pelo Serviço de Educação em Enfermagem do HC/UFTM Esfacelo O esfacelo típico tem cor branca/amarelada. É encontrado com mais frequência na forma de fragmentos sobre a superfície da ferida, embora possa cobrir grandes áreas. É composto de células mortas que se acumularam do exsudato. Figura 12 - https://gneaupp.info/colonizacion-critica- la-gran-invisible/ LOCALIZAÇÃO DA FERIDA APARÊNCIA DA FERIDA FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 10 | P á g i n a Tecido de granulação Está relacionado ao estágio de restauração tissular. A cor da ferida é vermelha, com aspecto granular. Como as paredes dos vasos sanguíneos são finas e facilmente lesadas, sangram com facilidade. Figura 13- arquivo pessoal Tecido de epitelização À medida em que o epitélio das bordas da ferida começa a se dividir rapidamente, as bordas se erguem um pouco e adquirem cor rosa-azulada; quando se espalha pelo leito da ferida, as bordas se achatam, e o novo tecido fica com cor branca-rosada. Figura 14 - arquivo pessoal O odor é proveniente de produtos aromáticos produzido por bactérias e tecidos em decomposição. O sentido do olfato pode auxiliar no diagnóstico de infecções (microorganismos) na ferida. Escala de avaliação de odor (Haughton and Young, 1995): FORTE Odor é sentido na entrada da sala (2-3 metros de distância do doente) ainda com o curativo intacto MODERADO Odor é sentido na entrada da sala (2-3 metros de distância do doente) quando o curativo é removido LIGEIRO Odor é sentido junto do doente quando o curativo é removido SEM ODOR Odor não é sentido, mesmo junto à cabeceira do doente, quando o curativo é removido Medida simples: Mede-se o seu maior comprimento e largura, e se apropriado, medir também sua profundidade. Pode-se usar uma sonda se a ferida tiver formato muito irregular ou se houver formação de sinus - cavidade em fundo cego/espaço morto (imagens: https://pt.wikihow.com/Medir-Ferimentos) ODOR FORMATO E TAMANHO DA FERIDA FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 11 | P á g i n a Desenho da ferida: O material mais utilizado é o acetato, mas também pode-se usar o papel grau cirúrgico - usado para embalar gazes e compressas estéreis (desenhos: https://pt.wikihow.com/Medir-Ferimentos): Figura 15- http://www.corenpb.gov.br/wp-content/uploads/2016/11/E-book-coren-final-1.pdf Fotografia: Oferece claras evidências da aparência de uma ferida e também uma ideia do seu tamanho. Interessante acrescentar uma régua às fotos, fornecendo uma escala. Importante que a pessoa com ferida dê seu consentimento para a fotografia por escrito, para que nenhum princípio ético seja quebrado. DOR FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 12 | P á g i n a A dor é outro aspecto que merece atenção por parte do profissional que cuida do paciente com ferida. No entanto, muitas vezes, é negligenciada devido a crenças equivocadas de que é inofensiva, uma consequência inevitável para o paciente que tem a lesão, por atribuir a dor ao exagero do paciente ou ainda, caso não exista queixa, que a dor está ausente. A dor é considerada o quinto sinal vital e, como tal, é um sintoma que deve ser tratado para humanizar o ato de cuidar. A dor no paciente com feridas pode ser decorrente da remoção de coberturas aderentes, irrigação, desbridamento, troca do curativo, infecção e até mesmo experiências anteriores desagradáveis por causa do medo de sentir dor. A dor da ferida pode ser contínua, mesmo em repouso; incidente, que se manifesta durante atividades cotidianas; pode resultar de procedimentos de limpeza rotineiros e de intervenções cirúrgicas. Quanto à natureza, a dor se manifesta de maneira cortante, quando envolve a pele; em câimbra, quando muscular; como ferroada, quando envolve terminação nervosa; é pulsátil, se envolve vasos, e como um aperto, quando é isquêmica. O tratamento inadequado da ferida, o uso de drenos muito apertados, a remoção da cobertura e o roçar contra a superfície da lesão podem desencadear dor iatrogênica. A investigação da dor deve ser feita de rotina, a cada troca de cobertura, e incluir a avaliação da linguagem corporal e dos sinais não verbais, como: mudança de atividade, perda de apetite, expressões faciais e gemidos. Nesse sentido, é importante também avaliar quando a dor começou, quanto tempo dura e se é aliviada com algum analgésico ou medida não farmacológica, como, sentar-se ou aquecer o membro com a ferida. À presença de um microrganismo sobre a superfície epitelial, sem que haja invasão tecidual ou reação fisiológica com o hospedeiro, dá-se o nome de contaminação. Na colonização, há a relação de dependência metabólica com o hospedeiro e a formação de colônias, mas sem a expressão clínica e a reação imunológica. A infecção, por sua vez, implica parasitismo (com interação metabólica) e reação inflamatória e da imunidade. Todas as feridas crônicas são colonizadas por bactérias. Isso não retarda o processo de cicatrização nem que a ferida se tornará infectada. SISTEMA RYB (red/yellow/black) FERIDA INFECTADA X FERIDA COLONIZADA FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 13 | P á g i n a Indicado para feridas que cicatrizam por segunda intenção. As feridas são diferenciadas de acordo com a coloração, que frequentemente reflete o balanço entre tecidos novos e tecidos necrosados. O sistema RYB classifica as feridas em: Vermelhas: incluem sítios doadores de enxerto, feridas pós-desbridamento, crônicas com predomínio de tecido de granulação – objetivo do tratamento é favorecer o meio úmido, proteger os tecidos recém-formados e prevenir infecções. Amarelas: apresentam exsudato fibroso, e seus tecidos são moles e desvitalizados, podendo estar colonizadas, o que favorece a infecção. Deve-se promover o desbridamento dos tecidos desvitalizados. Pretas: apresentam necrose tecidual, com presença de escara espessa, de coloração que pode variar entre castanho, marrom ou preto. O objetivo do tratamento é remover o tecido necrótico por meio do desbridamento. Vermelhas (RED) Amarelas (YELLOW) Pretas (BLACK) Figura 16- https://rnao.ca/sites/rnao- ca/files/bpg/translations/D0027_Manejo_LPP _2016_final.pdf Figura 17- https://gneaupp.info/colonizacion- critica-la-gran-invisible/ Figura 18- Imagem cedida pelo Serviço de Educação em Enfermagem HC/UFTM Cuidado ao remover frequentemente fitas adesivas, pois a pele fragilizada pode se romper. Observar se o cliente não tem alergias a fitas ou curativos (dermatite de contato), que se manifestam como eritemas ou hiperemias no local onde são aplicados. Cuidar para não ocorrer dermatite química, ocorrida quando há forte exsudação e mau controle, seja por curativo com absorvência insuficiente, ou por não trocar o curativo quando necessário. Observar desidratação e descamação da pele, especialmente quando bandagens são utilizadas em conjunto com o curativo (pode-se acumular células de descamação na área em volta da ferida, sendo importante a hidratação da pele). PELE PERILESIONAL – cuidados FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS -CEFORES/UFTM 14 | P á g i n a ALGUMAS CARACTERÍSTICAS QUE PODEM SER OBSERVADAS NA PELE PERILESIONAL: Hematoma É uma coleção anormal de sangue que se forma, geralmente, na camada subcutânea. Figura 19 - https://sutura.com.br/suturas- e-suas-complicacoes-nao-seja- surpreendido-por-uma-delas/ Maceração É decorrente de hidratação excessiva da própria ferida que extravasa o exsudato para além da borda. A pele se torna branca, intumescida e pálida, podendo surgir fissuras, o que propicia a infecção e aumento da ferida, sendo necessário trocas da cobertura secundária mais frequente e utilização de cobertura que controle melhor o excesso de exsudação. Figura 20 - Arquivo pessoal Hiperqueratose É um espessamento excessivo da pele, frequentemente causado por atrito crônico, comum em paciente com perda da sensibilidade, tais como em pé diabético e de hanseníase. Figura 21- https://static.fecam.net.br/uploads/834/a rquivos/1311238_PROTOCOLO_FERIDAS_E _CURATIVOS.pdf FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 15 | P á g i n a Edema Há um aumento perceptível no volume de fluidos da pele e do tecido subcutâneo, caracteristicamente recuado com pressão. Figura 22- file:///C:/Users/User/Downloads/6.%20Bo rda-Pele%20Periferida-Infec%20uo.pdf Dermatite ocre Ocorre devido Insuficiência Venosa: devido ao mau funcionamento das veias o sangue fica represado na parte inferior da perna, aumentando a pressão local. Isso pode levar a um extravasamento de sangue e acúmulo de um pigmento chamado hemossiderina na pele. Este pigmento contém ferro, e isso leva a uma coloração amarronzada, enegrecida, que aparece principalmente na parte distal da perna, a chamada dermatite ocre ou dermatite de estase. Figura 23- http://1.bp.blogspot.com/- 92tLgwR34Ik/VWKtJcU6F- I/AAAAAAAABaA/rThBmQr- 4IY/s1600/dermatite_ocre._varizesjpg.jpg Sinais clínicos de infecção Aspecto avermelhado, bordas endurecidas e doloridas, febre local, edema e drenagem de secreções. Figura 24 - https://sutura.com.br/suturas- e-suas-complicacoes-nao-seja- surpreendido-por-uma-delas/ Descamação Queda ou eliminação das camadas superficiais da pele (epiderme) sob a forma de escamas mais ou menos espessas. Pode estar associada a doenças ou a falta de hidratação da pele. Figura 25- file:///C:/Users/User/Downloads/6.%20Bo rda-Pele%20Periferida-Infec%20uo.pdf FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 16 | P á g i n a As bordas da ferida apresentam papel fundamental para a evolução do processo de cicatrização; a migração celular ocorre a partir da borda, em direção ao centro da ferida, sendo essencial que estejam aderidas ao leito. Maceração Bordas Maceradas Figura 26- file:///C:/Users/User/Downloads/6.%20Borda- Pele%20Periferida-Infec%20uo.pdf Bordas Sem Maceração Figura 27- Acervo pessoal Regularidade Borda Regular Figura 28- file:///C:/Users/User/Downloads/6.%20Borda- Pele%20Periferida-Infec%20uo.pdf Borda Irregular Figura 29- file:///C:/Users/User/Downloads/6.%20Borda- Pele%20Periferida-Infec%20uo.pdf Adesão ao leito Bordas Aderidas Figura 30- file:///C:/Users/User/Downloads/6.%20Borda- Pele%20Periferida-Infec%20uo.pdf Bordas Descoladas Figura 31 – Acervo pessoal BORDAS FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 17 | P á g i n a Também se avaliam os pulsos: tibial posterior e pedioso em úlceras de membros inferiores Figura 32- http://www.corenpb.gov.br/wp-content/uploads/2016/11/E-book-coren-final-1.pdf Triângulo da Avaliação de Feridas – Ferramenta para Auxiliar a Avaliação Figura 33 - file:///C:/Users/User/Downloads/triangle-of-wound-assessment-made-easy.pdf FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 18 | P á g i n a IDADE: as repostas reparadoras no idoso são mais lentas que nos jovens. Além disso, o idoso tem a pele fragilizada, o que o deixa mais susceptível ao desenvolvimento de lesões de pele. VASCULARIZAÇÃO: insuficiências venosas e arteriais favorecem o desenvolvimento de úlceras dos membros inferiores; MEDICAMENTOS SISTÊMICOS: alguns fármacos produzem efeitos adversos na cicatrização. São eles: corticoides, anti-inflamatórios não-esteroides, quimioterápicos, imunossupressores, anticoagulantes, antibióticos, entre outros. DOENÇAS DE BASE: diabetes, neuropatia periférica, problemas cardiovasculares, distúrbios hematológicos e doenças autoimunes, por exemplo. TABAGISMO: diminui a quantidade de oxigênio circulante no sangue, reduzindo a oxigenação tecidual. FATORES LOCAIS: infecção local, agentes tópicos (antimicrobianos, antissépticos, corticoides); tecido necrótico (prolonga a fase inflamatória e favorece a proliferação de microrganismos); suprimento sanguíneo inadequado para a ferida; tipo de cobertura inadequada às características da lesão. CONDIÇÃO NUTRICIONAL: alguns nutrientes são essenciais para que o processo de reparação tecidual sofra uma evolução satisfatória. Proteínas influenciam a síntese de colágeno e a formação de capilares, a vitamina C também favorece a formação de colágenos e possui efeito antioxidante; o zinco favorece a epitelização e aumenta a resistência da cicatriz; dentre outros. Cabe aqui uma importante observação, relacionada ao importante papel do técnico em enfermagem na necessidade humana básica de nutrição. Muitas vezes, não se relata como o cliente se alimenta (quantidade e qualidade dos alimentos), o que impede a equipe de saúde de perceber quando o cliente não se nutre corretamente, o que influencia negativamente o processo de cicatrização das feridas. Outro ponto a se salientar, é quando o cliente necessita de auxílio para a alimentação, e o técnico de enfermagem negligencia esse cuidado, o que pode gerar danos irreparáveis a esse cliente. Por fim, outro erro que pode ocorrer é o atraso constante em se instalar dieta enteral em clientes com cateter nasoenteral, o que também atrasa (ou até impede) o processo cicatricial. FATORES QUE INTERFEREM NA CICATRIZAÇÃO FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 19 | P á g i n a A terapia tópica é o conjunto de cuidados dispensados in loco a uma ferida, visando proporcionar segurança e conforto ao paciente e favorecer a cicatrização. Sua operacionalização envolve três etapas: limpeza, desbridamento (quando houver necrose) e cobertura. Esses eventos são denominados concomitantemente de curativo. Para o curativo ser eficaz, deve atender aos seguintes critérios: Ser impermeável à água, a outros fluidos e a bactérias; Permitir as trocas gasosas; Ser fácil de aplicar e de remover sem trauma; Auxiliar na hemostasia; Promover desbridamento e um ambiente úmido; Absorver e remover excesso de exsudato; Tratar as cavidades existentes na úlcera; Aliviar a dor; Proteger a úlcera contra traumas mecânicos; Fornecer isolamento térmico; Proporcionar condições favoráveis às atividades da vida diária do doente. É a primeira etapa do curativo e consiste em remover, com agentes de limpeza, restos celulares, tecidos ressecados e necróticos não aderentes, materiais estranhos, exsudato e resíduos de agentes tópicos presentes na superfície da úlcera, para promover e preservar o tecido de granulação. A técnica de limpeza ideal para a ferida é aquela que respeita o tecido de granulação, preserva o potencial de recuperação, minimiza o risco de trauma e/ou infecção. Concernente ao método de limpeza ideal, o menos traumático é o da irrigação, que pode ser feita com ou sem pressão. Para irrigar com pressão,utilizam-se seringa de 20ml e agulha de grosso calibre de 40/12 ou 25/8, tendo em vista que proporcionam uma pressão de 8 a 15 pound force per square inch (psi), cuja força hidráulica permite a remoção de detritos e/ou bactérias presentes na ferida. Essa força é mais efetiva quando se utilizam a seringa e a agulha descritas, porque, se as pressões forem inferiores a 8 psi, podem não fazer TERAPIA TÓPICA APLICADA ÀS FERIDAS LIMPEZA DA FERIDA FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 20 | P á g i n a uma limpeza efetiva para essas condições, e maiores do que 15 psi podem traumatizar o tecido e introduzir as bactérias em áreas mais profundas no leito da lesão. A solução fisiológica (SF 0,9%) é o agente de limpeza mais recomendado, por ser uma solução isotônica e ter o mesmo pH do plasma. É menos provável que provoque traumatismo tecidual e inflamação. Deve ser preferencialmente aquecida à temperatura corpórea em torno de 37°C, para evitar o resfriamento da ferida, tendo em vista que esse grau constante de temperatura estimula a mitose celular durante a granulação e a reepitelização. Além da solução fisiológica a 0,9%, também se pode usar água potável como agente de limpeza (em curativos feitos no domicílio), por ser facilmente acessível, eficiente e de baixo custo; no entanto a escolha deverá ser feita observando-se as condições sistêmicas da pessoa que tem a lesão, as condições de higiene do domicílio e a qualidade da água. Para proceder o aquecimento do SF 0,9% (frasco de 250 ml), pode-se usar o forno de micro-ondas, por cerca de 20 segundos em potência alta, porém este tempo poderá variar de acordo com a potência de cada equipamento. É recomendável testar a temperatura da solução na face interna do antebraço (tal qual ao verificar a temperatura do leite de mamadeira). A irrigação sem pressão é a técnica de limpeza de ferida indicada quando houver tecido de granulação friável/sangrante. Podem-se utilizar seringa sem agulha, equipo adaptado diretamente no recipiente do soro fisiológico ou jato obtido por pressão manual do frasco (bolsa plástica) de soro fisiológico, furado com agulha de grosso calibre (40/12 ou 25/8). Depois de feito o procedimento de limpeza, deve-se manter o leito da ferida úmido e sua área adjacente limpa e seca, para evitar maceração da pele íntegra e facilitar a fixação da cobertura. Deve-se evitar fricção agressiva da pele periférica, pois pode traumatizá-la, destruindo sua barreira protetora, propiciando a penetração de bactérias. Assim, limpar a lesão com soro fisiológico aquecido, promover menor exposição da lesão no momento da limpeza e usar uma cobertura adequada, são fatores importantes para preservarmos a temperatura local e, consequentemente, favorecer a cicatrização da ferida. O desbridamento ou debridamento é utilizado para limpar a ferida e deixá-la em condições adequadas para a cicatrização, por possibilitar a remoção do tecido desvitalizado e/ou material estranho ao organismo. É essencial por reduzir a contaminação bacteriana, promover o meio adequado para a cicatrização e preparar a lesão para intervenção cirúrgica, como o enxerto ou rotação de retalho. O desbridamento deve ser realizado pelo médico ou pelo enfermeiro habilitado. O desbridamento de tecido inviável é fator importante na gerência de lesões: a cicatrização ocorre até que o tecido necrótico seja removido. DESBRIDAMENTO FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 21 | P á g i n a a) Desbridamento autolítico: significa autodestruição, autodegradação natural do tecido necrótico. Consiste na degradação seletiva dos tecidos desvitalizados por meio de enzimas endógenas, em virtude de um meio úmido adequado, causado pela aplicação de uma cobertura que permita a hidratação da ferida; para que este processo possa acontecer, é necessário que o leito da ferida seja mantido com umidade fisiológica e temperatura em torno de 37ºC, utilizando coberturas que são detentoras de umidade. Sua vantagem é ser um método indolor, não invasivo e seletivo (destrói somente o tecido desvitalizado). Se a ferida estiver infectada, o desbridamento autolítico não é a melhor opção terapêutica. b) Desbridamento mecânico: é o tipo de desbridamento em que se utilizam os meios mecânicos de escovação, hidroterapia e irrigação, como também o esfregaço com a gaze; utilizados normalmente em feridas com excesso de tecido necrótico e secreção mínima. c) Desbridamento enzimático (químico): método em que são utilizadas enzimas proteolíticas para obter remoção mais rápida do tecido desvitalizado. As enzimas são aplicadas topicamente às áreas de tecido necrótico, fragmentando os elementos de tecido necrótico. As enzimas digerem somente o tecido necrótico e não agridem o tecido saudável. Estes agentes exigem condições especificas que variam com o produto, que deve seguir as orientações do fabricante. A aplicação das enzimas deve ser interrompida assim que a ferida estive limpa e com tecido de granulação favorável. Exemplo: papaína, colagenase. d) Desbridamento instrumental cirúrgico: realizado pelo médico-cirurgião, geralmente no centro cirúrgico, com anestesia, quando o comprometimento tecidual abrange grandes áreas que tenham grau de erosão, tunelização, fistulização, que necessitem de remoção óssea, estejam próximos a órgãos vitais, possam provocar dor intensa, estejam em situação de imunossupressão e sepse, dentre outras complicações graves, como a osteomielite. e) Desbridamento instrumental conservador: é aquele no qual não estão incluídas as situações acima citadas, pode ser realizado em ambulatório ou no leito do paciente e por enfermeiros capacitados e não deve transpor a fáscia muscular. Cobertura é um recurso empregado para proteger uma ferida, com o objetivo de favorecer o processo de cicatrização e de resguardá-la contra agressões externas, para mantê-la úmida e preserva a integridade de sua região periférica. As coberturas podem ser classificadas, quanto ao desempenho, em: passivas (protegem e cobrem as feridas); interativas ou hidroativas (mantêm um microambiente úmido, o que facilita a cicatrização) e bioativas (fornecem elementos necessários à cicatrização, estimulando a cura da ferida). TIPOS DE COBERTURA FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 22 | P á g i n a Quanto ao contato com o leito da ferida, classificam-se em: coberturas primárias (colocadas diretamente sobre as feridas) e secundárias (sobre coberturas primárias). A eficácia da terapia tópica depende da seleção e aplicação apropriadas. Sua seleção deve ser baseada na avaliação da ferida, características do produto, disponibilidade e custos. Hoje temos ao nosso dispor uma variedade enorme de produtos para o tratamento e prevenção de feridas cujos efeitos terapêuticos se baseiam em princípios favorecedores da cicatrização com menos efeitos secundários e maior qualidade. Curativo Composição Mecanismo de ação Indicações Desvantagens Curativo não- aderente Tela de acetato de celulose e/ou tela de raiom com emulsão de petrolato Promover meio úmido, protege a ferida; preserva o tecido de granulação; evita a aderência ao leito da ferida Queimaduras parciais, áreas doadoras e receptoras de enxertos e lacerações Não deve ser usado na presença de infecção e exsudato ou em feridas fechadas; necessita de trocas frequentes Curativo não- aderente com silicone Tela de poliamida com silicone Livre fluxo de exsudato e remoção atraumática; proporciona meio úmido; possibilita menor número de trocas de curativo Queimaduras parciais, áreas doadoras e receptoras de enxertos e lacerações Não deve ser usado na presença de infecção e de grande quantidadede exsudato Filme transparente Polímero de poliuretano, com uma das faces de adesivo de acrílico; não adere à superfície úmida da ferida Cobertura impermeável à água e micro- organismos; manutenção do leito úmido; possibilita menor número de trocas de curativo Visibilidade do leito, feridas superficiais sem exsudato; áreas doadoras de enxertos (aplicar diretamente na lesão com a película microperfurada voltada para a superfície da mesma). Também é utilizado com frequência na fixação de cateteres. Não deve ser usado na presença de infecção e de grande quantidade de exsudato Absorção com FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 23 | P á g i n a Espuma polimérica com ou sem prata Matriz de poliuretano e silicone com ou sem prata Isolamento térmico; ação bacteriostática da prata; possibilita trocas menos frequentes Feridas exsudativas, profundas, úlceras residuais com colonização bacteriana crônica pós- enxertia de pele. Não precisam de coberturas secundárias. Não deve ser usada em feridas simples e secas Hidrocoloide Polímero de poliuretano semipermeável (face externa) e carboximetilcelulose, gelatina e pectina (face interna) Absorve pequeno volume de exsudato; mantém o meio úmido. Também usado para proteger áreas com proeminências ósseas Proteção de proeminência óssea e feridas com lesão parcial de pele, com baixa a moderada exsudação (deve ser aplicada diretamente sobre a ferida, deixando uma margem de 1 a 2 cm para perfeita aderência à pele íntegra. Pode ser recortada. Troca: quando ocorrer extravasamento do gel ou descolamento das margens da placa, não ultrapassando 7 dias) Não deve ser usado na presença de infecção e de grande quantidade de exsudato, ou se houver exposição de músculos, ossos ou tendões.; necessita de trocas frequentes Hidrogel Polímero de álcool de polivinil, poliacrilamidas e polivinil. Disponível em forma de placa, granulo, pasta e fibra Mantém ambiente úmido, possibilitando, liquefação de materiais necróticos (desbridamento autolítico) Queimaduras e feridas com tecidos desvitalizados - esfacelos e necrose Úmida (deve ser aplicada diretamente sobre a ferida e ser usado sempre associado a coberturas oclusivas ou gaze. Troca: de acordo com a saturação da cobertura associada, ou até 72 horas quando associado com gaze) Não deve ser usado na presença de infecção e de exsudato, pele integra e ferida operatória fechada. FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 24 | P á g i n a Alginato de cálcio Fibras de algas marinhas impregnadas com cálcio O cálcio induz hemostasia; capacidade de absorver exsudatos; desbridamento autolítico Feridas abertas exsudativas, cavitárias e sangrantes (pode ser recortado, mas deve utilizar tesoura estéril, manusear com luvas ou pinças estéreis. A frequência de trocas é de acordo com a quantidade de exsudato presente na ferida podendo ser de até 7 dias. A cobertura secundária deverá ser trocada quando houver saturação) Não deve ser usado em feridas simples e secas Carvão ativado com prata Fibras de carvão ativado impregnado com prata 0,15% O carvão ativado adsorve o exsudato e diminui o odor; a prata exerce função bacteriostática Feridas fétidas, exsudativas e infectadas (é uma cobertura primária, com uma baixa aderência, podendo permanecer de três a sete dias quando a lesão não estiver mais infectada) Não deve ser usado em feridas simples e secas (nos casos de exposição osteotendinosa, deve ser utilizado com restrições, devido à possibilidade de ressecamento do local da lesão) Malha com prata Malha com sais de prata Prata iônica causa precipitação de proteínas, agindo na membrana citoplasmática da bactéria (bacteriostática) Feridas com infecção; queimaduras profundas e extensas (colocar o curativo de carvão ativado sobre a ferida e oclui-la com cobertura secundária estéril. Troca: a cada 1-4 dias, dependendo da quantidade de exsudato) Não deve ser usada em pacientes com hipersensibilidade à prata; não pode ser cortado, pois ocorre liberação do carvão e da prata. Papaína Enzima proteolítica retirada do látex do vegetal mamão papaia (Carica Papaya), no qual são comercializadas na forma de pó, pasta, creme e gel, sendo que o pó deve ser Estimula a proliferação celular, desbridamento químico, bacteriostático, bactericida, anti- inflamatório, 3% - em granulação; De 3% a 10% - desbridamento em tecidos necróticos. (umedecer as gazes de contato o suficiente para manter o leito da ferida úmida até a próxima troca, ocluir com gazes Contraindicado a pacientes com sensibilidade à substância ou outro componente da formulação e feridas com exsudato sanguinolento. FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 25 | P á g i n a diluído no momento do uso aumenta a força tênsil da cicatriz. estéreis e secas. Troca: deverão ser feitas conforme a saturação das gazes e a umidade da ferida ou no máximo a cada 24 horas) Deve ser usado com cautela em clientes com distúrbios de coagulação ou em uso de anticoagulantes. AGE - Ácidos Graxos Essenciais Podem conter 1 ou 2 AGEs, acrescidos de vitaminas E, A, lecitina de soja e triglicerides de cadeia média. Promove quimiotaxia (atração de leucócitos) e angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos) mantém o meio úmido e acelera a granulação. Em granulação, bordas e periferida (umedecer as gazes de contato o suficiente para manter o leito da ferida úmida até a próxima troca, ocluir com gazes estéreis e secas. Troca: deverão ser feitas conforme a saturação das gazes e a umidade da ferida ou no máximo a cada 24h). A aplicação tópica em pele íntegra tem grande absorção: forma uma película protetora, previne escoriações – devido à alta capacidade de hidratação – e proporciona nutrição celular local. Feridas muito exsudativas; feridas infectadas ou com necrose; prevenção e tratamento de dermatites. Sulfadiazina de prata a 1% Creme de sulfadiazina de prata Bactericida e bacteriostática. Prevenção de colonização e tratamento de queimaduras. Trocar o curativo a cada 12 horas e fazer cobertura de 5mm de creme. (Umedecer as gazes de contato o suficiente para manter o leito da ferida úmida até a próxima troca, ocluir com gazes estéreis e secas. Manter o produto em temperatura ambiente entre 15-30ºC ou conforme orientação descrita na bula Troca: a cada 24 horas e se gazes saturadas) Hipersensibilidade aos componentes, disfunção renal ou hepática, leucopenia transitória, gestantes, crianças menores de 2 meses de idade e RN prematuro FERNANDA SILVA SANTOS INTEGRIDADE CUTÂNEA PREJUDICADA/ COBERTURAS E CURATIVOS - CEFORES/UFTM 26 | P á g i n a 1. Dealey c. Cuidando de Feridas: um guia para as enfermeiras; coordenação e revisão técnica Rúbia Aparecida Lacerda; tradução Merle Scoss. 2. Ed – São Paulo: Atheneu Editora, 2001. 2. Oliveira AC, Rocha DM, Bezerra SM, Andrade EM, Santos AM, Nogueira LT. Qualidade de vida de pessoas com feridas crônicas. Acta Paul Enferm. 2019;32(2):194-201. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-21002019000200194&script=sci_abstract&tlng=pt,. Acesso em 30 jun 2020. 3. Florianópolis. Secretaria Municipal de Saúde. Vigilância em Saúde. Protocolo de cuidadosde feridas / Coordenado por Antônio Anselmo Granzotto de Campos; Organizado por Lucila Fernandes More e Suzana Schmidt de Arruda. Florianópolis: IOESC, 2007. 70 p. 4. SILVA, R. C. L.; MEIRELES, I. B. Fundamentos Biológicos para o Atendimento ao Portador de Lesões de Pele. In SILVA, R. C. L.; FIGUEIREDO, N. M. A.; MEIRELES, I. B. Feridas: fundamentos e atualizações em enfermagem. São Caetanos do Sul, SP: Yendis Editora, 2007. cap. 3, p.55-80. 5. Prefeitura municipal de videira. Secretaria municipal de saúde. Atenção básica à saúde. Protocolo de assistência aos usuários com lesões de pele. Videira (SC) Julho/2018. Disponível em: https://static.fecam.net.br/uploads/834/arquivos/1311238_PROTOCOLO_FERIDAS_E_CURATIVOS.pdf 6. Feridas complexas e estomias: aspectos preventivos e manejo clínico / Maria Genilde das Chagas Araújo Campos, Alana Tamar Oliveira de Sousa, Josilene de Melo Buriti Vasconcelos, Sumaya Araújo Pereira de Lucena, Silvania Katiussa de Assis Gomes. - João Pessoa: Ideia, 2016. Disponível em: http://www.corenpb.gov.br/wp-content/uploads/2016/11/E-book-coren-final-1.pdf 7. Florianópolis. Secretaria Municipal de Saúde. Vigilância em Saúde. Cuidado à pessoa com ferida. Volume 6.. Florianópolis: Secretaria Municipal de Saúde, 2019. 98 p. Disponível em: http://www.pmf.sc.gov.br/arquivos/arquivos/pdf/19_06_2019_14.54.48.a094a8bd10cad8fdad4c98021e738 21a.pdf 8. Ministério da Saúde. INCA. Tratamento e Controle de Feridas Tumorais e Úlceras por Pressão no Câncer Avançado. Rio de Janeiro: INCA, 2009. 46p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/Feridas_Tumorais.pdf REFERÊNCIAS
Compartilhar