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Professor da USP destaca a ciência brasileira e internacional na pesquisa 
do corona vírus 
 
Paulo Brandão, professor associado da Faculdade de Medicina Veterinária e 
Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), é o estudioso brasileiro com 
maior destaque no número de publicações sobre o corona vírus da plataforma 
online sobre Especialistas e Pesquisas sobre o Coronavírus do 
Ibict (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tencologia). 
Doutor em Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses pela USP (2004), 
Paulo Brandão também é pesquisador associado ao Corona vírus Research 
Group, e bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq, nível 1B. Autor e 
orientador de vários textos sobre o corona vírus, o professor estuda o assunto 
desde o ano 2000. 
Em entrevista exclusiva para o site do Ibict, Paulo Brandão explica sobre a 
importância da ciência brasileira e internacional em relação à COVID-19, 
destaca positivamente o trabalho que tem sido realizado pela rede de 
pesquisadores, e reforça o perigo das fake news em um momento tão delicado 
quanto o que o mundo todo vem enfrentando. 
Confira a seguir: 
 
Ibict: Qual o papel e a importância da ciência brasileira e mundial neste 
momento de combate à COVID-19? 
Paulo Brandão: Vou responder com um exemplo maravilhoso, que revela a 
necessidade de colaboração entre cientistas num momento desses. Existe uma 
instituição chamada INOVAUSP - Centro de Inovação da USP, uma iniciativa 
conjunta entre várias instituições. Eles têm instalações e laboratórios prontos 
para atuar em termos de doenças emergentes e vão começar a fazer 
diagnósticos de COVID-19 em colaboração ao sistema de saúde. O problema é 
que eles vêm enfrentando falta de materiais para trabalhar. Foi, então, que eles 
mandaram um e-mail para todos os pesquisadores da USP pedindo alguns 
materiais para o andamento do trabalho com a COVID-19. E todo mundo 
colaborou da melhor maneira possível. Foi uma campanha excelente, e 
proporcionada graças à rede de cientistas que já colaboravam na área. 
Outra iniciativa que mostra essa eficiência da colaboração da ciência em 
momentos importantes é o Instituto de Ciências Biomédicas da USP, que 
também está envolvido com diagnóstico e pesquisa do corona vírus. Um 
limitante é a falta de equipamentos de laboratório, são necessárias certas 
máquinas, certos equipamentos para fazer diagnósticos. Eles lançaram um 
pedido de ajuda aos pesquisadores. O número de respostas foi 
impressionante: todo mundo colocou tudo o que tinha à disposição, e houve 
colaboração da rede de cientistas e instituições. É um modo de ultrapassar 
uma barreira importante, que é o tempo de chegada desses materiais ao Brasil. 
Demoraria muito tempo além do tempo que a população poderia esperar. 
Então, todo mundo se juntou e mandou os recursos para quem está fazendo 
pesquisas voltadas à COVID-19. Além disso, muitas outras iniciativas de 
colaboração entre cientistas têm acontecido no Brasil e no mundo. 
 
Ibict: Os cientistas estão efetivamente colaborando para a prevenção, 
tratamento e cura da COVID-19? 
http://especialistasepesquisas.ibict.br/coronavirus/
http://especialistasepesquisas.ibict.br/coronavirus/
http://especialistasepesquisas.ibict.br/coronavirus/
http://inova.usp.br/
Paulo Brandão: Sim. Muito rapidamente, todos os laboratórios sérios do 
mundo têm compartilhado informação sobre a COVID-19. Uma informação 
muito importante era ter o sequenciamento do genoma da COVID-19, para 
saber, por exemplo, se ele está tendo ou não mutação. Todo mundo que tem 
feito alguma coisa a respeito tem inserido as informações nos bancos de dados 
públicos e os demais conseguem acessar e fazer a análise em cima do que já 
foi feito. Isso tem acontecido em tempo real, antes mesmo de a publicação ser 
realizada. Autores estão compartilhando dados de virologia, de epidemiologia, 
de clínica dos pacientes, por exemplo. 
Diante disso, pode-se questionar: como é que se forma essa rede de 
colaboração? E eu respondo que é estimulando ao longo do tempo com o 
envio de pesquisadores para treinamento fora do país, buscando o intercâmbio 
com pesquisadores de outros países e a participação em congressos, questões 
que são fundamentais para que os cientistas construam suas redes de 
trabalho. Tanto os pesquisadores de longa carreira quanto estudantes em início 
de jornada precisam participar de eventos fora do país e criar redes de 
colaboração. É algo que vai muito além de contarem para a comunidade 
científica a respeito das suas pesquisas. É exatamente em situações como a 
que estamos vivendo que os cientistas podem mobilizar a sua rede de 
contatos. 
 
Ibict: É possível avaliar o impacto futuro para a ciência aberta e a 
valorização da ciência brasileira e mundial após a pandemia? 
Paulo Brandão: Muitas revistas passaram a deixar os artigos relacionados ao 
corona vírus com acesso aberto. Estávamos vivendo, antes da pandemia, no 
mundo todo, um movimento anticiência, basicamente. Existia um agudo 
desprezo pela ciência, pelo conhecimento científico e pelas universidades no 
Brasil e no mundo todo. Agora, todo o mundo está se voltando para os 
cientistas, querendo saber sobre a cura e a vacina para a COVID-19. Quem 
está sendo pressionado agora não é quem negava a ciência, quem está sendo 
procurado são os cientistas. E todos esperam respostas sobre quanto tempo 
vai durar e se vai haver vacina e remédios. 
Disso tudo podemos ter uma previsão para o futuro, que é a possibilidade de 
as pessoas perceberem que, em todos os problemas que a humanidade 
conseguiu de fato sair, em todas as civilizações, desde a antiguidade, até os 
dias atuais, foi por causa da ciência. É fundamental alertar também que 
cientista não é só quem está, por exemplo, no laboratório trabalhando com um 
vírus. Um sociólogo, um historiador, um linguista também são cientistas. Todas 
as ciências precisam ser valorizadas igualmente. 
 
Ibict: Como alertar a população sobre o perigo na disseminação das fake 
news nesse cenário tão complexo? 
Paulo Brandão: Temos que pensar como é que vamos instrumentar as 
pessoas a entenderem e detectarem as fake news em planos de longo prazo. 
Todo mundo tem que ser cientista? Não... mas todo mundo tem que ter algum 
conhecimento em ciência que só pode vir da educação. Isso é algo que deveria 
acontecer em longo prazo. Devemos estimular a educação em ciência, o 
pensamento e o método científico nas crianças. Isso trará instrumentos para a 
pessoa, de modo autônomo, ter o conhecimento inicial para separar o que 
é fake e o que é ciência. 
Qual a consequência das fake news nessa pandemia? Um resultado possível é 
que acabam sendo desviados recursos para ações relacionadas às fake 
news que acabam por diminuir os recursos para onde realmente seria 
importante. Uma consequência é o mal-uso de recursos baseados em fake 
news e as más decisões em todos os níveis baseadas nelas. Um exemplo 
importante agora que está acontecendo é a falsa notícia sobre utilizar a vacina 
de corona vírus para cachorro para proteger as pessoas, que tem gerado 
problemas gravíssimos. Ou as fake news sobre os medicamentos que curam a 
COVID-19. Com isso, além dos riscos envolvidos para quem toma remédios 
indevidamente, as pessoas que realmente precisam do medicamento não terão 
para seu tratamento. E o que é que vai acontecer? Por exemplo, doenças 
como a malária, que é gravíssima, vão ficar sem tratamento. 
 
Ibict: Considerando sua experiência com o estudo do corona vírus, quais 
medidas que têm sido tomadas pelo mundo que são eficientes 
especificamente em relação à propagação da COVID-19? 
Paulo Brandão: Esse vírus sobrevive por até três horas em aerossóis. O que 
são aerossóis? Por exemplo, se eu espirrar ou tossir, isso vai fazer uma 
espécie de spray e o vírus vai ficar no ar por este período. O que quer dizer 
que é justificada a quarentena e o isolamento social como medidas eficientes 
de controle de pessoas atingidas pelo vírus. Outro ponto é que esse vírus pode 
sobreviver de horas até diasem superfícies, tais como plásticos e metais. Ou 
seja, as medidas higiênicas que têm sido faladas insistentemente nos últimos 
dias por vários meios, como a higiene das mãos, dos alimentos e das 
superfícies são fundamentais. Lavar as mãos, aliás, é uma medida de higiene 
básica que deveria ser realizada como um hábito cotidiano por todos. 
 
 
Atividade de Aprendizagem 
 
 
Faça um texto, destacando os pontos positivos e negativos da entrevista, e no 
final deixe sua opinião sobre a importância da pesquisa cientifíca em relação 
ao COVID-19. 
 
Fonte: http://www.ibict.br/sala-de-imprensa/noticias/item/2102-professor-da-usp-destaca-a-
ciencia-brasileira-e-internacional-na-pesquisa-do-coronavirus 
 
http://www.ibict.br/sala-de-imprensa/noticias/item/2102-professor-da-usp-destaca-a-ciencia-brasileira-e-internacional-na-pesquisa-do-coronavirus
http://www.ibict.br/sala-de-imprensa/noticias/item/2102-professor-da-usp-destaca-a-ciencia-brasileira-e-internacional-na-pesquisa-do-coronavirus

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