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LOGÍSTICA REVERSA AULA 6 Prof. Luiz Felipe Cougo 2 CONVERSA INICIAL Olá! Estamos chegando ao final desta ótima disciplina! Entendemos que a LR está associada diretamente com as necessidades das organizações e seus processos reversos. Nesta aula, vamos entender sobre um importante e obrigatório aspecto que contribuiu de forma incisiva para a evolução da LR: a PNRS. A legislação e seus compromissos determinam que as organizações atendam aos seus processos produtivos e clientes quanto ao retorno dos seus produtos e subprodutos de forma segura para a destinação final ou secundária. Sendo assim, é o pontapé inicial para as empresas entenderem o método de implantação do programa de LR nos dias de hoje. Os desafios para a implantação das leis são grandes, pois a infraestrutura do país demonstra, até o momento, fragilidades para atender uma sistemática adequada para a implantação da logística reversa. Porém, com o passar dos anos, a evolução do conceito e da necessidade do reaproveitamento dos recursos também serão determinantes para a manutenção da vida sadia sobre a terra! Bons estudos! CONTEXTUALIZANDO O sistema de logística reversa é um dos pontos mais importantes da Política Nacional de Resíduos Sólidos, ligado diretamente ao princípio da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos entre fabricantes, comerciantes, consumidores e poder público. Esta relação deverá ser desenvolvida continuamente, pois a exigência da aplicação da LR nos processos industriais é de interesse do governo, da sociedade, das organizações e demais partes interessadas e conscientes da necessidade da implantação de um sistema estruturado do fluxo reverso dos materiais. Apesar de obrigatório, o desenvolvimento é paulatino em todos os setores, incluindo os órgãos públicos, para a estrutura de recebimento dos materiais, e também do conhecimento e atendimento a legislações associadas a LR pelas empresas sujeitas ao fluxo reverso. 3 O fator diferencial é que as empresas que já utilizam a logística reversa passam a ter vantagem competitiva, já que os consumidores começam a preferir produtos com apelo à sustentabilidade e responsabilidade social. Sabemos que questões que envolvem os aspectos ecológicos, sociais e econômicos são fundamentais para a sociedade, especialmente em relação às empresas, que essencialmente visam a redução de custos. O aumento da exigência dos consumidores em relação à qualidade leva a um número maior de devoluções e trocas, aumentando o risco de os produtos ficarem parados nos estoques, gerando problemas com espaço e desperdício de matérias-primas utilizadas, por exemplo. Não podemos deixar de considerar este aspecto, mas ainda assim, com a aplicação da PNRS nas organizações, é fato que teremos uma grande evolução no mercado da logística reversa. Vamos aos estudos! TEMA 1 - PRINCÍPIOS LEGAIS AMBIENTAIS Princípios são as bases do sistema jurídico, situando-se entre os valores e as normas. São fundamentos do Direito, coordenando as regras jurídicas. Em caso de omissão da lei, nos termos do artigo 4.º da Lei de Introdução às Normas de Direito, os princípios devem ser utilizados para a solução de litígios. Eles servem tanto para orientar o legislador quanto o intérprete na aplicação da norma. Têm o caráter de estruturação, sendo gerais e abstratos, orientando a aplicação do Direito. Os princípios orientam as normas legais, e, desta forma, sua eventual violação acarreta uma gravidade maior do que a da própria lei. Os princípios não são leis, mas são em larga escala aplicados pelos intérpretes, possuindo importância magna. Quanto aos princípios legais ambientais, o Direito Ambiental é composto por uma gama extensa e variada de princípios que influenciam as Políticas Nacional e Global de Meio Ambiente, tendo forte ascendência, também, sobre a vigente CF/1988. No Direito Ambiental, os princípios possuem a atribuição de interpretação das normas e de integração de todo o sistema jurídico, especialmente por esta disciplina congregar uma vasta e distante legislação. A legislação ambiental prolifera em todas as esferas, federal, estadual ou municipal. 4 Por isso, é natural e relevante que houvesse a intervenção dos princípios para garantir a unicidade na resolução dos conflitos advindos de eventuais choques de normas, pois são tantos os princípios reconhecidos em Direito Ambiental que cada doutrinador acaba por possuir um rol diferenciado e diversificado. Antes do advento da Constituição Federal, a proteção ambiental era regida por algumas das seguintes leis: Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política e o Sistema Nacional de Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação; Lei n° 5.197, de 03 de janeiro de 1967 (Código de Caça); Decreto n° 24.643, de 10 de julho de 1934 (Código das Águas); Decreto Lei n° 227, de 28 de fevereiro de 1967 (Código de Mineração); Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985; Lei n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, disciplinando as sanções civis, penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Em 05 de outubro de 1988, foi promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil. A existência de inúmeras leis disciplinando a matéria ambiental levou os legisladores à criação do Código Ambiental Brasileiro. O Código visa a unificação de toda a legislação nacional de forma harmoniosa e sistemática. Além do código, a hierarquia das leis ambientais é bem definida por temáticas que exigem a LR na aplicação de vários produtos, como pneus, embalagens de agrotóxicos, óleos lubrificantes, materiais químicos diversos, entre outros. No entanto, a LR entrou fortemente em pauta associada aos aspectos legais ambientais somente com a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Complementando os estudos, recomendamos o seguinte artigo sobre a relação entre empresas e meio ambiente: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5175756 5 Leia também na íntegra a lei nº 6.938, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm Para saber o que o professor Luiz Felipe tem a dizer sobre esse assunto, assista ao vídeo que está disponível no material on-line! TEMA 2 - A LOGÍSTICA REVERSA E A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS) Com a lei da política nacional de resíduos sólidos sancionada em 2010, o Brasil passou a ter um marco regulatório na área de Resíduos Sólidos. A lei faz a distinção entre resíduo (que pode ser reaproveitado ou reciclado) e rejeito (o que não é passível de reaproveitamento), além de se referir a todo tipo de resíduo: doméstico, industrial, da construção civil, eletroeletrônico, lâmpadas de vapores mercuriais, agrosilvopastoril, da área de saúde e perigosos. A lei resultou de ampla discussão com os órgãos de governo, instituições privadas, organizações não governamentais e sociedade civil. A PNRS reúne princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes para a gestão dos resíduos sólidos. Os principais objetivos da lei são: A não-geração, redução, reutilização e tratamento de resíduos sólidos; Destinação final ambientalmente adequada dos rejeitos; Diminuição do uso dos recursos naturais (água e energia, por exemplo) no processo de produção de novos produtos; Intensificação de ações de educação ambiental; Aumento da reciclagem no país; Promoção da inclusão social; Geração de emprego e renda para catadores de materiais recicláveis. 6 Os Principais Instrumentos da PNRS Dentre as medidas descritas pela Lei se encontram: A criação e o incentivo ao desenvolvimento de cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis; A fiscalização sanitária e ambiental; Os incentivos fiscais e financeiros; Educação ambiental; Fundo Nacional do Meio Ambiente; Incentivo à coleta seletiva e à Logística Reversa (pensamentoverde, 2013). Basicamente, o descritivo inicial da Política nacional de resíduos sólidos e a relação com a logística reversa é definida pela Lei nº 12.305/10 como: Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada. Como funciona? Depende do resíduo. A lei explicita que alguns resíduos devem ter a logística reversa realizada por quem fabrica, importa e comercializa, independente do serviço de limpeza pública, outros não. Alguns resíduos possuem a logística reversa regulada pelo CONAMA, outros por acordo setorial. Dentro deste contexto, os resíduos sólidos ganharam contornos políticos e econômicos inesperados, tanto pela crescente quantidade produzida, quanto pelos impactos ambientais causados pelo seu descarte incorreto. Como forma de solução para esse problema ambiental, temos uma atividade já praticada a um certo tempo, mas tendo sua utilização com o cunho ambiental relativamente recente, que é a logística reversa, especificamente a de pós-consumo. Tal atividade organizacional surge como uma proposta de solução para a correta destinação dos resíduos sólidos no Brasil, principalmente após sua apresentação como ferramenta a ser utilizada para a operacionalização da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), lei nº 12.305. 7 A inclusão da Logística Reversa em capítulos específicos nesta lei, mesmo que com definições próprias, demonstra a importância dada à operacionalização e equacionamento logístico deste retorno, revelando sua complexidade e tornando-a parte integrante dos diversos Planos de Resíduos a serem editados pela Federação, Estados, Municípios e pelas empresas envolvidas na geração de resíduos. Ao longo destes últimos anos, temos observado empresas atuando no Brasil e buscando integrar novas atividades no campo da Logística Reversa, realizando joint-ventures, buscando novas tecnologias de reaproveitamento de produtos, especializando-se em atividades típicas de Logística Reversa, novas empresas procurando investimentos nas áreas de promissores negócios, entre outros movimentos empresariais. Pode-se dizer que existe certa “corrida” para melhor se preparar para a avalanche de negócios que está se concretizando. Embora a PNRS envolva especificamente os produtos usados (pós- consumo na terminologia apropriada), o fato de alguns segmentos de produtos e suas embalagens identificados nesta legislação apresentarem alto grau de obsolescência ou de duração mercadológica, alta exigência de assistência técnica, entre outras razões, faz com que a Logística Reversa de pós-venda (que se ocupa do retorno de produtos ainda não consumidos ou em condições de assistência técnica) também estejam diretamente envolvida com esta legislação. Por exemplo, um equipamento de informática que tenha necessidade de assistência técnica poderá ter alguns componentes trocados ou ser destinado a processos de reaproveitamentos como produto de pós-consumo. Em 23 de dezembro de 2010, a Presidência da República editou o decreto nº 7.404 que regulamenta essa legislação, definindo os ministérios e secretarias do governo envolvidos na aplicação da PNRS através da criação e designação das funções do Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e do Comitê Orientador. Em linhas gerais pode-se entender que o Comitê Interministerial (art. 3º) responderá pela implementação da Logística Reversa e que o Comitê Orientador (art. 33) terá um papel consultor ao definir metodologias, critérios e avaliar os sistemas de Logística Reversa apresentados. Ambos os comitês terão a possibilidade de convidar representantes da sociedade empresarial, de entidades afins e criar corpos técnicos específicos. 8 De uma forma geral pode-se entender esse decreto como uma fase de planejamento dos sistemas de implantação da Logística Reversa que deverão ser efetivados no país nos próximos anos. O decreto explicita a preocupação justificável em definir com muita precisão os diversos sistemas de implementação e operacionalização da Logística Reversa que poderão ser adotados pela cadeia produtiva do produto ou embalagem, setores empresariais ou empresas. Distingue, para tanto, os seguintes sistemas (art.15): “Acordos setoriais”; “Regulamentos expedidos pelo Poder Público”; “Termos de compromisso”. Sendo assim, a PNRS fixou obrigações para União, Estados e Municípios, porém apenas os Municípios estão sujeitos a sanções da lei de Crimes Ambientais através da Lei 9.605/98. União: Plano Nacional de Resíduos Sólidos; Logística reversa; SINIR. Estados: Plano Estadual de Resíduos Sólidos; Integração da organização, do planejamento e da execução das funções públicas de interesse comum relacionadas à gestão dos resíduos sólidos em regiões metropolitanos e afins. Municípios: Plano Municipal de Resíduos Sólidos; Eliminação de lixões e aterros controlados; Implantar aterro sanitário; Coleta seletiva; Compostagem; articular o retorno ao ciclo produtivo dos resíduos reutilizáveis e recicláveis oriundos dos serviços de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos. Inúmeros são os artigos que tratam sobre a PNRS e a LR devido ao seu caráter coercitivo e recente. Dentre os estudos, recomendamos o artigo disponível a seguir, que relata uma pesquisa voltada para a PNRS e sua importância na evolução da LR em âmbito nacional. http://www.producaoonline.org.br/rpo/article/viewFile/2006/1357 Uma relação sobre a LR e a PNRS pode ser encontrada no artigo a seguir: http://blog.newtonpaiva.br/pos/e6-a01/ E para tirar as dúvidas, acompanhe as explicações do professor Luiz Felipe no vídeo que está disponível no material on-line. 9 TEMA 3 - SETORES SUJEITOS À LR PELA PNRS Alguns aspectos relevantes mencionados na PNRS para discussão: Art. 33. São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: I – agrotóxicos, seus resíduos e embalagens; II – pilhas e baterias; III – pneus; IV – óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; V – lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; VI – produtos eletroeletrônicos e seus componentes. Produtos que são explicitamente citados na lei são obrigados a estruturar sistemas de LR, devido à periculosidade e elevada quantidade de descarte de materiais como produtos comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou de vidro; demais produtos e suas embalagens. O quadro a seguir apresenta um exemplo de fluxo reverso: Fonte: ABINEE, 2013 10 O quadro a seguir demonstra alguns exemplosde itens sujeitos à LR. Nota-se nesta descrição que o fabricante de uma televisão, por exemplo, será responsável, junto ao consumidor e a loja que vendeu o produto, pela reciclagem do material e pelo descarte correto do objeto quando sua vida útil acabar. Somente o que não for possível aproveitar vai para o lixo, e com segurança. Existem cadeias que já possuem sistemas de logística reversa implantados anteriormente à Lei nº 12.305/2010, por meio de outras tratativas legais. Prefeitos devem fiscalizar estas cadeias: Embalagens de agrotóxicos: Lei 7.802/89; Pneus: Resolução CONAMA 416 de 2009; Óleo lubrificante usado ou contaminado (Oluc); Resolução CONAMA 362 de 2005; Pilhas e baterias: Resolução CONAMA 401 de 2008. Sobre os resíduos de Construção Civil, apesar de não explicitado na PNRS, sua coleta, transporte e disposição final adequada é de responsabilidade do gerador e não do Município. Esse gerenciamento foi regulamentado pela Resolução CONAMA 307 de 2002. 11 Conheça uma visão comentada sobre a lei da PNRS a seguir: http://www.revistapetrus.com.br/uma-visao-comentada-sobre-a-lei-da- pnrs/ Consulte também a Política Nacional de Resíduos Sólidos na integra: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm Agora, acesse o material on-line e assista ao vídeo que o professor Luiz Felipe preparou para você! TEMA 4 - ARTIGOS DA PNRS E A LR Já vimos anteriormente que a PNRS constitui um importante marco para o desenvolvimento sustentável brasileiro, pois prevê soluções para problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos. A lei, formulada mediante ampla discussão no Legislativo e com a participação dos setores público e privado e da sociedade civil, definiu mecanismos e instrumentos que propiciam, principalmente, a implantação do sistema de logística reversa, dos planos de gestão integrada e de gerenciamento de resíduos sólidos. A seguir temos dois importantes artigos complementares ao 33, que fazem parte da PNRS e incluem a LR. Art. 30. É instituída a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos. II – Promover o aproveitamento de resíduos sólidos, direcionando-os para a sua cadeia produtiva ou para outras cadeias produtivas; IV – Incentivar a utilização de insumos de menor agressividade ao meio ambiente e de maior sustentabilidade; V – Estimular o desenvolvimento de mercado, a produção e o consumo de produtos derivados de materiais reciclados e recicláveis. Art. 31. Sem prejuízo das obrigações estabelecidas no plano de gerenciamento de resíduos sólidos e com vistas a fortalecer a responsabilidade compartilhada e seus objetivos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes têm responsabilidade que abrange: II – Divulgação de informações relativas às formas de evitar, reciclar e eliminar os resíduos sólidos associados a seus respectivos produtos; 12 III – Recolhimento dos produtos e dos resíduos remanescentes após o uso, assim como sua subsequente destinação final ambientalmente adequada, no caso de produtos objeto de sistema de logística reversa; IV – Compromisso de que, quando firmados acordos ou termos de compromisso com o Município, participar das ações previstas no plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, no caso de produtos ainda não inclusos no sistema de logística reversa. Complementando os estudos, acesse o artigo a seguir, que trata do passo a passo da logística reversa sobre a visão da PNRS: http://www.abihpec.org.br/novo/wp-content/uploads/PNRS_Cartilha.pdf O artigo a seguir traz a aplicabilidade da Lei 12.305/10 sob o viés do princípio da responsabilidade compartilhada: http://www3.pucrs.br/pucrs/files/uni/poa/direito/graduacao/tcc/tcc2/trabalh os2012_2/alice_sinnott.pdf Para finalizar os estudos deste tema, assista ao vídeo que está disponível no material on-line! TEMA 5 - LR E O E-COMMERCE Um importante processo em que a LR está inserida com um aumento significativo de aplicabilidade para os produtos de pós-vendas é o e-commerce (comércio eletrônico). Os índices relacionados a este tipo de comércio apresentam hoje uma grande fatia de mercado, que deve cumprir os requisitos do cliente e a legislação associada ao meio ambiente e ao consumidor. A figura a seguir detalha o fluxo direto de um processo e-commerce. 13 Uma descrição relatada por Hudari (2015) apresenta dicas para que a LR seja assertiva no e-commerce: 1. Tenha um conjunto de regras sobre políticas de devolução e troca em sua loja virtual Muito importante! Definir regras relacionadas à troca, como defeitos, garantias e prazos, passa segurança ao consumidor na hora da compra, uma vez que a loja está garantindo os seus direitos. Certifique-se também de deixar informações de contato da empresa bem visíveis no site, para que o seu cliente possa entrar em contato caso necessário. 2. Tenha um bom serviço de atendimento ao consumidor Um cliente troca um produto porque a mercadoria está aquém de suas expectativas. Ele já está frustrado antes de entrar em contato e, por isso, oferecer um bom serviço de atendimento, com profissionais bem treinados e solícitos, é essencial. Esse contato pode ser uma forma de compensar uma experiência ruim, transformando-a em uma chance de fidelização. 3. Invista no tipo de coleta mais rentável para o seu negócio Existem vários tipos de coleta dos produtos comprados. As mais comuns são coleta no local, coleta no local com hora marcada, pontos de entrega e logística reversa simultânea. Estude cada uma delas e veja qual trará mais agilidade e pesará menos no seu bolso. 4. Tenha um protocolo para o que será feito com os produtos devolvidos Já que produtos com defeito não podem ser revendidos, tenha um destino para eles. Você pode descartá-los, devolvê-los ao fornecedor, reciclar ou doar. 14 5. Analise o número de devoluções e melhore o seu serviço a partir dele Tenha o controle sobre os motivos de os itens estarem sendo devolvidos. Verifique quais são os mais comuns e os períodos com maior número de trocas. Avalie se, com esses dados, você pode melhorar o seu serviço a fim de evitar futuras devoluções. 6. Finalmente, faça de tudo para que o processo de logística reversa seja feito no menor tempo possível O fator tempo é um grande influenciador em como o cliente vai avaliar a sua loja depois de todo o processo de compra e troca. Se foi bem atendido e conseguiu ter o seu problema resolvido de forma ágil, é provável que volte a comprar em sua loja online. Veja na figura alguns exemplos de soluções logísticas para o pós-vendas: Esta convergência do mapeamento bem definido dos processos de LR para atendimento aos requisitos do cliente traz benefícios diretos também à recuperação e tratamento dos materiais envolvidos. Existem estudos hoje que falam exclusivamente sobre LR no setor de embalagens, pois esse é um segmento que evoluiu com a mesma força que o e-commerce. Para finalizar, a figura demonstra a necessidade da inclusão da LR como fator de sucesso para o processo do e-commerce. 15 Para aprofundar seus estudos, consulte o artigo a seguir sobre o papel da LR no e-commerce: http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2013_TN_STP_177_009_227 59.pdf Confira tambémum estudo de caso de LR no e-commerce, com foco na área de pós-vendas: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/39223?locale=pt_BR Confira também o que o professor tem a dizer sobre a LR e o e- commerce no material online! TEMA 6 - RAZÕES PARA USAR A LR Além de todas as vantagens estudadas até aqui, a LR apresenta positivas perspectivas sob o ponto de vista estratégico e que devem ser consideradas para a aplicação, referentes às decisões de LR no macroambiente empresarial constituído pela sociedade e comunidades locais, governos e ambiente concorrencial. Portanto, levará em consideração as características que garantirão competitividade e sustentabilidade às empresas nos eixos econômico e ambiental por meio de diversificados objetivos empresariais. Considera-se também: Recuperação de valor financeiro; Seguimento de legislações; 16 Prestação de serviços aos clientes; Mitigação dos riscos ou reforço da imagem de marca ou corporativa e demonstração de responsabilidade social; Uso das principais ferramentas de logística aplicadas à logística reversa; Localização de instalações; Roteirização; Gestão de estoques; Gestão de transporte e armazenagem, etc. A LR, por meio de sistemas operacionais, tem por objetivo tornar possível o retorno dos bens ou de seus materiais constituintes ao ciclo produtivo de negócios. Agrega valor econômico, de serviço, ecológico, legal e de localização ao planejar redes reversas e as respectivas informações ao operacionalizar esse fluxo, desde a coleta dos bens de pós-consumo ou de pós-venda, por meio dos processamentos logísticos de consolidação, separação e seleção, até a reintegração ao ciclo. A Logística Reversa não serve necessariamente para aprimorar a produtividade logística. No entanto, o movimento reverso é justificado sobre uma base social e deve ser acomodado no planejamento do sistema logístico. [...]. O ponto importante é que a estratégia logística não poderá ser formulada sem uma consideração cuidadosa dos requerimentos da logística reversa. (BOWERSOX et al, 1986, p. 16). Complementando os estudos, recomendamos os artigos a seguir: Motivos estratégicos, fatores e vantagens que conduzem as empresas à logística reversa: um estudo de caso: http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2010_tn_sto_134_854_14726 .pdf Estudo sobre a LR na agência dos Correios: http://repositorio.enap.gov.br/bitstream/handle/1/2151/Servi%C3%A7o% 20de%20log%C3%ADstica%20reversa%20em%20ag%C3%AAncias%20dos% 20Correios.pdf?sequence=1&isAllowed=y 17 Estudo sobre a aplicação da LR em diversos setores produtivos: http://www.simpoi.fgvsp.br/arquivo/2015/artigos/E2015_T00130_PCN906 19.pdf Para finalizar, acesse o vídeo do professor sobre esse tema no material online! TROCANDO IDEIAS Dentre os estudos apresentados sobre a PNRS, a sua empresa já aplica os conceitos obrigatórios da legislação? No seu entendimento, a Logística reversa já é considerada um fator estratégico para as empresas? E no seu ambiente de trabalho? SÍNTESE Como conclusão desta rota e da disciplina, entende-se que, através dos materiais de vídeo e descritivos que vimos, a logística reversa é: Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição de materiais pós-venda e/ou pós consumo, incluindo os resíduos sólidos, ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação. (Adaptado de Ministério do Meio Ambiente, 2015). Neste aspecto, com a introdução das necessidades da LR através dos códigos e acordos obrigatórios da relação consumidor e fornecedor, bem como a existência da legislação ambiental melhorando continuamente o seu arcabouço legal para a LR, a adoção de princípios ambientais, ferramentas estratégicas para o mapeamento, gerenciamento e controle da LR, traz grandes benefícios para a organização e para o meio ambiente. Sendo assim, a visão de sustentabilidade, nas suas dimensões sociais (Códigos de ética, conduta e apoio aos trabalhadores e sociedade), ambientais (prevenção à poluição) e econômicas (produtividade e competitividade) são refletidas positivamente, incluindo todas as partes interessadas, como clientes internos e externos, sociedade, ONGs, investidores, comunidade científica, fornecedores entre muitos outros. 18 É importante lembrar que a logística reversa vai envolver diferentes áreas do seu negócio, começando pelo SAC, passando pelo financeiro, gestão e controle de estoque até, finalmente, o serviço de entrega. No entanto, para lidar de maneira eficiente com todo o processo de devolução de produtos, é preciso ter em mente não apenas a satisfação dos clientes, mas também as necessidades da sua empresa, de forma a minimizar os impactos em termos de custos. Desta forma, para a implantação da LR nas empresas a estratégia organizacional é premissa para a propor a integração de todas as áreas (marketing, engenharia, produção, cadeias de suprimentos, gestão ambiental e outras) para que o processo seja abordado como fator de sucesso. Pode-se concluir também que os impactos ambientais são um foco relevante da Logística Reversa. E como esta é um campo novo da Logística, ou seja, ainda em desenvolvimento, é notável que ainda necessitará de amplos investimentos e estudos, pois considerando a maneira como é feita hoje, é possível notar que há grandes lacunas a serem preenchidas a respeito da correta aplicação e divulgação de seus métodos. Por outro lado, sabe-se que, de acordo com os nossos estudos, um programa de LR que seja bem desenhado pode contribuir para a eficiência operacional das organizações e, como consequência, pode-se falar em Ecoeficiência. Ou seja, uma organização com um bom programa de LR pode ser eficiente e, ao mesmo tempo, contribuir com as questões ambientais mais amplas (FILHO e BERTÉ, 2009). Desta forma, não só as organizações, assim como toda a sociedade poderá aderir às políticas de preservação do Meio Ambiente! Para as considerações finais do professor Luiz Felipe, acesse o material on-line e assista ao vídeo que está disponível para você! REFERÊNCIAS RAZZOLINI, E. F.; BERTÉ, R. O reverso da Logística e as Questões Ambientais no Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2013. ALVES, C. A. A gestão eficiente dos resíduos. Porto. Publindústria, 2005. ISBN 978-972-8953-03-4. 19 BALLOU, H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. São Paulo: Prentice Hall, 2004. CARVALHO, J. C. de. Logística, Supply Chain & Network Management. Lisboa. Ad litteram, 2003. ISBN 978-972-95759-7-6. DE BRITO, M. P., FLAPPER, S. D. P. e DEKKER, R. Reverse Logistics: a review of case studies, Econometric Institute Report. EI 2002-21, maio de 2002. DONATO, V. Logística Verde: uma abordagem socioambiental. São Paulo: Ciência Moderna, 2009. LACERDA, L., Logística Reversa - Uma visão sobre os conceitos básicos e as práticas operacionais. Sargas - Competência em Logística, Vol 4, p. 101-103, 2009. LEITE, P. R. Logística Reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Pearson / Prentice Hall, 2009.
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