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Interpretação e Produção de Textos - Slides

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Prévia do material em texto

Prof. MSc. Jamilson Alves
UNIDADE I
Interpretação e Produção
de Textos
 No dia a dia, “texto” remete à obrigação de escrever algo, geralmente longo.
 Nos estudos discursivos, “texto” é algo mais amplo.
 “Texto” deriva do latim tecere, tecer. Ou seja, o texto é algo “tecido”.
 O texto não é um amontoado de elementos. É uma 
composição intencionalmente construída para transmitir 
uma mensagem. Todas as suas peças são importantes 
e devem estar bem encaixadas com as demais.
Noções de texto
Um texto é um todo organizado de sentido, um conjunto formado de partes 
solidárias, ou seja, o sentido de uma depende das outras. Repare nos exemplos:
 Ana é bonita _______ inteligente.
 Ana é bonita _______ antipática.
 Ana é grosseira _______ inteligente.
 Ana é grosseira _______ antipática.
 Perceba, nos exemplos acima, a relação lógico-
matemática da linguagem.
Noções de texto: a matemática da linguagem
Pensando ainda na conexão entre as partes solidárias de um texto, 
vejamos os seguintes exemplos:
 João estuda _______ trabalha.
 João estuda _______ não trabalha.
 João não estuda _______ trabalha.
 João não estuda _______ trabalha.
 Novamente, o que se demonstra é a relação lógico-
matemática presente na linguagem, em qualquer texto, 
por mais simples que seja.
Noções de texto: a matemática da linguagem
 Um texto é um todo organizado de sentido. 
 Isso implica afirmar que o texto é um conjunto formado de partes solidárias, 
que o sentido de uma depende das outras (Fiorin, 2011).
 Os elementos internos de um texto interagem coerentemente 
na construção de um sentido.
 Como produção, ele se associa a outros textos e ao contexto em que foi 
construído, ou seja, um texto não existe de forma isolada, desvinculada.
Ainda sobre o que é um texto...
 Analise o quadro a seguir.
Texto: um todo organizado de sentido
Fonte: 
http://www.aindatorindo.com/2015/0
1/moco-eu-queria-uma-
rasteirinha.html
 Analise agora este outro quadro.
Texto: um todo organizado de sentido
Fonte: 
http://www.aindatorindo.co
m/2015/01/moco-eu-
queria-uma-
rasteirinha.html
Texto: um todo organizado de sentido
Fonte: http://www.aindatorindo.com/2015/01/moco-eu-queria-uma-rasteirinha.html
 Nenhum texto é uma peça isolada, nem a manifestação da individualidade de 
quem o produziu. 
 Constrói-se um texto para, através dele, marcar uma posição ou participar de um 
debate de escala mais ampla que está sendo travado na sociedade. 
Até mesmo uma simples notícia jornalística, sob a aparência de neutralidade, tem 
sempre alguma intenção por trás (Fiorin, 1999). Vejamos os exemplos a seguir:
 4 em cada 10 usuários desistem de ação anticrack da prefeitura.
 6 em cada 10 usuários permanecem em ação anticrack da prefeitura. 
Ainda sobre o que é um texto... 
 Estudantes invadem reitoria e forçam renúncia do reitor.
 Estudantes ocupam reitoria e reivindicam renúncia do reitor.
 Os sem-terra invadiram 100 fazendas neste ano.
 Os sem-terra invadiram só 100 fazendas neste ano.
 Os sem-terra invadiram 100 fazendas só neste ano.
Ainda sobre o que é um texto... 
Você já deve ter visto em alguma rede social 
a seguinte brincadeira:
Interpretação de textos nos dias de hoje...
Fonte: http://espaco-do-saber-
funcional.blogspot.com
/2018/08/blog-post.html
 É importante perceber a diferença entre compreender e interpretar um texto.
 As perguntas feitas no anúncio revelam que as pessoas não compreenderam o 
anúncio, talvez por não lerem, de fato, o que estava escrito.
 Compreender corresponde à mera decodificação. No exemplo, todas as respostas 
estão no texto, colocadas de forma explícita. 
 Interpretar, por sua vez, significa apreender o sentido do texto e depende de 
elementos que estão além dele. Quer ver um exemplo?
Interpretação de textos nos dias de hoje...
Interpretação de textos nos dias de hoje
Fonte: 
http://delhumberto.blogspot.c
om/2018/07/vejas-diferenca-
entre-saber-ler-e-saber.html
De acordo com o que vimos quanto ao que é um texto, pode-se dizer que:
a) Uma charge sem palavras não pode ser considerada texto.
b) Registros da oralidade não podem ser chamados de texto.
c) Um texto bem escrito deve buscar a imparcialidade.
d) Um texto é um todo organizado de sentido.
e) Todo texto é assim considerado se tiver certo tamanho de linhas e parágrafos.
Interatividade
 A linguagem é o código essencial à concretização da comunicação, que é uma 
necessidade humana.
 Linguagem é todo sistema de signos que deve ser compartilhado por emissor e 
receptor para que a comunicação ocorra. Signo, de uma forma sintética, é aquilo 
que representa algo, que substitui outra coisa. Um desenho e uma palavra são 
signos.
 A escolha da linguagem nunca é neutra, seu uso é sempre subjetivo, uma vez 
que há um sujeito que faz as escolhas que resultam em certo efeito de sentido.
Texto e linguagem: diferentes modos de dizer 
 Podemos, por exemplo, proferir qualquer um dos enunciados a seguir.
 Arnaldo faleceu ontem.
 Arnaldo morreu ontem.
 Arnaldo bateu as botas ontem.
 Arnaldo vestiu o terno de madeira ontem.
 Arnaldo virou uma estrelinha ontem. 
Texto e linguagem: diferentes modos de dizer
 Ainda que os dicionários apresentem palavras ou expressões como sinônimos, é 
nítida a diferença entre os impactos provocados por cada uma das formas.
 “Falecer” é mais respeitoso do que “morrer”;
 “Bater as botas” e “vestir o terno de madeira” são desrespeitosas ou engraçadas;
 “Virar uma estrelinha” é uma forma suave de expressar a ideia de morte. 
Texto e linguagem: diferentes modos de dizer
 Procure notar que a maioria dos veículos de imprensa utiliza o verbo “ocupar” para 
se referir a ações policiais e usa o verbo “invadir” para as ações do Movimento 
Sem-Terra (MST), por exemplo. Reflita sobre os sentidos que são construídos a 
partir dessa escolha.
 Assim, a forma de dizer interfere no conteúdo do que se diz. Quando interpretamos 
um texto, devemos também perceber como ele foi construído e qual efeito de 
sentido ele provoca.
Texto e linguagem: diferentes modos de dizer
 Muitas vezes, quando não queremos ofender alguém, buscamos suavizar o modo 
de apresentar uma crítica. Procuramos uma forma eufemística para dizer algo 
desagradável.
 A origem da palavra “eufemismo” está no grego eu (bom, agradável) e pheme
(palavra). Desta junção, formou-se euphémein, que significa “falar palavras 
agradáveis” ou “bem dizer”.
 Eufemismo é uma figura de linguagem que se caracteriza por suavizar alguma 
afirmação desagradável.
Figuras de linguagem: eufemismo
 Arnaldo virou uma estrelinha ontem. (morreu)
 Aquele político enriqueceu por meios ilícitos. (roubou)
 O País está passando por uma desaceleração do crescimento. (crise)
Exemplos de eufemismo
 Em certas situações, o exagero no enunciado é importante para revelar a 
dimensão daquilo que queremos dizer.
 Nesse sentido, a hipérbole é oposta ao eufemismo, já que, em vez de suavizar o 
que se quer dizer, exagera-o.
 O vocábulo tem origem na língua grega, na palavra hiperbolé (exagero). “Hiper” 
(sobre, por cima) e “bolé” (atirar, lançar).
 Hipérbole é a figura de linguagem em que se exagera no enunciado, a fim de 
ampliar a dimensão do que está sendo dito. 
Figuras de linguagem: hipérbole
 Faz séculos que não vejo Maria. (faz muito tempo)
 Morri de rir ontem no jantar. (foi muito divertido)
 Aquele ônibus leva uma eternidade para passar. (demora muito)
Exemplos de hipérbole
 É importante o uso do duplo sentido de palavras e expressões. Quando 
intencionalmente produzida, a ambiguidade caracteriza um recurso 
que enriquece o texto.
 Ambiguidade: derivado do termo latino ambiguitas (equívoco, incerteza), 
que vem do grego amphibolia, que quer dizer “duplicidade de sentido”.
 O duplo sentido surge tanto por relações sintáticas, construção das orações ou 
pela polissemia de palavras (um significante commais de um significado). 
Figuras de linguagem: ambiguidade
 “Ouvi falar da festa no escritório.”
 “O boi se diverte com a pata na lama.”
 “O menino estava perto do banco.”
Exemplos de ambiguidade/duplo sentido
 “Ouvi falar da festa no escritório.” - Eu estava no escritório quando ouvi falar da 
festa ou a festa será realizada no escritório?
 “O boi se diverte com a pata na lama.” - O boi coloca uma parte de seu corpo na 
lama ou brinca com outro animal?
 “O menino estava perto do banco.” - De um instrumento para sentar ou de uma 
instituição financeira? 
Exemplos de ambiguidade/duplo sentido
Exemplos de ambiguidade/duplo sentido
Fonte: 
https://www.lg.com.br
 A ironia consiste em se fazer uma afirmação que, na verdade, significa o oposto.
 É a utilização proposital de termos que manifestam o sentido oposto do seu 
significado. Por exemplo, uma pessoa que levou uma bronca do chefe após um 
péssimo dia de trabalho pode dizer: “Era o que faltava para encerrar o meu dia 
maravilhosamente bem”.
Figuras de linguagem: ironia
 Em conversas cotidianas, a ironia é facilmente percebida pela entonação e pelo 
contexto. Quando a professora diz ao aluno que tirou zero em uma prova que ele 
foi “muuuuito bem”, a ironia é evidente.
 Em textos impressos, nem sempre a percepção da ironia é tão imediata e, quando 
ela não é percebida, a interpretação é totalmente equivocada. Observemos a 
charge a seguir.
Figuras de linguagem: ironia
Figuras de linguagem: ironia
Fonte: http://4.bp.blogspot.com 
Figuras de linguagem: ironia
Fonte: https://manualdapilhaerrada.wordpress.com
 Em outras palavras, podemos dizer que a forma de expressão interfere 
diretamente no conteúdo.
 Vejamos um exemplo com um “meme”, algo tão corriqueiro hoje em dia, baseado 
em Nicolau Maquiavel:
A expressão afeta o conteúdo
A expressão afeta o conteúdo
Fonte: 
https://www.obaoba.com.br/
comportamento 
 Nicolau Maquiavel: importante pensador, defensor do poder absoluto e autor de O 
Príncipe. Nessa obra, ele comenta que um governante tem o dever (e o direito) de 
se manter no poder de qualquer forma.
 Com esses exemplos, queremos mostrar que a densidade do conteúdo está 
intimamente relacionada com a forma de expressão.
 Essas relações de sentido refletem-se diretamente na linguagem, na mensagem, 
naquilo que se quer transmitir.
A expressão afeta o conteúdo
 A linguagem é uma atividade humana que representa o mundo, que constrói a 
realidade, revelando aspectos históricos, culturais e sociais. É com a linguagem 
que o ser humano organiza e dá forma às suas vivências.
 A linguagem pode ser verbal ou não verbal:
 Linguagem verbal: a comunicação acontece por meio das palavras, 
escritas ou faladas;
 Linguagem não verbal: a comunicação acontece por desenhos, 
gestos, entre outros.
Tipos de linguagem
Uma mesma ideia pode ser expressa por meio de signos verbais, não verbais ou 
pela combinação deles:
Tipos de linguagem: verbal
Fonte: o Autor
Tipos de linguagem: não verbal
Fonte: 
http://loja.afixgraf.com.b
r/placa-proibido-fumar
Tipos de linguagem: sincrética ou híbrida
Fonte: 
http://www.aerotexextintores.com.
br/advertencia-e-proibicoes
 Como vimos, um texto pode utilizar somente linguagem verbal, somente linguagem 
não verbal ou misturar as duas, sendo assim denominado sincrético ou híbrido.
 Decodificar um texto implica reconhecer os significados dos seus signos, sejam 
eles verbais ou não verbais, e observar a combinação entre eles.
 Um texto é uma unidade de sentido, com a combinação coerente e coesa dos seus 
elementos. Existem infinitas formas de dar concretude a uma ideia, o que significa 
que são inúmeros os textos que podem ser construídos para expressá-la.
Linguagem verbal e não verbal
De acordo com o que vimos, pode-se dizer que:
a) Informar a uma criança que alguém “virou estrelinha” em vez de dizer que 
“morreu” configura hipérbole.
b) Uma ideia expressa em linguagem não verbal é mais difícil de ser interpretada 
que uma em linguagem verbal.
c) A hipérbole está associada à ideia de exagero, como em “morrer de rir”.
d) O eufemismo está associado à ideia de mentira ou de ocultação da verdade.
e) A ambiguidade é um recurso que deve ser evitado nos textos orais.
Interatividade
 Nenhum texto existe de forma isolada: “Todo texto é produto de criação coletiva: 
a voz de seu produtor se manifesta ao lado de um coro de outras vozes que já 
trataram do mesmo tema e com as quais se põe em acordo ou desacordo” –
Platão e Fiorin (1999, p. 25).
 Intertextualidade é a relação entre textos, a referência direta ou indireta de um 
texto a outros, é um “diálogo” entre textos. Por isso, para perceber a 
intertextualidade, o receptor deve ter conhecimento dos textos com 
os quais o texto lido dialoga.
O texto e o contexto
 O recurso da intertextualidade aparece nos mais variados textos, inclusive nos 
publicitários. É comum vermos uma peça publicitária fazendo referência a um 
filme, a uma música, a um poema, a outro anúncio.
 Observe o anúncio publicitário que divulga um bistrô da Feira do Livro. 
É visível, para quem conhece um pouco de literatura (conhecimento 
que se espera de quem frequenta o evento), a referência a um famoso 
poema de Carlos Drummond de Andrade.
Intertextualidade: a relação entre textos
Intertextualidade: a relação entre textos
Fonte: 
http://discutindoaredacao.wordpress.com
Vejamos o trecho inicial do texto de Carlos Drummond de Andrade:
E agora, José?
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
Intertextualidade: a relação entre textos
 Vejamos também o trecho final do texto de Carlos Drummond de Andrade:
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Intertextualidade: a relação entre textos
 O poema de Drummond foi publicado em 1942, na época da Segunda Guerra 
Mundial e do Estado Novo no Brasil. O conflito e a ditadura varguista causam 
desolamento no poeta. É possível ver isso nos versos, pois parece não haver 
saída para José diante do desconsolo que domina a realidade.
 O anúncio inverte o sentido de desesperança presente no poema de Drummond, 
transformando a cena em um momento de alegria, a hora da Festa do Livro no 
bistrô.
 Certa vez, a empresa O Boticário veiculou uma campanha em que as peças 
faziam referência a protagonistas femininas dos contos de fadas, atribuindo-lhes 
mais poder que na história original. Dessa forma, os textos sugeriam que os 
produtos da empresa poderiam empoderar as mulheres. O anúncio a seguir fez 
parte dessa campanha.
 Texto verbal da peça: “A história sempre se repete. Todo chapeuzinho vermelho 
que se preze, um belo dia, coloca o lobo mau na coleira”. 
Intertextualidade: a relação entre textos
Intertextualidade: a relação entre textos 
Fonte: https://creativitate2013.wordpress.com
 Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa, independente e cheia 
de autoestima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o 
maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades 
ecológicas, se deparou com uma rã. – Linda princesa, eu já fui um príncipe muito 
bonito. Mas uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã 
asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo 
príncipe e poderemos casar e constituir um lar feliz no teu lindo castelo, e 
viveríamos felizes para sempre…
… E então, naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée, 
acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de
um finíssimo vinho branco, a princesa sorria
e pensava: – Eu, hein?… nem morta!
Intertextualidade: “Conto de fadas para mulheres modernas”
 Essa mesma inversão do discurso tradicional dos contos de fada pode ser 
observada nos quadrinhos a seguir.Intertextualidade: Um conto real
Fonte: https://br.pinterest.com
 Como já afirmamos, nenhum texto existe de forma autônoma. Nas palavras de 
Norma Discini (2005, p.13), o texto deve ser considerado “naquilo que é dito, no 
como é dito, no porquê do dito, na aparência, na imanência, como signo, como 
História”.
 Isso significa que devemos analisar, além dos elementos internos de qualquer 
texto, as suas condições de produção.
O texto e seu contexto histórico-social
O bêbado e a equilibrista
Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos…
A lua
Tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel
E nuvens!
Lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O texto e seu contexto histórico-social
 A composição de João Bosco e Aldir Blanc, lançada em 1979, no período da 
ditadura militar, é um exemplo da importância do contexto na interpretação 
de um texto.
 Na música, o enunciador apresenta o embate entre a Arte e a violência do Estado. 
Na primeira estrofe, para indicar como a tarde havia caído repentinamente, o autor 
faz referência ao Viaduto Paulo Frontin, no Rio de Janeiro, que desabou em 1971; 
a alusão ao luto e a Carlitos (Charles Chaplin) representa o estado de tristeza da 
classe artística diante da pouca liberdade de expressão. 
 O mata-borrão e as manchas torturadas referem-se à 
violência dos órgãos estatais com os opositores do 
regime.
O texto e seu contexto histórico-social
 Uma leitura não pode se basear em fragmentos isolados do texto.
 Uma leitura deve levar em consideração os elementos do interior de um texto e 
também os aspectos externos, do contexto em que foi produzido, bem como as 
relações que estabelece com outros textos.
O texto e seu contexto sócio-histórico
 Imagine que você chegue à faculdade e escute a seguinte frase: 
“Hoje você está bonito!”.
 Apesar da evidente intenção de elogio contida na frase, não se pode deixar de 
reparar na presença do advérbio “hoje”. Você pode questionar: só hoje? Embora 
não esteja explícita, há a mensagem de que, nos demais dias, você não estava 
bonito. Além disso, há o uso do verbo “estar”, que, na língua portuguesa, tem um 
sentido diferente de “ser”.
As informações implícitas
 Notemos o uso de conjunções adversativas (mas, porém, contudo, no entanto) ou 
de concessivas (apesar de, mesmo que), como nos enunciados: “Apesar de ser 
francês, o filme é bom”; “Tem mais de 60 anos, mas sabe usar o computador”.
 Aqui, notamos que um falante não aprecia o cinema francês, e que o outro pensa 
que as pessoas mais velhas não sabem utilizar as tecnologias mais modernas.
 Certa vez, um anúncio de iogurte usou a seguinte frase: “Tão gostoso que nem 
parece light”. Nesse caso, fica implícita a afirmação de os produtos light não 
serem gostosos.
As informações implícitas
“Relação estabelecida entre dois ou mais textos. É muito comum que os autores 
façam uso de conteúdos já existentes e reconhecidos com a finalidade de embasar 
melhor um tema, dar mais informações aos leitores, defender uma ideia etc.” 
Essas características apresentadas definem o conceito de:
a) Elaboração de charges.
b) Intertextualidade.
c) Apropriação textual.
d) Oralidade.
e) Publicidade.
Interatividade
 Um texto não verbal é aquele em que não se usam palavras. Assim, devemos 
prestar atenção na imagem. 
 A compreensão e a interpretação de textos não verbais dependem da capacidade 
do leitor em decodificar os signos não verbais e atribuir sentidos a eles. Deve-se 
ter atenção a cada elemento e, especialmente, à combinação deles.
 Embora a linguagem não verbal tenda a ser mais universal, ou seja, ela pode ser 
compreendida por pessoas de diferentes países e idiomas, a interpretação de um 
texto não verbal nem sempre é fácil.
Interpretação de textos não verbais
 Charles Peirce, filósofo e fundador da Semiótica, considerava que os signos 
não verbais poderiam ser classificados, de acordo com a relação que 
estabelecem com seus referentes, em:
 Ícones;
 Índices;
 Símbolos.
Interpretação de textos não verbais
 Mantêm relação direta de semelhança com seu referente. É o que se observa na 
figura a seguir, em que temos o desenho de um cão. A semelhança é de tal 
ordem que mesmo uma criança pequena é capaz de identificar o referente.
Ícones
Fonte: 
http://www.comoaprenderdesenhar.com.br
 Os índices são indícios, isto é, apresentam uma relação de contiguidade ou de 
causalidade com o referente. Por exemplo, a fumaça pode representar o fogo.
 Uma placa com talheres à beira da estrada indica a proximidade de um 
restaurante, assim como o desenho de uma bomba de gasolina significa a 
presença de um posto de combustível, como se vê na figura a seguir.
Índices
Fonte: http://www.comoaprender
desenhar.com.br
 Os símbolos, por sua vez, apresentam relação convencional e arbitrária com seu 
referente. Como exemplo, podemos mencionar a representação de operações 
matemáticas, como a da raiz quadrada.
Símbolos
Fonte: https://imagepng.org/raiz-quadrada-simbolo/raiz-quadrada-simbolo/
 A compreensão dos ícones tende a ser mais imediata, já que eles representam 
aquilo com o que têm semelhança. Já os índices e os símbolos exigem do leitor 
um raciocínio que vai além da mera decodificação.
 Um mesmo signo pode ser um ícone, um índice ou um símbolo, dependendo do 
texto. O desenho de uma cruz pode ser um ícone, caso represente apenas uma 
cruz; um índice, caso represente a crucificação; e um símbolo, caso represente a 
fé cristã.
 Assim, não podemos dizer que um signo encaixa-se 
definitivamente em uma categoria, mas sim que ele é 
classificado como ícone, índice ou símbolo em 
determinado texto.
Interpretação de textos não verbais
 Na charge que veremos a seguir, vemos pessoas tirando fotos de outra pessoa, 
representada por uma mão dentro da água. Até aqui, estamos no nível da 
compreensão do texto. 
 No entanto, qual o sentido de tal charge? Não se trata apenas de registrar uma 
cena do cotidiano. Ela apresenta uma crítica à atitude de tirar fotos em vez de 
ajudar a pessoa que está se afogando, ao uso exagerado dos recursos 
tecnológicos que a maioria das pessoas faz hoje em dia. 
Interpretação de textos não verbais 
 Essa interpretação é resultado de vários elementos, que dependem de nosso 
conhecimento de mundo e dos elementos internos do texto.
 Em primeiro lugar, devemos considerar o gênero textual: a charge. Trata-se de um 
tipo de texto cujo objetivo é a crítica de algum aspecto da contemporaneidade.
 Em segundo, o fato de que as pessoas normalmente tiram fotos para exibi-las em 
redes sociais em busca de “likes”. A charge critica esse desejo de exibição e 
aprovação promovido pelas redes, já que as pessoas preferem registrar uma 
tragédia a salvar alguém que está prestes a morrer afogado. Vejamos: 
Interpretação de textos não verbais
Interpretação de textos não verbais
Fonte: http://www.tribunadainternet.com.br
Quanto à compreensão de textos não verbais, podemos dizer que:
a) É mais fácil a compreensão de textos verbais, já que os textos não verbais são 
de compreensão universal.
b) Embora a linguagem não verbal tenda a ser mais universal, nem sempre é fácil a 
compreensão de um texto não verbal.
c) Um texto não verbal é o tipo mais completo de texto que há, uma vez que fornece 
ao leitor todas as informações necessárias, mas sem usar palavras.
d) Os símbolos mantêm relação tão direta de semelhança 
com seu referente que mesmo uma criança pequena é 
capaz de identificar facilmente o referente.
e) Um texto não verbal precisa ser representado ao 
mesmo tempo por um ícone, um índice e um símbolo.
Interatividade
ATÉ A PRÓXIMA!
Prof. MSc. Jamilson Alves
UNIDADE II
Interpretação e Produção
de Textos
Como já dissemos, os textos 
híbridos são aqueles que se 
valem de mais de um tipo de 
linguagem:
 Vejamos oquadrinho a seguir.
Interpretação de textos híbridos
Fonte: https://www.orlandeli.com.br
O humor do texto se baseia em quê?
 O humor do texto se baseia na incoerência entre os propósitos do personagem e 
os meios propostos por ele para atingi-los: matar a pedradas, esquartejar etc.
 Nesse exemplo, os elementos não verbais pouco interferem na interpretação. No 
caso, as falas são fundamentais para a leitura. 
 O primeiro passarinho assume o discurso principal: afirma, 
no início, a necessidade de se combater a violência. 
Depois, ele propõe uma solução que contraria a ideia de 
“um mundo com menos violência”.
Interpretação de textos híbridos
Veja o anúncio a seguir:
Interpretação de textos híbridos
Fonte: https://www.orlandeli.com.br
 Para se compreender adequadamente a mensagem, é necessário reconhecer 
nas figuras os dois personagens que elas representam, Hitler e Chaplin, a 
transformação do mal em bem, proporcionada pelo chapéu. 
 Aqui, os elementos não verbais são importantes e as palavras reforçam a 
mensagem de que o chapéu (produto da empresa) é capaz de provocar mudanças 
significativas. São duas situações comparadas lado a lado (estrutura comum de 
anúncios publicitários): o indivíduo sem chapéu e com chapéu.
Interpretação de textos híbridos
 Sem o chapéu, temos o bigode e o cabelo característicos de Hitler, responsável 
por um dos episódios mais trágicos da história mundial. 
 Com o acréscimo do chapéu, temos a figura de Charles Chaplin, artista importante 
do cinema mudo. Dessa forma, com a comparação, entendemos por que o chapéu 
“faz toda a diferença”.
Interpretação de textos híbridos
 Para sedimentar melhor a compreensão do assunto, veja a charge a seguir.
Interpretação de textos híbridos
Fonte: www.facebook.com/humorinteligente01
 No caso desse texto, é fundamental a contextualização do seu momento de 
produção, logo após o resgate dos meninos tailandeses e de seu treinador, que 
haviam ficado presos por vários dias. A notícia do salvamento foi amplamente 
divulgada: ele só foi possível com a atuação de mergulhadores e equipamentos. 
 O título da charge nos remete a esse episódio, mas não apenas a isso. 
É bastante conhecido o “mito da caverna”, do filósofo Platão, segundo o qual 
os homens viviam em uma caverna, sem conhecer a verdade de fato, apenas 
conheciam o mundo por suas sombras.
Interpretação de textos híbridos
 Assim, o “resgate da caverna” ganha também o sentido metafórico de salvar 
alguém da ignorância. 
 Esse sentido é reforçado ao repararmos que o mergulhador leva como 
“equipamento” um livro de história e pelas falas que são pronunciadas por quem 
vai ser resgatado. 
 Nesse ponto, entendemos o foco do texto: a política brasileira. A crítica é feita ao 
discurso que defende o militarismo como saída para os nossos problemas.
Interpretação de textos híbridos
 Nos textos híbridos, a integração entre o verbal e o não verbal é fundamental na 
construção do sentido. Quando se trata de interpretar um texto que utiliza mais de 
um tipo de linguagem, nossa atenção deve estar voltada para a interação entre 
todos os diversos elementos.
 Veja, nos exemplos a seguir, que seria impossível construir algum sentido somente 
com a parte verbal ou somente com a parte não verbal:
Interpretação de textos híbridos
Interpretação de textos híbridos
Fonte: 
https://descomplica.com.br/blog/redacao
BRINCANDO DE POLÍTICA
DE NOVO, HEIN?!
Interpretação de textos híbridos
Fonte: 
https://d3uyk7qgi7f
gpo.cloudfront.net
De acordo com o que vimos quanto aos textos híbridos, pode-se dizer que 
texto híbrido:
a) É composto de parte verbal e de parte não verbal.
b) Tem grau maior de dificuldade quando apresenta pouco texto verbal.
c) Apresenta a parte imagética como elemento periférico na construção de sentido.
d) É um todo cujo sentido depende exclusivamente da parte imagética.
e) É aquele que apresenta texto verbal ou apenas imagens.
Interatividade
 Algo que precisa ser relembrado é o fato de que “texto” verbal pode ser escrito, 
mas também pode ser oral. Assim, “texto” não é só aquilo que se registra “por 
escrito”, mas também aquilo que é falado representa um “texto” verbal.
 Desde pequenos, estamos acostumados a nos expressar oralmente e, por isso, 
a fala é mais “natural” ao ser humano. Basta imaginarmos que nem todas as 
sociedades têm ou tiveram escrita, mas todas fazem uso da língua oral. 
 A escrita está a serviço da fala, e não o contrário.
Textos verbais: orais e escritos
 A conversa sempre se insere em um contexto já conhecido pelos interlocutores e, 
por isso, as falas podem ser menos precisas, menos referenciadas.
 A escrita requer maior cuidado e preparação que a fala; por isso, muitos falantes 
da língua dizem que sentem “dificuldade de escrever”. 
 Entre as principais diferenças entre a fala e a escrita, podemos apontar as citadas 
no quadro a seguir.
Textos verbais: orais e escritos
Diferenças fala x escrita
 Os textos argumentativos, opinativos e expositivos têm como característica 
a natureza predominantemente temática, pois neles são trabalhados 
ideias e conceitos. 
 Certamente, você já produziu dissertações argumentativas em 
processos seletivos. 
 O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), por exemplo, solicita aos candidatos 
que discorram a respeito de determinado tema, assumindo um ponto de vista.
Interpretação de textos argumentativos, opinativos e expositivos 
 Embora argumentar e opinar sejam comumente tomados como sinônimos, 
há diferença entre eles. 
 Opinião não necessita de comprovação ou embasamento. Se alguém afirma, por 
exemplo, que doce de banana é melhor do que de goiaba, trata-se de uma opinião, 
não precisa ser justificada. 
 Por sua vez, se a pessoa defende a legalização do aborto, 
por exemplo, é necessário que ela apresente referências, 
informações e dados que sustentem o posicionamento. 
Ou seja, é necessário que ela argumente. 
Interpretação de textos argumentativos, opinativos e expositivos 
 Deve-se notar que “um argumento não é necessariamente uma prova de verdade. 
Trata-se, acima de tudo, de um recurso de natureza linguística destinado a levar o 
interlocutor a aceitar os pontos de vista daquele que fala” (PLATÃO e FIORIN, 
1999, p. 279).
 É possível, ainda, que um texto seja predominantemente expositivo, isto é, que 
trate de determinado tema sem defender um ponto de vista a respeito dele.
Interpretação de textos argumentativos, opinativos e expositivos
 O artigo de opinião, normalmente publicado em jornais e revistas, expressa o 
ponto de vista do autor sobre determinado tema. Trata-se de um gênero textual 
que se caracteriza pelo forte teor de persuasão ou de convencimento e que, 
para firmar a validade do ponto de vista, utiliza recursos retóricos e vários tipos 
de argumentos.
 Quando lemos um artigo de opinião, devemos, em primeiro lugar, identificar o tema 
que ele aborda e o posicionamento do autor frente a ele. Em alguns casos, o título 
fornece pistas sobre o tema e sobre o ponto de vista do autor.
Artigos de opinião
 Concordar ou não, total ou parcialmente, com o ponto de vista do autor de um 
artigo de opinião depende da nossa formação, do nosso repertório, mas para 
dialogarmos com o texto, temos que, primeiramente, ter interpretado bem 
o que ele diz. 
 É muito comum, hoje em dia, as pessoas contestarem o que leem sem terem, de 
fato, sequer compreendido a ideia central do texto. O primeiro passo é entender 
corretamente, o segundo é refletir e o terceiro é concordar ou não, apresentando 
embasamento para isso. Não podemos agir como as personagens da charge a 
seguir.
Artigos de opinião
Artigos de opinião
Fonte: https://pinterest.es
 Como toda descoberta científica exige que o pesquisador suspenda seus 
preconceitos, ela comporta riscos éticos. Mas a ciência não produz 
automaticamente efeitos nocivos no plano ético. Sua aplicaçãoao mundo prático 
nunca é mecânica ou automática, depende das escolhas humanas. 
 Os chineses conheciam a pólvora havia séculos – mas só a usavam para fogos de 
artifício – quando os ocidentais passaram a empregá-la nas armas. Quantas outras 
invenções não dormitam, assim, simplesmente porque alguns de seus potenciais 
ainda não foram desenvolvidos? 
 Só uma sociedade ansiosa por se expandir (capitalista) 
conseguirá extrair o máximo de cada invento e o levará 
para o lado predatório. A ciência, sozinha, não substitui 
as escolhas éticas – nem políticas.
Artigos científico-acadêmicos
Fonte: http://revistapesquisa.fapesp.br
 O tema central do texto baseia-se na ideia de que o desenvolvimento científico e a 
valorização de determinadas descobertas estão atrelados ao desenvolvimento 
político e econômico da sociedade.
 Esse texto, diferente de outros, tem uma forma de expressão mais hermética, 
com vocabulário mais específico e construções sintáticas menos diretas. 
 Em geral, os textos acadêmicos são construídos dessa 
forma. Por isso, a leitura deles exige mais concentração, 
pois a precisão conceitual é algo importante. Devemos 
estar bem atentos à forma correta de nomear as ideias 
e os princípios. 
Artigos científico-acadêmicos
 No senso comum, o que definiria a literatura seria o seu caráter ficcional. Mas há 
obras literárias baseadas na história ou em acontecimentos verídicos, ao mesmo 
tempo em que há histórias imaginadas que não são narradas de forma literária. 
 Paul Valéry, teórico francês, aponta como diferença essencial entre o texto literário 
e os demais textos o fato de o literário não poder ser resumido sem perder sua 
essência, pois a forma tem tanta relevância quanto o conteúdo.
 Outros tipos de texto não têm essa característica: se 
resumirmos uma notícia ou uma reportagem, ainda 
teremos o seu essencial.
Interpretação: textos literários X não literários
 A linguagem, explorada em sua dimensão expressiva e estética, é apontada como 
o fator determinante da literariedade de um texto.
 Uma obra literária não é lida, em geral, com um objetivo pragmático. Quando 
lemos um conto ou um romance, buscamos o prazer da leitura e a compreensão 
de aspectos da nossa vida por meio da narrativa. Por outro lado, quando lemos um 
texto jornalístico, estamos interessados em informações.
 Segundo Antonio Candido, a literatura cumpre a função de 
humanização, de “fazer viver”, de desenvolver o 
imaginário, a fantasia, a reflexão e o pensamento.
Interpretação: textos literários X não literários
 Devido a essas características, um texto literário pressupõe várias interpretações 
e, assim, para que seja possível a fruição do objeto estético, é aconselhável que 
se façam várias leituras, pois, na primeira, tendemos a perceber apenas aquilo que 
aparece de forma mais superficial no texto.
 Entre as características da linguagem literária, estão a expressividade, o uso de 
conotação e a exploração de outros recursos sonoros, semânticos, sintáticos e 
morfológicos, que definem a presença da função poética da linguagem.
Interpretação: textos literários X não literários
 Embora o texto jornalístico seja visto pelo leitor mediano como a representação da 
verdade, ele apresenta uma construção da realidade, uma vez que, como vimos, a 
linguagem é subjetiva, e temos sempre várias formas de contar um fato.
 Para ilustrar essa ideia, vamos ler o texto a seguir, que, de modo bem humorado, 
mostra como a conhecida história de Chapeuzinho Vermelho seria narrada nos 
diferentes meios de comunicação.
Textos jornalísticos
 Globo Repórter
“– Tara? Fetiche? Violência?
O que leva alguém a comer, na mesma noite, uma idosa e uma adolescente?
O Globo Repórter conversou com psicólogos, antropólogos e com os amigos e 
parentes do Lobo em busca da resposta. Vamos viajar pela mente do psicopata.
E uma revelação: casos semelhantes acontecem dentro dos próprios lares das 
vítimas, que se silenciam por medo. Hoje, no Globo Repórter […].”
Textos jornalísticos
 Brasil Urgente – “Onde é que a gente vai parar? Cadê as autoridades? Cadê as 
autoridades? A menina ia para a casa da sua vovozinha a pé […] – Não tem 
transporte público! Não tem transporte público! – […] foi devorada viva! Por um 
lobo, gente, um lobo safado! Põe na tela, porque eu falo mesmo! Não tenho medo 
de ameaça nem de lobo morto! Não tenho medo de lobo, não!”
 Rádio CBN – “Segundo fontes oficiais e agências internacionais, uma menina 
vestida de vermelho foi retirada viva da barriga de um lobo por um caçador. O lobo 
ainda teria aniquilado a avó da menina. Mais informações daqui a meia hora.”
Textos jornalísticos
 Essa brincadeira, bastante divertida, serve para refletirmos sobre a construção de 
sentido que um texto jornalístico traz. Você deve ter reparado que cada veículo ou 
programa destaca um elemento da história, de acordo com sua linha editorial. 
 Assim, é fundamental perceber que, embora as matérias informativas tendam a 
parecer neutras, há sempre um enunciador que deixa algumas marcas. Como 
vimos na unidade I, a escolha de palavras e a construção de uma frase interferem 
no efeito de sentido.
Textos jornalísticos 
 Notícia e reportagem são dois gêneros textuais diferentes do jornalismo 
informativo, embora esses termos sejam usados, muitas vezes, como sinônimos 
pelos leitores. A notícia é um texto que segue um formato pré-estabelecido, em 
que as informações principais vêm no início, e seu foco é no factual. A reportagem 
procurar contextualizar melhor o tema (que pode ser algo que está acontecendo no 
momento ou que não tenha uma época específica para ser investigado, como a 
vida no Pantanal), apresentando mais fontes; seu texto é mais autoral, menos 
engessado.
Textos jornalísticos: notícia X reportagem
 As crônicas são consideradas um gênero híbrido, que se estabelece na fronteira 
entre a literatura e o jornalismo. Trata-se de um tipo de texto que se desenvolveu 
desde o século XIX no Brasil e que, a partir da década de 1930, assumiu 
novas feições.
 Nas palavras de Antonio Candido, a crônica não tem a magnitude de outros 
gêneros literários, mas capta a vida “ao rés do chão”, e essa é a característica que 
lhe confere grandiosidade. O cronista sempre revela, com olhar arguto e sensível, 
algo do cotidiano e, em um texto leve, conduz os leitores à reflexão.
Crônicas
 “Com o elevador do prédio enguiçado novamente, o aquecimento para os 
exercícios físicos já começou na descida dos nove andares pela escadaria. Lá pelo 
quarto andar, a panturrilha direita já parecia reclamar. A determinação de ano novo 
de ter uma vida menos sedentária já começara com o elevador me pregando uma 
peça.
 A recorrente decisão de fazer alguma atividade física é algo positivo, não há o que 
se discutir. Mas, na verdade, o que existe mesmo, de fato, é certa neurose 
que vira e mexe ressurge com força e nos força a tomar 
uma atitude. Resolvi recomeçar outra vez e novamente 
uma vez mais minhas atividades físicas
fazendo esteira e nadando. Na verdade, me mexendo na 
piscina; nadar mesmo, não sei.
Crônica: “Viva o Pecado!’’
 Outro dia li em algum lugar que os quarenta anos representam a idade do lobo. 
Torço para ser um lobo com certo vigor para conseguir dar alguns uivos. Se não 
com algum vigor, ao menos com um pouco de bem-estar que me permita agachar 
para amarrar os sapatos sem dizer “ai” nem ser impedido pela barriga.
 Chego à academia do prédio, iluminação bonita, ambiente arejado, TV, rádio, 
bebedouro. Esses três últimos itens me chamam muito mais a atenção que todos 
os outros, uma parafernália de aparelhos com nomes praticamente 
impronunciáveis e sem lógica para mim. 
 Então, me distraio por alguns momentos com um 
noticiário vespertino e sanguinolento na TV, mas 
tenho mesmo é de encarar a esteira. 
Crônica: “Viva o Pecado!”
 Na volta ao apartamento, meu bunker particular mas não subterrâneo,fui 
agraciado pelos deuses com a sorte de pegar o elevador funcionando novamente. 
Giro a chave, empurro suavemente a porta e sinto um vento agradável no rosto, 
que vinha da varanda aberta. Fico por um instante na sala pensando em não 
acordar dolorido no dia seguinte. Se a panturrilha doer, amanhã não volto 
para a esteira! 
 Sei que falta de persistência não é virtude; porém penso também que virtude e 
pecado são irmãos que andam sempre juntos. Por hora, eu já cumpri a primeira 
parte, minha virtuosa quota de exercício. 
 Amor, vamos jantar lasanha hoje? Liga pro restaurante 
que eu recebo a entrega lá embaixo! E viva o pecado!”
ALVES, J. O Anjo Miguel. São Paulo: Scortecci, 2018.
Crônica: “Viva o Pecado!”
 Note que o texto é simples, escrito em linguagem acessível, e faz com que o leitor 
reflita sobre episódios cotidianos. O cronista sensibiliza nosso olhar para o que há 
de curioso ao nosso redor. 
 Não importa se o fato que o cronista narra é verídico ou não. Ele pode ter vivido a 
cena ou pode tê-la imaginado. Diferente dos textos informativos do jornalismo, a 
crônica não tem compromisso com a veracidade daquilo que é narrado.
 Devemos, ainda, ressaltar que esse texto retrata a 
atuação do cronista: buscar o pitoresco ou o irrisório no 
cotidiano. No texto em questão, o escritor se vê dividido
entre cuidar da saúde com exercícios físicos ou comer 
alimentos pouco saudáveis.
Crônicas
Quanto à interpretação de textos verbais escritos, pode-se dizer que:
a) Ficcionalidade e valor estético costumam ser elementos de grande importância 
na construção do texto literário.
b) A crônica não tem valor literário, uma vez que é um texto puramente jornalístico.
c) Uma opinião só se configura como tal se estiver concretamente embasada, 
fundamentada em uma comprovação.
d) Um texto científico deve prescindir de precisão vocabular.
e) Um artigo de opinião deve ser o mais neutro possível.
Interatividade
 Tabelas e gráficos também são um tipo de texto, pois combinam seus elementos 
para construir um sentido. 
 A interpretação deles exige algum domínio da representação gráfica e da 
linguagem e do raciocínio matemáticos. 
 É necessário, por exemplo, saber diferenciar valor relativo de valor absoluto ou 
compreender o significado de um valor médio ou, ainda, ser capaz de estimar um 
valor em uma escala.
 Vejamos um gráfico simples, cuja interpretação não 
demanda nenhum cálculo: 
Interpretação de gráficos e tabelas
Interpretação de gráficos e tabelas: “O Xis da questão”
Fonte: http://ead.uepb.edu.br
 A expressão “o Xis da questão”, usada no título do infográfico, a que diz respeito?
 A expressão “o Xis da questão”, usada no título do infográfico, diz respeito às 
oportunidades de melhoria salarial que surgem à medida que aumenta o nível de 
escolaridade dos indivíduos.
 É algo de visualização bem simples, basta observar as flechas que complementam 
o texto verbal.
Interpretação de gráficos e tabelas: “O Xis da questão”
 Observe que a imagem é composta por duas setas que se cruzam e que 
relacionam índice de desemprego e valor do salário com o grau de escolaridade da 
pessoa.
 Repare que o título do infográfico já revela a conclusão da pesquisa, pois aponta a 
educação como o fator primordial de qualquer crescimento. A expressão “xis da 
questão” refere-se ao ponto central do problema, mas também remete à figura do 
infográfico em que as “pernas” da letra “x” se cruzam e estabelecem uma relação 
de proporcionalidade entre as variáveis.
 Veja a seguir um gráfico de barras, com a representação 
da renda média domiciliar per capita (por pessoa), 
conforme anunciado em seu título.
Interpretação de gráficos e tabelas: “O Xis da questão”
Interpretação de gráficos e tabelas: gráfico de barras
Fonte: https://www.nexojornal.com.br/expresso
 O gráfico informa que uma pessoa ganhava, em média, em 2016, no Sudeste, 
aproximadamente, 1500. Isso não significa que todos da região recebiam esse 
valor. Poderíamos ter, em uma casa, uma pessoa que ganhasse 2000 reais e 
outra que ganhasse 1000 reais. A média per capita seria 1500.
 O gráfico revela diferença econômica acentuada entre as regiões Sudeste e Sul 
em relação às regiões Norte e Nordeste, onde o valor médio da renda domiciliar 
per capita é, aproximadamente, metade do registrado nas regiões Sul e Sudeste. 
(renda média em torno de 700 reais).
 Assim, o gráfico nos mostra um aspecto importante das 
desigualdades regionais e contribui para nossa 
compreensão da realidade brasileira.
Interpretação de gráficos e tabelas: gráfico de barras
 Muitas vezes, temos de analisar os dados sem qualquer auxílio de representação 
gráfica. Os valores são apresentados em forma de tabela, como na questão 
seguinte. Tente resolvê-la após ler adequadamente todas as informações.
 Exercício. O Produto Interno Bruto (PIB) é um indicador econômico relacionado à 
atividade econômica de uma região em determinado período. Quanto maior a 
produção de bens e serviços, maior o PIB. Considere a tabela a seguir com dados 
de participações percentuais das regiões no PIB brasileiro entre 2002 e 2011. 
Interpretação de gráficos e tabelas: tabela
Interpretação de gráficos e tabelas: tabela
Fonte - Adaptado: 
https://censo2010.ibge.gov.br/noticias-censo
Participação percentual das Grandes Regiões no Produto Interno Bruto 2002-2011
Grandes Regiões
Participação percentual no Produto Interno Bruto (%)
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Brasil
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
100,0
4,7
13,0
56,7
16,9
8,8
100,0
4,8
12,8
55,8
17,7
9,0
100,0
4,9
12,7
55,8
17,4
9,1
100,0
5,0
13,1
56,5
16,6
8,9
100,0
5,1
13,1
56,8
16,3
8,7
100,0
5,0
13,1
56,4
16,6
8,9
100,0
5,1
13,1
56,0
16,6
9,2
100,0
5,0
13,5
55,3
16,5
9,6
100,0
5,3
13,5
55,4
16,5
9,3
100,0
5,4
13,4
55,4
16,2
9,6
Com base na tabela, analise as afirmativas que seguem.
I. O PIB do Brasil manteve-se estável no período considerado.
II. A região Norte é a que apresentou menor produção de bens e serviços. 
III. Apenas a região Norte teve participação sempre crescente no PIB.
IV. Os dados apresentados permitem concluir que, entre 2010 e 2011, houve 
crescimento econômico em apenas duas regiões do Brasil.
É correto o que se afirma somente em:
a) I.
b) II.
c) I e II.
d) II e III.
e) III e IV. 
Interpretação de gráficos e tabelas: tabela
 Em primeiro lugar, note que o título diz o que os números significam: “Participação 
percentual das Grandes Regiões no Produto Interno Bruto 2002-2011”. 
 Assim, os valores são relativos (%); não há, na tabela, o total dos PIBs
das regiões ou do país. A linha com os valores do Brasil é preenchida 
sempre com 100%. 
 A região que apresenta menor participação no PIB brasileiro em todos os anos da 
tabela é a Norte. De 2002 a 2011, houve crescimento da participação nortista, mas 
esse crescimento não foi regular no período. 
 Observe, por exemplo, que, de 2006 para 2007, há 
pequena queda. Até aqui, portanto, podemos 
concluir que a afirmativa II é correta, e que a I e a III 
são incorretas.
Interpretação de gráficos e tabelas: tabela
 A última afirmativa apresenta uma “armadilha”. De 2010 para 2011, as regiões 
Norte e Centro-Oeste aumentaram ligeiramente sua participação na produção da 
riqueza nacional, no entanto, não podemos afirmar que houve crescimento 
econômico nessas regiões, pois não sabemos os valores absolutos dos PIBs. 
Como a tabela trabalha apenas com valores relativos (%), pode ser que o PIB de 
2011 tenha sido menor do que o de 2010, por exemplo.
 Quando lemos um gráfico ou uma tabela, portanto, temos que, primeiramente, 
entender o significado daqueles dados.
Interpretação de gráficos e tabelas: tabela
Com base na tabela, analise as afirmativas que seguem.
I. O PIB do Brasil manteve-se estável no período considerado.
II. A região Norte é a que apresentoumenor produção de bens e serviços. 
III. Apenas a região Norte teve participação sempre crescente no PIB.
IV. Os dados apresentados permitem concluir que, entre 2010 e 2011, houve 
crescimento econômico em apenas duas regiões do Brasil.
É correto o que se afirma somente em:
a) I.
b) II.
c) I e II.
d) II e III.
e) III e IV. 
Interpretação de gráficos e tabelas: tabela
 Outro tipo de gráfico muito usado em relatórios e reportagens é o chamado “gráfico 
de setores” ou “gráfico de pizza”. 
 Devemos observar, no “gráfico de pizza” que veremos a seguir, que o círculo todo 
indica 100% e a largura de cada fatia é proporcional à participação de cada item 
no total. 
 No exemplo a seguir, veremos um gráfico desse tipo, no qual um professor de 
educação física queria saber a porcentagem de alunos que 
preferiam alguns esportes.
Interpretação de gráficos e tabelas: gráfico de pizza
Interpretação de gráficos e tabelas: gráfico de pizza
Fonte: http://clubes.obmep.org.br
 Observe que o círculo todo indica 100% e que a largura de cada fatia é 
proporcional à participação de cada item no total. 
 No exemplo, vemos que 40% dos alunos têm o futebol como modalidade preferida, 
e que 30% preferem o vôlei. Assim, se o professor der aulas desses dois esportes, 
terá satisfeito 70% dos alunos, ou seja, a maioria.
 Em todos os gráficos e as tabelas, é importante ler o título 
e observar o período a que os dados se referem (quando 
houver essa informação). Nesse exemplo, temos 
“Modalidade esportiva preferida”.
Interpretação de gráficos e tabelas: gráfico de pizza
 As taxas de emprego para mulheres são afetadas por ciclos econômicos e por 
políticas de governo quanto ao mercado de trabalho. 
 O gráfico a seguir apresenta variações das taxas percentuais de emprego para 
mulheres em alguns países, no período de 2000 a 2011.
Interatividade
Interatividade
Fonte: http://www.oecd-ilibrary.org
Com base nesse gráfico, conclui-se que, de 2000 a 2011, a taxa de emprego 
para mulheres:
a) Foi sempre melhor no Canadá que em outros países.
b) Teve aumento mais expressivo na Alemanha que em outros países.
c) Atingiu o auge na Grã-Bretanha em 2011.
d) Foi ininterruptamente crescente na Itália.
e) Foi constante na França e no Japão.
Interatividade
 No dia a dia, convivemos com a mistura de diversos gêneros e diferentes 
linguagens. Seremos bons leitores se, além de interpretarmos corretamente cada 
um deles, soubermos relacioná-los pelo fato de eles tratarem de temas afins e por 
termos posicionamentos similares ou diversos sobre eles.
 Fazemos essa associação espontaneamente no cotidiano. Você já deve ter 
assistido a um filme, por exemplo, e ter se lembrado de alguma música, livro, 
novela ou reportagem que poderiam ser relacionados a ele. Essa capacidade 
associativa é extremamente importante para melhorarmos 
nossa leitura de mundo.
Leitura conjunta de dois ou mais textos
 Por isso, neste capítulo, faremos a leitura conjunta de dois ou mais textos que 
tenham em comum determinado assunto.
 Vamos começar associando um conto (“Uma vela para Dario”) e uma música (“De 
frente para o crime”). 
 Leia, futuramente, “Uma vela para Dario” e a letra de “De frente pro crime” na 
íntegra. Agora, veremos alguns trechos desses textos e faremos uma
breve análise.
Leitura conjunta de dois ou mais textos
“Uma vela para Dario”, de Dalton Trevisan
 “Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a 
esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por 
ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na 
pedra o cachimbo.
 Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario 
abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor de branco sugeriu 
que devia sofrer de ataque.
Leitura conjunta de dois ou mais textos
 Uma velhinha de cabeça grisalha gritou que ele estava morrendo. Outra pessoa 
sugeriu que lhe examinassem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus 
bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade; sinal 
de nascença. O endereço na carteira era de outra cidade.
 A última boca repetiu — Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. 
Dario levara duas horas para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. 
Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.
Leitura conjunta de dois ou mais textos
 Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou 
as suas mãos no peito. Um menino acendeu uma vela. Apenas um homem morto 
e a multidão se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. 
 Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas depois, lá estava Dario à espera 
do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó e o dedo sem a aliança. A 
vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que 
voltava a cair.”
Fonte: https://projetos.unioeste.br/projetos
Leitura conjunta de dois ou mais textos
“De frente pro crime”, de João Bosco
“Tá lá o corpo
Estendido no chão
Em vez de rosto uma foto
De um gol
Em vez de reza
Uma praga de alguém
E um silêncio
Servindo de amém...
Leitura conjunta de dois ou mais textos 
Um homem subiu
Na mesa do bar
E fez discurso
Pra vereador...
Veio o camelô
Vender!
Anel, cordão
Perfume barato...
Leitura conjunta de dois ou mais textos
Sem pressa foi cada um pro seu lado
Pensando numa mulher ou no time
Olhei o corpo no chão e fechei minha janela
De frente pro crime...
Quatro horas da manhã
Baixou o santo na porta-bandeira
E a moçada resolveu parar, e então...
Tá lá o corpo
Estendido no chão...”
Fonte: https://www.vagalume.com.br
Leitura conjunta de dois ou mais textos
 Embora tenham estruturas de composição diferentes, podemos ver que os dois 
textos apresentam um tema comum: a banalização da morte. Em ambos, alguém 
morre (por doença ou por crime) e isso não causa, como se poderia esperar, 
comoção na maior parte das pessoas.
 No conto, as pessoas furtam os pertences do homem que tem um mal súbito 
na rua. Na música, o cadáver no chão faz juntar uma multidão movida pela 
curiosidade e pela oportunidade de vender alguma coisa ou de se 
promover politicamente. 
Leitura conjunta de dois ou mais textos
 As duas narrativas têm como espaço um cenário urbano em que 
prevalece o individualismo. 
 As pessoas se valem do episódio da morte em benefício próprio. 
 As expressões de respeito ao defunto, em ambos os casos, são minoritárias: no 
conto, o senhor piedoso que coloca o paletó para apoiar a cabeça do homem e o 
menino que acende a vela cumprem esse papel; na música, há apenas o “silêncio 
servindo de amém”.
Leitura conjunta de dois ou mais textos
 Veja a charge a seguir.
Leitura conjunta de dois ou mais textos
Fonte: http://paraalemdocerebro.blogspot.com.br
 E veja também um trecho do artigo “Por quem rosna o Brasil”, de Eliane Brum.
“Inventar inimigos para a população culpar tem se mostrado um grande negócio 
neste momento do país. 
Se há tantos que se sentem humilhados e diminuídos por uma vida de gado, por que 
não convencê-los de que são melhores que os outros pelo menos em 
algum quesito? 
Leitura conjunta de dois ou mais textos
 O Brasil do futuro não chegará ao presente sem fazer seu acerto com o passado. 
Entre tantas realidades simultâneas, este é o país que lincha pessoas, em que as 
pessoas rosnam umas para as outras nas ruas, em que os discursos de ódio se 
impõem nas redes sociais sobre todos os outros, em que proclamar a própria 
ignorância é motivo de orgulho na internet. 
 Este é o país em que as paisagens ‘paradisíacas’ são borradas pelo inferno da 
contaminação ambiental e a Amazônia, ‘pulmão do mundo’, vai virando soja, gado 
e favela – quando não hidrelétricas como Belo Monte, Jirau e Santo Antônio.” 
Leitura conjunta de dois ou mais textos
Fonte: http://brasil.elpais.com/brasilCom base na leitura dos textos, analise as afirmativas a seguir.
I. A associação do sentimento da raiva com a doença que ataca os animais, nos 
quadrinhos, indica que os focos contagiosos da raiva devem ser exterminados 
com medidas sanitaristas, isto é, com a eliminação dos seus agentes.
II. De acordo com Brum, a invenção de culpados a serem odiados interessa a um 
setor socialmente privilegiado.
Leitura conjunta de dois ou mais textos
III. A cultura do ódio, disseminada nas redes sociais, é importante, na visão de 
Brum, porque contribui para a liberdade de expressão. 
IV. Os dois textos colocam os meios de comunicação como disseminadores da 
cultura do ódio e procuram alertar para o caráter maléfico dela.
As corretas são, portanto, II e IV.
Leitura conjunta de dois ou mais textos
Em resumo, em cada texto, temos que prestar atenção nos seus elementos internos 
e devemos sempre associá-lo ao contexto externo e ao nosso conhecimento de 
mundo. Não podemos, no entanto, permitir que nossas crenças e visões de mundo 
atrapalhem a interpretação. O bom leitor não pode dialogar com um texto sem, 
de fato, entender sua mensagem.
Leitura conjunta de dois ou mais textos
Cotidianamente, convivemos com a mistura de diversos gêneros e diferentes 
linguagens. De acordo com o que estudamos, seremos bons leitores se, além de 
interpretarmos corretamente cada um deles, soubermos: 
a) Derrubar o argumento de um texto com o qual não concordamos.
b) Escolher apropriadamente nossas leituras, sempre buscando aquelas que 
coincidam com nossa visão de mundo.
c) Concordar com tudo o que um texto, independentemente do gênero, afirma.
d) Relacioná-los com nossas crenças e opiniões pessoais a 
respeito dos temas de nosso interesse.
e) Relacioná-los pelo fato de eles tratarem de temas afins e 
por termos posicionamentos similares ou diversos sobre 
eles.
Interatividade
ATÉ A PRÓXIMA!

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