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104 REVISTA ESPAÇO CIÊNCIA & SAÚDE v. 5, n. 01, jul./2017 DISTÚRBIOS METABÓLICOS NO RECÉM-NASCIDO METABOLIC DISORDERS IN NEWBORNS DISTURBIOS METABÓLICOS EN EL RECIÉN NACIDO LISE, Fernanda 1 SANTOS, Bianca Pozza dos 2 SCHWARTZ, Eda 3 RESUMO Este estudo tem como objetivo identificar os principais distúrbios metabólicos que acometem o recém- nascido, contribuindo para melhorar a qualidade da atenção e diminuir a morbimortalidade infantil por agravos relacionados à hipoglicemia, hiperglicemia, hipocalcemia, hipercalcemia, hipomagnesemia, hipermagnesemia e hiperbilirrubinemia. Trata-se de uma revisão bibliográfica da literatura, realizada em bases de dados eletrônicas, assim como consultas em livros, teses e dissertações, no período de fevereiro a março do ano de 2016, utilizando-se as palavras-chave “erros inatos do metabolismo”, “distúrbios metabólicos”, “recém-nascido” e “criança”. Seguiram-se os critérios de inclusão e de exclusão estabelecidos, que fossem convenientes ao tema. Realizou-se a leitura dos títulos e dos resumos dos estudos para selecionar os materiais que compõe os resultados das informações trazidas. Os achados encontrados foram que os distúrbios metabólicos neonatais podem se manifestar de forma grave, cabendo aos profissionais da saúde estar atentos ao aparecimento de qualquer agravo, que podem ser manifestado precocemente. Descritores: Erros Inatos do Metabolismo; Recém-Nascido; Cuidado do Lactente. ABSTRACT This study aims to identify the main metabolic disorders that affect newborns, helping to improve the quality of care and reduce infant morbidity and mortality from diseases related to hypoglycemia, hyperglycemia, hypocalcemia, hypercalcemia, hypomagnesemia, hypermagnesemia and hyperbilirubinemia. This is a bibliographical review of the literature, held in electronic databases, as well as consultations in books, theses and dissertations, from February to March 2016, using the keywords “inborn errors of metabolism” “metabolic disorders”, “newborn” and “child”. The inclusion and exclusion criteria established were followed, per what was appropriate to the theme. A reading of the titles and abstracts of studies was held with the purpose of selecting the material that makes up the results of the information collected. The findings were that neonatal metabolic disorders can manifest in a severe form, where health professionals are responsible for being aware of the onset of any aggravation, which can manifest early on. 1 Enfermeira, Mestre em Ciências. Especialista em Enfermagem Pediátrica. Doutoranda no Programa de Pós- Graduação em Enfermagem da UFPel. Pelotas, (RS), Brasil. E-mail: fernandalise@gmail.com 2 Enfermeira, Mestre em Ciências. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFPel. Pelotas, (RS), Brasil. E-mail: bi.santos@bol.com.br 3 Enfermeira, PhD em Enfermagem, Docente da Faculdade de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFPel. Pelotas, (RS), Brasil. E-mail: eschwartz@terra.com.br Autor responsável para troca de correspondência: Fernanda Lise, Rua Gomes Carneiro, 1 - Centro - CEP 96010-610, Pelotas, RS, Brasil. mailto:fernandalise@gmail.com mailto:bi.santos@bol.com.br mailto:eschwartz@terra.com.br 105 REVISTA ESPAÇO CIÊNCIA & SAÚDE v. 5, n. 01, jul./2017 Descriptors: Metabolism, Inborn Errors; Infant, Newborn; Infant Care. RESUMEN Este estudio tiene como objetivo identificar los principales disturbios metabólicos que acometen al recién nacido, contribuyendo para mejorar la calidad de la atención y disminuir la morbimortalidad infantil por agravamientos relacionados a la hipoglucemia, hiperglucemia, hipocalcemia, hipercalcemia, hipomagnesemia, hipermagnesemia e hiperbilirrubinemia. Se trata de una revisión bibliográfica de la literatura, realizada en bases de datos electrónicas, así como consultas en libros, tesis y disertaciones, en el período de febrero a marzo del año 2016, utilizándose las palabras clave “errores innatos del metabolismo”, “disturbios metabólicos”, “recién nacido” y “niño”. Se siguieron los criterios de inclusión y de exclusión establecidos, que fuesen convenientes al tema. Se realizó la lectura de los títulos y de los resúmenes de los estudios para seleccionar los materiales que componen los resultados de las informaciones traídas. Los descubrimientos encontrados fueron que los disturbios metabólicos neonatales pueden manifestarse de forma grave, cabiéndoles a los profesionales de la salud estar atentos al aparecimiento de cualquer agravamiento, que pueden ser manifestados de precoz. Descriptores: Errores Innatos del Metabolismo; Recién Nacido; Cuidado del Lactante. INTRODUÇÃO A palavra metabolismo deriva do grego “metabolé” e significa “mudança”. Assim, entende-se metabolismo o conjunto de reações bioquímicas e de processos físicos que ocorrem na célula e no organismo (BLANCO; PERIZ, 2011). Já os distúrbios metabólicos são a principal causa de óbitos em recém-nascidos (RN) no mundo e podem ser prevenidos com melhoria nos cuidados (HIPOGLICEMIA NO RECÉM-NASCIDO, 2014). No Brasil, eles são um problema de saúde pública, materno e fetal, compondo parte da lista de doenças reduzíveis por adequada atenção à mulher na gestação e no parto, ao feto e ao recém-nascido (MALTA et al., 2010). Nesse contexto, salienta-se a necessidade da identificação dos principais distúrbios metabólicos que acometem o RN. Com vista ao profissional que atua em Neonatologia manter-se atualizado, uma vez que a Portaria nº 371/2014 instituiu que cabe ao médico e ao enfermeiro, o atendimento ao RN desde o período imediatamente anterior ao parto, até o encaminhamento ao alojamento conjunto com sua mãe ou à unidade neonatal, sendo dessa maneira, importante avaliar as condições de saúde materna e neonatal (BRASIL, 2014). Nessa perspectiva, objetivou-se com esse trabalho identificar os principais distúrbios metabólicos que acometem o recém-nascido, contribuindo para melhorar a qualidade da atenção e diminuir a morbimortalidade infantil por agravos relacionados à hipoglicemia, 106 REVISTA ESPAÇO CIÊNCIA & SAÚDE v. 5, n. 01, jul./2017 hiperglicemia, hipocalcemia, hipercalcemia, hipomagnesemia, hipermagnesemia e hiperbilirrubinemia. MÉTODO Trata-se de uma revisão bibliográfica da literatura, realizada a partir da busca em bases de dados eletrônicas Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Biblioteca Eletrônica Científica Online (SCIELO), Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos (PubMed/MEDLINE), motor de busca Google Acadêmico, assim como consultas em livros, teses e dissertações. A questão que norteou este estudo foi “Quais os principais distúrbios metabólicos que acometem o recém-nascido?”. A seleção dos estudos seguiu os seguintes critérios: Nas bases de dados eletrônicas foram incluídos os estudos primários, com metodologias qualitativas ou quantitativas, publicados no período de 2007 a 2014, disponíveis na íntegra nos idiomas inglês, espanhol ou português e que respondessem à questão de pesquisa; Foram excluídos os resumos de comunicação em congressos, notícias, cartas ao editor e estudos que não abordassem os distúrbios metabólicos do recém-nascido. A busca em livros, teses e dissertações ocorreu de forma livre, envolvendo o tema de Pediatria, sendo consultados na Biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas. A coleta dos dados foi realizada no período de fevereiro a março do ano de 2016, utilizando-se as palavras-chave “erros inatos do metabolismo”, “distúrbios metabólicos”, “recém-nascido” e “criança”, conectados pelo operador boleano “and”. Esse processo foi desenvolvido por dois revisores, bem como a leitura dos títulos e dos resumos, selecionando o material que compôsa leitura final. Um terceiro revisor foi consultado em caso de dúvidas. Dessa forma, a análise se deu com a leitura na integra dos materiais selecionados. A análise descritiva dos resultados permitiu conhecer os principais distúrbios metabólicos que acometem o recém-nascido. RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste capítulo, serão apresentadas informações sobre os distúrbios metabólicos mais presentes na infância, como a hipoglicemia, a hiperglicemia, a hipocalcemia, a hipercalcemia, a hipomagnesemia, a hipermagnesemia e a hiperbilirrubinemia. 107 REVISTA ESPAÇO CIÊNCIA & SAÚDE v. 5, n. 01, jul./2017 Hipoglicemia A hipoglicemia é o problema metabólico mais comum em RN, definida quando o nível de glicose no plasma é menor que 30mg/dL (1,65 mmol/L) nas primeiras 24 horas de vida e menos do que 45mg/dL após a alimentação (2,5 mmol/L). O preconizado para a correção de hipoglicemia nesse caso, é administrar um bolus de 2ml/kg de Dextrose a 10%, seguida por uma taxa de infusão de glicose de 6 mg/kg/min. O protocolo atual em muitas unidades é que, se a hipoglicemia persistir, incrementos são feitos na taxa de infusão de glicose a 2mg/kg/min a cada 15 a 30 minutos (HIPOGLICEMIA NO RECÉM-NASCIDO, 2014). Os sinais e os sintomas do RN com hipoglicemia incluem cianose, apneia, irritabilidade, debilidade no reflexo de sucção, hipotermia persistente, alterações da consciência, letargia, tremores, resposta alterada aos reflexos de Moro, convulsões e coma. Acomete 23-50% dos recém-admitidos em unidade de terapia intensiva neonatal, RNs a termo e saudáveis, principalmente nas primeiras seis horas após o parto. Também pode acarretar distúrbios endócrinos e sequelas neurológicas (HARRIS; WESTON; HARDING, 2012). Estão entre os fatores neonatais para hipoglicemia, distúrbio de crescimento e maturidade fetal, distúrbios endócrinos e metabólicos, RN com peso ao nascer menor que 2.500g ou maior que 4.000g, IG até 37 ou acima de 42 semanas, filho de mãe diabética, pequeno para a idade gestacional (PIG), mal-nutrido fetal, asfixia ao nascimento, entre outros (MARTINS, 2014). Hiperglicemia A hiperglicemia geralmente é definida como um nível de glicose acima de 125mg/Dl em RN a Termo (RNT) ou valores plasmáticos de glicose acima de 145mg/Dl, independente do peso e da idade gestacional. Também é bastante comum em Recém-Nascidos Pré-Termo (RNPT) e de baixo peso ao nascer, que estão recebendo glicose parenteral (BANIK et al., 2014). 108 REVISTA ESPAÇO CIÊNCIA & SAÚDE v. 5, n. 01, jul./2017 Geralmente, a hiperglicemia está associada ao aumento da morbidade, da mortalidade e de uma frequência maior de hemorragias intracranianas pela elevação da osmolaridade sanguínea, alterando o transporte de glicose e dificultando o metabolismo da célula nervosa (BANIK et al., 2014). Entre os sinais e os sintomas de hiperglicemia no RN, estão glicosúria, diurese osmótica, hipovolemia, desidratação intracelular, hiperosmolalidade e hemorragias intracranianas. A normalização da glicemia em RNPT é fundamental para evitar danos ao cérebro em desenvolvimento (TAYMAN et al., 2014). Hipocalcemia A hipocalcemia difere segundo a idade gestacional e o peso de nascimento. Considera-se hipocalcemia: RNs prematuros menores que 1.500g (quando os níveis plasmáticos de cálcio total são inferiores a 7mg/dL ou de cálcio iônico são inferiores a 4mg/dL); RNs a termo ou RNs prematuros maiores ou iguais a 1.500g (quando os níveis plasmáticos de cálcio total são inferiores a 8mg/dL ou de cálcio iônico são inferiores a 4,4mg/dL); RNs prematuros extremos, que possuem níveis de albumina baixos, podem apresentar níveis de cálcio total de 5,5 a 7,0mg/dL, mantendo níveis normais de cálcio iônico (BRASIL, 2012). Os sinais e os sintomas são muito variados (DEL RÍO et al., 2011). Geralmente determinam crises tetânicas (espasmos em mão e pés, laringoespasmos e crises convulsivas focais ou generalizadas) e uma ampla sintomatologia neuromuscular (tremores localizados, parestesias, câimbras, contraturas musculares) (YESTE; CARRASCOSA, 2011). Os fatores de risco podem ser: Maternos - hipoparatireoidismo, diabetes (cerca de 50% dos RNs de mães diabéticas mal controladas desenvolvem hipocalcemia), toxemia, baixa ingestão de cálcio; Fetais - asfixia, prematuridade, sepse, desnutrição fetal, hipomagnesemia; Iatrogênica - transfusão de sangue citratado (anticoagulante), uso de bicarbonato (BRASIL, 2012). As complicações podem decorrer dos estados de hipocalcemia crônica e pode determinar manifestações oftalmológicas (cataratas, edema de papila), cutâneas (pele seca, fragilidade ungueal), dentais (atraso no aparecimento da dentição, hipoplasia dental, 109 REVISTA ESPAÇO CIÊNCIA & SAÚDE v. 5, n. 01, jul./2017 alterações do esmalte), cardiovasculares (intervalo QT longo, insuficiência cardíaca), neurológicas (pseudotumor cerebral, amnésia, síndromes regressivas e sintomatologia psicótica) e abdominais (abdominalgias, diarreias) (YESTE; CARRASCOSA, 2011). Hipercalcemia O cálcio participa do funcionamento de vários órgãos e sistemas, assim, os níveis séricos necessitam ser avaliados com prudência. Nesse contexto, a hipercalcemia é definida como a presença de concentrações de cálcio superiores a 10,5-11,0mg/dl, e geralmente está determinada pelo incremento de cálcio procedente do trato gastrointestinal ou do tecido ósseo no espaço extracelular que chega a superar a capacidade de excreção renal. A hipercalcemia afeta todos os grupos de idade pediátrica, porém, sua incidência é desconhecida (YESTE; CARRASCOSA, 2011; COSTA et al., 2008). Os sinais e os sintomas na maioria das vezes são vagos e pouco específicos. Assim, a sua identificação ocorre por meio de uma análise sanguínea de rotina. Os fatores de risco frequentes de hipercalcemia é iatrogênica e o aporte excessivo de suplementos de cálcio pela via parenteral. Quanto às complicações, elas podem comprometer a vida do paciente, levando a arritmias, coma e fraturas múltiplas (YESTE; CARRASCOSA, 2011). Hipomagnesemia A hipomagnesemia é rara e ocorre em concentrações abaixo de 1,6mg/dL, sendo frequentemente acompanhada de hipocalcemia (CLOHERTY; EICHENWALD; STARK, 2011). Os sinais e os sintomas são similares ao da hipocalcemia. Entretanto, o RN pode ser assintomático ou apresentar tremores, irritabilidade, hiperrefexia e/ou crises convulsivas (BRASIL, 2012). Em relação aos fatores de risco, a hipomagnesemia está associada à asfixia, restrição do crescimento intrauterino, transfusão com sangue citratado, hiperfosfatemia e hipoparatireoidismo. Também pode ocorrer em situações em que haja diminuição da ingestão de magnésio (intestino curto, diarreia), ou aumento da excreção renal (BRASIL, 2012). Já as complicações estão relacionadas ao risco de fraturas, e devido à diminuição de magnésio, há hipoparatiroidismo e hipocalcemia (YU et al., 2011). 110 REVISTA ESPAÇO CIÊNCIA & SAÚDE v. 5, n. 01, jul./2017 Hipermagnesemia Considera-se hipermagnesemia quando o nível plasmático de magnésio for superior a 2,8mg/Dl (BRASIL, 2012). Essa elevação decorre de uma carga exógena de magnésio acima da capacidade excretora renal, como a terapia com sulfato de magnésio para pré-eclâmpsia materna ou parto prematuro, a administração de antiácidos contendo magnésio para o RN e/ou o excesso de magnésio na nutrição parenteral (CLOHERTY; EICHENWALD; STARK, 2011). Os sinais e os sintomas podem ser assintomáticos, mas o quadro clínico pode evoluir com hipotonia, letargia, hiporrefexia, poliúria e desidratação. Níveis muito elevados (maiores que 6mg/dL) têm efeito curarizante, levando a apneias e parada cardíaca por bloqueio átrio- ventricular (BRASIL, 2012). Os fatores de risco geralmente advêm de mães com quadro de toxemia gravídica (pré-eclâmpsia) que necessitam usar sulfato de magnésio. Também pode estar associadaà oferta excessiva na nutrição parenteral. Se a gestante recebeu sulfato de magnésio, o RN deve ser investigado para hipermagnesemia (BRASIL, 2012). Quanto às complicações, a hipermagnesia, estando acima de 10 mEq/L, poderá produzir tetraplegia flácida, apneia e insuficiência respiratória, assim como parada cardíaca (SEVILLA, 2014). Hiperbilirrubinemia Hiperbilirrubinemia é definida como a concentração sérica de bilirrubina indireta (BI) maior que 1,5 mg/dL ou de bilirrubina direta (BD) maior que 1,5 mg/dL, desde que esta represente mais que 10% do valor de bilirrubina total (BT) (ALMEIDA; NADER; DRAQUE, 2010). Nos sinais e sintomas, a icterícia se constitui em um dos problemas mais frequentes no período neonatal, correspondendo na expressão clínica da hiperbilirrubinemia (BRASIL, 2012). Em RNs a termo saudáveis, a constatação de icterícia somente na face (Zona 1) está associada a valores de bilirrubina que variam de 4 a 8 mg/dL. A presença de icterícia desde a cabeça até a cicatriz umbilical (Zona 2) corresponde a valores desde 5 até 12 mg/dL. Já os 111 REVISTA ESPAÇO CIÊNCIA & SAÚDE v. 5, n. 01, jul./2017 RNs a termo, com icterícia até os joelhos e cotovelos (Zona 3), podem apresentar BI superior a 15 mg/dL (KRAMER, 1969; KEREN et al., 2009). Os fatores que interferem no aparecimento de hiperbilirrubinemia são: idade gestacional, comorbidades, áreas geográficas e má alimentação da mãe (OLIVEIRA et al., 2014). Ademais, a prematuridade é um fator de risco para hiperbilirrubinemia e para a neurotoxicidade da bilirrubina. A complicação temida da hiperbilirrubinemia é a encefalopatia bilirrubínica. A fase aguda da doença acontece nos primeiros dias e perdura por semanas, com letargia, hipotonia e sucção débil. Se a hiperbilirrubinemia não for tratada, surge hipertonia com hipertermia e choro agudo de alta intensidade. A hipertonia manifesta-se com retroarqueamento do pescoço e do tronco, evoluindo para apneia, coma, convulsões e morte. A encefalopatia bilirrubínica na fase aguda em RN a termo pode ser reversível, desde que haja intervenção terapêutica imediata (HANSEN et al., 2009). CONCLUSÕES O RN experimenta, após o nascimento, um período adverso em que precisa desenvolver mecanismos de adaptação. Nesse momento, é preciso proporcionar todos os cuidados com o objetivo de satisfazer as necessidades para o crescimento e o desenvolvimento normal. Muitos distúrbios metabólicos neonatais que se manifestam de forma grave podem ter sua história natural alterada pelo cuidado prestado à gestante e ao RN. Assim, os profissionais da saúde devem assegurar que o RN tenha a integridade do funcionamento dos órgãos e dos sistemas, estando atentos ao aparecimento de qualquer agravo, como os distúrbios metabólicos que podem se manifestar de forma grave e precoce. Com uma boa anamnese e exame físico, pode-se realizar uma triagem para esses distúrbios. AGRADECIMENTOS Agradecimento à Fundação de Apoio à Pesquisa do Rio Grande do Sul (FAPERGS) pela bolsa de pesquisa concedida à primeira autora. 112 REVISTA ESPAÇO CIÊNCIA & SAÚDE v. 5, n. 01, jul./2017 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. F. B.; NADER, P. J. H.; DRAQUE, C. M. Icterícia neonatal. In: LOPEZ, F. A.; CAMPOS JÚNIOR, D. Tratado de Pediatria. Manole; 2010. BANIK, S. K et al., Hyperglycemia is a predictor of mortality and morbidity in low birth weight newborn. M Med J. 2014, v. 23, n. 3, p. 480-4. BLANCO, M. A. H.; PERIZ, L. A. Autoevaluación fisiopatología del metabolismo. Nursing. 2011, v. 29, n. 4, p. 62-5. BRASIL. Ministério da Saúde. 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