Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ACRE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA FAMILIAR NAIARA BEZERRA DA SILVA LEVANTAMENTO SOCIODEMOGRÁFICO DA PRODUÇÃO ORGÂNICA EM UMA FEIRA LIVRE EM RIO BRANCO, ACRE RIO BRANCO – AC 2020 NAIARA BEZERRA DA SILVA LEVANTAMENTO SOCIODEMOGRÁFICO DA PRODUÇÃO ORGÂNICA EM UMA FEIRA LIVRE EM RIO BRANCO, ACRE Monografia apresentada ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Agricultura Familiar. Orientador: Deborah Virgynia Cardoso de Freitas RIO BRANCO – AC 2020 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S586 Silva, Naiara Bezerra da Levantamento sociodemográfico da produção orgânica em uma feira livre em Rio Branco, Acre / Naiara Bezerra da Silva. – Rio Branco, 2020. 49 f. Orientadora: Profa. Deborah Virgynia Cardoso de Freitas Monografia (Curso de Pós-graduação em Agricultura Familiar) - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre – IFAC, Campus Avançado Rio Branco Baixada do Sol, 2020. 1. Agricultura familiar. 2. Produtor orgânico. 3. Feira livres. I. Freitas, Deborah Virgynia Cardoso de, orient. II. Título. CDD 338.1 Bibliotecário Responsável José de Arimatéia Ferreira de Oliveira CRB 11/1002 NAIARA BEZERRA DA SILVA LEVANTAMENTO SOCIODEMOGRÁFICO DA PRODUÇÃO ORGÂNICA EM UMA FEIRA LIVRE EM RIO BRANCO, ACRE Monografia apresentada ao Curso de Pós- graduação em Agricultura Familiar do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre - IFAC - aprovada pela banca examinadora. Rio Branco, 21/05/2020. Deborah Virgynia Cardoso de Freitas Mestra em Gestão de Áreas Protegidas Presidente - Ifac Charle Ferreira Crisóstomo Doutor em Biodiversidade e Saúde Membro Titular - Ifac Marília Temporim Furtado Mestra em Produção Vegetal Membro Titular - Unimeta RIO BRANCO – AC 2020 Aos meus pais Etna Bezerra da Silva e Áquila Sombra da Silva e meus irmãos Cleydson Bezerra da Silva, Linda Mara Bezerra da Silva e Naira Suelen Bezerra da Silva Melo pelo apoio para vencer mais este desafio Dedico AGRADECIMENTOS Primeiramente, a Deus, que é digno de toda honra e toda glória, e aos meus pais, responsáveis pela minha existência, educação e formação de caráter. Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre - IFAC pela oportunidade, principalmente à coordenação do Curso de Pós-graduação em Agricultura Familiar, que permitiu a realização do estudo, e aos professores do quadro que apresentaram comprometimento nos ensinamentos. À minha orientadora Prof. Deborah Virgynia Cardoso de Freitas, pelo apoio científico, diretrizes e acompanhamento pontual e competente do trabalho em todas as suas fases. Aos colegas de curso, Alline Nunes da Silva, Aucemir Lima dos Santos, Francimar Gomes de Araújo, Jannyf Christina dos Santos, Juliana Paulo Saraiva, Maria Regina Queiroz Dias pelo incentivo e apoio no decorrer do curso e finalização desta pesquisa. À amiga Thaís de Azevedo Coutinho pelo incentivo ao longo do curso e na elaboração dos questionários. Ao Francimar Gomes de Araújo e ao meu sobrinho Luís Felipe da Silva Barros pela ajuda na coleta de dados deste trabalho, e por estarem à disposição quando precisei. Aos feirantes orgânicos que prontamente se dispuseram a participar desta pesquisa e contribuíram com as informações necessárias, meu muito obrigada. A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho. “Sonhos determinam o que você quer. Ação determina o que você conquista.” Aldo Novak RESUMO A feira livre é um espaço, no qual tradicionalmente produtores rurais tem a oportunidade de comercializar seus produtos diretamente a consumidores. É um local onde acontece a troca de conhecimento e as relações socioeconômicas entre produtores e consumidores são estreitadas. Além disso, as feiras promovem a oferta de produtos frescos e saudáveis, assegurando uma alimentação saudável e adequada à população local. Neste contexto, a produção orgânica se destaca, por ser uma produção sustentável, respeita o meio ambiente e as tradições culturais e promove a autonomia econômica e a independência de seus produtores ao alcançarem novos mercados. Diante da importância das feiras livres e da produção orgânica como indutores de segurança alimentar, geração de renda e preservação ambiental, este estudo pretende caracterizar o perfil de feirantes e consumidores e os aspectos de comercialização da produção orgânica em uma feira livre, localizada no Calçadão do Terminal Urbano, na cidade de Rio Branco, estado do Acre. Esta é a primeira feira de produtos orgânicos do município de Rio Branco - Acre, existente há mais de 20 anos. A metodologia usada no estudo se baseia em um estudo de caso, pesquisa bibliográfica e documental, com o uso de dados quantitativos e qualitativos que foram levantados por meio de questionários semiestruturados aplicados entre produtores e consumidores que frequentam a feira, nos quais foram obtidos dados econômicos, tais como fontes de crédito, formas de comercialização da produção, fontes de renda e sociodemográficos. Foram entrevistados 20 feirantes agricultores familiares e 20 consumidores. Estas informações foram processadas em planilhas eletrônicas a partir de análises descritivas utilizando-se estatística básica: frequências, médias e porcentagens. Os resultados revelam que os feirantes, em sua maioria, são mulheres com idade entre 51 a 60 anos, escolaridade que varia do ensino fundamental até o ensino superior e atuam na feirinha há mais de 15 anos. O perfil dos consumidores da feira é representado por mulheres com mais de 60 anos, aposentadas, com escolaridade que varia do ensino médio ao superior. De maneira geral, a feira é o principal meio de obtenção de renda dos feirantes com a comercialização de frutas e hortaliças. Contudo, alguns deles vendem também para atravessadores, cestas de produtos por encomenda e/ou venda direta nas casas de consumidores. A renda média familiar dos feirantes varia de um a três salários mínimos. Os consumidores optam pelo consumo dos produtos da feira orgânica por considerar os produtos frescos, saudáveis e por virem direto do produtor, além de apresentarem mais qualidade e preço baixo que os alimentos vendidos nos supermercados. Contudo, é preciso fortalecer as feiras livres como: espaços de trocas de conhecimentos; locais de estreitamento de laços e amizades entre produtores e consumidores; mecanismos de inclusão social, por meio do fortalecimento e da geração de renda de feirantes; e promotor da segurança alimentar de consumidores e produtores. Palavras-chave: Agricultura familiar. Produtor orgânico. Feiras livres. ABSTRACT The open market is a space in which traditionally rural producers have the opportunity to market their products directly to consumers. It is a place where knowledge exchange takes place and the socioeconomic relations between producers and consumers are tightened. In addition, fairs promote the supply of fresh and healthy products, ensuring a healthy and adequate diet for the local population. In this context, organic production stands out, as it is a sustainable production, respects the environment and cultural traditions and promotes theeconomic autonomy and independence of its producers when reaching new markets. Given the importance of open markets and organic production as inducers for food security, income generation and environmental preservation, this study aims to characterize the profile of marketers and consumers and the aspects of commercialization of organic production in a free market, located on the Calçadão do Terminal Urbano, in the city of Rio Branco, state of Acre. This is the first organic products fair in the municipality of Rio Branco - Acre, which has existed for over 20 years. The methodology used in the study is based on a case study, bibliographic and documentary research, using quantitative and qualitative data that were raised through semi-structured questionnaires applied between producers and consumers attending the fair, in which economic data were obtained , such as sources of credit, ways of marketing production, sources of income and sociodemographics. 20 market farmers and 20 consumers were interviewed. This information was processed in electronic spreadsheets from descriptive analyzes using basic statistics: frequencies, averages and percentages. The results reveal that the marketers, in their majority, are women between 51 and 60 years old, schooling that varies from elementary school to higher education and have worked in the fair for more than 15 years. The consumer profile of the fair is represented by women over 60, retired, with schooling ranging from high school to higher education. In general, the fair is the main means of obtaining income from marketers through the sale of fruits and vegetables. However, some of them also sell to middlemen, baskets of products to order and / or direct sale in the homes of consumers. The average family income of marketers varies from one to three minimum wages. Consumers choose to consume the products at the organic fair because they consider the products fresh, healthy and come directly from the producer, in addition to having more quality and low prices than the food sold in supermarkets. However, it is necessary to strengthen open markets as: spaces for the exchange of knowledge; places of closer ties and friendships between producers and consumers; mechanisms of social inclusion, through the strengthening and generation of income of marketers; and promoting food security for consumers and producers. Keywords: Family farming. Organic producer. Free fairs. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Mapa do estado do Acre ........................................................................... 17 Figura 2 - Perfil dos feirantes da Feira de Produtos Orgânicos baseado no gênero, Rio Branco, Acre. ............................................................................................................. 20 Figura 3 - Idade dos feirantes da feira de produtos orgânicos, Rio Branco, Acre ..... 22 Figura 4 - Escolaridade de feirantes da feira de produtos orgânicos, Rio Branco, Acre .................................................................................................................................. 23 Figura 5 - Escolaridade dos feirantes por gênero ...................................................... 23 Figura 6 - Renda familiar dos feirantes da feira de produtos orgânicos, Rio Branco, Acre ........................................................................................................................... 24 Figura 7 - Situação ocupacional dos feirantes da feira de produtos orgânicos, Rio Branco, Acre .............................................................................................................. 25 Figura 8 - Quantidade de pessoas na unidade familiar ............................................. 26 Figura 9 - Perfil dos consumidores da feira de produtos orgânicos baseado no gênero, Rio Branco, Acre ....................................................................................................... 27 Figura 10 - Idade dos consumidores da feira de produtos orgânicos, Rio Branco, Acre .................................................................................................................................. 28 Figura 11 - Escolaridade dos consumidores da feira de produtos orgânicos, Rio Branco, Acre. ............................................................................................................. 29 Figura 12 - Escolaridade dos consumidores por gênero ........................................... 29 Figura 13 - Renda familiar dos consumidores da feira de produtos orgânicos, Rio Branco, Acre .............................................................................................................. 30 Figura 14 - Situação ocupacional dos consumidores da feira de produtos orgânicos, Rio Branco, Acre ....................................................................................................... 31 Figura 15 - Canais de comercialização ..................................................................... 31 Figura 16 - Acesso a outras políticas públicas da agricultura familiar ...................... 33 Figura 17 - Produtos preferidos pelos consumidores na Feira de Produtos Orgânicos de Rio Branco - AC ................................................................................................... 34 Figura 18 - Tempo de atuação na feira de produtos orgânicos, Rio Branco, Acre .... 35 Figura 19 - Tempo em que o consumidor compra na feira de produtos orgânicos, Rio Branco, Acre .............................................................................................................. 36 Figura 20 - Local da Feira de Produtos Orgânicos de Rio Branco ............................ 37 Figura 21 - Frequência em que os consumidores vão a feira ................................... 39 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ACS Associação de Certificação Socioparticipativa da Amazônia CPOrg/AC Comissão da Produção Orgânica do Acre FPOA Feira de Produtos Orgânicos do Acre IFAC Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento OAC Organismo de Avaliação da Conformidade Orgânica OCS Organização de Controle Social OPAC Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade Orgânica PAA Programa de Aquisição de Alimentos PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar SAFRA Secretaria Municipal de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Econômico SAN Segurança Alimentar e Nutricional UFAC Universidade Federal do Acre SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 11 1.1 DA AGRCULTURA CONVENCIONAL Á PRODUÇÃO ORGÂNICA ...................... 11 1.2 A PRODUÇÃO ORGÂNICA NO ACRE ....................................................................... 13 1.3 FEIRAS LIVRES EM RIO BRANCO - ACRE ............................................................. 14 1.4 A PERCEPÇÃO DOS CONSUMIDORES ................................................................... 15 2 OBJETIVO ...................................................................................................................... 16 3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 16 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA .......................................................................... 16 3.2 ÁREA DE ESTUDO ........................................................................................................ 17 3.3 COLETA DE DADOS ..................................................................................................... 18 3.4 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................. 19 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................................20 4.1 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO ................................................................................. 20 4.1.1 Feirantes ......................................................................................................................... 20 4.1.2 Consumidores ................................................................................................................ 26 4.2 ASPECTOS GERAIS DA COMERCIALIZAÇÃO ....................................................... 31 4.2.1 Canais de comercialização da produção orgânica ...................................................... 31 4.2.2 Acesso a outras políticas públicas da agricultura familiar ........................................... 32 4.2.3 Principais produtos comercializados por feirantes e preferidos por consumidores .. 34 4.2.4 Tempo de atuação na feira de produtos orgânicos ..................................................... 35 4.3. PERCEPÇÃO DOS CONSUMIDORES SOBRE OS PRODUTOS ORGÂNICOS . 38 5 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 40 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 42 APÊNDICES ...................................................................................................................... 46 11 1 INTRODUÇÃO 1.1 DA AGRCULTURA CONVENCIONAL Á PRODUÇÃO ORGÂNICA A agricultura é uma das atividades mais antigas já desenvolvidas pelo homem (PENA, 2019). Nos primórdios, visava a produção de alimentos para a subsistência familiar, contudo, com o aumento da população, passou a produzir excedentes para atender a demanda existente. Isso trouxe a necessidade de expandir áreas agrícolas, trazendo mudanças no uso da terra e no modo de produção (FRANCISCO, 2019). Estas mudanças trouxeram diversos prejuízos econômicos e socioambientais (RIBEIRO, 2019). A inovação em técnicas produtivas, a mecanização e o uso de insumos para aumentar a produtividade e diminuir perdas provocaram significativos impactos ambientais. Estes prejuízos estão relacionados principalmente ao uso indiscriminado de defensivos agrícolas, a monocultura e ao desmatamento de áreas para a agropecuária (DEUS; BAKINYI, 2012). O uso irracional do solo sem respeito à sua aptidão agrícola e sem limitações aceleram os processos de degradação do solo, alterando o meio ambiente. Os danos à natureza e sua crescente destruição colocam em pauta a necessidade da sua preservação e recuperação, buscando formas racionais de produção (BALSAN, 2006). A produção orgânica é um tipo de produção sustentável que se baseia em princípios agroecológicos, que respeita hábitos e tradições culturais e incentiva a alimentação saudável e in natura, promovendo a Segurança Alimentar e Nutricional – SAN1 (MALUF et al., 1996). Essa produção visa menor dependência de insumos químicos, uma vez que buscar obter adubos e fertilizantes orgânicos da própria propriedade, adota técnicas de controle biológico para combater pragas e doenças e promove a rotação e o consórcio de culturas. Dessa forma o produtor diversifica a produção, obtém produtos comerciais ao longo do ano e preserva o meio ambiente (CASTRO NETO et al., 2010). 1 Este é um tema cada vez mais recorrente em estudos e pesquisas científicas, além de ser de grande relevância à saúde pública por estar relacionado aos modos de vida e hábitos alimentares da população que foram modificados ao longo do tempo devido a substituição de alimentos in natura, saudáveis e preparados em casa por produtos industrializados, processados e com grande quantidade de conservantes (Maluf et al., 1996; FREITAS, 2017), o resultado dessa alimentação são mais pessoas susceptíveis a doenças cardiovasculares, diabetes e demais enfermidades ligadas à obesidade. 12 No âmbito do desenvolvimento rural, a agricultura orgânica pode ser considerada um meio de promoção socioeconômica dos agricultores, já que implica na construção de novas redes sociais de comercialização e no alcance de novos mercados (ALVES; BOTELHO, 2014), por meio dos quais é possível garantir a comercialização da produção e a geração de renda. A regulamentação da produção orgânica no Brasil é estabelecida pela Lei Federal Nº 10.831/2003, nela consta a definição de um sistema de produção orgânico (BRASIL, 2003): Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não renovável, empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do meio ambiente (BRASIL, 2003). Pela definição é possível perceber que a produção orgânica engloba todo um sistema de produção que ocorre desde o processo inicial da produção até os procedimentos finais para que os produtos orgânicos cheguem às prateleiras ou aos consumidores. A Lei dos orgânicos foi regulamentada ainda pelo Decreto Nº 6.323/2007 e por suas instruções normativas (IN), destacando-se a IN n.º 46, de 06 de outubro de 2011, regulada pela IN n.º 17, de 18 de junho de 2014, que orientam sobre as práticas e processos para produção animal e vegetal no Brasil. Para estar em conformidade com a legislação brasileira referente à produção orgânica, há três maneiras de comercialização destes produtos (BRASIL, 2019a): a) Venda direta ao consumidor: não exige certificação. Os produtores devem estar organizados por meio de uma Organização de Controle Social - OCS2 e registrados junto ao MAPA, que fará o controle direto do setor. 2 OCS - É uma organização que poderá ser constituída a partir de um grupo informal de produtores ou envolver uma entidade, como associação ou cooperativa, que deve ser cadastrada junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, em que esse cadastramento possibilita ao agricultor familiar comercializar seus produtos diretamente ao consumidor (venda direta) e participar de Programas Governamentais como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e venda institucional. 13 b) Sistema Participativo de Garantia (SPG): certificação com base no controle social, por meio de um Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade Orgânica - OPAC. Os produtores devem estar organizados e uma entidade jurídica sob controle dos mesmos, deve estar registrada junto ao MAPA, que fará o controle direto do setor. Essa entidade legalmente constituída é responsável por emitir os documentos de garantia da qualidade orgânica dos produtos válidos no Brasil. c) Certificação por auditoria: a certificação é realizada por certificadora acreditada pelo INMETRO e credenciada no MAPA, como Organismo de Avaliação da Conformidade Orgânica - OAC, que fará o controle do setor. As certificadoras são responsáveis por emitir certificados que garantem a qualidade orgânica dos produtos, válidos no mercado nacional e internacional com os quais o Brasil possua acordos de equivalência. Os agricultores familiares, de acordo com os requisitos estabelecidos pela Lei Nº 11.326/2006 que trata da Política Nacional da Agricultura Familiar, que realizam a comercialização direta, sem intermediários entre produtor e consumidor, podem realizar a venda de seus produtos sem a certificação e sem o uso do selo, que é obrigatório para identificar os orgânicos.Isso torna o processo de certificação mais acessível economicamente e menos burocrático aos pequenos produtores, possibilitando que eles possam comercializar seus produtos com maior facilidade. 1.2 A PRODUÇÃO ORGÂNICA NO ACRE O Brasil está se consolidando como um grande produtor de alimentos orgânicos, são cerca de 17 mil propriedades certificadas em todo o país. A maior parte da produção é oriunda de pequenos produtores (SEBRAE, 2019). Segundo Camargo Filho et al. (2004), cerca de 90% dos agricultores orgânicos brasileiros são familiares, sendo estes responsáveis por 70% da produção nacional. Na Amazônia Sul-ocidental brasileira, no estado do Acre, na década de 1990 nascia um novo modo de produzir baseado no respeito ao meio ambiente, diferente dos métodos tradicionais de desmate e queima na região. As mudanças no uso da terra e no modo de produção no Acre aconteceram com os moradores do Polo Agroflorestal do Benfica, na cidade de Rio Branco (SIVIERO; ABREU, 2009). 14 No Benfica, os produtores passaram pelo processo de conversão da agricultura convencional para a orgânica. Eles foram pioneiros na produção e comercialização de produtos orgânicos no Acre, foram também os primeiros a se associarem à primeira organização social de agricultores orgânicos do estado, desde 1998 se estabeleceu e difundiu a agricultura orgânica no Acre (SIVIERO; ABREU, 2009). Em 2019, havia 246 produtores registrados no Acre no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, destes, 214 cadastrados por meio de Certificação por auditoria e 32 por meio da Associação de Certificação Socioparticipativa da Amazônia - ACS, que é uma Organização de Controle Social - OCS, na qual os produtores comercializam de forma direta ou institucional (BRASIL, 2019b). 1.3 FEIRAS LIVRES EM RIO BRANCO - ACRE A feira livre é um local em que, tradicionalmente, produtores rurais e agentes de intermediação oferecem seus produtos a consumidores (ALBUQUERQUE, 2011). As feiras garantem a venda de produtos, geram renda e possibilitam oportunidades de acesso a outros mercados de comercialização, tais como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), comércios locais, restaurantes, lanchonetes e outros centros de comercialização (PEREIRA et al., 2017; RODRIGUES, 2019). As feiras oferecem maior retorno econômico ao produtor, pois ele não depende de atravessadores para a venda dos produtos, proporcionam oportunidades de incremento na qualidade de vida, além de autonomia no uso de insumos externos, sendo uma alternativa de facilitação do processo de venda dos produtos (CAMPANHOLA; VALARINI, 2001; SILVA, 2006). Embora a comercialização de frutas, verduras e legumes tende a crescer nas redes de supermercados, visto que estes oferecem vantagens como ambiente fechado, climatizado, diversidade na forma de pagamento e outros produtos (limpeza, higiene pessoal etc.), as feiras livres continuam sendo bem frequentadas por grande parte da população, principalmente devido a oferta de produtos frescos e preços mais baixos que os dos supermercados (ALBUQUERQUE, 2011). Segundo a Secretaria Municipal de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Econômico - Safra, em Rio Branco existem 43 feiras espalhadas pela capital, dentre feiras que comercializam produtos convencionais e orgânicos. As feiras livres fornecem os mais variados produtos in natura e beneficiado aos consumidores todos 15 os dias, sendo oferecidos por feirantes residentes na cidade e em municípios próximos. Em Rio Branco, Acre, a feira de produtos orgânicos ocorre em 3 pontos da cidade. Entretanto, a feira mais antiga já ocorre há 21 anos no mesmo local, na qual funciona todas às sextas e sábados, nas proximidades do Mercado Municipal Elias Mansur, localizado no centro da cidade, atrás do calçadão do terminal urbano, onde o estudo foi realizado. Existe também a feira no Horto Florestal e outra no estacionamento do Ministério Público Estadual. A feira tradicional de produtos orgânicos do Acre no calçadão do terminal urbano é um local em que ocorre a venda direta de produtos, na qual não há participação de terceiros (atravessadores/revendedores), permitindo laços entre o agricultor e o consumidor, possibilitando referência de qualidade, rastreabilidade e localidade aos produtos orgânicos (SIVIERO et al., 2008). 1.4 A PERCEPÇÃO DOS CONSUMIDORES A população tem cada vez mais buscado qualidade de vida, dentre os desafios para melhorar a saúde e o bem-estar da população estão a prática de atividades físicas e a busca por uma alimentação mais saudável (CHEN, 2009). Neste contexto, a produção e o consumo dos alimentos estão diretamente relacionados a implicações no meio ambiente e na saúde humana, podendo refletir na preferência e na atitude de consumidores quanto a escolha dos alimentos (NANDI et al., 2016). Gonçalves e colaboradores (2019) revelam que o consumidor de produtos orgânicos adquire tais produtos por acreditar estar consumindo produtos saudáveis e nutritivos, por ser um alimento que promove a SAN, uma vez que não há o uso de defensivos agrícolas, por possuir qualidades superiores aos convencionais, melhor sabor e maior tempo em prateleira. Por isso, estão dispostos a pagar um valor maior pelos benefícios que os orgânicos trazem para a saúde e ao meio ambiente. Na Amazônia brasileira há poucas pesquisas sobre os hábitos do consumidor de produtos agrícolas. A maioria dos estudos aponta que o preço é o principal norteador do mercado consumidor, contudo, faltam informações precisas sobre a valorização de produtos orgânicos por parte dos consumidores e o que os mobiliza a adquirirem estes produtos (SIVIERO et al., 2008). 16 Siviero e colaboradores (2008) realizaram pesquisas com consumidores de produtos orgânicos em Rio Branco há mais de uma década. De lá para cá, ampliou- se o número de feiras orgânicas em Rio Branco, assim como a população, com isso existe a necessidade de obter dados atuais, tanto de consumidores quanto dos agricultores familiares com o intuito de conhecer a realidade existente quanto à comercialização e a necessidade de consumidores de produtos orgânicos. Neste contexto, o presente estudo pretende caracterizar o perfil de feirantes da Feira de Produtos Orgânicos localizada atrás do terminal urbano de Rio Branco, Acre, visando conhecê-los e saber as dificuldades que apresentam no processo de comercialização dos produtos com o intuito de auxiliar ações, políticas e futuras pesquisas que possam melhorar o fornecimento de alimentos saudáveis e in natura aos consumidores. A pesquisa pretende também conhecer o consumidor de produtos orgânicos, suas preferências, os laços existentes entre consumidor e produtor e demonstrar a importância da produção orgânica em Rio Branco. Ademais, é importante discutir como esses produtos podem chegar ao mercado consumidor, beneficiando produtores e consumidores, permitindo produzir comida saudável, unir o campo à cidade e melhorar a renda de feirantes. 2 OBJETIVO Caracterizar o perfil dos feirantes e consumidores e os aspectos da comercialização da produção orgânica no calçadão do terminal urbano, no município de Rio Branco, Acre. 3 METODOLOGIA 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA Conforme Yin (2001), para a realização de pesquisas existem diferentes abordagens metodológicas: experimentos, levantamentos, estudos de caso, pesquisa histórica e análise de informações em arquivos. Todas podem ser usadas como propósito descritivo, explicativo e explanatório. 17 A pesquisa trata-se de um estudo de caso, que se caracteriza pelo estudo detalhado de um ou poucos objetos, permitindo seu conhecimento amplo, segundo Gil (2008). Na qual foi utilizado questionários semiestruturados de ordem quantitativa e qualitativa para o levantamento dos dados. A pesquisa foi realizada em três fases: a) Pesquisa bibliográficae documental: busca de artigos, livros, documentos públicos relacionados às temáticas abordadas no estudo; b) Coleta de dados: aplicação de questionários semiestruturados com feirantes e consumidores; c) Tabulação e análise dos dados: os dados foram tabulados e organizados no programa Excel. Em seguida foi realizada análise descritiva por frequência e médias. 3.2 ÁREA DE ESTUDO O município de Rio Branco é a capital do estado do Acre (Figura 1), fica localizado na Amazônia Ocidental, possui uma extensão territorial de 8.9834,942 km², no qual habitam 407.319 pessoas (IBGE, 2019). Seu clima é equatorial do tipo quente e úmido, com temperatura média anual de 25 °C e precipitação de chuvas de aproximadamente 2.000 mm/ano (ACRE, 2010). Figura 1 - Mapa do estado do Acre 18 Rio Branco tem seu PIB per capita (produto interno bruto) estimado em R$ 21.258,68 anual, sendo baseado na agricultura e pecuária, indústria, serviços, comercio e administração (IBGE, 2019). Segundo dados do último censo agropecuário, o Acre tem 68.817 estabelecimentos rurais, sendo que 7,85% deles estão localizados em Rio Branco. As principais culturas desenvolvidas na capital são abacaxi, mandioca, melancia, milho, banana e castanha-do-Brasil (IBGE, 2017). Rio Branco dispõe de 43 feiras livres distribuídas em diversos bairros da cidade, estas feiras são apoiadas pela Secretaria Municipal de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Econômico - SAFRA que, muitas vezes fornece o transporte para o escoamento da produção, o espaço (em praças, vias públicas movimentadas ou em mercados municipais) e barracas para que os produtores comercializem os alimentos e outros gêneros produzidos por eles. O local do estudo se localiza na Feira de Produtos Orgânicos de Rio Branco, situada no centro da cidade, atrás do terminal de ônibus urbano, próximo ao Mercado Municipal Elias Mansur. A feira de produtos orgânicos é tradicional e já está em atividade há mais de 20 anos, funciona todas às sextas-feiras e aos sábados. Lá, são comercializados diversos produtos in natura e beneficiados, de frutas, leguminosas e demais vegetais à alimentos como bolos, polpas de frutas e demais produtos. 3.3 COLETA DE DADOS Para a obtenção das informações foram aplicados questionários semiestruturados aos feirantes e consumidores da feira de produtos orgânicos de Rio Branco, localizada no calçadão da Rua Quintino Bocaiúva, atrás do Terminal Urbano, no Centro de Rio Branco. Para os feirantes, os questionários dispunham de perguntas relacionadas ao gênero, idade, escolaridade, ocupação e aspectos gerais da comercialização dos produtos e financiamentos adquiridos. Aos consumidores, as perguntas se relacionavam ao gênero, idade, escolaridade, ocupação, tempo que consome na feira e aspectos relacionados à percepção sobre os produtos da feira. O levantamento serviu de base para caracterizar aspectos sociais e econômicos dos produtores, bem como conhecer a visão dos consumidores de produtos orgânicos. A satisfação dos consumidores foi observada de acordo com as 19 respostas que foram dadas, por meio de perguntas orientadoras relacionadas a qualidade do produto em relação a outros mercados e os motivos de comprarem na feira. Foram entrevistados 20 feirantes, representando cerca de 87% do universo da amostra. A amostra se baseou no número total de feirantes existentes na Feira de Produtos Orgânicos de Rio Branco, localizada atrás do terminal urbano, no centro da cidade de Rio Branco, que possui 23 feirantes. Salienta-se que todos os feirantes são produtores rurais, produzem os alimentos em suas unidades familiares, uma vez que para obterem o registro de produtor orgânico e realizarem a venda direta, um dos requisitos é a produção seguir os padrões agroecológicos em suas propriedades. Foram entrevistados 20 consumidores. Em que o número de consumidores entrevistados se baseou no número médio de consumidores que frequentam a feira semanalmente. Esse dado foi obtido com os próprios feirantes, que estimaram ter, em média, 200 consumidores por semana. Nesse caso, a amostra de consumidores pesquisados representa 10% do público que frequenta a feira semanalmente. Os feirantes e consumidores foram selecionados aletoriamente para a entrevista de acordo com a disponibilidade deles em responderem às perguntas. O tempo médio de aplicação dos questionários durou cerca de 150 minutos. 3.4 ANÁLISE DOS DADOS Para a tabulação dos dados levantados em campo e a análise dos resultados obtidos utilizou-se o programa Excel, versão 2016. Os resultados foram obtidos por meio de planilhas eletrônicas a partir de análises descritivas utilizando-se de estatística básica, como médias, frequências e porcentagens. 20 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO 4.1.1 Feirantes a) Gênero Dos 20 feirantes entrevistados, 60% são do sexo feminino e 40% do sexo masculino (Figura 2). Figura 2 - Perfil dos feirantes da Feira de Produtos Orgânicos baseado no gênero, Rio Branco, Acre. Os resultados revelam a importância do trabalho desenvolvido pela mulher no campo, que, por muito tempo foi visto apenas como um “apoio” ou “suporte” às atividades desenvolvidas pelo homem, desvalorizando o trabalho exercido por elas, além do trabalho em casa, dos cuidados com o cultivo e manejo de hortas e pomares e a educação dos filhos. Erazo e Pereira (2015), objetivando identificar o perfil dos produtores orgânicos em uma feira orgânica em Manaus, verificaram que mais de 57% dos feirantes são do sexo feminino e 42,8% masculino. No Pará, em uma feira livre em Capanema. Silva e colaboradores (2017) estudando o perfil socioeconômico de feirantes, também identificaram que a maioria dos feirantes, 60% eram mulheres. Estes dados 21 corroboram os resultados observados neste estudo, a mulher tem cada vez mais ganhado espaço no campo e na cidade. Os dados do último censo agropecuário (IBGE, 2019) demonstram que o número de estabelecimentos agropecuários geridos por mulheres aumentou de 12,7% para 18,6% entre 2006 a 2017, totalizando mais de 800 mil mulheres chefes de famílias no meio rural. As mulheres no campo são responsáveis pela aplicação e pelo repasse dos conhecimentos agroecológicos desenvolvidos na produção familiar, motivando a sucessão familiar no campo, além de possibilitar acesso a mercados com o mínimo de tecnologias e em pequenas áreas, causando menos impactos ambientais (BRITO et al., 2018). Vale ressaltar que o fortalecimento do trabalho e da renda dessas mulheres reflete também na promoção da segurança alimentar de suas famílias, uma vez que muitas delas são as principais responsáveis pela manutenção da unidade familiar, assumindo o controle pelos hábitos alimentares e culturais da família (FREITAS, 2017). Neste sentido, torna-se essencial fortalecer e incentivar o trabalho dessas mulheres, fomentando a participação delas em políticas públicas de promoção à igualdade de gênero, possibilitando o acesso aos mercados e outros canais de comercialização, como as feiras livres, visando a geração de renda e contribuições para a economia rural e estimulando seu empoderamento para que possam tomar decisões e ter autonomia em suas escolhas. b) Idade Entre os feirantes entrevistados, 75% deles tem idades superiores a 31 anos, destes, 30% estão em uma faixa etária de 31 a 40 anos de idade, 10% entre 41 a 50 anos, 25% entre 51 a 60 anos e 10% entre 61 a 70 anos de idade. Apenas 5% tem até 20 anos de idade e 20% entre 21 a 30 anos (Figura 3). 22 Figura 3 - Idade dos feirantes da feira de produtos orgânicos, Rio Branco, Acre Após a segunda metade do século passado o êxodo rural tem se acentuado, isso se deve às inúmeras mudanças no processo de produçãoagrícola que fizeram as cidades se tornaram mais atraentes aos jovens do campo em busca de trabalho, acesso à educação e à qualidade de vida, culminando na diminuição no número de jovens na área rural e no envelhecimento da população (MAIA; BUAINAIN, 2015; FREITAS, 2017 ). Gaspari e Khautonian (2018) mencionam que ao longo dos anos houve redução significativa de jovens no espaço rural e que isso se deve principalmente ao êxodo rural dos jovens em busca de estudo, casamento, viver na área urbana, além da baixa natalidade e do envelhecimento da população rural. Os resultados encontrados demonstram que a população rural está envelhecendo e há baixa participação dos jovens na atividade rural. Isso demonstra uma preocupação em relação ao futuro da agricultura familiar acreana. Quem irá produzir os alimentos para a mesa do acreano? É preciso engajamento e a interação de políticas de educação, capacitação, crédito, formação profissional, entre outras áreas que possam incentivar o jovem a permanecer no campo. c) Escolaridade Analisando o nível de escolaridade dos feirantes, 45% concluíram o ensino médio, 25% possuem ensino fundamental incompleto e 20% ensino superior (FIGURA 4). 23 Figura 4 - Escolaridade de feirantes da feira de produtos orgânicos, Rio Branco, Acre Estes dados divergem dos resultados encontrados no estudo de Silva e colaboradores (2017), no Pará, no qual 80% dos feirantes entrevistados possuem ensino fundamental incompleto e apenas 20% possuem ensino médio completo. Contudo, os resultados são semelhantes aos encontrados por Sousa e colaboradores (2017) em Belém, no qual 54% dos feirantes concluíram o ensino fundamental, 43% concluíram o ensino médio e 3% tinham o ensino superior. Os resultados demonstram que a população rural está se qualificando cada vez mais, levando-se a inferir que apesar do grau de instrução, as feiras livres são mecanismos de geração de renda que garantem renda aos agricultores e às suas famílias, sendo responsável pela manutenção do homem no campo. Relacionando escolaridade e gênero, 42% das mulheres entrevistadas concluíram o ensino médio e 33% delas o ensino superior. Enquanto 50% dos homens entrevistados estudaram até o ensino médio e 37% não concluíram o ensino fundamental, conforme mostra a Figura 5. Figura 5 - Escolaridade dos feirantes por gênero 24 Os dados apontam maior escolaridade em feirantes mulheres, demonstrando que as mulheres estudam mais que homens. Resultados semelhantes foram encontrados na pesquisa desenvolvida por Sarmiento e colaboradores (2018), que estudando o papel da mulher no mercado informal em feiras livres em Manaus, identificaram que 48% do total de entrevistadas estudaram do ensino médio até o ensino superior, e apenas 20% delas se concentram no estrato de menor escolaridade, ensino fundamental ou nunca estudaram. A feira livre pode proporcionar uma flexibilidade de horários e o envolvimento familiar, que associado ao interesse da mulher em se qualificar, pode se tornar uma grande possibilidade de conciliar as atividades domésticas, os estudos e a comercialização da produção na feira. d) Renda familiar Dos feirantes entrevistados, 90% afirmaram possuir uma renda média que varia de um a três salários mínimos, 10% deles informaram possuir renda entre quatro a seis salários mínimos, conforme demonstra a Figura 6. Figura 6 - Renda familiar dos feirantes da feira de produtos orgânicos, Rio Branco, Acre Dados obtidos por Sousa e colaboradores (2017), em que analisando o perfil socioeconômico dos feirantes do Complexo do Ver-o-Peso em Belém, Pará, 25 identificaram que 48% dos entrevistados possuem renda familiar entre um a dois salários mínimos e 42% entre dois a três salários. Vale ressaltar que a renda do feirante é composta por outras atividades, além da comercialização na feira, tais como aposentadorias e atividades autônomas. Os dados obtidos apontam que 45% dos feirantes realizam trabalhos autônomos, 20% são aposentados e 35% obtém renda apenas da feira (FIGURA 7). Figura 7 - Situação ocupacional dos feirantes da feira de produtos orgânicos, Rio Branco, Acre A renda de agricultores familiares geralmente é composta de outras fontes de renda como benefícios sociais, outros trabalhos fora e dentro da unidade produtiva, uma multiplicidade de atividades que podem fortalecer ou enfraquecer a agricultura familiar. Neste caso, estas fontes de renda visam complementar a renda familiar permitindo a manutenção da família no campo, visto que, apesar das diferentes atividades desenvolvidas, e da atividade representar, em média 35% da renda familiar, o produtor e sua família continuam desenvolvendo a atividade. e) Número de componentes na família Conforme mostra a Figura 8, a unidade familiar desses feirantes é formada em sua maioria por duas pessoas (25%), três pessoas (20%) e 10% tem seis membros ou mais residentes no mesmo domicilio. 26 Figura 8 - Quantidade de pessoas na unidade familiar No estudo desenvolvido por Camarano e Fernandes (2015) revelam mudanças na estrutura familiar brasileira, as residências antes formadas por pais e filhos diminuíram, sendo substituídas por domicílios de casais sem filhos, homens e mulheres sozinhos e residências chefiadas por mulheres. Além de Camarano e Fernandes (2015), o IBGE (2019) também traz o reconhecimento e o aumento do número de mulheres como chefes de família, no campo ou na cidade, isso confirma a importância da mulher no campo, seja por meio da geração de renda, produzindo e comercializando alimentos nas feiras livres, ou selecionando os alimentos que vão para a mesa da família, assegurando uma alimentação saudável e adequada à família. 4.1.2 Consumidores a) Gênero Dos entrevistados, 60% são do sexo feminino e 40% do sexo masculino (Figura 9). Os dados estão de acordo com o estudo realizado por Gonçalves e colaboradores (2019) sobre percepção dos consumidores de feiras orgânicas em São Paulo, em que 68,1% dos consumidores entrevistados são mulheres. 27 Figura 9 - Perfil dos consumidores da feira de produtos orgânicos baseado no gênero, Rio Branco, Acre No trabalho desenvolvido por Siviero e colaboradores (2008) na Feira de produtos orgânicos em Rio Branco, localizada atrás do terminal urbano, revelou que 55% dos consumidores entrevistados eram homens, diferente dos resultados observados neste estudo. Essas mudanças indicam que, em pouco mais de uma década, as mulheres ganharam autonomia e independência financeira, uma vez que pode ser observado que muitas consumidoras vão à feira antes ou após o trabalho. Os dados indicam a preocupação e a atenção que a mulher tem com a alimentação da família, assegurando o consumo de alimentos saudáveis, diversificados e in natura e promovendo a segurança alimentar familiar. b) Idade Em relação à faixa etária, 40% dos consumidores entrevistados possuem entre 61 a 70 anos, seguidos de 20% que tem entre 51 a 60 anos, 20% do público são jovens com idades entre 30 a 40 anos. Os menores percentuais foram observados na faixa etária de 71 a 80 anos e de 41 a 50 anos, apresentando-se 15% e 5% dos entrevistados, respectivamente. No entanto, o público consumidor possui idade média de 57 anos (FIGURA 10). 28 Figura 10 - Idade dos consumidores da feira de produtos orgânicos, Rio Branco, Acre Siviero e colaboradores (2008) verificou que a idade média dos consumidores orgânicos de Rio Branco era de cerca de 48 anos. Diferindo do atual estudo, em que a média de idade dos consumidores é de 57 anos. Os resultados encontrados no estudo de Erazo e Pereira (2015) revelam que a faixa etária predominante nosconsumidores de produtos orgânicos em Manaus é acima de 40 anos. Os resultados demonstram que o público consumidor é adulto e corresponde a faixa populacional economicamente ativa e com poder aquisitivo. Outro fator que pode estar associado é a fidelidade do consumidor de produtos orgânicos, muitos deles frequentam a feira desde a época de sua criação, há mais de 20 anos, demonstrando a importância da participação deste público e sua preocupação em consumir produtos que visem a saúde e o bem-estar da população, principalmente os idosos, que são maioria dos consumidores. c) Escolaridade Analisando o nível de escolaridade dos consumidores entrevistados, 45% concluíram o ensino médio, 30% não chegaram a concluir o ensino fundamental e apenas 15% possuem ensino superior (FIGURA 11). 29 Figura 11 - Escolaridade dos consumidores da feira de produtos orgânicos, Rio Branco, Acre. Morais (2012) na feira agroecológica do Mercado Municipal de Goiânia constataram que 84% dos consumidores entrevistados tinham curso superior com especialização e apenas 16% possuem o ensino médio. Esses dados divergem dos encontrados neste estudo, demonstrando que a população acreana ainda possui baixo grau de escolaridade se comparado aos grandes centros urbanos. A relação entre escolaridade e gênero entre consumidores, conforme mostra a Figura 12, revela que 59% das mulheres entrevistadas concluíram o ensino médio e 17% delas o ensino superior. Enquanto 62% dos homens entrevistados não concluíram o ensino fundamental, 25% estudaram até o ensino médio e 13% concluíram o ensino superior. Estes resultados indicam que as mulheres dedicam mais anos de estudo do que os homens. Figura 12 - Escolaridade dos consumidores por gênero 30 Estes dados são importantes para que medidas e ações sejam criadas com o intuito de conhecer o público para quem os produtos são comercializados, a fim de melhorar condições que possam atender os anseios e desejos do consumidor. Siviero e colaboradores (2008), mencionam que o público de consumidores orgânicos vem crescendo e este conhece os benefícios da produção orgânica para o meio ambiente e para a saúde. Estas pessoas estão buscando uma alimentação mais saudável, possuindo à mesa alimentos frescos, de boa qualidade e livre de defensivos agrícolas, por isso é importante identificar o público consumidor com os produtos e fortalecer o vínculo destes produtores com seus tradicionais consumidores. d) Renda familiar Relacionado à renda familiar (Figura 13), 80% dos consumidores afirmaram possuir uma renda média que varia de um a três salários mínimos, estando de acordo os dados encontrados no estudo de Siviero e colaboradores (2008) na mesma feira no ano de 2007, em que 68% dos consumidores entrevistados afirmaram ter uma renda média de dois mil reais mensais. Figura 13 - Renda familiar dos consumidores da feira de produtos orgânicos, Rio Branco, Acre A pesquisa demonstra que 45% dos entrevistados são aposentados, 20% são funcionários públicos e 35% se enquadram nas seguintes ocupações: dona de casa, autônomo, diarista e comerciante (FIGURA 14). 31 Figura 14 - Situação ocupacional dos consumidores da feira de produtos orgânicos, Rio Branco, Acre 4.2 ASPECTOS GERAIS DA COMERCIALIZAÇÃO 4.2.1 Canais de comercialização da produção orgânica A grande maioria dos feirantes, 70%, utiliza a feira como único canal de comercialização da produção. Entretanto, o restante dos entrevistados afirmou vender também para atravessadores, realizar a venda direta nas residências (autônomo) e fazer entregas de produtos por encomenda (FIGURA 15). Figura 15 - Canais de comercialização 32 Pesquisa realizada na Feira Ecológica de Porto Alegre revela que 44% dos produtores rurais comercializam a produção somente em feiras livres, mas a maioria (56%) possui outras alternativas diversificadas de venda de produtos, tais como outras feiras, supermercados, restaurantes, venda ao consumidor, diretamente na propriedade e em lojas de produtos naturais (VALENT et al., 2014). Os resultados obtidos demonstram a relevância das feiras livres como incentivo à produção e também à comercialização de diversos produtos e gêneros alimentícios, pois ao comercializar na feira, o produtor expõe seus produtos e os disponibiliza não somente aos consumidores que compram alimentos para suas residências, mas também a comerciantes que compram para revenderem em mercadinhos e quitandas de bairros e para lanchonetes e outros locais, demonstrando a importância das feiras como locais de geração de renda e oportunidades. Em pesquisa atual desenvolvida por Rodrigues (2019) em feiras livres na cidade de Rio Branco, revelam a importância das feiras livres como locais de oportunidades de acesso a outros mercados, visto que muitos agricultores passaram a comercializar hortaliças para mercados de bairros, lanchonetes e restaurantes a partir das vendas nas feiras, permitindo mais renda e comercialização de produtos em outros dias da semana em que o agricultor não comercializa seus produtos nas feiras. 4.2.2 Acesso a outras políticas públicas da agricultura familiar Relacionado ao acesso as políticas públicas, 65% afirmaram não acessar tais políticas e apenas 35% tem acesso à algumas delas, como o Programa de Aquisição de alimentos - PAA, linhas de crédito do Pronaf e assistência técnica rural - Ater. No entanto, todos os entrevistados já passaram por diversas capacitações relacionado a boas práticas de produção, colheita, beneficiamento e apoio à comercialização (FIGURA 16). 33 Figura 16 - Acesso a outras políticas públicas da agricultura familiar Brito (2017) analisando a contribuição do poder público na feira livre de Cruz das Almas, na Bahia, constatou que quase 70% dos feirantes não recebem nenhum apoio financeiro à comercialização e 31,7% preferem não dizer. No estudo de Krause et al. (2018), em Cornélio Procópio, Bahia, os feirantes relataram também a falta de apoio do poder público e da sociedade em geral. Esses dados revelam que políticas públicas de apoio ao agricultor familiar são ainda escassas e de difícil acesso, para os feirantes a situação não é diferente. No Acre, a assistência técnica ao produtor não está acontecendo devido a conjuntura política de redução de gastos. As compras institucionais via Programa de Aquisição de Alimentos – PAA e Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE ocorrem anualmente, sendo um importante canal de comercialização, todavia os feirantes entrevistados, em sua maioria não participam destes programas, levando-se a inferir alguns empecilhos para o acesso a estas políticas: pode ser pelo potencial produtivo que não atende à demanda da feira e as entregas via programas ou até mesmo a sobrecarga de trabalho na atividade produtiva que não possibilita aumentar a produção familiar para atendimento aos programas. 34 4.2.3 Principais produtos comercializados por feirantes e preferidos por consumidores Conforme mostra a Figura 17, as frutas são os produtos mais procurados pelos consumidores, representando 41% dos produtos comercializados na feira, seguido das hortaliças com 33%. Figura 17 - Produtos preferidos pelos consumidores na Feira de Produtos Orgânicos de Rio Branco - AC Aos consumidores foi perguntado sobre qual produto gostariam que tivesse na feira, 65% dos entrevistados demonstrou satisfação com os produtos ofertados. Contudo, pouco mais de um terço dos entrevistados comentou a necessidade de oferta de alguns produtos, sendo eles: tomate, inhame, beterraba, abacate, palmito, salsa, goma e caldo de cana. Campos et al. (2017), em estudo realizado em feiras livres em Juiz de Fora,identificaram que os principais produtos comercializados são os alimentos in natura e minimamente processados. Dos feirantes entrevistados na feira de produtos orgânicos em Rio Branco, 39% comercializavam apenas frutas na feira, 28% legumes e verduras, 16% frutas, verduras e legumes; 4% ovos, 1% aves, carnes e peixes e 3% produtos beneficiados, como pães e bolos. As frutas mais vendidas na feira de orgânicos são: abacaxi, banana (prata, maçã e da terra), mamão, pupunha, coco, laranja, cupuaçu, abacate, poncã, limão, acerola, araçá-boi, melancia, jaca, amora. 35 As hortaliças mais comercializadas são: couve, cheiro-verde, batata-doce, alface, rúcula, pimenta-de-cheiro, pepino cubano. Os principais alimentos beneficiados vendidos na feira de orgânicos são: bolo de trigo e cocada. Os produtos beneficiados encontrados foram: polpa de frutas, farinha de mandioca, goma, beijú e doce de banana. Os produtos de origem animal mais vendidos: ovos de galinha, ovos de codorna, leite de vaca e galinha caipira. A grande quantidade de alimentos e demais produtos fornecidos na feira revelam a diversidade de cultivos e de alimentos produzidos pela agricultura familiar, endossando a importância da atividade para a promoção de uma alimentação saudável e diversificada, possibilitando a segurança alimentar e nutricional e respeitando o meio ambiente. 4.2.4 Tempo de atuação na feira de produtos orgânicos Conforme já mencionado, a Feira de Produtos Orgânicos de Rio Branco existe há mais de 21 anos, os resultados encontrados no estudo revelam que mais da metade dos feirantes entrevistados (60%) participam da feirinha desde a sua criação, a maioria deles produz e comercializa produtos orgânicos no local há mais de 15 anos. Há também os feirantes que trabalham no local entre 10 e 15 anos, estes representam 20% do público entrevistado. Têm aqueles que estão na feira entre 1 e 5 anos (5%). Existem ainda os produtores que comercializam sua produção na feira há menos de 1 ano, representando 15% do total pesquisado (FIGURA 18). Figura 18 - Tempo de atuação na feira de produtos orgânicos, Rio Branco, Acre 36 No estudo de Campos et al. (2017), identificou-se que 59% dos feirantes atuam na feira há mais de 10 anos, 24% há menos de 5 anos e 17% entre 5 e 10 anos. Pode-se dizer que a comercialização em feiras livres é uma garantia de renda para as famílias produtoras rurais, tendo em vista que a maioria das famílias tem a feira como a principal fonte de renda, essa atividade é perpetuada pelas famílias de geração em geração, sendo um importante mecanismo de fortalecimento e garantia de renda familiar e de manutenção das famílias no campo. O fato das feiras livres persistirem por tanto tempo, mesmo com o processo de globalização que trouxe mudanças no cenário alimentar e nos hábitos de vida da população e as facilidades que os grandes comércios e supermercados oferecerem ao consumidores (diversidade de ofertas de produtos, locais com estacionamento, infraestrutura adequada contendo ambiente refrigerado, locais fechados, entre outras), pode estar atrelada à confiança que o consumidor tem nos produtos provenientes da produção orgânica, seja por ser mais atrativo visualmente, por ser direto do produtor (conferindo frescor, sabor, aroma e livre de contaminantes) e/ou pelas práticas agrícolas adotadas (respeitando o meio ambiente). Os resultados deste trabalho refletem essa confiança, uma vez que 75% dos consumidores entrevistados afirmaram frequentar a feira de produtos orgânicos entre 5 a 21 anos, demonstrando fidelidade e segurança em adquirir os produtos dos feirantes (FIGURA 19). Figura 19 - Tempo em que o consumidor compra na feira de produtos orgânicos, Rio Branco, Acre 37 Todos os feirantes demonstraram insatisfação com a infraestrutura do local em que é realizada a comercialização dos produtos orgânicos, situado atrás do calçadão do terminal urbano. É visível a presença de uma rede de esgoto próxima ao local, causando mal cheiro e alagamentos, assim como há uma circulação constante de vendedores ambulantes, moradores de rua e dependentes químicos no mesmo espaço, além do acúmulo de lixo e da passagem frequente de transeuntes no local. A preferência do consumidor por feiras-livres se deve principalmente à crença de que os alimentos ali comercializados são sempre frescos e de qualidade superior. Entretanto, vale ressaltar que nas feiras-livres, inclusive nas de produtos orgânicos, os alimentos estão expostos a várias situações que propiciam danos físicos, químicos e nutricionais aos produtos, dos quais podem ser citados: a contaminação por meio do manipulador, quando o mesmo não adota práticas adequadas de manipulação; exposição do alimento para venda, bem como o seu acondicionamento e armazenamento em condições inapropriadas (SILVA et al., 2010). Outra questão, diz respeito às bancas de comercialização, que não passam por manutenção constante e nem troca, a figura 20 demonstra a disposição das bancas na feira. Figura 20 - Local da Feira de Produtos Orgânicos de Rio Branco A falta de organização e de limpeza do espaço de comercialização são outros fatores que contribuem para a não adequação do espaço onde a feira acontece. O 38 local deveria ser livre da circulação de vendedores ambulantes, moradores de rua, dependentes químicos, transeuntes que entram e saem do terminal de ônibus e comerciantes, uma vez a exposição desses alimentos põe em risco a contaminação da produção orgânica. A maioria dos feirantes entrevistados mencionou insatisfação com o transporte, outrora disponibilizado pela Prefeitura/SAFRA, bem como particular dos grupos comunitários, devido às condições de trafegabilidade dos ramais de difícil acesso e a forma como os produtos são dispostos nos caminhões não são adequadas. Por ser uma feira referência na produção e comercialização de produtos orgânicos em Rio Branco e por estar em funcionamento há mais de 20 anos, é preciso mais dedicação e empenho do Poder Público, visibilidade da sociedade civil, da academia e das instituições não governamentais visando apoiar o trabalho desenvolvido por esses feirantes, que dependem economicamente dessa feira, assim como ofertam produtos para a população local, contribuindo para a economia local e na promoção da segurança alimentar rio-branquense. 4.3. PERCEPÇÃO DOS CONSUMIDORES SOBRE OS PRODUTOS ORGÂNICOS Os consumidores entrevistados elencaram os seguintes motivos relacionados à escolha da feira para realizarem suas compras: • Saber que o produto vem direto do produtor, conhecendo assim a procedência; • Por se tratar de produtos orgânicos, livre de defensivos agrícolas; • Por pensar na qualidade de vida e na saúde; • Por serem produtos frescos; • Por possuírem preço comercial baixo Dos consumidores entrevistados, 75% afirmaram comprar as hortaliças somente na feira e não em outros comércios por acharem a qualidade do produto melhor, alimentos mais frescos, livres de defensivos agrícolas e por acharem o preço mais baixo. De acordo com Morais (2012), a principal razão indicada por 94% dos consumidores goianos pela opção em comprar alimentos orgânicos é que eles 39 acreditam que o alimento é mais saudável e livre de defensivos agrícolas, visto que se preocupam muito com a saúde deles e dos familiares. No trabalho de Gonçalves e colaboradores (2019), a principal motivação para o consumo de produtos orgânicos está relacionada à saúde. Outras motivações: livres de defensivos agrícolas, influência de outras pessoas e consciência ecológica. Lima e colaboradores (2015) identificaram que consumidores manauaras compram alimentos orgânicos porque pretendem ter saúde e ingerir alimentos de qualidade e sem defensivos agrícolas. Estes dados corroboram os resultados encontrados neste estudo,revelando a importância da produção e da comercialização de produtos orgânicos, por meio das feiras livres, relacionando-as com a crescente preocupação com a saúde e o bem- estar da população e a necessidade de uma produção sustentável que respeite os hábitos alimentares saudáveis e o meio ambiente e pense nas gerações atuais e futuras. Relacionado à frequência em que vão a feira, 65% dos consumidores vão à feira uma vez na semana, 30% duas vezes na semana e 5% vão esporadicamente (FIGURA 21). Figura 21 - Frequência em que os consumidores vão a feira No estudo desenvolvido por Lima e colaboradores (2015), 84% dos consumidores de produtos orgânicos de Manaus frequentam a feira semanalmente, apenas 4% vai à feira duas vezes por semana. Isso pode estar relacionado ao fato de a feira oferecer produtos perecíveis, fazendo com que o consumidor frequente a feira pelo menos uma vez na semana. 40 Os resultados revelam que os consumidores rio-branquenses gastam, em média, 211 reais mensais na feira de produtos orgânicos. o que compromete 20% do salário-mínimo do consumidor. Salienta-se que 45% dos consumidores entrevistados moram há mais de três quilômetros de distância da feira. Este fato, pode estar relacionado à confiança do consumidor em relação ao produto comercializado e também ao fato de que 60% dos entrevistados afirmaram ter uma relação de amizade com o feirante, gerando assim uma fidelidade comercial e empatia com o mesmo. Conforme já exposto, 75% dos consumidores entrevistados mencionaram adquirir hortaliças somente na feira de produtos orgânicos por confiar na qualidade dos produtos, serem alimentos frescos e livres de defensivos agrícolas e por terem o preço mais baixo que em outros mercados. Estes dados corroboram os resultados encontrados na pesquisa realizada por Sales e colaboradores (2011) que 66,7% dos feirantes acreditam que seus clientes estão totalmente satisfeitos com o serviço prestado, sendo a relação de amizade e confiança apontada como diferenciais competitivos frente aos outros canais de comercialização. 5 CONCLUSÃO Com base na pesquisa realizada na Feira de Produtos Orgânicos situada no calçadão do terminal urbano em Rio Branco – AC, que teve por objetivo caracterizar o perfil dos feirantes e consumidores e aspectos gerais de comercialização da produção, concluiu-se que os feirantes pesquisados tem maior representatividade no gênero feminino, a maioria apresenta idade entre 51 a 60 anos, escolaridade até o ensino superior, as famílias são compostas, em média por três pessoas e grande parte dos feirantes comercializam seus produtos na feira há mais de 15 anos. Em relação aos consumidores, a maioria é representada por mulheres com mais de 60 anos, aposentadas, com escolaridade até a pós-graduação e renda entre um a três salários mínimos. A grande maioria dos feirantes analisados tem como principal fonte de renda a comercialização de frutas e hortaliças na feira de produtos orgânicos, contudo, alguns deles vendem a produção para atravessadores, entregam cestas de produtos por 41 encomenda e/ou realizam a venda direta dos produtos nas casas dos consumidores. A renda média familiar varia de um a três salários mínimos. Todos os feirantes entrevistados participaram de cursos e capacitações voltados à produção e comercialização, uma vez que os produtos orgânicos devem seguir padrões agroecológicos. Padrões estes, que na percepção dos consumidores os levam a adquirir os produtos pelo menos uma vez na semana. A maioria dos consumidores adquire principalmente hortaliças e frutas, considerando o fato do produto ser fresco, saudável e vir direto do produtor, apresentando mais qualidade e preço mais baixo que os alimentos vendidos nos supermercados. Apesar do sentimento de satisfação em relação à comercialização presente nas respostas dos feirantes, os relatos e a observação em campo acerca dos problemas relacionados a infraestrutura do local de funcionamento da feira, assim como a qualidade das barracas em que são dispostos os produtos e a falta de trafegabilidade dos ramais para escoamento da produção revelam a necessidade de melhorias no processo de comercialização. É preciso apoio do Governo, das instituições de pesquisa e da academia, das organizações não-governamentais e da sociedade na valorização e no reconhecimento do trabalho exercido pelos agricultores familiares, principalmente aqueles que produzem orgânicos, pois eles são responsáveis pelos alimentos que chegam até a mesa dos brasileiros, pela alimentação promotora de saúde e pela preservação dos recursos naturais para as presentes e futuras gerações. Também é preciso fortalecer as feiras livres como: espaços de trocas de conhecimentos, locais de estreitamento de laços e amizades entre produtores e consumidores, mecanismos de inclusão social, por meio do fortalecimento e da geração de renda de feirantes e promotor da segurança alimentar de consumidores. 42 REFERÊNCIAS ACRE. Governo do Estado do Acre. Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Acre, Fase II (Escala 1:250.000): Documento Síntese. 2. Ed. Rio Branco: SEMA, 2010. 356 p. ALBUQUERQUE, G. G. de. Perfil dos feirantes e aspectos do processo de comercialização de hortícolas na feira livre de União dos palmares. 2011. 38 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Agronomia) – Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2011. ALVES, M. A. S; BOTELHO, M. I. V. Agroecologia e novos meios de vida para o desenvolvimento rural sustentável. Revista Brasileira de Agroecologia, v. 9, n. 2, p. 114-129, set. 2014. BALSAN, R. Impactos decorrentes da modernização da agricultura brasileira. CAMPO- TERRITÓRIO: Revista de Geografia Agrária, Uberlândia, v. 1, n. 2, p. 123-151, ago. 2006. BRASIL. Regularização da Produção Orgânica. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA. Brasília. 2019a. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/organicos/regularizacao-da- producao. Acesso em: 12 out. 2019. BRASIL. Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA. Brasília. 2019b. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/organicos/cadastro-nacional- produtores-organicos. Acesso em: 12 out. 2019. BRASIL. Decreto nº 6.323, de 27 de dezembro de 2007. Brasília. 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6323.htm. Acesso em: 14 set. 2019. BRASIL. Lei nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003. Brasília. 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.831.htm. Acesso em: 14 set. 2019. BRASIL. Produção Orgânica. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA. Brasília. 2017. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/acesso-a- informacao/acoes-e-programas/cartas-de-servico/desenvolvimento-agropecuario- cooperativismo-e-associativismo-rural/producao-organica. Acesso em: 12 out. 2019. BRITO, F. de J. P. Políticas públicas de apoio ao desenvolvimento da feira livre: o caso da feira livre de Cruz das Almas – Ba. 2017. 61 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Administração) – Faculdade Maria Milza, Governador Mangabeira - BA, 2017. BRITO, E. de J. et al. Sucessão na agricultura familiar: estudo de caso sobre a importância da mulher este processo. In: CONGRESSO LATINO AMERICANO, 6, 2018, Brasília. Anais [...]. Brasília: Seminário do DF e entorno, 2018. p. 1-6. 43 CAMARANO, A. A.; FERNANDES, D. Mudanças nos Arranjos Familiares: 2004 e 2014. In: CALIXTRE, A.; VAZ, F. PNAD 2014 – breves análises. Brasília: IPEA, 2015. (Nota técnica nº 22). CAMARGO FILHO, W. P. de; CAMARGO, F. P. de; CAMARGO, A. M. M. P. de; ALVES, H. S. Algumas considerações sobre a construção da cadeia de produtos orgânicos.Informações Econômicas, São Paulo, v. 39, n. 2, p. 55-94, fev. 2004. CAMPANHOLA, C.; VALARINI, P. J. A agricultura orgânica e seu potencial para o pequeno agricultor. Cadernos de Ciência e Tecnologia, Brasília, v.18, n.3, p.69-101, set./dez. 2001. CAMPOS, I. C. S. et al. Perfil e percepções dos feirantes em relação ao trabalho e segurança alimentar e nutricional nas feiras livres. HU Revista, Juiz de Fora, v. 43, n. 2, p. 247-254, jul./ago. 2017. CASTRO NETO, N.; DENUZI, V. S. S.; RINALDI, R. N.; STADUTO, J. A. R.; Produção orgânica: uma potencialidade estratégica para a agricultura familiar. Revista Percurso, Maringá, v. 2, n. 2, p. 73-95, jul. 2010. CHEN, M. Attitude toward organic foods among Taiwanese as related to health consciousness, environmental attitudes, and the mediating effects of a healthy lifestyle. British Food Journal, v. 111, n. 2, p. 165-178, jun. 2009. DEUS, R. M. de; BAKONYI, S. M. C. O impacto da agricultura sobre o meio ambiente. Rev. Elet. em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, Santa Maria, RS. V. 7, n. 7, p. 1306-1315, mar./ago. 2012. ERAZO, R. L.; PEREIRA, H. S. Perfil dos produtores de uma feira de alimentos orgânicos em Manaus - AM. In: Seminário de Experiências Agroecológicas no contexto Amazônico: Integração de saberes na agricultura familiar, 2., 2015. Anais [...]. Manaus. FRANCISCO, W. de C. Agricultura de Subsistência. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/agricultura-subsistencia.htm. Acesso em: 11 set. 2019. FREITAS, D. V. C. Impactos do Programa de Aquisição De Alimentos na Reserva Extrativista Chico Mendes. Dissertação (Mestrado em Gestão em áreas protegidas na Amazônia) – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, 2017. GASPARI, L. C. de; KHATOUNIAN, C. A. O papel da agricultura entre as famílias pluriativas assentadas em região metropolitana: o caso do assentamento Milton Santos em Americana e Cosmópolis/SP. Rev. NERA, Presidente Prudente. v. 21, n. 41, p.85- 101, jan./abr. 2018. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas S. A., 2008. 248 p. 44 GONÇALVES, K. S.; et al. Percepção de consumidores de feiras orgânicas da cidade de São Paulo, SP. Revista em Agronegócio e Meio Ambiente, Maringá, v. 12, n.3, p. 1081- 1102, jul./set. 2019. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Panorama: População, PIB, território. 2019. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ac/panorama. Acesso em: mar. 2020. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agropecuário 2017. 2017. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/agricultura-e- pecuaria/21814-2017-censo-agropecuario.html?=&t=o-que-e. Acesso em: mar. 2020. KRAUSE, L. M. et al. Um diagnóstico participativo dos feirantes com potencial de transição para a agricultura orgânica na cidade de Cornélio Procópio, Brasil. Revista Espacio, v. 39, n. 7, p. 26, 2018. LIMA, P. de F. da C.; LIMA, A. M. M de; CASTRO, S. M. V. de; GOMES, M. de V. C. N. O consumo de alimentos orgânicos na cidade de Manaus (AM): o comércio de produtos e a sustentabilidade do setor. Revista Verde, Pombal, PB, v. 10, n.1, p. 120-127 jan./mar., 2015. MAIA, A. G.; BUAINAIN, A. M. O novo mapa da população rural brasileira. Confins, n. 25, 2015. MALUF, R. S.; MENEZES, F.; VALENTE, F. L. Contribuição ao Tema da Segurança Alimentar no Brasil. Revista Cadernos de Debate, Campinas, SP. v. 4, n. 2. p. 66-68, 1996. MORAIS, F. F. de. Perfil dos consumidores de produtos orgânicos da feira agroecológica do mercado municipal de Goiânia-GO. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, Mossoró, RN, v. 7, n. 4, p. 64-70, out./dez., 2012. NANDI, R.; BOKELMANN, W.; GOWDRU, N. V.; DIAS, G. Consumer motives and purchase preferences for organic food products: Empirical evidence from a consumer survey in Bangalore, South India. Journal of International Food & Agribusiness Marketing, v. 28, n. 1, p. 74-99, 2016. PENA, R. F. A. Evolução da agricultura e suas técnicas. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/evolucao-agricultura-suas-tecnicas.htm. Acesso em: 11 set. 2019. PEREIRA, V.; BRITO, T.; PEREIRA, S. A feira-livre como importante mercado para a agricultura familiar em Conceição do Mato Dentro (MG). Revista Gestão, Educação e Sustentabilidade, v. 10 n. 2, 2017. RIBEIRO, A. Impactos da produção agrícola. Mundo educação. Disponível em: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/impactos-producao-agricola.htm. Acesso em: out. 2019. RODRIGUES, D. P. Aspectos produtivos, comerciais e de segurança alimentar dos agricultores familiares das feiras livres de Rio Branco, Acre. 2019. 28 f. TCC (Especialização em Agricultura Familiar) - Programa de Pós-Graduação dm Agricultura Familiar. Campus Avançado Baixada do Sol, Instituto Federal de do Acre, Rio Branco, 2019. 45 SALES, A. P.; REZENDE, L. T. SETTE, R. de S. T. Negócio feira livre: um estudo em um município de Minas Gerais. In: Encontro de Gestão de Pessoas e relações de trabalho. 2011. João Pessoas. Resumo [...]. Encontro de Gestão de Pessoas e relações de trabalho.3, 2011. SARMIENTO, Y. et al. As mulheres feirantes de Manaus: uma reflexão sobre o Papel da mulher no mercado de trabalho informal. In: Encontro da Rede Feminista Norte e Nordeste de estudos e Pesquisas sobre Mulher e Relações de Gênero. 20. Manaus, AM. 2018. SEBRAE. Agricultura orgânica: cenário brasileiro, tendências e expectativas. 2019. Disponível em: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/o-que-e-agricultura- organica,69d9438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD. Acesso em: 24 dez. 2019. SILVA, R. A. R. da et al. Sanitização em Feiras Livres, Anais [...] UFPB, 2010. SILVA, J. F. da et al. Perfil socioeconômico dos feirantes da feira livre da quatorze de março, Capanema, Pará, Brasil. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DAS CIÊNCIAS AGRÁRIAS, 2., 2017, Natal, RN. Anais [...]. Natal, RN: congresso internacional das ciências agrárias, 2017. p. 5. SILVA, N. de J. A. da. A produção hortigranjeira no município de Maringá. 2006. 134 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Universidade Estadual de Maringá. Maringá, PR: 2006 SIVIERO, A.; ABREU, L. Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Acre. Rev. Bras. De Agroecologia, Rio de janeiro, v. 4, n. 2, p. 1812-1816, nov. 2009. SIVIERO, A.; ABREU, L. S.; MENDES, R.; GOMES, F. C. R. O consumo de produtos agroecológicos no Acre. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL, 46., 2008, Rio Branco, AC. Pôster [...]. Rio Branco, AC: Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural, 2008. p. 16. SOUSA, E. de et al. Prospecção socioeconômica em feiras livres: o caso do Complexo do Ver-oPeso, Belém, Pará, Brasil. Revista Espacio, v. 38, n. 36, p. 5, mar. 2017. VALENT, J. Z.; TISOTT, S. T.; SCHMIDT, V.; VALENT, V. D. Qualidade de produtos orgânicos: a percepção dos produtores de hortaliças de uma feira ecológica em Porto Alegre – RS. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental – REGET, Santa Maria, RS. v. 18, n. 3, p.1072-1082, set./dez. 2014. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. 205 p. 46 APÊNDICES 47 Apêndice A - Questionário de entrevista dos produtores Dados do entrevistado Agricultor (a): Data entrevista: Associação/Cooperativa/Grupo vinculado: 1. Em que faixa etária o Sr (a) se encaixa? ( ) até 20 anos ( ) 21 a 30 anos ( ) 31 a 40 anos () 41 a 50 anos ( ) 51 a 60 anos ( ) 61 a 70 anos ( ) mais de 70 anos 2. Sexo ( ) masculino ( ) feminino 3. Situação ocupacional ( ) profissional liberal ( ) comércio/indústria ( ) profissional autônomo
Compartilhar