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Ciência dos Materiais –Aula 4 Professor: M.Sc. Eng. Vitor P. Pinheiro Nível: Bacharelado em Engenharia Elétrica e Técnico em Mecânica Turma: ENEL3D/MECIG2V Apresentação do Professor • Vitor Pancieri Pinheiro - Engenheiro de Petróleo e Gás – Universidade Vila Velha - 2010 - Especialista em Didática do Ensino Superior -2015 - Mestre em Engenharia Mecânica –Programa de Pós Graduação em Engenharia Mecânica-UFES - 2018 - Doutorando em Engenharia Mecânica Programa de Pós Graduação em Engenharia Mecânica-UFES - 2019 - Graduação em andamento em Engenharia Mecânica – Universidade Vila Velha – 2018-2021 - 6 anos de experiência como Professor Universitário em Cursos Superiores de Engenharia - Coordenador do Grupo de Estudos em Métodos Numéricos Computacionais (GEMNC) – 2014-2020 - Membro do Grupo de Pesquisa em Mecânica da Fratura e Fadiga Aplicada (GPMFFA) - 2020 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 2 Currículo do Docente Ementa da Disciplina ❖ Classificação dos materiais utilizados na engenharia ❖ Estrutura atômica e ligações interatômicas ❖ Estruturas cristalinas ❖ Imperfeições em sólidos ❖ Difusão (Pós-Graduação – Não será abordado) ❖ Propriedades mecânicas dos materiais ❖ Discordância e Mecanismos de Aumento de Resistência ❖ Falha (Pós-Graduação) ❖ Diagramas de fases ❖ Transformações de Fases : Microestrutura e Propriedades Mecânicas ❖ Corrosão e degradação dos materiais 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 3 Conteúdo Programático Bibliografia Bibliografia Básica: [1] CALLISTER Jr., Willian D. Ciência de engenharia de materiais: Uma introdução. 5ª Ed. Rio de janeiro: Livros Técnicos Científicos Ltda, 2002 [2] VAN VLACK, L. H. Princípio de ciências e tecnologia dos materiais. Rio de Janeiro:Campus,1984. [3] SHACKELFORD, JAMES F., CIÊNCIA DOS MATERIAIS, 6ª Edição, PRENTICE-HALL, 2008. [4] SMITH, Willian F. Princípios de ciências e engenharia dos materiais. Rio de Janeiro: Mcgraw Hill, 1996. Bibliografia Complementar: [1] GARCIA, A.; SPIM, J. A.; SANTOS, C. A. ENSAIOS DOS MATERIAIS, LTC, 1ª Edição, RIO DE JANEIRO 2000. [2] S. V. CANEVAROLO. CIÊNCIA DOS POLÍMEROS, ARTLIBER, SÃO PAULO, 2002. [3] J. W. SWART. MATERIAIS ELÉTRICOS – FUNDAMENTOS E SEMICONDUTORES. SÃO PAULO, 1ª Edição, UNICAMP, 2004. [4] CHIAVERINI, V. Aços e ferros fundidos. São Paulo: ABM – Associação Brasileira de Metais, 1996. [5] COLPAERT, H. Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns. São Paulo: Edgar Blucher, 1974. 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 4 Como estudar? > Imperfeições nos Sólidos Objetivo O objetivo principal deste capítulo é entender os principais tipos de imperfeições em sólidos e seus impactos nas propriedades dos materiais. Metodologia/Sequência de Passos: ❑ Conceito de Defeito ❑ Defeitos Pontuais - Lacunas - Defeitos Intersticiais ❑ Defeitos Lineares - Discordâncias ❑ Defeitos Interfaciais - Superfícies Externas - Contorno de Grão - Contorno de Fases - Maclas ❑ Determinação de Tamanho de Grão 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 6 Imperfeições nos Sólidos Conceito de Defeito Até o momento vem-se considerando que a ordenação atômica se reproduz de forma perfeita por todo o material cristalino. Entretanto esse tipo de sólido ideal não existe, e todo os materiais tem um grande número e variedade de defeitos ou imperfeições. 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 7 Imperfeições nos Sólidos Defeitos Pontuais - Lacunas O defeito pontual mais simples é a lacuna, que é caracterizado por um sítio vago na rede cristalina, que deveria estar ocupado e no qual falta um átomo. Todos os materiais reais apresentam uma quantidade razoável de lacunas. Origem -> Leis da Termodinâmica (↑Vacância -> ↑Entropia). 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 8 Imperfeições nos Sólidos Defeitos Pontuais – Número de Lacunas 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 9 Imperfeições nos Sólidos O número de lacunas em equilíbrio 𝑁𝑙 por metro cúbico, é função da temperatura e aumenta em função deste parâmetro. Onde: 𝑁𝑙- Número de lacunas em equilíbrio (qtd/m³) 𝑁- Número total se sítios atômicos (qtd/m³) 𝑄𝑙- Energia necessária para formação de uma lacuna (J/mol ou eV/átomo) 𝑘- Constante de Boltzmann – 1,38 𝑥10−23 J/(átomo.K) ou 8,62𝑥 10−5 eV/(átomo.k) 𝑁𝑙/𝑁 - Fração de Lacunas Exemplo 1 –Cálculo do Número de Lacunas 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 10 Imperfeições nos Sólidos Calcule o número de lacunas em equilíbrio, por metro cúbico de Cobre a 1000 ºC. A energia para a formação de uma lacuna é de 0,9 eV/átomo; o peso atômico de a massa específica ( a 1000 ºC) para o Cobre são respectivamente de 63,5 g/mol e 8,4 g/cm³. Defeitos Pontuais – Impurezas nos Sólidos Conceitos Importantes Metal Puro – formado por um tipo de átomo (idealização) Liga – São metais com impurezas intencionalmente colocadas para conferir características específicas ao material. Ex: Liga de Prata de Lei – 92,5% Prata (Ag) e 7,5% Cobre (Cu) Prata- Resistência a Corrosão (Macia) Cobre – Resistência Mecânica Solvente – átomos presentes em maior quantidade (hospedeiros) Soluto – presentes em menor quantidade (impurezas) Solução Sólida – Ocorre quando átomos do soluto são adicionados ao material hospedeiro, a estrutura cristalina é mantida e nenhuma fase/estrutura nova é formada. É homogênea em termo de composição. Dois tipos de defeitos podem ser encontrados em soluções sólidas: intersticiais e/ou substitucionais. 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 11 Imperfeições nos Sólidos Defeitos Pontuais – Substitucionais Ocorre quando os átomos do soluto/átomos de impureza repõe ou substituem os átomos hospedeiros. Regras de Hume-Rothery ❑ Fator do Tamanho Atômico (até 15%) - Soluto distorce a rede -> Nova fase ❑ Estrutura Cristalina – Deve ser a mesma ❑ Fator de Eletronegatividade – Próximas ❑ Valências - Soluto (↓ Valência) - Solvente (↑ Valência) 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 12 Imperfeições nos Sólidos Liga de Cu-Ni ❑ 𝑅𝐶𝑢=0,128nm e 𝑅𝑁𝑖=0,125nm ❑ Estrutura Cristalina – CFC ❑ 𝜀𝐶𝑢=1,9 e 𝜀𝑁𝑖=1,8 ❑ 𝑉𝐶𝑢=+1 e 𝑉𝑁𝑖=+2 Defeitos Pontuais – Intersticiais Ocorre quando os átomos de impureza preenchem espaços vazios ou interstícios entre os átomos dos hospedeiros. ❑ CCC e CFC – Há dois tipos de sítios intersticiais: - Tetraédricos (NC=4) - Octaédricos (NC=6) 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 13 Imperfeições nos Sólidos Defeitos Pontuais – Intersticiais Informações Importantes: ❑ Materiais Metálicos tem fator de empacotamento alto -> pequenos sítios. ❑ 𝐷𝑖𝑚𝑝.𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟 ≪ 𝐷ℎ𝑜𝑠𝑝𝑒𝑑𝑒𝑖𝑟𝑜 ❑ Concentração Máxima baixa (< 10%) ❑ Mesmo os menores átomos de impurezas são, normalmente, maiores que os sítios intersticiais, introduzindo deformação na rede. ❑ Caso Importante em Engenharia: - Carbono (C) forma uma solução sólida intersticial quando adicionado ao hospedeiro ferro (Fe) -> Ligas de Aço (Steel Alloy) - %Máx C ≈ 2% - 𝑅𝐶=0,071 nm e 𝑅𝐹𝑒=0,124nm 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 14 Imperfeições nos Sólidos Exemplo – Defeitos Pontuais Intersticiais Calcule o raio r de um átomo de impureza que se ajusta no interior de um sítio octaédrico CCC em termos do raio atômico R do átomo hospedeiro (sem introduzir deformações na rede cristalina) 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 15 Imperfeições nos Sólidos Defeitos Lineares - Discordâncias Uma discordância é um defeito linear ou unidimensional em do qual alguns átomos estão desalinhados. Estes defeitos normalmente são introduzidos durante o processo de solidificação ou deformação plástica. De acordo com a causa da distorção gerada no cristal há três tiposprincipais de discordâncias: Em Cunha, Helicoidal e Mista. 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 16 Imperfeições nos Sólidos Discordâncias em Cunha Uma discordância em cunha é caracterizada pela presença de uma porção extra de um plano de átomos, ou semiplano, cuja aresta termina no interior do cristal. Na região em torno da linha de discordância existe alguma distorção localizada na rede cristalina, gerando tensões normais. 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 17 Imperfeições nos Sólidos Movimento de Discordâncias Uma discordância em cunha se move quando tensões de cisalhamento suficientes são aplicadas em uma direção perpendicular a linha de discordância ou paralela ao Vetor de Burgers. Este movimento de um grande número de discordância corresponde a uma deformação plástica a ser visto a frente. 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 18 Imperfeições nos Sólidos Discordâncias Helicoidais Uma discordância em helicoidal é causada como consequência de uma tensão de cisalhamento. A distorção atômica associada a este tipo de discordância também é linear. 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 19 Imperfeições nos Sólidos Discordâncias Helicoidais –Tensões de Cisalhamento As tensões de cisalhamento que aparecem como causas das discordâncias helicoidais tem sua modelagem matemática mais detalhada na disciplina de Mecânica dos Sólidos. 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 20 Imperfeições nos Sólidos Discordâncias Mistas Uma discordância em mista é ação combinada (tensões combinadas) de discordâncias em cunha com helicoidais, e são provavelmente a maioria das encontradas nos materiais cristalinos no dia a dia. 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 21 Imperfeições nos Sólidos Defeitos Interfaciais Por definição são defeitos interfaciais são contornos que possuem duas dimensões e que normalmente separa regiões dos materiais que possuem estruturas cristalinas e/ou orientações cristalográficas diferentes. Os principais tipos são: ❑ Superfícies Externas ❑ Contornos de Grão ❑ Contornos de Fases ❑ Contornos de Macla 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 22 Imperfeições nos Sólidos Defeitos Interfaciais – Superfícies Externas Por definição uma superfície externa é região ao longo da qual termina o cristal. Estes átomos de superfície não estão ligados ao número máximo de vizinho mais próximos ( ↓ Coordenação) e portanto tem um maior estado de energia que os átomos interiores do cristal. A energia de superfície (J/m²), tende a ser minimizada pelos materiais, minimizando a área de superfície. 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 23 Imperfeições nos Sólidos Formato de Gotícula Processo de Solidificação de Metais Defeitos Interfaciais –Contornos de Grão É a área superficial que separa dois pequenos grãos ou cristais do material com diferentes orientações cristalográficas em um material policristalino. O contorno de grão possui a largura de apenas alguns átomos e possui um desajuste atômico na transição de orientação entre um grão e outro. 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 24 Imperfeições nos Sólidos Características: 1. Há uma energia interfacial, tal como nos defeitos de superfície externa, pois no contorno de grão os átomos estão ligados de menos maneira regular. 2. Podem ser de baixo ou alto ângulo. Energia =𝐟(𝛉) 3. O contorno de grão de baixo ângulo pode ser representado por discordâncias alinhada em série. 4. São quimicamente mais reativos que o grãos em si devido a energia de contorno Defeitos Interfaciais –Contornos de Grão É a área superficial que separa dois pequenos grãos ou cristais do material com diferentes orientações cristalográficas em um material policristalino. O contorno de grão possui a largura de apenas alguns átomos e possui um desajuste atômico na transição de orientação entre um grão e outro. 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 25 Imperfeições nos Sólidos Características: 1. Átomos de impurezas tem preferência por segregarem ao longo dos contornos de grão, por conta do maior nível de energia. 2. A energia interfacial é menos nos materiais de grãos maiores, ou mais grosseiros, que nos materiais de grãos menos ou mais finos. 𝐴𝑇𝐶 3. ↑ 𝑇 ↑Crescimento de Grão -> Para reduzir a energia total dos contornos. 4. Energia Interfacial = Energia de Contorno Defeitos Interfaciais – Propriedade Mecânica x Tamanho de Grão Uma das formas mais efetivas de controlar as propriedades de um material é controlar o tamanho dos grãos, e por consequência a quantidade de contorno de grão. ↓ Tamanho de Grão -> ↑ Quantidade de Grãos -> ↑ Quantidade de Contorno de Grãos -> Tensão e Ductilidade 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 26 Imperfeições nos Sólidos Equação de Hall-Petch ❑ 𝜎𝑦 = 𝜎0 + 𝐾𝑑 −1/2 Esta equação correlaciona a tensão de escoamento (propriedade mecânica), que indica o começo da plastificação, ou fim do regime elástico com o tamanho do grão. Onde: 𝜎𝑦 - Tensão de Escoamento 𝜎0 e K –Constante do Material d –Tamanho do Grão Defeitos Interfaciais –Contornos de Fase Os contorno de fase existem nos materiais multifásicos (Cap.9) nos quais há uma fase diferente em cada lado do contorno. Além disso cada fase constituinte possui suas próprias características físicas e/ou químicas. Importância prática: Definição de características mecânicas em ligas metálicas. 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 27 Imperfeições nos Sólidos Defeitos Interfaciais –Contornos de Macla É um tipo especial de contorno de grão, por meio do qual existe uma específica simetria em espelho da rede cristalina, isto é, os átomos em um dos lados do contorno estão em posições de imagem em espelho em relação aos átomos no outro lado. 17/05/2020M.Sc Vitor Pancieri Pinheiro – Professor Substituto| IFES 28 Imperfeições nos Sólidos
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