Buscar

SÍNDROME DE BURNOUT: MAIS UM INIMIGO DA EDUCAÇÃO?

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 52 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 52 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 52 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Síndrome de Burnout: Mais um inimigo da Educação?
FLAVIA DE AGUIAR CRUZ GARCIA
RIO DE JANEIRO
OUTUBRO - 2015
Síndrome de Burnout: Mais um inimigo da Educação?
Por:
FLAVIA DE AGUIAR CRUZ GARCIA
Matrícula: 
10112080321
Monografia apresentada à FACULDADE DE EDUCAÇÃO da UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO como requisito parcial à obtenção do GRAU DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA.
RIO DE JANEIRO
OUTUBRO – 2015
Síndrome de Burnout: Mais um inimigo da Educação?
Por:
FLAVIA DE AGUIAR CRUZ GARCIA
Monografia apresentada aos professores ............................................e
.................................................................. 
_________________________________
Professor
Cristina Angélica Mascaro
________________________________
Professor 
Examinador
RIO DE JANEIRO
OUTUBRO - 2015
Dedico este trabalho aos meus pais que nunca me deixaram desistir. Aos meus filhos que são meus amores e ao meu marido que é o homem que escolhi para ter ao meu lado ao longo da vida. 
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus que me fortalece todos os dias, à minha mãe que sempre cuidou dos meus filhos para que eu estudasse, aos meus filhos pois é também por eles que estudo. 
Ao meu marido, Marcio Garcia, agradeço por ter me inscrito no curso, me dá um suporte emocional transmitindo tranquilidade nos momentos difíceis que passamos nos períodos de avaliações, principalmente.
RESUMO
GARCIA, Flavia de Aguiar Cruz. Síndrome de Burnout: Mais um inimigo da Educação?. Brasil, ano, nº 52. Monografia (Graduação em Pedagogia) – Faculdade de Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.
Esta pesquisa trata de uma investigação sobre questões enfrentadas por profissionais que diante da organização de sua rotina diária, incluindo o trabalho e suas exigências, relações estabelecidas, contexto institucional e pressão emocional, podem influenciar o surgimento e agravamento da Síndrome de Burnout em vários setores trabalhistas, principalmente os que tratam outros seres humanos que, de uma maneira ou outra, dependem de certa forma do desempenho desse profissional. Segundo Carlotto (2002), os profissionais mais atingidos pela Síndrome de Burnout são os da saúde e educação. A pesquisa terá uma breve reflexão sobre o surgimento do termo e da doença BURNOUT, especificidades de profissionais incluindo os da educação com características em comum que possuem mais probabilidade de desenvolvimento da doença, e como as características da mesma podem ser confundidas com outras doenças psíquicas. O presente trabalho discute ainda as concepções de educação ao longo do tempo, as transformações no mundo do trabalho e o papel que o professor está assumindo hoje na educação das crianças e adolescentes, que o obriga a manter-se atualizado e disposto à atender as novas exigências. Além da soma de fatores que consome este profissional, ainda há cobranças da sociedade pelos seus deveres e atribuições, vivendo em uma verdadeira pressão profissional e social. Ainda como ponto de reflexão e discussão, abordará os diagnósticos para a Síndrome de Burnout, suas causas e consequências para comunidade escolar e a sociedade. A metodologia utilizada será pesquisa bibliográfica relacionada ao tema, proporcionando reflexão sobre os conceitos. Também será utilizada uma pesquisa qualitativa através de entrevistas aos profissionais da educação. Para o aprofundamento teórico da pesquisa serão utilizados autores como: Carlotto (2002), Codo (1988), Pereira (2002), Codo & Vasques-Menezes (1999) Ferenhof, I. A., & Ferenhof, E. A. (2002): outros poderão ser acrescentados durante as pesquisas.
Palavras-chave: Síndrome de Burnout; educação; profissionais da educação.
	SUMÁRIO
	
	Introdução
	p. 10
	
	
	Capítulo I: A Educação
	p. 15
	
	
	Capítulo II: A Síndrome de Burnout
	p. 27
	
	
	Capítulo III: A Síndrome de Burnout e os docentes: uma investigação
	p. 36
	
	
	4 - Considerações finais
	p. 46
	
	
	5 - Referências Bibliográfica.
	p. 48
	
	
	6 – Anexo 1
	p. 50
	
	
	
	
INTRODUÇÃO
O Professor, Pedagogo e outros funcionários relacionados à escola, precisam compreender o motivo pelo qual os alunos do primeiro segmento do Ensino Fundamental que de certa forma, são mais dependentes dos profissionais da instituição escolar, estão apresentando dificuldades comportamentais, de aprendizado e consequentemente, baixo rendimento escolar. São diversos fatores que colaboram para o fracasso educacional. Entre tantos é preciso compreender um assunto que pode influenciar o aprendizado do aluno como também a saúde do professor, funcionamento da instituição e nos resultados da educação como um todo.
Apesar do assunto ser considerado relativamente novo, Burnout foi citada, segundo Codo (1988), em obras de Freud desde 1917, e ainda antes é citada por Shakespeare como afirma Pereira (2002, p.21-22 apud SCHAUFELI & EZMANN, 1998): 'relembram que Shakespeare, em 1599, na obra The passionate Pilgrim, escreveu “She burnt out love, as soon as straw out buneth” (p.2)'(grifo do autor). Sempre reconhecido como um estado de esgotamento que deixa impossível a continuidade do trabalho que se realiza, o assunto é tratado nas áreas da Psicologia, Psiquiatria e Educação e está atrelada ao grupo de trabalhadores que lida com outros seres humanos e que de certa forma estes dependem desse profissional.
Muitas vezes as doenças psíquicas podem se confundir devido aos sintomas, estresse, depressão, e outras síndromes que estão presentes no cotidiano de muitos profissionais. Os motivos também podem variar: as relações profissionais e a dinâmica do trabalho que sofrem mudanças em curto espaço de tempo, relações econômicas e sociais. Influências que desencadeiam o surgimento e agravamento da específica doença.
Como já dito antes, os motivos podem variar, mas quando esta doença está relacionada ao objeto direto de trabalho, torna-se para este quase que impossível lidar com a situação. Seu rendimento vai cair. Junto, sua criatividade vai ficando de certa forma comprometida, não há mais vontade de trabalhar. O corpo sente. E este profissional sendo um professor e o objeto de trabalho o aluno, este também sentirá o reflexo da angústia, estresse, apatia.
Durante muito tempo o professor desempenhou um papel importantíssimo e específico na sociedade, transmitindo ao aluno conhecimentos acumulados durante séculos da existência humana. Sabemos que hoje, a função do professor não se resume em transmitir informações acumuladas, é preciso formar um cidadão consciente de si e do mundo, capaz de acompanhar, com sabedoria a velocidade dos acontecimentos, e ser compreensivo quanto à complexidade dos seres humanos sendo capaz de se solidarizar em busca de um mundo melhor. É uma tarefa difícil e complexa, segundo Codo e Vasques – Menezes (1999, p. 2 e 3),
A síndrome Burnout é definida por Maslach e Jackson (1981) como uma reação à tensão emocional crônica gerada a partir do contato direto e excessivo com outros seres humanos, particularmente quando estes estão preocupados ou com problemas. Cuidar exige tensão emocional constante, atenção perene; grandes responsabilidades espreitam o profissional a cada gesto no trabalho. O trabalhador se envolve afetivamente com os seus clientes, se desgasta e, num extremo, desiste, não aguenta mais, entra em Burnout.
Quando o professor esbarra em situações adversas, que não dependem diretamente dele, e se sente incapaz, passa a se sentir desestimulado e podendo entrar em processo de Burnout. Burnout, segundo Carlotto (2002, p.23), “é uma doença que pode levar anos para se desenvolver e de maneira lenta e sempre cumulativa”. 
O reconhecimento e aceitação da doença pela Psicologia relacionando-a com o trabalho do professor, trará ao magistério um novo olhar desde a formação profissional até a rotina desse professor em sala que, como formador, educador, acredita-se: precisa estar são.
Os alunos que se deparam com um professorque chega para aula sem motivação, pensando em ir embora, acabam percebendo e se desestimulam com a escola. Existe também professores que se ausentam com frequência, utilizando-se de estratégias como atestados médicos, o que causa nos alunos falta de incentivo e de confiança, tanto por parte deles como dos pais. Como garantir uma educação pública de qualidade numa realidade desta natureza?
O distanciamento do professor em relação aos alunos, provocado pela Síndrome de Burnout, cria uma barreira intransponível entre eles e que pode acarretar problemas comportamentais nos alunos.
Como diz Carlotto (2002, p. 27 apud RUDOW, 1999):
O professor acometido pela síndrome tem dificuldade de envolver-se, falta-lhe carisma e emoção quando se relaciona com estudantes, o que afeta não só a aprendizagem e a motivação dos alunos, mas também o comportamento destes.
Os alunos passam a ficar arredios com o professor, que já não se importa, e a relação de humanização necessária para construir conhecimento e prazer em estar em um ambiente de aprendizagem não acontece mais. O professor, diante de tanto stress, não consegue mais vê-lo como aluno causando uma despersonalização. As expectativas sobre aprendizagem e desenvolvimento que pais e alunos depositam no professor, quando não são atingidas, acontece a frustração causando outros transtornos para os envolvidos.
A escola, muitas vezes, não percebe o início da doença que, se fosse diagnosticada no início, teria consequências menos devastadoras. Em alguns casos extremos, o professor pede demissão por não suportar mais a rotina de trabalho, causando assim um problema para instituição.
Sabemos que a escola já enfrenta problemas gravíssimos como o descaso, falta de investimentos que correspondam suas reais necessidades, uma política pública séria, entre outros. E o profissional da educação não é valorizado mesmo enfrentando esses problemas diariamente. Falta investimento em formação continuada, falta de tempo de planejar e avaliar o trabalho que vem sendo feito, e o desgaste que os profissionais sofrem naturalmente com a tarefa de educar que exige muita atenção, dedicação e cuidados é muito grande.
Sabendo das questões tratadas a cima, o tema escolhido para essa monografia é: A Síndrome de Burnout: Mais um inimigo da Educação?. O texto tratará de um estudo sobre a Síndrome de Burnout, sua origem, como e porque vem sucumbindo os professores e as influências nos resultados da educação.
O presente trabalho tem como objetivo identificar e analisar a influência da Síndrome de Burnout no contexto escolar, identificando questões relacionadas ao processo de ensino e aprendizagem neste contexto. E, apresenta como objetivos mais específicos:
a) Investigar o surgimento da doença, diferenciando-a de algumas outras doenças psíquicas;
b) Identificar como os profissionais da educação podem ser afetados pela Síndrome e suas relações com o mundo do trabalho, sociedade e economia;
c) Entrevistar profissionais da na área da educação e analisar as possíveis consequências para os alunos.
Assim, ao longo desse trabalho de pesquisa, o foco da investigação estará diretamente ligado ao seguinte problema: de quais formas a Síndrome de Burnout afeta os resultados da educação e a sociedade consequentemente?
Dessa maneira ao longo do trabalho a pesquisa investigou as seguintes hipóteses:
i) a rotina, as atribuições do trabalho docente, os sistemas de ensino , afetam os profissionais da educação; ii) existe algum parâmetro específico para determinar um grupo com mais risco e circunstâncias que podem provocar a síndrome; iii) as consequências trazidas interferem diretamente na vida profissional e principalmente nos resultados da educação; iiii) existe prevenção ou algum tipo de tratamento; iiiii) Os professores estão incluídos nas políticas públicas e investimentos para educação, visando melhorias.
Para tanto, apresenta-se no primeiro capítulo uma fala sobre a Educação ao longo dos tempos, nas diferentes épocas e sociedades, sua função social, política e até mesmo econômica já que há uma relação de ascensão social quando se trata do acesso a ela.
Ainda neste primeiro capítulo, têm-se uma reflexão sobre o professor e seu trabalho como educador ao longo da História e as mudanças ocorridas na perspectiva do trabalho docente. As dificuldades, incertezas e preocupações, como a falta de formação adequada para real função exercida, o mercado de trabalho para os profissionais da educação assim como, as crises e necessidade de autoafirmação nesse trabalho, diante do não reconhecimento da importância social dele. Há uma análise dos sistemas que envolvem o ensino em suas estruturas macro (estruturas governamentais) e micro (escolas e direção), que interferem no trabalho docente diretamente. 
O segundo capítulo traz um histórico sobre o reconhecimento/surgimento da Síndrome de Burnout no campo histórico, causas possíveis consequências no mundo do trabalho e seus devidos suportes.
Tratando-se do âmbito escolar, este capítulo procura diferenciar algumas doenças psíquicas que geralmente são confundidas com Síndrome de Burnout e fala das consequências da Síndrome para o profissional e para a Educação. Há uma análise mais especifica das necessidades dos alunos em relacionar-se bem com os professores para que ocorra uma aprendizagem significativa e a possibilidade de que isso não ocorra diante de uma doença vivida pelo professor. 
No terceiro e último capítulo, apresenta-se uma reflexão sobre a Educação Básica e a necessidade de humanizar como mais uma atribuição do professor que, deve estar mentalmente são para exercer. Este capítulo traz uma análise mais específica de Burnout apresentando a escala de Maslach que foi criada em 1986 e é internacionalmente utilizada para investigação de Burnout. Além disso, há quadros explicativos, quadros sintomáticos que caracterizam a doença. 
Tem-se uma coleta de dados realizada através do questionário MBI - Maslach Burnout Inventory onde é possível ter uma avaliação sobre os três principais sintomas de Burnout, uma análise de resultados e possibilidade de confirmação das questões propostas. 
1. A EDUCAÇÃO
Desde a Antiguidade e ao longo dos tempos, a educação sempre teve um papel fundamental dentro das sociedades. A princípio, a função era tornar o cidadão apto para exercer sua função política e tornar o homem um ser mais perfeito possível, o que estava reservado a um pequeno grupo privilegiado dentro dessas sociedades.
As sociedades que fizeram parte da Antiguidade Oriental, em sua maioria, relacionava a educação à religião. Segundo Aranha (1996, p.27), “regras e ideais de conduta e orientação para o adequado enquadramento das pessoas nos rígidos sistemas religiosos e morais que obedecem também às também rígidas divisões sociais”. Algumas sociedades ainda levavam este grupo dominante à educação superior. O professor era considerado sábio, principalmente na sociedade chinesa.
Já nas sociedades da Antiguidade grega, a intenção era que a educação desenvolvesse o homem de maneira mais completa, mais próxima dos que eles entendiam e aceitavam como perfeição, nos mais variados aspectos (físicos, psíquicos, morais, éticos etc.).
Mas, do século XII ao VIII A.C., período que como cita Aranha (1996, p.33) “(…) trata-se de um período de transição em um mundo ainda essencialmente rural. Mas, com o enriquecimento surge a aristocracia, proprietária de terras, e desenvolve-se o sistema escravista”, e assim como nas sociedades orientais, o acesso à educação era reservado apenas aos mais ricos, escravos não tinham acesso aos estudos e, quanto aos mais pobres que completavam a educação mais elementar, já eram direcionadas ao exercício de um ofício. A formação era ministrada pelos mestres, filósofos e também havia o instrutor físico.
As classes dominantes sempre procuraram manter as divisões sociais através da educação. O acesso e permanência tem um importante papel político-social-econômico dentro das sociedades. Percebe-se que a relação do acesso à educação e permanêncianas atividades acadêmicas, nunca atenderam de forma democrática a toda população, mesmo em sociedades que se consideravam democráticas. Essa observação ajuda a compreender a história da relação educação-qualidade-equidade.
1.1 O mercado de trabalho e o professor como profissional da educação
Ao longo da História da Educação, o professor tinha a missão de levar ao aluno o conhecimento acumulado pela Humanidade e estimular o gosto pela arte e cultura da sociedade. Baseada na Idade Média, principalmente na História Europeia, a educação passou ao poder religioso, com a Igreja possuindo o domínio e tornando hierárquica a relação da sociedade com o conhecimento.
Surge uma questão que influenciará, até hoje, a formação e profissionalização do professor, a visão deste profissional como sendo vocação. É uma visão romântica e religiosa embutida na sociedade e que afeta o professor e sua posição profissional diante da sociedade.
O advento da Idade Moderna, principalmente, com a Revolução Industrial, e as Grandes Guerras, trouxe significativas mudanças nas relações sociais, políticas, econômicas e, consequentemente educacionais.
O fator da inserção da mulher no mercado de trabalho, incluindo a área educacional, influenciou na ressignificação do papel do professor, principalmente nas séries iniciais. Surgem mudanças, até mesmo, com a relação ao conceito de Infância, como diz Ghiraldelli (2007, p.16), 
Com a revolução industrial e os desdobramentos do capitalismo oitocentista, as crianças, que com o surgimento e consolidação da noção de infância começam a ser vistas como seres destinados à escola, são colocadas (ou recolocadas) crescentemente no mundo do trabalho.
O estreitamento da relação escola/trabalho redefiniu o papel do professor no mercado de trabalho, exigindo do professor uma nova postura, uma formação mais direcionada à sua função social que também era de agente político, ao mesmo tempo a escola ainda carrega a função de conservar a harmonia da vida social diante de tantas divisões encontradas na sociedade, segundo Ghiraldelli (2007, p.17), 
A pedagogia, que até então, mesmo com alguma hesitação, dava indicações de querer se manter na determinação original de levar a criança ao mundo do deleite com os bens culturais, entendido como mundo fora do trabalho (o que lembrava sua função originária na Grécia antiga), é convocada a harmonizar esses dois mundos, até então vistos como inconciliáveis. Para tal, a pedagogia se redefine.
A formação dos sujeitos com consciência de si junto à consciência moral e como sujeito do conhecimento, capaz de analisar, conceituar e atribuir juízos, ideias e teorias, são a base da noção de educação e de subjetividade do pensamento moderno.
Segundo Ghiraldelli (2007, p.33 e 34), o conceito de subjetividade e consciência entendida na modernidade, passa a ser discutida no séc. XIX, por Marx (1818-1883) e Nietzsche (1844-1900), e como consequência das discussões, que questionam esta subjetividade, Adorno (1903-1969), reflete que pelo fato da própria sociedade ser “administrada”, através de macroestruturas, o sujeito como autônomo, núcleo da subjetividade e, portanto, inserido numa sociedade liberal, nunca existiu. Seguindo a mesma corrente, Foucault (1926-1984) tem o sujeito com consciência e subjetividade, ainda de acordo com Ghiraldelli (2007, p.35) “como exigência do discurso, peça momentânea surgida no conjunto de dispositivos disciplinares e, ainda, como produto de práticas de controle”.
Diante das questões, inicia-se um processo contemporâneo de “crise da educação”, de um lado discute-se a “falsa ideia” de subjetividade e o sujeito autônomo, do outro um sujeito consciente e com suas subjetividades, porém produto de práticas de controle.
O professor, obviamente inserido nesta crise, busca construir-se como profissional, discutindo práticas, projetos, a formação dos educandos e também, condições de trabalho, salário, carreira, estabilidade e qualificação, como comenta Arroyo (2007, p.23),
Percebe que afirmar a especificidade da educação e dos saberes profissionais que pode significar a defesa da superioridade qualitativa do saber específico aprendido nos cursos de formação e, sobretudo, na prática educativa, por aí a categoria encontra mais uma estratégia de defesa de si mesma, suas condições de trabalho, de sua carreira e seus salários, de seus tempos de estudo, pesquisa e coordenação. De sua condição de profissionais.
O professor procura manter e conservar uma ação educativa que resiste e perdura através do convívio humano que acontece dentro da escola. Mas a sociedade ainda atribui à escola mais que isso, o papel de salvadora da humanidade e ao professor atribui-se uma ideia de vocação, mesmo com as mudanças políticas, do mundo do trabalho, a incorporação de especialistas na área educacional e a educação com uma nova divisão gradeada e disciplinar do currículo, tenta-se defender o intervir da escola e a ação educativa do professor na formação integral do indivíduo, como afirma Arroyo (2007, p.80),
Chegamos a um ponto central. Em realidade nossa docência e autoimagem não se definem apenas nem basicamente em função dos conteúdos se fechados ou abertos. Definimo-nos em função do protótipo de ser humano que pretendemos formar. Entretanto, esse protótipo de ser humano não é um construto abstrato, mas de carne e osso, concreto, histórico.
Um novo processo escolar inicia-se para atender a escola democrática, que passa a inserir a comunidade e a família para maior garantia dos direitos dos educandos, como diz a LDB (BRASIL, 1996) em seu Artigo 1º,
A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
Hoje, a escola se configura como um campo social de responsabilidades diversas, devido à estrutura social que se vê, onde os familiares estão a maior parte do tempo ausentes da vida da criança por motivos variados, e o espaço social mais efetivo na vida da criança é a escola, que proporciona convívios e trocas, como fala Arroyo (2007, p.12),
Na escola convivem sujeitos totais e não apenas mentes sem história, sem corpo, sem identidades, também são equacionados como conteúdos da docência formar a curiosidade, a paixão de aprender, a emoção e vontade de conhecer.
Então acaba deixando ao professor uma enorme responsabilidade pela formação da criança. E, mais que nunca, fica a necessidade de estar sempre reafirmando a sua identidade profissional. Ele é atingido diretamente pelo estresse e tensão causada pela busca dessa identidade, sua afirmação no mercado de trabalho e valorização, pois como afirma Arroyo (2007, p.23), “A desvalorização do campo educativo e do saber profissional levará a desvalorização da categoria frente aos governos e à sociedade”, o professor busca o direito de ser tratado como um trabalhador que merece seriedade e respeito, acima de tudo pela sua responsabilidade na formação humana, justificando as crescentes lutas da categoria em busca de reconhecimento do trabalho, valorização profissional, salarial e condições de trabalho favoráveis ao desempenho da função que exercem, o que aumenta ainda mais a angústia e estresse do profissional da educação.
Bem se sabe que tratar questões sociais é difícil, ainda mais quando essas questões se referem à educação e ao ensino envolvendo escolas públicas e, claro, verbas públicas e conceitos já pré-estabelecidos sobre o que é educação, o que é ser professor. O ser professor para Arroyo (2007, p. 25) é “Ofício tão enraizado na história quanto à infância. Um ofício que decretos e currículos sonham manipulável. Nem tanto porque carrega uma longa história.”. Ainda, de acordo com Arroyo (2007, p.233-234), as políticas buscam requalificar os profissionais para dar suporte a cada mudança globalizada e conjuntural das estruturas que condicionam a profissão, surgem grandes relações de força, poder e ideologias. Os professoressão pensados e reciclados à mercê dessas grandes mudanças estruturais.
O fato é que a imagem do profissional de Educação que se quer é bem diferente da que a realidade permite como comenta Arroyo (2007, p.236-239) quando diz que se pretende ter um profissional capaz de erradicar o fracasso, o analfabetismo, a inconsciência do povo, o atraso econômico e social, essa imagem torna-se apenas ideológica. Entretanto os professores confundem-se com o senso comum de profissional “sem qualidades” e tornam-se vítimas da cultura elitista que despreza o povo, o pobre e o que é para o pobre. É necessário desviar o olhar da categoria para a riqueza do seu trabalho, suas experiências e vivências para encontrar mais sentido em sua profissão.
1.2 A formação do professor
A formação do professor é, sem sombra de dúvidas, uma variável de inquestionável importância. Estudar as reais funções da educação dentro de uma sociedade, o contexto político-histórico-cultural em que se deu a educação escolar, como se encontra a educação hoje e suas pretensões, trará contribuições significativas para o processo da formação de professores, Arroyo (2007, p.115) comenta,
São matrizes pedagógicas diversas que devemos conhecer. Matrizes que nem sempre estão presentes na diversidade de projetos, de políticas educativas e curriculares e nem sempre são acentuadas nos currículos de formação de professores, de licenciandos. São princípios educativos que aprendemos na prática e incorporamos em nosso pensar pedagógico, em nossa cultura profissional e escolar. Temos o direito e o dever de conhecer essas matrizes.
Porque na compreensão do contexto político-histórico da profissão, a natureza deste papel, suas reais funções e competências atuais, fará com que os professores reflitam, conscientizem-se, valorizem-se e busquem o apoio necessário para sua profissionalização e desenvolvimento. Por isso, a relação entre o político e o pedagógico não pode ser separada.
As instituições educacionais de formação também precisam de investimento e maior preparo na formação plena do futuro professor. Uma formação voltada para a docência. Mas, o que se vê é uma preocupação em relação aos melhores métodos e técnicas para garantir o aprendizado. Os professores não são preparados para enxergar o aluno e suas reais dificuldades e trabalhar com uma clientela problemática como a que se encontra hoje na sociedade incluindo todos os problemas da humanidade e, por isso, Arroyo (2007, p.57) comenta que,
O fracasso de nosso ofício de mestre quando situado nesse nível reflete o fracasso de nossa civilização, de nossa cultura. Reflete que à nossa infância, adolescência e juventude não estão sendo roubado apenas o direito de conhecer a leitura e a escrita, as contas, o saber científico e tecnológico... está sendo roubada a vontade de saber, de experimentar, de ser alguém.
Tem-se uma clientela de alunos com histórico familiar complexo ou alunos com comprometimento mental, psíquico, físico, e muitos sem diagnóstico fechados por especialistas. Existem famílias com dificuldade da aceitação em reconhecer a necessidade de buscar ajuda profissional. É preciso, durante a formação do professor, conscientizar sobre a realidade da sociedade e humanizar-se diante dos problemas para que, mais tarde, o professor saiba como trabalhar, como sugere Arroyo (2007, p.48) “(...) formaremos educadores num duplo olhar, de um lado para olhar as manifestações múltiplas de humanização, de outro para reconhecimento da desumanização como viabilidade e realidade histórica.”.
Estas questões, trazem para a escola e, principalmente para o professor, uma sobrecarga de trabalho e preocupação com a formação e bem-estar do(s) aluno(s) pois, como afirma Cortella (2002, p.38), “há um fortíssimo reflexo das condições de vida dos alunos no seu desempenho escolar”. Nas séries iniciais, por exemplo, além de ensinar a ler, escrever e contar, existe todo um envolvimento afetivo e muitas outras aprendizagens envolvidas no âmbito social e cultural que é tão complexo. A própria LDB (BRASIL, 1996) em seu artigo 2º diz que “(...), tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, (...)”. E, como diz Arroyo (2007, p.186), as relações sociais na escola, o convívio entre educandos e professores, estes que expõe de maneira saudável seu modo de pensar, ser, sentir, de viver, é e será determinante para o aprendizado e desenvolvimento de estruturas, lógicas e valores escolares institucionalizam-se e legitimam-se.
Recai nas mãos deste do professor uma questão de responsabilidade humana de formação de integral do ser, sem ter tido o devido preparo e consciência dessa importante função, como afirma Arroyo (2007, p.42),
Diante da ênfase da nova LDB no desenvolvimento pleno dos educandos, encontro reações de professores (as) muito parecidas: como dar conta dessa finalidade se não entendo nada de desenvolvimento humano? Não tive essa matéria na minha graduação.
Essa realidade da profissão causa em muitos, resistência em exercê-la, sensação de fracasso ou desistência. Mas, na desistência, como comenta Cortella (2002, p.140-141), estamos aceitando a impossibilidade do trabalho, logo estamos condenando ainda mais ao fracasso aqueles que já estão socialmente exauridos. Faz-se necessário perceber, ainda segundo Cortella (2002, p.140), a dupla dimensão da tarefa do professor, que precisa exercer uma atuação política articulada para reforçar exigências de cumprimento das demandas sociais e, concomitantemente, ter uma prática escolar que leve em conta as dificuldades reais da população.
Ora, outra verdade é que os professores sentem-se seguros quando a função se restringe apenas a ensinar as disciplinas, as matérias e/ou os conteúdos já programados, se afastando dos problemas. É mais fácil apegar-se a velhas crenças que perfazer novas práticas. Assumem uma postura onde procuram não envolver-se com os alunos. Pois, quando o ensinamento passa a envolver troca de experiência de vida dos alunos, passa a existir também um envolvimento afetivo.
Mas as funções da educação estão ficando desestabilizadas pelas estruturas políticas, sociais e culturais, o que torna o envolvimento inevitável, o trabalho é com seres em formação, em formação integral, muitos em tempo integral. Sabe-se que muitos alunos conversam mais com seus professores que com seus familiares, a humanização está inserida nessa tarefa de ensinar/educar e que não pode ser dissociada, como diz Arroyo (2007. p 53), “(...) reaprendemos que o nosso oficio se situa na dinâmica histórica da aprendizagem humana, do ensinar e aprender a sermos humanos”. E a educação de hoje, não suporta mais a figura de um docente rígido, com grades curriculares e estruturas gradeadas ainda tão enraizadas no ensino.
A necessidade de formar integralmente o educando, que envolve a construção da identidade e conscientização das diversidades, as múltiplas capacidades e linguagens, não pode ser apenas intuitiva, sem um planejamento pedagógico, quase que espontaneamente ou instintivamente. É preciso que a formação do professor envolva discussões que giram em torno da infância, adolescência, juventude e acima de tudo discussões referentes à cultura, como quando Arroyo (2007, p.120), fala que uma das preocupações que ocupa tempo dos professores são as diversas dimensões que passam a serem conteúdos da própria docência, e se não percebemos essas dimensões, corremos perigo de secundarizar as conteúdos, pois é justamente nesse processo que há recuperação de conteúdos e como um projeto próprio do Ensino Fundamental. 
A realidade é que as maiorias dos professores não estão preparados para o tipo de trabalho que lhe é exigido, configurando uma nova educação e um novo olhar, como diz Arroyo (2007, p.91), “A Educação Básica se afirma e se expande no movimento da afirmação dos direitos humanos, da cultura pública, da proteção e cuidado da infância.”.
Além de tudo que foi dito, ainda existem outros fatores que interferem no trabalho pedagógico.
1.3 As escolas, os sistemas e alguns problemaseducacionais
Ao falar da crise Educacional não se pode relacioná-la somente à qualidade do ensino e a falta de “base”. Existem questões educacionais envolvidas nessa problemática que estão influenciando a Educação de maneira geral.
As escolas públicas e privadas obedecem a um organograma institucional em que o professor não consegue se situar e suas atribuições e responsabilidades na instituição não estão muito definidas.
Existem instituições em que não há o devido suporte da coordenação e orientação pedagógica, assim como não há o reconhecimento pelo trabalho desenvolvido. Muitas vezes o professor se isola em sua sala de aula, provocando afastamento nas relações com seus pares que proporcionariam trocas. Segundo Arroyo (2007, p.150), “Sabemos como os docentes trabalham muito isolados, inventam escolhas diante de situações concretas da relação pedagógica, porém são fracos porque isolados na estrutura de trabalho, (...)”. Há também, influências das relações interpessoais e intrapessoais no ambiente de trabalho que causam mal estar e provoca desânimo. De acordo com Arroyo (2007, p.64),
As condições que impedem ou permitem essas aprendizagens são materiais, mas também são de estrutura, de organização e de clima humano ou de relações sociais, humanas e culturais. Podemos ter escolas em boas condições físicas, equipadas, salários e condições de trabalho razoáveis e faltar clima humano.
A relação intrapessoal sendo bem trabalhada pela equipe de coordenação e orientação escolar interfere diretamente no trabalho pedagógico, já que está relacionada diretamente com o bem estar e a capacidade de lidar com críticas e reconhecer falhas. Segundo Arroyo (2007, p.143), muitos educadores perdem sua sensibilidade humana e ética quando entram nos quadros técnicos e normatiza dores. Muitas vezes as críticas e sugestões não acontecem como deveriam ou por quem deveriam fazê-las, o que torna o ambiente de trabalho ruim e, consequentemente, o trabalho do profissional fica longe do desejado e esperado, até mesmo por ele. Muitos professores reconhecem que poderiam ser melhores profissionais se recebessem o reconhecimento pelo trabalho ou críticas que contribuíssem de maneira enriquecedora refletindo, assim, no desempenho da turma.
O ofício do professor envolve também materiais de trabalho e boas condições. Aluno e professor precisam de ambiente digno para desempenhar seus papéis com dignidade, como diz Arroyo (2007, p.80), “Somos imagens desencontradas do profissional que queremos e do profissional que a desigualdade nos impõe.”. A estrutura física e condições de trabalho são itens que estão sempre em discussão nas reuniões de professores e geralmente são pautas nas reivindicações. Não é difícil encontrar escolas que não tem água, ou que sua falta é constante. A água é um item básico para sobrevivência. Escolas sem mesas, cadeiras, banheiros impróprios, falta de merenda e materiais para o uso dos próprios alunos etc. O aluno sofre, consequentemente, o professor também.
E como lhe dar com crianças que sofrem com o descaso de autoridades num momento crucial de suas vidas? A escola precisa de mais, de formação humana e de formar o ser como humano. Necessita do envolvimento de todos os profissionais da escola, da família, da comunidade, poder público. Caso contrário, o fracasso é de todos assim como o sucesso não depende só do professor, como afirma Arroyo (2007, p.129),
Como vimos, ser professor é um modo de ser. Sabemos que somos professores (as), que não dá para fechar o expediente e esquecer até o dia seguinte. Carregamos tudo da escola para casa e de casa para escola. Quantos (as) não resistem e se esgotam, se destroem como humanos (as). A saúde física e mental do magistério merecia maior atenção.
A exigência hoje, está na renovação para atender aos avanços tecnológicos e ao dinamismo do conhecimento histórico/humano. Ser capaz de trabalhar a partir de conflitos e em permanente redefinição, exigências que recaem a todos os profissionais da educação. Na maioria das vezes, essas novas exigências, não atendem aos interesses políticos de dentro e fora da escola.
Veem-se diferentes percursos na vida dos alunos. Deseja-se que os alunos dominem competências que os deixarão em condições de igualdade para competir e progredir, que dominem conhecimentos técnicos, científicos, entre outras competências. Mas a verdade é que esses domínios não são e não serão suficientes para firmá-los no mercado de trabalho, e garantir a sua plena cidadania mesmo que superada todas as dificuldades encontradas ao longo de sua vida escolar.
Estas questões fogem da função exclusiva da escola e do professor. Mas por trabalhar com seres humanos, como já dito, esse trabalho é mais delicado e há o sentimento de culpa e impotência no caso do insucesso ou fracasso. O professor passa a entrar em uma fase de tensão e questionamentos sobre si e sobre seu trabalho, como afirma Arroyo (2007, p.99) quando diz que nos próprios PCN'S propõem aos professores vínculo entre Educação Básica e mercado de trabalho. Por um lado, fala do papel fundamental da educação, formação cidadã no desenvolvimento das pessoas e sociedades, mas também incluem que o trabalho do professor tenha em vista o mercado de trabalho com todas suas exigências progressos científicos, avanços tecnológicos nessa época marcada pela competição e excelência. 
Não se tem consciência do tipo de cidadão de que se está formando, e falar sobre os resultados da Educação Básica de hoje, requer a compreensão de que se trata de uma questão que envolve diversos fatores e que vão muito além das exigências do mercado de trabalho competitivo. A educação enfrenta muitos desafios impostos pelas políticas de desenvolvimento das cidades, somados ao crescimento desordenado das comunidades que trazem problemas sociais. Então, a culpabilização nos fatores externos, sem dúvidas traz uma situação de conforto para os profissionais da escola, como comenta Cortella (2002, p.141-142),
Quando analisamos o fracasso escolar (epidemia terrível entre nós e que prefiro chamar de pedagocídio), sustentado pelos pilares da evasão e repetência, é usual serem apontadas causas extra-escolares: precárias condições econômicas e sociais da população, formação histórica colonizada, poderes públicos irresponsáveis ou atrelados aos interesses de uma elite predatória etc. Todas essas são causas reais e impactantes, mas não são únicas. (…) Devemos nos debruçar também sobre as causas intra-escolares do fracasso (…), e chega até uma culpabilização dos alunos elo próprio fracasso (Grifos do autor).
Os índices de evasão, os grandes índices de reprovação refletem a qualidade do ensino, assim como a quantidade de aluno por turma, também influencia na queda da qualidade da educação. Observando o outro lado deste problema, sabemos que o baixo número de alunos, encarece o ensino, sendo assim, se faz necessário pensar uma escola nova para atender a atual realidade das turmas numerosas e mais uma vez tentar minimizar as dificuldades.
Uma grande preocupação dos educadores hoje é o crescimento dos índices de violência dentro das escolas, reflexo da sociedade em que se vive. A falta de formação e informação ética da convivência social, não é um problema e responsabilidade exclusiva da escola. Muitos pais, a sociedade e até mesmo as mídias tem suas responsabilidades na formação do futuro cidadão, e como diz Cortella (2006, p.48), “Quando pensamos no campo da formação ética e de cidadania, os problemas na educação brasileira não é, evidentemente, um ônus a recair prioritariamente sobre o corpo docente escolar.”. A escola proporciona vivências de experiências sociais únicas, e segundo Arroyo (2007, p.232), “A escola é uma experiência humana bem mais plural do que a visão futurista e cognitivista por vezes nos passa.”, e isso traz outras questões que interferem na realidade da sala de aula, obrigando os professores a repensar constantemente suas práticas e analisar a realidade política, econômica e social, criticamente, para compreendertoda estrutura em que se dá a Educação, segundo Cortella (2002, p.123),
Por ser um lugar de relações afetivas, a sala de aula é espaço para confrontos, conflitos, rejeições, antipatias, paixões, adesões, medos e sabores. Por isso, essa sala de aula exala humanidade e precariedade; a tensão contínua do compartir conduz, às vezes, a rupturas emocionadas ou a dependências movidas pelo temor da solidão [...].
Para falar dos instrumentos de avaliação, que supostamente “medem os resultados”, estes são questionáveis quanto à sua eficácia para a Educação Básica. São instrumentos excludentes, não podem garantir a aprendizagem e não trazem o reconhecimento do discurso igualitário da educação. O professor preocupa-se constantemente com estas avaliações que supostamente testam as competências e habilidades de seus alunos, criam expectativas sobre os resultados como se estes fossem medidas para sua capacidade profissional. Isto significa na realidade, mais um fator de estresse para alunos, professores e para a comunidade escolar de maneira geral. Pois na realidade, como diz Arroyo (2007, p.173):
 Em realidade todo diagnóstico sobre a escola é um olhar-nos no espelho de nosso ofício. Quando duvidamos e nos perguntamos qual a função social da escola estamos interrogandos nossa função de mestres de escola.
Questionar-se sobre sua capacidade, seu desempenho, suas práticas e seu trabalho, é natural e necessário para autoconstrução do professor como sujeito autônomo e consciente de si e da importância de seu trabalho. Valorizar-se, é necessário e deve partir do próprio professor. Ter a capacidade de compreensão da realidade e analisá-la criticamente é uma atribuição do professor de hoje. Mas para tanto, é preciso estar são e ver que os resultados da educação sofrem influências diretas e indiretas de fatores diversos, não devendo se culpabilizar exclusivamente pelo fracasso, sabendo que a avaliação é construção contínua.
2. A SÍNDROME DE BURNOUT
Entre tantas outras doenças, a Síndrome de Burnout diferencia-se das demais por se instalar no sujeito como uma doença mental. É um problema que vem afetando várias áreas trabalhistas e em especial as áreas da Saúde e Educação, onde se tem uma relação direta com o produto do trabalho e que envolve cuidado, dedicação, atenção e responsabilidades. Vários são os sintomas e consequências da Síndrome de Burnout na área educacional, um importante sintoma a ser citado, se refere à inteligência interpessoal do professor que, como comenta Ferenhof e Ferenhof (2002, p. 1), “é uma das mais importantes capacidades para a prática docente por relacionar-se com a habilidade de lidar e compreender as carências e as necessidades do outro, trabalhando o entrosamento e a comunicação necessários para o atual mundo globalizado, se perde com o surgimento da doença.”.
O professor é sujeito tão ativo quanto o aluno no processo de desenvolvimento e aprendizagem desses alunos e, frequentemente, é posto em evidência nos casos de fracasso mais que nos casos de sucesso. Isso traz, consequentemente, uma grande preocupação para o professor. Tendo este sujeito uma convivência diária com seus alunos, é exigida capacidade de lidar com as particularidades e individualidades de seus alunos. E, partindo de uma problematização da noção de sujeito proposta por Morin (2001, p.128):
O ‘sujeito’ não é uma essência, não é uma substância, mas não é uma ilusão. Acredito que o reconhecimento do ‘sujeito’ exige uma reorganização conceptual que rompa com o conceito determinista clássico, tal qual ainda é utilizado nas ciências humanas, notadamente, sociológicas. No quadro de uma psicologia behaviorista, é impossível, claro, conceber um sujeito. Portanto, precisa-se de uma reconstrução, precisa-se das noções de autonomia/dependência; da noção de individualidade, da noção de autopromoção, da concepção de um elo recorrente, onde estejam, ao mesmo tempo, o produto e o produtor. É preciso também associar noções antagônicas, como o princípio de inclusão e exclusão. É preciso conceber o ‘sujeito’ como aquele que dá unidade e invariância a uma pluralidade de personagens, de caracteres, de potencialidades. Isso porque, se estamos sob a dominação do paradigma cognitivo, que prevalece no mundo científico, o ‘sujeito é invisível, e sua existência é negada. No mundo filosófico, ao contrário, o ‘sujeito’ torna-se transcendental, escapa a experiência, vem do puro intelecto e não pode ser concebido em suas dependências, em suas fraquezas, em suas incertezas. Em ambos os casos, suas ambivalências, suas contradições não podem ser pensadas nem na sua centralidade e sua insuficiência, seu sentido e sua insignificância, seu caráter de tudo e nada a um só tempo. Precisamos, portanto, de uma concepção complexa do ‘sujeito’. 
Tendo essa complexidade do sujeito e a consciência que no trabalho diário de um professor, na sua rotina com os alunos que são igualmente sujeitos e diferentes em todas as suas dimensões, tem-se uma difícil tarefa de educar, ensinar e conviver. A resiliência torna-se assim um conceito necessário para a convivência social, para a complexidade da rotina de trocas que são essenciais entre os diferentes sujeitos do processo ensino/aprendizagem. Ainda sim, muitas vezes, surgem circunstâncias que levam os profissionais às situações de risco envolvendo sua saúde mental. 
A Síndrome de Burnout, apesar de já ter sido citada em estudos anteriores sendo caracterizada pelos sintomas de perda de energia, fazendo referência aos dependentes químicos, que durante um longo e abusivo período de consumo de drogas, entravam num processo de desgaste motivacional e, segundo Ferenhof e Ferenhof (2002, p.5 apud SKOVHOLT, 2001 p. 106) foi em 1974 que Freudenberger publicou um artigo utilizando o termo “Burnout” pela primeira vez. Logo após, a professora universitária de Psicologia da Califórnia, USA, Christina Maslach, estudou o ambiente de trabalho e sua relação com emoções e estresse, e acabou reconhecendo regularidades comportamentais em alguns pacientes. De acordo com Leite (2007, p. 18),
Estavam caracterizados, pois, já nesses primeiros estudos de Maslach, a exaustão emocional e a despersonalização, que aliados posteriormente a uma terceira dimensão, a baixa realização profissional, viriam a construir os três fatores fundamentais da experiência de Burnout, e serviram de base para o desenvolvimento de uma teoria multidimensional de Burnout,[...].
Burnout se caracteriza por uma exaustão emocional, que psicologicamente acomete o sujeito de maneira que este tende a se proteger suprimindo as causas de seu estresse, tendo a baixa realização profissional como um fator que se torna grande para o indivíduo com Burnout como diz Leite (2007, p. 29) “A baixa realização profissional elimina a si mesmo; é uma capitulação em relação às incômodas e inconvenientes de exigências de eficácia, é o fim de uma luta cujo inimigo se revelou invencível.”.
Outro fator que merece destaque, seria na relação entre os sujeitos e os desgastes que essas relações proporcionam ao profissional que nem sempre dispõe de realização satisfatória de seu trabalho em relação ao outro, causando assim, um rompimento de qualquer vínculo afetivo ao objeto de trabalho. Como explica Leite (2007, p. 29), “A despersonalização, aqui entendida como comportamentos e atitudes negativas e insensíveis em relação às pessoas, elimina psicologicamente o outro.”. 
Está assim, evidenciado, segundo Leite (2007, p. 18, apud MASLACH e JACKSON, 1981), que a base para a evolução de uma teoria multidimensional de Burnout é a exaustão emocional e a despersonalização e, mais tarde, observou-se a baixa realização profissional como um terceiro fator. Estes se constituíram os três principais e fundamentais fatores para a perícia de Burnout. Sem dúvidas, a exaustão emocional é o principal elemento da síndrome sendo os outros necessários para completá-la. E, como completa Leite (2007, p. 34), 
Finalmente, sentimentos de despersonalização e cinismo comprometem o desempenho do trabalhador e o levama uma percepção de auto eficácia e comprometimento diminuídos, fechando-se assim, o circuito causal de desenvolvimento da síndrome.
Burnout é compreendido por diferentes abordagens, clínica, psicossocial, organizacional, sócio histórico e pela psicologia do trabalho. É uma exaustão emocional decorrente de uma relação constante, difícil e mal sucedida entre um sujeito excessivamente problemático e um profissional entusiasmado, idealista, motivado, resultando na perda da relação trabalho/afeto. Geralmente, profissionais com grandes expectativas são mais propensos a ter desilusões. É uma síndrome adquirida gradativamente por consequência de estressores interpessoais, como completa Leite (2007, p.49, apud VASQUES-MENEZES, 2005).
Entretanto, se por um lado existe a necessidade do envolvimento afetivo permeando as relações de trabalho, por outro lado, visto tratar-se da relação profissional, e portanto, medidas por normas, horários, salário, clientes, valores e uma infinidade de variáveis, essa expressão de afeto não se realiza, necessariamente, por parte do outro, pois se trata da conjunção de sentimentos de ordem diferentes: o envolvimento afetivo do trabalhador é da ordem do trabalho; já o retorno desse afeto, por parte do outro é da ordem pessoal. Assim, a expectativa de reciprocidade não pode ser atendida e gera nesse trabalhador o conflito entre vincular-se e não se vincular afetivamente, o que, em última análise, significa realizar ou não realizar seu trabalho da forma como o idealizou.
Embora, ainda hoje não haja uma única definição de Burnout, várias são as justificativas para o desenvolvimento e os modelos explicativos para fazer o levantamento da doença que ainda é comumente, de forma errônea, diagnosticada como outras doenças. 
O modelo explicativo utilizado abaixo, exemplifica o fenômeno e contribui como um referencial para o trabalho e para o diagnóstico de Burnout. O quadro foi baseado em Leite (2007, p. 48, apud MARX e LEONTIEV)
As doenças psíquicas do trabalhador, em geral, não recebem a devida atenção pelas políticas de saúde em relação à manutenção da saúde e prevenção de doenças. Como cita Codo (1988, p. 2),
 O mascaramento da doença mental atende a forças econômicas e políticas evidentes, desnecessárias enumerá-las aqui, por elas a doença mental se vê alijada aos porões da sociedade, produto indesejável, vergonhoso dela mesma que sempre foi.
2.1 Outras doenças psíquicas 
Baseando-se em Ferenhof e Ferenhof (2002, p. 2), é preciso diferenciar algumas patologias antes de se definir o conceito de Burnout e sua relação com os profissionais da educação já que muitos sintomas são parecidos, o que vem prejudicando os diagnósticos de doenças, estes autores citam o Estresse e a Síndrome Loco-Neurótica. Ainda segundo Ferenhof e Ferenhof (2002, p. 2), “O Estresse apresenta um quadro de esgotamento do individuo, com interferência em sua vida pessoal e não necessariamente no trabalho.”. O estresse difere de Burnout, no sentido de que no estresse se obtém uma resposta fisiológica ao estressor concomitante com uma reação psicológica de resistência, havendo uma tentativa de superar o motivo do estresse. Já em Burnout, o sujeito assume uma postura de defesa, protegendo-se dos motivos de estresse que se tornam insuportáveis. Sendo assim, o indivíduo acaba entrando numa situação de desistência.
 
De acordo com o mesmo autor, na Síndrome Loco-Neurótica, evidencia-se que ela se afeta o sujeito em um determinado espaço físico e social que é comum aos sujeitos do coletivo. Alguns sintomas da Síndrome Loco-Neurótica são Ferenhof e Ferenhof (2002, p. 3):
origem inespecífica do sentimento de angústia; delimitação geográfica das manifestações; semelhança de sintomas manifestos em diferentes sujeitos do conjunto; desconfiança e isolamento; individualização de metas; atuação estanque, atomizada; fragilidade na teia institucional; ligações em dupla ou no máximo em trincas; envelhecimento do grupo pela falta de renovação das energias; desencorajamento à participação dos membros mais novos do grupo pelos mais velhos.
Uma questão importante e que merece ser relacionada aos trabalhadores que estão vulneráveis às situações psicologicamente danosas, é em relação as suportes sociais. Foi um trabalho inicialmente consolidado, segundo Leite (2007, p. 55 apud Cassel e Cobb,1976), este trabalho apresenta a importância do suporte social no auxílio da prevenção desses tipos de doença. Porém, eles não existem ou são tão precários que não atuam de forma efetiva para os trabalhadores. Os suportes organizacionais que atuam na qualidade de vida oferecendo recursos materiais, informacionais, normativos, entre outros fundamentais para o bom desempenho do professor, por exemplo, contribuem para o bem estar do trabalhador e aumento da sua capacidade de resiliência.
As três dimensões de Burnout, é avaliada de acordo com seus suportes, segundo Leite (2007, p. 66 apud GIL-MONTE, 2005),
a) A ausência do suporte social no trabalho têm efeitos sobre os níveis de tensão e se desenvolve como resposta o estresse e o sentimento de esgotamento contribuindo para o aumento dos níveis de exaustão emocional;
b) A ausência do suporte social surte efeitos negativos no indivíduo levando-o a um comportamento de despersonalização, comprometendo a responsabilidade social e a capacidade de avaliar; 
c) A ausência do suporte social influencia nas expectativas que o trabalhador formula sobre seu desempenho, leva-se em consideração a importância dos feedbacks que os colegas e supervisores dão, que auxiliarão na formulação e reformulação das próprias práticas e expectativas ajustando-o às reais condições e possibilidades. Influencia, assim, sobre os êxitos e fracassos.
Sabe-se que do ponto de vista de um trabalhador, é necessário a consciência de que sua condição é consequência das condições de trabalho que lhes são oferecidas e que estão relacionadas à sua classe. Por isso, segundo Codo (1988, p. 2) “Abre-se passibilidade de reivindicações por um ambiente de trabalho psicologicamente sadio.”.
2.3 Algumas consequências de Burnout para no ambiente educacional
A Síndrome oferece implicações importantes e potencializa sérios efeitos negativos tanto sobre o indivíduo, quanto para as organizações. Podemos citar o absenteísmo, desânimo, a correlação desse fenômeno com algumas disfunções pessoais tais como a exaustão física e o abuso de álcool. Segundo a autora Leite (2007 p. 52), para as consequências de Burnout no ambiente profissional tem-se uma diversidade de ocorrências que afeta o trabalho e a vida pessoal impedindo um bom desempenho, afetando a criatividade, a autoestima e a potencialidade na resolução de problemas. E, sendo mais específico, relacionando as consequências ao ambiente escolar, de acordo com a mesma autora, Leite (2007, p. 52 apud FARBER, 1991),
especifica que a adoção de atitudes negativas por parte dos professores na relação aos alunos (que lembramos ser sintoma de despersonalização), deflagra um processo de deterioração na qualidade da relação e de seu papel profissional. Declara ainda que professores com altos níveis de Burnout pensam com frequência em abandonar a profissão, situação que ocasiona sérios transtornos no âmbito da instituição escolar e também no sistema educacional mais amplo. 
Todas essas questões giram em torno dos aspectos mais amplos da Educação. Envolve as políticas de atendimento aos profissionais, a história da categoria, as crenças da população em relação aos professores e do próprio sistema que busca a manutenção e o controle. E também, de acordo com Arroyo (2007, p. 218), a divisão do trabalho no interior do Sistema de Educação Básica, a fragmentação vivida pela categoria, à relação dos órgãos gestores com os docentes, o exagero da normatização vivida nas escolas, afeta a construção de um perfil profissional, desfigurando-os. Segundo Carlotto (2002, p. 4)
Nos aspectos profissionais, o professor pode apresentar prejuízos em seu planejamento de aula, tornando-se este menos frequente e cuidadoso. Apresentaperda de entusiasmo e criatividade, sentindo menos simpatia pelos alunos e menos otimismo quanto à avaliação de seu futuro. Pode também sentir-se facilmente frustrado pelos problemas ocorridos em sala de aula ou pela falta de progresso de seus alunos, desenvolvendo um grande distanciamento com relação a estes. Sentimentos de hostilidade em relação a administradores e familiares de alunos também são frequentes, bem como o desenvolvimento de visão depreciativa com relação à profissão. O professor mostra-se autodepreciativo e arrependido de ingressar na profissão, fantasiando ou planejando seriamente abandoná-la.
Fica evidente que os processos de formação tanto do professor quanto do aluno estão truncados por mecanismos que de certa forma, desumanizam. Existem rupturas nos paradigmas teóricos e ideológicos que alteram o cotidiano e o deterioram ainda mais, causando consequências sérias, surge a dificuldade de enxergar o social, e ao professor, a negação ao aluno. Segundo Cortella (2002, p. 116),
[...] entretanto, fica cada vez mais evidente que parte substancial do desinteresse (e da “indisciplina”) encontrado em muitos alunos pode ser atribuída ao distanciamento dos conteúdos programáticos em relação às preocupações que os alunos trazem para escola. Essas preocupações raramente são conhecidas por nós, educadores; com frequência supomos que qualquer conteúdo, o priori é válido e deve interessar aos aprendizes [...].
Diante disso, a grande questão hoje da educação é, a cima de tudo, a contribuição para humanização, e a consciência da complexidade da formação humana, uma formação voltada para consciência política que possa minimizar a culpa individual ou coletiva sobre o fracasso da Educação, permitindo uma compreensão sobre a Educação em suas dimensões sociais, políticas e culturais. 
2.4 O processo de aprendizado da criança, a relação com o professor e algumas formas da Síndrome de Burnout afetar o aprendizado
A impregnação de sentidos e subjetividades que envolvem o processo de aprendizagem tanto da parte do professor quanto do aluno, interfere e faz toda diferença no momento da aprendizagem e, segundo Cortella (2002, p. 125) “A alegria em suma, é resultante de um processo de encantamento recíproco, no qual a transação de conhecimentos e preocupações não é unilateral.”, então, desempenhar o papel de um mero interlocutor de informações, sem demonstrar emoção, envolvimento ou simplesmente tratando as situações da aprendizagem como um ato mecânico do trabalho do professor, não cabe na educação e acarreta ao aluno uma aprendizagem sem sentido, um ato sem valor, sem significado e sem dúvidas apresentará prejuízo em seus resultados, pois, ainda de acordo com Cortella (2002, p. 125) “(...) afinal de contas, a prática educacional tem como objetivo central fazer avançar a capacidade de compreender e intervir na realidade para além do estágio presente, gerando autonomia e humanização.”. Por tanto, não é possível esperar que a aprendizagem aconteça sem intervenção emocional. 
O comportamento de atitudes negativas dos professores em relação aos alunos, pode ter como consequência uma piora na qualidade profissional interferindo diretamente nos resultados do desenvolvimento dos alunos em amplos aspectos (emocional, social, afetivo e pedagógico). O trabalho do professor é cuidar que o aluno aprenda e como cita Leite (2007, p. 105, apud CODO e VASQUEZ, 1999), “Ora, por definição o trabalho docente é um trabalho completo, até segundo aviso inalienável, pois não se pode imaginar a separação entre sujeito e objeto, quando se fala da relação professor – aluno”.
É completamente normal que se crie uma expectativa que o aluno aprenda, e essa expectativa não é só do professor, é do aluno e da família também. Diante de uma situação de doença do professor, torna-se óbvio o comprometimento do desenvolvimento da aprendizagem dos alunos. O aluno e a família passam a não ter a devida esperança por sucesso em relação à aprendizagem já que é comum que, professores doentes faltam constantemente, e como cita Carlotto (2002, p. 7),
[...] altos níveis de burnout fazem com que os profissionais fiquem contando as horas para o dia de trabalho terminar, pensem frequentemente nas próximas férias e se utilizem de inúmeros atestados médicos para aliviar o estresse e a tensão do trabalho (WISNIEWSKI; GARGIULO, 1997). 
Esse comportamento do professor não é premeditado, há um sofrimento e uma sensação de fracasso da parte dele que mexe certa forma com sua autoestima, com a autoestima do aluno e a autoestima estimula a aprendizagem. Cortella (2002, p. 124), afirma que: “A busca do prazer e do gostar do que está fazendo integra prioritariamente o universo discente e o universo da criatividade.”. 
A partir daí, existem também as intervenções que são necessárias na estrutura educacional como um todo, já que é preciso estar remanejando e articulando outras possibilidades de suprir a carência desse professor que está ausente ou não responde mais como sua capacidade lhe permite. Cortella (2002, p. 157), afirma que: “Afinal de contas, por que somos educadores e educadoras? (...) Paixão por uma ideia irrecusável: gente foi feita pra ser feliz! E esse é nosso trabalho; não só nosso, mas também nosso.”.
Vê-se que, em relação aos resultados da aprendizagem e da educação, estes não demonstram as subjetividades, as particularidades do processo de ensino. A aprendizagem requer mais que suporte e questões objetivas, a necessidade de melhoria está na consciência de uma perspectiva psico sociológica em que a dinâmica do desenvolvimento pessoal, tanto do professor quanto do aluno, depende dos sentidos, das representações da realidade, e da apresentação de relações já pré-estabelecidas.
Sabe-se que movimentos de ação-interação, individual ou coletiva têm a ver com recuperação da autoestima, sendo mais que necessário ressignificar as práticas no cotidiano. Como alternativa, Leite (2007, p. 102 apud OLIVEIRA, 2004) diz que: 
Assim, a maneira encontrada para a expansão dos sistemas de ensino de países populosos e com grandes níveis de desigualdade social, como o nosso, passou pela adoção de novas políticas educacionais, por uma nova organização do trabalho docente, além do apelo ao voluntariado e ao comunitarismo.
No Brasil, pouco se fez até o momento para reformular a política educacional, pode citar que foi incluído a tentativa de descentralização administrativa e operacional da gestão escolar atribuindo maior participação das comunidades locais e complementação orçamentária através de parcerias, o que de maneira geral contribuiu para maior democratização escolar. Em relação aos profissionais que atuam diretamente com os alunos, no caso dos professores, houve atribuição de múltiplas funções o que poderia ter sido aceito de maneira positiva pelo profissional tendo como um ponto de vista maior autonomia do profissional. Mas não ocorreu desta maneira, o professor se sente cada vez mais sobrecarregado com a necessidade de participação de seminários, atividades extraescolares, atende pais e alunos, concelhos de classe, por vezes efetua atividade de recuperação do patrimônio material da escola, participa dos momentos das refeições dos alunos e etc. Não se pode ignorar a importância dessas atribuições para o desenvolvimento dos alunos mas, por vezes, a sensação de estar sendo usado e estar com atribuições que estão aquém das que deveria estar exercendo, é frequente. 
3. A Síndrome de Burnout e os Docentes: uma investigação
Pergunta-se, frequentemente, sobre como a Educação Básica seria capaz de promover mecanismos de resistência a barbáries da degradação humana e da desumanização. A Educação Básica pode sim contribuir para recuperar a tarefa pedagógica de humanizar. Segundo Arroyo (2007, p. 247-249), algumas das atribuições da profissão do professor seria perceber a necessidade de humanizar, de demonstrar e exemplificar a importância de valores, da cultura, de saberes, afim de recuperar a humanidade que lhes é negada, onde a visão pedagógica hoje só percebeo analfabetismo, a violência e lamenta o atraso e a ignorância, diante de uma visão mais negativa que positiva sobre a infância pobre.
Arroyo (2007, p. 174) diz que, “Inovar a escola e os sistemas educativos é o processo mais qualificador dos docentes.”, mas tornar-se-á tarefa impossível tendo um ambiente em que o profissional está comprometido com uma doença psicológica. Muitos não resistem, se esgotam e se destroem como seres humanos. Neste momento, a saúde mental e física do magistério merecia mais atenção.
3.1 Analisando Burnout: quadros explicativos e sintomas
O estudo da literatura em Burnout, possibilitou a apreensão de um modelo investigativo reconhecido internacionalmente que permite análise quantitativa e qualitativa da incidência e da doença em determinado grupo. Codo e Vasquez - Menezes (1999, p. 13) diz que, “(...) a escala de Maslach, desenvolvida em 1986, é a mais utilizada internacionalmente, (...)”. Através destes questionários, algumas pesquisas quantitativas e qualitativas já foram realizadas com professores de ensino fundamental e médio sobre o desenvolvimento da síndrome de Burnout e suas consequências para o professor como ser humano, como profissional e para o aluno. 
Por intermédio dessas pesquisas, seria possível constatar se há problemas, se é necessário intervenção ou mesmo necessidade de prevenção de novos casos. É fundamental também o trato dos transtornos mentais já estabelecidos e uma mudança no ambiente de trabalhado pois se torna impossível tratar dos problemas da educação observando apenas os resultados das avaliações realizadas pelos alunos. Os reais problemas educacionais ultrapassam esses parâmetros de avaliação. Ferenhof e Ferenhof (2002, p. 17) diz que, 
Discutir fracasso escolar, evasão, inclusão, e outros temas tão importantes só faz sentido quando o professor sente suas qualidades pessoais e de categoria valorizadas. O que gera motivação, envolvimento, e , participação. Daí a importância da constatação da quadro apresentado, e da necessidade de ação mais efetiva com a criação de um “Programa de Prevenção e Tratamento da Síndrome de Burnout - PPTSB”, a ser implementado dentro
e fora dos muros escolares. Apoio médico – psicológico imediato, educação continuada voltada à prevenção, uma melhoria na ecologia interna das escolas, e no seu “entorno”, seria bastante significativa e compatível com projetos já em discussão e estudos na Sociedade Brasileira.
Baseando-se em Codo (1999, p. 13), é possível fazer uma análise de Burnout através da escala composta dos três fatores: exaustão emocional, baixo envolvimento emocional no trabalho e despersonalização. Tem-se um total de 22 itens apresentados no quadro 1:
 
 
Codo (1999, p. 13), elabora um roteiro de entrevista baseado no mesmo modelo do inventário de Maslach, este roteiro pontua as dimensões de Burnout conforme os sintomas constantes no quadro 2: 
Estes quadros proporcionam uma investigação sobre a saúde mental do professor que por ser elemento de importância única no processo de aprendizagem, vai interferir diretamente no sucesso ou fracasso dos alunos. Ferenhof e Ferenhof (2002, p.6, apud CODO, 1999, p. 237), refere-se à Burnout como à Síndrome de Desistência do Educador. Ele diz que o professor se encontra abatido, cansado, não há vontade de ensinar e logo desiste sem perceber a importância dele na formação do aluno, não se torna capaz de se envolver e de se emocionar com seu trabalho.
 3.2 Pesquisa de campo: métodos e técnicas
A coleta de dados foi realizada em um período de quatro meses, em 5 diferentes escolas do Município do Rio de Janeiro que atendem ao Ensino Fundamental. . A identidade dos profissionais e o nome das escolas são mantidas em sigilo. Foram 100 questionários distribuídos entre os professores, mas somente 70 foram utilizados para análise de dados. Estes 70 responderam e/ou fizeram algum tipo de comentário, validando assim o material para análise. Utilizou-se questionário padrão (anexo 1), desenvolvido por Maslach e Leiter (1996), que aponta e qualifica Burnout. As questões 1, 2, 3, 6, 8, 13, 14, 16 e 20 são referentes à exaustão emocional; as questões 5, 10, 11, 15 e 22 são referentes á despersonalização e as questões 4, 7, 9, 12, 17, 18, 19 e 21 são referentes à baixa realização profissional e a razão para análise é inversa, ou seja, quanto mais baixa a marcação, mais altos são os níveis. Os questionários foram divididos pelo critério de tempo de atuação na profissão, tentando justificar um grupo de risco com a afirmativa de que quanto mais jovens na profissão, maiores são as chances de desenvolver Burnout. Estes grupos depositam mais expectativas em sua carreira que, segundo Leite (2007, p. 53),
[...] especificam que a referida tendência é acentuada em trabalhadores mais jovens, o que é explicável, pois estes, em tese, fizeram menor investimento afetivo e profissional na carreira e possivelmente encontrarão maior facilidade de se recolocarem no mercado de trabalho (...) interpretam essa vontade de abandonar o trabalho como uma tentativa de lidar com a exaustão emocional.
Outra questão a ser confirmada é se o desenvolvimento de uma doença psíquica pode acarretar resultados ruins para educação como um todo. Lembrando que a doença propriamente dita, pode levar décadas para se desenvolver e é o conjunto dos fatores que determina a doença. Podem ser encontrados níveis altos de uma determinada característica de Burnout, que pode estar interferindo na relação com o aluno e seu desempenho e o profissional ainda não ser diagnosticado com a doença. Esta pesquisa é uma ilustração da atual docência e seus sentimentos quanto a si e quanto ao outro. 
Resultados
De acordo com o questionário fornecido pelo MBI, considerando as respostas dos professores sobre seu comportamento mental, chegou-se aos seguintes resultados:
	GRUPO 1 – DE 1 A 5 ANOS DE PROFISSÃO – 11 PROFESSORES REPRESENTANDO ~ 15,7% DO TOTAL
	EXAUSTÃO EMOCIONAL
	DESPERSONALIZAÇÃO
	BAIXA REALIZAÇÃO PROFISSIONAL
	B
	M
	A
	B
	M
	A
	B
	M
	A
	3
	4
	4
	7
	2
	2
	1
	5
	5
	~27,2%
	~36,6%
	~36,6%
	~63,3%
	~18,1%
	~18,1%
	9%
	~45,4%
	~45,4
	TOTAL: ~99,9%
	TOTAL: ~99,6%
	TOTAL: ~99,9%
Tabela1
Na tabela 1, verifica-se:
Exaustão emocional: índices médio e alto.
Despersonalização: índices médio e alto.
Baixa realização profissional: índices entre médio e alto.
	GRUPO 2 – DE 6 A 10 ANOS DE PROFISSÃO – 9 PROFESSORES REPRESENTANDO ~ 12,8% DO TOTAL
	EXAUSTÃO EMOCIONAL
	DESPERSONALIZAÇÃO
	BAIXA REALIZAÇÃO PROFISSIONAL
	B
	M
	A
	B
	M
	A
	B
	M
	A
	1
	1
	7
	4
	4
	1
	1
	5
	3
	~11,1%
	~11,1%
	~77,7%
	~44,4%
	~44,4%
	~11,1%
	~11,1%
	~55,5%
	~33,3%
	TOTAL: ~99,9%
	TOTAL: ~99,9%
	TOTAL: ~99,9%
Tabela 2
Na tabela 2, verifica-se:
Exaustão emocional: índices médio e alto.
Despersonalização: índices baixo e médio.
Baixa realização profissional: índices médio e alto.
	GRUPO 3 – DE 11 A 15 ANOS DE PROFISSÃO – 10 PROFESSORES REPRESENTANDO 10% DO TOTAL
	EXAUSTÃO EMOCIONAL
	DESPERSONALIZAÇÃO
	BAIXA REALIZAÇÃO PROFISSIONAL
	B
	M
	A
	B
	M
	A
	B
	M
	A
	4
	3
	3
	7
	3
	0
	0
	4
	6
	40%
	30%
	30%
	70%
	30%
	-
	-
	40%
	60%
	TOTAL: 100%
	TOTAL: 100 %
	TOTAL: 100%
Tabela 3
Na tabela 3, verifica-se:
Exaustão emocional: índices entre baixo e médio.
Despersonalização: índices baixo e médio.
Baixa realização profissional: índices entre médio e alto.
	GRUPO 4 – DE 16 A 20 ANOS DE PROFISSÃO – 10 PROFESSORES REPRESENTANDO 10% DO TOTAL
	EXAUSTÃO EMOCIONAL
	DESPERSONALIZAÇÃO
	BAIXA REALIZAÇÃO PROFISSIONAL
	B
	M
	A
	B
	M
	A
	B
	M
	A
	3
	7
	0
	7
	3
	0
	0
	3
	7
	30%
	70%
	-
	70%
	30%
	-
	-
	30%
	70%
	TOTAL: 100%
	TOTAL: 100%
	TOTAL: 100%
Tabela 4 
Na tabela 4, verifica-se:
Exaustão emocional: índices baixo e médio.
Despersonalização: índices baixo e médio.
Baixa realização profissional: índices entre médio e alto.
	GRUPO 5 – DE 21 A 25 ANOS DE PROFISSÃO – 6 PROFESSORES REPRESENTANDO ~ 8,5% DO TOTAL
	EXAUSTÃO EMOCIONAL
	DESPERSONALIZAÇÃO
	BAIXA REALIZAÇÃO PROFISSIONAL
	B
	M
	A
	B
	M
	A
	B
	M
	A
	33
	0
	5
	1
	0
	1
	0
	5
	50%
	50%
	~
	~83,3%
	~16,6%
	 -
	~16,6%
	 -
	83,3%
	TOTAL: 100%
	TOTAL: 99,9%
	TOTAL: 99,9%
Tabela 5
Na tabela 5, verifica-se:
Exaustão emocional: índices baixo e médio.
Despersonalização: índices baixo e médio.
Baixa realização profissional: índices entre baixa e alta.
	GRUPO 6 – DE 26 A 30 ANOS DE PROFISSÃO – 13 PROFESSORES REPRESENTANDO ~ 18,5% DO TOTAL
	EXAUSTÃO EMOCIONAL
	DESPERSONALIZAÇÃO
	BAIXA REALIZAÇÃO PROFISSIONAL
	B
	M
	A
	B
	M
	A
	B
	M
	A
	6
	3
	4
	12
	1
	0
	2
	3
	8
	~46,1%
	~23,0%
	~30,7%
	~92,3%
	~7,6%
	-
	~15,3%
	~23,0%
	~61,5%
	TOTAL: ~99,8%
	TOTAL: ~99,9%
	TOTAL: ~99,8%
Tabela 6
Na tabela 6, verifica-se:
Exaustão emocional: índices baixo.
Despersonalização: índices baixo e médio.
Baixa realização profissional: índices entre baixa e média.
	GRUPO 7 – DE 31 A 40 ANOS DE PROFISSÃO – 6 PROFESSORES REPRESENTANDO ~ 8,5% DO TOTAL
	EXAUSTÃO EMOCIONAL
	DESPERSONALIZAÇÃO
	BAIXA REALIZAÇÃO PROFISSIONAL
	B
	M
	A
	B
	M
	A
	B
	M
	A
	4
	1
	1
	6
	0
	0
	0
	1
	5
	~66,6%
	~16,6%
	~16,6%
	100%
	-
	-
	-
	~16,1%
	~83,3%
	TOTAL: ~99,8%
	TOTAL: 100%
	TOTAL: ~99,9%
Tabela 7
Na tabela 7, verifica-se:
Exaustão emocional: baixos índices.
Despersonalização: baixos índices.
Baixa realização profissional: baixos índices.
	GRUPO 8 – 41 ANOS OU MAIS DE PROFISSÃO – 5 PROFESSORES REPRESENTANDO ~7,1% DO TOTAL
	EXAUSTÃO EMOCIONAL
	DESPERSONALIZAÇÃO
	BAIXA REALIZAÇÃO PROFISSIONAL
	B
	M
	A
	B
	M
	A
	B
	M
	A
	4
	1
	0
	5
	0
	0
	2
	 0
	3
	80%
	20%
	-
	100%
	-
	-
	40%
	-
	60%
	TOTAL: 100%
	TOTAL: ~100%
	TOTAL: 100%
Tabela 8
Na tabela 8, verifica-se:
Exaustão emocional: baixos índices.
Despersonalização: índice baixo.
Baixa realização profissional: índices entre baixo e alto.
3.3 Análise de resultados e comentários de alguns professores 
A afirmativa de que os profissionais mais jovens e com menos tempo de docência se sentem mais insatisfeitos com seu trabalho na Educação, se confirma nas tabelas 2 e 3, observa-se que o tempo de profissão é curto (até 15 anos) e os níveis de baixa realização profissional são médios e altos. Os profissionais percebem que não estão conseguindo se realizar profissionalmente, que a escola não proporciona estrutura para um o bom desenvolvimento do trabalho e que precisam trabalhar muitas horas para ter a recompensa financeira mais adequada. Ferenhof e Ferenhof (2002, p.7), fala sobre essa baixa realização profissional quando o profissional já não percebe sua importância no desenvolvimento do aluno, pensa em desistir da profissão, pois nem as recompensas não financeiras acontecem como desejara. Na maioria das vezes, os professores sentem que o empreendimento de suas energias no trabalho não são e não serão proporcionais às recompensas obtidas, por isso os esforços não serão justificados ou suportados.
 “No momento encontro-me infeliz trabalhando com o que eu escolhi para trabalhar. Sinto-me cansada em alguns momentos, pois preciso me deslocar de uma escola para a outra.”
Segundo Carlotto (2002, p. 5), Burnout é um fenômeno que agrega várias dimensões e por isso se torna complexo e envolve o individuo e o ambiente de trabalho não se restringido ao ambiente de sala de aula, está relacionado também aos contextos intermediários que são os institucionais (tipo de escola, aspectos éticos da escola, aspectos culturais do professor e dos alunos), os fatores sócio históricos (comprometimento, valores, carreira e papéis desenvolvidos) e macrossociais ( as forças derivadas das tendências globais e políticas governamentais, por exemplo). De acordo com estes níveis em interação, o processo de “desprofissionalização” do trabalho do professor está relacionado ao processo de proletarização do trabalho dos profissionais da educação, vem obedecendo ao avanço da economia capitalista. 
“(...), mas o professor que se vê obrigado a trabalhar horas em sala de aula, com várias turmas, para suprir seu déficit monetário acaba ficando emocionalmente desestruturado e refletindo isso em seu trabalho e vida pessoal.”
De acordo com Carlotto (2002, p. 2, apud ESTEVE, 1999), a organização do trabalho docente têm se modificado pelo aumento das exigências e responsabilidades pela rápida transformação social. Os ambientes de convívio social e a família têm renunciado à certas responsabilidades que antes desempenhavam na educação dos filhos e hoje passam a exigir das instituições escolares que assumam estas responsabilidades.
A indisciplina é um problema social e que se torna um fator que merece destaque já que os professores alegam se desgastar muito com a indisciplina e com a falta de interesse. É bom ressaltar que nem sempre há o suporte da direção e coordenação em casos de indisciplina em sala, já que estão constantemente envolvidos com trabalhos burocráticos. Os níveis de exaustão emocional mostram-se entre médio e alto nas tabelas 1, 2 e 4.
“O trabalho docente lida muito de perto com a problemática social que os alunos vivem. Tudo isso, exerce uma grande influencia sobre o profissional da área da educação. Hoje, depois de um longo período de tratamento médico, consigo conviver com toda essa problemática, mas nem sempre foi assim. Eu sofri da Síndrome de Burnout e fiquei extremamente fragilizada, chegando à depressão.”
Alguns profissionais começam a não suportar mais as pressões e passam a não acreditar em si e na sua interferência na vida do aluno que pode ser positiva. Passa a haver sintomas de despersonalização, desinteresse pelo ser humano em formação, desinteresse pelo aluno com quem convive e que necessita de sua constante intervenção. Algumas falas merecem destaque sobre o assunto.
“Não acredito que hoje em dia meu comportamento afeta resultados, nem positivamente nem negativamente. Independente do meu esforço pessoal não percebo avanços no aprendizado e comportamento dos meus alunos. Mesmo me esforçando para dar o melhor não percebo que eles aproveitam isso, pelo contrário percebo uma apatia à mudanças. Agora acredito sim que se um educador está desiquilibrado ele influencia no rendimento de sua turma, pois está na sala de aula sem ânimo para ouvir ou resolver problemas, ele quer que a hora passe bem rápido para ele se “livrar” dos “problemas”.
Sobre esse assunto, é conveniente citar Ferenhof e Ferenhof (2002, p.5, apud TAVARES, 2001, P. 9), quando diz que é importante para a formação do cidadão um profissional capaz de rever os processos de ensino-aprendizagem, de formação e de educação, repensar atitudes, envolvimentos dos sujeitos entre si, e com os contextos, o que completa essa visão de formação e de educação. O autor expõe as contribuições que, a seu ver, a ciência psicológica pode oferecer para a ativação de estruturas, processos e estratégias mais adequadas para a formação de sujeitos e grupos sociais mais resilientes.
A fala dos profissionais comprovam a necessidade de intervenção sobre a saúde psicológica dos educadores. Estes estão conscientes que não rendem como poderiam.
 “Acredito que quando nos encontramos em situações desmotivadoras na profissão, torna-se extremamente difícil motivar o aluno ao seu aprendizado. Por mais que eu me dedique a experimentar novas abordagens metodológicas e lúdicas, é realmente muito difícil atingir um objetivo que antes seria fácil e mais adequado para mim. Além disso, lidar com indisciplinas ou qualquer tipo de comportamento inadequado se torna bastante difícil psicológica e emocionalmente.”
Ferenhof e Ferenhof (2002, p. 17) diz que “Discutir fracasso escolar, evasão, inclusão, e outros temas tão importantes só faz sentido quando o professor sente suas qualidades pessoais e de categoria valorizadas. O que gera motivação, envolvimento, e , participação.”. Na realidade, os profissionais precisam buscar do seu auto conhecimento, o fortalecimento de vínculos afetivos e sociais no trabalho como uma forma de suporte. Acrescenta-se ainda a fala de Ferenhof e Ferenhof (2002, p. 16 apud TAVARES, 2001, p. 52), que diz que é necessário às pessoas, auxílio na descoberta das capacidades,

Continue navegando