Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ CAMPUS APUCARANA EDUARDA BARRADO DA SILVA SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFESSORES E AS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO APUCARANA - 2020 1 EDUARDA BARRADO DA SILVA SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFESSORES E AS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO Relatório de Pesquisa apresentado ao Curso de Graduação em Pedagogia, da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) – Campus Apucarana, como requisito do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Orientador: Prof. Dr. Isaias Batista de Oliveira Júnior. APUCARANA - 2020 2 EDUARDA BARRADO DA SILVA SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFESSORES E AS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO Membros da Banca Prof. Dr. Isaias Batista de Oliveira Júnior (Orientador) Prof. Ma. Débora Menegazzo de Souza Almeida Prof. Dr. Antônio Marcos Dorigão APUCARANA – 2020 3 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por iluminar o meu caminho durante essa fase de crescimento em minha vida, me proporcionando oportunidades e muita força de vontade para superar todos os desafios que apareceram. Aos meus pais, Valdirene Barnabé Barrado e Antonio César da Silva, que me incentivaram desde o início dessa jornada e não mediram esforços para que esse sonho se tornasse realidade, sempre com muito apoio, paciência e compreensão. As minhas irmãs Renata Camilly Barrado da Silva e Samara Cristina Barrado da Silva e meu primo Gustavo Fróis de Jesus, que foram essenciais nessa trajetória, sempre me motivando e ajudando da maneira como conseguiam. Ao meu namorado Gabriel Zaneta de Almeida, que esteve ao meu lado todos os dias, me dando força e coragem para seguir em frente compreendendo todas as minhas ausências. Ao meu professor orientador, Dr. Isaias Batista de Oliveira Júnior, que esteve ao meu lado, compartilhando seu conhecimento e sabedoria, sempre se colocando à disposição para me ajudar com paciência e carinho. Tenho certeza que todos os momentos foram de suma importância para meu crescimento pessoal e profissional e fizeram a diferença em minha vida. A todos os professores do curso de Pedagogia, que contribuíram de maneira significativa com seus ensinamentos, buscando passar além de seu conhecimento, muito afeto, paciência e dedicação em toda minha formação. Aos professores Dr. Antônio Marcos Dorigão e Ma. Débora Menegazzo de Souza Almeida por realizarem a leitura do meu trabalho com muito carinho e dedicação e fazerem parte dessa trajetória. As minhas amigas Nuria Milena de Paula e Patricia Salles de Paula Franco, e meu amigo Josuel Lucas Meireles que compartilharam momentos incríveis ao meu lado durante esses anos. Por fim, sou grata a todos aqueles que de alguma forma, direta ou indiretamente contribuíram para minha formação. 4 EPÍGRAFE “O professor é, naturalmente, um artista, mas ser um artista não significa que ele ou ela consiga formar o perfil, possa moldar os alunos. O que um educador faz no ensino é tornar possível que os estudantes se tornem eles mesmos”. Paulo Freire 5 RESUMO Em uma época marcada por recorrentes desafios e exigências relacionadas às transformações no mundo do trabalho, o docente desenvolve cada vez mais problemas de exaustão física e emocional que podem estar relacionados à Síndrome de Burnout. Como consequência, professores entram em um processo de alienação, desumanização e apatia querendo então abandonar sua profissão. A problemática parte da necessidade de conhecermos o que é a Síndrome de Burnout e quais as estratégias de enfrentamento que podem ser utilizadas quando se trata da Síndrome nos professores. Portanto, o objetivo do presente estudo foi realizar uma revisão bibliográfica acerca do tema utilizando de bases de dados para conhecermos a Síndrome de Burnout, suas causas, sintomas, impacto que causam na prática de professores e apontar estratégias para o enfrentamento dela. Podemos constatar que a Síndrome se trata de um desgaste profissional e que ao modificarmos o ambiente de trabalho junto a um acompanhamento psicológico com métodos que auxiliem o docente a encarar a mesma, conseguimos então uma melhora significativa da qualidade de vida docente. Palavras chave: Burnout. Saúde Docente. Estratégias de Enfrentamento. 6 ABSTRACT In times of recurrent challenges and demands resulting from changes in the field of work, teachers have consistently experienced physical and emotional exhaustion related to the burnout syndrome. Consequently, they undergo alienation, dehumanization, and apathy and can even end up quitting their profession. Our investigation starts from the need to find out what the burnout syndrome is and what coping strategies can be used when dealing with this syndrome in teachers. Therefore, this study aims to present a bibliographic review on the subject using databases to find out more about the burnout syndrome, its causes, symptoms, the impact they have on the practice of teachers, and finally point out strategies to overcome this problem. It has been noted that this syndrome is work related, and by changing the work environment and providing psychological assistance using methods that would help teachers cope better, a significant improvement in teachers quality of life could be achieved. Key Words: Burnout. Teacher Health. Coping Strategies. 7 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 08 2. SEÇÃO 1 – A SÍNDROME DE BURNOUT E SEU HISTÓRICO 11 2.1. Descrição da Síndrome de Burnout 12 2.2. Histórico da Síndrome de Burnout 16 3. SEÇÃO 2 – A SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFESSORES E SUAS CAUSAS 20 4. SEÇÃO 3 – ANÁLISE DO IMPACTO DA SÍNDROME EM SALA DE AULA 27 4.1. Qualidade de vida dos professores 30 5. SEÇÃO 4 – ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO PARA A SÍNDROME 33 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 38 7. REFERÊNCIAS 40 8 1. INTRODUÇÃO Em uma sociedade marcada pelas correrias do dia a dia e constantes mudanças, muitos trabalhadores acabam não cuidando da sua saúde física e mental porque falta tempo e organização, o que acaba criando situações de estresse desencadeando no indivíduo a Síndrome de Burnout (SB). Sabemos que as primeiras pesquisas sobre a Síndrome se deram predominantemente em profissionais da saúde e posteriormente em profissionais da educação, justamente pela predisposição verificada nestes grupos para o seu desenvolvimento. Neste sentido, entendemos que a rotina docente é cansativa, complexa e que exige muita responsabilidade dos profissionais para exercerem as atividades cotidianas, levando em consideração as cargas de trabalho excessivas e muitas vezes a desvalorização dos mesmos. Dentre os sintomas da SB, podemos observar a tendência do professor estar presente em sala de aula, mas, executando suas atividades de forma mecânica, automática e se sentindo esgotado profissionalmente, assim como ineficaz no seu trabalho (BENEVIDES-PEREIRA, 2012). Para Carlotto (2002): Burnout em professores é um fenômeno complexo e multidimensional resultante da interação entre aspectos individuais e o ambiente de trabalho. Este ambiente não diz respeito somente à sala de aula ou ao contexto institucional, mas sim a todos os fatores envolvidos nesta relação, incluindo os fatores macrossociais, como políticas educacionais e fatores sócios e históricos (p. 25). Desta forma mostra-se relevante a problemática deste estudo que se baseia em conhecer o que é a Síndrome de Burnout e quais as estratégias de enfrentamento que podem ser utilizadas quando se trata da Síndrome nos professores. Sendo assim, partimos da hipótese de que por se tratar de um desgaste profissional a modificação no ambiente de trabalho e o acompanhamento psicológico auxiliam na melhora da SB e na qualidade de vida docente, uma vez que ao estudarmos sobre a mesma e proporcionarmos mudanças no cotidiano do trabalhador consequentemente sua qualidade de vida melhorará. Logo, a presente pesquisa tem como objetivo geral apresentar as estratégias de enfrentamento da Síndrome de Burnout em professores e, como objetivos específicos tem o intuito de descrever a Síndrome e suas principais causas, analisar 9 o impacto dela nos professores em sala de aula e por fim propor estratégias para enfrentá-la. Portanto, justificamos a escolha deste tema a partir de participações em eventos acadêmicos que despertaram nosso interesse sobre a temática. Observando a atuação profissional dos trabalhadores podemos ver que a Síndrome de Burnout é de grande interesse para nossa pesquisa por se tratar de um tema tão relevante, delicado e ainda pouco conhecido. Buscando solucionar as diversas dúvidas a respeito da Síndrome podemos apresentar estratégias para que os professores enfrentem esta, diminuindo os problemas e com mais conhecimento a mesma poderá ser diagnosticada e tratada com mais precisão melhorando a qualidade de vida dos professores. A pesquisa consiste em uma revisão bibliográfica que foi desenvolvida a partir de materiais já publicados, tratando-se de um estudo de revisão que utiliza da pesquisa bibliográfica para estudos sobre o tema Síndrome de Burnout em professores e suas possíveis estratégias de enfrentamento. Segundo Boccato (2006): A pesquisa bibliográfica busca a resolução de um problema por meio de referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo várias contribuições científicas. Esse tipo de pesquisa trará subsídios para o conhecimento sobre o que foi pesquisado, como e sob que enfoque e/ou perspectivas foi tratado o assunto apresentado na literatura científica (p.266). Para a realização deste trabalho foram definidos artigos científicos e livros publicados entre os anos de 2002 a 2019, localizados em publicações disponíveis no Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), no Google Acadêmico e em livros. Foi realizada uma leitura minuciosa dos materiais dos autores Benevides-Pereira (2012), Meister (2012), Carlotto (2002), Fontana (2002), Câmara (2008) entre outros, verificando se estes condizem com os objetivos de estudo do trabalho e uma interpretação do que os autores evidenciaram em seus estudos. Portanto, essa pesquisa bibliográfica tem o intuito de apresentar o que é a Síndrome de Burnout e quais as estratégias de enfrentamento por meio da pesquisa qualitativa a fim de compreendê-la, verificar as hipóteses e expor as discussões acerca do resultado apresentado. 10 Desta forma, definimos a organização deste trabalho a partir de seis seções: a presente introdução, cuja qual apresenta os objetivos, justificativa, problema, hipótese e metodologia adotados para o desenvolvimento da pesquisa. A segunda seção trata-se da descrição e um histórico da Síndrome de Burnout, a terceira expõe as causas desta Síndrome em professores, a quarta analisa o impacto dela em sala de aula, a quinta propõe estratégias de enfrentamento e por fim a sexta seção trata das considerações finais do trabalho. 11 2. SEÇÃO 1 – A SÍNDROME DE BURNOUT E SEU HISTÓRICO Compreende-se que atualmente o processo de globalização1 vem expandindo os papéis do professor, com novos desafios e exigências, que muitas vezes ocasionam sentimento de insegurança, medo, ansiedade e baixa autoestima, sentimentos que causam cada vez mais a problemas de saúde física e mental. Afinal “a globalização, os avanços tecnológicos, a necessidade de atualizar-se em cursos de capacitação, podem ser promotores da qualidade do processo ensino/aprendizagem, mas ao mesmo tempo podem ser fontes de stress” (BENEVIDES-PEREIRA et al., 2008, p.4871). Neste contexto, sabemos que quando o trabalhador apresenta altos níveis de estresse pode sofrer um esgotamento emocional e até mesmo físico, desgastando-se com pensamentos negativos e pessimistas. Quando esses sentimentos são associados ao esgotamento causado por fracassos constantes, são intensos e não melhora, o indivíduo fica vulnerável ao surgimento da Síndrome de Burnout – SB – permeada pelo desgaste profissional em seu trabalho (MORAES CRUZ et al., 2010). Esta síndrome acomete profissionais de várias áreas, mas, os mais frequentes são profissionais da saúde e educação, em que as profissões exigem altas demandas emocionais e interações intensas. Sabemos que a SB não é apenas o estresse, mas um dos componentes é ele, essencialmente causado por uma resposta fisiológica às pressões excessivas, onde o corpo tenta se adaptar as pressões do dia a dia e conseguir dominá-las por um determinado tempo (FONTANA, 2002). Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) a profissão docente é conhecida como uma das mais estressantes e favorável ao desenvolvimento da SB atualmente, onde o docente quando inicia sua carreira está apresentando um grande entusiasmo e empenho, mas ao se deparar com diversos obstáculos, muitas vezes desanimadores e estressantes, tendem a se esgotar em seu ambiente de trabalho e fora dele, acreditando que seus esforços não são proporcionais às suas recompensas, o que pode ocasionar uma certa apatia, desânimo, desumanização e até mesmo problemas sérios de saúde (CARLOTTO; MORAES, 2010). Portanto, deve-se considerar que “Burnout em professores pode ser conceitualmente definido dentro de 1 O processo de globalização se relaciona ao modelo econômico capitalista em prol de transformar todas as esferas no âmbito econômico, político, social e cultural, onde o mesmo ocorre em grande escala levando consequências distintas para os países, sendo os mais ricos melhores beneficiados (CACCIAMALI, 2000). 12 uma abordagem interacional e considerado o resultado da interação entre intenções e ações individuais do professor e suas condições de trabalho” (SLEEGERS, 1999 apud CARLOTTO, 2002, p. 26). Por causa da SB o docente sente-se exausto, desmotivado e começa a apresentar atitudes desumanas em seu convívio com os estudantes, por isso sua mediação fica totalmente comprometida, uma vez que, o trabalhador acometido pelo Burnout pode se tornar cínico e irônico não demonstrando importância alguma com seu aluno. “A desumanização é um elemento constitutivo da síndrome de Burnout, é um aspecto que a diferencia de outros transtornos e que não está presente, por exemplo, no estresse ou na depressão” (BENEVIDES-PEREIRA, 2012, p.16). No início a síndrome pode não ser percebida, ela acontece aos poucos, um processo de acumulação de diferentes sinais alertando que seu trabalho está sendo afetado e sua vida pessoal também, podendo ser um quadro temporário ou algo permanente. O processo de desenvolvimento do Burnout é individual e sua evolução pode levar anos e até mesmo décadas. Seu surgimento é paulatino, cumulativo, com incremento progressivo em severidade, não sendo percebido em sua fase inicial pelo indivíduo, que, geralmente, se recusa a acreditar estar acontecendo algo errado com ele (MAZON; CARLOTTO; CÂMARA, 2008, p. 57). Partindo dessas premissas, optamos por detalhar nessa seção o que é Síndrome de Burnout e um breve histórico sobre a mesma, com o intuito de que cada vez mais os profissionais reconheçam a SB, seus sintomas e o que de fato está acontecendo em sua vida, procurando meios e estratégias para enfrentar a Síndrome caso esteja passando por ela e buscar sempre melhorar sua qualidade de vida, pois fica muito mais fácil quando se sabe o que tem, e quais estratégias auxiliam no enfrentamento e diminuição dos seus problemas e dificuldades. 2.1. Descrição da Síndrome de Burnout Pode-se afirmar que a Síndrome de Burnout “é uma forma de resposta ao estresse na tentativa de sobreviver às dificuldades e sintomas advindos do mesmo” (BENEVIDES-PEREIRA, 2012, p. 159). Trata-se de um fenômeno psicossocial caracterizado como resposta aos níveis de estresse que o trabalhador é exposto em 13 seu ambiente de trabalho diariamente. Ao contrário do que muitos pensam, Burnout não pode ser considerado um estresse psicológico, e sim um retorno a todas as fontes desses estressores vinculadas às relações sociais que são estabelecidas em um determinado lugar (CARLOTTO, 2014). Nessa perspectiva é relevante apresentarmos o conceito de estresse, para que o mesmo não seja confundido com a SB. Segundo Mondardo e Pedon (2005) o estresse se baseia em paralelas reações do organismo que aparecem quando o indivíduo é exposto a estímulos que o irritam, amedrontam ou entristecem o mesmo. Esses comportamentos possuem componentes que modificam de forma rápida e profunda o seu corpo, de maneira física ou psicológica, quando o mesmo entra em contato com o estresse, este é apenas um modo do organismo lidar com essas situações, variando de pessoa para pessoa. Compreende-se que o estresse tem dois lados, um positivo e outro negativo, o primeiro simboliza os desafios que o indivíduo terá que percorrer, passando por alegrias, tristezas, medos e inseguranças para alcançar algum objetivo. Nesse caso, é necessário o estresse para os manter alerta e disposto a enfrentar as adversidades, pois sem elas sua vida talvez não teria o mesmo valor. Em contrapartida, temos o lado oposto, onde o estresse é representado por diversos estímulos que fazem com que o trabalhador tenha que suportar exigências, tanto físicas como psicológicas, e aguentar suas consequências, o que muitas vezes leva ao mesmo desenvolver doenças, afinal ter que suportar cargas excessivas e saber lidar com elas da melhor forma possível é um grande desafio para todos (ROSSI, 1991 apud MONDARDO e PEDON, 2005). O estresse pode influenciar em três esferas da saúde do trabalhador: comportamental, emocional e cognitiva. Logo, o mesmo desenvolve o aumento de tensões físicas e psicológicas, a redução de interesses e animação, assim como um certo bloqueio na memorização, entre outros (MONDARDO e PEDON, 2005). Partindo desse princípio, quando o estresse ocupacional se torna crônico fortalece as chances do profissional desenvolver a Síndrome de Burnout, uma vez que, a mesma envolve as emoções, atitudes e comportamentos, e a maneira como o indivíduo lida com elas. O Burnout é a resposta a um estado prolongado de estresse, ocorre pela cronificação deste, quando os métodos de enfrentamento falharam ou foram insuficientes. Enquanto o estresse pode apresentar aspectos positivos ou negativos, o Burnout tem sempre um caráter negativo (distresse) [...] (BENEVIDES-PEREIRA, 2002a, p. 45-46). 14 Percebe-se que não há um consenso entre autores sobre a definição do que é a SB de fato. Entretanto Benevides-Pereira (2002) salienta que grande parte dos autores entendem a síndrome como um aspecto do meio laboral, sendo o resultado do estresse ocupacional crônico, que apresenta consequências negativas para o profissional que está em contato direto e interagindo com pessoas, ou seja, acomete principalmente trabalhadores da área da saúde e educação. Com isso, a SB reflete na esfera social, individual, profissional e familiar do trabalhador, além de se tornar cada vez mais um fator de preocupação, pois tem sido descrito um aumento significativo da prevalência da SB pelo Ministério da Saúde do Brasil, que resolveu incluir essa síndrome no capítulo 10 do livro “Doenças Relacionadas ao Trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde”, definindo a mesma como: A sensação de estar acabado ou síndrome do esgotamento profissional é um tipo de resposta prolongada a estressores emocionais e interpessoais crônicos no trabalho. Tem sido descrita como resultante da vivência profissional em um contexto de relações sociais complexas, envolvendo a representação que a pessoa tem de si e dos outros. O trabalhador que antes era muito envolvido afetivamente com os seus clientes, com os seus pacientes ou com o trabalho em si, desgasta-se e, em um dado momento, desiste, perde a energia ou se “queima” completamente. O trabalhador perde o sentido de sua relação com o trabalho, desinteressa-se e qualquer esforço lhe parece inútil (BRASIL, 2002, p.191). Maslach e Jackson (1981) definiram a Síndrome de Burnout como um constructo formado por três dimensões que, envolvem a exaustão emocional, despersonalização e baixa realização no trabalho. A primeira refere-se diretamente a uma sobrecarga emocional, interligada ao estresse e sentimento de esgotamento, tanto físico como mental do indivíduo, onde este acredita não ter mais forças e energia para realizar as atividades cotidianas (BENEVIDES-PEREIRA, 2012). “[...] A partir de então, as pessoas acometidas sentem gradativa redução de sua capacidade de produção e vigor no trabalho” (RUVIARO; BARDAGI, 2010, p.197). Posteriormente, existe também a despersonalização, revelando comportamentos cínicos, irônicos, desprovidos de interesses e envolvimentos com o outro e a decrescente realização pessoal em atividades ocupacionais, relacionada à insatisfação e sentimento de ineficiência reduzindo cada vez mais sua autoestima, uma vez que o indivíduo se vê cercado de sentimentos negativos, e começa a se isolar dos outros, o que desencadeia uma instabilidade emocional, passando a não ver mais 15 o outro como ser humano e assim começa a tratá-lo com indiferença (BENEVIDES- PEREIRA, 2012). Logo, temos a terceira dimensão, relacionada a baixa realização pessoal no trabalho, caracterizada pelo fato de o sujeito perder grande parte do interesse pelo seu emprego, onde as coisas não têm mais a mesma importância e quaisquer esforços pessoais são inúteis. É nesse ponto em que surge o sentimento de incompetência tanto pessoal como profissional, onde o trabalhador tende-se a avaliar seus comportamentos de forma negativa, abalado pela sua baixa produtividade e desempenho (BENEVIDES-PEREIRA, 2012). O processo de desenvolvimento da Síndrome de Burnout se caracteriza pelo seguinte percurso: primeiramente o entusiasmo e a dedicação cedem lugar à frustração e raiva como resposta a estressores pessoais, ocupacionais e sociais que, por sua vez, levam à desilusão quanto às atividades de ensino trabalhando ainda eficiente, mas mecanicamente, levando à diminuição da produtividade e da qualidade do trabalho. Depois há uma vulnerabilidade pessoal cada vez maior com múltiplos sintomas físicos (dores de cabeça, hipertensão arterial, etc.), sintomas cognitivos (“a culpa é dos alunos”, e eu “preciso cuidar de mim”) e emocionais (irritabilidade, tristeza) os quais se não forem tratados aumentam até alcançar uma sensação de esvaziamento e de “não ligar mais” (BENEVIDES-PEREIRA et. al., 2008, p. 4872). No entanto, o autor Gil Monte (2005 apud Diehl e Carlotto, 2014) realizou estudos qualitativos e elaborou um modelo de dimensões da SB, semelhante ao desenvolvido por Maslach e Jackson (1981), porém, com uma dimensão a mais, a da culpa. Esse modelo é composto pela ilusão do trabalho, desgaste psíquico, indolência e culpa, a primeira refere-se ao profissional que muitas vezes inicia em seu ramo com um grande entusiasmo e expectativas individuais de atingir objetivos para se satisfazer, porém, esquece da verdadeira realidade que o cerca, criando uma certa ilusão a respeito disso. Em seguida, temos o desgaste psíquico evidenciando a exaustão emocional e física, e o sofrimento do indivíduo ao trabalhar em um local onde muitas vezes é necessário se adequar à situações não esperadas, que em teoria não existem, mas na prática são necessárias, exigindo muito esforço do mesmo, o que acaba desgastando sua mente e corpo. Depois, contamos com a indolência permeada por atitudes de insensibilidade com o outro, indiferença, falta de ação e até mesmo ausência de dor, não se importando com as pessoas que precisam dele em seu ambiente de trabalho. Por 16 último temos o sentimento de culpa, envolvendo o seu próprio julgamento negativo, se culpabilizando por ter determinadas atitudes e comportamentos que não são considerados normais em seu papel como profissional. Nesse modelo, o autor separou dois tipos de perfil de Burnout, um que se caracteriza por profissionais com diversos comportamentos e atitudes ligadas ao estresse laboral, mas que ainda conseguem trabalhar com esse sentimento de mal-estar, realizando suas atividades de forma mediana, onde poderiam atuar melhor, e outro que envolvem um maior comprometimento físico e emocional, levando muitas vezes esse profissional para um estágio de incapacidade total de trabalhar (DIEHL; CARLOTTO, 2014). Os sintomas desenvolvidos através da SB podem ser subdivididos em quatro diferentes grupos de acordo com Benevides-Pereira (2012), cujo, quais são os físicos que envolvem fadigas constantes, enxaquecas, perturbações gastrointestinais, distúrbios de sono, dores musculares, dentre outros. Os psíquicos englobam alterações na memória, autoestima baixa, impaciência, falta de atenção e concentração, desânimo, paranoias, dentre tantos outros. Ainda há os sintomas comportamentais com atitudes negligentes, agressividade, comportamentos de alto risco e perda de iniciativa, assim como os defensivos envolvendo o isolamento, sentimento de onipotência, ironia, cinismo e perda de interesse no trabalho. Não é necessário que todos estes sintomas estejam presentes, pois irá depender da fase do processo em que se encontre a síndrome, da predisponibilidade e características pessoais, bem como da intensidade e conjunção de agentes estressores presentes no ambiente ocupacional (BENEVIDES-PEREIRA et. al., 2008, p.4873). Portanto, compreendemos que nem todos os sintomas podem estar presentes, sendo necessário o conhecimento de cada um desses e como os mesmos podem se desenvolver em cada pessoa dependendo de suas características pessoais e o ambiente em que o indivíduo trabalha. 2.2 Histórico da Síndrome de Burnout Sabe-se que na Antiguidade, havia uma concepção diferente sobre o trabalho, ele era associado às atividades daqueles que perderam a liberdade, e estavam predestinados ao sofrimento, punição e infelicidade e a mesma relacionava o trabalho 17 à experiências dolorosas e até mesmo enquanto castigo, por não ter a liberdade. Essa ideia perpassou a história da civilização e o trabalho só foi visto como emprego assalariado na Era Moderna (WOLECK, 2014). Partindo desse princípio, por meio dos nossos estudos vimos que por muitos anos o trabalho foi permeado por conceitos negativos relacionados à castigo ou algo ruim que o ser humano precisava fazer, com isso constatamos uma estreita ligação entre as concepções de antigamente e a Síndrome de Burnout que de fato se trata de um estresse crônico causado no ambiente de trabalho. O termo Burnout ou Burn-out é muito antigo e no vocabulário popular inglês significa esgotamento, queimar todas as energias, alguém que perdeu toda sua força e parou de funcionar por não ter mais condições físicas ou mentais para continuar. Há estudos que analisam a utilização desse termo por volta de 1953 em um estudo de casos de Schwartz e Will que traziam os problemas de uma enfermeira em seu trabalho, conhecido como “Miss Jones” e em 1960 com o “A Burn Out Case” escrito por Graham Greene, um arquiteto que descreveu uma problemática em torno do seu abandono profissional por estar esgotado tanto fisicamente quanto psicologicamente (SCHMITIZ, 2015). Entretanto apesar de haver indícios de que o termo já foi utilizado anteriormente, Benevides-Pereira (2012) afirma que: Esta síndrome começou a ser estudada na década de 70, nos Estados Unidos, difundindo-se mundialmente nos anos posteriores. O artigo que provocou maior impacto e propagação do burnout foi o de Freudenberger (1974), levando muitos pesquisadores a estudarem seus sintomas, causas e consequências. No entanto, a concepção mais aceita é a das psicólogas sociais Christina Maslach e Suzan Jackson (1981; 1986), que definem esta síndrome como um constructo multidimensional, constituído por exaustão emocional, despersonalização e reduzida realização pessoal no trabalho (p. 159). Desta forma, as primeiras pesquisas não apresentavam um caráter científico, uma vez que, eram experiências pessoais dos trabalhadores, sem muitos estudos e comprovações na área, portanto as pesquisas de Freudenberger (1974) se destacaram por, se basear em observações de acadêmicos em Medicina que na maioria das vezes desenvolviam depressão, fadiga e sentimento de esgotamento por conta da quantidade de trabalho que tinham que lidar e seus demais problemas, e a partir disso que o mesmo desenvolveu a hipótese de que o desgaste de energia era o que desencadeava a síndrome e pesquisou a respeito disso, então seus estudos 18 foram considerados os primeiros sobre a Síndrome de Burnout. Foi só no final da década de 70 que os estudos nessa área começaram a ser mais elaborados com pesquisas e instrumentos que pudessem estudar os problemas e como solucioná-los (CARLOTTO; CÂMARA, 2004). Em 1976 a psicóloga norte-americana Christina Maslach pesquisou a fundo sobre a síndrome, e em seus estudos foi pioneira ao perceber que os profissionais com a SB tinham atitudes negativas e se distanciavam das demais pessoas como forma de responder a todas as tensões do dia a dia, estresse e demais ocorrências no ambiente de trabalho. A mesma complementou o conceito de Freudenberger (1974) sobre as duas dimensões, exaustão emocional e despersonalização, criando uma terceira que relaciona-se a realização profissional no trabalho e como os indivíduos se relacionam com o lugar, esta foi a teoria mais bem aceita, uma vez que as três dimensões estariam interligadas, mas ao mesmo tempo independentes uma da outra (ALVES, 2017). Após seus estudos em centenas de trabalhadores Maslach criou o Maslach Burnout Inventory (MBI), que “é um instrumento utilizado exclusivamente para a avaliação da síndrome, não levando em consideração os elementos antecedentes e as consequências de seu processo” (CARLOTTO; CÂMARA, 2004, p. 501). Logo, o MBI faz uma avaliação do profissional de acordo com as três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e realização profissional medindo a intensidade e a frequência das respostas. Vale ressaltar que no início os estudos tinham como alvo os profissionais da saúde, entretanto na década de 80 surgiram resultados alarmantes da SB em profissionais de outras áreas, como educação e assistência social que estavam em contato direto com pessoas, inclusive em indivíduos que aparentemente não tinham nem um problema relacionado ao seu ambiente de trabalho, portanto Maslach e Jackson se empenharam em estudar cada vez mais a síndrome, concluindo que a mesma era uma resposta ao estresse ocupacional crônico. Esses dados cresceram o interesse dos pesquisadores por esse campo nas últimas décadas, focando em modificações na qualidade de vida do profissional seja da saúde, da educação ou social, buscando maneiras de prevenir a SB (BENEVIDES-PEREIRA, 2002). Na perspectiva da autora Paganini (2011), a construção do conceito da SB pode ser tratada a partir de quatro perspectivas; a clínica, social-psicológica, organizacional e social-histórica. A primeira refere-se à proposta de Herbert 19 Fredenberger, que em 1974 procurou entender através de seus estudos, a origem da síndrome, assim como seus sintomas, tratamentos e evoluções nos pacientes, acreditando que a mesma atinge grande parte dos profissionais que trabalham em contato frequente com outras pessoas. Já na visão social-psicológica inserida por Cristina Maslach, a mesma investigou o ambiente de trabalho dos indivíduos e sua implicação na SB identificando que este era um dos principais pontos que contribuíam para o estresse e consequentemente para a síndrome. Além do mais, a visão organizacional de Cary Cherniss, fortaleceu o modelo visto anteriormente quando enfatiza que a maneira como os processos organizacionais do serviço ocorre, podem gerar a SB como um mecanismo de enfrentamento contra todos os estresses e frustrações que ocorrem no ambiente de trabalho. Por fim, a social-histórica introduzida por Seymour Sarason em 1983 pontua que a sociedade influencia muito na ocorrência da síndrome, mais do que as questões próprias do indivíduo ou organizações de trabalho, uma vez que, a mesma impõe um modelo a ser seguido e muitas vezes esse não favorece os profissionais em seu serviço e acabam por facilitar o desenvolvimento da SB (PAGANINI, 2011). Partindo dessas premissas, optamos por detalhar na seção a seguir as principais causas da SB nos professores, buscando compreender os motivos pelos quais os mesmos se sentem desvalorizados, estressados, cansados e até frustrados em sua profissão, muitas vezes progredindo para um estresse crônico por conta do seu trabalho e que pode levar a desenvolver a síndrome. 20 3. SEÇÃO 2 - A SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFESSORES E SUAS CAUSAS Sabemos que ao longo do tempo o processo do trabalho docente sofreu profundas transformações envolvendo a imagem do professor perante a sociedade, assim como suas condições de trabalho e valorização. Desta forma, diversas atribuições começaram a ser impostas extrapolando o seu papel enquanto docente, cujas quais, são trabalhos administrativos, atividades extraescolares, cuidados com o patrimônio escolar, entre outras, fazendo com que essas condutas repercutam na saúde física e mental dos trabalhadores de forma negativa (CARLOTTO; PALAZZO, 2006). Compreendemos que o neoliberalismo influencia a organização da educação, uma vez que tira a mesma do campo social e político para ingressar no campo do mercado do trabalho e suas funções semelhantes, envolvendo as técnicas de gerenciamento e organização voltados para uma gestão empresarial, enxergando os pais e alunos enquanto consumidores e não cidadãos (LOPES; CAPRIO, 2017). Partindo desse princípio, a escola está gradativamente assumindo papéis e atributos envolvendo uma gama de complexidades, grande número de funcionários, clientes atendidos e a função de organizar tudo isso da maneira correta. Portanto há exigências de que os professores assumam cada vez mais novas funções, que demandam uma série de competências e habilidades para ensinar o seu aluno, submetendo o educador a um aumento de suas responsabilidades e consequentemente um alto nível de estresse causado pelos esforços que o mesmo coloca em sua profissão e muitas vezes não é recompensado (CARLOTTO; PALAZZO, 2006). O professor, neste processo, se depara com a necessidade de desempenhar vários papéis, muitas vezes contraditórios, que lhe exigem manter o equilíbrio em várias situações. Exige-se que seja companheiro e amigo do aluno, lhe proporcione apoio para o seu desenvolvimento pessoal, mas ao final do curso adote um papel de julgamento, contrário ao anterior. Deve estimular a autonomia do aluno, mas ao mesmo tempo pede que se acomode às regras do grupo e da instituição. Algumas vezes é proposto que o professor atenda aos seus alunos individualmente e em outras ele tem que lidar com as políticas educacionais para as quais as necessidades sociais o direcionam, tornando professor e alunos submissos, a serviço das necessidades políticas e econômicas do momento (MERAZZI,1983 apud CARLOTTO, 2002, p.23). 21 Constatamos que esse aumento de exigências e responsabilidades sobre os professores modificaram os papéis que os mesmos estavam acostumados a exercer, e consequentemente impôs uma série de requisitos que eles devem seguir para se tornar um profissional qualificado atualmente, porém grande parte se esquece de que submeter ritmos de trabalho acelerados, desvalorização, grande número de alunos por sala com uma infraestrutura inadequada e por fim um salário que não condiz com a profissão, são fatores que aumentam cada vez mais as chances desses educadores desenvolverem a Síndrome de Burnout (CARLOTTO, 2002). Neste contexto o docente sofre com a falta de tempo para além da rotina, muitas vezes se pega trabalhando fora do horário de expediente, além de não ter tempo para lazer com a família ou até mesmo se atualizar profissionalmente, não tendo uma boa qualidade de vida. Mesmo com as diversas condições precárias e o estresse contínuo os professores ainda se esforçam para continuar em sua profissão, uma vez que compreendem a importância do seu trabalho, porém essa rotina cansativa, estressante e altamente desvalorizada desgasta todas as forças dos educadores dia após dia (CODO, 2002). Desta forma, a SB em profissionais da educação vem crescendo a atenção de diversos pesquisadores, em busca das possíveis causas desta síndrome nos professores, isso ocorre porque essa profissão já é considerada uma das que mais apresentam alto risco de incidência, em virtude das mudanças nos papéis dos profissionais, altos níveis de estresse a que são submetidos, além da baixa qualidade de vida que o mesmo leva (CARLOTTO; DIEHL, 2014). Sabemos que a SB é resultante das interações dos indivíduos e seu ambiente de trabalho, seja na sala de aula ou fora dela, o professor cumpre junto a escola um papel essencial na socialização do sujeito que está formando, estando nítido que seu desempenho depende de suas condições físicas e mentais, e que o seu aluno o vê enquanto uma referência, um exemplo a ser seguido. Partindo desse princípio, é necessário que o educador tenha uma alta qualidade de vida, assim como sua saúde tanto física quanto mental estejam apropriadas para lecionar (CARLOTTO, 2011). No trabalho docente, alguns estressores são típicos da natureza da função e outros são ocasionados pelo contexto em que o mesmo se realiza. O impacto dos fatores estressantes sobre profissões que requerem condições de trabalho específicas, com grau elevado de relação com o público, como a do professor, tem sido estudado pela comunidade científica internacional sob a denominação de Síndrome 22 de Burnout (SB) sendo que, no Brasil também é conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional (MAZON; CARLOTTO; CÂMARA, 2008, p.57). Compreendemos que a SB em profissionais da educação aparece aos poucos, primeiramente com sensação de inadequação ao trabalho que realiza, além de diminuição de capacidade para resolver problemas no ambiente educacional, e assim vai se constituindo paulatinamente até chegar à fase final de um processo desgastante, onde o trabalhador carece de tempo suficiente para realizar as atividades e continuar sua formação necessária, e sente-se cada vez mais exausto emocionalmente e fisicamente, fazendo com que o mesmo comece a apresentar atitudes negativas em relação à seus alunos e sua profissão como um todo (MORENO – JIMENEZ et al., 2002). Desta forma, geralmente os docentes que desenvolvem a Síndrome de Burnout no início apresentam uma grande vontade e energia para exercer sua profissão, porém quando o mesmo percebe que a prática não é exatamente igual tudo o que estudou em teoria ele se frustra por não obter recompensas ao fazer o seu trabalho da melhor forma possível. Logo, o professor começa a se desanimar e questionar se realmente é isto o que escolheu para sua vida, sendo nesse momento em que aparecem os sintomas de irritabilidade e baixa autoestima, além do desejo de abandonar seu trabalho, podendo perder o sentido de tudo, até mesmo de sua vida (SILVA, 2006). Entendemos que são inúmeras as causas da Síndrome de Burnout em professores, resultantes do sentimento de fracasso que o trabalhador apresenta ao sentir-se incapaz para modificar a realidade escolar que o cerca, e com isso o mesmo acaba desenvolvendo um certo desinteresse pelo seu emprego, se acostumando a ficar nessas condições de estresse, mudando de escola ou até mesmo abandonando tudo, por achar que essa é a única solução. Entretanto, percebe-se a necessidade de um maior aprofundamento acerca dessas questões, uma vez que, mesmo com uma grande dedicação ao seu trabalho, sendo um profissional criativo, afetivo e inovador para ajudar os seus alunos, muitos docentes estão desenvolvendo a SB (SILVA, 2006). Sabemos que ensinar é altamente estressante e muitas vezes isto repercute no desempenho do profissional compreendendo que as manifestações da Síndrome de Burnout em professores apresentam sintomas individuais e profissionais, onde os 23 trabalhadores sentem-se emocionalmente e fisicamente exaustos, irritados, tristes e ansiosos. O uso do giz pode provocar irritações e alergias na pele e nas vias respiratórias; falar muito e grande parte das vezes com o tom de voz alterado pode provocar problemas nas cordas vocais dos professores e, além disso, ficar em pé por muito tempo acomete a problemas circulatórios e musculares (ACHKAR, 2013). Estes sintomas associados a frustrações emocionais podem causar doenças psicossomáticas, tais como a insônia, úlceras, hipertensão e fortes dores de cabeça, o que muitas vezes leva ao indivíduo que apresenta estes sintomas abusar no uso do álcool e medicamentos (CARLOTTO, 2002). Em meio a demandas constantes e intensas do trabalho docente, os educadores recebem salários baixos, sendo obrigado a lecionar em várias escolas e mais de um turno, sacrificando muitas vezes seu horário de descanso e lazer, assim como sua vida pessoal, que fica totalmente afetada, pois há uma sobrecarga de trabalho que exigem finais de semanas e noites sem dormir para preparar aulas e corrigir provas e trabalhos, onde cada vez mais “as exigências diárias do trabalho, da família e outros fatores presentes na rotina de cada indivíduo, corroem a energia e o entusiasmo destes” (MEISTER, 2012, p.10). As diversas salas lotadas, muitas vezes com alunos desinteressados ou indisciplinados, assim como aqueles com necessidades especiais que precisam de uma atenção e principalmente de uma formação adequada para trabalhar com eles, a violência presente na escola e fora dela e os diversos conflitos são algumas das variáveis que possibilitam gerar a SB (BENEVIDES-PEREIRA, 2012). Os professores têm o desafio contínuo de manter o controle da classe. Eles levam grande parte desse trabalho para casa, o que torna difícil relaxar no final do dia. Ficam expostos à crítica dos supervisores, dos pais, dos diretores, da mídia e dos políticos locais e nacionais. Tem poucos recursos e oportunidades para realizar uma reciclagem regular e extensa. São afetados emocionalmente pelos sucessos e fracassos de seus alunos (FONTANA, 2002, p.473). Em relação às condições físicas e os recursos pedagógicos que auxiliam o ensino do professor vemos escolas com situações extremamente precárias, sem ter materiais para trabalhar com os alunos, os professores acabam tendo que participarem de rifas para acarretar fundos para seu colégio, muitas vezes comprar coisas com seu dinheiro quando na verdade isto devia ser responsabilidade do poder 24 público, se deparam também com a falta de envolvimento dos pais nas questões educacionais de seus filhos e a pressão psicológica sofrida pela escola. Segundo Benevides - Pereira (2012, p.166) “se não houver investimento no professor, conferindo-lhe salário digno, condições adequadas de trabalho e resgatando seu prestígio junto à sociedade, dificilmente a situação aqui exposta será modificada”. A SB acomete estes profissionais, pois, muitos não visualizam mais perspectivas em seu ambiente de trabalho, vivem em uma rotina cansativa e estressante que chegam ao ponto de desenvolverem a Síndrome, pois, estão em um estágio de exaustão, isto acontece principalmente com aqueles docentes idealistas e que no início de sua carreira estão entusiasmados com sua profissão, geralmente são bem comprometidos com o emprego e se envolvem com intensidade nas atividades, uma vez que, encontra-se com estas condições materiais e físicas acabam se sentindo desapontados e não recompensados pelos seus esforços (BENEVIDES- PEREIRA, 2012). Muitos professores não visualizam perspectivas em seu trabalho, não examinam seu sucesso profissional, sua competência e a satisfação que obtêm com ele. Trabalham estabelecendo uma rotina, esquecendo-se de atividades extraprofissionais e de lazer, não criando um estilo de vida saudável (MAZON; CARLOTTO; CÂMARA, 2008, p.57). Pesquisas apontam que “professores com menos de 40 anos apresentam maior risco de incidência, provavelmente devido às expectativas irrealistas em relação à profissão” (CARLOTTO, 2002, p.25). Estes professores saem da faculdade com o sentimento de que podem fazer tudo de acordo com as teorias que lhe são apresentadas, porém na prática tudo muitas vezes é diferente, eles são extremamente cobrados, sofrem críticas quando fracassam, e quando obtêm sucesso raramente são reconhecidos, sentem-se ineficazes e acreditam que não realizam bem o seu trabalho, por isso é necessário que os mesmos sejam reconhecidos e consigam sentir-se realizados em seu ambiente de trabalho, uma vez que, “o indivíduo que consegue realizar sua atividade profissional de forma satisfatória não apenas para o empregador, mas, para ele próprio, terá como recompensa o sentimento de dever cumprido” (MEISTER, 2012, p.22). Outro fator que contribui para a SB de forma significativa é a desvalorização dos professores, resultante do contexto histórico em que estão inseridos, onde o 25 profissional da educação se depara com situações que o desequilibram e propiciam sentimentos negativos relacionados ao seu ambiente de trabalho. Esses acontecimentos estão relacionados à baixa remuneração salarial, problemas decorrentes da organização e coordenação do local de serviço, sobrecarga de atividades laborais, sem ter tempo para horas de lazer e ainda uma inadequação entre a formação e a prática docente (SILVA, 2006). Realizando uma análise acerca da escola, compreendemos que a mesma ainda apresenta muito tradicionalismo, salas de aula com carteiras enfileiradas e um currículo que não está próximo à realidade, muitas vezes alienante para seus alunos. Esse contexto faz com que cada vez mais o docente tenha que se desdobrar para ser inovador, criativo e dinâmico em seu ambiente de trabalho, consequentemente o mesmo se encontra sobrecarregado, passa horas planejando aulas para o dia seguinte e não recebe a merecida valorização e um salário condizente com seu esforço (SILVA, 2006). Desta forma, estudos apontam que a SB não surge apenas a partir do docente e sim de fatores que se encontram no ambiente de trabalho do indivíduo, cujo quais são separados em três níveis: micro, meso e macrossociais, que segundo Cardoso e Andrade (2012): Os fatores microssociais seriam aqueles situados dentro da atividade profissional, ou seja, comprometimento, relacionamentos profissionais, fatores de interação com os alunos e na relação com os pais pelas expectativas ao seu trabalho de docência. Os fatores intermediários envolvem as políticas institucionais, aspectos éticos, aspectos culturais do professor e dos alunos, e os macrossociais seriam todas as forças derivadas das tendências globais e políticas governamentais [...] (CARDOSO; ANDRADE, 2012, p.135). Vale ressaltar que problemas como desmotivação dos educandos, conflitos e violência na sala de aula, indisciplina, falta de infraestrutura e recursos, turmas com um número elevado de alunos associados à pressão excessiva por parte da coordenação, de famílias e a sociedade de um modo geral, facilitam o desenvolvimento da SB em profissionais da educação. Muitas vezes os mesmos não tem o prestígio de sua profissão e aquele reconhecimento que almeja, além de ter diversos problemas para resolver, fazendo desta realidade muito propicia para o 26 estresse e desgaste emocional do educador (GARCIA; BENEVIDES-PEREIRA, 2003). Constatamos que a satisfação do professor em seu ambiente de trabalho está atrelado à qualidade de experiência que o mesmo irá ter e seu desejo de continuar na profissão ou não, se o mesmo se encontra desmotivado, exausto e desgastado, ele está cada vez mais próximo de ser acometido pela SB, uma vez que o indivíduo que se encontra feliz e satisfeito com seu emprego não terá muitos problemas, diferente do que se vê sem saídas, muitas das vezes frustrados com a profissão querendo abandoná-la (CARLOTTO, 2002). Partindo dessas premissas optamos por detalhar na seção a seguir uma análise do impacto que a Síndrome de Burnout têm em sala de aula, compreendendo que é de suma importância que além de conhecer a respeito da SB e suas causas, o mesmo entenda as suas consequências e como isso impacta na vida dos alunos e dos próprios educadores. 27 4. SEÇÃO 3 – ANÁLISE DO IMPACTO DA SÍNDROME EM SALA DE AULA Compreendemos que para um bom desempenho das atividades docentes é necessário condições emocionais favoráveis para o educador, este que é a “referência” para seu aluno em suas atitudes, caráter e maneira de tratar o outro, com dedicação, paciência e afeto, pois é na escola que os alunos poderão significar inúmeras possibilidades ou se limitar, isto dependerá muito de como ele é compreendido e visto pelo seu professor (MEISTER, 2012). A Síndrome de Burnout faz com que os professores interfiram no seu ambiente educacional e em seus objetivos pedagógicos, uma vez que, sua produtividade fica muito abaixo do seu real potencial, apresentando prejuízos em seus planejamentos de aula, pois com a perda da criatividade e do entusiasmo suas aulas ficam altamente comprometidas. “Como a situação de estresse geralmente não é combatida, o professor entra em um círculo vicioso, onde cada vez mais se estressa, pois se torna cada vez mais sensível aos estímulos estressores” (MEISTER, 2012, p.33). Os profissionais entram em um processo de alienação, desumanização e apatia querendo sempre abandonar sua profissão, e esta situação ocasiona sérios transtornos no ambiente escolar, pois estes trabalhadores muitas vezes ficam contando as horas para o dia acabar, querem que as férias se aproximem logo e se utilizam de inúmeras maneiras para não precisar ir à escola. “O professor acometido pela síndrome tem dificuldade de envolver-se, falta-lhe carisma e emoção quando se relaciona com estudantes, o que afeta não só a aprendizagem e a motivação dos alunos, mas também o comportamento destes” (CARLOTTO, 2002, p.23). Por isso, quando o trabalhador começa a sentir menos simpatia pelos estudantes e menos otimismo quanto ao futuro dos mesmos e de si próprio, ele começa a se sentir frustrado com situações cotidianas que ocorrem em sala de aula, adquire visões depreciativas e arrependidas em relação à sua profissão e isto prejudica muito o seu ambiente de trabalho e o progresso de seus alunos (ACHKAR, 2013). É sabido que um grande número de professores não sabe mais como lidar e quais atitudes tomar diante de tais situações de conflito em sala de aula. Irritados e desmotivados os professores não conseguem encontrar caminhos que proponham novas atitudes para a dinâmica do ato de ensinar (ACHKAR, 2013, p.60). 28 Desmotivados e não encontrando caminhos e atitudes corretas a se tomar, eles se sentem cada vez mais irritados, gastam muito do seu tempo reclamando da administração da instituição escolar, denegrindo seus alunos sem nenhuma preocupação com o que isto vai acarretar para os mesmos e principalmente planejando novas opções de trabalho, uma vez que, se arrependem de sua escolha profissional (ACHKAR, 2013). Carlotto (2002) ainda complementa que os “sentimentos de hostilidade em relação a administradores e familiares de alunos também são frequentes, bem como o desenvolvimento de visão depreciativa com relação à profissão” (p.24), fazendo com que os professores acometidos pela SB reclamem diversas vezes sobre seu ambiente de trabalho e não queiram mais frequentá-lo. A SB nos profissionais da educação tem uma ligação significativa com o fato de confiar uma grande expectativa em seu trabalho baseada em propósitos, tais como melhorar a sua vida e de seus familiares, e se tornar um profissional renomado e valorizado pelo que realiza em sala de aula. Entretanto, muitas das vezes essas metas não são alcançadas e os mesmos se sentem fracassados e desanimados com as situações desagradáveis. De fato essa frustração impacta diretamente em seu trabalho na escola, atingindo tanto seu lado profissional quanto pessoal (FREITAS et.al., 2018). Sabemos que as inúmeras mudanças na função do professor junto às exigências e responsabilidades fazem com que o mesmo precise aprimorar progressivamente suas habilidades e competências em relação à docência, com o intuito de não prejudicar o seu aluno por problemas relacionados à Síndrome de Burnout, uma vez que o profissional que desenvolveu a SB se torna cada vez mais desanimado, estressado e até mesmo desumano em relação ao outro (CARLOTTO, 2002). A relação professor-aluno se apresenta como o componente fundamental da atividade docente e é nessa relação que emerge a essência da função. Assim, pode ser fonte de prazer quando essa relação se estabelece de forma adequada e satisfatória, ou pode funcionar como elemento de tensão e estresse quando ocorre o contrário (CARLOTTO; PALLAZO, 2006, p.1023). Compreendemos que a relação entre professor e aluno apresenta uma grande importância e deve ser levada a sério, uma vez que, seus alunos levam para a sala de aula toda uma bagagem de experiências que já viveram e procuram na escola um 29 espaço para se expressar e obter sua liberdade. Quando o professor que está com a SB se aliena e começa a desenvolver desumanização e apatia com o outro, ele prejudica o convívio e a afetividade dessa relação, fazendo com que os alunos muitas das vezes faltem com respeito aos limites estabelecidos no ambiente escolar e principalmente com aquele docente em específico (CARLOTTO, PALLAZO, 2006). Logo, isso prejudica toda a aprendizagem e o comportamento em sala pela falta de relação e compreensão entre um e o outro, se tornando mais uma das causas pelas quais o trabalhador acaba diminuindo o sentimento de interesse e realização pessoal no trabalho. É irrefutável que o aluno para se desenvolver integralmente enquanto um cidadão participativo e emancipado necessita de profissionais que ensinem baseado na motivação e trabalhando com criatividade, dinâmica e diálogo, porém a SB faz com que os professores tenham atitudes negativas e que muitas vezes prejudicam seus alunos em sala de aula, promovendo uma relação com níveis baixos de interesse (CARLOTTO, PALLAZO, 2006). Partindo desse princípio, ao compreender a importância de uma vida com qualidade e saudável para os profissionais da educação e o impacto disso em sala de aula, optamos por detalhar em uma subseção a qualidade de vida dos professores atualmente para que haja uma reflexão sobre como está sendo esse processo de saúde emocional e física na vida dos professores e o que precisa de fato ser melhorado. 30 4.1. Qualidade de vida dos professores Compreendemos que o termo qualidade de vida é muito subjetivo e varia de pessoa para pessoa e o seu significado para a mesma, que pode variar, desde seu estado de saúde, suas metas e preocupações até os aspectos que interferem no seu cotidiano como um todo (ROCHA; FERNANDES, 2007). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS): Qualidade de vida reflete a percepção dos indivíduos de que suas necessidades estão sendo satisfeitas ou, ainda, que lhes estão sendo negadas oportunidades de alcançar a felicidade e a auto-realização, com independência de seu estado de saúde físico ou das condições sociais e econômicas (OMS, 1998). Consideramos que é necessário um ambiente de trabalho favorável ao bem- estar do indivíduo junto a relações saudáveis entre os trabalhadores e seus demais companheiros, logo, isso influencia diretamente na forma como o mesmo conduz o seu serviço. Portanto, para que essa demanda seja atendida, é essencial que o trabalhador tenha acesso a uma boa qualidade de vida que incentive possibilidades e expectativas de subir degraus em sua carreira, respeitando sua saúde mental e física, além da sua autoestima e satisfação em seu ambiente de trabalho (NASCIMENTO; PEREIRA; PEREIRA, 2013). Partindo dessas premissas, defendemos a necessidade de uma qualidade de vida para os professores junto a uma valorização dos mesmos, entretanto, nem sempre o ambiente escolar é favorável, onde suas condições não são as melhores e não há preocupação com os docentes. Por vezes a escola em que o profissional da educação trabalha possui condições precárias ou insalubres, como por exemplo, pisos soltos ou quebrados, salas não arejadas, ventilação inadequada, janelas e lousas quebradas e falta de recursos. Além disso, o professor ainda se depara com alunos e familiares agressivos, desrespeitosos e incompreensivos, o que de fato demonstra a desvalorização desse profissional e prejudica sua saúde tanto física quanto mental (PENTEADO; PEREIRA, 2007). Além disso, vale ressaltar que a saúde vocal do professor fica comprometida por conta da profissão que demanda um uso excessivo e muitas vezes inadequado da voz, por isso há casos em que o docente prejudicado já não faz o uso com frequência da mesma e isso compromete além do seu físico o seu lado psíquico. 31 Penteado e Pereira (2007) ainda dizem que: [...] Em alguns casos, desconfortos vocais como fadiga, cansaço, desgaste e perda da voz decorrentes do seu uso excessivo e inadequado na atividade docente podem levar o professor a diminuir esse uso em seu cotidiano, chegando a evitar eventos sociais ou preferir o silêncio em situações de interação familiar. Portanto, nas ações para promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida docente devem ser levadas em conta as demandas e condições de uso da voz, favorecendo a resistência vocal e o aprimoramento com maior rendimento e mínimo esforço, com vistas à saúde vocal (p.242). Ao nos depararmos com esses fatos constatamos a baixa qualidade de vida que esse profissional leva e que contribui de maneira significativa para o desenvolvimento da Síndrome de Burnout, uma vez que, o mesmo se esforça para fazer o melhor para seus alunos e em troca se depara com uma precariedade no ambiente escolar, salários baixos, sobrecargas de trabalho e uma depreciação de sua profissão, cuja qual é essencial e de extrema importância para todos. Esse conjunto de fatores afeta de modo negativo a vida do professor, seu trabalho pedagógico e seus alunos de forma direta e pode vir a refletir em sua saúde física com dores no corpo e na cabeça, ansiedade e insônia, até mesmo na necessidade de tratamentos médicos por estar tão esgotado que não consegue mais prosseguir sem ajuda profissional (PENTEADO; PEREIRA, 2007). Com a nova organização do trabalho e o rompimento da idealização do professor enquanto figura de respeito, sabedoria e admirado por toda a sociedade, vemos uma intensificação do trabalho docente e de diversas funções que devem ser cumpridas em pequenos espaços de tempo, fazendo com que o indivíduo aja de maneira muito rápida, muitas vezes desgastando a qualidade do seu serviço e sua saúde. Portanto, sabemos que “a categoria de professores encontra-se exposta a riscos de doença, tanto física como psicossociais, ao defrontarem com situações cotidianas [...]” (SILVA, 2004-2013 p. 2). As situações depreciativas afetam o cotidiano do trabalhador desequilibrando todas as suas expectativas quanto a profissão, seu trabalho pedagógico e sua saúde física e mental, ocasionando sentimentos de ineficácia, insatisfação, cansaço, ocasionando uma qualidade de vida precária, onde o professor fica frustrado, desmotivado e estressado por não conseguir mudar os rumos de sua vida e nada sair 32 como o planejado, cenário este propício ao desencadeamento da SB (SILVA, 2004- 2013). Segundo Silva (2004-2013) ao estudar o autor Gomes (2002): O autor destaca que os problemas de saúde do professor têm sido estudados no Brasil a partir da década de 1970 e constantemente é tema de questionamentos, debates e inúmeras ações trabalhistas nas diferentes instituições de ensino. Dentre os problemas de saúde é atual a discussão em torno do “estresse ocupacional” caracterizado como um desgaste anormal do organismo humano e diminuição da capacidade de trabalho [...]” (p. 4). É irrefutável a importância do profissional da educação como fator principal na vida e educação de seus alunos, portanto, é necessário que o mesmo esteja em plena satisfação pessoal, sentindo-se muito bem consigo mesmo e com o trabalho que vem desenvolvendo. Porém dificilmente o trabalhador vai se sentir confortável e estável em um emprego onde não é valorizado, é submetido à trabalhos excessivos, tem falta de reconhecimento, sem perspectivas para o futuro e descontente com sua profissão. Desse modo, compreendemos a relevância de buscarmos cada vez mais lutar pelos direitos dos professores e proporcionar aos mesmos uma vida de qualidade (SILVA, 2004-2013). Constamos que há pontos necessários a serem estudados e se possível colocados em prática na profissão para promover uma vida mais saudável e feliz, tais como, salários de acordo com o trabalho realizado, condições favoráveis, recursos adequados, uma jornada de serviço que não seja excessiva, igualdade entre os mais experientes e os demais, além de uma oportunidade de crescimento tanto profissional quanto pessoal dentro do ambiente de trabalho. Logo, uma boa qualidade de vida aos profissionais além de propiciar aos mesmos algo bom, é de fato muito interessante para o rendimento da instituição, pois, o mesmo, se torna muito mais produtivo, eficaz e saudável em seu trabalho (NASCIMENTO; PEREIRA; PEREIRA, 2013). Partindo dessas premissas, optamos por detalhar na seção a seguir algumas estratégias de enfrentamento da Síndrome de Burnout, para que os profissionais da educação entendam que não estão sozinhos e conheçam os modos como podem prevenir a síndrome de maneira eficiente. 33 5. SEÇÃO 4 – ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO PARA A SÍNDROME Compreendendo qual o conceito de Síndrome de Burnout, seus sintomas e causas, de fato é necessário abrangermos quais estratégias podemos adotar para enfrentá-la. Partindo deste princípio, sabemos da importância da prevenção e erradicação da SB não seja uma tarefa solitária e sim uma ação dos professores, alunos, instituição escolar e sociedade em prol de ajudar o indivíduo, pois o ensino em si, por mais estranho que seja muitas das vezes é uma profissão muito solitária, onde o docente necessita do apoio e encorajamento mútuo de pessoas que compreendem suas dificuldades e estão dispostas a ajudar (FONTANA, 2002). Para que os educadores que desenvolveram o Burnout consigam maneiras de enfrentar esta síndrome, buscamos por estratégias que auxiliassem nesse processo onde “[...] os indivíduos realizam uma avaliação do que está ocorrendo, a fim de que o organismo possa responder adequadamente ao estressor, solucionando-o ou amenizando-o (CHAMON; SANTOS; CHAMON, 2008, p. 6). Constatamos em nossa pesquisa o coping2 enquanto estratégias de enfrentamento que podem ser utilizadas pelo professor para se adaptar à situações cotidianas. Existem dois tipos, um focado na emoção e o outro no problema. O primeiro é focalizado na emoção e se trata de um determinado esforço que o trabalhador realizará em prol de regular o seu estado emocional associado ao estresse, tendo por objetivo reduzir a sensação desagradável. Já o segundo é focalizado no problema e abrange um esforço em prol de mudar a situação que originou o estresse alterando o problema existente entre o indivíduo e seu ambiente de tensão (MAZON; CARLOTTO; CÂMARA, 2008). Compreendemos que o coping nada mais é do que a reação que o professor terá relacionada ao estímulo estressor e quais comportamentos e esforços ele realizará para amenizar o mesmo, uma vez que, usando desse método o mesmo estará lidando com a situação da melhor maneira possível e isso muitas vezes o levará a superar desafios que apareçam em seu cotidiano, sendo de extrema importância para o trabalhador. De fato, vale ressaltar que cada caso é único, afinal temos pessoas 2 Lazarus e Folkman (1984) definem coping como os esforços cognitivos e comportamentais constantemente alteráveis para controlar, vencer, tolerar ou reduzir as demandas internas ou externas específicas que são avaliadas como excedendo ou fatigando os recursos da pessoa. A forma como a pessoa lida com as situações estressantes desempenha um importante papel na relação entre o estresse e o processo de saúde-doença (apud MAZON; CARLOTTO; CÂMARA, 2008, p.58) 34 que vão se estressar com mudanças e situações pequenas no seu dia a dia e outras que só serão afetadas quando for algo de extrema intensidade, portanto, é necessário que haja todo um processo de auxílio para esse docente de acordo com suas necessidades, buscando cada vez mais melhorar sua qualidade de vida e enfrentar esta síndrome (MAZON; CARLOTTO; CÂMARA, 2008). Ainda há estudiosos como Carver, Scheier e Weintraub (1989) que proporcionam um maior detalhamento desses enfrentamentos a partir da proposta original de Folkman e Lazarus (1984) que envolvem o coping ativo (consistindo no processo de estabelecer passos para remover ou melhorar os efeitos estressores); o planejamento, a supressão de atividades concomitantes; o coping moderado (que espera uma oportunidade para a ação restringindo a impulsividade); a busca de suporte social por razões instrumentais ou sociais; o foco na expressão de emoções, o desligamento comportamental e mental; a reinterpretação positiva, assim como usar da religiosidade como forma de aliviar a tensão (MAZON; CARLOTTO; CÂMARA, 2008). Posto isto, o coping permite encontrar diferentes formas de lidar com as situações que ocorrem entre o indivíduo e o meio, passando a ser visto segundo uma perspectiva socioecológica. Deixa então de ser pensado como uma resposta intuitiva a um estímulo, passando a ser visto como uma resposta racional, ou seja, as estratégias de coping podem ser aprendidas e ajustadas às diferentes situações (POCINHO; PERESTRELO, 2011, p. 522). Além disso, algumas outras estratégias podem ser usadas para enfrentar a Síndrome de Burnout nos docentes tais como: planejar tarefas antecipadamente, tratar dos problemas quando eles aparecem reconhecendo suas limitações, reorganizar seu trabalho de forma objetiva, conversar com os amigos, separar a vida privada do local de trabalho, assim como buscar momentos de lazer e descanso com o intuito de controlar suas emoções evitando gerar estresse. Outro ponto importante e fundamental é lutar por uma melhora no ambiente de trabalho, em sua infraestrutura, nos recursos que são possibilitados, por meio das associações e sindicatos, nas relações entre os professores e seus superiores e até mesmo ir em busca de seus direitos por um salário digno e valorização dessa profissão tão importante para a sociedade (MEISTER, 2012). Descobrimos que para Hernández et. al (2014) as formas de atuação em prol de prevenir e intervir na SB podem se dividir em três tipos, dependendo do quão está agravado o caso: a primeira se relaciona à maneiras de descobrir as situações que 35 ocorrem no ambiente de trabalho e são capazes de gerar um estresse no trabalhador; a próxima trata-se de buscar o porquê do indivíduo estar tendo picos de exaustão e estresse, mas ainda sem sintomas muito aparentes relacionados à síndrome e; a terceira está interligada aos profissionais que manifestam sintomas de esgotamento, interferindo totalmente em sua vida e seu bem-estar como um todo. Constatamos que o autor cita o atendimento psicológico por meio da Terapia Cognitivo-Comportamental3 como uma das estratégias mais significativas para enfrentar o Burnout, uma vez que, “a intervenção centrada na resposta do sujeito tem como finalidade que este aprenda a enfrentar de maneira adaptativa as situações estressantes” (Hernández et. al., 2014, p. 230). Para que o trabalhador descubra as razões do estresse que propiciou o desenvolvimento da SB é essencial que o mesmo entenda o problema e os motivos pelo qual ele está apresentando determinados sintomas, para que a partir disso compreenda a importância de buscar alternativas que o ajudem a enfrentar esse momento complexo em sua vida (MACHADO; BOECHAT; SANTOS, 2015). Partindo dessas premissas, o docente deve encontrar maneiras de levar uma vida mais saudável que vão colaborar com o enfrentamento da síndrome. A promoção dos comportamentos saudáveis pode ser alcançada por meio de algumas tarefas como prática de exercício físico, dieta equilibrada, não fumar, dormir horas suficientes, estabelecer períodos de relaxamento e realizar atividades de ócio, bem como desfrutar de tempo livre. Estas condutas potencializam a saúde do indivíduo a curto e longo prazo (HERNÁNDEZ et. al., 2014, p. 237). Sabemos que trabalhar o emocional também ajuda de forma significativa a gerenciar suas próprias emoções no ambiente de trabalho e fora dele, auxiliando em uma qualidade de vida melhor. É necessário que se cobrem das autoridades cursos de habilidades emocionais e sociais para os trabalhadores da educação, isso será muito importante e ajudará todos os profissionais a lidar melhor com suas emoções. Além disso, vale ressaltar que é relevante que o trabalhador procure ajuda psicológica para enfrentar estas situações de estresse, onde a terapia auxiliará em suas habilidades concomitante com outras estratégias para o enfrentamento da SB (MEISTER, 2012). 3 A Terapia Cognitivo-Comportamental une estratégias que buscam modificar pensamentos, emoções e comportamentos formados por meio de experiências e momentos que o indivíduo passou, fazendo com que estes passem a ser reformulados em seu interior, auxiliando o tratamento do mesmo (BAHLS; NAVOLAR, 2OO4). 36 Compreendemos que estratégias voltadas para treinamentos de suas habilidades emocionais em prol de contornar o estresse e a raiva, diminuir a tensão com técnicas de relaxamentos e meditação reduzem a exaustão emocional e regulam os seus comportamentos. Ações como o apoio psicológico, orientações nutricionais e físicas dentro do ambiente de trabalho contribuem de maneira significativa para o enfrentamento de desafios diários no cotidiano do professor, além de auxiliarem na melhora da qualidade de vida e na resolução de conflitos. Portanto, é fundamental que o trabalhador busque o tratamento eficaz para ele, podendo até mesmo associar medicamentos à sessões de terapia e outras inúmeras estratégias de acordo com as suas necessidades e o que melhor trazer resultados positivos para ele (ZOMER; GOMES, 2017). Quadro 1. Estratégias de enfrentamento da Síndrome de Burnout em professores Individuais Coletivas Planejamento de tarefas antecipadamente Técnicas de Coping focalizado na emoção e no problema Reconhecimento de suas limitações Conversar com os amigos Buscar momentos de lazer e descanso Terapia Cognitivo - Comportamental Organização do tempo Cursos de habilidades emocionais Supressão de atividades concomitantes Técnicas de relaxamento e meditação Reinterpretação positiva Orientações nutricionais Fonte: Quadro elaborado pela autora. Tendo em vista as diversas propostas de estratégias defendemos então que as maneiras de enfrentamento, sejam elas, pequenos gestos como conversar com um colega e passar um tempo com a família ou grandes decisões como usar de medicamentos aliados à uma terapia como sendo de extrema importância para os indivíduos com sentimento de frustração, exaustão e incapacidade causados pela Síndrome de Burnout, pois, através dessas estratégias que o professor poderá enfrentar esse momento difícil e consequentemente melhorar sua qualidade de vida. Portanto, um profissional que conhece a SB, tem capacidade para identificar suas causas e sintomas e saberá os mecanismos para enfrentá-la. Para além das suas ações, é necessário que a instituição de ensino promova capacitações, mudanças, 37 projetos de atendimentos e um real suporte para esse docente em prol de auxiliar para que seu tratamento seja eficaz e assertivo amenizando o estresse em seu ambiente de trabalho e fora dele. 38 CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer do nosso trabalho sobre a manifestação da Síndrome de Burnout em professores buscamos desenvolver nossa problemática em prol de verificar a importância de um ambiente de trabalho favorável ao educador e quais estratégias o mesmo pode usar para enfrentar a mesma. Portanto, descrevemos o que é a SB, quais são suas principais causas, assim como analisamos o impacto dela em sala de aula. De posse dessas informações, trouxemos proposições de estratégias de enfrentamento para os docentes buscarem uma melhor qualidade de vida. Sabemos que em meio a diversos desafios na área da educação, os professores estão cada vez mais atarefados e muitas das vezes exaustos emocionalmente e fisicamente, com sentimentos de ineficácia, desmotivados e apresentando sintomas relacionados à SB. Então, é essencial que para um bom desenvolvimento dos educandos o docente esteja saudável, motivado e com vontade de ajudar os seus alunos, visto que, profissionais que desenvolveram a síndrome se sentem desanimados, estressados, esgotados e não veem mais motivos para seguir em frente. De fato, esse é um agravo quando falamos em educação, afinal para que os alunos evoluam integralmente e se tornem cidadãos emancipados é necessário muita paciência, carinho e dedicação. Além disso, constatamos que um trabalhador com salário digno, valorização, recursos para se trabalhar em sala de aula e apoio será alguém com uma qualidade de vida muito melhor, ou seja, é importante tanto para o professor quanto para os alunos que o mesmo leve uma vida saudável tanto em seu ambiente de trabalho quanto fora dele. Em nossa pesquisa podemos constatar através da revisão bibliográfica que ao procurarmos sanar as dúvidas sobre a Síndrome e proporcionamos mais conhecimentos sobre a mesma, os professores que forem diagnosticados poderão usar das estratégias propostas ao longo do texto, tais como, modificar o ambiente de trabalho, lutar cada vez mais pela valorização de seu serviço e utilizar de terapia associada à estratégias de coping em prol de controlar suas emoções, reduzindo os fatores estressantes e consequentemente ocasionando uma melhora significativa da qualidade de vida docente e na aprendizagem dos alunos em sala de aula. Vale ressaltar que ao percebermos a importância de discutir essa temática tão relevante, delicada e ainda pouco conhecida entre os profissionais da educação, conseguimos solucionar através do nosso trabalho questionamentos a respeito da síndrome e apresentar estratégias de enfrentamento tratando a mesma com mais 39 precisão e ajudando os profissionais do magistério a enfrentá-la. Muitos educadores estão adoecendo em sala de aula enquanto todos se preocupam com o desenvolvimento e a saúde emocional do aluno, o professor com Burnout se encontra sozinho, exausto e sem perspectivas para o futuro, sendo extremamente importante nos preocuparmos com o mesmo e buscarmos métodos que os auxiliem nessa jornada. Foi isso o que fizemos no presente trabalho, procuramos passar todo o conhecimento dentro do possível sobre a SB e quais os meios que o docente pode procurar para intervir ou até mesmo prevenir a mesma. Sendo assim, compreendemos que os estudos sobre a Síndrome de Burnout em professores são de extrema importância tão quanto sua divulgação para os docentes, pois, ainda é pouco conhecida. Portanto, quanto mais estudos aprofundados e divulgações forem realizadas mais fácil será para ajudar os trabalhadores da educação que vem sendo atingidos cada dia mais. Outro ponto importante é o de defender cursos de habilidades sócio emocionais para a formação docente que abordem esta temática em prol de estudar e analisar inúmeras possibilidades de enfrentamento da síndrome. De fato mesmo que os objetivos do trabalho foram alcançados ainda temos inúmeras possibilidades de pesquisas e entendimentos, sendo um assunto de extrema importância e relevância para a educação. 40 REFERÊNCIAS ACHKAR, Ana El. Resiliência: Ferramenta para uma educação de qualidade. 1. ed. Curitiba: Appris, 2013. 169 p. ALVES, Marcelo Echenique. Síndrome de Burnout. Fundação Universitária Mário Martins. Curso de Especialização em Psiquiatria. Porto Alegre, v.22, n. 9, 2017. Disponível em: <https://www.polbr.med.br/ano17/art0917.php>. Acesso em: 25 mar. 2020. ANDRADE, Patrícia Santos de; CARDOSO, Telma Abdalla de Oliveira. Prazer e Dor na Docência: revisão bibliográfica sobre a Síndrome de Burnout. Saúde Soc. São Paulo, v.21, n.1, p.129-140, 2012. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/sausoc/v21n1/13.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2020. BAHLS, Saint Clair; NAVOLAR, Ariana Bassetti Borba. Terapia Cognitivo- Comportamentais: conceitos e pressupostos teóricos. Revista Eletrônica de Psicologia. Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, jul. 2004. Disponível em: <https://docero.com.br/doc/n18sss>. Acesso em 08 ago. 2020. BENEVIDES-PEREIRA, Ana Maria Teresa. Considerações sobre a síndrome de burnout e seu impacto no ensino. Boletim de Psicologia, Maringá, v. LXII, n. 137, p. 155-168, jan. 2012. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0006- 59432012000200005>. Acesso em: 05 fev. 2020. BENEVIDES-PEREIRA, Ana Maria Teresa et al. O trabalho docente e o burnout: um estudo em professores paranaenses. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO DA PUCPR EDUCERE, 8., 2008, Curitiba. Anais do VIII congresso nacional de educação. Curitiba: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, p. 4870-4884, 2008. Disponível em: <https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2008/550_775.pdf> Acesso em: 15 fev. 2020. BENEVIDES-PEREIRA, Ana Maria Teresa (Org.). Burnout: o processo de adoecer pelo trabalho. In: Benevides-Pereira (Org.). Burnout: quando o trabalho ameaça o bem-estar do trabalhador. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002a. p. 21-91. BOCCATO, Vera Regina Casari. Metodologia da pesquisa bibliográfica na área odontológica
Compartilhar