Buscar

TCC A SINDROME DE BURNOUT EM PROFESSORESPDF

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ 
CAMPUS APUCARANA 
 
 
 
EDUARDA BARRADO DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFESSORES E AS ESTRATÉGIAS 
DE ENFRENTAMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APUCARANA - 2020 
1 
 
 
EDUARDA BARRADO DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFESSORES E AS ESTRATÉGIAS 
DE ENFRENTAMENTO 
 
 
 
 
 
Relatório de Pesquisa apresentado ao 
Curso de Graduação em Pedagogia, da 
Universidade Estadual do Paraná 
(UNESPAR) – Campus Apucarana, como 
requisito do Trabalho de Conclusão de 
Curso (TCC). 
 
Orientador: Prof. Dr. Isaias Batista de 
Oliveira Júnior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APUCARANA - 2020 
2 
 
 
EDUARDA BARRADO DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFESSORES E AS ESTRATÉGIAS 
DE ENFRENTAMENTO 
 
 
 
 
 
 
Membros da Banca 
 
 
Prof. Dr. Isaias Batista de Oliveira Júnior 
(Orientador) 
 
Prof. Ma. Débora Menegazzo de Souza 
Almeida 
 
Prof. Dr. Antônio Marcos Dorigão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APUCARANA – 2020 
 
3 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço primeiramente a Deus, por iluminar o meu caminho durante essa fase 
de crescimento em minha vida, me proporcionando oportunidades e muita força de 
vontade para superar todos os desafios que apareceram. 
Aos meus pais, Valdirene Barnabé Barrado e Antonio César da Silva, que me 
incentivaram desde o início dessa jornada e não mediram esforços para que esse 
sonho se tornasse realidade, sempre com muito apoio, paciência e compreensão. 
As minhas irmãs Renata Camilly Barrado da Silva e Samara Cristina Barrado 
da Silva e meu primo Gustavo Fróis de Jesus, que foram essenciais nessa trajetória, 
sempre me motivando e ajudando da maneira como conseguiam. 
Ao meu namorado Gabriel Zaneta de Almeida, que esteve ao meu lado todos 
os dias, me dando força e coragem para seguir em frente compreendendo todas as 
minhas ausências. 
Ao meu professor orientador, Dr. Isaias Batista de Oliveira Júnior, que esteve 
ao meu lado, compartilhando seu conhecimento e sabedoria, sempre se colocando à 
disposição para me ajudar com paciência e carinho. Tenho certeza que todos os 
momentos foram de suma importância para meu crescimento pessoal e profissional e 
fizeram a diferença em minha vida. 
A todos os professores do curso de Pedagogia, que contribuíram de maneira 
significativa com seus ensinamentos, buscando passar além de seu conhecimento, 
muito afeto, paciência e dedicação em toda minha formação. 
Aos professores Dr. Antônio Marcos Dorigão e Ma. Débora Menegazzo de 
Souza Almeida por realizarem a leitura do meu trabalho com muito carinho e 
dedicação e fazerem parte dessa trajetória. 
As minhas amigas Nuria Milena de Paula e Patricia Salles de Paula Franco, e 
meu amigo Josuel Lucas Meireles que compartilharam momentos incríveis ao meu 
lado durante esses anos. 
Por fim, sou grata a todos aqueles que de alguma forma, direta ou indiretamente 
contribuíram para minha formação. 
 
4 
 
 
EPÍGRAFE 
 
 
 
“O professor é, naturalmente, um artista, mas ser um artista não significa que 
ele ou ela consiga formar o perfil, possa moldar os alunos. O que um educador faz no 
ensino é tornar possível que os estudantes se tornem eles mesmos”. 
 
Paulo Freire 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
RESUMO 
Em uma época marcada por recorrentes desafios e exigências relacionadas às 
transformações no mundo do trabalho, o docente desenvolve cada vez mais 
problemas de exaustão física e emocional que podem estar relacionados à Síndrome 
de Burnout. Como consequência, professores entram em um processo de alienação, 
desumanização e apatia querendo então abandonar sua profissão. A problemática 
parte da necessidade de conhecermos o que é a Síndrome de Burnout e quais as 
estratégias de enfrentamento que podem ser utilizadas quando se trata da Síndrome 
nos professores. Portanto, o objetivo do presente estudo foi realizar uma revisão 
bibliográfica acerca do tema utilizando de bases de dados para conhecermos a 
Síndrome de Burnout, suas causas, sintomas, impacto que causam na prática de 
professores e apontar estratégias para o enfrentamento dela. Podemos constatar que 
a Síndrome se trata de um desgaste profissional e que ao modificarmos o ambiente 
de trabalho junto a um acompanhamento psicológico com métodos que auxiliem o 
docente a encarar a mesma, conseguimos então uma melhora significativa da 
qualidade de vida docente. 
 
Palavras chave: Burnout. Saúde Docente. Estratégias de Enfrentamento. 
6 
 
 
ABSTRACT 
 
In times of recurrent challenges and demands resulting from changes in the field of 
work, teachers have consistently experienced physical and emotional exhaustion 
related to the burnout syndrome. Consequently, they undergo alienation, 
dehumanization, and apathy and can even end up quitting their profession. Our 
investigation starts from the need to find out what the burnout syndrome is and what 
coping strategies can be used when dealing with this syndrome in teachers. Therefore, 
this study aims to present a bibliographic review on the subject using databases to find 
out more about the burnout syndrome, its causes, symptoms, the impact they have on 
the practice of teachers, and finally point out strategies to overcome this problem. It 
has been noted that this syndrome is work related, and by changing the work 
environment and providing psychological assistance using methods that would help 
teachers cope better, a significant improvement in teachers quality of life could be 
achieved. 
 
Key Words: Burnout. Teacher Health. Coping Strategies. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. INTRODUÇÃO 08 
2. SEÇÃO 1 – A SÍNDROME DE BURNOUT E SEU HISTÓRICO 11 
2.1. Descrição da Síndrome de Burnout 12 
2.2. Histórico da Síndrome de Burnout 16 
3. SEÇÃO 2 – A SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFESSORES E SUAS 
CAUSAS 20 
4. SEÇÃO 3 – ANÁLISE DO IMPACTO DA SÍNDROME EM SALA DE AULA 27 
4.1. Qualidade de vida dos professores 30 
5. SEÇÃO 4 – ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO PARA A SÍNDROME 33 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 38 
7. REFERÊNCIAS 40 
 
 
8 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Em uma sociedade marcada pelas correrias do dia a dia e constantes 
mudanças, muitos trabalhadores acabam não cuidando da sua saúde física e mental 
porque falta tempo e organização, o que acaba criando situações de estresse 
desencadeando no indivíduo a Síndrome de Burnout (SB). Sabemos que as primeiras 
pesquisas sobre a Síndrome se deram predominantemente em profissionais da saúde 
e posteriormente em profissionais da educação, justamente pela predisposição 
verificada nestes grupos para o seu desenvolvimento. 
Neste sentido, entendemos que a rotina docente é cansativa, complexa e que 
exige muita responsabilidade dos profissionais para exercerem as atividades 
cotidianas, levando em consideração as cargas de trabalho excessivas e muitas vezes 
a desvalorização dos mesmos. Dentre os sintomas da SB, podemos observar a 
tendência do professor estar presente em sala de aula, mas, executando suas 
atividades de forma mecânica, automática e se sentindo esgotado profissionalmente, 
assim como ineficaz no seu trabalho (BENEVIDES-PEREIRA, 2012). 
Para Carlotto (2002): 
 
Burnout em professores é um fenômeno complexo e multidimensional 
resultante da interação entre aspectos individuais e o ambiente de 
trabalho. Este ambiente não diz respeito somente à sala de aula ou ao 
contexto institucional, mas sim a todos os fatores envolvidos nesta 
relação, incluindo os fatores macrossociais, como políticas 
educacionais e fatores sócios e históricos (p. 25). 
 
 Desta forma mostra-se relevante a problemática deste estudo que se baseia 
em conhecer o que é a Síndrome de Burnout e quais as estratégias de enfrentamento 
que podem ser
utilizadas quando se trata da Síndrome nos professores. Sendo assim, 
partimos da hipótese de que por se tratar de um desgaste profissional a modificação 
no ambiente de trabalho e o acompanhamento psicológico auxiliam na melhora da SB 
e na qualidade de vida docente, uma vez que ao estudarmos sobre a mesma e 
proporcionarmos mudanças no cotidiano do trabalhador consequentemente sua 
qualidade de vida melhorará. 
Logo, a presente pesquisa tem como objetivo geral apresentar as estratégias 
de enfrentamento da Síndrome de Burnout em professores e, como objetivos 
específicos tem o intuito de descrever a Síndrome e suas principais causas, analisar 
9 
 
 
o impacto dela nos professores em sala de aula e por fim propor estratégias para 
enfrentá-la. 
Portanto, justificamos a escolha deste tema a partir de participações em 
eventos acadêmicos que despertaram nosso interesse sobre a temática. Observando 
a atuação profissional dos trabalhadores podemos ver que a Síndrome de Burnout é 
de grande interesse para nossa pesquisa por se tratar de um tema tão relevante, 
delicado e ainda pouco conhecido. Buscando solucionar as diversas dúvidas a 
respeito da Síndrome podemos apresentar estratégias para que os professores 
enfrentem esta, diminuindo os problemas e com mais conhecimento a mesma poderá 
ser diagnosticada e tratada com mais precisão melhorando a qualidade de vida dos 
professores. 
A pesquisa consiste em uma revisão bibliográfica que foi desenvolvida a partir 
de materiais já publicados, tratando-se de um estudo de revisão que utiliza da 
pesquisa bibliográfica para estudos sobre o tema Síndrome de Burnout em 
professores e suas possíveis estratégias de enfrentamento. 
Segundo Boccato (2006): 
 
A pesquisa bibliográfica busca a resolução de um problema por meio 
de referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo várias 
contribuições científicas. Esse tipo de pesquisa trará subsídios para o 
conhecimento sobre o que foi pesquisado, como e sob que enfoque 
e/ou perspectivas foi tratado o assunto apresentado na literatura 
científica (p.266). 
 
Para a realização deste trabalho foram definidos artigos científicos e livros 
publicados entre os anos de 2002 a 2019, localizados em publicações disponíveis no 
Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), no Google Acadêmico e em livros. Foi 
realizada uma leitura minuciosa dos materiais dos autores Benevides-Pereira (2012), 
Meister (2012), Carlotto (2002), Fontana (2002), Câmara (2008) entre outros, 
verificando se estes condizem com os objetivos de estudo do trabalho e uma 
interpretação do que os autores evidenciaram em seus estudos. 
Portanto, essa pesquisa bibliográfica tem o intuito de apresentar o que é a 
Síndrome de Burnout e quais as estratégias de enfrentamento por meio da pesquisa 
qualitativa a fim de compreendê-la, verificar as hipóteses e expor as discussões 
acerca do resultado apresentado. 
10 
 
 
Desta forma, definimos a organização deste trabalho a partir de seis seções: 
a presente introdução, cuja qual apresenta os objetivos, justificativa, problema, 
hipótese e metodologia adotados para o desenvolvimento da pesquisa. A segunda 
seção trata-se da descrição e um histórico da Síndrome de Burnout, a terceira expõe 
as causas desta Síndrome em professores, a quarta analisa o impacto dela em sala 
de aula, a quinta propõe estratégias de enfrentamento e por fim a sexta seção trata 
das considerações finais do trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
2. SEÇÃO 1 – A SÍNDROME DE BURNOUT E SEU HISTÓRICO 
 
 
Compreende-se que atualmente o processo de globalização1 vem expandindo 
os papéis do professor, com novos desafios e exigências, que muitas vezes 
ocasionam sentimento de insegurança, medo, ansiedade e baixa autoestima, 
sentimentos que causam cada vez mais a problemas de saúde física e mental. Afinal 
“a globalização, os avanços tecnológicos, a necessidade de atualizar-se em cursos 
de capacitação, podem ser promotores da qualidade do processo 
ensino/aprendizagem, mas ao mesmo tempo podem ser fontes de stress” 
(BENEVIDES-PEREIRA et al., 2008, p.4871). 
Neste contexto, sabemos que quando o trabalhador apresenta altos níveis de 
estresse pode sofrer um esgotamento emocional e até mesmo físico, desgastando-se 
com pensamentos negativos e pessimistas. Quando esses sentimentos são 
associados ao esgotamento causado por fracassos constantes, são intensos e não 
melhora, o indivíduo fica vulnerável ao surgimento da Síndrome de Burnout – SB – 
permeada pelo desgaste profissional em seu trabalho (MORAES CRUZ et al., 2010). 
Esta síndrome acomete profissionais de várias áreas, mas, os mais 
frequentes são profissionais da saúde e educação, em que as profissões exigem altas 
demandas emocionais e interações intensas. Sabemos que a SB não é apenas o 
estresse, mas um dos componentes é ele, essencialmente causado por uma resposta 
fisiológica às pressões excessivas, onde o corpo tenta se adaptar as pressões do dia 
a dia e conseguir dominá-las por um determinado tempo (FONTANA, 2002). 
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) a profissão docente é 
conhecida como uma das mais estressantes e favorável ao desenvolvimento da SB 
atualmente, onde o docente quando inicia sua carreira está apresentando um grande 
entusiasmo e empenho, mas ao se deparar com diversos obstáculos, muitas vezes 
desanimadores e estressantes, tendem a se esgotar em seu ambiente de trabalho e 
fora dele, acreditando que seus esforços não são proporcionais às suas recompensas, 
o que pode ocasionar uma certa apatia, desânimo, desumanização e até mesmo 
problemas sérios de saúde (CARLOTTO; MORAES, 2010). Portanto, deve-se 
considerar que “Burnout em professores pode ser conceitualmente definido dentro de 
 
1 O processo de globalização se relaciona ao modelo econômico capitalista em prol de transformar todas as esferas 
no âmbito econômico, político, social e cultural, onde o mesmo ocorre em grande escala levando consequências 
distintas para os países, sendo os mais ricos melhores beneficiados (CACCIAMALI, 2000). 
12 
 
 
uma abordagem interacional e considerado o resultado da interação entre intenções 
e ações individuais do professor e suas condições de trabalho” (SLEEGERS, 1999 
apud CARLOTTO, 2002, p. 26). 
Por causa da SB o docente sente-se exausto, desmotivado e começa a 
apresentar atitudes desumanas em seu convívio com os estudantes, por isso sua 
mediação fica totalmente comprometida, uma vez que, o trabalhador acometido pelo 
Burnout pode se tornar cínico e irônico não demonstrando importância alguma com 
seu aluno. “A desumanização é um elemento constitutivo da síndrome de Burnout, é 
um aspecto que a diferencia de outros transtornos e que não está presente, por 
exemplo, no estresse ou na depressão” (BENEVIDES-PEREIRA, 2012, p.16). 
No início a síndrome pode não ser percebida, ela acontece aos poucos, um 
processo de acumulação de diferentes sinais alertando que seu trabalho está sendo 
afetado e sua vida pessoal também, podendo ser um quadro temporário ou algo 
permanente. 
 
O processo de desenvolvimento do Burnout é individual e sua 
evolução pode levar anos e até mesmo décadas. Seu surgimento é 
paulatino, cumulativo, com incremento progressivo em severidade, 
não sendo percebido em sua fase inicial pelo indivíduo, que, 
geralmente, se recusa a acreditar estar acontecendo algo errado com 
ele (MAZON; CARLOTTO; CÂMARA, 2008, p. 57). 
 
Partindo dessas premissas, optamos por detalhar nessa seção o que é 
Síndrome de Burnout e um breve histórico sobre a mesma, com o intuito de que cada 
vez mais os profissionais reconheçam a SB, seus sintomas e o que de fato está 
acontecendo em sua vida, procurando meios e estratégias para enfrentar a Síndrome 
caso esteja passando por ela e buscar sempre melhorar sua
qualidade de vida, pois 
fica muito mais fácil quando se sabe o que tem, e quais estratégias auxiliam no 
enfrentamento e diminuição dos seus problemas e dificuldades. 
 
2.1. Descrição da Síndrome de Burnout 
 
Pode-se afirmar que a Síndrome de Burnout “é uma forma de resposta ao 
estresse na tentativa de sobreviver às dificuldades e sintomas advindos do mesmo” 
(BENEVIDES-PEREIRA, 2012, p. 159). Trata-se de um fenômeno psicossocial 
caracterizado como resposta aos níveis de estresse que o trabalhador é exposto em 
13 
 
 
seu ambiente de trabalho diariamente. Ao contrário do que muitos pensam, Burnout 
não pode ser considerado um estresse psicológico, e sim um retorno a todas as fontes 
desses estressores vinculadas às relações sociais que são estabelecidas em um 
determinado lugar (CARLOTTO, 2014). 
Nessa perspectiva é relevante apresentarmos o conceito de estresse, para 
que o mesmo não seja confundido com a SB. Segundo Mondardo e Pedon (2005) o 
estresse se baseia em paralelas reações do organismo que aparecem quando o 
indivíduo é exposto a estímulos que o irritam, amedrontam ou entristecem o mesmo. 
Esses comportamentos possuem componentes que modificam de forma rápida e 
profunda o seu corpo, de maneira física ou psicológica, quando o mesmo entra em 
contato com o estresse, este é apenas um modo do organismo lidar com essas 
situações, variando de pessoa para pessoa. 
Compreende-se que o estresse tem dois lados, um positivo e outro negativo, 
o primeiro simboliza os desafios que o indivíduo terá que percorrer, passando por 
alegrias, tristezas, medos e inseguranças para alcançar algum objetivo. Nesse caso, 
é necessário o estresse para os manter alerta e disposto a enfrentar as adversidades, 
pois sem elas sua vida talvez não teria o mesmo valor. Em contrapartida, temos o lado 
oposto, onde o estresse é representado por diversos estímulos que fazem com que o 
trabalhador tenha que suportar exigências, tanto físicas como psicológicas, e aguentar 
suas consequências, o que muitas vezes leva ao mesmo desenvolver doenças, afinal 
ter que suportar cargas excessivas e saber lidar com elas da melhor forma possível é 
um grande desafio para todos (ROSSI, 1991 apud MONDARDO e PEDON, 2005). 
O estresse pode influenciar em três esferas da saúde do trabalhador: 
comportamental, emocional e cognitiva. Logo, o mesmo desenvolve o aumento de 
tensões físicas e psicológicas, a redução de interesses e animação, assim como um 
certo bloqueio na memorização, entre outros (MONDARDO e PEDON, 2005). Partindo 
desse princípio, quando o estresse ocupacional se torna crônico fortalece as chances 
do profissional desenvolver a Síndrome de Burnout, uma vez que, a mesma envolve 
as emoções, atitudes e comportamentos, e a maneira como o indivíduo lida com elas. 
 
O Burnout é a resposta a um estado prolongado de estresse, ocorre 
pela cronificação deste, quando os métodos de enfrentamento 
falharam ou foram insuficientes. Enquanto o estresse pode apresentar 
aspectos positivos ou negativos, o Burnout tem sempre um caráter 
negativo (distresse) [...] (BENEVIDES-PEREIRA, 2002a, p. 45-46). 
 
14 
 
 
Percebe-se que não há um consenso entre autores sobre a definição do que 
é a SB de fato. Entretanto Benevides-Pereira (2002) salienta que grande parte dos 
autores entendem a síndrome como um aspecto do meio laboral, sendo o resultado 
do estresse ocupacional crônico, que apresenta consequências negativas para o 
profissional que está em contato direto e interagindo com pessoas, ou seja, acomete 
principalmente trabalhadores da área da saúde e educação. Com isso, a SB reflete 
na esfera social, individual, profissional e familiar do trabalhador, além de se tornar 
cada vez mais um fator de preocupação, pois tem sido descrito um aumento 
significativo da prevalência da SB pelo Ministério da Saúde do Brasil, que resolveu 
incluir essa síndrome no capítulo 10 do livro “Doenças Relacionadas ao Trabalho: 
manual de procedimentos para os serviços de saúde”, definindo a mesma como: 
 
A sensação de estar acabado ou síndrome do esgotamento 
profissional é um tipo de resposta prolongada a estressores 
emocionais e interpessoais crônicos no trabalho. Tem sido descrita 
como resultante da vivência profissional em um contexto de relações 
sociais complexas, envolvendo a representação que a pessoa tem de 
si e dos outros. O trabalhador que antes era muito envolvido 
afetivamente com os seus clientes, com os seus pacientes ou com o 
trabalho em si, desgasta-se e, em um dado momento, desiste, perde 
a energia ou se “queima” completamente. O trabalhador perde o 
sentido de sua relação com o trabalho, desinteressa-se e qualquer 
esforço lhe parece inútil (BRASIL, 2002, p.191). 
 
Maslach e Jackson (1981) definiram a Síndrome de Burnout como um 
constructo formado por três dimensões que, envolvem a exaustão emocional, 
despersonalização e baixa realização no trabalho. A primeira refere-se diretamente a 
uma sobrecarga emocional, interligada ao estresse e sentimento de esgotamento, 
tanto físico como mental do indivíduo, onde este acredita não ter mais forças e energia 
para realizar as atividades cotidianas (BENEVIDES-PEREIRA, 2012). “[...] A partir de 
então, as pessoas acometidas sentem gradativa redução de sua capacidade de 
produção e vigor no trabalho” (RUVIARO; BARDAGI, 2010, p.197). 
Posteriormente, existe também a despersonalização, revelando 
comportamentos cínicos, irônicos, desprovidos de interesses e envolvimentos com o 
outro e a decrescente realização pessoal em atividades ocupacionais, relacionada à 
insatisfação e sentimento de ineficiência reduzindo cada vez mais sua autoestima, 
uma vez que o indivíduo se vê cercado de sentimentos negativos, e começa a se isolar 
dos outros, o que desencadeia uma instabilidade emocional, passando a não ver mais 
15 
 
 
o outro como ser humano e assim começa a tratá-lo com indiferença (BENEVIDES-
PEREIRA, 2012). 
Logo, temos a terceira dimensão, relacionada a baixa realização pessoal no 
trabalho, caracterizada pelo fato de o sujeito perder grande parte do interesse pelo 
seu emprego, onde as coisas não têm mais a mesma importância e quaisquer 
esforços pessoais são inúteis. É nesse ponto em que surge o sentimento de 
incompetência tanto pessoal como profissional, onde o trabalhador tende-se a avaliar 
seus comportamentos de forma negativa, abalado pela sua baixa produtividade e 
desempenho (BENEVIDES-PEREIRA, 2012). 
 
O processo de desenvolvimento da Síndrome de Burnout se 
caracteriza pelo seguinte percurso: primeiramente o entusiasmo e a 
dedicação cedem lugar à frustração e raiva como resposta a 
estressores pessoais, ocupacionais e sociais que, por sua vez, levam 
à desilusão quanto às atividades de ensino trabalhando ainda 
eficiente, mas mecanicamente, levando à diminuição da produtividade 
e da qualidade do trabalho. Depois há uma vulnerabilidade pessoal 
cada vez maior com múltiplos sintomas físicos (dores de cabeça, 
hipertensão arterial, etc.), sintomas cognitivos (“a culpa é dos alunos”, 
e eu “preciso cuidar de mim”) e emocionais (irritabilidade, tristeza) os 
quais se não forem tratados aumentam até alcançar uma sensação de 
esvaziamento e de “não ligar mais” (BENEVIDES-PEREIRA et. al., 
2008, p. 4872). 
 
 
No entanto, o autor Gil Monte (2005 apud Diehl e Carlotto, 2014) realizou 
estudos qualitativos e elaborou um modelo de dimensões da SB, semelhante ao 
desenvolvido por Maslach e Jackson (1981), porém, com uma dimensão a mais, a da 
culpa. Esse modelo é composto pela ilusão do trabalho, desgaste psíquico, indolência 
e culpa, a primeira refere-se ao profissional que muitas vezes inicia em seu ramo com 
um grande entusiasmo e expectativas individuais de atingir objetivos para se 
satisfazer, porém, esquece da verdadeira realidade que o cerca, criando uma certa 
ilusão a respeito disso. Em seguida, temos o desgaste psíquico evidenciando a 
exaustão emocional e física,
e o sofrimento do indivíduo ao trabalhar em um local 
onde muitas vezes é necessário se adequar à situações não esperadas, que em teoria 
não existem, mas na prática são necessárias, exigindo muito esforço do mesmo, o 
que acaba desgastando sua mente e corpo. 
Depois, contamos com a indolência permeada por atitudes de insensibilidade 
com o outro, indiferença, falta de ação e até mesmo ausência de dor, não se 
importando com as pessoas que precisam dele em seu ambiente de trabalho. Por 
16 
 
 
último temos o sentimento de culpa, envolvendo o seu próprio julgamento negativo, 
se culpabilizando por ter determinadas atitudes e comportamentos que não são 
considerados normais em seu papel como profissional. Nesse modelo, o autor 
separou dois tipos de perfil de Burnout, um que se caracteriza por profissionais com 
diversos comportamentos e atitudes ligadas ao estresse laboral, mas que ainda 
conseguem trabalhar com esse sentimento de mal-estar, realizando suas atividades 
de forma mediana, onde poderiam atuar melhor, e outro que envolvem um maior 
comprometimento físico e emocional, levando muitas vezes esse profissional para um 
estágio de incapacidade total de trabalhar (DIEHL; CARLOTTO, 2014). 
Os sintomas desenvolvidos através da SB podem ser subdivididos em quatro 
diferentes grupos de acordo com Benevides-Pereira (2012), cujo, quais são os físicos 
que envolvem fadigas constantes, enxaquecas, perturbações gastrointestinais, 
distúrbios de sono, dores musculares, dentre outros. Os psíquicos englobam 
alterações na memória, autoestima baixa, impaciência, falta de atenção e 
concentração, desânimo, paranoias, dentre tantos outros. Ainda há os sintomas 
comportamentais com atitudes negligentes, agressividade, comportamentos de alto 
risco e perda de iniciativa, assim como os defensivos envolvendo o isolamento, 
sentimento de onipotência, ironia, cinismo e perda de interesse no trabalho. 
 
 
Não é necessário que todos estes sintomas estejam presentes, pois 
irá depender da fase do processo em que se encontre a síndrome, da 
predisponibilidade e características pessoais, bem como da 
intensidade e conjunção de agentes estressores presentes no 
ambiente ocupacional (BENEVIDES-PEREIRA et. al., 2008, p.4873). 
 
 
Portanto, compreendemos que nem todos os sintomas podem estar presentes, 
sendo necessário o conhecimento de cada um desses e como os mesmos podem se 
desenvolver em cada pessoa dependendo de suas características pessoais e o 
ambiente em que o indivíduo trabalha. 
 
 
2.2 Histórico da Síndrome de Burnout 
 
 
Sabe-se que na Antiguidade, havia uma concepção diferente sobre o trabalho, 
ele era associado às atividades daqueles que perderam a liberdade, e estavam 
predestinados ao sofrimento, punição e infelicidade e a mesma relacionava o trabalho 
17 
 
 
à experiências dolorosas e até mesmo enquanto castigo, por não ter a liberdade. Essa 
ideia perpassou a história da civilização e o trabalho só foi visto como emprego 
assalariado na Era Moderna (WOLECK, 2014). Partindo desse princípio, por meio dos 
nossos estudos vimos que por muitos anos o trabalho foi permeado por conceitos 
negativos relacionados à castigo ou algo ruim que o ser humano precisava fazer, com 
isso constatamos uma estreita ligação entre as concepções de antigamente e a 
Síndrome de Burnout que de fato se trata de um estresse crônico causado no 
ambiente de trabalho. 
 O termo Burnout ou Burn-out é muito antigo e no vocabulário popular inglês 
significa esgotamento, queimar todas as energias, alguém que perdeu toda sua força 
e parou de funcionar por não ter mais condições físicas ou mentais para continuar. Há 
estudos que analisam a utilização desse termo por volta de 1953 em um estudo de 
casos de Schwartz e Will que traziam os problemas de uma enfermeira em seu 
trabalho, conhecido como “Miss Jones” e em 1960 com o “A Burn Out Case” escrito 
por Graham Greene, um arquiteto que descreveu uma problemática em torno do seu 
abandono profissional por estar esgotado tanto fisicamente quanto psicologicamente 
(SCHMITIZ, 2015). Entretanto apesar de haver indícios de que o termo já foi utilizado 
anteriormente, Benevides-Pereira (2012) afirma que: 
 
Esta síndrome começou a ser estudada na década de 70, nos Estados 
Unidos, difundindo-se mundialmente nos anos posteriores. O artigo 
que provocou maior impacto e propagação do burnout foi o de 
Freudenberger (1974), levando muitos pesquisadores a estudarem 
seus sintomas, causas e consequências. No entanto, a concepção 
mais aceita é a das psicólogas sociais Christina Maslach e Suzan 
Jackson (1981; 1986), que definem esta síndrome como um 
constructo multidimensional, constituído por exaustão emocional, 
despersonalização e reduzida realização pessoal no trabalho (p. 159). 
 
 
Desta forma, as primeiras pesquisas não apresentavam um caráter científico, 
uma vez que, eram experiências pessoais dos trabalhadores, sem muitos estudos e 
comprovações na área, portanto as pesquisas de Freudenberger (1974) se 
destacaram por, se basear em observações de acadêmicos em Medicina que na 
maioria das vezes desenvolviam depressão, fadiga e sentimento de esgotamento por 
conta da quantidade de trabalho que tinham que lidar e seus demais problemas, e a 
partir disso que o mesmo desenvolveu a hipótese de que o desgaste de energia era o 
que desencadeava a síndrome e pesquisou a respeito disso, então seus estudos 
18 
 
 
foram considerados os primeiros sobre a Síndrome de Burnout. Foi só no final da 
década de 70 que os estudos nessa área começaram a ser mais elaborados com 
pesquisas e instrumentos que pudessem estudar os problemas e como solucioná-los 
(CARLOTTO; CÂMARA, 2004). 
Em 1976 a psicóloga norte-americana Christina Maslach pesquisou a fundo 
sobre a síndrome, e em seus estudos foi pioneira ao perceber que os profissionais 
com a SB tinham atitudes negativas e se distanciavam das demais pessoas como 
forma de responder a todas as tensões do dia a dia, estresse e demais ocorrências 
no ambiente de trabalho. A mesma complementou o conceito de Freudenberger 
(1974) sobre as duas dimensões, exaustão emocional e despersonalização, criando 
uma terceira que relaciona-se a realização profissional no trabalho e como os 
indivíduos se relacionam com o lugar, esta foi a teoria mais bem aceita, uma vez que 
as três dimensões estariam interligadas, mas ao mesmo tempo independentes uma 
da outra (ALVES, 2017). 
 Após seus estudos em centenas de trabalhadores Maslach criou o Maslach 
Burnout Inventory (MBI), que “é um instrumento utilizado exclusivamente para a 
avaliação da síndrome, não levando em consideração os elementos antecedentes e 
as consequências de seu processo” (CARLOTTO; CÂMARA, 2004, p. 501). Logo, o 
MBI faz uma avaliação do profissional de acordo com as três dimensões: exaustão 
emocional, despersonalização e realização profissional medindo a intensidade e a 
frequência das respostas. 
Vale ressaltar que no início os estudos tinham como alvo os profissionais da 
saúde, entretanto na década de 80 surgiram resultados alarmantes da SB em 
profissionais de outras áreas, como educação e assistência social que estavam em 
contato direto com pessoas, inclusive em indivíduos que aparentemente não tinham 
nem um problema relacionado ao seu ambiente de trabalho, portanto Maslach e 
Jackson se empenharam em estudar cada vez mais a síndrome, concluindo que a 
mesma era uma resposta ao estresse ocupacional crônico. Esses dados cresceram o 
interesse dos pesquisadores por esse campo nas últimas décadas, focando em 
modificações na qualidade de vida do profissional seja da saúde, da educação ou 
social, buscando maneiras de prevenir a SB (BENEVIDES-PEREIRA, 2002). 
Na perspectiva da autora Paganini (2011), a construção do conceito da SB 
pode ser tratada a partir de quatro perspectivas; a clínica, social-psicológica, 
organizacional e social-histórica. A primeira refere-se à proposta
de Herbert 
19 
 
 
Fredenberger, que em 1974 procurou entender através de seus estudos, a origem da 
síndrome, assim como seus sintomas, tratamentos e evoluções nos pacientes, 
acreditando que a mesma atinge grande parte dos profissionais que trabalham em 
contato frequente com outras pessoas. Já na visão social-psicológica inserida por 
Cristina Maslach, a mesma investigou o ambiente de trabalho dos indivíduos e sua 
implicação na SB identificando que este era um dos principais pontos que contribuíam 
para o estresse e consequentemente para a síndrome. 
Além do mais, a visão organizacional de Cary Cherniss, fortaleceu o modelo 
visto anteriormente quando enfatiza que a maneira como os processos 
organizacionais do serviço ocorre, podem gerar a SB como um mecanismo de 
enfrentamento contra todos os estresses e frustrações que ocorrem no ambiente de 
trabalho. Por fim, a social-histórica introduzida por Seymour Sarason em 1983 pontua 
que a sociedade influencia muito na ocorrência da síndrome, mais do que as questões 
próprias do indivíduo ou organizações de trabalho, uma vez que, a mesma impõe um 
modelo a ser seguido e muitas vezes esse não favorece os profissionais em seu 
serviço e acabam por facilitar o desenvolvimento da SB (PAGANINI, 2011). 
Partindo dessas premissas, optamos por detalhar na seção a seguir as 
principais causas da SB nos professores, buscando compreender os motivos pelos 
quais os mesmos se sentem desvalorizados, estressados, cansados e até frustrados 
em sua profissão, muitas vezes progredindo para um estresse crônico por conta do 
seu trabalho e que pode levar a desenvolver a síndrome. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
3. SEÇÃO 2 - A SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFESSORES E SUAS CAUSAS 
 
 
Sabemos que ao longo do tempo o processo do trabalho docente sofreu 
profundas transformações envolvendo a imagem do professor perante a sociedade, 
assim como suas condições de trabalho e valorização. Desta forma, diversas 
atribuições começaram a ser impostas extrapolando o seu papel enquanto docente, 
cujas quais, são trabalhos administrativos, atividades extraescolares, cuidados com o 
patrimônio escolar, entre outras, fazendo com que essas condutas repercutam na 
saúde física e mental dos trabalhadores de forma negativa (CARLOTTO; PALAZZO, 
2006). 
Compreendemos que o neoliberalismo influencia a organização da educação, 
uma vez que tira a mesma do campo social e político para ingressar no campo do 
mercado do trabalho e suas funções semelhantes, envolvendo as técnicas de 
gerenciamento e organização voltados para uma gestão empresarial, enxergando os 
pais e alunos enquanto consumidores e não cidadãos (LOPES; CAPRIO, 2017). 
Partindo desse princípio, a escola está gradativamente assumindo papéis e atributos 
envolvendo uma gama de complexidades, grande número de funcionários, clientes 
atendidos e a função de organizar tudo isso da maneira correta. Portanto há 
exigências de que os professores assumam cada vez mais novas funções, que 
demandam uma série de competências e habilidades para ensinar o seu aluno, 
submetendo o educador a um aumento de suas responsabilidades e 
consequentemente um alto nível de estresse causado pelos esforços que o mesmo 
coloca em sua profissão e muitas vezes não é recompensado (CARLOTTO; 
PALAZZO, 2006). 
 
O professor, neste processo, se depara com a necessidade de 
desempenhar vários papéis, muitas vezes contraditórios, que lhe 
exigem manter o equilíbrio em várias situações. Exige-se que seja 
companheiro e amigo do aluno, lhe proporcione apoio para o seu 
desenvolvimento pessoal, mas ao final do curso adote um papel de 
julgamento, contrário ao anterior. Deve estimular a autonomia do 
aluno, mas ao mesmo tempo pede que se acomode às regras do grupo 
e da instituição. Algumas vezes é proposto que o professor atenda aos 
seus alunos individualmente e em outras ele tem que lidar com as 
políticas educacionais para as quais as necessidades sociais o 
direcionam, tornando professor e alunos submissos, a serviço das 
necessidades políticas e econômicas do momento (MERAZZI,1983 
apud CARLOTTO, 2002, p.23). 
 
21 
 
 
Constatamos que esse aumento de exigências e responsabilidades sobre os 
professores modificaram os papéis que os mesmos estavam acostumados a exercer, 
e consequentemente impôs uma série de requisitos que eles devem seguir para se 
tornar um profissional qualificado atualmente, porém grande parte se esquece de que 
submeter ritmos de trabalho acelerados, desvalorização, grande número de alunos 
por sala com uma infraestrutura inadequada e por fim um salário que não condiz com 
a profissão, são fatores que aumentam cada vez mais as chances desses educadores 
desenvolverem a Síndrome de Burnout (CARLOTTO, 2002). 
Neste contexto o docente sofre com a falta de tempo para além da rotina, 
muitas vezes se pega trabalhando fora do horário de expediente, além de não ter 
tempo para lazer com a família ou até mesmo se atualizar profissionalmente, não 
tendo uma boa qualidade de vida. Mesmo com as diversas condições precárias e o 
estresse contínuo os professores ainda se esforçam para continuar em sua profissão, 
uma vez que compreendem a importância do seu trabalho, porém essa rotina 
cansativa, estressante e altamente desvalorizada desgasta todas as forças dos 
educadores dia após dia (CODO, 2002). 
Desta forma, a SB em profissionais da educação vem crescendo a atenção de 
diversos pesquisadores, em busca das possíveis causas desta síndrome nos 
professores, isso ocorre porque essa profissão já é considerada uma das que mais 
apresentam alto risco de incidência, em virtude das mudanças nos papéis dos 
profissionais, altos níveis de estresse a que são submetidos, além da baixa qualidade 
de vida que o mesmo leva (CARLOTTO; DIEHL, 2014). 
Sabemos que a SB é resultante das interações dos indivíduos e seu ambiente 
de trabalho, seja na sala de aula ou fora dela, o professor cumpre junto a escola um 
papel essencial na socialização do sujeito que está formando, estando nítido que seu 
desempenho depende de suas condições físicas e mentais, e que o seu aluno o vê 
enquanto uma referência, um exemplo a ser seguido. Partindo desse princípio, é 
necessário que o educador tenha uma alta qualidade de vida, assim como sua saúde 
tanto física quanto mental estejam apropriadas para lecionar (CARLOTTO, 2011). 
 
No trabalho docente, alguns estressores são típicos da natureza da 
função e outros são ocasionados pelo contexto em que o mesmo se 
realiza. O impacto dos fatores estressantes sobre profissões que 
requerem condições de trabalho específicas, com grau elevado de 
relação com o público, como a do professor, tem sido estudado pela 
comunidade científica internacional sob a denominação de Síndrome 
22 
 
 
de Burnout (SB) sendo que, no Brasil também é conhecida como 
Síndrome do Esgotamento Profissional (MAZON; CARLOTTO; 
CÂMARA, 2008, p.57). 
 
Compreendemos que a SB em profissionais da educação aparece aos poucos, 
primeiramente com sensação de inadequação ao trabalho que realiza, além de 
diminuição de capacidade para resolver problemas no ambiente educacional, e assim 
vai se constituindo paulatinamente até chegar à fase final de um processo 
desgastante, onde o trabalhador carece de tempo suficiente para realizar as 
atividades e continuar sua formação necessária, e sente-se cada vez mais exausto 
emocionalmente e fisicamente, fazendo com que o mesmo comece a apresentar 
atitudes negativas em relação à seus alunos e sua profissão como um todo (MORENO 
– JIMENEZ et al., 2002). 
Desta forma, geralmente os docentes que desenvolvem a Síndrome de Burnout 
no início apresentam uma grande vontade e energia para exercer sua profissão, 
porém quando o mesmo percebe que a prática não é exatamente igual tudo o que 
estudou em teoria ele se frustra por não obter recompensas ao fazer o seu trabalho 
da melhor forma possível. Logo, o professor começa
a se desanimar e questionar se 
realmente é isto o que escolheu para sua vida, sendo nesse momento em que 
aparecem os sintomas de irritabilidade e baixa autoestima, além do desejo de 
abandonar seu trabalho, podendo perder o sentido de tudo, até mesmo de sua vida 
(SILVA, 2006). 
Entendemos que são inúmeras as causas da Síndrome de Burnout em 
professores, resultantes do sentimento de fracasso que o trabalhador apresenta ao 
sentir-se incapaz para modificar a realidade escolar que o cerca, e com isso o mesmo 
acaba desenvolvendo um certo desinteresse pelo seu emprego, se acostumando a 
ficar nessas condições de estresse, mudando de escola ou até mesmo abandonando 
tudo, por achar que essa é a única solução. Entretanto, percebe-se a necessidade de 
um maior aprofundamento acerca dessas questões, uma vez que, mesmo com uma 
grande dedicação ao seu trabalho, sendo um profissional criativo, afetivo e inovador 
para ajudar os seus alunos, muitos docentes estão desenvolvendo a SB (SILVA, 
2006). 
Sabemos que ensinar é altamente estressante e muitas vezes isto repercute 
no desempenho do profissional compreendendo que as manifestações da Síndrome 
de Burnout em professores apresentam sintomas individuais e profissionais, onde os 
23 
 
 
trabalhadores sentem-se emocionalmente e fisicamente exaustos, irritados, tristes e 
ansiosos. O uso do giz pode provocar irritações e alergias na pele e nas vias 
respiratórias; falar muito e grande parte das vezes com o tom de voz alterado pode 
provocar problemas nas cordas vocais dos professores e, além disso, ficar em pé por 
muito tempo acomete a problemas circulatórios e musculares (ACHKAR, 2013). 
Estes sintomas associados a frustrações emocionais podem causar doenças 
psicossomáticas, tais como a insônia, úlceras, hipertensão e fortes dores de cabeça, 
o que muitas vezes leva ao indivíduo que apresenta estes sintomas abusar no uso do 
álcool e medicamentos (CARLOTTO, 2002). 
Em meio a demandas constantes e intensas do trabalho docente, os 
educadores recebem salários baixos, sendo obrigado a lecionar em várias escolas e 
mais de um turno, sacrificando muitas vezes seu horário de descanso e lazer, assim 
como sua vida pessoal, que fica totalmente afetada, pois há uma sobrecarga de 
trabalho que exigem finais de semanas e noites sem dormir para preparar aulas e 
corrigir provas e trabalhos, onde cada vez mais “as exigências diárias do trabalho, da 
família e outros fatores presentes na rotina de cada indivíduo, corroem a energia e o 
entusiasmo destes” (MEISTER, 2012, p.10). 
As diversas salas lotadas, muitas vezes com alunos desinteressados ou 
indisciplinados, assim como aqueles com necessidades especiais que precisam de 
uma atenção e principalmente de uma formação adequada para trabalhar com eles, a 
violência presente na escola e fora dela e os diversos conflitos são algumas das 
variáveis que possibilitam gerar a SB (BENEVIDES-PEREIRA, 2012). 
 
Os professores têm o desafio contínuo de manter o controle da classe. 
Eles levam grande parte desse trabalho para casa, o que torna difícil 
relaxar no final do dia. Ficam expostos à crítica dos supervisores, dos 
pais, dos diretores, da mídia e dos políticos locais e nacionais. Tem 
poucos recursos e oportunidades para realizar uma reciclagem regular 
e extensa. São afetados emocionalmente pelos sucessos e fracassos 
de seus alunos (FONTANA, 2002, p.473). 
 
 
Em relação às condições físicas e os recursos pedagógicos que auxiliam o 
ensino do professor vemos escolas com situações extremamente precárias, sem ter 
materiais para trabalhar com os alunos, os professores acabam tendo que 
participarem de rifas para acarretar fundos para seu colégio, muitas vezes comprar 
coisas com seu dinheiro quando na verdade isto devia ser responsabilidade do poder 
24 
 
 
público, se deparam também com a falta de envolvimento dos pais nas questões 
educacionais de seus filhos e a pressão psicológica sofrida pela escola. Segundo 
Benevides - Pereira (2012, p.166) “se não houver investimento no professor, 
conferindo-lhe salário digno, condições adequadas de trabalho e resgatando seu 
prestígio junto à sociedade, dificilmente a situação aqui exposta será modificada”. 
A SB acomete estes profissionais, pois, muitos não visualizam mais 
perspectivas em seu ambiente de trabalho, vivem em uma rotina cansativa e 
estressante que chegam ao ponto de desenvolverem a Síndrome, pois, estão em um 
estágio de exaustão, isto acontece principalmente com aqueles docentes idealistas e 
que no início de sua carreira estão entusiasmados com sua profissão, geralmente são 
bem comprometidos com o emprego e se envolvem com intensidade nas atividades, 
uma vez que, encontra-se com estas condições materiais e físicas acabam se 
sentindo desapontados e não recompensados pelos seus esforços (BENEVIDES-
PEREIRA, 2012). 
 
Muitos professores não visualizam perspectivas em seu trabalho, não 
examinam seu sucesso profissional, sua competência e a satisfação 
que obtêm com ele. Trabalham estabelecendo uma rotina, 
esquecendo-se de atividades extraprofissionais e de lazer, não 
criando um estilo de vida saudável (MAZON; CARLOTTO; CÂMARA, 
2008, p.57). 
 
 
Pesquisas apontam que “professores com menos de 40 anos apresentam 
maior risco de incidência, provavelmente devido às expectativas irrealistas em relação 
à profissão” (CARLOTTO, 2002, p.25). Estes professores saem da faculdade com o 
sentimento de que podem fazer tudo de acordo com as teorias que lhe são 
apresentadas, porém na prática tudo muitas vezes é diferente, eles são extremamente 
cobrados, sofrem críticas quando fracassam, e quando obtêm sucesso raramente são 
reconhecidos, sentem-se ineficazes e acreditam que não realizam bem o seu trabalho, 
por isso é necessário que os mesmos sejam reconhecidos e consigam sentir-se 
realizados em seu ambiente de trabalho, uma vez que, “o indivíduo que consegue 
realizar sua atividade profissional de forma satisfatória não apenas para o 
empregador, mas, para ele próprio, terá como recompensa o sentimento de dever 
cumprido” (MEISTER, 2012, p.22). 
Outro fator que contribui para a SB de forma significativa é a desvalorização 
dos professores, resultante do contexto histórico em que estão inseridos, onde o 
25 
 
 
profissional da educação se depara com situações que o desequilibram e propiciam 
sentimentos negativos relacionados ao seu ambiente de trabalho. Esses 
acontecimentos estão relacionados à baixa remuneração salarial, problemas 
decorrentes da organização e coordenação do local de serviço, sobrecarga de 
atividades laborais, sem ter tempo para horas de lazer e ainda uma inadequação entre 
a formação e a prática docente (SILVA, 2006). 
Realizando uma análise acerca da escola, compreendemos que a mesma 
ainda apresenta muito tradicionalismo, salas de aula com carteiras enfileiradas e um 
currículo que não está próximo à realidade, muitas vezes alienante para seus alunos. 
Esse contexto faz com que cada vez mais o docente tenha que se desdobrar para ser 
inovador, criativo e dinâmico em seu ambiente de trabalho, consequentemente o 
mesmo se encontra sobrecarregado, passa horas planejando aulas para o dia 
seguinte e não recebe a merecida valorização e um salário condizente com seu 
esforço (SILVA, 2006). 
Desta forma, estudos apontam que a SB não surge apenas a partir do docente 
e sim de fatores que se encontram no ambiente de trabalho do indivíduo, cujo quais 
são separados em três níveis: micro, meso e macrossociais, que segundo Cardoso e 
Andrade (2012): 
 
Os fatores microssociais seriam aqueles situados dentro da atividade 
profissional, ou seja, comprometimento, relacionamentos 
profissionais, fatores de interação com os alunos e na relação com os 
pais pelas expectativas ao seu trabalho de docência. Os fatores 
intermediários envolvem as políticas institucionais, aspectos éticos, 
aspectos culturais do professor e dos alunos, e os macrossociais
seriam todas as forças derivadas das tendências globais e políticas 
governamentais [...] (CARDOSO; ANDRADE, 2012, p.135). 
 
Vale ressaltar que problemas como desmotivação dos educandos, conflitos e 
violência na sala de aula, indisciplina, falta de infraestrutura e recursos, turmas com 
um número elevado de alunos associados à pressão excessiva por parte da 
coordenação, de famílias e a sociedade de um modo geral, facilitam o 
desenvolvimento da SB em profissionais da educação. Muitas vezes os mesmos não 
tem o prestígio de sua profissão e aquele reconhecimento que almeja, além de ter 
diversos problemas para resolver, fazendo desta realidade muito propicia para o 
26 
 
 
estresse e desgaste emocional do educador (GARCIA; BENEVIDES-PEREIRA, 
2003). 
Constatamos que a satisfação do professor em seu ambiente de trabalho está 
atrelado à qualidade de experiência que o mesmo irá ter e seu desejo de continuar na 
profissão ou não, se o mesmo se encontra desmotivado, exausto e desgastado, ele 
está cada vez mais próximo de ser acometido pela SB, uma vez que o indivíduo que 
se encontra feliz e satisfeito com seu emprego não terá muitos problemas, diferente 
do que se vê sem saídas, muitas das vezes frustrados com a profissão querendo 
abandoná-la (CARLOTTO, 2002). 
Partindo dessas premissas optamos por detalhar na seção a seguir uma análise 
do impacto que a Síndrome de Burnout têm em sala de aula, compreendendo que é 
de suma importância que além de conhecer a respeito da SB e suas causas, o mesmo 
entenda as suas consequências e como isso impacta na vida dos alunos e dos 
próprios educadores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
4. SEÇÃO 3 – ANÁLISE DO IMPACTO DA SÍNDROME EM SALA DE AULA 
 
Compreendemos que para um bom desempenho das atividades docentes é 
necessário condições emocionais favoráveis para o educador, este que é a 
“referência” para seu aluno em suas atitudes, caráter e maneira de tratar o outro, com 
dedicação, paciência e afeto, pois é na escola que os alunos poderão significar 
inúmeras possibilidades ou se limitar, isto dependerá muito de como ele é 
compreendido e visto pelo seu professor (MEISTER, 2012). 
A Síndrome de Burnout faz com que os professores interfiram no seu ambiente 
educacional e em seus objetivos pedagógicos, uma vez que, sua produtividade fica 
muito abaixo do seu real potencial, apresentando prejuízos em seus planejamentos 
de aula, pois com a perda da criatividade e do entusiasmo suas aulas ficam altamente 
comprometidas. “Como a situação de estresse geralmente não é combatida, o 
professor entra em um círculo vicioso, onde cada vez mais se estressa, pois se torna 
cada vez mais sensível aos estímulos estressores” (MEISTER, 2012, p.33). 
Os profissionais entram em um processo de alienação, desumanização e apatia 
querendo sempre abandonar sua profissão, e esta situação ocasiona sérios 
transtornos no ambiente escolar, pois estes trabalhadores muitas vezes ficam 
contando as horas para o dia acabar, querem que as férias se aproximem logo e se 
utilizam de inúmeras maneiras para não precisar ir à escola. “O professor acometido 
pela síndrome tem dificuldade de envolver-se, falta-lhe carisma e emoção quando se 
relaciona com estudantes, o que afeta não só a aprendizagem e a motivação dos 
alunos, mas também o comportamento destes” (CARLOTTO, 2002, p.23). 
Por isso, quando o trabalhador começa a sentir menos simpatia pelos 
estudantes e menos otimismo quanto ao futuro dos mesmos e de si próprio, ele 
começa a se sentir frustrado com situações cotidianas que ocorrem em sala de aula, 
adquire visões depreciativas e arrependidas em relação à sua profissão e isto 
prejudica muito o seu ambiente de trabalho e o progresso de seus alunos (ACHKAR, 
2013). 
É sabido que um grande número de professores não sabe mais como 
lidar e quais atitudes tomar diante de tais situações de conflito em sala 
de aula. Irritados e desmotivados os professores não conseguem 
encontrar caminhos que proponham novas atitudes para a dinâmica 
do ato de ensinar (ACHKAR, 2013, p.60). 
 
28 
 
 
Desmotivados e não encontrando caminhos e atitudes corretas a se tomar, eles 
se sentem cada vez mais irritados, gastam muito do seu tempo reclamando da 
administração da instituição escolar, denegrindo seus alunos sem nenhuma 
preocupação com o que isto vai acarretar para os mesmos e principalmente 
planejando novas opções de trabalho, uma vez que, se arrependem de sua escolha 
profissional (ACHKAR, 2013). Carlotto (2002) ainda complementa que os 
“sentimentos de hostilidade em relação a administradores e familiares de alunos 
também são frequentes, bem como o desenvolvimento de visão depreciativa com 
relação à profissão” (p.24), fazendo com que os professores acometidos pela SB 
reclamem diversas vezes sobre seu ambiente de trabalho e não queiram mais 
frequentá-lo. 
A SB nos profissionais da educação tem uma ligação significativa com o fato 
de confiar uma grande expectativa em seu trabalho baseada em propósitos, tais como 
melhorar a sua vida e de seus familiares, e se tornar um profissional renomado e 
valorizado pelo que realiza em sala de aula. Entretanto, muitas das vezes essas metas 
não são alcançadas e os mesmos se sentem fracassados e desanimados com as 
situações desagradáveis. De fato essa frustração impacta diretamente em seu 
trabalho na escola, atingindo tanto seu lado profissional quanto pessoal (FREITAS 
et.al., 2018). 
Sabemos que as inúmeras mudanças na função do professor junto às 
exigências e responsabilidades fazem com que o mesmo precise aprimorar 
progressivamente suas habilidades e competências em relação à docência, com o 
intuito de não prejudicar o seu aluno por problemas relacionados à Síndrome de 
Burnout, uma vez que o profissional que desenvolveu a SB se torna cada vez mais 
desanimado, estressado e até mesmo desumano em relação ao outro (CARLOTTO, 
2002). 
A relação professor-aluno se apresenta como o componente 
fundamental da atividade docente e é nessa relação que emerge a 
essência da função. Assim, pode ser fonte de prazer quando essa 
relação se estabelece de forma adequada e satisfatória, ou pode 
funcionar como elemento de tensão e estresse quando ocorre o 
contrário (CARLOTTO; PALLAZO, 2006, p.1023). 
 
Compreendemos que a relação entre professor e aluno apresenta uma grande 
importância e deve ser levada a sério, uma vez que, seus alunos levam para a sala 
de aula toda uma bagagem de experiências que já viveram e procuram na escola um 
29 
 
 
espaço para se expressar e obter sua liberdade. Quando o professor que está com a 
SB se aliena e começa a desenvolver desumanização e apatia com o outro, ele 
prejudica o convívio e a afetividade dessa relação, fazendo com que os alunos muitas 
das vezes faltem com respeito aos limites estabelecidos no ambiente escolar e 
principalmente com aquele docente em específico (CARLOTTO, PALLAZO, 2006). 
Logo, isso prejudica toda a aprendizagem e o comportamento em sala pela falta 
de relação e compreensão entre um e o outro, se tornando mais uma das causas 
pelas quais o trabalhador acaba diminuindo o sentimento de interesse e realização 
pessoal no trabalho. É irrefutável que o aluno para se desenvolver integralmente 
enquanto um cidadão participativo e emancipado necessita de profissionais que 
ensinem baseado na motivação e trabalhando com criatividade, dinâmica e diálogo, 
porém a SB faz com que os professores tenham atitudes negativas e que muitas vezes 
prejudicam seus alunos em sala de aula, promovendo uma relação com níveis baixos 
de interesse (CARLOTTO, PALLAZO, 2006). 
Partindo desse princípio, ao compreender a importância de uma vida com 
qualidade e saudável para os profissionais da educação e o impacto disso em sala de 
aula, optamos por detalhar em uma subseção a qualidade de vida dos professores 
atualmente para que haja uma reflexão sobre como está sendo esse processo
de 
saúde emocional e física na vida dos professores e o que precisa de fato ser 
melhorado. 
 
 
 
30 
 
 
4.1. Qualidade de vida dos professores 
 
 
Compreendemos que o termo qualidade de vida é muito subjetivo e varia de 
pessoa para pessoa e o seu significado para a mesma, que pode variar, desde seu 
estado de saúde, suas metas e preocupações até os aspectos que interferem no seu 
cotidiano como um todo (ROCHA; FERNANDES, 2007). 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS): 
 
Qualidade de vida reflete a percepção dos indivíduos de que suas 
necessidades estão sendo satisfeitas ou, ainda, que lhes estão sendo 
negadas oportunidades de alcançar a felicidade e a auto-realização, 
com independência de seu estado de saúde físico ou das condições 
sociais e econômicas (OMS, 1998). 
 
Consideramos que é necessário um ambiente de trabalho favorável ao bem-
estar do indivíduo junto a relações saudáveis entre os trabalhadores e seus demais 
companheiros, logo, isso influencia diretamente na forma como o mesmo conduz o 
seu serviço. Portanto, para que essa demanda seja atendida, é essencial que o 
trabalhador tenha acesso a uma boa qualidade de vida que incentive possibilidades e 
expectativas de subir degraus em sua carreira, respeitando sua saúde mental e física, 
além da sua autoestima e satisfação em seu ambiente de trabalho (NASCIMENTO; 
PEREIRA; PEREIRA, 2013). 
Partindo dessas premissas, defendemos a necessidade de uma qualidade de 
vida para os professores junto a uma valorização dos mesmos, entretanto, nem 
sempre o ambiente escolar é favorável, onde suas condições não são as melhores e 
não há preocupação com os docentes. Por vezes a escola em que o profissional da 
educação trabalha possui condições precárias ou insalubres, como por exemplo, pisos 
soltos ou quebrados, salas não arejadas, ventilação inadequada, janelas e lousas 
quebradas e falta de recursos. Além disso, o professor ainda se depara com alunos e 
familiares agressivos, desrespeitosos e incompreensivos, o que de fato demonstra a 
desvalorização desse profissional e prejudica sua saúde tanto física quanto mental 
(PENTEADO; PEREIRA, 2007). 
Além disso, vale ressaltar que a saúde vocal do professor fica comprometida 
por conta da profissão que demanda um uso excessivo e muitas vezes inadequado 
da voz, por isso há casos em que o docente prejudicado já não faz o uso com 
frequência da mesma e isso compromete além do seu físico o seu lado psíquico. 
31 
 
 
Penteado e Pereira (2007) ainda dizem que: 
 
[...] Em alguns casos, desconfortos vocais como fadiga, cansaço, 
desgaste e perda da voz decorrentes do seu uso excessivo e 
inadequado na atividade docente podem levar o professor a diminuir 
esse uso em seu cotidiano, chegando a evitar eventos sociais ou 
preferir o silêncio em situações de interação familiar. Portanto, nas 
ações para promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida 
docente devem ser levadas em conta as demandas e condições de 
uso da voz, favorecendo a resistência vocal e o aprimoramento com 
maior rendimento e mínimo esforço, com vistas à saúde vocal (p.242). 
 
Ao nos depararmos com esses fatos constatamos a baixa qualidade de vida 
que esse profissional leva e que contribui de maneira significativa para o 
desenvolvimento da Síndrome de Burnout, uma vez que, o mesmo se esforça para 
fazer o melhor para seus alunos e em troca se depara com uma precariedade no 
ambiente escolar, salários baixos, sobrecargas de trabalho e uma depreciação de sua 
profissão, cuja qual é essencial e de extrema importância para todos. Esse conjunto 
de fatores afeta de modo negativo a vida do professor, seu trabalho pedagógico e 
seus alunos de forma direta e pode vir a refletir em sua saúde física com dores no 
corpo e na cabeça, ansiedade e insônia, até mesmo na necessidade de tratamentos 
médicos por estar tão esgotado que não consegue mais prosseguir sem ajuda 
profissional (PENTEADO; PEREIRA, 2007). 
Com a nova organização do trabalho e o rompimento da idealização do 
professor enquanto figura de respeito, sabedoria e admirado por toda a sociedade, 
vemos uma intensificação do trabalho docente e de diversas funções que devem ser 
cumpridas em pequenos espaços de tempo, fazendo com que o indivíduo aja de 
maneira muito rápida, muitas vezes desgastando a qualidade do seu serviço e sua 
saúde. Portanto, sabemos que “a categoria de professores encontra-se exposta a 
riscos de doença, tanto física como psicossociais, ao defrontarem com situações 
cotidianas [...]” (SILVA, 2004-2013 p. 2). 
As situações depreciativas afetam o cotidiano do trabalhador desequilibrando 
todas as suas expectativas quanto a profissão, seu trabalho pedagógico e sua saúde 
física e mental, ocasionando sentimentos de ineficácia, insatisfação, cansaço, 
ocasionando uma qualidade de vida precária, onde o professor fica frustrado, 
desmotivado e estressado por não conseguir mudar os rumos de sua vida e nada sair 
32 
 
 
como o planejado, cenário este propício ao desencadeamento da SB (SILVA, 2004-
2013). 
Segundo Silva (2004-2013) ao estudar o autor Gomes (2002): 
 
O autor destaca que os problemas de saúde do professor têm sido 
estudados no Brasil a partir da década de 1970 e constantemente é 
tema de questionamentos, debates e inúmeras ações trabalhistas nas 
diferentes instituições de ensino. Dentre os problemas de saúde é 
atual a discussão em torno do “estresse ocupacional” caracterizado 
como um desgaste anormal do organismo humano e diminuição da 
capacidade de trabalho [...]” (p. 4). 
 
É irrefutável a importância do profissional da educação como fator principal na 
vida e educação de seus alunos, portanto, é necessário que o mesmo esteja em plena 
satisfação pessoal, sentindo-se muito bem consigo mesmo e com o trabalho que vem 
desenvolvendo. Porém dificilmente o trabalhador vai se sentir confortável e estável 
em um emprego onde não é valorizado, é submetido à trabalhos excessivos, tem falta 
de reconhecimento, sem perspectivas para o futuro e descontente com sua profissão. 
Desse modo, compreendemos a relevância de buscarmos cada vez mais lutar pelos 
direitos dos professores e proporcionar aos mesmos uma vida de qualidade (SILVA, 
2004-2013). 
Constamos que há pontos necessários a serem estudados e se possível 
colocados em prática na profissão para promover uma vida mais saudável e feliz, tais 
como, salários de acordo com o trabalho realizado, condições favoráveis, recursos 
adequados, uma jornada de serviço que não seja excessiva, igualdade entre os mais 
experientes e os demais, além de uma oportunidade de crescimento tanto profissional 
quanto pessoal dentro do ambiente de trabalho. Logo, uma boa qualidade de vida aos 
profissionais além de propiciar aos mesmos algo bom, é de fato muito interessante 
para o rendimento da instituição, pois, o mesmo, se torna muito mais produtivo, eficaz 
e saudável em seu trabalho (NASCIMENTO; PEREIRA; PEREIRA, 2013). 
Partindo dessas premissas, optamos por detalhar na seção a seguir algumas 
estratégias de enfrentamento da Síndrome de Burnout, para que os profissionais da 
educação entendam que não estão sozinhos e conheçam os modos como podem 
prevenir a síndrome de maneira eficiente. 
 
33 
 
 
5. SEÇÃO 4 – ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO PARA A SÍNDROME 
 
 
Compreendendo qual o conceito de Síndrome de Burnout, seus sintomas e 
causas, de fato é necessário abrangermos quais estratégias podemos adotar para 
enfrentá-la. Partindo deste princípio, sabemos da importância da prevenção e 
erradicação da SB não seja uma tarefa solitária e sim uma ação dos professores, 
alunos, instituição escolar e sociedade em prol de ajudar o indivíduo, pois o ensino 
em si, por mais estranho que seja muitas das vezes é uma profissão muito solitária, 
onde o docente necessita do apoio e encorajamento mútuo de pessoas que 
compreendem suas dificuldades e estão dispostas a ajudar (FONTANA, 2002).
Para que os educadores que desenvolveram o Burnout consigam maneiras de 
enfrentar esta síndrome, buscamos por estratégias que auxiliassem nesse processo 
onde “[...] os indivíduos realizam uma avaliação do que está ocorrendo, a fim de que 
o organismo possa responder adequadamente ao estressor, solucionando-o ou 
amenizando-o (CHAMON; SANTOS; CHAMON, 2008, p. 6). 
Constatamos em nossa pesquisa o coping2 enquanto estratégias de 
enfrentamento que podem ser utilizadas pelo professor para se adaptar à situações 
cotidianas. Existem dois tipos, um focado na emoção e o outro no problema. O 
primeiro é focalizado na emoção e se trata de um determinado esforço que o 
trabalhador realizará em prol de regular o seu estado emocional associado ao 
estresse, tendo por objetivo reduzir a sensação desagradável. Já o segundo é 
focalizado no problema e abrange um esforço em prol de mudar a situação que 
originou o estresse alterando o problema existente entre o indivíduo e seu ambiente 
de tensão (MAZON; CARLOTTO; CÂMARA, 2008). 
Compreendemos que o coping nada mais é do que a reação que o professor 
terá relacionada ao estímulo estressor e quais comportamentos e esforços ele 
realizará para amenizar o mesmo, uma vez que, usando desse método o mesmo 
estará lidando com a situação da melhor maneira possível e isso muitas vezes o levará 
a superar desafios que apareçam em seu cotidiano, sendo de extrema importância 
para o trabalhador. De fato, vale ressaltar que cada caso é único, afinal temos pessoas 
 
2 Lazarus e Folkman (1984) definem coping como os esforços cognitivos e comportamentais constantemente 
alteráveis para controlar, vencer, tolerar ou reduzir as demandas internas ou externas específicas que são avaliadas 
como excedendo ou fatigando os recursos da pessoa. A forma como a pessoa lida com as situações estressantes 
desempenha um importante papel na relação entre o estresse e o processo de saúde-doença (apud MAZON; 
CARLOTTO; CÂMARA, 2008, p.58) 
34 
 
 
que vão se estressar com mudanças e situações pequenas no seu dia a dia e outras 
que só serão afetadas quando for algo de extrema intensidade, portanto, é necessário 
que haja todo um processo de auxílio para esse docente de acordo com suas 
necessidades, buscando cada vez mais melhorar sua qualidade de vida e enfrentar 
esta síndrome (MAZON; CARLOTTO; CÂMARA, 2008). 
Ainda há estudiosos como Carver, Scheier e Weintraub (1989) que 
proporcionam um maior detalhamento desses enfrentamentos a partir da proposta 
original de Folkman e Lazarus (1984) que envolvem o coping ativo (consistindo no 
processo de estabelecer passos para remover ou melhorar os efeitos estressores); o 
planejamento, a supressão de atividades concomitantes; o coping moderado (que 
espera uma oportunidade para a ação restringindo a impulsividade); a busca de 
suporte social por razões instrumentais ou sociais; o foco na expressão de emoções, 
o desligamento comportamental e mental; a reinterpretação positiva, assim como usar 
da religiosidade como forma de aliviar a tensão (MAZON; CARLOTTO; CÂMARA, 
2008). 
Posto isto, o coping permite encontrar diferentes formas de lidar com 
as situações que ocorrem entre o indivíduo e o meio, passando a ser 
visto segundo uma perspectiva socioecológica. Deixa então de ser 
pensado como uma resposta intuitiva a um estímulo, passando a ser 
visto como uma resposta racional, ou seja, as estratégias de coping 
podem ser aprendidas e ajustadas às diferentes situações (POCINHO; 
PERESTRELO, 2011, p. 522). 
 
Além disso, algumas outras estratégias podem ser usadas para enfrentar a 
Síndrome de Burnout nos docentes tais como: planejar tarefas antecipadamente, 
tratar dos problemas quando eles aparecem reconhecendo suas limitações, 
reorganizar seu trabalho de forma objetiva, conversar com os amigos, separar a vida 
privada do local de trabalho, assim como buscar momentos de lazer e descanso com 
o intuito de controlar suas emoções evitando gerar estresse. Outro ponto importante 
e fundamental é lutar por uma melhora no ambiente de trabalho, em sua infraestrutura, 
nos recursos que são possibilitados, por meio das associações e sindicatos, nas 
relações entre os professores e seus superiores e até mesmo ir em busca de seus 
direitos por um salário digno e valorização dessa profissão tão importante para a 
sociedade (MEISTER, 2012). 
Descobrimos que para Hernández et. al (2014) as formas de atuação em prol 
de prevenir e intervir na SB podem se dividir em três tipos, dependendo do quão está 
agravado o caso: a primeira se relaciona à maneiras de descobrir as situações que 
35 
 
 
ocorrem no ambiente de trabalho e são capazes de gerar um estresse no trabalhador; 
a próxima trata-se de buscar o porquê do indivíduo estar tendo picos de exaustão e 
estresse, mas ainda sem sintomas muito aparentes relacionados à síndrome e; a 
terceira está interligada aos profissionais que manifestam sintomas de esgotamento, 
interferindo totalmente em sua vida e seu bem-estar como um todo. 
Constatamos que o autor cita o atendimento psicológico por meio da Terapia 
Cognitivo-Comportamental3 como uma das estratégias mais significativas para 
enfrentar o Burnout, uma vez que, “a intervenção centrada na resposta do sujeito tem 
como finalidade que este aprenda a enfrentar de maneira adaptativa as situações 
estressantes” (Hernández et. al., 2014, p. 230). Para que o trabalhador descubra as 
razões do estresse que propiciou o desenvolvimento da SB é essencial que o mesmo 
entenda o problema e os motivos pelo qual ele está apresentando determinados 
sintomas, para que a partir disso compreenda a importância de buscar alternativas 
que o ajudem a enfrentar esse momento complexo em sua vida (MACHADO; 
BOECHAT; SANTOS, 2015). Partindo dessas premissas, o docente deve encontrar 
maneiras de levar uma vida mais saudável que vão colaborar com o enfrentamento 
da síndrome. 
A promoção dos comportamentos saudáveis pode ser alcançada por 
meio de algumas tarefas como prática de exercício físico, dieta 
equilibrada, não fumar, dormir horas suficientes, estabelecer períodos 
de relaxamento e realizar atividades de ócio, bem como desfrutar de 
tempo livre. Estas condutas potencializam a saúde do indivíduo a curto 
e longo prazo (HERNÁNDEZ et. al., 2014, p. 237). 
 
Sabemos que trabalhar o emocional também ajuda de forma significativa a 
gerenciar suas próprias emoções no ambiente de trabalho e fora dele, auxiliando em 
uma qualidade de vida melhor. É necessário que se cobrem das autoridades cursos 
de habilidades emocionais e sociais para os trabalhadores da educação, isso será 
muito importante e ajudará todos os profissionais a lidar melhor com suas emoções. 
Além disso, vale ressaltar que é relevante que o trabalhador procure ajuda psicológica 
para enfrentar estas situações de estresse, onde a terapia auxiliará em suas 
habilidades concomitante com outras estratégias para o enfrentamento da SB 
(MEISTER, 2012). 
 
3 A Terapia Cognitivo-Comportamental une estratégias que buscam modificar pensamentos, emoções e 
comportamentos formados por meio de experiências e momentos que o indivíduo passou, fazendo com que estes 
passem a ser reformulados em seu interior, auxiliando o tratamento do mesmo (BAHLS; NAVOLAR, 2OO4). 
36 
 
 
Compreendemos que estratégias voltadas para treinamentos de suas 
habilidades emocionais em prol de contornar o estresse e a raiva, diminuir a tensão 
com técnicas de relaxamentos e meditação reduzem a exaustão emocional e regulam 
os seus comportamentos. Ações como o apoio psicológico, orientações nutricionais e 
físicas dentro do ambiente de trabalho contribuem de maneira significativa para o 
enfrentamento de desafios diários no cotidiano do professor, além de auxiliarem na 
melhora da qualidade de vida e na resolução de conflitos. Portanto, é fundamental
que 
o trabalhador busque o tratamento eficaz para ele, podendo até mesmo associar 
medicamentos à sessões de terapia e outras inúmeras estratégias de acordo com as 
suas necessidades e o que melhor trazer resultados positivos para ele (ZOMER; 
GOMES, 2017). 
 
Quadro 1. Estratégias de enfrentamento da Síndrome de Burnout em professores 
Individuais Coletivas 
Planejamento de tarefas 
antecipadamente 
Técnicas de Coping focalizado na 
emoção e no problema 
Reconhecimento de suas limitações Conversar com os amigos 
Buscar momentos de lazer e descanso Terapia Cognitivo - Comportamental 
Organização do tempo Cursos de habilidades emocionais 
Supressão de atividades concomitantes Técnicas de relaxamento e meditação 
Reinterpretação positiva Orientações nutricionais 
Fonte: Quadro elaborado pela autora. 
 
Tendo em vista as diversas propostas de estratégias defendemos então que as 
maneiras de enfrentamento, sejam elas, pequenos gestos como conversar com um 
colega e passar um tempo com a família ou grandes decisões como usar de 
medicamentos aliados à uma terapia como sendo de extrema importância para os 
indivíduos com sentimento de frustração, exaustão e incapacidade causados pela 
Síndrome de Burnout, pois, através dessas estratégias que o professor poderá 
enfrentar esse momento difícil e consequentemente melhorar sua qualidade de vida. 
Portanto, um profissional que conhece a SB, tem capacidade para identificar suas 
causas e sintomas e saberá os mecanismos para enfrentá-la. Para além das suas 
ações, é necessário que a instituição de ensino promova capacitações, mudanças, 
37 
 
 
projetos de atendimentos e um real suporte para esse docente em prol de auxiliar para 
que seu tratamento seja eficaz e assertivo amenizando o estresse em seu ambiente 
de trabalho e fora dele. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
No decorrer do nosso trabalho sobre a manifestação da Síndrome de Burnout 
em professores buscamos desenvolver nossa problemática em prol de verificar a 
importância de um ambiente de trabalho favorável ao educador e quais estratégias o 
mesmo pode usar para enfrentar a mesma. Portanto, descrevemos o que é a SB, 
quais são suas principais causas, assim como analisamos o impacto dela em sala de 
aula. De posse dessas informações, trouxemos proposições de estratégias de 
enfrentamento para os docentes buscarem uma melhor qualidade de vida. Sabemos 
que em meio a diversos desafios na área da educação, os professores estão cada vez 
mais atarefados e muitas das vezes exaustos emocionalmente e fisicamente, com 
sentimentos de ineficácia, desmotivados e apresentando sintomas relacionados à SB. 
Então, é essencial que para um bom desenvolvimento dos educandos o 
docente esteja saudável, motivado e com vontade de ajudar os seus alunos, visto que, 
profissionais que desenvolveram a síndrome se sentem desanimados, estressados, 
esgotados e não veem mais motivos para seguir em frente. De fato, esse é um agravo 
quando falamos em educação, afinal para que os alunos evoluam integralmente e se 
tornem cidadãos emancipados é necessário muita paciência, carinho e dedicação. 
Além disso, constatamos que um trabalhador com salário digno, valorização, recursos 
para se trabalhar em sala de aula e apoio será alguém com uma qualidade de vida 
muito melhor, ou seja, é importante tanto para o professor quanto para os alunos que 
o mesmo leve uma vida saudável tanto em seu ambiente de trabalho quanto fora dele. 
Em nossa pesquisa podemos constatar através da revisão bibliográfica que ao 
procurarmos sanar as dúvidas sobre a Síndrome e proporcionamos mais 
conhecimentos sobre a mesma, os professores que forem diagnosticados poderão 
usar das estratégias propostas ao longo do texto, tais como, modificar o ambiente de 
trabalho, lutar cada vez mais pela valorização de seu serviço e utilizar de terapia 
associada à estratégias de coping em prol de controlar suas emoções, reduzindo os 
fatores estressantes e consequentemente ocasionando uma melhora significativa da 
qualidade de vida docente e na aprendizagem dos alunos em sala de aula. 
Vale ressaltar que ao percebermos a importância de discutir essa temática tão 
relevante, delicada e ainda pouco conhecida entre os profissionais da educação, 
conseguimos solucionar através do nosso trabalho questionamentos a respeito da 
síndrome e apresentar estratégias de enfrentamento tratando a mesma com mais 
39 
 
 
precisão e ajudando os profissionais do magistério a enfrentá-la. Muitos educadores 
estão adoecendo em sala de aula enquanto todos se preocupam com o 
desenvolvimento e a saúde emocional do aluno, o professor com Burnout se encontra 
sozinho, exausto e sem perspectivas para o futuro, sendo extremamente importante 
nos preocuparmos com o mesmo e buscarmos métodos que os auxiliem nessa 
jornada. Foi isso o que fizemos no presente trabalho, procuramos passar todo o 
conhecimento dentro do possível sobre a SB e quais os meios que o docente pode 
procurar para intervir ou até mesmo prevenir a mesma. 
Sendo assim, compreendemos que os estudos sobre a Síndrome de Burnout 
em professores são de extrema importância tão quanto sua divulgação para os 
docentes, pois, ainda é pouco conhecida. Portanto, quanto mais estudos 
aprofundados e divulgações forem realizadas mais fácil será para ajudar os 
trabalhadores da educação que vem sendo atingidos cada dia mais. Outro ponto 
importante é o de defender cursos de habilidades sócio emocionais para a formação 
docente que abordem esta temática em prol de estudar e analisar inúmeras 
possibilidades de enfrentamento da síndrome. De fato mesmo que os objetivos do 
trabalho foram alcançados ainda temos inúmeras possibilidades de pesquisas e 
entendimentos, sendo um assunto de extrema importância e relevância para a 
educação. 
 
 
40 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ACHKAR, Ana El. Resiliência: Ferramenta para uma educação de qualidade. 1. ed. 
Curitiba: Appris, 2013. 169 p. 
ALVES, Marcelo Echenique. Síndrome de Burnout. Fundação Universitária Mário 
Martins. Curso de Especialização em Psiquiatria. Porto Alegre, v.22, n. 9, 2017. 
Disponível em: <https://www.polbr.med.br/ano17/art0917.php>. Acesso em: 25 mar. 
2020. 
ANDRADE, Patrícia Santos de; CARDOSO, Telma Abdalla de Oliveira. Prazer e Dor 
na Docência: revisão bibliográfica sobre a Síndrome de Burnout. Saúde Soc. São 
Paulo, v.21, n.1, p.129-140, 2012. Disponível em: 
<https://www.scielo.br/pdf/sausoc/v21n1/13.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2020. 
BAHLS, Saint Clair; NAVOLAR, Ariana Bassetti Borba. Terapia Cognitivo-
Comportamentais: conceitos e pressupostos teóricos. Revista Eletrônica de 
Psicologia. Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, jul. 2004. Disponível em: 
<https://docero.com.br/doc/n18sss>. Acesso em 08 ago. 2020. 
BENEVIDES-PEREIRA, Ana Maria Teresa. Considerações sobre a síndrome de 
burnout e seu impacto no ensino. Boletim de Psicologia, Maringá, v. LXII, n. 137, p. 
155-168, jan. 2012. Disponível em: 
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0006-
59432012000200005>. Acesso em: 05 fev. 2020. 
BENEVIDES-PEREIRA, Ana Maria Teresa et al. O trabalho docente e o burnout: um 
estudo em professores paranaenses. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO 
DA PUCPR EDUCERE, 8., 2008, Curitiba. Anais do VIII congresso nacional de 
educação. Curitiba: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, p. 4870-4884, 2008. 
Disponível em: <https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2008/550_775.pdf> Acesso 
em: 15 fev. 2020. 
BENEVIDES-PEREIRA, Ana Maria Teresa (Org.). Burnout: o processo de adoecer 
pelo trabalho. In: Benevides-Pereira (Org.). Burnout: quando o trabalho ameaça o 
bem-estar do trabalhador. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002a. p. 21-91. 
BOCCATO, Vera Regina Casari. Metodologia da pesquisa bibliográfica na área 
odontológica

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais