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OPINIÕES VOLÁTEIS
OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Universidade Metodista de são PaUlo
Diretor Superintendente do Cogeime
Diretor Geral das IMEs
Robson Ramos de Aguiar
Consad – Conselho superior de administração
titulares: Valdecir Barreros (Presidente); Aires Ademir Leal Clavel (Vice-Presidente); 
Esther Lopes (Secretária); Marcos Gomes Torres; José Erasmo Alves de Melo; Renato 
Wanderley de Souza Lima; Jorge Pereira da Silva; Andrea Rodrigues da Motta 
Sampaio; Cassiano Kuchenbecker Rosing; Luciana Campos de Oliveira Dias; 
Bispa Marisa de Freitas Ferreira 
Membros suplentes: Eva Regina Pereira Ramão; Josué Gonzaga 
de Menezes 
reitor 
Paulo Borges Campos Jr.
diretor de Graduação
Sérgio Marcus Nogueira Tavares
diretor de educação a distância
Marcio Araújo Oliverio
diretora de Pós-Graduação e Pesquisa 
Adriana Barroso de Azevedo
diretora de extensão e ações Comunitárias
Alessandra Maria Sabatine Zambone
diretor da Faculdade de teologia
Paulo Roberto Garcia
diretor do Campus rudge ramos
Kleber Nogueira Carrilho
diretor do Campus Planalto
Nilton Abreu Zanco
diretor do Campus vergueiro
Carlos Eduardo Santi
Conselho de Política editorial
Paulo Borges Campos Jr. (Presidente); Alessandra Maria Sabatine Zambone; Cristiane 
Lopes (Presidente da Comisão de Livros); Isaltino Marcelo Conceição; João Batista 
Ribeiro Santos; Lauri Emilio Wirth; Marcelo Furlin; Mário Francisco Guerra Boaratti; 
Noeme Timbó (Biblioteca)
Comissão de livros
Adriana Barroso de Azevedo; Almir Martins Vieira; André Luiz Perin; 
Antonio Roberto Chiachiri; Cristiane Lopes (Presidente)
editor executivo
Sergio Marcus Nogueira Tavares 
EDITORA METODISTA
Rua do Sacramento, 230, Rudge Ramos 09640-000, 
São Bernardo do Campo, SP • Tel: (11) 4366-5537 
E-mail: editora@metodista.br • www.metodista.br/editora
Capa: Cristiano Freitas
Editoração eletrônica: Maria Zélia Firmino de Sá
Revisão: João Guimarães
AFILIADA À
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Biblioteca Central da Universidade Metodista de São Paulo)
 FICHA CATALOGRÁFICA 
 
F225o 
 
Farias, Luiz-Alberto de 
 Opiniões voláteis: opinião pública e construção de sentido / 
Luiz-Alberto de Farias. São Bernardo do Campo : Universidade 
Metodista de São Paulo. 2019. 
 144 p. 
 
 Bibliografia 
 ISBN 978-85-7814-397-8 
 
 1. Opinião pública 2. Opinião pública (Relações públicas) 3. 
Comunicação e mídia 4. Comunicação de massa 5. Mídias sociais 
I. Título. 
CDD 303.38 
“Homem nenhum pode descrever 
o que há dentro dos sonhos.”
(Paraísos artificiais, Charles Baudelaire)
“Podem me prender 
Podem me bater 
Podem até deixar-me sem comer 
Que eu não mudo de opinião.”
(Opinião, Zé Keti)
Hosana, Vânia, Miguel e Heitor, 
que escrevem em minha vida os mais lindos 
sentimentos, palavras e pensamentos.
Aos meus irmãos (Maria José, Maria Aparecida e Alfredo), 
companheiros de memória e de circunstâncias.
7
resumo
As opiniões são voláteis: transformam-se no ecossistema social 
com grande rapidez. Em tempos considerados líquidos, a capaci-
dade de informação que passa por superávit pode ser exatamente 
a grande armadilha aos que recebem fake news, aos que se tor-
nam fake readers e aos que se especializam como fake writers. A 
obra Opiniões voláteis expõe a construção da formação de opinião, 
notadamente a opinião pública, que conceitualmente é polêmi-
ca e se transforma de acordo com muitos fatores que estão em 
permanente disputa de sentidos. Coloca-se, assim, em discussão, 
a temática opinião pública e seus desdobramentos no âmbito 
da sociedade e os diversos efeitos que se produzem. Aspectos 
midiáticos – analógicos e digitais –, influência da imprensa na 
formação da opinião dos públicos e presença das mídias sociais 
digitais também são analisadas frente a questões como etnicida-
de e intolerância, em momentos nos quais as transformações da 
sociedade passam por debates mais constantes, ainda que mais 
superficiais e muitas vezes edulcorados ou repletos de agror. O 
livro se origina de pesquisa de livre docência junto à Escola de 
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e resgata 
os alicerces teóricos dos estudos sobre opinião pública, concei-
tuações e autores. Formado por cinco capítulos – 1. Opinião pú-
blica e a opinião publicada: conceitos, teorias e impactos sobre 
a formação da Opinião Pública; 2. Opinião e Relações Públicas: 
persuasão e engajamento; 3. Pesquisa e produção sobre opinião 
pública no Brasil: anos 2000; 4. Da fogueira à vaidade: o processo 
de intolerância histórica, da religião à ágora digital; 5. Fake news 
e pós-verdade: indústria de risco, crise e imagem em tempos de 
cólera. Ao final da leitura é possível ter o panorama das tensões 
permanentes e disputas simbólicas que geram a opinião, às ve-
zes tornada pública, por vezes localizada em dados grupos, e 
que influenciam os movimentos da sociedade a todo o tempo.
Palavras-chave: Opinião pública. Comunicação. Mídia. Relações 
públicas. Influência. Persuasão. Sedução.
Lista de quadro, tabelas, figura e gráficos
Quadro 1 – Fluxos de comunicação ..................................................................... 47
Tabela 1 – Histórico das linhas de investigação em Relações Públicas ......... 59
Tabela 2 – Artigos que possuem como tema central a opinião pública 
(publicados entre 2000 e 2015) ............................................................................ 64
Tabela 3 – Dissertações que possuem como tema central a opinião 
pública (publicadas entre 2000 e 2015)............................................................... 85
Tabela 4 – Teses que possuem como tema central a opinião pública 
(publicadas entre 2000 e 2015) ............................................................................. 92
Tabela 5 – Livros que possuem como tema central a opinião pública 
(publicados entre 2000 e 2015) ............................................................................ 96
Figura 1 – Fontes de busca das pesquisas sobre Opinião Pública .................. 63
Gráfico 1 – Participação dos periódicos e congressos na produção 
científica de pesquisa sobre opinião pública ..................................................... 84
Gráfico 2 – Áreas das dissertações produzidas entre os anos 2000 e 2015 ..... 91
Gráfico 3 – Áreas de produção de teses produzidas entre os anos de 
2000 e 2015 .............................................................................................................. 95
Gráfico 4 – Participação de publicações relacionadas ao tema Opinião 
Pública no Brasil entre os anos de 2000 e 2015 ................................................. 98
Gráfico 5 – Temas Relacionados ao Estudo da Opinião Pública em 
Periódicos, Teses, Dissertações e Livros do Brasil .......................................... 100
Gráfico 6 – Temas Relacionados ao Estudo da Opinião Pública 
em Periódicos do Brasil ...................................................................................... 100
Gráfico 7 – Temas Relacionados ao Estudo da Opinião Pública em 
Dissertações do Brasil ......................................................................................... 101
Gráfico 8 – Temas Relacionados ao Estudo da Opinião Pública 
em Teses do Brasil ............................................................................................... 102
Gráfico 9 – Temas Relacionados ao Estudo da Opinião Pública em Livros 
do Brasil ................................................................................................................ 102
9
Sumário
Prefácio – O império do volátil.........................................................................11
Novas abordagens ................................................................................................13
Apresentação – Nem tudo que é volátil se desmancha no ar! Pistas 
à compreensão da opinião pública na contemporaneidade .........................15
Desde as origens ....................................................................................................19Introdução .............................................................................................................21
CAPíTuLO 1
Opinião pública e a opinião publicada: conceitos e teorias e impactos 
sobre a formação da opinião pública ................................................................27
1.1 Conceitos ao longo do tempo ...................................................................29
1.2 Algumas obras de referência .....................................................................36
1.3 Por um conceito balizador ........................................................................38
1.4 Relacionamento com a mídia e exposição ..............................................43
1.4.1. Através das mídias .................................................................................46
CAPíTULO 2
Opinião e relações públicas: persuasão e engajamento ................................51
2.1. Relações Públicas: conceitos e histórico .................................................51
2.2. Pesquisa e produção, associações e mercado no Brasil ........................55
2.3. Agentes de influência: persuasão e gestão de comunicação ...............60
CAPíTULO 3
Pesquisa e produção sobre opinião pública .....................................................63
3.1. Artigos sobre Opinião Pública .................................................................64
3.2. Dissertações sobre Opinião Pública ........................................................85
3.3. Teses sobre Opinião Pública ....................................................................92
3.4. Livros sobre Opinião Pública ..................................................................95
3.5. Estado da Arte ............................................................................................97
CAPíTULO 4
Da fogueira à vaidade: o processo de intolerância histórica – 
da religião à ágora digital ................................................................................105
4.1. Intolerância na história: religião, etnicidade e outros problemas ...... 107
4.2. Redes sociais digitais e superexposição ...............................................111
4.3. Construção e desconstrução de mitos ..................................................115
CAPíTuLO 5
Fake news e pós-verdade: indústria de risco, crise e imagem em tempos 
de cólera ...............................................................................................................121
5.1. Comunicação em tempos de cólera ......................................................121
5.2. Cólera em tempos de comunicação ......................................................124
5.3. Cólera como cultura, comunicação como processo ............................126
Reflexões não solitárias ...................................................................................131
Referências ...........................................................................................................137
11
Prefácio
O império do volátil
Paulo Nassar*
O Professor Doutor Luiz Alberto de Farias (ECA-uSP e univer-sidade Metodista de São Paulo) faz parte de um pequeno time de pesquisadores e professores que formam atualmente a cor-
rente crítica das Relações Públicas brasileiras e iberoamericanas. Seu 
livro Opiniões Voláteis é um fruto delicioso, produzido a partir de sua 
tese de Livre-Docência, defendida na Escola de Comunicações e Artes, 
da universidade de São Paulo, em 2018, em que discute o tema da 
opinião pública e seus impactos em uma sociedade obesa de informa-
ções e faminta de significado e sentido. um trabalho que coroa uma 
jornada acadêmica exitosa que equilibra as atividades de pesquisador 
e de professor engajado na defesa das liberdades de pensamento, de 
associação e de manifestação.
Opiniões Voláteis reflete esse percurso intelectual de Farias e faz 
um resgate teórico criterioso e referencial do tema da opinião pública, 
além de estabelecer uma práxis provocadora e inteligente, ao exercitar 
o que foi pesquisado na análise do estado da arte da temática no con-
texto de um Brasil dividido e intolerante, dos anos 2010.
Em seu livro, Farias promove a ligação do campo das Relações 
Públicas aos saberes contemporâneos da Antropologia, da Psicologia, 
da Sociologia, da Filosofia, das Comunicações e das Artes e de outras 
* É Doutor, Livre-Docente e Professor Titular da Escola de Comunicações e Artes 
da Universidade de São Paulo (ECA-USP), Coordenador do Grupo de Estudos de 
Novas Narrativas (GENN/ECA-uSP) e Diretor Presidente da Associação Brasilei-
ra de Comunicação Empresarial (Aberje).
12
Luiz-ALberto de FAriAs
interfaces, às vezes inesperadas e não exploradas pelo pensamento 
das velhas relações públicas, caracterizadas por pesquisadores “mais 
acostumados a fazer pesquisa-xerox do que pensar a realidade em que 
vivem”, no dizer de Armando Mendes, citado por Gilberto Freyre, em 
seu livro Insurgência e ressurgências atuais: cruzamentos de sins e nãos num 
mundo em transição.
Farias, como pesquisador dionisíaco – adjetivo cravado por mim, 
inspirado na crítica que Freyre fez, por meio das duras palavras de 
Mendes dirigidas aos burocratas científicos – pesquisa e pratica as Re-
lações Públicas, de índole crítica, na linhagem daqueles que são, no 
dizer de Freyre, hereges, audazes, inconformados, não bitolados, poé-
ticos, estéticos, éticos e proféticos.
Rebeldia como elogio
Somada a essas categorias de pesquisadores que contribuem para 
o avanço da ciência, elencadas por Freyre, eu acrescento a necessária 
rebeldia de Luiz Alberto de Farias em tempos de acomodação acadê-
mica e social. Nesse engajamento, Farias sabe que as Relações Públi-
cas críticas – como pensamento e ação – estão estritamente ligadas às 
ideias de democracia, de público, de circulação livre de informações, 
liberdade de pensamento, associação, expressão e de imprensa (o que 
compreende as possibilidades de divergir, argumentar, de dialogar, 
de criticar, e em um processo dialógico estabelecer o consenso ou afir-
mar a controvérsia) e a existência de meios de comunicação. Nos locais 
onde existem essas condições tão caras às Relações Públicas de linha 
crítica – seja nas dimensões de uma pequena casa ou de um palácio, da 
vila ou de uma metrópole, de um think tank ou de uma universidade, 
do país, do continente, da Terra – florescem a liberdade, a expressão da 
diversidade, a inovação educacional, científica e artística.
Em uma perspectiva utópica, presente em muitas literaturas e 
constituições, a ação do homem, mesmo em sua imperfeição, é trans-
formada em um espírito do tempo benfazejo e fundamental para a rea-
lização do melhor de uma sociedade e de suas pessoas. Isto, dentro do 
arcabouço de ideias como as de Alexis de Tocqueville, no século XIX, 
em sua obra A democracia na América, inspiradora, para além da socie-
dade norte-americana, das bandeiras da Liberdade e da Igualdade.
13
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
O reverso disso sempre foi a distopia afirmada pelas ditaduras – 
à esquerda e à direita do espectro político e até da religião, que oprime 
a sociedade por meio de visões fundamentalistas – que atravessaram 
de forma triste a maior parte do século XX e ainda se fazem presentes 
em nosso tempo em muitas partes do mundo. Ou seja, ditaduras im-
põem a díade Opressão e Desigualdade e estabelecem o grau zero da 
democracia, a anulação da opinião pública e a opacidade ilegítima das 
operações e decisões organizacionais. 
Novas aboRdageNs
Luiz Alberto de Farias explora em seu livro Opiniões Voláteis as 
novas dinâmicas de formação da opinião pública em uma sociedade de 
informações excessivas. Terreno em que a formação de opinião pública 
se dá em meio ao embate dos fatos do cotidiano – em meio à guerra de 
narrativas – que, na visão de Winston Churchill, já nos anos 1930, estão 
sempre pulando sobre as mesas daqueles que querem negar ou revisar 
o passado, ou mesmo esconder o presente. E agora, emnossa época, 
explodem nas telinhas e nos ouvidos dos smartphones, para o escrutínio 
imediato de bilhões de pessoas.
Fatos que se transformam – por meio de palavras e imagens – 
em falatório dentro de um ambiente comunicacional, cada dia mais 
horizontal, circular, transversal e informal, que abrange a conversa 
entre vizinhos, entre familiares, no interior de grupos físicos ou digi-
tais e por todo tipo de meio de comunicação. Ambiente comunicacio-
nal que afirma mais e mais a soberania da opinião pública, no dizer 
do filósofo escocês, David Hume (1711-1776), ainda no contexto do 
século XVIII, “que pesa e pesará sempre em todas as horas, nas socie-
dades humanas”, mesmo naquelas que momentaneamente o medo 
cerceou as palavras.
O que tem pesado, em termos de fatos objetivos e subjetivos, na 
formação da opinião pública de nossos dias? É uma das perguntas pre-
sentes em todo o estudo produzido pelo professor Luiz Alberto de Fa-
rias. No presente empírico de nossa sociedade, entre as pesquisas com 
o termo “o que é” mais acessadas pelos brasileiros no Google estão “<O 
que é fascismo?>; <O que é intervenção militar?>; <O que é lúpulo?>; 
14
Luiz-ALberto de FAriAs
<O que é ursal?>; <O que é Corpus Christi?>”. Isso, de certa forma, nos 
traz a hipótese de um Brasil que se distancia, no frame pesquisado, de 
um país apenas do futebol, de praias paradisíacas e ensolaradas, das 
sandálias Havaianas, do samba, do sexo, entre outras imagens estereo-
tipadas sobre o que nós brasileiros conversamos em nosso dia a dia.
O que nos mostra o dinamismo de formação de opinião públi-
ca, enquanto fenômeno de fortes dimensões sociais, históricas, psi-
cológicas e antropológicas. Aspectos que ganham características me-
moriais, rituais e mitológicas em uma sociedade que quer se afirmar 
cada vez mais profana.
leituRa do pReseNte
Muitas das pretensões, decisões e ações de protagonistas públi-
cos ou privados produzem, pelo seu potencial impacto nas dimensões 
econômicas, sociais, ambientais e culturais da sociedade, inúmeros pon-
tos de vista e por isso se transformam em questões públicas. Queiram 
ou não, indivíduos e organizações estão sob a égide de uma sociedade 
regida pela opinião pública. Nesse contexto, as Relações Públicas po-
dem, se críticas, afirmar a sua essência democrática e civilizatória. Essa 
é uma mensagem de raiz que percorre toda a formulação deste trabalho 
de Luiz Alberto de Farias. Não bastasse esta afirmação, a leitura de Opi-
niões Voláteis é de muitas formas uma leitura estratégica do presente, que 
atualiza a forma de pensar e fazer Relações Públicas e Comunicação.
15
apresentação
Nem tudo que é volátil se desmancha no ar!
Pistas à compreensão da opinião pública na contemporaneidade
Eneus Trindade*
Um dos pilares das pesquisas em Ciências Sociais/Comunicação é o compromisso social de fazer revelar aquilo que o senso comum percebe como efeitos da mídia, mas não consegue ex-
plicar ou compreender como processo, bem como, não se percebem as 
consequências desses efeitos para a vida social. A obra Opiniões voláteis 
do Prof. Dr. Luiz Aberto de Farias, reflete essa característica da solidez 
da pesquisa em comunicação, ao tratar pela metáfora da volatilidade 
a problemática que os fenômenos da opinião pública adquiriram na 
atual configuração dos ambientes midiáticos e sociais. 
O autor busca, pelos caminhos da pesquisa, a segurança de um 
percurso que tenta apreender e compreender os meandros dos proces-
sos de formação de opinião pública como fenômeno e conceito, consi-
derando suas dinâmicas e volatilidade de apreensão frente às transfor-
mações da sociedade e da conjuntura midiática. 
Trata-se de um livro resultante de uma pesquisa, que deu origem 
à tese de Livre-Docência do autor de mesmo título, defendida em 2018, 
na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Pro-
cesso no qual eu tive a honra de avaliar e que agora faço honrosamente 
a apresentação do livro originário da tese. Agradeço publicamente o 
convite que a mim foi realizado pelo amigo e colega Luiz Alberto. 
* É Doutor e Professor Associado (Livre-Docente) do Departamento de Relações 
Públicas, Propaganda e Turismo, da Escola de Comunicações e Artes, da Univer-
sidade de São Paulo. Bolsista Produtividade em Pesquisa - PQ 2 CNPq.
16
Luiz-ALberto de FAriAs
Opiniões voláteis é mais do que o autor define como um estado 
da arte sobre o assunto e se faz revelar como um texto que aborda o 
estado do conhecimento sobre a produção científica em opinião públi-
ca, estudando teses, dissertações, artigos científicos e livros publicados 
sobre o tema. 
O valor de trabalhos dessa natureza está no fato de que as in-
formações apresentadas são balizadoras dos embates e evoluções do 
campo científico sobre o tema da opinião pública, revelando os cami-
nhos percorridos, as perspectivas teóricas e métodos mais utilizados, 
o que já saturou, bem como apontam os possíveis caminhos a percor-
rer, percebendo o que há por compreender e mostrando os desafios 
da volatilidade da formação da opinião pública no ambiente midiá-
tico digital, como nova fronteira a explorar no campo dos estudos da 
Comunicação midiática.
O livro inicia-se com a discussão Opinião pública e opinião publi-
cada: conceitos, teorias e impactos sobre a formação da Opinião Pública, que 
aborda o lugar do fenômeno no campo das Ciências Sociais e das Ciên-
cias da Comunicação. O segundo capítulo Opinião e relações públicas: 
persuasão e engajamento, situa o tema da opinião pública, na perspectiva 
da gestão de públicos e explica que as opiniões de públicos não estão 
desengajadas de interesses de grupos, organizações comerciais, insti-
tuições sociais, políticas, governamentais. A opinião pública não se for-
ma ingenuamente e o autor demonstra a força da institucionalização 
dos processos midiáticos nas formações das opiniões, nas mentalida-
des e nas ideias dos diversos públicos, daí a aproximação que o Prof. 
Luiz Alberto apresenta, de forma didática, entre opinião pública e as 
Relações Públicas, como um aspecto fundamental para o trabalho da 
gestão comunicacional dos públicos.
O terceiro capítulo, Pesquisa e produção sobre opinião pública, é o 
ponto alto do livro nos termos da valiosa contribuição científica que 
aporta ao analisar os artigos, teses e dissertações e obras em livros que 
abordam o tema em debate. Aqui o leitor pode encontrar caminhos 
seguros, já saturados e identificar desafios na pesquisa sobre opinião 
pública. Por fim, toda a discussão a respeito de novos caminhos da 
reflexão sobre a opinião pública ganha corporalidade empírica nos 
capítulos 4 e 5, respectivamente representados pelas discussões Da 
17
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
fogueira à vaidade: o processo de intolerância histórica – da religião à ágora 
digital (capítulo 4) e Fake news e pós-verdade: indústria de risco, crise e 
imagem em tempos de cólera (capítulo 5). Trata-se de um presente que 
o autor oferece aos interessados na temática e que permite concluir 
que, a partir da complexidade da empiria, é necessário ousar de forma 
interdisciplinar, mais do que nunca, para entender os novos processos 
de formação da opinião pública na mediação das mídias digitais. 
O desafio da mediação do digital na comunicação para a forma-
ção da opinião pública passa por questões de ética, sociais, frente ao 
tipo de sociedade que estamos formando, bem como da compreensão 
das formas de escrituras e circulação digitais que tais mensagens ope-
ram para gerar os fenômenos de apropriação/recepção dos sujeitos e 
instituições no que se define como opinião pública e sua alta capaci-
dade de manipulação e transformação, frente aos interesses de quem 
detém o controle dos mecanismos de tais formações.
É nessa perspectiva de leitura que reconheço a relevância da 
obra apresentada, bem como a sua oportuna contemporaneidade no 
tratamento do tema. Luiz Alberto, tomando a liberdade de assim cha-
má-lo, na melhor expressão deapreço e amizade que temos mutua-
mente como amigos e colegas que somos, consagra-se na maturidade 
da sua carreira como autor destacado no campo da Comunicação em 
Relações Públicas e na reflexão sobre opinião pública no cenário bra-
sileiro. Recomendo a leitura e manifesto meu desejo de que o conheci-
mento aportado pela obra seja útil aos leitores como foi para mim, pois 
estamos todos em permanente processo de aprendizagem.
Boa leitura!
São Paulo, 22 de janeiro de 2019
19
Desde as origens
A discussão sobre opinião pública começa no momento em que nos apercebemos que fazemos parte de uma sociedade na qual as disputas por poder, por sentido, por espaço e por voz 
são parte essencial dos rituais existentes nos mais distintos modelos 
de convivência, e em diferentes gradientes. Começa, de fato, desde os 
primeiros embates, ainda nas mais juvenis etapas da vida. Por isso, 
discuti-la é matéria prima para a formação de cidadãos, devendo fazer 
parte das mais tenras discussões na família, na escola e em todos os 
grupos sociais. O debate é o habitat da opinião.
Opinião é construção, deve vir de processo de debate, de diá-
logo. Está presente em todo ser humano, mesmo que nem todas as 
sociedades permitam a sua livre expressão e circulação, afinal, a ple-
na liberdade é defendida em alguns momentos, de modo fantasiado, 
como expressão para a superioridade, para a desigualdade, entrando 
em choque, por vezes com a noção de igualdade. E em se tratando de 
Opinião Pública, nem sempre a sua construção se dá de forma ple-
na, com a possibilidade de cidadãos que tenham ampla capacidade de 
acesso à informação e liberdade para a crítica.
Disso surgiu o desejo de olhar com mais atenção para o tema, 
desde o início da vida docente, em remota década de 1990. Nos últi-
mos anos, com a “profissionalização” das fake news – em uma socie-
dade na qual a organização de enunciadores a esse fim destinados, na 
atividade de fake writers, e de largo consumo desses pérfidos produtos 
por fake readers é crescente e com ínfima crítica – e com a presença de-
finitiva da pós-verdade, o tema ficou ainda mais tenso. Afinal, com 
redes sociais digitais o que seria opinião pública? Teríamos chegado à 
independência do sujeito, que por meio de suas tessituras relacionais 
obteria toda a informação necessária e, ao mesmo tempo influenciaria 
e seria influenciado sem vieses.
20
Luiz-ALberto de FAriAs
Esse ledo engano, quase ingênuo, mas bem trabalhado pela in-
dústria do consumo informacional etéreo, tem feito do mundo um lu-
gar mais distante da crítica. Exatamente a tecnologia de compartilha-
mento e o acesso a devices cada vez mais em sistema de segunda pele, 
fazem que elementos ali presentes – distribuídos em redes de compar-
tilhamento e acessíveis em tempo real por meio de gadgets também 
utilizados em tempo real – ganhem projeção e percam crítica.
Esta obra surgiu das diversas angústias relacionadas às transfor-
mações no âmbito da comunicação, movidas pelas tecnologias e pelos 
movimentos sociais, sejam eles evolutivos, no sentido de valorizar as 
liberdades individuais e a diversidade em todos os sentidos, ou mes-
mo por ondas retrógradas que levam a gatilhos de intolerância, esti-
mulando a ressuscitação de pensamentos e ações que já fizeram muito 
mal à humanidade. A pesquisa sobre Opinião Pública resultou em tese 
de Livre Docência defendida junto à Escola de Comunicações e Artes 
da universidade de São Paulo, no ano de 2018.
A observância sobre os movimentos permanentes de influência 
sobre o cidadão seja por meios lícitos ou ilícitos é responsabilidade de 
todos, é necessidade da comunicação pública, educando e munician-
do a todos para a análise crítica. Não há sociedade sem debate, sem 
discussão e sem diferenças. Qualquer outro modelo é ditatorial. Só o 
ceticismo pode fazer crer na verdade; é pela dúvida permanente que 
se constrói o sentido de realidade. O [único] caminho para a certeza é 
questionar [sempre].
 
21
Introdução
O mundo gira a uma velocidade calculada pela Física, percebi-da a partir dos conceitos de Psicologia, mas identificada pelo mundo próprio de cada pessoa, que existe a partir de sua in-
teração e sentimento frente a diversos fatores. A ação impulsionada 
pelas afeições nos leva a entender que “(...) o homem submetido aos 
afetos não está sob seu próprio comando, mas sob o do acaso, a cujo 
poder está (...) sujeitado” (SPINOZA, 2017, p. 263).
A construção da realidade se dá de acordo com a capacidade de 
cada pessoa enxergar a partir de suas lentes pessoais e sociais, de seus 
óculos filtrantes de realidade, de seus filtros, pela polifonia presente 
nos diversos tempos e espaços a que estamos sujeitos. Essa realida-
de também é devidamente filtrada pela conveniência e interesse de 
cada qual, responsáveis por modular essas lentes, de fazer enxergar 
aspectos e espectros mais convenientes a si. Opiniões, muitas vezes, 
são construídas mais pelo interesse e pelas impressões que pela obser-
vância da realidade. De acordo com Lippmann:
(...) cada um de nós vive e trabalha numa pequena parte da su-
perfície da Terra, move-se num pequeno círculo, e destas coisas 
familiares conhece somente algumas intimamente. Das ocorrên-
cias públicas que têm largos efeitos vemos, na melhor das hipó-
teses, somente uma fase e um aspecto. Isso é tão verdade para os 
eminentes bem-informados que rascunham tratados, fazem leis 
e dão ordens, como para aqueles para os quais os tratados foram 
estabelecidos, para quem as leis foram promulgadas, e as ordens 
foram dadas. Inevitavelmente nossas opiniões cobrem um largo 
espectro, um longo período de tempo, um número maior de coi-
sas que podemos observar. Elas têm, portanto, que ser formadas 
de pedaços juntados do que outros nos relataram e do que pode-
mos imaginar (LIPPMANN, 2008, p. 83).
22
Luiz-ALberto de FAriAs
E assim se formam opiniões individuais, multiplicáveis e proje-
táveis em diversas medidas para a construção da chamada opinião pú-
blica. Por mais que alguns pensadores possam substituir a expressão 
opinião pública por redes – ou tantas outras expressões aparentemente 
mais contemporâneas, ou apenas dotadas de um “outfit” mais ajustado 
às linguagens digitais – vamos poder discutir mais à frente conceitos 
de opinião e a influência do entorno em sua gênese. As opiniões são 
voláteis. Transformam-se de acordo com o movimento do espaço e do 
tempo, influenciadas pela cultura – e seus devidos filtros. E o volátil 
faz que aquilo que é sólido possa se desmanchar no ar. Opiniões se re-
configuram a todo o tempo, assumindo novas formas, novas posturas. 
Opiniões voláteis são imagens distorcido no espelho do mundo.
Não se pode, obviamente, desprezar ou ignorar as novas formas 
de interação digital entre as pessoas – e seu poder de informação e, cer-
tamente, de desinformação –, bem como, o incrível acesso a informa-
ções existente na contemporaneidade, mas também pode-se discutir 
quão rasas podem ser essas relações, e vazias essas informações. Seja 
pela solidariedade asséptica presente no mundo, em que o digital per-
mite participar sem nenhum vínculo dos grandes projetos. Para isso 
esta obra reflete autores contemporâneos que se dedicam ao estudo 
das redes, mas acima de tudo procurará se basear nos estudos acerca 
da formação da opinião. 
Como as relações públicas e a comunicação influenciam na for-
mação da opinião pública? Parte-se neste estudo desse problema, inda-
gando os aspectos influenciadores das relações públicas em relação à 
chamada opinião pública. Entende-se que as ações orquestradas, com 
vistas à persuasão, sejam determinantes na formação de opiniões ma-
joritárias/consensuais. Pretende-se, assim, alcançar o entendimento so-
bre o modus faciendi e pensandi da construção de narrativas-discursivas 
oriundas de políticas de relações públicas sobre a informação dos pú-
blicos, com vistas a influenciar a percepção-compreensão-ação. Rela-
ções públicas são filosofia que pode contribuir fortemente na paz, mas 
tambémcom a sua presença ou mesmo ausência levar a pensamentos 
ou ações belicosos.
Como percurso metodológico, buscou-se a revisão de literatura 
em obras que abordassem relações públicas, opinião pública e também 
23
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
levantamento da produção de obras cujo tema fosse a opinião pública, 
fazendo levantamento e análise dos pontos-chave.
Diversos trabalhos foram produzidos na área das Ciências So-
ciais/Ciências Sociais Aplicadas sobre o tema opinião pública e é sobre 
essa produção que parte deste livro se ancora, a partir de pesquisa rea-
lizada em fontes como:
• Banco de Teses e Dissertações da Capes;
• Google Acadêmico;
• Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de São 
Paulo;
• Banco de Dados Bibliográficos da uSP (Dedalus).
A partir da consulta a essas fontes de dados, a pesquisa – reali-
zada com a assistência excepcional da pesquisadora Bárbara Miano1 
– teve como objetivo mapear artigos científicos publicados entre 1990 
e 2015 (certamente os anos posteriores deverão maximizar o interesse 
por pesquisas desse matiz, afinal o uso de técnicas e de tecnologias 
demonstra o poder de influenciar comportamentos e até mesmo gerar 
efeitos-manada em públicos os mais diversos), em anais e periódicos, 
livros, teses e dissertações que abordem o tema/palavra-chave “opi-
nião pública” no Brasil2. A partir da palavra-chave foram detectados:
• 28 livros;
• 181 artigos publicados em anais ou em periódicos;
• 19 dissertações;
• 8 teses;
• totalizando 236 produções.
Após a primeira leitura, identificaram-se 45 produções com po-
tencial de conceituação e análise acerca do tema-chave opinião pública, 
as quais foram resenhadas e constam em Quadros no corpo desta obra.
Serão considerados esses trabalhos especialmente no capítulo que 
tratará dos conceitos – em que se apresentarão autores consagrados 
1 Mestre e doutoranda em Ciências da Comunicação na ECA-USP.
2 Estudos em outras bases, inclusive internacionais, têm sido feitos sob a orientação 
do autor em níveis de mestrado e doutorado nos Programas de Pós-Graduação 
em Comunicação das Universidade de São Paulo e Universidade Metodista de São 
Paulo.
24
Luiz-ALberto de FAriAs
sobre o tema, mas utilizando-se e fazendo as devidas imbricações e con-
traposições oriundas desses trabalhos pesquisados.
O estudo oferece um conjunto de capítulos que se propõem a 
colocar em discussão a opinião pública e a capacidade de geração de 
movimentos a partir dela. Isso, é claro, sem deixar de lado – mas sem 
ao mesmo tempo ser o nervo central – aspectos ligados às mobiliza-
ções digitais – para alguns as novas fontes de efetiva transformação, 
para outros apenas mais um espaço, mas como tantos outros, sujeito 
ao controle de determinadas corporações e, portanto, merecedor de 
olhar cuidadoso. Experiências recentes em nível nacional e mundial 
mostraram o poder de geração de notícias falsas, ainda que dotadas de 
grande verossimilhança. Com a tecnologia, esse processo passou a ser 
de domínio público, de fácil produção, mas o que se pode perceber é 
o grande investimento em redes de construção de sentido, de acordo 
com Daniel Reis da Silva (2017) os think tanks ideológicos, que poten-
cializam a “embalagem” de verossimilhança, mesmo sem ofertar em 
seu conteúdo a verdade, atingindo de forma massiva diversos públi-
cos, dos mais diferentes níveis receptivos.
Ainda nesse nível, passou-se também em algumas sociedades a 
se questionar a hierarquia do conhecimento, visto se estar diante de um 
volume de informação disponível a todos, com repositórios aparente-
mente democráticos e acessíveis e redes de intercâmbio informacional 
cuja aparência também gera a frágil ideia de independência e de impar-
cialidade. Assim, a sofomania ou crença de pleno saber – ainda que de 
modo infundado – fragiliza o sofômano e a sociedade, pois esvazia a 
discussão e leva a um empoderamento falso e a potencial de distorção.
O primeiro capítulo (Opinião pública e a opinião publicada: conceitos 
e teorias sobre os impactos sobre a formação da Opinião Pública) se propõe 
a colocar em destaque o conceito de opinião pública e tecer as devidas 
críticas sobre o processo de construção de opinião. No segundo (Opi-
nião e relações públicas: persuasão e engajamento), debruça-se sobre a área 
de relações públicas, aqui entendida como parte essencial – e interes-
sada –, com outras áreas, na construção das opiniões.
O terceiro capítulo (Pesquisa e produção sobre opinião pública no 
Brasil) trata do levantamento de produção relativa ao tema opinião 
25
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
pública obtido em bases já citadas ao longo de uma década e meia. O 
quarto capítulo (Da fogueira à vaidade: o processo de intolerância histórica, 
da religião ao digital) apresenta revisão e análise sobre a construção de 
uma para-realidade, movida pela ideia de proximidade entre as pes-
soas, mas consolidada pela existência da uma forte onda de intolerân-
cia. E, por fim, o quinto capítulo (Fake news e pós-verdade: a indústria de 
risco, crise e imagem em tempos de cólera) discute a presença do risco e 
da crise como elementos atuais e em forte crescimento por conta das 
fragilidades decorrentes do apressamento opinativo e da construção 
de boatos massivos.
As opiniões são movimento constante, influenciado por diversos 
fatores – cultura, aspectos políticos e econômicos, mas essencialmente 
pela capacidade que cada um tem em enxergar no fato a sua própria 
verdade. Não se pode deixar de observar a grande relevância da mídia. 
Desde os tempos nos quais a absoluta maioria da população não era 
letrada e havia informes públicos, lidos pelos poucos alfabetizados, até 
hoje, quando se há um acesso agigantado a informações de todo qui-
late, a mídia é um espaço que merece atenção e cuja responsabilidade 
deve-se cobrar.
Sim, importa por quais meios ou dispositivos – analógicos ou 
digitais – se proceda à comunicação ou o espaço que lhe seja dado, e 
ainda o seu alcance para que se gere a percepção de relevância, o seu 
efetivo impacto. Como pudemos ver na história recente, a realidade 
é aquela que se acredita ver, mesmo que seja a partir de um olhar de 
dentro da caverna.
27
capítulo 1
Opinião pública e a opinião publicada: 
conceitos e teorias e impactos sobre 
a formação da opinião pública
A opinião é resultante do olhar assentado sobre determinado fato. Por outra, vale ressaltar que:
A rigor não existe opinião puramente individual. Todo indivi-
duo, quando expressa sua opinião, não só a está tornando pú-
blica, como também externando algo que decorre de sua relação 
com o grupo social a que pertence e também à época e às circuns-
tâncias históricas, políticas, sociais e econômicas do momento 
vivido pelo grupo. Seria, portanto, incorreto separar a opinião 
individual da opinião pública. Mais correto seria distinguir a 
opinião expressa da opinião oculta (MATHEuS, 2011, p. 11).
Pode-se dizer então que haja uma opinião pública, mas não 
necessariamente publicada. A distância entre esses dois fatores não 
é necessariamente um aspecto positivo, ao menos por absoluto. Isso 
porque se por muito tempo e em diversos sistemas políticos a enuncia-
ção de uma opinião poderia ser perigosa ou até mesmo impossível de 
ocorrer, hoje com a disseminação dos chamados sujeitos midiatizados, 
aqueles que têm grande ou pleno acesso a redes sociais digitais, essas 
opiniões são explicitadas em moto contínuo, muitas vezes sem haver 
verificação sobre o que se está avaliando.
Essa capacidade de compartilhamento sem checagem, o proces-
so de incontinência enunciativa, decorre de diversos fatores, como um 
volume significativo de informação que leva a um excedente informa-
tivo, a uma necessidade de exposição criada pela cultura da mídia, da 
qual se faz a apropriação, e também pelo hábito de se fazer o endosso 
às cegas, o blind endorsement (multiplicação de informações e opiniões 
28
Luiz-ALberto de FAriAs
não verificadas,cuja ancoragem reside em dados divulgados por ter-
ceiros sem a efetiva comprovação dos fatos ou das fontes), que é por si 
só gerador de grandes riscos. O endosso-cego também decorre da falta 
de apetite informacional (LIPPMANN, 2008), da incapacidade ou falta 
de interesse/motivação de verificação de fontes e dados recebidos.
Mas se há muita informação e desejo de se pronunciar sobre tudo 
e sobre todos, por que haveria uma falta de apetite em relação a essas 
mesmas informações? Talvez porque a cultura da informação em pílu-
las, sem aprofundamento cresce e se fortalece na sociedade de blocos, 
nos quais a interação se dá fortemente entre pares, em um clima de 
consentimento, sem a predisposição muitas vezes à crítica, que pode 
ser recebida com intolerância. Além disso, também ganha força a re-
putação (ou algo assemelhado) construída de forma apressada – como 
por exemplo pelos ditos influenciadores ou microinfluenciadores, que 
surgem não necessariamente por um trabalho de longo prazo e de con-
tribuições às truth news, ou pela ação junto à sociedade, mas muitas ve-
zes fundamentados na capacidade de amealhar seguidores justamente 
por temas esvaziados de conteúdo ou pelo uso das fake news.
Matheus (2011, p. 16) nos provoca, mostrando o cuidado que se 
deve ter ao analisar os movimentos opinativos, como dito no título 
desta obra, voláteis:
A opinião pública nem sempre tem capacidade de revelar a ver-
dade, mas é a fonte a que todos recorrem quando desejam encon-
trar referência para as verdades que pretendem afirmar. Sendo 
mais do que uma simples fonte de controvérsias e menos do que 
um modo de comprovação da verdade.
Já há muito se fala em opinião: há conceitos que remontam ao sé-
culo XVII, na França, presentes em dicionários. Ali havia dois olhares 
sobre a opinião: 1) afirmação ancorada em estereótipos, preconcei-
to e sentimentos; 2) afirmação alicerçada na deliberação e na razão 
(CHAMPAGNE, 1998). Ambos os olhares, de algum modo, dialogam, 
pois estão presentes na formação da opinião de modo geral.
Ainda assim, alguns autores preferem colocar em xeque a ideia 
de opinião e questionar a metodologia para que se chegue ao seu 
reconhecimento (BOuRDIEu, 1973), por conta de se entender que a 
29
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
opinião não possa ser fruto das pesquisas e que essas, seja por aspec-
tos técnicos, seja por vieses intencionais, podem gerar desvios infor-
mativos e interpretativos. Quando se gera uma cortina de fumaça em 
termos de informação, o conceito de Bourdieu se aclara, pois o que 
surge em termos de opinião é mesmo uma densa névoa.
Se por um aspecto esse raciocínio faz sentido, por outro as pes-
quisas podem, sim, dar indicativos de como a opinião tem se construí-
do e de como evolui para tornar-se publicada, pública e consensual. 
Algumas áreas evoluíram fortemente nos últimos anos, como as pes-
quisas eleitorais e as ligadas a desenvolvimento e produtos. No que 
tange aos grandes blocos de dados, os chamados big datas, ali a absor-
ção de informação ocorre a todo o tempo e em tempo real. Isso não 
significa que bastaria ter essa concentração de dados, de movimentos, 
comportamentos e opiniões, pois a análise é ponto fundamental para 
que se possa entender o ser humano e a sociedade em que ele vive.
1.1 coNceitos ao loNgo do tempo
Não há unanimidade, talvez nem mesmo consenso. Se popular-
mente todo cidadão compreende o que significa o termo opinião públi-
ca, sem mesmo refletir teoricamente sobre a sua origem ou seu impac-
to, em diversos âmbitos o posicionamento é outro: fortes discussões 
e até mesmo negação. Alguns autores simplesmente determinam não 
existir opinião pública, pois ela se construiria a partir da influência de 
terceiros e também seria fruto de vários recortes. Isso é inquestionável, 
mas os filtros e elementos culturais sempre vão delinear a percepção 
da maioria sobre os diversos fatos (ou mesmo simulacros).
Outros pesquisadores chegariam a defender que as redes sociais 
digitais destruiriam a possibilidade de formação de uma opinião pú-
blica, pois haveria plena interação entre os partícipes, o que sabemos 
ser impossível, pois os clusters são cada vez mais definidos e levam a 
interações absolutamente dentro de nichos desenhados pelos algorit-
mos, impedindo que haja uma plena discussão de informações, pois 
são reforçados padrões e não há questionamento sobre o perfil opina-
tivo coletivo.
30
Luiz-ALberto de FAriAs
Lineide Mosca (2002) alerta-nos sobre a importância de se levar 
em conta o perfil da audiência, pois: 
A opinião pública torna-se, hoje, tão forte que cabe ao leitor gran-
demente o controle da situação. É claque que se torna um porta-
-voz e que desencadeia muitas decisões e atitudes, chegando a 
produzir resultados inesperados. Essa é a razão pela qual uma 
das grandes tarefas diante de uma população de pouca ou média 
instrução constitui a formação do leitor crítico, referindo-nos aqui 
primordialmente ao que se pode chamar “leitura referencial do 
mundo”. A memória discursiva do leitor torna-se imprescindível 
nesse contexto, sobretudo no reconhecimento das “figuras” que 
povoam o seu mundo de representações (MOSCA, 2002, p. 15).
Ainda nos dias de hoje, o conceito de opinião pública é bastan-
te discutido e apresenta inúmeras conceituações que foram se trans-
formando ao longo do tempo. Do que se tem conhecimento, o termo 
opinião pública foi utilizado pela primeira vez por Rousseau, em 1750, 
porém desde Platão e Aristóteles a opinião (e neste caso sem o adjetivo 
pública acompanhando a palavra) foi trabalhada como um importante 
conceito, ora para diferenciar de conhecimento, conforme Platão, ora 
para uma dimensão mais política, de acordo com Aristóteles (CATTO, 
2008). Rousseau não utilizava inicialmente e correntemente os termos 
opinião, persuasão ou manipulação, mas sim “vontade”. Para o au-
tor, a vontade geral é mais importante do que a vontade particular. 
O pacto social (atitudes comuns que viabilizavam a convivência dos 
indivíduos sob determinada organização e ordem), assim como pro-
posto por Hobbes, para Rousseau é o que dará unidade à sociedade e 
formará a vontade geral.
Aristóteles contextualizava uma forma de organização social para 
finalmente chegar ao termo opinião, que necessitaria daquela para se 
fundamentar. Vale ressaltar que a opinião não era o foco central de seus 
estudos, e sim a política (CATTO, 2008). O filósofo trabalhava com a 
diferença entre governantes e governados e afirmava que do governante 
se espera discernimento e dos governados, sinceridade de opinião. 
No século XVII, Thomas Hobbes, exilado na França e protegido 
pela igreja católica, escreve “The Cive”, obra que defende o absolutis-
mo. Nessa obra, a opinião era abordada como algo perigoso, enquanto 
em uma concepção aristotélica era vista como negativa e perigosa para 
31
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
a sobrevivência do Estado. Para Hobbes, a persuasão e a manipulação 
exercidas pelo rei deveriam ser incontestáveis, pois como o rei sabia 
o que era melhor para o seu povo, ele determinava e isso deveria ser 
soberanamente aceito, sem filtro, assim como abordado na teoria da 
agulha hipodérmica (CATTO, 2008). 
Outro filósofo, John Locke, formou o seu pensamento sobre opi-
nião a partir do contexto em que vivia. Testemunhou um momento 
bastante conturbado dentro da organização político-econômica de seu 
país, marcado pela revolução gloriosa – ocorrida entre 1688 e 1689 na 
Grã-Bretanha –, na qual foi deposto o rei Jaime II em favor de sua fi-
lha Maria II e seu marido Guilherme III, príncipe de Orange, graças à 
outorga do poder dada a este pela Câmara dos Comuns. Com isso, em 
1689 Locke mostra que a opinião não pode ser considerada como ciên-
cia, pois não passa pelo acordo ou desacordo de ideias, por um pro-
cesso de raciocínio, mas por um julgamento e, neste caso, julgamento 
e opinião são conveniências, mas não ciências (CATTO, 2008). Dessaforma, Locke diferenciava o conhecimento da opinião. 
Ainda em uma perspectiva de grupo, Blumer enfoca que a opinião 
pública deveria ser encarada como um produto coletivo. Como tal, não 
constitui uma opinião unânime com a qual cada membro do público 
esteja de acordo, não sendo também forçadamente a opinião da maioria. 
Bourdieu vai um pouco mais além e afirma que a opinião pública não 
existe. Segundo ele, a questão do uso da opinião pública é um instru-
mento de ação política para legitimar uma política e reforçar as relações 
de força que a fundamentam ou a tornam possível (BOuRDIEu, 1987). 
Pode-se enxergar aí um posicionamento talvez um tanto radical diante 
da maneira de o autor enxergar o mundo e as relações nele constituídas.
Adotando uma perspectiva mais contemporânea, podem ser ob-
servados autores que se debruçaram sobre o conceito, como Agemir 
Bavaresco e Paulo Kozen, e que revisam a opinião pública sob outras 
perspectivas, como a Teoria Hegeliana, enquanto fenômeno da contra-
dição. Nesse sentido, os autores pensam a opinião pública como algo 
fluido e precípuo à liberdade:
A opinião pública é fator importante da liberdade formal subje-
tiva dos cidadãos. Os indivíduos têm o direito de formular seu 
julgamento particular sobre o universal, como expressão de sua 
32
Luiz-ALberto de FAriAs
liberdade subjetiva. A opinião pública não é a verdade política 
absoluta, mas ela guardará, sempre, a força da impaciência, para 
desestabilizar toda fixidez ou passividade histórica dada, pois o 
que move o mundo é a contradição, e a opinião pública, ela mes-
ma, é uma contradição, que torna efetiva a paciência do conceito. 
(...) Configura-se, aos poucos, a constituição da oposição entre a 
mídia tradicional e a imprensa independente/alternativa, tendo 
como suporte material as novas tecnologias da informação (BA-
VARESCO; KONZEN, 2008, p. 65).
Os autores ainda acrescentam que o cenário da opinião pública 
sofreu algumas mudanças, nos últimos anos. Essas transições ocorre-
ram, sobretudo, devido às novas tecnologias que expandiram as capa-
cidades informativas da TV, do rádio e do impresso e deram origem 
a blogs, sites independentes e redes sociais. Nesses meios, os autores 
destacam a imprensa independente que, pouco a pouco, amplia suas 
capacidades de influenciar a opinião pública e muda o conceito de 
jornalismo (BAVARESCO; KONZEN, 2008). Não se pode deixar de 
atentar, todavia, ao fato de haver excesso de informação circulante, 
além de existir informações de interesse privado transitando como 
informação de interesse público, e sendo utilizadas para as mais diver-
sas finalidades – comerciais, políticas etc.
Vale destacar também que já existem discursos organizados no 
sentido de desqualificar a imprensa tradicional, na tentativa de se criar 
um espaço controlado de enunciação, no qual determinadas lideranças 
possam fazer chegar as suas mensagens de forma absoluta, sem críti-
cas ou contraposições. E informação sem crítica e sem a possibilidade 
do contraditório é risco de distorção e de manipulação. Isso pode ocor-
rer em situações religiosas, ditatoriais ou mesmo quando há excessiva 
concentração midiática, em monopólios ou oligopólios.
Assim, no sentido hegeliano, a opinião pública seria uma con-
tradição que necessita passar por várias mediações, a fim de instau-
rar cenários de uma democracia que garanta a liberdade de imprensa 
cidadã – levando-se em conta que na contemporaneidade o conceito 
de imprensa vem sendo rediscutido e ressemantizado, afinal as redes 
dão a impressão duvidosa de que todo cidadão é, em si, uma mídia 
e um agente de informação. E não é que não o seja, mas o estranho 
termo “empoderamento” leva à superestima e ao risco de falta de 
33
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
crítica. Segundo os autores, a opinião caracteriza-se pela impaciên-
cia, querendo, imediatamente, a realização da vontade da pessoa. Os 
autores ainda delimitam que a opinião pública necessita da liberda-
de de imprensa tanto quanto também precisa das novas tecnologias 
da comunicação, pois valida o sentido de democracia das sociedades 
ocidentais (BAVARESCO; KONZEN, 2008). Um contraponto necessá-
rio é lembrar que mesmo em democracias a força excessiva de organi-
zações midiáticas pode levar ao controle da informação e da opinião; 
o mesmo se aplica às organizações ligadas a tecnologias.
Com relação à evolução histórica do termo opinião pública, Sá 
afirma que o conceito sofreu muitas transformações em sua significa-
ção, o que impede que ocorra formulação universal do fenômeno. Ele 
demonstra que o termo “público” talvez tenha sido aquele que mais so-
freu mudanças ao longo do tempo. Hoje, entendido como oposição ao 
privado, o público, segundo o autor, refere-se ao domínio da liberdade, 
do diálogo, da transparência e da competência entre iguais (SÁ, 2009).
Já no século XIII, um novo sistema de produção trouxe à tona 
uma nova ordem social demarcada pela circulação de mercadorias e 
notícias.
A circulação das notícias segue um caminho parecido com a cir-
culação das mercadorias. As grandes cidades se transformam em 
fontes de notícias e os comerciantes mudarão o velho sistema de 
informação por outro mais profissional e rápido (SÁ, 2009, S/P).
Entretanto, nessa época ainda não é possível falar de imprensa 
no sentido que conhecemos hoje, pois as informações ainda não eram 
de domínio público. A opinião pública apenas começa a ser institu-
cionalizada, na visão do autor, quando o parlamentar inglês C. J. Fox 
dirige-se à Câmara dos Comuns, em 1792, e diz que é verdadeiramente 
prudente e correto consultar a opinião pública e proporcionar ao pú-
blico os meios adequados para a sua formação.
Já no século XIX, a política e o desenvolvimento da democracia 
serão os grandes responsáveis por praticar os conceitos-base do regi-
me da opinião – soberania, vontade geral e lei, limitação e divisão de 
poderes, pluralismo político e parlamentar, articulação da vida públi-
ca por meio do sistema de partidos políticos e do processo eleitoral.
34
Luiz-ALberto de FAriAs
Entretanto, Sá (2009) demonstra que nem sempre, ao longo da 
História, a política e formação da opinião pública caminharam juntas. 
Um exemplo disso é que, durante o século XVII, os debates parlamen-
tares eram considerados um privilégio da aristocracia, encarregada 
de dar direção e sentido aos assuntos de interesse público. Entretanto, 
apesar da afirmação do Parlamento na defesa do sigilo das sessões, o 
povo inglês insistiu em conhecer os segredos da vida política e o mun-
do da informação e lutou para difundir as discussões parlamentares.
Nas reflexões de Paine, entende-se que:
...quando sofremos, ou somos expostos por um governo às mes-
mas misérias que poderíamos esperar de um país sem governo, 
nossa calamidade é ampliada pela reflexão de que nós mesmos 
suprimos os meios pelos quais sofremos. Governos, como o 
vestuário, são o emblema da inocência perdida; os palácios dos 
reis são construídos sobre as ruínas das choupanas do paraíso. 
Fossem os impulsos da consciência obedecidos de modo claro, 
uniforme e irresistível, o homem não precisaria de nenhum ou-
tro legislador. Mas, como esse não é o caso, ele julga necessário 
ceder uma parte de sua propriedade a fim de prover os meios 
para a proteção dos demais; e é induzido a fazê-lo pela mesma 
prudência que, em todos os demais casos, o aconselha, dentre 
dois males, a escolher o menor. Consequentemente, sendo a se-
gurança o verdadeiro propósito e fim do governo, decorre irre-
torquivelmente que qualquer forma de governo que nos pareça 
mais capaz de garanti-la com o mínimo de aventura e o máximo 
de benefício, ser preferível a todas as demais (PAINE, 1776 apud 
BAuMAN e MAuRO, 2015, p. 13).
Pozobom (2010) complementa os pensamentos de Sá ao demons-
trar que a Idade Média também nos proporciona uma ampliação do 
conceito de opinião pública. No entanto, é a partir do século XVIII que 
fica mais evidente a força da opinião pública,posto que passa a ser 
objeto de análise. Com o surgimento da escola e o aprimoramento de 
outras instituições que colaboraram para o desenvolvimento cultural, 
a opinião pública se desenvolveu ainda mais.
É visível que, depois da Revolução Francesa a comunicação co-
nheceu outro patamar, graças às conquistas industriais e ao alar-
gamento e aprimoramento dos públicos. Os públicos restritos se 
transformaram, lentamente, num público aberto, aumentando o 
35
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
seu tamanho e sua importância à medida que o analfabetismo 
diminuía. Com o passar dos anos, a ascensão da opinião pública 
vai se relacionando com o desenvolvimento das instituições de-
mocráticas, com a diminuição das taxas de analfabetismo e com 
o destaque que os meios de comunicação vão assumindo (PO-
ZOBON, 2010, p. 3).
Assim, a autora afirma que a opinião pública se configura, re-
configura e transforma de acordo com a evolução das tecnologias. Para 
explicar esse processo, Pozobon afirma que todo esse elo culminou a 
partir de quatro grandes revoluções comunicativas:
1. o surgimento da escrita;
2. a invenção dos caracteres móveis; 
3. a Revolução Industrial; e
4. o início da cultura de massa e o momento que vivenciamos 
hoje, e que ainda está em construção.
Nesse cenário, Pozobon indica que essas revoluções causaram 
transformações, sobretudo no fazer jornalístico, que hoje se vê inserido 
em uma cultura colaborativa demarcada pelas redes digitais que pos-
sibilitam uma maior interação entre usuários e a colaboração de massa 
fundada na “inteligência coletiva”. Com isso, a partir de dados coletados 
em suas pesquisas, a autora conclui que é possível observar uma nova 
lógica de comunicação, na qual todos somos construtores da notícia.
Rompemos aqui com a ideia de um público que não pode produ-
zir informação e conteúdo, entendido, na melhor das hipóteses, 
como um consumidor consciente. O ambiente digital permite a 
imensa ampliação dos processos de produção, difusão e distri-
buição de conteúdos. Assim, a publicização de uma determinada 
questão no espaço da visibilidade mediada permite sua dissemi-
nação a um público múltiplo e heterogêneo, viabilizando a capa-
cidade de uma interpretação crítica e diversificada da audiência 
(POZOBON, 2010, p. 13).
Vale aqui discutir a ideia de “consumidor consciente”, pois a 
interação com os processos de construção de notícias não faz parte 
do sistema de consumo dessas mesmas notícias, ou seja, o acesso e a 
interpretação não estão, necessariamente, conectados. Quanto a ser 
um potencial fornecedor de dados, isso sem dúvida ganhou escala 
com a acessibilidade a diversas tecnologias, barateadas, simplificadas 
36
Luiz-ALberto de FAriAs
e tornadas acessíveis. Vale destacar que olhar o cidadão a partir do 
conceito de cliente é um tanto reducionista, além de dizer que o forne-
cimento de dados próprios é crescente e totalmente fora do controle 
do próprio indivíduo, o que é delegado a organizações de gerencia-
mento de informação, que passam a deter o poder e o controle.
Ainda, segundo Dourado (2010), o termo que conhecemos no 
século XXI como opinião pública remonta a três séculos. Os espaços 
comuns de convivência de Londres do século XVII – como os jornais, 
os cafés, os clubs – são o berço desse fenômeno, apesar de a expressão 
só ter começado a ser conhecida por opinião pública no final do século 
XVIII na Inglaterra, e depois se espalhou pela França e Alemanha.
Dourado demonstra que, entre as décadas de 1920 e 1970, hou-
ve uma produção significativa de teorias da comunicação. Essas pes-
quisas inauguram uma nova frente de estudos (DOuRADO, 2010). 
A caracterização da opinião pública no século XXI é o resultado de 
uma longa tradição de estudos e pesquisas. Cada pesquisador tratou 
o tema de uma forma particular, tendo como objeto de pesquisa os 
diferentes tipos de público nas mais variadas épocas e contextos sociais 
(DOuRADO, 2010). Quando se observa o foco que esses estudos 
tiveram, é que se percebe a interdisciplinaridade do termo, que pode 
ser considerado também transdisciplinar, porque perpassa a todos os 
assuntos discutidos na sociedade.
1.2 algumas obRas de RefeRêNcia
Vale aqui um rápido arrazoado destacando que as obras aponta-
das não funcionam como um arcabouço fechado, pois sempre haverá 
obras que não tenham sido aqui citadas. Não se trata, portanto, de um 
guia para se tornar o vade mecum, apenas um levantamento que não 
aborda a totalidade, somente um recorte intencional.
Quando se trata de opinião pública, uma obra que pode ser 
apontada como figurando entre as mais importantes nos estudos e pes-
quisas da área é o livro A opinião e as massas de Gabriel Tarde (2005), 
que reflete acerca da formação da opinião e dos conceitos de público e 
de multidão. Sua relevância e importância para a área da comunicação 
37
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
e das humanidades é tamanha que foi o início de um campo de estudo 
ainda nunca desbravado no século XIX: a psicologia das massas.
A respeito da opinião, o autor delimita que ela caminha no tecido 
social, assim como todos os agentes, e precisa apenas ser descoberta 
para se tornar viva ou existente. Em relação ao conceito de público, que 
é o grande objeto da obra, Tarde (2005) delimita que ele é, na verdade, 
uma grande multidão dispersa a qual é influenciada a todo o momento 
pelas ações a distância de vários espíritos. O público, em sua visão, 
seria um modelo que emerge a partir das multidões, uma vez que de-
limita que seria “uma evolução mental e social muito mais avançada 
que a formação de uma multidão” (TARDE, 2005, 46). Ele ainda afirma 
que a opinião seria um resultado do embate e debate dessa zona de 
intersecção entre ações das multidões (TARDE, 2005).
Outra obra recorrente e, talvez, a mais relevante para o estudo 
da opinião pública no Brasil e em diversas regiões do mundo é Opinião 
Pública, de Walter Lippman, que aborda o processo de formação da 
opinião a partir do conhecimento do mundo e da realidade que se dá 
em uma relação de desigualdade e assimetria entre o mundo exterior 
e as imagens que formulamos em nossas cabeças (LIPPMAN, 2008). 
Obra original de 1922, além de diferenciar opinião pública grafada 
com caixas baixas e caixas altas, deixando de ser expressões minúscu-
las para se tornarem conceitos maiúsculos, também elabora constata-
ções acerca do direcionamento do interesse e da importância dos es-
tereótipos para a formação das imagens em nossas mentes e opiniões.
Habermas é outro autor que contribui de forma consistente para 
o pensamento sobre a opinião pública, a partir da obra Mudança estru-
tural da esfera pública. O livro foi originado a partir da tese de livre do-
cência do autor apresentada à Faculdade de Filosofia de Marburg, em 
1961, e admite como objeto a esfera pública burguesa. Primeiramente, 
o autor colabora com o campo da opinião pública, ao separar “públi-
co” de “esfera pública”.
Habermas, em seus pensamentos, se ampara em uma perspecti-
va histórica para abordar a diferença que havia na Grécia entre esfera 
pública e privada, nas quais a polis configurava grande elemento de 
distinção, uma vez que era o centro físico e político das tomadas de 
38
Luiz-ALberto de FAriAs
decisões. Quanto à esfera pública burguesa, objeto de seu estudo, o 
autor delimita que ela seria um grande e amplo campo de uniformi-
zação de pensamentos, ou seja, de uma opinião pública.
Ademais, o Brasil, nos últimos 15 anos, recebeu nesse campo im-
portantes contribuições. A obra “Deslumbramento Coletivo”, por exem-
plo, de Simone Antoniaci Tuzzo, é uma delas que, a partir de uma revi-
são dos principais autores que abordam o tema opinião pública, disserta 
sobre temas como a formação da opinião pública, meios de comunicação 
de massa e o papel da universidade na formação da opinião pública.
Outra obra brasileira que compõe o estudo sobre opinião públi-
ca é o livro Controle da opinião pública,de Nilson Lage. Na publicação, 
o autor analisa o processo crítico de formação da opinião a partir da 
linguagem voltada ao convencimento, mantendo o cuidado de não se 
inserir em aspectos hipotéticos e teóricos sobre o processo de formação 
da opinião (LAGE, 1988).
O movimento lógico da opinião pública a teoria hegeliana, de Agemir 
Bavaresco, é outra publicação que colabora com os estudos da Opi-
nião Pública em âmbito nacional. A partir de perspectivas filosóficas 
e políticas, Bavaresco se propõe a aprofundar o tema opinião pública. 
Além do tema, o autor traz para a pauta temas como contradição e 
liberdade e demonstra que a opinião pública, em sua visão, se efetiva 
no espírito político.
1.3 poR um coNceito balizadoR
O conceito de opinião pública ainda não é unânime e já foi dis-
cutido por inúmeros pensadores. Como já apontado, estudos indicam 
que Rousseau, em 1750, foi o primeiro pensador a refletir sobre opinião 
pública (CATTO, 2008). Além do filósofo francês, Aristóteles e Platão 
também se debruçaram sobre a opinião em alguns momentos para de-
finir o conhecimento e em outros para definir a política (CATTO, 2008). 
De acordo com Pozobon (2010), os sofistas também se dedicaram à for-
mulação do conceito de opinião pública, uma vez que o poder era prá-
tica inerente à comunicação.
39
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Já durante o século XVII, Hobbes elabora a obra The Cive, em que 
trata da opinião enquanto algo prejudicial à sociedade, uma vez que 
analisa a persuasão e a manipulação exercidas pela corte (CATTO, 2008). 
Hegel também se dedicou ao assunto e o tratou como um tema contra-
ditório, carente sempre de inúmeras mediações. Pozobon (2010) ainda 
demonstra que, no século XVIII, a opinião pública passa a ser objeto 
de estudo, uma vez que a escola e outras formas de desenvolvimento 
cultural, como a imprensa, permitiram a formulação da opinião pública.
É visível que, depois da revolução francesa a comunicação co-
nheceu outro patamar, graças às conquistas industriais e ao alar-
gamento e aprimoramento dos públicos. Os públicos restritos se 
transformaram, lentamente, num público aberto, aumentando o 
seu tamanho e sua importância à medida que o analfabetismo 
diminuía. Com o passar dos anos, a ascensão da opinião pública 
vai se relacionando com o desenvolvimento das instituições de-
mocráticas, com a diminuição das taxas de analfabetismo e com 
o destaque que os meios de comunicação vão assumindo (PO-
ZOBON, 2010, p. 3).
Dialogando com Pozobon, Bavaresco e Konzen (2008), pode-se 
entender que a imprensa foi o grande agente propulsor da opinião pú-
blica, uma vez que permitiu a formulação de “pensamentos públicos” 
sobre os temas cotidianos e a política. Segundo os autores, a imprensa 
foi o grande condensador da opinião pública, uma vez que permitiu a 
liberdade formal subjetiva dos cidadãos.
A opinião pública é fator importante da liberdade formal subje-
tiva dos cidadãos. Os indivíduos têm o direito de formular seu 
julgamento particular sobre o universal, como expressão de sua 
liberdade subjetiva. A opinião pública não é a verdade política 
absoluta, mas ela guardará, sempre, a força da impaciência, para 
desestabilizar toda fixidez ou passividade histórica dada, pois o 
que move o mundo é a contradição, e a opinião pública, ela mes-
ma, é uma contradição, que torna efetiva a paciência do conceito. 
o papel da imprensa independente/alternativa, entendida como 
não vinculada a uma empresa privada, pública ou estatal, ou al-
gum grupo econômico. Configura-se, aos poucos, a constituição 
da oposição entre a mídia tradicional e a imprensa independen-
te/alternativa, tendo como suporte material as novas tecnologias 
da informação (BAVARESCO; KONZEN, 2008, p. 65).
40
Luiz-ALberto de FAriAs
Outros autores, como Arendt (2000), delimitam que na Grécia 
antiga houve uma primeira tentativa de formulação da opinião públi-
ca, uma vez que a pólis grega foi a configuração da antítese ao espaço 
privado, ou lugar da família que havia privação. 
O que distinguia a esfera familiar era que nela os homens viviam 
juntos por serem compelidos por suas necessidades e carência. 
A força compulsiva era a própria vida, os penates, os deuses do 
lar, eram, segundo Plutarco, ‘os deuses que nos fazem viver e 
alimentar o nosso corpo’; e a vida, para sua manutenção indivi-
dual e sobrevivência como vida da espécie, requer a companhia 
de outros. O fato de que a manutenção individual fosse a tarefa 
do homem e a sobrevivência da espécie fosse a tarefa da mulher 
no parto, eram sujeitas à mesma premência da vida. Portanto, 
a comunidade natural do lar decorria da necessidade: era a ne-
cessidade que reinava sobre todas as atividades exercidas no lar 
(ARENDT, 2000, p. 39-40).
Segundo a autora, a concepção de público comporta dois pensa-
mentos importantes, correlatos, mas não iguais. O primeiro deles seria 
aquele que se relaciona com a aparência, que elabora uma relação entre 
o assistir e ser assistido, já o segundo seria aquele que é produzido, 
reflexo habitado pelo humano. 
Em segundo lugar, o termo ‘público’ significa o próprio mundo, na 
medida em que é comum a todos nós e diferente do lugar que nos 
cabe dentro dele. Este mundo, contudo, não é idêntico à terra ou 
à natureza como espaço limitado para o movimento dos homens 
e condição geral da vida orgânica. Antes, tem a ver com o artefato 
humano, com o produto de mãos humanas, com os negócios rea-
lizados entre os que, juntos, habitam o mundo feito pelo homem. 
Conviver no mundo significa essencialmente ter um mundo de 
coisas interposto entre os que nele habitam em comum, como uma 
mesa se interpõe entre os que se assentam ao seu redor; pois, como 
todo intermediário, o mundo ao mesmo tempo separa e estabelece 
uma relação entre os homens (ARENDT, p. 62).
Outro autor que pensa sobre o conceito de esfera pública é Ha-
bermas. Segundo ele, a esfera pública também inaugura o conceito de 
Estado Moderno tal qual o conhecemos nos dias de hoje. De acordo 
com Habermas, ele configura um agente controlador ou um poder pú-
blico e instaura uma demanda por participação nas questões públicas, 
berço no qual nasce um espaço representativo que demanda critérios 
41
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
de legitimação, ou seja, a opinião pública. Outro ponto que conforme o 
autor fomentou o nascimento da opinião pública foram os “modernos” 
meios de comunicação da época que instauraram novos padrões de 
discussão e formulação de pensamentos acerca da vida cotidiana e das 
questões políticas.
Ao mesmo tempo, essas novas revistas estão ligadas tão intima-
mente com a vida dos cafés que ela poderia ser reconstruída atra-
vés de cada número. Os artigos de jornais não só são transfor-
mados pelo público dos cafés em objeto de suas discussões, mas 
também entendidos como parte integrantes deles; isto se mostra 
no dilúvio de cartas, das quais os editores semanalmente publi-
cavam uma seleção (...). Também a forma de diálogo, que muitos 
artigos mantêm, testemunha a proximidade da palavra falada. 
Transporta para um outro meio de comunicação, continua-se a 
mesma discussão para, mediante a leitura, reingressar no meio 
anterior, que era a conversação (HABERMAS, 1984, p. 59).
Longhi, em diálogo com Habermas e Arendt, demonstra que o 
aparecimento do espaço público e, por conseguinte, da opinião públi-
ca, ocorrem em dois momentos – o aparecer pela fala e o fazer, ou seja, 
ver e ser visto. Dada dicotomia, que seria a liga entre o espaço público 
e o privado, amarra a opinião pública à palavra falada e com as mídias 
de massa se transforma em bem de consumo padronizado e engessa-
do, tida como consenso:
Assim, o conceito de opinião pública, em sua origem, se carac-
teriza como a conexão que alinhava a tessitura social. Ela está 
no espaço público literário, neste sentido, espaço não-político, 
mas também não-privado. Assim, ela se constituiu no intuito de 
possibilitar o ato comunicativo,interligando público e privado 
(LONGHI, 2013, p. 53).
Reflexões como as de Habermas e Arendt permitiram o nasci-
mento de outras concepções acerca da opinião pública como a de Elias 
que compreende a opinião pública enquanto agente transformador e 
em transformação.
[...] a opinião pública não é simplesmente a sintonia da opinião 
de muitos seres humanos sobre uma questão do dia, particular 
e determinada, mas algo compreendido em contínua formação, 
um processo vivo que oscila em movimentos pendulares e que, 
42
Luiz-ALberto de FAriAs
no decorrer desse balanço, influencia as decisões que são toma-
das em nome da nação (ELIAS, 2006, p. 125).
Definir opinião e opinião pública, de forma sumária e categórica, 
então, não se trata de tarefa fácil – talvez impossível –, pois a polêmica 
mais elementar – se existe ou não, se pertence ao enunciador ou pro-
vém de um dado enunciatário – pode gerar por si só bastante embate. 
Todavia, a base da discussão é a informação, seu acesso (por quais e 
que tipos de fontes) e a capacidade de interpretá-la. Se o mundo nos 
oferece informação em volumes massivos, gerando demasiada expo-
sição, talvez estejamos na contramão no sentido de um momento no 
qual o processamento ocorre em ocasião, muitas vezes, anterior ao da 
recepção da informação. Informações prontas – sem a possibilidade de 
reflexão sobre seu conteúdo – ou blindadas não permitem geração de 
opinião, menos ainda de opinião pública.
A força da opinião pública é um pensamento plural e difuso, sem 
face e sem nome – que se difunde nos grupos e nas coletividades 
humanas para servir de fonte para um código não escrito que 
aponta ou define aquilo que, em última instância, será tomado 
por justo (MATHEuS, 2011, p. 9).
Polifonia e polissemia são elementos basilares na formação da 
opinião pública, pois ela:
É um julgamento coletivo que raramente é unânime e que, por ter 
muitas vozes, não tem voz alguma. Sua voz é um eco que ressoa 
aos ouvidos dos que supõem escutá-la e seu nome tem quase 
sempre este singular coletivo que expressa um plural invisível 
(MATHEuS, 2011, p. 9).
Se autores defendem que a informação é trabalhada no sentido 
de gerar opinião artificial – sem a capacidade de decodificação, de aná-
lise, de crítica a partir das quais se geraria a opinião autêntica –, desti-
nada a mobilizar e a induzir a pensamentos e a comportamentos, e isso 
talvez seja até um pensamento simplista, pois de fato é da natureza 
humana, é importante avaliar que toda opinião se forma diante de um 
conjunto de fatores, de circunstâncias, delineadas pelo cronos e pelo 
locus. De acordo com Matheus (2011, p. 11), a opinião individual de-
corre da relação com o grupo social e está ancorada em circunstâncias 
históricas, políticas, sociais e econômicas.
43
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Assim, vale destacar que nem toda opinião publicada é de fato 
correspondente à opinião pública, pois o controle sobre os meios de 
comunicação é fato secular – desde a Idade Média destaca-se o con-
trole sobre a leitura, a gestão das informações etc., alterando-se para 
o controle sobre jornais, revistas, rádio, TV e Internet. E, mais intenso 
e impactante pode ser o controle sobre a Educação, fator-chave que 
permite a plena compreensão.
A opinião se forma em processo contínuo, movida por fatos, cir-
cunstâncias, filtros, culturas e interesses. 
A opinião pública nem sempre tem a capacidade de revelar a 
verdade, mas é a fonte a que todos recorrem quando desejam 
encontrar referências para as verdades que pretendem afirmar. 
Sendo mais do que uma simples fonte de controvérsias e menos 
um modo de comprovação da verdade, a opinião pública passou 
a ocupar uma posição mais explícita (...) (MATHEuS, 2011, p. 16).
A opinião se forma diante do acesso a informações – aquelas 
oriundas de fontes sobre as quais o interlocutor opte por ter como base 
informacional, ou seja, a formação da opinião antecede ao processo 
da informação, seja pela escolha das fontes, seja pela capacidade de 
decodificação –, seu processamento e geração de um código de enten-
dimento definido a partir de lentes próprias a cada pessoa, gerando 
enunciação e possível embate-encontro com outras opiniões, chegando 
ao consenso.
Para entender a opinião pública, é necessária a composição de 
dados de pesquisa – utilizando-se de estatística e de dados qualitativos 
que possam lhes dar norte –, mas também e fortemente a observância 
do trajeto histórico de um dado lugar, suas características comporta-
mentais, afetivas, históricas, demográficas e o modo como se colocou 
diante do olhar do público – ou dos diversos públicos, com suas inte-
rações e distâncias – o fato a ser avaliado.
1.4 RelacioNameNto com a mídia e exposição
Impossível falar de opinião e de opinião pública se não colo-
carmos dois elementos essenciais em sua formação: a imprensa e as 
44
Luiz-ALberto de FAriAs
mídias sociais digitais. No que tange à imprensa, ela passa por pro-
fundas transformações ao longo das últimas décadas. Crises, down-
sizing, fusões e aquisições, influências políticas, mudança nos com-
portamentos e no consumo de notícias, tudo isso ao redor do mundo, 
fizeram a imprensa se tornar bem diferente nos tempos atuais. 
Notadamente, no Brasil, destaca-se o aspecto de que alguns veí-
culos de comunicação se tornaram dependentes de verbas públicas, o 
que compromete a independência, e pela recente democracia, poste-
rior a um longo processo de ditadura e censura, que talvez não tenha 
permitido pleno desenvolvimento da liberdade de expressão. Não foi 
o único período de ditadura no país, e em todos a imprensa sofreu 
repressão – não apenas a imprensa, mas todas as formas de expressão 
foram tolhidas em momentos assim.
E ainda focalizando o cenário brasileiro, pode-se dizer que a de-
cisão do Supremo Tribunal Federal relativa à não-obrigatoriedade do 
diploma para o exercício da profissão de jornalista, as diversas crises 
financeiras que se abateram sobre grandes grupos de comunicação 
(muitos indo à bancarrota), diminuição do investimento publicitário 
em veículos tradicionais impactaram de modo belicoso a atividade. 
Esses e outros fatores levaram inúmeros jornalistas a migrarem para 
outras áreas, principalmente as relações públicas. Essa migração con-
tribuiu – com outros elementos – a fortalecer outro tipo de comunica-
ção, com intenções comunicativas explícitas, e a fragilizar o processo 
jornalístico como um todo.
Sempre bom lembrar que a filosofia da atividade jornalística – 
expressa na clássica frase de Millôr “jornalismo é oposição” – nem 
sempre comunga com o discurso e posicionamento de grandes grupos 
de comunicação, construídos a partir de diversos interesses, sejam eles 
políticos, ideológicos ou mesmo econômicos. 
Hoje, como sempre foi, a imprensa busca novas maneiras de ex-
pressão – mídias alternativas, veículos independentes etc. – sem deixar 
de haver a força disseminadora e influenciadora dos grandes veículos. 
Por mais que boa parte da população, notadamente os mais jovens ve-
nham perdendo as conexões (ou sequer as criando) com os veículos 
tradicionais, estes passam a fazer parte também de outros espaços, es-
tes sim, frequentados por essas categorias etárias/comportamentais.
45
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Quanto às redes sociais digitais, pode-se entender que haja enor-
me influência destas sobre informação e opinião. Entretanto, devem-se 
colocar em questão alguns fatores:
a) as grandes mídias/redes estão sob controle de grandes gru-
pos, mantendo o formato de oligopólio que as redes analógi-
cas apresentaram no século passado;
b) o sistema matemático de “encontro” de atores-mídia faz que 
aumentem os blocos opinativos: pensar junto, viver junto, di-
zer junto;
c) o nível de informação presente nas redes e a fragilidade de 
checagem de informações é muito grande, de forma oposta à 
capacidade de disseminação;
d) a emoção condiciona a capacidade de receber mensagense, 
por conta disso, gera-se a pós-verdade;
e) as fake news ganharam força e se tornaram ação de propagan-
da ideológica, utilizando-se de mídias muitas vezes de difícil 
monitoramento.
Esse conjunto de itens permite que se pense na fragilidade do 
trânsito de informações e se questione se de fato há um tráfego livre 
de informações. O simplismo de dizer que todos podem dizer o que 
quiserem, quando quiserem, para quem quiserem nas redes sociais di-
gitais leva ao perigo de que se acredite que não haja inúmeros filtros 
que determinem o que circula e de que modo. Ou seja, há diversos 
controles não explícitos.
O olhar apocalíptico não tem por intenção desqualificar ou di-
minuir o poder e a importância desses meios de comunicação – ora 
massivos, ora dirigidos, mas sempre com grande espectro de atuação 
e poder de persuasão. Ao contrário: a capacidade de penetração e de 
rápida circulação, a possibilidade de diversos agentes ali atuarem, sem 
necessariamente haver identificação com o mainstream informativo, a 
amplitude de oportunidades de encontro e de debate são realmente 
fator de grande mérito e importância.
46
Luiz-ALberto de FAriAs
1.4.1 Através das mídias
Por mais óbvio que pareça a afirmação, é preciso dizer que 
uma opinião jamais será pública caso não seja publicada ou torna-
da pública. Nesse sentido, a mídia e os meios de comunicação de 
massa possuem papel fundamental na condensação e na transmissão 
de pensamentos que vivem uma constante possibilidade de vir a ser 
a expressão de uma opinião pública. Entretanto, há também de se 
concordar que nem todos os pensamentos são de interesse público. 
Apenas o são aqueles que impactam determinado grupo de pessoas, 
conforme demonstra Vestena (2008): Opinião Pública é a expressão 
de opiniões do público a respeito de temas de interesse comum, que 
se diferencia da Opinião Publicada, que é a apresentação pública da 
opinião (VESTENA, 2008).
Nesse sentido, para que ocorra a publicação das opiniões, há a 
articulação entre um processo bifásico que acontece entre um promo-
tor ou organizador de um pensamento ou uma opinião e a midiati-
zação ou a amplificação desse pensamento que ocorre via meios de 
comunicação de massa (CORRÊA, 1993) ou mesmo por redes sociais 
– digitais ou não – e que impacta os públicos. Corrêa (1993) delimita 
que esse processo não é unidirecional, porém é desigual, uma vez que 
os públicos também impactam os líderes de opinião e os meios de co-
municação de massa, porém não com a mesma intensidade que são 
impactados por eles.
Nesse sentido, vale destacar a ação intencional e programada de 
desqualificar os meios tradicionais de comunicação, criando “vias al-
ternativas” de informação, as quais não estariam submetidas ao julgo 
opinativo, visto serem de distribuição entre pares, um engodo que pa-
rece ter grande eficiência. Assim, a informação assumiria a aparência 
de notícia, sem contudo ser efetivamente publicada –quando não vem 
a público, diminui a chance de verificação, podendo se distanciar da 
verdade, ainda que ofereça verossimilhança – ou mesmo partir de fon-
tes confiáveis e checadas, que tenham compromisso, responsabilidade 
e risco em tudo que disseminarem.
47
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Quadro 1 – Fluxos de comunicação
Fonte: Modelo de fluxos de comunicação social.
Elaborado por Corrêa (1993), adaptado de Dumazeider (1973).
Assim, a construção da opinião pública é um processo no qual 
diversos atores influenciam, distintos agentes impactam:
Organizações influenciam a mídia e seus conteúdos como fon-
tes informativas e disseminadoras de informações com vistas à 
notícia, como elementos da própria notícia ou como usuárias de 
espaço pago para a disseminação institucional ou promocional. 
A intermediação entre esses agentes – organizações e mídia – é 
um dos pilares das relações públicas. Acredita-se ainda que, de 
modo substancial, é dessa relação – entre públicos estratégicos 
para a área de relações públicas – que se originam os componen-
tes para a formação da opinião pública, seja em formato off-line 
ou on-line. A sociedade pauta suas discussões nas enunciações 
midiáticas, e estas são influenciadas, entre outros elementos, 
pelo agir organizacional e por sua ação intencional de envio e 
acompanhamento de informações, em especial os veículos de co-
municação, que ressignificam essas mensagens e as transformam 
em material para o processamento e a geração de sentido, levan-
do à formação da opinião e à geração de posicionamento social, 
político e mercadológico (FARIAS, 2016, p. 241).
Uma das primeiras teorias elaboradas a partir do tema seria o 
modelo em cascata que, segundo Lima (2005), explica a formação da 
opinião pública como um resultado verticalizado, no qual elaboram-se 
as concepções dominantes no topo ou nas classes tidas como dominan-
tes que descem, em formato de cascata, até a base. Independentemente 
de qualquer análise, esse modelo faz sentido em diversos momentos 
48
Luiz-ALberto de FAriAs
da História, pois o controle sobre a informação, a centralização em sua 
disseminação pode permitir que se determine o que se divulgará e, por 
conseguinte, a pauta de informação-conhecimento-opinião.
Sartori (1994) acredita que as opiniões públicas são inatas e que 
sofrem um processo de disseminação que ocorre via elites, um pensa-
mento em acordo com Vestena (2008). A autora delimita que, nos dias 
de hoje, a mídia tradicional perdeu a centralidade da formação da opi-
nião pública, devido à ascensão de outros tipos de mídia, assim como 
a internet, por exemplo. Embora se atente a esse fato, a autora também 
demonstra que a TV ainda possui importância enquanto veículo regis-
trador da realidade.
Com relação ao assunto, Borba e Baldissera (2009) acrescentam 
que os meios de comunicação de massa contribuem, nas sociedades 
modernas, para debilitar a esfera pública, pois focam em demasia no 
entretenimento e na distração, algo que incentiva a passividade. Além 
de configurar fonte de lazer e não de reflexão, a mídia também pode se 
apropriar do consumo e mediar a esfera pública com conteúdos pobres.
Essa influência, no fluxo social acarreta efeitos diversos na socie-
dade, especialmente efeitos políticos, por exemplo pelo seu po-
der de agendamento da mídia, ou agenda-setting. Na sociedade 
midiatizada, a mídia é responsável por pautar os assuntos cole-
tivamente mais relevantes, indicando as preocupações sociais e a 
agenda política do dia (BORBA; BALDISSERA, 2009, s/p).
Ainda que o conceito de agendamento originalmente desenha-
do por McCombs tenha relação direta com a política, pode-se dizer 
que o efeito atribuído a essa disposição e incidências privilegiadas e 
intencionais circule por todas as esferas de relação social, e que de fato 
relacione-se com o entreter em lugar do informar, menos ainda do de-
bater. A ideia de relevância está conectada com audiência no sentido 
comercial-mercadológico, menos, seguramente, com a ideia de temas 
de transformação social.
Ainda em relação às reflexões de Borba e Baldissera, eles afir-
mam que a capilarização da internet e das novas ferramentas tecnoló-
gicas não apenas ampliam o espaço para a produção de sentido midia-
tizada como também aumentam a possibilidade de formação a partir 
de dadas reflexões. Fica visível a influência dos meios de comunicação 
49
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
na esfera pública como difusores de novas possibilidades de media-
ções midiatizadas pelas tecnologias da informação, que direcionam a 
construção coletiva da opinião pública.
Atualmente, os meios de comunicação de massa são centrais nes-
sas relações de identificação e constituição da esfera pública [...] 
por difundir códigos e valores e pelo retrato que fazem da pró-
pria sociedade (BORBA; BALDISSERA, 2009, s/p).
Borba e Baldissera também demonstram que, tanto quanto os 
meios de comunicação configuram um grande e vasto espelho da es-
fera pública, eles também procuram tratartemas de identificação co-
mum a indivíduos.
É preciso observar que os meios de comunicação, na medida 
em que cumprem um papel de extensão e representação 
dessa esfera pública, considerando-se que visam gerar 
identificação, tratam principalmente de temas interessantes a 
esta (identificação). As representações na mídia tendem a ser 
um reflexo das representações sociais dos indivíduos (BORBA; 
BALDISSERA, 2009, s/p).
A esse processo extensivo das capacidades de publicação dos as-
suntos comuns, atribui-se o nome de midiatização, um fenômeno que, 
nos últimos anos, com o advento das novas mídias e tecnologias tem 
ganhado força e corpo.
A midiatização diz respeito às transformações estruturais de lon-
ga duração na relação entre mídia e outras esferas sociais. Em 
contraste à mediação, que lida com o uso da mídia para práticas 
comunicativas específicas em interação situada, a midiatização 
preocupa-se com os padrões em transformação de interações so-
ciais e relações entre os vários atores sociais, incluindo os indiví-
duos e as organizações (HJARVARD, 2014, p. 24).
Essa capacidade extensora de publicação de pensamentos não 
apenas atinge tecnologias e novos meios, como também cidadãos que 
podem ser também agentes de divulgação e expansão de opiniões pró-
prias ou públicas.
Tendo como base uma perspectiva sociossemiótica, Verón nos 
apresenta o conceito de midiatização a partir do que se chama de 
mercado de discursos, incorporando o que é ou não considerado 
50
Luiz-ALberto de FAriAs
midiático. Em outras palavras, as mensagens em contextos midiá-
ticos circulam como produtos dentro de um contexto de oferta dis-
cursiva (PENAFIERI, 2015, p. 46).
Assim, nesse contexto de construção de sentidos, seja no indivi-
dual, seja no social, seja no privado, seja no público, seja no corporati-
vo, cabe às Relações Públicas a gestão dos “ritos para entendimento e 
aceitação naturalizados por práticas controladas por enunciações or-
ganizadas, em ambientes administrados, cuja mensagem tem o intuito 
de buscar persuasão – seja com participação ativa, seja passiva” (NAS-
SAR e FARIAS, 2016).
Enfim, os discursos influenciarão na capacidade de geração de 
sentido e, por conseguinte, de geração de opinião, formando a tríade 
informação-sentido-opinião. Ou ainda, pelo fato de nas redes sociais 
digitais as informações circularem tão rapidamente e sem haver neces-
sariamente a devida reflexão, que se pode ainda haver outras possibi-
lidades triádicas: informação-opinião-sentido, ou ainda opinião-(des)
informação-sentido.
Afinal “os acontecimentos têm uma hierarquia e podem ser dife-
renciados em função de seu poder de afetar os seres e de impregnar as 
situações de qualidades difusas que as individualizam” (SODRÉ, 2012, 
p. 34), pois, como ressalta Sodré “a ocorrência direta e inteiramente” 
(IDEM, p. 34) recebe tratamento personalizado e, por isso, interpreta-
ção/entendimento/sentido próprios.
Inevitavelmente nossas opiniões cobrem um largo espectro, um 
longo período de tempo, um número maior de coisas que pode-
mos diretamente observar. Elas têm, portanto, que ser formadas 
de pedaços juntados do que outros nos relataram e do que pode-
mos imaginar (LIPPMANN, 2008, p. 83).
No capítulo seguinte será discutida a ligação entre as relações 
públicas e a influência do campo sobre a formação das opiniões, resga-
tando-se história e personagens que consolidaram a profissão.
51
capítulo 2
Opinião e relações públicas: 
persuasão e engajamento
A área de relações públicas – muitas vezes chamada no Brasil como comunicação organizacional, comunicação corporati-va, comunicação institucional ou tantas outras nomenclaturas 
– surgiu a partir de demandas relacionadas a impactos oriundos da 
opinião pública. Os primeiros passos, no começo do século XX, nos 
Estados unidos, dão conta de uma atividade profissional que somente 
mais à frente teve sustentação conceitual-teórica (PERuZZO, 1986).
É de grande importância destacar o impacto de qualquer 
movimento de opinião pública sobre a atividade de relações públicas, 
e a intencionalidade a priori dessa área em buscar equilíbrio entre inte-
resses de pessoas e de empresas com os dos públicos.
2.1. Relações públicas: coNceitos e históRico
Os pontos-chave da História contam da criação do primeiro es-
critório, em Nova Iorque pelo chamado pai das Relações Públicas Ivy 
Ledbetter Lee, em 1906, e da publicação do primeiro livro que tratava 
diretamente do tema (e já ligava a área à opinião pública): “Cristalizan-
do a opinião pública”, de Edward Bernays, em 1923 (PERuZZO, 1986).
De acordo com os pesquisadores da área, relações públicas se 
notabilizou como área de atuação profissional quando Lee passou a 
atender ao milionário John D. Rockefeller em 1914, em meio a uma 
grande ebulição da opinião pública em relação a ele e a outros me-
gaempresários da época (FARIAS, 2009, p. 49). E, como destaca Nassar 
52
Luiz-ALberto de FAriAs
(2007, p. 31), “não é uma coincidência que, no ambiente da democracia 
norte-americana, as relações públicas nascentes foram instrumento de 
difusão em direção à sociedade, sob o patrocínio dos grandes capitalis-
tas daquele momento histórico”. Assim, pode-se conectar democracia 
e relações públicas, potencializando a profissão como importante hub 
entre informação e formação de opinião.
No Brasil, no mesmo ano de 1914, criou-se o primeiro departa-
mento de relações públicas na empresa canadense Light and Power Co. 
Todavia, ainda não possuía a amplitude de ação de relações públicas, 
limitando-se a uma parcela de instrumentos do que hoje podemos ver 
como componentes da atividade – assessoria de imprensa, por exemplo.
Diversos nomes poderiam ser listados aqui como precursores 
da atividade e de seu amadurecimento, mas optou-se por um número 
restrito, buscando localizar o desenvolvimento da profissão. Eduardo 
Pinheiro Lobo, responsável pela criação do departamento de relações 
públicas na Light, ainda é considerado o pai das relações públicas no 
país. Se de um lado historicamente se consolidou a figura de um cria-
dor das relações públicas em nível mundial – Lee – e de outro no âm-
bito brasileiro – Lobo –, pode-se entender que são aspectos simbólicos, 
pois certamente nenhuma área se constitui por somente uma perso-
nalidade, por uma ação iluminada, mas ao contrário, existe sempre a 
necessidade de um grupo de apoio, um corpo que possa dar força e 
materialidade às ideias. Por sua vez, destaque-se, essa nomeação de 
referências, de marcos, pode ser de ajuda no sentido de estimular a 
criação de identidade de área.
Um nome essencial é o de Candido Teobaldo de Souza Andra-
de, responsável por diversas iniciativas: primeira obra sobre relações 
públicas no Brasil (“Para entender relações públicas”, 1962), participa-
ção ativa na consolidação da Associação Brasileira de Relações Públi-
cas (fundada em 1954), criação do primeiro curso de relações públicas 
do Brasil (ECA-uSP, em 1966), entre outros pioneirismos. Deve-se a 
Teobaldo grande parte do que podemos encontrar na área hoje, tendo 
ele publicado inúmeros artigos e diversos livros sobre o campo. Dois 
profissionais também precisam ser destacados: Rolim Valença e Valen-
tim Lorenzetti, destacados mobilizadores e “profissionalizadores” da 
atividade, entre outros.
53
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Além desses nomes, vale destacar o trabalho de Roberto Porto 
Simões, cuja obra “Relações Públicas – função política” é referencial 
para o estudo do campo e de Margarida M. Krohling Kunsch, cuja pro-
dução tem sido base para estudo de diversos pesquisadores, além de 
seu trabalho como orientadora de pesquisas stricto sensu e agitadora 
do campo, tendo criado a Abrapcorp (entidade que congrega pesqui-
sadores, criada em 2006), a Organicom (revista especializada em rela-
ções públicas e em comunicação organizacional, criada em 2004) e o 
Prêmio ABRP (criado em 1982), destinado a estudantes de graduação, 
entre outras iniciativas. A relações-públicasMargarida Kunsch tem se 
destacado na construção do campo em nível nacional e internacional.
Também cabe destaque a Waldyr Gutierrez Fortes, impulsiona-
dor da área e criador da aproximação entre relações públicas e marke-
ting, gerando o conceito de transmarketing, importante ferramenta à 
época de sua proposição (1999).
Vale também a menção ao trabalho de Cicília Krohling Peruzzo, 
responsável por abrir espaço para a pesquisa relacionada à comunica-
ção com a comunidade, tendo produzido a obra intitulada “Relações 
públicas no modo de produção capitalista”, e que, de algum modo, 
abriu a estrada para o que hoje se conhece por teoria crítica de relações 
públicas, largamente pesquisada na Europa, especialmente na Ingla-
terra (e sobre o que há tese de doutorado recente desenvolvida no Bra-
sil por Else Lemos Inácio Pereira).
Diversos conceitos foram grafados ao longo da trajetória de rela-
ções públicas no Brasil. De acordo com Kunsch, relações públicas:
É administrar e gerenciar, nas organizações, a comunicação com 
os diversos públicos, com vistas à construção de uma identidade 
corporativa e de um conceito institucional positivo junto à 
opinião pública e à sociedade em geral (KuNSCH, 199, p. 140).
Segundo Farias, pode-se definir relações públicas conectando-a à 
área de comunicação organizacional:
Comunicação organizacional é a área do pensamento respon-
sável pela permanente busca de teorias e pela transformação 
destas em modos interpretáveis pelos agentes da comunicação, 
representados pela área de relações públicas, as quais, por sua 
54
Luiz-ALberto de FAriAs
vez, são as teorias, as estratégias e os conjuntos de técnicas e de 
instrumentos – estes utilizados de modo articulado entre si – que 
buscam a opinião pública favorável a um determinado objetivo 
(FARIAS, 2009, p. 57).
A imbricação das duas áreas no Brasil chega a ser quase uma 
superposição, de modo diferente de outros lugares, como nos Estados 
unidos, em que há uma fronteira bem delimitada entre os dois cam-
pos, havendo pesquisadores e pensamentos independentes, ou seja, 
efetivamente um dualismo, partindo-se do pressuposto que haja dois 
caminhos. No Brasil, grassa a ideia que as duas áreas sejam xifópagas, 
criando um espaço no qual pesquisadores dos dois campos caminham 
proximamente e, às vezes, dualmente. 
A atuação de relações públicas (e de comunicação organizacio-
nal) também influencia na geração de redes de valor, à medida que 
potencializam:
A necessidade de administrar um trabalhador que transforme as 
informações recebidas da administração em conhecimento, em 
valor para organização. E, em muitos desses modelos, existe a 
extensão dessa criação de valor também para a cadeia de públi-
cos estratégicos organizacionais, que se reúnem em redes atópi-
cas, tendo como principais suportes as tecnologias de comunica-
ção digital (NASSAR, 2007, p. 57).
Nesse sentido, o autor traz à cena o debate acerca da velocidade 
de disseminação da informação e, ao mesmo tempo, o potencial de 
contribuição e de atuação das relações públicas em suportes digitais, 
hoje largamente difundidos (e até mesmo mitificados) e de alcance nos 
mais diferentes segmentos.
Relações públicas, por ser uma área multi/interdisciplinar, dia-
loga com muitos esforços de pesquisa e de pensamento, o que a torna, 
de algum modo, híbrida. Nesse sentido, e lembrando da sua relação 
direta como a formação e com os impactos da opinião pública, não se 
pode esquecer que ela deve fazer parte de todos os esforços comuni-
cacionais, independentemente do suporte por onde trafegue a mensa-
gem e seus feed backs.
55
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Na pesquisa europeia relativa aos estudos críticos sobre rela-
ções públicas, pode-se destacar a definição da pesquisadora britânica 
Lee Edwards:
 (...) como o fluxo de comunicação intencional produzido em 
nome de indivíduos, formalmente constituídos e grupos cons-
tituídos informalmente, por meio de suas transações contínuas 
com outras entidades sociais. Tem efeitos sociais, culturais, po-
líticos e econômicos em nível local, nacional e mundial. Esta 
definição tem uma série de elementos-chave. Primeiro, defino 
RP como fluxo de comunicação. A noção de fluxo é extraída da 
conceituação de fluxos culturais de Appadurai (1996), que in-
clui o agregado de atos individuais de um tipo particular (...). 
Este agregado é inseparável dos próprios atos, que criam o fluxo 
conforme são promulgados e se mesclam com outros atos para 
se tornarem parte de um movimento maior. Assim, RP pode ser 
entendido como ambos e agregado, e também como uma prática 
particular. A noção de fluxo capta a natureza dinâmica da RP e 
reforça suas dimensões temporais e espaciais. Também captura a 
noção de que as pessoas que participam do fluxo estão implica-
das na direção que tomam. Essa direção não é necessariamente 
visível para aqueles cujos atos o criam, mas formato e modelo 
de sua prática, sim. É mais provável que sejam visíveis as várias 
maneiras pelas quais o(s) fluxo(s) de RP interagem com outros 
fluxos culturais globais para mudar o contexto social, cultural, 
político e econômico - incluindo o da organização (EDWARDS, 
2012, p. 21-22) [Tradução do autor].
A ideia de fluxo pode permitir a combinação de diversos olha-
res, pois oferece continuidade e movimento, além da interação conse-
quente. Edwards firma ainda o pacto necessário para que se entenda 
os diferentes níveis de interação e de impacto decorrentes das ações 
de relações públicas. E, por serem articuladas, também impactarão e 
reagirão frente a outros movimentos e fluxos das mais distintas ori-
gens e proporções.
2.2. pesquisa e pRodução, associações e meRcado No bRasil
A organização das relações públicas no mundo, e notadamente no 
Brasil, está associada à capacidade de grupos de profissionais/pesquisa-
dores se reunirem em torno de esforços coletivos de desenvolvimento 
56
Luiz-ALberto de FAriAs
da área. Nesse sentido, vale destacar que algumas associações precisam 
ser lembradas ao longo dessa trajetória: 1) Associação Brasileira de Rela-
ções Públicas (ABRP), criada em 1954; 2) Associação Brasileira de Comu-
nicação Empresarial (Aberje), criada em 1967; 3) Associação Brasileira 
das Agências de Comunicação (Abracom), criada em 2002; 4) Associação 
Brasileira de Pesquisadores em Comunicação Organizacional e Relações 
Públicas (Abrapcorp), criada em 2006.
A ABRP, criada por um grupo de profissionais há 64 anos, com o 
objetivo de estabelecer um novo paradigma para a área, hoje tem como 
sua principal vinculação a relação com estudantes, notadamente os de 
graduação. O Prêmio de Monografias e Projetos Experimentais, criado 
em 1982, é um marco de desenvolvimento para a área.
A Aberje, que recentemente comemorou meio século desde a sua 
fundação, evoluiu com as décadas de uma entidade que reunia edito-
res de jornais e revistas empresariais para um think tank da comunica-
ção no ambiente das organizações. Congrega as maiores empresas bra-
sileiras e estimula a evolução da produção de conceitos e de técnicas 
no setor. Oferece ainda uma importante publicação – a Revista Comu-
nicação Empresarial – que a partir de sua regularidade (está prestes a 
completar 30 anos de existência) pauta debates nos meios profissionais 
e acadêmicos. Destaca-se aqui o trabalho do Prof. Paulo Nassar, que 
fez da Aberje, em conjunto com seus conselhos, um espaço de refe-
rência na comunicação, inclusive ampliando de modo consolidado as 
ramificações internacionais.
A Abracom, por sua vez, reúne as maiores agências de relações 
públicas do país e trabalha no sentido de fortalecer o espaço de atuação 
para esse tipo de serviço, até pouco tempo dominado por empresas 
de outros segmentos da comunicação, especialmente em concorrências 
públicas. Já a Abrapcorp, tem como fundamento a consolidação do 
campo acadêmico e científico, realizando congressos temáticos cien-
tíficos e colocando à disposição da comunidade produções científicas 
sob a formade revista, anais e livros. Com a oferta de congressos inter-
nacionais, a Abrapcorp mantém a ponte entre a pesquisa no Brasil e no 
mundo. A interação ocorrida nesses espaços e a consequente informa-
ção levam a um processo de formação de opinião.
57
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Ainda cabe lembrar dos conselhos regionais que formam o sis-
tema Conferp (Conselho Federal de Relações Públicas). Com a fina-
lidade de regular e fiscalizar a área, esses conselhos são autarquias, 
portanto, com sistema de funcionamento absolutamente diferente das 
associações. Talvez possam ser destacados três momentos especiais: 
a regulamentação da profissão (Lei 5.377, de 11/12/1967), que deu ori-
gem posteriormente à criação dos conselhos; o trabalho desenvolvi-
do na gestão da Profa. Sidinéia Gomes Freitas, nos anos 1990, quando 
presidente do Conferp, que gerou a Carta de Atibaia (documento que 
se propugnava a rever a regulamentação da profissão, com a possibili-
dade de abertura a outro tipo de formação além do bacharelado, entre 
outras modificações) e o trabalho de revisão do debate em torno da 
regulamentação, na gestão do relações-públicas Flavio Schmidt, nos 
fim dos anos 2010.
Do ponto de vista da pesquisa e da produção científica, há di-
versos movimentos que podem ser percebidos ao longo do tempo 
e do espaço. Muitos dos inputs são originários dos Estados Unidos, 
mas no Brasil também já se pode entender a consolidação do campo. 
A existência de linhas de pesquisa em programas de stricto sensu que 
contemplam as relações públicas, o número de obras e os resultados de 
pesquisa em nível de mestrado e de doutorado ampliam o debate, os 
temas de aprofundamento e também criam um cenário de representa-
ção identitária.
Programas de pós-graduação, como os da Escola de Comunica-
ções e Artes da universidade de São Paulo, (criados em 1972), e o da 
universidade Metodista de São Paulo (criado em 1978), formaram boa 
parte dos pesquisadores atuantes no país. E permitiram que houvesse 
um significativo desenvolvimento de outras frentes de ensino, exten-
são e pesquisa. Atualmente, há algumas frentes de pesquisa distribuí-
das pelo Brasil, extrapolando a ideia de um centro em torno do qual 
devem orbitar todas as pesquisas.
Outro aspecto importante no desenvolvimento de pesquisas foi 
a criação, em 2007, do Congresso Brasileiro Científico de Comuni-
cação Organizacional e Relações Públicas (Abrapcorp), que oportu-
nizou o intercâmbio com diversos pesquisadores estrangeiros, colo-
cando o debate em nível internacional. Além disso, o programa fellow 
58
Luiz-ALberto de FAriAs
ship da Aberje também contribuiu nesse sentido, permitindo uma es-
tância no país de pesquisadores de alto nível, ampliando os debates 
e as interações.
Vale destacar também a aproximação – por meio de convênios, 
de parcerias, de interação em atividades profissionais e acadêmicas – 
e ocorrida entre agentes do mercado profissional e representantes da 
academia. Agências, empresas e universidades passaram, na última 
década, em especial, a desenvolver projetos comuns, melhorando o 
fluxo de informação e de evolução. Não há espaços estanques em um 
campo, pois:
De acordo com Gramsci (1995), as escolas contribuem para a 
sociedade e esta indica-lhes os caminhos para efetivarem essa 
contribuição. Tanto mercado quanto escola (universidades, fa-
culdades e todos os demais níveis) não são estanques, recebem 
da sociedade impulsos e retornam a esta com resultados – de re-
flexão teórica ou de caráter prático, permitindo a práxis da pro-
fissão (FARIAS, 2004, p. 35).
Na 59pode-se perceber que os principais acontecimentos se 
deram, praticamente, com uma década de intervalo, salvo algumas 
décadas que tiveram maior movimentação. Isso pode ser entendido 
pelo fato de não ser uma área “populosa” em termos de pesquisado-
res, ou mesmo pelo fato de haver a necessidade de maturação para 
que um processo de pesquisa científica possa ser dado como público 
e aceito.
Pode-se ver, do ponto de vista qualitativo, uma trajetória que 
procurou se consolidar, transitando por áreas próximas nas quais bus-
cava substância e suporte, outros momentos caminhando para a con-
solidação de um pensamento mais funcionalista, que até hoje pode ser 
visto como uma contribuição importante. Com a contemporaneidade, 
a trajetória pode estar direcionada para um olhar mais crítico, menos 
cartesiano, que possa dar à área mais solidez e capacidade de criar um 
pensamento independente.
59
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Tabela 1 – Histórico das linhas de investigação em Relações Públicas
Período acontecimento
1923 Criação das bases para um enfoque sistemático de Relações Pú-
blicas pela publicação do livro Crystalling public opinion, de Ed-
ward L. Bernays, criando bases para a área.
1937 Publicação do periódico Public Opinion Quarterly, com artigo de 
Bernays – “Recent Trends in Public Relations activities”.
1947 Os autores Hyman e Sheatsley esboçam as barreiras psicológicas da 
comunicação em “Some reasons why informations campaigns fail”.
1955 Bernays publica Engineering of consent, que estabelece um enfoque 
sistemático das Relações Públicas e do papel da pesquisa.
1965 Lucien Matrat cria a Escola de Paris, grupo sediado na Europa, e 
começa a estabelecer um novo polo para as pesquisas em Rela-
ções Públicas.
1972 Pesquisa sobre o processo clássico de persuasão (“Attitude change: 
the information-processing paradigm”) é publicada por McGuire.
1976 Grunig publica “Communication behaviors ocurring in decision 
and non-decision situations”, trabalho que introduz os princípios 
de uma visão situacional da persuasão em Relações Públicas.
1977 Lerbinger publica “Corporate uses of research in PR”, marco me-
todológico para compreender a pesquisa de Relações Públicas.
1979 Broom e Smith exploram as regras e as metodologias dos profissio-
nais de relações públicas, em “Testing practitioner’s impact on client”.
1984 Grunig identifica quatro modelos para a ação de Relações Públi-
cas, em “Organizations environments and models of PR”.
1991 Murphy publica “The limits of symmetry: a game theory approa-
ch to symmetric and assymetric public relations”, que cria polê-
mica sobre a teoria de Grunig (simétrica de duas vias). 
1992 Grunig organiza a publicação de Excellence in public relations and 
communicational management, trabalho de pesquisa mais impor-
tante já publicado, em cuja elaboração se investiram cinco anos 
de pesquisa. 
1999 Publica-se o primeiro livro exclusivo sobre o tema Relações Pú-
blicas na internet – Public relations on the net –, escrito por Holtz.
2000 Ledingham e Bruning publicam a obra Public relations as rela-
tionship management, focada nas Relações Públicas como agentes 
de gestão de relacionamentos.
2012 A revista PR Inquiry publica o artigo da professora Lee Edwards “De-
fining the ‘object’ of public relations research: a new starting point”.
Fonte: FARIAS (2006, p. 79-80), adaptado de Xifra (2003, p. 11).
60
Luiz-ALberto de FAriAs
2.3. ageNtes de iNfluêNcia: peRsuasão e gestão de comuNicação
As Relações Públicas sempre estiveram associadas a processos de 
busca de persuasão – em si uma palavra polêmica – e, por conseguin-
te, aos processos de formação de opinião – individuais e coletivas. Esse 
trabalho sempre foi feito pela busca de criação de prestígio: geração de 
diferenciação, de atratividade, de sedução, por meio de informação des-
tinada a esclarecer sobre pessoas, organizações, marcas, projetos etc.
A referida persuasão está vinculada a processos informacionais 
intencionais, deliberadamente preparados para que as interlocu-
ções alcancem resultados programados. É claro que a intenciona-
lidade está em todos os discursos, impregnados de dialogismo, 
pois trazem informações de discursos anteriores e influenciam 
discursos posteriores “no encontro dialógico as duas culturas 
não se fundem nem se mesclam, cada uma conserva sua unida-
de, sua totalidade aberta,porém ambas se enriquecem mutua-
mente” (BAKHTIN, 2003, p. 352).
Nesse sentido, ocorre o mesmo quando uma mensagem é rece-
bida, passando pelo filtro. Por isso, e exatamente por isso, as Relações 
Públicas servem-se de estratégias de ação ancoradas em ritos para 
entendimento e aceitação, naturalizados por práticas controladas por 
enunciações organizadas, em ambientes administrados, cuja mensa-
gem tem o intuito de buscar persuasão – seja com participação ativa, 
seja passiva (NASSAR e FARIAS, 2016).
Em contraposição a esse olhar Else L. I. Pereira, baseando-se em 
Collister (apud PEREIRA, 2016), destaca que:
Com as transformações tecnológicas dos últimos anos, o ambiente 
narrativo-discursivo experimenta, portanto, uma situação singu-
lar, em que as organizações perdem a centralidade e a produção 
de sentidos é compartilhada por diferentes atores, configurando-
-se um ambiente narrativo-discursivo que não pode mais ser vis-
to como passível de controle, por mais que se busque reforçar as 
narrativas favoráveis. Essa nova realidade interferiu de forma 
profunda nos modos de pensar e fazer relações públicas, e o que 
antes se resolvia por meio de relacionamento com a imprensa, por 
exemplo, já é insuficiente e até irrelevante em situações de imi-
nente crise ou urgência comunicativa. Nesse sentido, indivíduos, 
grupos, organizações, todos são produtores de conteúdo e, mais, 
61
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
de sentido. Até mesmo a agência não humana representada pelos 
algoritmos interfere aqui (PEREIRA, 2016, p. 58).
Se aparentemente as duas últimas citações oferecem contrarie-
dade entre si, por sua vez ambas podem estar no contexto da comple-
mentariedade. Isso porque, de fato há incrível produção de narrativas 
por diversos atores, como destacado por Pereira, mas não obstante 
deve-se considerar:
1. essas narrativas e discursos estão fadados a transitarem por 
espaços restritos, uma vez que são dirigidas por algoritmos;
2. as lideranças opinativas (chamadas de influencers nas re-
des sociais digitais) continuam a existir – independente do 
suporte utilizado – e podem também levar a determinadas 
compreensões e, em certos casos, forças opinativas, forças 
influenciadoras, podem ser capitaneadas em prol de dado 
objetivo, seja por questões ideológicas, seja por aspectos co-
merciais; destaque-se que os influencers não são agentes de 
relações públicas, pois suas ações são motivadas por estímu-
los econômicos em prol do discurso das instituições, pelas 
quais podem ser contratados;
3. diversas organizações (de forma direta ou por intermédio de 
suas assessorias) também atuam de forma massiva nos am-
bientes fora da imprensa tradicional (e esta também está em 
outros ambientes além dos analógicos, concorrendo com to-
dos os demais atores);
4. há forte concorrência de fake news, notícias-espetáculo, ações 
de astroturfing etc., além de ações de impulsionamento de 
mensagens (posts) formais e informais.
As duas colocações dialogariam no sentido de que há forte im-
pacto narrativo-discursivo e há volume e presença de novos atores na 
construção da narrativa prevalente, em oposição à ação orquestrada 
por organizações com fins de criarem clima positivo para a recepção 
de suas mensagens, seja por intermédio de ações de relações públicas 
junto à da imprensa, seja pela veiculação de publicidade, por ações de 
propaganda etc.
Isso faz que a ação de relações públicas, de algum modo, se rede-
senhe e se reconstrua, mas continue a atuar como ação voltada para o 
62
Luiz-ALberto de FAriAs
consenso a partir da persuasão. Se autores falam em bem comum como 
justificativa, isso se estilhaçaria pela simples razão de haver intencio-
nalidade precípua em toda ação de relações públicas quando voltada 
para a construção de reputações organizacionais.
Em meio a isso, o cenário da atuação de relações públicas se torna 
complexo diante do universo presente nas organizações. São inúmeros 
os desafios profissionais e acadêmicos. A comunicação organizacional 
é responsável pela tecitura dos públicos, dos ambientes, do clima e, 
por conseguinte, dos resultados organizacionais. É uma verdadeira 
trama que se ressignifica a todo o momento, seja pelas transformações 
decorrentes do que se chama popularmente de gerações, seja pelos im-
pactos sócio-político-econômicos, seja pelas alterações decorrentes de 
fusões e hibridizações de culturas das organizações.
No capítulo seguinte será trabalhada pesquisa relativa ao levan-
tamento realizado em um período de uma década referente a pesqui-
sas no campo da opinião pública. Foram feitos levantamentos relativos 
a livros, artigos, teses e dissertações desenvolvidos em 1,5 década em 
nosso país. A partir do trabalho serão articuladas as principais tendên-
cias de estudo relativas a esse tema.
63
capítulo 3
Pesquisa e produção 
sobre opinião pública
A pesquisa sobre opinião pública pode ter várias origens, diver-
sos interesses e gerar diferentes produtos. Mas é a partir da construção 
de sentidos, no dia a dia, e de sua reconstrução contínua – de modo 
automático, espontâneo, natural ou planejado, preparado, persuasivo, 
intencional – que ela realmente impacta a vida das pessoas, das orga-
nizações, dos diversos setores que compõem a sociedade. Por conta 
disso, buscamos tratar neste capítulo das pesquisas desenvolvidas ao 
longo de um período de uma década e meia para buscar os pontos-cha-
ve que possam levar à compreensão desse tema tão volátil e relevante.
Além de bibliotecas da Universidade de São Paulo, recorreu-se 
à consulta em repositórios e fontes de referência (ver Quadro 2) que 
pudessem dar a base de informação necessária para que se listasse e 
compilasse, em um primeiro momento, e analisasse, em um segundo.
Figura 1 – Fontes de busca das pesquisas sobre Opinião Pública
64
Luiz-ALberto de FAriAs
3.1. aRtigos sobRe opiNião pública
Para este estudo, foi realizado levantamento de artigos publica-
dos no Brasil entre os anos 2000 e 2015, ano em que esta pesquisa foi 
iniciada, redundando no trabalho ora apresentado. Com isso, chegou-
-se ao número de 160 artigos publicados no âmbito nacional e, com a 
finalidade de se garantir rigor científico a esta pesquisa, aqueles que 
não continham datas foram excluídos da base de dados. Entre esses 
artigos, buscou-se diálogo entre eles e alguns receberão destaque pelo 
impacto que parecem propor ao estudo do tema.
Tabela 2 – Artigos que possuem como tema central a opinião pública (publicados entre 
2000 e 2015)
título do artigo autor ano de 
publicação
Periódico / anais
A DIALÉTICA DA OPINIÃO 
PÚBLICA: EFEITOS RECíPRO-
COS DA POLíTICA PÚBLICA 
E DA OPINIÃO PÚBLICA EM 
SOCIEDADES DEMOCRÁTICAS 
CONTEMPORÂNEAS
MICHAEL HOWLETT 2000 OPINIÃO 
PÚBLICA
A OPINIÃO PÚBLICA BRASI-
LEIRA E A QuESTÃO DA POS-
SE DA ILHA DA TRINDADE
VIRGíLIO C. ARRAES 2000 MÚLTIPLA
A OPINIÃO PÚBLICA SOBRE 
OS TRANSGÊNICOS
LUISA MASSARANI 2000 HISTÓRIA, 
CIÊNCIAS, 
SAÚDE-MAN-
GUINHOS
IMPRENSA E CONTROLE DA 
OPINIÃO PÚBLICA
ROBERTO AMARAL 2000 REVISTA DE 
INFORMAÇÃO 
LEGISLATIVA
APOIO POPULAR ÀINTEGRA-
ÇÃO ECONÔMICA REGIONAL 
NA AMÉRICA LATINA
MITCHELL A. 
SELIGSON
2000 OPINIÃO 
PÚBLICA
PARA UMA CONCEITUALIZA-
ÇÃO DE OPINIÃO PÚBLICA 
A PARTIR DAS CATEGORIAS 
GRAMSCIANAS DE HEGEMO-
NIA E BLOCO HISTÓRICO 
LUIZ MAGNO PINTO 
BASTOS JÚNIOR
2000 SEQuÊNCIA: 
ESTUDOS PO-
LíTICOS E JURí-
DICOS
65
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
PARTIDOS POLíTICOS, OPI-
NIÃO PÚBLICA E O FuTuRO 
DA DEMOCRACIA NA VENE-
ZUELA
RICHARD S. HILL-
MAN / THOMAS J. 
D’AGOSTINO
2000 OPINIÃO 
PÚBLICA
O PAPEL DAS PESQuISAS DE 
OPINIÃO PÚBLICA NA CON-
SOLIDAÇÃO DA DEMOCRA-
CIA
FABIÁN ECHEGA-
RAY
2001 OPINIÃO 
PÚBLICA
O PROBLEMA DAS “SEITAS” – 
OPINIÃO PÚBLICA, O CIENTIS-
TA E O ESTADO
HUBERT SEIWERT 2001 REVISTA DE 
ESTUDOS DA 
RELIGIÃO
ÁTICOS E BEÓCIOS NA 
REPÚBLICA DAS LETRAS: 
ASPECTOS DA OPINIÃO 
PÚBLICA NO RIO DE JANEIRO 
(1836-1837)
JEFFERSON CANO 2002 CAD. AEL
DIVERSIDADE ESOLIDARIE-
DADE
DIANNE M. PIN-
DERHUGHES
2002 CADERNO CRH
NEUTRALIDADE, MíDIA E 
OPINIÃO PÚBLICA1
REGINA GLÓRIA 
NUNES ANDRADE
2002 INTERCOM
O FAZER LABORATORIAL DA 
OPINIÃO PÚBLICA
WALDENEY ALCI-
DES DA SILVA
2002 INTERCOM
POLíTICAS CONTRA O RACIS-
MO E OPINIÃO PÚBLICA
STAN BAILEY / ED-
WARD TELLES
2002 OPINIÃO PÚ-
BLICA
CAMPO MIDIÁTICO, OPINIÃO 
PÚBLICA E LEGITIMAÇÃO
EUGENIA MARIANO 
DA ROCHA BARI-
CHELLO
2003 INTERCOM
ELEIÇÕES, OPINIÃO PÚBLICA 
E MíDIA
LUIS FELIPE MIGUEL 2003 POLíTICA & 
SOCIEDADE
MíDIA, “OPINIÃO PÚBLICA” 
E AS POSSIBILIDADES DE UM 
NOVO SENSO COMUM
SYLVIA MORETZ-
SOHN
2003 ANPUH
O PARLAMENTO E A OPINIÃO 
PÚBLICA EM PORTUGAL
CRISTINA LESTON-
-BANDEIRA
2003 ANÁLISE 
SOCIAL
SONDAGENS DE OPINIÃO 
PÚBLICA EM ESPANHA E EM 
PORTUGAL
JOSÉ IGNACIO WERT 2003 ANÁLISE 
SOCIAL
título do artigo autor ano de 
publicação
Periódico / anais
66
Luiz-ALberto de FAriAs
PESQuISAS DE OPINIÃO: A 
OPINIÃO PÚBLICA NA CONS-
TRuÇÃO DE uMA IMAGEM 
PÚBLICA FAVORÁVEL
MARCELLO CHA-
MuSCA / MÁRCIA 
CARVALHAL
2004 PORTAL 
RP- BAHIA
OPINIÃO PÚBLICA, ESTRATÉ-
GIA PRESIDENCIAL E AÇÃO 
DO CONGRESSO NO BRASIL:
CARLOS PEREIRA / 
TIMOTHY POWER/ 
LÚCIO RENNÓ
2005 OPINIÃO 
PÚBLICA
PODER DIRECIONADOR? DAVID WEAKLIEM / 
ROBERT ANDERSEN
2005 OPINIÃO 
PÚBLICA
DEBATES POLíTICOS NA IN-
TERNET: A PERSPECTIVA DA 
CONVERSAÇÃO CIVIL
FRANCISCO PAULO 
JAMIL ALMEIDA 
MARQuES
2006 OPINIÃO 
PÚBLICA
DETERMINANTES DAS ATITU-
DES DO ELEITORADO BRASI-
LEIRO COM RELAÇÃO À PRI-
VATIZAÇÃO E AOS SERVIÇOS 
PÚBLICOS
ELIZABETH BALBA-
CHEVSKY/DENILDE 
OLIVEIRA HOLZHA-
CKER
2006 OPINIÃO 
PÚBLICA
INVESTIGANDO A LEGITIMI-
DADE
CHRISTINA W. AN-
DREWS
2006 OPINIÃO 
PÚBLICA
O POLIMENTO DA IMAGEM 
PÚBLICA DE LUIZ INÁCIO
ÁLVARO NUNES 
LARANGEIRA
2006 COMPÓS
ORIGENS DO CONCEITO DE 
OPINIÃO PÚBLICA
CARLA REIS LON-
GHI
2006 COMUNICA-
ÇÃO E SOCIE-
DADE
OS MILITANTES SÃO MAIS 
INFORMADOS? DESIGuALDA-
DE E INFORMAÇÃO POLíTICA 
NAS ELEIÇÕES DE 2002
LUCIO RENNÓ 2006 OPINIÃO 
PÚBLICA
SOCIEDADE BRASILEIRA, OPI-
NIÃO PÚBLICA E OPERAÇÕES 
MULTINACIONAIS
MAURíCIO SANTO-
RO
2006 VI CICLO DE 
ESTUDOS ES-
TRATÉGICOS, 
ORGANIZADO 
PELO CENTRO 
DE ESTUDOS 
ESTRATÉGICOS
A INCERTEZA CIENTíFICA E 
A OPINIÃO PÚBLICA NA BA-
LANÇA DAS NEGOCIAÇÕES 
SOBRE MUDANÇA DE CLIMA
AíMOLA, L. A. L/SIL-
VA DIAS, P. L.
2007 INTERFACEHS
título do artigo autor ano de 
publicação
Periódico / anais
67
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
A FORMAÇÃO DA OPINIÃO 
PÚBLICA E AS INTER-RELA-
ÇÕES COM A MíDIA E O SISTE-
MA POLíTICO
LIDIANE MALAGO-
NE PIMENTA
2007 CONGRESSOS 
DA ASSOCIA-
ÇÃO BRASILEI-
RA DE PESQuI-
SADORES EM 
COMUNICA-
ÇÃO E POLí-
TICA 
A OPINIÃO PÚBLICA E 
O ESTATUTO DA CIDADE
JANAíNA RIGO SAN-
TIN*/DIEGO MAFFA-
ZZIOLI SANTOS
2007 JUSTIÇA DO 
DIREITO
AS CONFERÊNCIAS POPU-
LARES DA GLÓRIA COMO 
ESPAÇO DE SOCIABILIDADE E 
FORMAÇÃO DE OPINIÃO 
PÚBLICA, 1873/1880
KAROLINE CARULA 2007 ASSOCIAÇÃO 
NACIONAL DE 
HISTÓRIA
COMO OS PARLAMENTARES 
DO MERCOSuL ESTÃO uSAN-
DO A INTERNET PARA SE 
COMUNICAR E INTERAGIR 
COM A OPINIÃO PÚBLICA?
SÉRGIO BRAGA/
MARIA ALEJANDRA 
NICOLAS
2007 COMPOLíTICA
A COMuNICAÇÃO ORGANI-
ZACIONAL E A FORMAÇÃO 
DA OPINIÃO PÚBLICA1
CASSIANA MARIS 
LIMA CRUZ
2007 INTERCOM
ESTETIZAÇÃO DA POLíTICA 
VS. FORMAÇÃO DA OPINIÃO 
PÚBLICA: uMA APORIA DA 
RAZÃO COMuNICACIONAL?
AMARILDO LUIZ 
TREVISAN
2007 EDuCAÇÃO
MEDO E OPINIÃO PÚBLICA 
NO BRASIL CONTEMPORÂ-
NEO
DÉBORA REGINA 
PASTANA
2007 ESTUDOS DE 
SOCIOLOGIA
MíDIA, FORMAÇÃO DA OPI-
NIÃO PÚBLICA E VOTO PO-
PULAR
PAuLO VAZ /MAuRI-
CIO LISSOVSKY
2007 COMPÓS
MíDIA, POLíTICA E PESQuI-
SAS DE OPINIÃO PÚBLICA
FERNANDA BARTH 2007 REVISTA DEBA-
TES
NOTíCIAS DE CRIME E FOR-
MAÇÃO DA OPINIÃO 
PÚBLICA
MAURICIO LISSO-
VSKY/PAuLO VAZ
2007 LOGOS
título do artigo autor ano de 
publicação
Periódico / anais
68
Luiz-ALberto de FAriAs
A CONTRIBuIÇÃO DA FILO-
SOFIA NA PRÁTICA PEDAGÓ-
GICA E NA FORMAÇÃO DA 
OPINIÃO PÚBLICA CRíTICA 
NO CONTEXTO ESCOLAR
ELVIO DE 
CARVALHO
2008 SIMPÓSIO 
NACIONAL DE 
EDuCAÇÃO
A FORMAÇÃO E EVOLuÇÃO 
DA OPINIÃO PÚBLICA NAS 
ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 
PELOTAS-RS-BRASIL EM 2008
FÁBIO SOUZA DA 
CRUZ, JENNIFER 
AZAMBUJA DE 
MORAIS
2008 BOCC.UBI.PT
CRISE NO ESPAÇO PÚBLICO, 
AGENDA-SETTING E FORMA-
ÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA 
MIGUEL MIDÕES 2008 WWW.BOCC.
UBI.PT
“O CRIME QuE CHOCOu O 
BRASIL”: MíDIA, JuSTIÇA E 
OPINIÃO PÚBLICA NA PRI-
MEIRA FASE DO CASO ISABE-
LLA NARDONI
SYLVIA 
MORETZSOHN
2008 ENCONTRO 
NACIONAL DE 
PESQuISADO-
RES EM JORNA-
LISMO - UMESP
O PAPEL DA MíDIA NA FOR-
MAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLI-
CA: A CONTRIBuIÇÃO DE 
BOURDIEU
CARLA LUCIANE 
BLUM VESTENA
2008 GUAIRACÁ
OPINIÃO PÚBLICA E EDuCA-
ÇÃO SOBRE ABATE HuMANI-
TÁRIO
ANA SILVIA PEDRA-
ZZANI, ANTÔNIO 
OSTRENSKY NETO
2008 CIÊNCIA 
ANIMAL 
BRASILEIRA
OPINIÃO PÚBLICA, MEDIA E 
CIDADANIA: AS MANIFESTA-
ÇÕES PELA PAZ NAS VÉSPE-
RAS
SUSANA BORGES 2008 RESEARCHGATE
A OPINIÃO PÚBLICA NA CLP TENAFLAE 
LORDÊLO
2008 REVISTAS.UNI-
VERCIENCIA.
ORG
OPINIÃO PÚBLICA E POLíTI-
CA EXTERNA
CARLOS AuRÉLIO 2008 REV. BRAS. 
POLíT.
PERSuASÃO, MANIPuLAÇÃO 
E OPINIÃO PÚBLICA
CAMILO CATTO 2008 CADERNOS DE 
ESCOLA DE CO-
MuNICAÇÃO
A TEORIA DA DINÂMICA DA 
OPINIÃO PÚBLICA
PEDRO SANTOS 
MUNDIM
2009 CONTEMPORÂ-
NEA
CENÁRIOS DA LIBERDADE DE 
IMPRENSA E OPINIÃO PÚBLI-
CA EM HEGEL
AGEMIR BAVARES-
CO / PAuLO 
ROBERTO KONZEN
2009 KRITERION
título do artigo autor ano de 
publicação
Periódico / anais
69
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
DAS MíDIAS À MIDIATIZA-
ÇÃO: REFLEXÕES SOBRE OPI-
NIÃO PÚBLICA12
MÁRIO PEREIRA 
BORBA/RuDIMAR 
BALDISSERA
2009 ABRAPCORP
IDENTIDADE COLETIVA NE-
GRA E ESCOLHA ELEITORAL 
NO BRASIL
GLADYS MITCHELL 2009 OPINIÃO 
PÚBLICA
MíDIA E OPINIÃO PÚBLICA: 
PONDERAÇÕES SOBRE CIDA-
DANIA E DEMOCRACIA PE-
LAS TIRAS DA MAFALDA
MARTA MORAES 
BITENCOURT
2009 COMPOLíTICA
MUDANÇA INSTITUCIONAL E 
ATITUDES POLíTICAS
MARIO FuKS / FA-
BRíCIO MENDES 
FIALHO
2009 OPINIÃO 
PÚBLICA
O PAPEL DA OPINIÃO PÚBLI-
CA NA VIOLÊNCIA INSTITU-
CIONAL
ANGELA MENDES 
DE ALMEIDA
2009 LATIN AMERI-
CAN STUDIES 
ASSOCIATION
OPINIÃO PÚBLICA E ESCRA-
VIDÃO
ALAIN EL YOUSSEF 2009 ALMANACK 
BRAZILIENSE
OPINIÃO PÚBLICA, IMPRENSA 
E PARLAMENTO
FERNANDA SÁ 2009 PLATAFORMA-
DEMOCRATI-
CA.ORG
OPINIÃO PÚBLICA E ESCRA-
VIDÃO
ALAIN EL YOUSSEF 2009 ALMANACK 
BRAZILIENSE
PARTIDOS, OPINIÃO PÚBLICA 
E A COMPETIÇÃO ELEITORAL 
NO BRASIL
EMERSON URIZZI 
CERVI
2009 EM DEBATE
PERCEPÇÕES SOBRE O PRO-
GRAMA BOLSA FAMíLIA NA 
SOCIEDADE BRASILEIRA
HENRIQuE CARLOS 
DE OLIVEIRA DE 
CASTRO / MARIA 
INEZ MACHADO 
TELLES WALTER
2009 OPINIÃO 
PÚBLICA
TEMPO, CIÊNCIA 
E CONSENSO
ISAAC EPSTEIN / 
JOSÉ APARECIDO DE 
OLIVEIRA
2009 INTERFACE
A CONSTRuÇÃO DO ETHOS A 
SERVIÇO DA SENSIBILIZAÇÃO 
DA OPINIÃO PÚBLICA EM O 
QuARTO PODER
KARIN CRISTINA 
BETIATI/ IVO JOSÉ 
DITTRICH2
2010 TRAVESSIAS
A AMAZÔNIA ATRAVÉS DA 
MíDIA: A FORMAÇÃO DA OPI-
NIÃO PÚBLICA NACIONAL 
EM LONGO PRAZO
PIRAJU BOROWSKI 
MENDES / SÉRGIO 
LUIZ GOMES DE 
MELO
2010 REVISTA DAS 
CIÊNCIAS 
MILITARES
título do artigo autor ano de 
publicação
Periódico / anais
70
Luiz-ALberto de FAriAs
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 
SOBRE AS POSSIBILIDADES 
QuE AS ELEIÇÕES OFERECEM 
PARA SE CONHECER O COM-
PORTAMENTO ELEITORAL 
DOS CIDADÃOS E A OPINIÃO 
PÚBLICA
LUIZ MIGUEL DO 
NASCIMENTO2
2010 TEMPOS 
HISTÓRICOS
FARRA DAS PASSAGENS: CRí-
TICA AO PATRIMONIALISMO 
E ESTRATÉGIAS DE AGENDA-
MENTO E MOBILIZAÇÃO DA 
OPINIÃO PÚBLICA NO JOR-
NAL O POVO
ADILSON RODRI-
GuES DA NÓBREGA/
LUíS CELESTINO DE 
FRANÇA JÚNIOR3
2010 INTERCOM
INFORMAÇÃO POLíTICA E 
ATITUDES SOBRE GASTOS GO-
VERNAMENTAIS E IMPOSTOS 
NO BRASIL
LuCIO RENNÓ / MA-
THIEU TURGEON
2010 OPINIÃO 
PÚBLICA
OLHANDO PARA A ÁGuIA: 
VISÕES DA OPINIÃO PÚBLICA 
NO BRASIL E NO MUNDO SO-
BRE OS ESTADOS UNIDOS
EDISON BENEDITO 
DA SILVA FILHO / 
RODRIGO FRACA-
LOSSI DE MORAES
2010 BOLETIM DE 
ECONOMIA E 
POLíTICA IN-
TERNACIONAL
OPINIÃO PÚBLICA E FuTE-
BOL: QuANDO A TRADIÇÃO E 
O PRESENTE INTERAGEM
WALTER JOSÉ 
MOREIRA DIAS 
JUNIOR
2010ENCONTRO 
REGIONAL DA 
ANPUH
OPINIÃO PÚBLICA E REPRE-
SENTAÇÃO POLíTICA DAS 
MuLHERES: NOVOS HORI-
ZONTES PARA 2010?
MARLISE MATOS 2010 EM DEBATE
OPINIÃO PÚBLICA NA CuL-
TURA DA CONVERGÊNCIA
REJANE DE 
OLIVEIRA POZOBON
2010 CULTURA 
MIDIÁTICA
OPINIÃO PÚBLICA, PESQuI-
SAS ELEITORAIS E A INTER-
NET EM 2010: POSSíVEIS CE-
NÁRIOS
MARCELO 
COUTINHO
2010 EM DEBATE
OPINIÃO PÚBLICA, uMA RE-
VISÃO DE CONCEITOS
KAMILLA DOS 
SANTOS
2010 INTERCOM
PERIODISMO MAÇÔNICO, PO-
LíTICA E OPINIÃO PÚBLICA 
NA CORTE IMPERIAL
THIAGO WERNECK 
GONÇALVES
2010 ANPUH
PESQuISA DE OPINIÃO PÚBLI-
CA: MAPEAMENTO ESTRATÉ-
GICO DE QuESTÕES SOCIAIS
FLÁVIA, OBARA KAI 
/ LuCAS CRIVELARI 
FORTES
2010 INTERCOM
título do artigo autor ano de 
publicação
Periódico / anais
71
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
TEORIA DA OPINIÃO PÚBLICA 
EM JOHN STUART MILL
ROUGER DOS SAN-
TOS / AGEMIR BAVA-
RESCO
2010 XI SALÃO DE 
INICIAÇÃO 
CIENTíFICA 
PUCRS
TRIBUNAS DE HONRA, TRIBU-
NAIS DE JuSTIÇA: OPINIÃO 
PÚBLICA E A MORALIDADE 
OITOCENTISTA
NANCY RITA SENTO 
SÉ DE ASSIS
2010 REVISTA INTER-
NACIONAL DE 
HISTÓRIA POLí-
TICA E CULTU-
RA JURíDICA
A CONCEPÇÃO KANTIANA 
DE OPINIÃO PÚBLICA: SuA 
RELAÇÃO COM A GuERRA 
E A CORRuPÇÃO DO PODER 
PÚBLICO
FRANCISCO JOZI-
VAN GUEDES DE 
LIMA1
2011 SEMANA 
ACADÊMICA 
DO PPG EM 
FILOSOFIA DA 
PUCRS
A REPÚBLICA DE MR. SLANG DANYLLO DI GIOR-
GIO M. DA MOTA
2011 SIMPÓSIO 
NACIONAL DE 
HISTÓRIA
CIBERESPAÇO, OPINIÃO 
PÚBLICA E SOBERANIA 
POPuLAR:
JOSÉ AFONSO SILVA 
JuNIOR/PRISCILA 
MUNIZ DE MEDEI-
ROS
2011 CONTEMPORÂ-
NEA
DIREITO, OPINIÃO PÚBLICA 
E RACISMO NOS ESTADOS 
UNIDOS E NO BRASIL
MONICA GRIN 2011 REVISTA 
ESPAÇO 
ACADÊMICO
ESTADO E LEGITIMIDADE: 
O ESTADO DE EXCEÇÃO, A 
LEGALIDADE E A LEGITIMI-
DADE PRESSIONADOS PELA 
OPINIÃO PÚBLICA ESTARÃO 
VIVOS EM 4.300 A/C ?
EMERSON DE LIMA 
PINTO2
2011 FACULDADE 
DE DIREITO 
CESUCA
HGPE E FORMAÇÃO DA 
OPINIÃO PÚBLICA NO BRASIL
EMERSON URIZZI 
CERVI / MICHELE 
GOULART MAS-
SUCHIN
2011 IV CONGRES-
SO LATINO-
-AMERICANO 
DE OPINIÃO 
PÚBLICA DA 
WAPOR
JORNALISMO: uMA RELAÇÃO 
COM OPINIÃO PÚBLICA
NARA LYA SIMÕES 
CAETANO CABRAL / 
MAYRA RODRIGUES 
GOMES2 
2011 RUMORES
A OPINIÃO PÚBLICA E POLí-
TICAS PÚBLICAS DE EDUCA-
ÇÃO PARA O CONSuMO:
LITON LANES PILAU 
SOBRINHO1
2011 REVISTA DO 
DIREITO UNISC
OPINIÃO PÚBLICA, ENXAMES 
E CONTORNOS VISíVEIS DA 
ESFERA PÚBLICA NA WEB
ANDERSON DE AL-
MEIDA CANO ORTIZ
2011 COMPOLíTICA
título do artigo autor ano de 
publicação
Periódico / anais
72
Luiz-ALberto de FAriAs
OPINIÃO PÚBLICA, GuERRA E 
CORRuPÇÃO DO PODER PÚ-
BLICO NA FILOSOFIA 
POLíTICA DE KANT
FRANCISCO JOZI-
VAN GUEDES DE 
LIMA
2011 REVISTA 
OPINIÃO 
FILOSÓFICA
OPINIÃO PÚBLICA, MÉDIA E 
LíDERES DE OPINIÃO: uM ES-
TUDO EXPLORATÓRIO SOBRE 
A INFLuÊNCIA DOS MÉDIA 
E DOS LíDERES DE OPINIÃO 
NA FORMAÇÃO DA OPINIÃO 
PÚBLICA.
MIGUEL MIDÕES 2011 RESEARCHGATE
BRASIL, AS AMÉRICAS E O 
MuNDO: OPINIÃO PÚBLICA E 
POLíTICA EXTERNA
LEANDRO PIQuET 
CARNEIRO / JANINA 
ONuKI/ MARIA HER-
MíNIA TAVARES DE 
ALMEIDA
2011 IV CONGRES-
SO LATINO-
-AMERICANO 
DE OPINIÃO 
PÚBLICA DA 
WAPOR
POLíTICA EXTERNA E INSTI-
TUIÇÕES DEMOCRÁTICAS NO 
GOVERNO LULA
DHIEGO DE MOURA 
MAPA
2011 ANAIS DO 
SEMINÁRIO 
NACIONAL DA 
PÓS-GRADUA-
ÇÃO EM CIÊN-
CIAS SOCIAIS-
-UFES 
QuALIDADE DE VIDA, OPI-
NIÃO PÚBLICA E AÇÃO DE 
BAIRRO
LEONARDO MELLO 
E SILVA
2011 REVISTA CRí-
TICA DE CIÊN-
CIAS SOCIAIS
SINAIS DE UMA NOVA ICO-
NOCLASTIA: INTELECTuAIS E 
OPINIÃO PÚBLICA NA IDADE 
DE OURO DA IMPRENSA
ISABEL CORRÊA DA 
SILVA
2011 LUSíADA 
HISTÓRIA
TEORIA CRíTICA DA OPINIÃO 
PÚBLICA AO MODELO 
ESTATAL:
LITON LANES PILAU 
SOBRINHO1
2011 REVISTA NEJ
A OPINIÃO PÚBLICA A RES-
PEITO DOS ORGANISMOS 
GENETICAMENTE MODIFICA-
DOS NO BRASIL
CARLOS EDUAR-
DO FRICKMANN 
YOuNG/BIANCCA 
SCARPELINE DE 
CASTRO
2012 RESEARCHGATE
A PESQuISA DE OPINIÃO 
PÚBLICA: O PRIMEIRO PASSO 
PARA A CONSTRuÇÃO DE 
AUDIÊNCIAS
VALMOR RHODEN, 
JOEL FELIPE GUIN-
DANI, ÂNGELA 
SOWA
2012 VERSO E RE-
VERSO
título do artigo autor ano de 
publicação
Periódico / anais
73
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
CIBERATIVISMO E A INFLUÊN-
CIA DA OPINIÃO PÚBLICA 
SOBRE A ESFERA PRIVADA
PRISCILA MUNIZ 
DE MEDEIROS / TE-
NAFLAE DA SILVA 
LORDÊLO
2012 GEMINIS
CONVERSAÇÕES POLíTICAS 
ONLINE E SEUS EFEITOS NA 
OPINIÃO PÚBLICA
RUDIMAR BALDIS-
SERA / MATHEuS 
LOCK2
2012 CONTEMPORÂ-
NEA
DA OPINIÁO PÚBLICA PARA A 
INTELIGÊNCIA COLETIVA
REJANE DE OLIVEI-
RA POZOBON
2012 REVISTA LATI-
NOAMERICA-
NA DE COMU-
NICACIÓN
É POSSíVEL TER PRAZER 
ANAL: A DECLARAÇÃO 
DA CANTORA SANDY NA 
REVISTA PLAYBOY E A 
POLÊMICA CRIADA PELA 
OPINIÃO PÚBLICA NO 
TWITTER1
FELIPE ANACLETO/
ANA PAULA CAM-
POS LIMA
2012 TEMÁTICA
DELIBERAÇÃO ONLINE E OPI-
NIÃO PÚBLICA NO CASO DO 
MOVIMENTO GOTA D’ÁGUA 
CONTRA A USINA DE BELO 
MONTE1
ANGELA SALGUEI-
RO MARQuES/LuIS 
MAURO SÁ MAR-
TINO
2012 CONTEMPORÂ-
NEA
INTERESSES PuBLICADOS: 
GRuPOS E OPINIÃO PÚBLICA 
NAS NARRATIVAS JORNALíS-
TICAS
LUIS ANTONIO 
HANGAI
2012 SBPJOR – 
ASSOCIAÇÃO 
BRASILEIRA DE 
PESQuISADO-
RES EM 
JORNALISMO
MíDIA, OPINIÃO PÚBLICA E 
LEGITIMIDADE DEMOCRÁ-
TICA
ANA PAOLA AMO-
RIM
2012 CADERNOS DA 
ESCOLA DO 
LEGISLATIVO
MOBILIZAÇÃO DA OPINIÃO 
PÚBLICA
ANNE CAROLINA 
FESTUCCI, PATRI-
CIA GUILHEM DE 
SALLES CARVALHO, 
PAULA MAIA 
WUNDER 
ANDREOLA
2012
 
CADERNOS DE 
COMUNICA-
ÇÃO
NET ATIVISMO: NOVOS AS-
PECTOS DA OPINIÃO PÚBLI-
CA EM CONTEXTOS DIGITAIS
MASSIMO DI FELICE 2012 FAMECOS
NO JORNALISMO NÃO HÁ FI-
BROSE: A RuíNA DAS FONTES, 
O DENuNCISMO E A OPINIÃO 
PÚBLICA
FELIPE PENA 2012 INTERCOM
título do artigo autor ano de 
publicação
Periódico / anais
74
Luiz-ALberto de FAriAs
O DIÁLOGO DA OPINIÃO 
PÚBLICA SOBRE A CENSURA 
ATUAL
MARIANA 
FuJISAWA / 
ANTÔNIO REIS
 JUNIOR
2012 INTERCOM
O ESPAÇO FíSICO DA OPINIÃO 
PÚBLICA
BENTO ITAMAR 
BORGES
2012 PROBLEMATA
O PAPEL DA IMPRENSA COMO 
FORMADORA DA OPINIÃO 
PÚBLICA POLíTICA
RODOLPHO RA-
PHAEL DE OLIVEIRA 
SANTOS
2012 REVISTA 
TEMÁTICA
O PODER VISíVEL JOSÉ MIGuEL SAR-
DICA
2012 ANÁLISE 
SOCIAL
OPINIÃO PÚBLICA: uM CON-
CEITO POLíTICO EM DISPUTA
FERNANDO SÁ 2012 ALCEU
OPINIÃO PÚBLICA, COMuNI-
CAÇÃO LIBERDADE DE EX-
PRESSÃO E CENSuRA
CASTILHO COSTA, 
MARIA CRISTINA
2012 OBSERVATÓ-
RIO DE CO-
MUNICAÇÃO, 
LIBERDADE DE 
EXPRESSÃO 
E CENSURA. 
RELATÓRIO 
APRESENTADO 
À FAPESP
A PESQuISA DE OPINIÃO 
PÚBLICA: O PRIMEIRO PASSO 
PARA A CONSTRuÇÃO DE 
AUDIÊNCIAS
VALMOR RHODEN, 
JOEL FELIPE GUIN-
DANI, ÂNGELA 
SOWA
2012 VERSO E 
REVERSO
POLíTICA E OPINIÃO PÚBLI-
CA: A VISÃO DE ELEITORES, 
PARLAMENTARES E ESPECIA-
LISTAS SOBRE A REFORMA 
POLíTICA NO BRASIL
ANTONIO TEIXEIRA 
DE BARROS / CRIS-
TIANE BRUM BER-
NARDES
2012 ANAIS DO V 
CONGRESSO 
LATINO-AME-
RICANO DA 
ASSOCIAÇÃO 
MUNDIAL PARA 
PESQUISAS DE 
OPINIÃO PÚ-
BLICA 
A OPINIÃO PÚBLICA BRA-
SILEIRA, OS PARTIDOS E A 
DEMOCRACIA: ESTuDO LON-
GITUDINAL ENTRE OS ANOS 
DE 2002 E 2010
BRUNO MELLO 
SOUZA
2013 V CONGRESSO 
DA 
COMPOLíTICA
AS RUPTURAS NOS FLUXOS 
DE COMuNICAÇÃO POLíTICA 
ENTRE A OPINIÃO PÚBLICA E 
AS INSTÂNCIAS POLíTICAS
SÉRGIO ROBERTO 
TREIN
2013 ANUÁRIO 
UNESCO
título do artigo autor ano de 
publicação
Periódico / anais
75
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
ASPECTOS DA FORMAÇÃO DA 
OPINIÃO PÚBLICA PAuLISTA
TIAGO EGíDIO 
AVANÇO CUBAS
2013 REVISTA NERA
COMuNICAÇÃO POLíTICA E 
QuALIDADE DA DEMOCRA-
CIA
ANA LÚCIA HEN-
RIQuE TEIXEIRA 
GOMES, JOÃO LuIZ 
PEREIRA
2013 OPINIÃO 
PÚBLICA
CORRuPÇÃO E OPINIÃO PÚ-
BLICA NO ESPíRITO SANTO
RAFAEL CLÁUDIO 
SIMÕES
2013 MEMÓRIAS, 
TRAUMAS E 
RUPTURAS
DESOBEDIÊNCIA CIVIL, DRA-
MATuRGIA ESTRATÉGICA E 
OPINIÃO PÚBLICA
JOÃO GuILHERME 
BASTOS DOS SAN-
TOS
2013 ANUÁRIO 
UNESCO
GuERRA E OPINIÃO PÚBLICA 
NOS ESTADOS uNIDOS: O 
CASO DA GUERRA DO IRA-
QuE EM 2003
DAMIN, CLÁUDIO 
JÚNIOR
2013 IV SIMPÓSIO 
DE PÓS-GRA-
DuAÇÃO EM 
RELAÇÕES IN-
TERNACIONAIS 
DO PROGRAMA 
“SAN TIAGO 
DANTAS”
HIPÓLITO DA COSTA: A 
CONSTRuÇÃO DA OPINIÃO 
PÚBLICA SOBRE A REVOLU-
ÇÃO HAITIANA NO CORREIO 
BRAZILIENSE
SORAYAMATOS DE 
FREITAS
2013 EDUFOP
LIDERANÇA NA OPINIÃO 
PÚBLICA?
JULIANA GAGLIAR-
DI
2013 COMPOLíTICA
MíDIA, OPINIÃO PÚBLICA E 
POLíTICA PENAL
MARíLIA DE NAR-
DIN BUDÓ
2013 SIPECOM
MULHERES BRASILEIRAS E 
GÊNERO NOS ESPAÇOS PÚBLI-
CO E PRIVADO: uMA DÉCADA 
DE MuDANÇAS NA OPINIÃO 
PÚBLICA
VENTURI, GUSTAVO; 
GODINHO, TATAU
2013 ESPAÇO 
ACADÊMICO
O DESAFIO DO ENCONTRO 
DA OPINIÃO PÚBLICA DEMO-
CRÁTICA COM A SOBERANIA 
POPULAR
ANA PAOLA AMO-
RIM
2013 MEDIAÇÃO
O PAPEL ESTRATÉGICO DA 
MíDIA NA FORMAÇÃO DA 
OPINIÃO PÚBLICA
GILVAN FERREIRA 
DE ARAÚJO
2013 COMPOLíTICA
título do artigo autor ano de 
publicação
Periódico / anais
76
Luiz-ALberto de FAriAs
OPINIÃO PÚBLICA E CIDA-
DANIA
DANILO ROTHBERG 
/ FABíOLA DE 
PAULA LIBERATO
2013 COMPOLíTICA
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS 
DE FUTUROS PROFESSORES A 
RESPEITO DA ENERGIA NU-
CLEAR: POSSíVEIS IMPLICA-
ÇÕES NA OPINIÃO PÚBLICA
RAFAELLA MENE-
ZES AYLLÓN, DÉBO-
RAH I. T. FÁVARO, 
LUCIANA APARECI-
DA FARIAS
2013 INTERNATIO-
NAL NUCLEAR 
ATLANTIC 
CONFERENCE
SOFISTICAÇÃO POLíTICA E 
OPINIÃO PÚBLICA NO BRASIL
FREDERICO BATISTA 
PEREIRA
2013 OPINIÃO 
PÚBLICA
TELENOVELA E OPINIÃO 
PÚBLICA: “SALVE JORGE” E 
A CONTRIBuIÇÃO PARA A 
ABORDAGEM DO TRÁFICO 
HUMANO NO BRASIL
BÁRBARA RAQuEL 
ABREU FERNANDES 
LIMA2
2013 INTERCOM
WALTER LIPPMANN E JOHN 
DEWEY: CRISE E uTOPIA DA 
OPINIÃO PÚBLICA NO PERíO-
DO ENTRE-GUERRAS
FRANCISCO RÜDI-
GER
2014 12º. ENCONTRO 
NACIONAL DE 
PESQuISADO-
RES EM JORNA-
LISMO 
SANTA CRUZ 
DO SUL
A IMPRENSA DO SEGUNDO 
REINADO NO PROCESSO PO-
LíTICO CONSTITuCIONAL: 
FORÇA MORAL E OPINIÃO 
PÚBLICA
LUíS FERNANDO 
LOPES PEREIRA / 
JuDÁ LEÃO LOBO*
2014 REVISTA DA 
FACULDADE 
DE DIREITO
A INFLUÊNCIA DA MíDIA 
NA OPINIÃO PÚBLICA E NOS 
ERROS JUDICIAIS 
SONIELY MOURA 
VILHENA / FERNAN-
DES MACHADO 
MENDES
2014 CADERNO DE 
CIÊNCIAS HU-
MANAS E SO-
CIAIS 
APLICADAS
A INFLuÊNCIA DA OPINIÃO 
PÚBLICA NO DESENVOL-
VIMENTO DO PROJETO DE 
CROWDFUNDING VERONICA 
MARS
DANIEL REIS SILVA /
LEANDRO AUGUSTO 
BORGES LIMA
2014 REVISTA EPTIC 
ONLINE
A PESQuISA GOVERNAMEN-
TAL DE OPINIÃO PÚBLICA: 
RAZÕES, LIMITES E A EXPE-
RIÊNCIA RECENTE NO BRASIL
WLADIMIR G. GRA-
MACHO
2014 REVISTA DO 
SERVIÇO PÚ-
BLICO
BIBLIOTECA PÚBLICA – ESPA-
ÇO DE FORMAÇÃO DA OPI-
NIÃO PÚBLICA?
MARIA GUIOMAR 
DA CUNHA FROTA
2014 PERSPECTIVAS 
EM CIÊNCIA 
DA 
INFORMAÇÃO
título do artigo autor ano de 
publicação
Periódico / anais
77
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
CONTRA-AGENDAMENTO NA 
FOLHA DE SÃO PAuLO
EMERSON URIZZI 
CERVI; LEONARDO 
M. BARRETA
2014 REVISTA EPTIC 
ONLINE
CONTRADIÇÃO E OPINIÃO 
PÚBLICA
HENRIQuE JOSÉ DA 
SILVA SOUZA
2014 REVISTA 
OPINIÃO 
FILOSÓFICA
JORNALISMO OPINATIVO E 
ÉTICA
BRUNA ALVES TEI-
XEIRA / VINICIuS 
ARTHuR SANTOS/
ELZA APARECIDA 
OLIVEIRA FILHA
2014 INTERCOM
MíDIA E OPINIÃO PÚBLICA: 
ESTUDO DE CASO SOBRE O 
MENSALÃO NAS ÓPTICAS 
DOS JORNAIS FOLHA DE S. 
PAULO E O ESTADO DE S. 
PAULO
SUSSANE MARTINS 2014 UNIVERSITAS
NET ATIVISMO: INTERFACES 
ENTRE A NOVA OPINIÃO PÚ-
BLICA E AS MARCAS1
LIVIA LANCIA NO-
RONHA BELLATO
2014 PMKT – REVIS-
TA BRASILEIRA 
DE PESQuISAS 
DE MARKE-
TING, OPINIÃO 
E MíDIA
O PAPEL DAS REVISTAS VEJA 
E CARTA CAPITAL NA FOR-
MAÇÃO DA OPINIÃO
RAFAELA ALBU-
QuERQuE GONÇAL-
VES
2014 REVISTA 
ANAGRAMA
O REACIONARISMO DA OPI-
NIÃO PÚBLICA E SEu PAPEL 
DETERMINANTE NA LEGI-
TIMAÇÃO IDEOLÓGICA DA 
VIOLÊNCIA POLICIAL
RENATO NUNES 
BITTENCOURT
2014 DESAFIOS
A OPINIÃO PÚBLICA ÀS VÉS-
PERAS DO GOLPE DE 1964
DEMIAN BEZERRA 
DE MELO
2014 MARX E O 
MARXISMO
OPINIÃO PÚBLICA, AuTONO-
MIA (RELATIVA) E UM NOVO 
CONTEXTO
DENIS RENÓ / AN-
DRESSA KIKUTI 
DANCOSKY
2014 RAZÓN Y 
PALABRA
OPINIÃO PÚBLICA E AS JOR-
NADAS DE JuNHO: uM ES-
TuDO SOBRE A REGuLAÇÃO 
DOS DISCURSOS MIDIÁTICOS 
NO BRASIL
JANINE JUSTEN 2014 ARTEFACTUM
OPINIÃO PÚBLICA E INTER-
NET
JuLIANA DEPINÉ 
ALVES GuIMARÃES
2014 COLÓQuIO 
SEMIÓTICA 
DAS MíDIAS
título do artigo autor ano de 
publicação
Periódico / anais
78
Luiz-ALberto de FAriAs
OPINIÃO PÚBLICA E 
TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA
JAQuELINE DA 
SILVA BORGES / 
FLÁVIA BOZZA 
MARTINS
2014 REVISTA DE 
DISCENTES 
DE CIÊNCIA 
POLíTICA DA 
UFSCAR
OPINIÃO PÚBLICA: HISTÓRIA, 
CRíTICA E DESAFIOS
SUSANA BORGES 2014 EXEDRA
OPINIÃO PÚBLICA, MíDIA E 
MOVIMENTOS SOCIAIS
PATRíCIA MILANO 
PÉRSIGO / ANELISE 
LORENZON 
MACHADO
2014 CADERNOS DE 
COMUNICA-
ÇÃO
REFLEXOS DA CRISE: 
REFORMA INSTITUCIONAL E 
OPINIÃO PÚBLICA NA uNIÃO 
EUROPEIA
ANA PAULA TOSTES 2014 IX ENCONTRO 
DA ABCP
VEJA E A FORMAÇÃO DE uMA 
OPINIÃO PÚBLICA FAVORÁ-
VEL AO REGIME MILITAR
ANTONIO CARLOS 
HOHLFELDT / 
RANIELLE LEAL
2014 INTERCOM
VIOLÊNCIA: RELAÇÕES DE 
PODER, AÇÕES DE ESTADO E 
OPINIÃO PÚBLICA
CASSIRA LOURDES 
DE ALCÂNTRA
2014 REBESP
IDEOLOGIA, HEGEMONIA, 
OPINIÃO PÚBLICA
MARILIA DE 
NARDIN
2015 REDES
O LuGAR DA OPINIÃO MARIA DA PENHA 
SMARZARO 
SIQuEIRA
2015 CADERNOS 
METRÓPOLE
O PAPEL DA UNIVERSIDADE 
NA FORMAÇÃO DA OPINIÃO 
PÚBLICA E SUA CONFIGURA-
ÇÃO NO ESPAÇO SOCIAL
SANDRA NUNES 
LEITE / LAYS DE 
LIMA ALPINO
2015 INTERCOM
OPINIÃO PÚBLICA E COMuNI-
CAÇÃO POLíTICA EM #ELEI-
ÇÕES2014
ARTHuR ITuASSu/
SERGIO LIFSCHITZ
2015 COMPÓS
POLíTICAS PÚBLICAS DA 
EDuCAÇÃO SuPERIOR DO 
BRASIL
KRYSTIN ENGEL / 
MARCOS JOSÉ 
ZABLONSKY
2015 INTERCOM
RAíZES HISTÓRICAS DO CON-
CEITO DE OPINIÃO PÚBLICA 
EM COMuNICAÇÃO
FERNANDA VAS-
QuES FERREIRA
2015 EM DEBATE
título do artigo autor ano de 
publicação
Periódico / anais
79
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Entre essas publicações, observou-se uma forte tendência e preo-
cupação com as delimitações epistemológicas do objeto “Opinião Pú-
blica”. Como exemplo dessa preocupação temos o artigo “Origens do 
conceito de opinião pública: um diálogo com Hannah Arendt e Jürgen 
Habermas”, no qual Carla Reis Longhi faz um levantamento do de-
senvolvimento do termo ao logo do tempo e, para tanto, a autora se 
ampara, sobretudo, em autores como Arendt e Habermas.
Em seus pensamentos, Longhi demonstra a importância, para a 
delimitação da opinião pública, do diálogo entre o público e o privado. 
Habermas aparece em suas constatações, quando a autora demonstra 
que o entendimento de Estado Moderno, como conhecemos hoje, ape-
nas foi possível por meio da admissão da noção de esfera pública e 
que o conceito de opinião pública se ampara e reside em um lugar de 
fronteira entre o não político e o não privado.
Assim, o conceito de opinião pública, em sua origem, se carac-
teriza como a conexão que alinhava a tessitura social. Ela está 
no espaço público literário, neste sentido, espaço não político, 
mas também não privado. Assim, ela se constituiu no intuito de 
possibilitar o ato comunicativo, interligando público e privado 
(LONGHI, 2013, p. 53).
Arendt é necessária à reflexão de Longhi (2013), pois demonstra 
a permanente constituição do espaço público e privado e suas múl-
tiplas interfaces. Partindo da concepção grega, Arendt formula esses 
dois conceitos em um espaço demarcado pela polis grega, na qual o pri-
vado correspondia à família, ou seja, um espaço no qual há privação. 
Arendt separa o espaço público em dois momentos – o aparecer pela 
fala e o fazer, ou seja, ver e ser visto.
Outro artigo que pode exemplificar essa preocupação da acade-
mia com a epistemologia do conceito opinião pública é o artigo “Per-
suasão, Manipulação e Opinião Pública: dos clássicos às críticas” do 
autor Camilo Catto (2008) que ressalta a volatilidade da conceituação 
do termo Opinião Pública e demonstra a importância de se resgatar a 
perspectiva histórica do conceito. Ele revela que o termo opinião pú-
blica foi utilizado pela primeira vez por Rousseau, em 1750, porém 
desde Platão e Aristóteles a opinião (e neste caso sem o adjetivo pú-
blica acompanhando) se constituiu como um conceito ora usado para 
80
Luiz-ALberto de FAriAs
diferenciar de conhecimento, conforme Platão, ora para uma dimensão 
mais política, segundo Aristóteles. 
Catto (2008) também demonstra que Aristóteles contextualizava 
toda uma forma deorganização social para finalmente chegar ao ter-
mo opinião. O filósofo trabalhava com a diferença entre governantes 
e governados e afirmava que do governante se espera discernimento 
e dos governados sinceridade de opinião. Em uma perspectiva filo-
sófica, além de Aristóteles, Catto (2008) também se utiliza de outros 
pensadores como Locke, Rousseau, Blumer e Hobbes para demonstrar 
como o conceito opinião pública evoluiu ao longo dos anos.
Além de uma tendência de estudo voltada para o resgate das ori-
gens e a reformulação do termo “Opinião Pública” ao longo da histó-
ria da humanidade, observa-se também uma preocupação, em artigos, 
com o diálogo entre o objeto e as suas relações com a mídia e a política. 
um dos artigos que podem bem exemplificar essa questão é “A for-
mação da opinião pública e as inter-relações com a mídia e o sistema 
político” da autora Lidiane Pimenta. No artigo, a autora demonstra 
que mídia e sistema político são alguns dos fatores que influenciam na 
formação da opinião pública, pois, se por um lado os atores midiáticos 
facilitam o acesso à vida política, por outro, é do interesse dos atores 
políticos o que as pessoas pensem sobre suas ações e propostas.
Como a esfera civil é composta por eleitores que podem reconfi-
gurar sua opinião diariamente sobre a esfera política, esta tam-
bém busca informações sobre a esfera civil. A mídia e a pesquisa 
de opinião as abastecem (PIMENTA, 2007, p. 6).
Entretanto, a autora ainda demonstra que, incapaz de retratar 
toda a complexidade da realidade, a mídia submete os acontecimentos 
a alguns filtros e, assim, escolhe o que noticiar e como noticiar, contro-
lando assim o que é discutido na esfera pública.
Diante dessas considerações, é possível afirmar que a forma-
ção da opinião de cada indivíduo, que culminará na formação 
da opinião pública e posição da esfera pública política, acontece 
num momento de fusão de informações. Cada indivíduo, de pos-
se de seu repertório e subjetividade, toma conhecimento de um 
fato por meio da mídia e irá discuti-lo com sua família, onde (sic) 
cada membro também de posse de seu repertório e subjetivida-
81
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
de, recebe informações da mídia e discute o assunto com outras 
pessoas (PIMENTA, 2007, p. 7).
Aqui, de algum modo, insere-se o conceito de agendamento 
(agenda setting), em que os veículos teriam poder para gerar atenção 
ou negligência sobre os fatos/acontecimentos e, desse modo, impactar 
em sua repercussão (WOLF, 2003, p. 143).
Assim como Longhi (2013) e Pimenta (2007) se amparam em 
Habermas, Catto (2008) também recorre aos pensamentos de Dryzek 
(2004) sobre esfera pública, a qual seria composta por uma “constela-
ção de discursos” formada pelas manifestações mais particulares das 
opiniões. O autor conclui que a mídia configura uma importante ferra-
menta de influência dos cidadãos no sistema político e dada influência 
ocorre por meio da opinião pública.
Outro exemplo dessa tendência de se estudar a opinião pública 
sob a perspectiva das mídias é o artigo “O papel da mídia na forma-
ção da opinião pública: a contribuição de Bourdieu”, de Carla Luciane 
Blum Vestena, em que a autora reflete sobre a mídia e sua influência 
na formação da opinião pública, com base na teoria de Bourdieu. A 
autora também se ampara nos pensamentos de Bobbio para delimitar 
que a opinião pública pode ter como objeto qualquer coisa e nasce do 
debate público, e então resgata Sartori para delimitar que as opiniões 
públicas são inatas.
Por fim, em suas considerações críticas, embora, Vestena (2008) 
demonstre que, nos dias de hoje, a mídia tradicional tenha perdido a 
centralidade da formação da opinião pública, devido à ascensão de 
outros tipos de mídia alternativas, por se apegar aos pensamentos de 
Bourdieu, ela demonstra que a televisão ainda possui uma importân-
cia no meio social, como fonte de informação. Além de formular um 
importante meio de comunicação, a televisão consiste também um re-
gistro da criação da realidade. Vale um destaque para o fato de a TV 
ainda possuir um forte aparato de pesquisa e consolidação de notícias, 
servindo de aparato, muitas vezes, para outros veículos – e, claro, ali-
mentando-se desses outros, também.
Ainda dentro das tendências de estudos sobre opinião pública e 
mídias, vemos também um grande entusiasmo de pesquisadores em 
82
Luiz-ALberto de FAriAs
estudar o objeto presente no contexto das redes. O artigo “Opinião 
pública na cultura da convergência”, de Pozobom (2010), exemplifica 
essa questão e elucida como a cultura da convergência e o protagonis-
mo dos usuários no processo de produção e difusão de informações 
tem transformado as produções midiáticas e, por conseguinte, tem 
impactado a opinião pública. O artigo, segundo a autora, justifica-se, 
porque há uma reconfiguração da vida cotidiana causada pelo avanço 
e ampliação de possibilidades de comunicação nos ambientes digitais.
De acordo com Pozobom (2010), a cultura da convergência repre-
senta uma transformação cultural a partir do momento em que os con-
sumidores são incentivados a procurar informações e a fazer conexões 
em meio a diversos conteúdos. Nesse cenário, Pozobon demonstra que 
essas revoluções causaram transformações, sobretudo no fazer jorna-
lístico que hoje se vê inserido em uma cultura colaborativa demarcada 
pelas redes digitais que possibilitam uma maior interação entre usuá-
rios e a colaboração de massa fundamentada na “inteligência coletiva”. 
Esse aspecto, o colaboracionismo, e a ideia de interação já foram dis-
cutidos neste trabalho, mas vale a ressalva ao fato de haver controles 
também sobre esses dois elementos por parte dos gestores midiáticos.
A autora, por fim, considera que é possível observar uma nova 
lógica de comunicação, na qual todos somos construtores da notícia. 
Ela fecha seus pensamentos com as constatações de Lemos e Lévy 
(2010), que afirmam que o cenário de transformação contemporânea 
é sustentado por três grandes pilares: 1) a crescente relação de depen-
dência entre mídias e comunidades; 2) a convergência entre os supor-
tes midiáticos e; 3) o princípio da conexão generalizada, aliando mobi-
lidade e eficácia informativa.
Rompemos aqui com a ideia de um público que não pode produ-
zir informação e conteúdo, entendido, na melhor das hipóteses, 
como um consumidor consciente. O ambiente digital permite a 
imensa ampliação dos processos de produção, difusão e distri-
buição de conteúdos. Assim, a publicização de uma determinada 
questão no espaço da visibilidade mediada permite sua dissemi-
nação a um público múltiplo e heterogêneo, viabilizando a capa-
cidade de uma interpretação crítica e diversificada da audiência 
(POZOBON, 2010, p. 13).
83
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Mesmo que a citação anterior possa ter um olhar que dá a ideia 
de possibilidade de interpretação crítica somente por conta da disse-
minação ampliada de informações, tem diversos aspectos importantes, 
pois de fato há uma possibilidade de trânsito informativo diferenciado 
com as redes sociais abrigando-se em plataformas de maior alcance e 
rapidez, mesmo que isso também gere riscos como o blind endorsement, 
as fake news etc.
Além das tendências de estudo da opinião pública localizada no 
campo da epistemologia e da concepção do termo em diálogo com o 
contexto das mídias, também pode-se observar nos artigos analisados, 
um desejo de constituição do objeto como constructo próprio do cam-
po da comunicação organizacional. Um exemplo que pode bem eluci-
dar essa questão é o artigo “A Comunicação Organizacional e a Forma-
ção da Opinião Pública” de Cassiana Maris Lima Cruz que demonstra 
que a relevância da comunicação organizacional está na compreensão 
e na capacidade de articulação desses processos, posicionando as orga-
nizações como agentes sociais e que podem interferir e ser interferidos 
pela opinião pública.
A autora demonstra, por meio dos pensamentos de Tocqueville,que a opinião, na visão desse autor, é representada por uma associação 
que reúne o conflito e a discussão e juntos eles geram o objetivo único. 
Nesse sentido, a imprensa seria o grande representante dessas associa-
ções ou opiniões:
A imprensa e as associações são necessárias à democracia, pois 
os jornais multiplicam o pensamento de muitos e tornam-se mais 
necessários quando os homens tornam-se mais iguais e onde o 
individualismo precisa ser combatido. A associação para ter po-
der, na democracia, precisa ser numerosa (CRuZ, 2007, p. 3).
Ainda fazendo o uso dos pensamentos de Tocqueville, Cruz 
(2007) demonstra que a opinião, na visão desse autor, é representada 
por uma associação que reúne o conflito e a discussão e juntos eles 
geram o objetivo único. Nesse sentido, a imprensa seria o grande re-
presentante dessas associações ou opiniões:
A imprensa e as associações são necessárias à democracia, pois 
os jornais multiplicam o pensamento de muitos e tornam-se mais 
necessários quando os homens tornam-se mais iguais e onde o 
individualismo precisa ser combatido. A associação para ter po-
der, na democracia, precisa ser numerosa (CRuZ, 2007, p. 3).
84
Luiz-ALberto de FAriAs
Por fim, a autora elabora uma crítica a respeito do uso indiscri-
minado do termo opinião pública, que cientificamente está relaciona-
do a um contexto social e político e a torna dinâmica. Nesse sentido, as 
organizações funcionam como microrganismos sociais que formulam 
esferas públicas internas e que permitem a reconstrução da opinião pú-
blica. Logo, a comunicação organizacional se configura como aspecto 
extremamente relevante na articulação e mediação da opinião pública.
Ademais, vale destacar que, além da temática e das perspecti-
vas abordadas nos artigos, analisou-se também a contribuição cientí-
fica dos periódicos brasileiros para a contribuição da pesquisa sobre 
o tema opinião pública no Brasil. O levantamento foi feito a partir da 
análise da publicação original dos 160 artigos analisados.
Com isso, destaque-se que o periódico que, nesses últimos 15 
anos, mais tem contribuído com a pesquisa sobre opinião pública é 
a revista “Opinião Pública” (Qualis A1 – Ciência Política), publicada 
pelo Centro de Estudos de Opinião Pública da Universidade Estadual 
de Campinas (CESOP) desde 1993. Entre os artigos levantados, 11% 
correspondem a esse periódico, conforme pode ser observado no grá-
fico a seguir: 
Gráfico 1 – Participação dos periódicos e congressos na produção científica de pesqui-
sa sobre opinião pública
Fonte: elaborado pelo autor.
85
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Depois do periódico “Opinião Pública”, os anais da Sociedade 
Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) 
são os periódicos que mais concentram produção científica sobre “opi-
nião pública”, com 9% de contribuição. Ainda como metodologia de 
análise, todos os periódicos analisados que continham apenas um ou 
dois artigos publicados nos últimos quinze anos foram admitidos na 
categoria “outros”, que constituem 66% da contribuição de produção 
científica sobre o tema.
O último dado revela uma situação preocupante, uma vez que a 
produção científica sobre o objeto, mesmo sendo um tema antigo e im-
portante para a constituição da sociedade e da humanidade, ainda não 
constituiu um campo científico forte no Brasil, a ponto de condensar 
sua produção científica em poucos periódicos que dialoguem entre si. 
Nesse sentido, observa-se que há massa crítica sobre o tema, no entan-
to, ela é pulverizada e não adensada, algo que pode prejudicar a sua 
consolidação dentro do campo científico.
3.2. disseRtações sobRe opiNião pública
Além do levantamento dos artigos publicados nos últimos quin-
ze anos, foi também elaborado um estudo das dissertações publicadas 
em âmbito nacional que possuíssem como tema central a opinião pú-
blica. Como resultado, foram obtidas 16 publicações sobre o tema que 
trafegam entre áreas como educação, comunicação e até engenharia.
Tabela 3 – Dissertações que possuem como tema central a opinião pública (publicadas 
entre 2000 e 2015)
título autor ano Universidade
OPINIÃO VERDADEIRA E 
OPINIÃO PÚBLICA
ROMUALDO VICENTIN 2003 UNIVERSIDADE DE 
SÃO PAuLO
O COMPROMISSO PEDAGÓ-
GICO COM A FORMAÇÃO DA 
OPINIÃO PÚBLICA
ELAINE CONTE 2005 UNIVERSIDADE 
FEDERAL DE SAN-
TA MARIA
O CDES NA MíDIA LAERSON BRUXEL 2005 UNIVERSIDADE 
FEDERAL DO RIO 
GRANDE DO SUL
86
Luiz-ALberto de FAriAs
TERRORISMO E LIBERDA-
DE DE IMPRENSA: ESTuDO 
COMPARADO DO EFEITO DO 
ATO TERRORISTA EM UMA 
AMOSTRA SEGMENTADA DO 
CLIMA DE OPINIÃO PÚBLICA 
GAÚCHO E NORTE-AMERI-
CANO
ANELISE ZANONI 
CARDOSO
2006 PONTIFíCIA UNI-
VERSIDADE CA-
TÓLICA DO RIO 
GRANDE DO SUL
O SETOR ELÉTRICO BRASILEI-
RO E A MíDIA IMPRESSA
CRISTIANE PERES BER-
GAMINI MARQuES
2006 UNIVERSIDADE 
ESTADUAL DE 
CAMPINAS
CHARGES: DO DISCuRSO 
“POLíTICO” ELEITORAL AO 
DISCURSO POLíTICO DA 
OPINIÃO PÚBLICA
ROSILENE ALVES DA 
SILVA
2008 UNIVERSIDADE FE-
DERAL DE MINAS 
GERAIS
A INFLUÊNCIA DA MíDIA NA 
OPINIÃO PÚBLICA E SOBRE 
A INFLUÊNCIA DESTA NA 
MíDIA
WESLEY CALLEGARI 
CARDIA
2008 PONTIFíCIA UNI-
VERSIDADE CATÓ-
LICA
OPINIÃO PÚBLICA E CON-
TRA-AGENDAMENTO
ISABELLA D´AVILLA 2009 UNIVERSIDADE 
FEDERAL DO RIO 
GRANDE DO SUL
LAS BAYONETAS INTELIGEN-
TES:
IMPRENSA E OPINIÃO PÚ-
BLICA NOS ESCRITOS DE 
DOMINGO FAUSTINO SAR-
MIENTO
ANA CRISTINA FIGUEI-
REDO DE FRIAS
2011 PONTIFíCIA UNI-
VERSIDADE CATÓ-
LICA DO RIO DE 
JANEIRO
OPINIÃO PÚBLICA E PuNI-
ÇÃO:
DÉBORA DE SOuZA DE 
ALMEIDA
2011 PONTIFíCIA UNI-
VERSIDADE CA-
TÓLICA DO RIO 
GRANDE DO SUL
DECIFRANDO A VOLATILI-
DADE DA OPINIÃO PÚBLICA
ROBERTO SANTOS 2012 UNIVERSIDADE 
FEDERAL DE PER-
NAMBUCO
OPINIÃO PÚBLICA E INTE-
GRAÇÃO ECONÔMICA
MATEUS RODRIGUES 2012 UNIVERSIDADE DE 
SÃO PAuLO
IRAQuE EM CENA MARIA CLARA 2013 UNIVERSIDADE 
FEDERAL FLUMI-
NENSE
OPINIÃO PÚBLICA E LIN-
GUAGEM POLíTICA NO A 
MATUTINA MEIAPONTENSE 
(1830-1834)
THALLES MURILO VAZ 
COSTA
2013 UNIVERSIDADE FE-
DERAL DE GOIÁS
título autor ano Universidade
87
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
A REPÚBLICA IMPRESSA: 
CULTURA DA IMPRENSA, 
OPINIÃO PÚBLICA E LIN-
GUAGENS POLíTICAS
MAY XUE 2013 UNICAMP
DEMOCRACIA E INTERNET HELIO CEZAR 2013 FACULDADE DE 
DIREITO LARGO DE 
SÃO FRANCISCO
Nesse sentido, observou-se uma preocupação da área da educa-
ção com o tema. Uma das dissertações analisadas que podem exempli-
ficar esse dado é a “O Compromisso Pedagógico com a Formação da 
Opinião Pública Crítica”, de Elaine Conte (2005), que tem como obje-
tivo principal compreender o sentido do conceito de opinião pública 
na educação e averiguar de que modo a proposta de esfera pública de 
Habermas pode contribuir na produção da democracia educacional.
Para tanto, a autora baseia seu estudo nos pensamentos de Gada-
mer e Habermas. A metodologia utilizada pela autora compreende o 
campo da hermenêutica filosófica de Habermas e sua escolha justifica-
-se pela possibilidade de uma reconstrução a partir das opções teóricas 
que permitem novas interpretações e juízos analíticos sobre o conceito 
de opinião pública para a interpretação das racionalidades educativas.
A dissertação elaborada por Conte (2005) se propõe a aprofun-
dar a relação entre a formação da opinião pública e o desenvolvimento 
docente e, com isso, a autora utiliza os pensamentos de Adorno para 
elucidar a relação existente entre poder e a indústria cultural, uma ex-
plícita manifestação da razão instrumental em que o consumo direcio-
na toda a realidade, inclusive os meios de comunicação de massa que 
influenciam os processos educacionais, submetendo a docência às leis 
mercadológicas.
Além de se observar uma tendência de preocupação da área da 
educação sobre o tema, também se analisou uma inquietação da his-
tória e da ciência política acerca do tema. A dissertação “O CDES na 
mídia: gênese de uma esfera pública política na disputa pela opinião 
pública”, de Laerson Bruxel, publicada em 2005, demonstraessa ques-
tão, uma vez que analisa as manifestações do Conselho de Desenvol-
vimento Econômico e Social (CDES), instituído pelo Governo Lula e 
título autor ano Universidade
88
Luiz-ALberto de FAriAs
formado por diversos representantes da sociedade, na cena midiática 
a partir de uma coletânea de cinco dos principais veículos de comu-
nicação impressos do Brasil. O estudo tem como objetivo avaliar se a 
forma como os temas da agenda política que são lançados para a esfera 
pública podem privilegiar determinados segmentos na disputa pela 
formação da opinião pública, e se utiliza de referências como Jürgen 
Habermas e Wilson Gomes.
Assim, de acordo com Bruxel, os meios de comunicação são es-
senciais para a legitimação do poder político que se dota, muitas vezes, 
de certa espetacularização. A razão pela qual esse processo ocorre re-
side no fato de que “na sociedade contemporânea, a esfera de visibi-
lidade pública dominante é a cena midiática” (BRuXEL, 2005, p. 25).
O autor também considera as três variáveis essenciais para o en-
tendimento do que seria a opinião pública – 1) publicidade de uma 
opinião; 2) um repertório comum de posições; 3) sinônimo de popu-
lação – e remonta às origens da expressão que, segundo ele, data do 
final do século XVIII e estaria relacionada à ascensão das democracias 
modernas, o que consolidou o imaginário de que os governantes 
devam legitimar suas ações por meio da opinião pública.
Por fim, a partir da importância da mídia nas sociedades moder-
nas, o autor demonstra o poder exercido pelos meios de comunicação 
de massa que intervêm no curso dos acontecimentos e organiza uma 
série de produtos simbólicos, carregados de sentidos. Daí a importân-
cia da mídia para o jogo político que apenas alcançará a opinião públi-
ca, pela intermediação da mídia.
Além da dissertação de Bruxel (2005), a publicação “Charges: do 
discurso ‘político’ eleitoral ao discurso político da opinião pública”, de 
Rosilene Alves da Silva, também reafirma essa preocupação das áreas 
que circundam a política e a história com relação ao tema opinião pú-
blica. Nesse sentido, a dissertação de Silva (2005) tem como objeto de 
pesquisa o discurso político, traçando a patente degenerescência do 
discurso político eleitoral e a politização do discurso da opinião públi-
ca, o qual se configura através do filtro da carnavalização do discurso 
político eleitoral. O corpus é composto por seis charges publicadas no 
jornal Folha de S. Paulo durante o período eleitoral de 2006, as quais se 
constituem em uma grande narrativa das eleições presidenciais. 
89
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
A dissertação “Terrorismo e liberdade de imprensa: estudo com-
parado do efeito do ato terrorista em uma amostra segmentada do cli-
ma de opinião pública gaúcho e norte-americano”, de Anelise Zanoni 
Cardoso, assim como a publicação de Silva (2005), também elucida a 
questão da política como um agente parceiro da opinião pública, uma 
vez que tem como objetivo conhecer a opinião de cidadãos do Rio 
Grande do Sul diante de situações de ameaça. A partir daí, compara 
dados obtidos em pesquisas nos Estados Unidos e descreve o trabalho 
da imprensa sob um ponto de vista histórico. 
Nesse contexto, a problemática a ser investigada parte de uma 
pesquisa realizada pelo Instituto Gallup, nos Estados Unidos, no pe-
ríodo pós-atentado de 11 de setembro de 2001, que constatou que 78% 
dos cidadãos afirmam que é importante se abster da liberdade para 
garantir a segurança nacional. Para tanto, fora elaborada uma pesquisa 
de abordagem empírica e regional com 222 leitores de Porto Alegre e 
Região Metropolitana. 
A hipótese trabalhada foi a de que quem vive longe do terroris-
mo se opõe às restrições do direito à imprensa livre e os dados coleta-
dos foram quantificados por meio de técnicas estatísticas. Cardoso ini-
cia o primeiro capítulo “Liberdade de imprensa e opinião pública: uma 
construção democrática” demonstrando os primeiros sinais históricos 
da censura que datam do século XVIII, quando, na França, aparecem 
os primeiros livros manuscritos.
Nesse sentido, a autora delimita que a censura ou controle da in-
formação é uma forte estratégia de guerra que atende a certos interes-
ses ideológicos, bem como, a legitima. A autora utiliza exemplos como 
Primeira Guerra Mundial, Guerra Fria, Guerra do Golfo e Guerra do 
Iraque para corroborar suas constatações. Por fim, Cardoso (2008) de-
monstra a presença do uso da espetacularização de ações terroristas, 
seja pelo poder formal, seja pelo poder midiático. Assim, “com o poder 
de disseminar o medo e a pressão psicológica em nome de um objetivo 
(político ou ideológico), o terrorismo se alimenta do poder da mídia 
para atingir diretamente a opinião pública e, por seu intermédio, legi-
timar suas ações” (CARDOSO, 2006, p. 82).
90
Luiz-ALberto de FAriAs
Vale destacar que o terror pode, também, ser utilizado como es-
tratégia de dominação mesmo por representantes aparentemente de-
mocráticos, em nome da adesão que leve ao controle.
Por fim, observa-se ainda um reconhecimento da academia da 
convergência da opinião pública e das áreas e subáreas relacionadas à 
comunicação. A dissertação “A influência da mídia na opinião pública 
e sobre a influência desta na mídia”, de Wesley Callegari Cardia, de-
monstra essa questão, uma vez que utiliza uma análise de conteúdo 
das revistas Época e Veja a fim de identificar se há ou não influência 
das teorias de agenda setting e framing sobre as publicações. O corpus 
definido baseia-se em exemplares das revistas Veja e Época, de março 
de 2006 a setembro de 2007, com todas as pesquisas de opinião pública 
realizadas nesse período, pelo Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião 
e Estatística), sobre o governo do então presidente da República Luís 
Inácio Lula da Silva. 
Após evidenciar sua problemática, as metodologias utilizadas 
e os respectivos objetivos, no segundo capítulo, Cardia elabora uma 
revisão de conceitos que permearão sua análise de corpus. O primeiro 
conceito abordado pelo autor faz menção à cultura, e se baseia em re-
ferências como John B. Thompson. O segundo conceito revisado pelo 
autor é o de Opinião Pública.
Em seus pensamentos acerca da Opinião Pública, Cardia de-
monstra a necessidade da mídia para a atual sociedade do espetáculo.
Não importa ter um carro, mas sim como esse carro é visto, e 
como você é visto com o carro. A sociedade perde seu valor. O 
homem perde seu valor. Ganha importância a expressão social, 
a aparência desse homem. Nesse contexto, a mídia adquire um 
papel ainda mais relevante (embora muito criticada); sua função 
não é outra senão servir de meio para a proliferação de imagens 
espetaculares. E numa sociedade onde (sic) a imagem e a repre-
sentação são carregadas de significados, a opinião pública adqui-
re uma importância ainda maior (CARDIA, 2008, p. 38).
O autor também utiliza os pensamentos de Lippman (2004) a fim 
de demonstrar que a opinião pública reflete as informações fornecidas 
pelos veículos de massa e, nesse contexto, o acesso à informação é es-
sencial. Em seguida, Cardia aborda a hipótese do efeito agenda setting, 
91
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
de Maxwell McCombs e Donald Shaw, na qual a mídia tenta organizar 
a realidade e ditar o que deve ser pensado sobre determinados assun-
tos. O autor ainda acrescenta a discussão de que dada teoria não dá 
conta de explicar se o grau de informação da audiência influenciaria 
na formulação de uma opinião pública crítica.
O agendamento das publicações é exercido (quando se trata de 
matérias sobre o presidente Lula, seus ministros e seu governo), em 
todas as seções das revistas. O agendamento poderia ser exclusivo das 
matérias sobre política, ou seja, das editorias políticas. Neste caso, as 
“Seções de Cartas” poderiam trazer resultados diversos daqueles en-
contrados nas matérias políticas (CARDIA, 2008, p. 391).
Segundo Cardia (2008), outra importanteconclusão é a de que a 
teoria do Gatekeeping também colabora com o processo de agendamen-
to. “Mesmo sendo a teoria do gatekeeping uma teoria menor, se compa-
rada com a agenda setting e com o framing, neste processo de análise, ela 
toma um corpo maior, por ser um meio de comprovação do escopo do 
trabalho” (CARDIA, 2008, p. 392).
Nesse sentido, vale destacar que, de acordo com o levantamento 
elaborado, as áreas que mais se preocupam com as questões relaciona-
das à opinião pública são a de comunicação e a de história. No entanto, 
ainda se observa uma pulverização do tema entre outras áreas do co-
nhecimento, assim como filosofia, relações internacionais, entre outros.
Gráfico 2 – Áreas das dissertações produzidas entre os anos 2000 e 2015
Fonte: elaborado pelo autor.
92
Luiz-ALberto de FAriAs
3.3. teses sobRe opiNião pública
Ademais, também foram analisadas teses de doutorado produzi-
das em âmbito nacional que tenham sido publicadas entre os anos 2000 
e 2015. Como resultado, foram coletadas seis teses que contam como 
tema central a opinião pública.
Tabela 4 – Teses que possuem como tema central a opinião pública (publicadas entre 
2000 e 2015)
título autor ano Universidade
A ABDICAÇÃO DE D. PE-
DRO I
FERNANDA 
CLAUDIA
2007 UNIVERSIDADE ESTADUAL 
PAULISTA
IDEIAS, DEBATES, MíDIA E 
OPINIÃO PÚBLICA
MONICA ESTER 2008 uNIVERSIDADE DE SÃO 
PAULO
REPRESENTAÇÕES DA 
OPINIÃO PÚBLICA EM 
EDITORIAIS SOBRE A 
ELEIÇÃO PRESIDENCIAL 
DE 2006
MARIA APARE-
CIDA SILVA FUR-
TADO
2010 UNIVERSIDADE FEDERAL DE 
MINAS GERAIS
O IBOPE, A OPINIÃO PÚ-
BLICA E O SENSO COMUM
SILVIA ROSANA 
MODENA MAR-
TINI
2011 UNIVERSIDADE ESTADUAL 
DE CAMPINAS
IMPRENSA E OPINIÃO 
PÚBLICA NO BRASIL IM-
PÉRIO
LUCIANO DA 
SILVA MOREIRA
2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DE 
MINAS GERAIS
O ATO DA SOCIEDADE 
PAULISTA
CARLA DE 
ARAUJO
2012 ESCOLA DE COMUNICAÇÕES 
E ARTES DA UNIVERSIDADE 
DE SÃO PAuLO
Assim como em dissertações, vemos uma tendência de preocu-
pação do campo da história com o tema. Uma das teses que podem 
melhor exemplificar essa questão é “A abdicação de D. Pedro I: espaço 
público da política e opinião pública no final do primeiro reinado”, de 
Fernanda Cláudia Pandolfi. Na tese a autora remonta à abdicação de 
D. Pedro I (em favor de seu filho, que se tornaria D. Pedro II), em 7 de 
abril de 1831, por meio de uma análise de periódicos de 1931, sob o 
enfoque da ampliação do espaço público no Brasil a partir da ascensão 
dos ideais liberais.
93
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Dada ampliação na esfera pública brasileira é, sobretudo, fomen-
tada pela liberdade de imprensa que inicia uma época de fertilização 
para o aparecimento de inúmeros periódicos na cidade do Rio de Ja-
neiro, editados pela elite política. Nesse contexto, a opinião pública 
configura-se como um forte motivador para a abdicação de D. Pedro 
I. Ainda, em sua conclusão, Pandolfi demonstra que a luta política do 
período que antecede à abdicação de D. Pedro I fora demarcada, pri-
mordialmente, por recursos jornalísticos, como boatos, intrigas e cons-
pirações, com fim de convencer os leitores.
Outra tese que pode exemplificar essa questão é “Imprensa e 
Opinião Pública no Brasil Império: Minas Gerais e São Paulo (1826-
1842)”, na qual Luciano da Silva Moreira trata do processo de politi-
zação da imprensa brasileira, entre 1826 e 1842, que contribuiu para a 
construção das bases da sociedade e do Estado Imperial Brasileiro. A 
hipótese defendida por Luciano é a de que a imprensa fora um grande 
facilitador da formação de elites regionais entre São Paulo e Minas Ge-
rais, bem como, uma poderosa estratégia no processo de constituição 
do Estado Imperial.
De acordo com os levantamentos de Moreira (2011), a opinião 
pública fora um tema demasiadamente discutido entre os anos finais 
do Primeiro Reinado e na primeira metade do período regencial. As-
sim, a conclusão à qual o autor chega é que o aparecimento da impren-
sa fora um marco na criação de condições históricas que determinaram 
as relações entre elites e as estratégias políticas na constituição do Es-
tado Imperial.
Assim como nas dissertações, vemos uma preocupação da área 
da Ciência Política sobre o tema, campo no qual encontramos a tese 
“Ideias, debates, mídia e opinião pública: uma análise das dinâmicas 
de interação entre atores estatais e não-estatais nas disputas acerca das 
patentes farmacêuticas”, de Monica Ester Struwe Razuk. A tese tem 
como objetivo aprofundar o entendimento das dinâmicas de interação 
entre atores estatais e não estatais nos processos de criação, continui-
dade e mudança de regimes internacionais.
Para tanto, além de uma revisão bibliográfica, a autora adota 
como metodologia um estudo de caso demarcado a partir da criação 
94
Luiz-ALberto de FAriAs
do novo regime internacional de proteção dos direitos de patentes, 
instituído em 1994, quando da adoção do Acordo sobre Aspectos dos 
Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (TRIPS) 
pelos países membros do General Agreement on Tariffs and Trade 
(GATT). O argumento central defendido pela autora refere-se ao pa-
pel da mídia na constituição de um importante elemento de ligação 
nos processos por meio dos quais atores não estatais com capacidade 
material reduzida exercem influência sobre atores estatais nas decisões 
acerca da política externa – tanto no âmbito bilateral como multilateral.
Ademais, observou-se também, durante a compilação, uma preo-
cupação da Letras com o tema opinião pública. Nesse campo, foi possí-
vel encontrar a tese “Representações da opinião pública em editoriais 
sobre a eleição presidencial de 2006”, de Maria Aparecida Silva Furta-
do. No estudo, a autora tem como objetivo analisar as representações 
da opinião pública em editoriais de jornais impressos de referência no 
Brasil: a Folha de S. Paulo e o Estado de Minas, bem como, compreender 
a natureza da opinião que caracteriza o texto editorialístico dentro do 
contrato de comunicação midiático e, com isso, ampliar os estudos da 
Análise do Discurso num diálogo com o campo do Jornalismo.
Por fim, a área da Comunicação é outro campo que também tem 
se mantido atento ao tema. A tese “O ato da sociedade paulista: opi-
nião pública e censura ao teatro de 1957 a 1968 – manifestações popu-
lares presentes nos processos do Arquivo Miroel Silveira da Biblioteca 
da ECA/uSP”, publicada por Carla de Araujo Risso, e que ilustra essa 
questão. No estudo a autora tem como objeto de pesquisa os processos 
de censura ao teatro profissional presentes no Arquivo Miroel Silveira, 
bem como, sobre as páginas dos principais veículos de mídia impressa 
da cidade de São Paulo. A amostra recolhida diz respeito aos abaixo-
-assinados, telegramas, cartas e manifestos populares em processos de 
censura de três peças de teatro: “Perdoa-me por me traíres”, de Nelson 
Rodrigues (1957); “A Semente”, de Gianfrancesco Guarnieri (1961); e 
“Roda Viva”, de Chico Buarque (1968). Na tese, a autora também in-
vestiga “A Promessa”, de Bernardo Santareno (1957), uma peça por-
tuguesa que corresponde ao objetivo de compreender e caracterizar 
a cultura, a moral e os valores da época para além das barreiras espa-
ciais, fixando-se no território da estrutura simbólica da língua. 
95
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Com isso, observa-se que na distribuição de contribuição por 
áreas, o campo do conhecimento que mais tem se debruçado sobre os 
estudos acerca da opinião pública é a história, com 33% de contribui-
ção. Comunicação (Jornalismo), Ciência Política, Sociologia e Letras 
aparecem com 17% de contribuição.
Gráfico 3 – Áreas de produção de teses produzidas entre os anos de 2000 e 2015
3.4. livRos sobRe opiNião pública
Note-se que neste levantamento não haverá a plena cobertura 
do que se produziu em relação à opinião pública, mas apenas as obras 
que poderiam ser detectadas por apresentarem indícios ancorados em 
palavras-chave.
Para o estudo, também foram consideradosos livros publicados 
no Brasil entre os anos 2000 e 2015. Com isso, foram consideradas 11 
publicações sobre o tema nesse espaço temporal. Entre as publicações 
encontra-se a obra “Deslumbramento coletivo”, de Simone Antoniaci 
Tuzzo, que, a partir de uma revisão dos principais autores que abor-
dam o tema opinião pública, disserta sobre temas como a formação da 
opinião pública, meios de comunicação de massa e o papel da univer-
sidade na formação da opinião pública.
96
Luiz-ALberto de FAriAs
Tabela 5 – Livros que possuem como tema central a opinião pública (publicados entre 
2000 e 2015)
título autor ano 
publicação
editora
DESLUMBRAMENTO COLETIVO 
OPINIÃO PÚBLICA, MíDIA E
UNIVERSIDADE
SIMONE ANTONIACI 
TUZZO
2005 ANNA-
BLUME
CRISES EMPRESARIAIS COM A 
OPINIÃO PÚBLICA
S J DE ALMEIDA 
JUNIOR
2005 S/ED.
ESCRITOS E ENSAIOS: ESTADO,
PROCESSO, OPINIÃO PÚBLICA
NORBERT ELIAS; 
FEDERICO NEI-
BURG; LEOPOLDO 
WAIZBORT; SÉRGIO 
BENEVI-
DES; ANTÔNIO 
CARLOS DOS 
SANTOS
2006 JORGE 
ZAHAR
OPINIÃO PÚBLICA & MARKETING 
POLíTICO
CÉLIA MARIA RETZ 
GODOY DOS SANTOS
2007 FAAC-
-UNESP
OPINIÃO PÚBLICA WALTER LIPPMANN 2008 VOZES
A TEORIA DA AGENDA: A MíDIA E A 
OPINIÃO PÚBLICA
MCCOMBS, 
MAXWELL
2009 VOZES
O MOVIMENTO LÓGICO DA OPI-
NIÃO PÚBLICA A TEORIA 
HEGELIANA
AGEMIR 
BAVARESCO; PAULO 
ROBERTO KONZEN
2011 LOYOLA 
INTELECTUAIS E HISTÓRIA DA 
EDuCAÇÃO NO BRASIL: PODER, 
CULTURA E POLíTICAS
ALVES, CLAUDIA; 
LEITE, JUÇARA 
LUZIA
2011 EUFES
SONDAGENS, ELEIÇÕES E OPINIÃO 
PÚBLICA 
PEDRO MAGALHÃES 2011 S/ED.
OPINIÃO PÚBLICA... FALEI E DISSE JOSÉ DE ALENCAR 
NOBRE DE ALMEIDA
2012 S/ED.
OPINIÃO PÚBLICA: EMPOWERMENT 
E INTERFACES 
CÉLIA MARIA RETZ 
GODOY DOS SANTOS 
2012 QuEIROZ 
EDITOR
Nesta pesquisa, também foi coletada a obra “Crises empresariais 
com a opinião pública”, de Roberto de Castro Neves. Na publicação o 
autor resgata grandes casos de crises vividas por empresas tradicio-
nais como Mitsubishi, Schering e AT&T, e evidencia a necessidade de 
se realizar investimentos em comunicação com a finalidade de evitá-
97
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
-las. Ainda, o autor revisa a teoria da agenda para demonstrar o ambí-
guo papel assumido pela mídia ao delimitar os assuntos que povoarão 
a pauta pública. Vale destacar que não se trata de obra científica, com 
embasamento em pesquisas ou reflexão teórica, mas se origina de vi-
vência profissional do autor.
Ademais, vale destacar que, nesse espaço de tempo, também 
fora publicada a obra “O movimento lógico da opinião pública a teo-
ria hegeliana”, de Agemir Bavaresco, a qual, a partir de perspectivas 
filosóficas e políticas, se propõe a aprofundar o tema opinião pública. 
Além do tema, o autor traz para a pauta temas como contradição e 
liberdade e demonstra que a opinião pública, em sua visão, se efetiva 
no espírito político.
Já em 2008, o Brasil recebe uma grande contribuição da Editora 
Vozes, por meio da tradução da obra “Opinião Pública”, de Walter Lipp-
mann, de 1922, que desenvolve seu pensamento acerca da opinião pú-
blica sob a perspectiva da sociedade de massa e sua impossibilidade de 
conhecer a totalidade da realidade. Nessa obra, o autor faz levantamen-
to de conceitos extremamente importantes para o estudo do tema como 
os estereótipos, interesses e marcos sociais. Trata-se de obra referencial.
Por fim, em 2012, fora organizado o e-book “Opinião pública, em-
powerment e interfaces” por Célia Maria Retz Godoy dos Santos, no 
qual a autora procura avaliar o cenário atual dos estudos sobre opinião 
pública no Brasil. Ela ainda promove o diálogo do tema com outras 
áreas do conhecimento, além da comunicação, e também demonstra a 
opinião pública como agente “empoderador” de cidadãos a partir do 
desenvolvimento de inserção nos processos políticos.
3.5. estado da aRte
Com a finalidade de se levantar o estado da produção científica 
de publicações sobre o tema opinião pública, foi efetuado um levanta-
mento da produção de teses, dissertações, artigos científicos e livros 
publicados entre os anos 2000 e 2015. Nesse sentido, foram levantadas 
177 publicações entre esses anos.
98
Luiz-ALberto de FAriAs
Com isso, verifica-se que a maior parcela da produção científica 
relacionada ao campo da opinião pública vem de artigos publicados 
em periódicos, com 82% de participação. Em seguida, estão as disser-
tações, com 9%, e em terceira e quarta posições, com 6% e 3%, respec-
tivamente, os livros e as teses.
Gráfico 4 – Participação de publicações relacionadas ao tema Opinião Pública no Brasil 
entre os anos de 2000 e 2015
Fonte: elaborado pelo autor.
Assim, ao se realizar o levantamento dos temas relacionados ao 
estudo da opinião pública em periódicos, teses, dissertações e livros, 
aferiu-se que o tema é inscrito em onze grandes áreas. São elas: 
1. Sustentabilidade;
2. Estudos Climáticos e Opinião Pública;
3. Estudos Sociológicos e Filosóficos sobre a Opinião Pública;
4. Comunicação Organizacional e Opinião Pública;
5. Pesquisa e Métodos de Coleta da Opinião Pública;
6. Educação e Formação da Opinião Pública;
7. História Geral do Brasil e Mundial;
8. Internet e Novas Interfaces da Comunicação;
99
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
9. Epistemologia da Opinião Pública e Estudos sobre sua For-
mação;
10. Estudos das Mídias Tradicionais e seus Impactos sobre a 
Opinião Pública;
11. Ciências Políticas e Opinião Pública.
Pode-se ainda verificar a ocorrência de pesquisas que versam 
sobre o tema opinião pública oriundas de outras áreas (ainda que de 
maneira esporádica) como engenharia e direito.
A respeito da representatividade das áreas, verifica-se que o tema 
que aparece em primeiro lugar com maior recorrência são as “Ciências 
Políticas e Opinião Pública”, com 31% de participação. Em segundo 
lugar, aparecem os “Estudos das Mídias Tradicionais e Seus impac-
tos sobre a Opinião Pública, com 26%, e em terceiro lugar, surgem os 
trabalhos relacionados à Epistemologia da Opinião Pública e Estudos 
sobre sua Formação, com 9%.
Assim, a partir desses dados, observa-se grande concentração 
do campo em relação ao estudo das Ciências Políticas e das mídias 
tradicionais associadas ao campo da opinião pública, uma vez que a 
diferença do primeiro e do segundo lugar para o terceiro é de aproxi-
madamente 20 pontos percentuais. Por sua vez, observa-se uma opor-
tunidade de estudo para temas que estão em ascensão na pauta pú-
blica nos últimos anos e vem se confirmando como realidade latente, 
como os estudos climáticos e aqueles associados à internet e às novas 
interfaces da comunicação.
Outro ponto a ser observado nessa compilação é que a comuni-
cação organizacional possui pouca representatividade em relação aos 
estudos sobre a opinião pública, uma vez que corresponde a 4% de 
toda a produção científica dos últimos 15 anos. Nesse ponto, vale a 
ressalva em relação à importância da opinião pública para os estudos 
e a atuação profissional no campo das relações públicas e da comuni-
cação organizacional, o que gera certa surpresa. Talvez isso possa ser 
explicado pela existência de práticas e materiais de uso profissional em 
lugar de pesquisas e de produções científicas.
100
Luiz-ALberto de FAriAs
Gráfico 5 – Temas Relacionados ao Estudo da Opinião Pública em Periódicos, Teses, 
Dissertações e Livros do Brasil
Fonte: elaborado pelo autor.
O quadro é bem semelhante ao que ocorre nos periódicos, nos 
quais a Ciência Política e os estudos das mídias tradicionais dominam 
a pauta com 32% e 24% respectivamente. Vale destacar que essa apro-
ximação entre os quadros já era esperada, uma vez que o volume de 
periódicos corresponde a 82% de toda a amostra. 
Gráfico 6 – Temas Relacionados ao Estudo da Opinião Pública em Periódicos do Brasil
Fonte: elaborado pelo autor.
101
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Já nas dissertações verifica-se, primeiramente, que o quadro de 
temáticas torna-se um pouco mais enxuto, passando para seisgrandes 
áreas, das onze indicadas no quadro geral. Ainda, diferente do que 
ocorre no quadro geral e no quadro de publicações em periódicos, os 
estudos das mídias tradicionais dominam a pauta das pesquisas acerca 
da opinião pública no Brasil, com uma representatividade de 40% da 
amostra. Em segundo lugar, aparecem a Ciência Política, com 27%, e 
em terceiro a Epistemologia, com 13%.
Gráfico 7 – Temas Relacionados ao Estudo da opinião pública em Dissertações do Brasil
Fonte: elaborado pelo autor.
Ainda mais enxuto que o quadro de dissertações encontra-se o 
panorama das teses no Brasil, o qual possui uma fatia de aproxima-
damente 60% composta por temas relacionados a História Geral e a 
Estudos das Mídias Tradicionais. As teses reforçam ainda mais a opor-
tunidade aferida no quadro geral de estudos relacionados à internet 
e às novas interfaces, e à comunicação organizacional, temas que não 
aparecem no quadro de teses.
102
Luiz-ALberto de FAriAs
Gráfico 8 – Temas Relacionados ao Estudo da opinião pública em Teses do Brasil
Fonte: elaborado pelo autor.
Já no campo dos livros, duas grandes áreas saltam: a Ciência 
Política e a Epistemologia da Opinião Pública, ambas com 20% de 
representatividade no campo.
Gráfico 9 – Temas Relacionados ao Estudo da Opinião Pública em Livros do Brasil
Fonte: elaborado pelo autor.
103
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
A partir deste estudo podemos entender que há um espaço con-
siderável a ser preenchido no sentido de pesquisas que possam dis-
cutir a temática opinião pública frente às diversas demandas sociais 
contemporâneas. Destaque-se a necessidade de maior número de pes-
quisas em nível de mestrado e de doutorado – que naturalmente costu-
mam redundar em artigos científicos derivados das dissertações e das 
teses – no campo das relações públicas e da comunicação organizacio-
nal, que têm toda a sua atividade ligada à temática relacionamento e, 
por conseguinte, aos movimentos opinativos, ainda mais em tempos 
de volatilidade da opinião.
A seguir será tratada a intolerância, que grassa na contempora-
neidade em sistemas bem elaborados e permeado pela sedução, ca-
pazes de aparentar plena democracia e justiça, como um xamã ou a 
própria panaceia, mas também de levar à execração compulsória.
105
capítulo 4
Da fogueira à vaidade: 
o processo de intolerância 
histórica – da religião à ágora digital
A ideia da fogueira como elemento de purificação vem da an-tiguidade. A ela foram destinadas inúmeras pessoas que por alguma razão não estavam em sintonia com o status quo. Isso 
foi feito por bárbaros e por cristãos, representando expurgação de pe-
cados e oportunidade de purificação, ou simplesmente tortura para 
infligir dor e sofrimento extremos. Essas fogueiras, não esqueçamos, 
eram rodeadas por curiosos, por consumidores do espetáculo mórbi-
do, atualmente ressignificados em morbidez digital.
Se hoje a ideia de fogueira como “método pedagógico” absurdo 
parece fora de hora – não diriam isso os tribunais do crime existentes 
em lugares como as grandes cidades brasileiras e de outras paragens 
de mesmo nível de violência, que sabidamente utilizam esse método 
bárbaro e inominável – a incineração da imagem é altamente praticada 
e banalizada. Se alguém está fora do estado determinado para as coi-
sas, se lhe aplica uma admoestação de maior ou menor intensidade a 
fim de colocá-lo em seu devido lugar. É claro que o contrário é absolu-
tamente correto: também pode-se alçar ao estrelato (fugaz ou perene) 
certo alguém somente a partir de sua imagem.
A fama, a glória e a reputação se misturam em meio às ce-
lebridades. Enquanto a fama não tem relação com a qualidade do 
que possa ter feito o personagem, a glória mostra a notoriedade 
de alguém que fez algo fora do comum, as façanhas, um tipo de 
comemoração do herói na memória coletiva, e a reputação é o jul-
gamento relativo a um membro dessa coletividade (LILTI, 2018, p. 
14). A construção e a destruição dessas reputações também podem 
106
Luiz-ALberto de FAriAs
acontecer de modo calculado, pois palavras podem ser pequenas do-
ses de arsênico (KLEMPERER, 2009), plantadas de modo contínuo, 
com forte incidência e disposição seletiva.
Ainda que o risco esteja sempre presente e a rondar, a vaidade de 
ser guindado ao cume do sucesso midiático pode levar pessoas a ado-
tar atitudes que possam estimular esse processo – e aqui vale destacar 
a possibilidade de isso ocorrer em diversos campos, das celebridades 
aos políticos, do cidadão comum ao mundo corporativo. Mesmo que 
se trate de um estrelato restrito a um pequeno grupo, ao cluster3 a que 
pertença a pessoa, ainda assim pode-se empregar grande energia.
(...) sempre existiram pessoas muito conhecidas, mas antes elas 
deviam a notoriedade a suas façanhas, seus talentos e suas obras, 
ao passo que hoje são célebres unicamente em razão da exposição 
midiática, sem fazer jus a qualquer outro título (LILTI, p. 12, 2018).
Enquanto a imprensa sempre foi o cerne da disseminação de um 
nome ou de uma marca, hoje ela divide essa função com as redes so-
ciais digitais – que em muitos casos pretende substituir a própria im-
prensa. Do jornalismo e da literatura de Tom Wolfe, emprestou-se a 
ideia deste capítulo, que entende que o new journalism criado por Wol-
fe – entre outros – e a literatura convivem nesses espaços. E coabitam 
com a permanente pira que é o olhar da sociedade – conduzida pela 
moral, pela cultura, pela intolerância ou apenas por opiniões decorren-
tes de interpretações –, e a vaidade que leva pessoas e organizações a 
brilhar ou a arder nesses cenários simbólicos.
Nesse desvelar de notícias e construções, as fake news, notícias fal-
sas engendradas industrialmente de modo intencional e com o reforço 
dos recursos tecnológicos com vistas à consumação de determinados 
objetivos – os quais se possa imaginar serem sombrios – , soma-se à 
ideia de pós-verdade, quando os elementos objetivos de interpretação 
são substituídos pelos emotivos, e o logos dá lugar ao pathos, apelan-
do-se para sentimentos em lugar da razão, fazendo com que grupos 
predispostos ou sensibilizados a dado comportamento aceitem mais 
facilmente distorções em favor de suas crenças.
3 Cluster no sentido de grupos que se relacionam de modo estanque, independentemente do 
mundo exterior, criando atmosfera de microgrupo.
107
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
4.1. iNtoleRâNcia Na históRia: Religião, etNicidade e outRos pRoblemas 
Das inquisições e holocausto nazista às agressões que ocorrem 
no Brasil e no mundo a minorias – ou melhor qualificando: a grupos 
minorizados –, observa-se que a intolerância é uma constante no com-
portamento humano, ao longo da História. Vale ainda afirmar que o 
ato de “intolerar” está diretamente relacionado à não permissão da 
subjetividade do outro. O sentido de alteridade pode levar exatamente 
à compreensão das diferenças e, por conseguinte, à possibilidade de 
tolerância. Estar no lugar do outro, entender as diferenças, compreen-
der o que pode ser natural a outrem, são patrimônios relacionais de 
enorme importância em todas as sociedades. A ideia de outro já refor-
ça, de algum modo em si, a busca pela supremacia, pela superioridade.
Tolerar significa, da forma como entendemos, permitir que o 
outro exista, se manifeste, mas não é porque toleramos que, ne-
cessariamente, aceitamos e compreendemos. Estatísticas reve-
lam, por exemplo, que grande parte da população é tolerante aos 
homossexuais. No entanto, ver dois homens ou duas mulheres 
trocando afetos e carinhos pode ser um ato de estranhamento 
e agressividade para a maioria das pessoas. Há uma tolerância, 
certamente, desde que ele se manifeste e seja ele mesmo nos luga-
res que lhes são reservados (OLIVEIRA, ROCHA, LEAL, 2017).
Oliveira, Rocha e Leal (2017) demonstram que a fragmentação 
tem se tornado uma constante na sociedade moderna. Há uma perma-
nência do nicho nos padrões e espaços sociais que permitee direciona 
uma relação direta e aproximada entre iguais e afastada e escassa entre 
diferentes. Nesse sentido, o diferente torna-se ainda mais passível de 
estranhamento e rejeição e a intolerância ganha espaço e raízes cada 
vez mais profundas.
Nesse sentido, a necessidade de se afirmar enquanto tal gera 
uma intolerância doentia acerca do outro, no qual não se reco-
nhece. A prática da alteridade, capacidade de se colocar no lugar 
do outro não ocorre. Muito ao contrário, a definição e afirmação 
de si levam ao exercício de negar o outro que é externo, diferente, 
bárbaro (OLIVEIRA, ROCHA, LEAL, 2017).
Cavalcanti (2002) demonstra que o preconceito e a intolerância 
são precedidos por uma construção muito singular e particular ao ser 
108
Luiz-ALberto de FAriAs
humano, uma capacidade que torna a vasta complexidade do mundo 
passível de entendimento pela limitada mente humana – os estereóti-
pos. São eles que nos ajudam a captar e a assimilar os fatos externos a 
nós. Entretanto, por sua qualidade superficial e redutora da realidade, 
eles são passíveis de cometerem erros crassos.
Há uma imagem do mundo mais ou menos ordenada e consistente, 
a qual os nossos hábitos, nossos gostos, nossas capacidades, nossos 
confortos e nossas esperanças se ajustaram. (...) são uma imagem 
do mundo a qual nos adaptamos (LIPPMANN, 2008, p. 96).
A mídia, enquanto organizadora dos infinitos frames que com-
põem a realidade, favorece e fortalece os estereótipos, uma vez que 
eles se alimentam e transmitem apenas uma pequena e distorcida par-
cela da realidade que, por sua vez, é entendida pelo público como re-
sumo de sua completude.
A própria mídia é preconceituosa quando constrói seus estereó-
tipos. Faz parte de nossa razão elaborar cálculos, não matema-
ticamente, falando neste sentido, mas psicologicamente. Assim, 
muitas vezes o preconceito pode servir como norma de prudên-
cia que nos serve como um sinal de alerta, seja para não cairmos 
no erro de contatar certas pessoas que deveríamos evitar ou para 
entrarmos em certos locais que não parecem ser atraentes aos 
nossos olhos etc. Quantas vezes não acertamos então em nossas 
previsões “preconceituosas”? Por outro lado, quantas vezes fa-
lhamos em nossas previsões? Portanto, a resposta sobre a ques-
tão do preconceito não comporta uma resposta absoluta e ob-
jetiva, mas pode implicar em (sic) uma incógnita, ou seja, tudo 
depende (...) (CAVALCANTI, 2002, p. 1).
Os conceitos e preconceitos também podem ser construídos por 
meio de obra resultante de equação matemática, disseminados de for-
ma exaustiva, repetitiva, por canais que possam parecer confiáveis ou 
de baixo nível de checagem.
Vale destacar ainda que essa fragmentação e a redução da reali-
dade feitas pela mídia não podem ser entendidas como algo aleatório e 
inocente. Ao contrário: é meticulosamente selecionada e influenciada, 
inclusive, por outros padrões de estereótipos produzidos previamen-
te que precisam, por inúmeras razões, ser reforçados. De acordo com 
Vargas Llosa:
109
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
A fronteira que tradicionalmente separava o jornalismo sério do 
sensacionalista e marrom foi perdendo nitidez, enchendo-se de 
buracos, até evaporar em muitos casos, a tal ponto que em nos-
sos dias é difícil estabelecer diferença nos vários meios de infor-
mação (VARGAS LLOSA, 2013, p. 47).
Quanto ao aspecto da geração de sentido, ressalte-se a construção 
do discurso, que leva a dadas interpretações, a possíveis persuasões:
Assim, como foi mostrada, a questão do discurso entra como um 
canal através do qual se exerce o poder e o controle sobre os ou-
tros. A eugenia no Brasil revela um quadro de intolerância, étni-
ca, racial, cultural e social que acabou por levar pessoas inocentes 
a manicômios e prisões. Além de acentuar o preconceito racial 
sobre os negros, à medida que propõe um embranqueamento 
dos povos, relacionando à cor da pele ao atraso, à perversão, à 
barbárie e à degenerescência (OLIVEIRA, ROCHA, LEAL, 2017).
De acordo com Barbujani (2007) e Poutignat e Streif-Fenart (2011), 
toma força a ideia de que nem todos podem/devem ter os mesmos direi-
tos. Determinados tópicos discriminatórios são reforçados – cor da pele, 
língua, religião, passaporte etc – além da difusão de ideias da inferio-
ridade de raças frente ao referencial branco, em que filhos oriundos de 
etnias diferentes são atribuídos a “raças inferiores”. Ainda, nesse senti-
do, a ideia de trabalhador imigrante (ou mesmo migrante) pode ser a de 
inferioridade ou até mesmo de superioridade, de acordo com seus loci 
de origem e seus padrões culturais. Grassa pelo mundo, ainda, a multi-
plicação de discursos de projetos coletivos ameaçadores, bipolarizando 
o mundo e criando a necessidade de defensores com status acima da lei. 
Uma ditadura discursiva que pode levar a ditaduras políticas.
Vale ainda destacar que essa transmissão de ideologias intole-
rantes não é exclusiva apenas das mídias tradicionais, mas também 
está presente nas novas mídias – e talvez, até, maior, por conta da ideia 
de se tratar de “território livre” e cuja legislação dificilmente conse-
gue acompanhar a evolução tecnológica, criando em alguns momentos 
sensação de “terra de ninguém”. E, nesse sentido, a “democracia digi-
tal” dá contornos verossímeis, como se garantisse igualdade. Dugnani 
(2016) delimita que esse processo ocorre em uma relação antagônica, 
uma vez que a proposta inicial das novas mídias (digitais) seria justa-
mente a aproximação e a troca de diferentes informações:
110
Luiz-ALberto de FAriAs
Primeiro, a evolução tecnológica dos meios de comunicação está 
diretamente ligada ao encurtamento de distâncias entre grupos 
humanos, e com isso a busca por trocas de informação que pu-
dessem ligar esses grupos. [...] ou seja, o fim último da comuni-
cação deveria ser o de desenvolver as relações humanas, para 
que elas possam dividir conteúdos para que seja possível tornar 
comum os conteúdos, para que se possa desenvolver uma co-
munidade que possa viver de maneira harmônica (DUGNANI, 
2016, s/p).
Entretanto, acontece justamente o contrário, há sim uma aproxi-
mação, porém entre pensamentos e ideologias semelhantes e, com isso, 
ocorre o afastamento entre diferentes e o discurso de ódio e a intole-
rância ganham raízes de suporte – aquelas que podem crescer mesmo 
em áreas não sólidas, até pantanosas – e forças. A presença de grupos 
fechados, com restrição ideológica, é marca do chamado ambiente li-
vre. Em certo aspecto a liberdade da restrição, a inclusão restrita, a 
exclusão por princípio.
A força da opinião pública não decorre apenas da quantidade 
de adesões e nem da veemência de suas lideranças: decorre da 
coesão interna de seu impulso e da oportunidade objetiva da 
manifestação das correntes internas que a formam (MATHEuS, 
2011, p. 8).
Além das questões tratadas relativas às intolerâncias raciais, vale 
destacar que o amadurecimento em relação a temas como a diversida-
de, que ganham força e mobilização na contemporaneidade por meio 
de lideranças e coletivos organizados em torno desses temas, em de-
terminados momentos parece caminhar para trás, frente a pensamentos 
retrógrados. Assim, a intolerância também afronta diversidade sexual, 
cultural, étnica etc. A opinião muitas vezes se move no ódio, no caminho 
da censura gratuita, da ideia de salvação coletiva, fugindo ao cerne de 
que a salvação – como quer que seja entendida – é de cunho individual.
Há momentos, inclusive, cuja aderência a políticas de integração, 
de diversidade podem seguir padrões de moda, de discursos corpo-
rativos ou sociais sem lastro. Alterações em palavras, expressões etc, 
podem ser de cunho afirmativo, mas também podem não ter atrás de 
si políticas que de fato lhes deem suporte. Nesse sentido, o emprego 
de termos e regras que não tragam juntamente o desenvolvimento das 
111
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
óticas de relacionamento, que influenciem a transformaçãocultural, 
podem ser um idioma estrangeiro, não absorvido como sentimento 
pela sociedade de forma geral ou pelos grupos sociais.
4.2. Redes sociais digitais e supeRexposição
É difícil sabermos onde e quando estamos sob a mira de lentes 
que captam e se apoderam de nossa imagem. Sejam as não explícitas, 
porém disseminadoras, as “amigas” ou até mesmo as nossas próprias. 
A popularização da internet permitiu não apenas que nós tivéssemos 
mais acesso à informação, como também que nós produzíssemos con-
teúdo sobre o mundo e sobre nós mesmos, criando uma avassaladora 
onda de evasão de privacidade.
A internet proporcionou nos últimos anos uma superexposi-
ção de informações antes inimaginável, atingindo patamares de 
evolução a ponto de interferir na privacidade e intimidade das 
pessoas, mais especificamente em relação àqueles que desejam 
ter seus dados sobre fatos passados definitivamente apagados e 
se veem submetidos à uma pena perpétua social devido a per-
manência de conteúdos privativos à persecução penal pelo qual 
percorreram em ambiente virtual amplamente acessível (CAR-
VALHO; VIANA, 2015).
De acordo com Baldissera (2009, p. 118-119), além das pessoas, 
há também o processo de disseminação comunicacional das organiza-
ções, havendo o conceito de organização comunicada (a fala autoriza-
da), a organização comunicante (quando qualquer sujeito estabelece 
relação com a organização), o que se pode entender que leve a gerar 
a organização disseminada, impactando a própria organização e le-
vando-a à necessidade de reorganização permanente, para neutralizar 
uma percepção equivocada ou mesmo para construir imagem junto 
aos públicos com os quais interaja.
A permanência e a capacidade de capilarização de tais conteúdos 
– fora do que se deseje ou controle, e perto da intolerância – é tamanha 
que o Direito tem se adaptado e criado leis que preveem inclusive o di-
reito de o cidadão ser esquecido (CARVALHO; VIANA, 2015). A ideia 
de desmemoria na contemporaneidade é quase inimaginável diante 
de tantos repositórios formais e obscuros, mesmo que possa haver o 
112
Luiz-ALberto de FAriAs
momento pelo qual o desejo e a necessidade apontem pela busca da 
deslembrança.
Como se sabe, vivemos numa época em que dispomos de todas 
as facilidades para a captura de imagens, seja por meio de câme-
ras e/ou filmadoras digitais, celulares ou de webcams, recursos 
estes às vezes utilizados para registrar momentos íntimos que se 
quer rememorar na posteridade. Todavia, tornaram-se comuns, 
na mídia, os casos de indivíduos anônimos e de celebridades 
que tiveram fotografias e/ou vídeos publicados na Internet por 
parceiros(as), ou, por ex-parceiros(as) afetivos e/ou sexuais. Bas-
ta divulgar uma vez esses conteúdos relacionados à vida privada 
e o dano estará feito. Certamente os textos, as fotografias e os 
vídeos permanecerão armazenados em algum ponto indetermi-
nado da nuvem digital (FERREIRA, 2014).
Outro ponto importante é que a internet, tanto quanto criou no-
vos canais de comunicação, também deu origem a novas maneiras de 
violência.
A violência é um fenômeno presente em diferentes sociedades 
humanas, sejam elas simples ou complexas, sendo tradicional-
mente estudado no campo das Ciências Sociais. Ao longo de sua 
existência histórica e social ela tem variado conforme os meios 
para realizá-la, passando pelo uso do fogo e dos instrumentos 
rudimentares no Paleolítico, pelo aparecimento de armas bran-
cas como a espada, na Antiguidade, pela besta, na Idade Média, 
e pelas armas de fogo aprimoradas na Modernidade. Estes exem-
plos do que se tem como uma espécie de tecnologia da violência 
ilustram os meios físicos utilizados pelos indivíduos para impor 
sua vontade e poder sobre o(s) Outro(s). Já na contemporaneida-
de, temos assistido à sofisticação dos mecanismos para efetivar 
ações violentas. Graças a esse processo ela foi elevada a formas 
mais sutis, porém, não menos dolorosas do ponto de vista dos 
efeitos que pode provocar nas vítimas (FERREIRA, 2014).
Determinadas violências são consideradas inaceitáveis pela so-
ciedade, mas muitas são ou foram consolidadas pelo próprio modo de 
os grupos sociais interagirem. Como relata Foucault (2009, p. 9), houve 
tempo em que a penúria pública, o infligir de penas máximas e aterra-
doras fazia parte do comportamento social altamente recomendável. O 
espetáculo da agrura se dava em tablados públicos, tendo transfiguran-
do-se para o ambiente cibernético, mas ainda assim, dotado de humana 
113
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
curiosidade mórbida e moral adaptada aos conceitos que melhor aten-
dam ao espaço-tempo.
Damiens fora condenado a pedir perdão publicamente diante 
da porta (...) da Igreja (...) levado e acompanhado numa carro-
ça, nu, de camisola (...) e às partes que será atenazado se aplica-
rão chumbo derretido, óleo fervente, piche em fogo (...) (FOu-
CAULT, 2009, p. 9).
Desde o mecanismo arquitetural batizado de panóptico criado 
pelo arquiteto Jeremy Bentham, cuja finalidade era o domínio visual 
sobre a distribuição de corpos em ambientes de controle – prisões, ma-
nicômios, fábricas etc – a ideia caminhou para o conceito foucaultiano 
de mesmo nome, em que o poder e o conhecimento são artifícios para 
o controle social:
O panóptico de Bentham [...] É conhecido: na periferia, uma 
construção em anel; no centro, uma torre; esta é vazada de largas 
janelas que se abrem sobre a face interna do anel; a construção 
periférica é dividida em celas, cada uma atravessando toda a es-
pessura da construção; elas têm duas janelas, uma para o interior 
correspondendo às janelas da torre; outra, que dá para o exterior, 
permite que a luz atravesse a cela de lado a lado. Basta então co-
locar um vigia na torre central, e em cada cela trancar um louco, 
um doente, um condenado, um operário ou um escolar (FOU-
CAuLT, 2007, p 165-167). 
Se o panoptico iniciou-se com a ideia de uma construção que 
permitisse o acesso às pessoas – e estas com absoluta evasão de suas 
privacidades, fossem elas condenados, proscritos ou mesmo trabalha-
dores sob controle de tempos e movimentos – hoje a mesma evasão se 
dá de forma mais cordial, engendrada por um processo de recompen-
sas mediadas pela presença em redes sociais digitais edulcoradas pela 
ideia de imortalidade temporária.
E mesmo em um mundo virtual e de pretensas liberdades e de-
mocracias construídas por trocas dessas mesmas liberdades, agressões 
físicas continuam em diversos países como forma de punição, de con-
trole sobre o ser humano. Se o panoptico permeia a contemporaneida-
de de modos mais suaves e gentis, em alguns ambientes esse controle 
pode ser dado de modo mais explicitamente abusivo. É claro que isso 
114
Luiz-ALberto de FAriAs
deve ser entendido como agressão social e do Estado, inaceitável em 
qualquer parte, mas muitas vezes até naturalizado. Mas surgem com 
força as novas maneiras de impingir dor, cujas marcas e cicatrizes estão 
além do olhar humano, e no mais profundo do atingido. O ciberbulling 
(ou violência cibernética) é um dos novos termos criados para definir 
as agressões feitas via contextos digitais que podem variar desde uma 
discussão ainda no contexto da internet entre pessoas que pensem de 
maneira diferente até agressões físicas e verbais que alcancem a real 
materialidade.
A respeito desta nova realidade, definimos como ciberviolência 
toda e qualquer ação pela qual as TIC são utilizadas para propa-
gar o medo e a dor psíquica aos cibercidadãos que têm acesso aos 
recursos tecnológicos e comunicacionais disponíveis na socieda-
de da informação. Logo, telefones celulares, redes sociais, pro-
gramas de conversação online, sites, blogs, comunidades virtuais 
de relacionamento e a própria Internet são recursos que podem 
ser apropriados por indivíduos, ou por grupos, para se converte-
rem em veículos high tech de violência (FERREIRA, 2014).
Ainda, conforme é possível observar, Ferreira (2014) delimita 
que a ciberviolência ésempre feita por cibercidadãos, sujeitos por ex-
celência inseridos na lógica da imaterialidade.
Por cibercidadãos, entendemos todos os indivíduos que partici-
pam da experiência do múltiplo convívio num espaço de nature-
za imaterial (ciberespaço), sustentado por uma base tecnológica 
material que lhes permite novas experiências de sociabilidade, 
estas agora vivenciadas por meio de interações sociais remotas 
(FERREIRA, 2014).
Ferreira dialoga diretamente com os pensamentos de Gonçalves 
(2017) quando o autor delimita que os cibercidadãos vivem em lógicas 
singulares de espaço-tempo, na qual o espaço pode ser desterritoria-
lizado e o tempo totalmente habitável. “Com a desreferencialização 
do espaço emerge, pouco a pouco, nas sociedades contemporâneas a 
noção segundo a qual o espaço se transmuta em um ‘espaço-tempo’” 
(GONÇALVES, 2017). Nessas novas reconfigurações o indivíduo habi-
ta esse espaço por meio da exposição: quanto mais exposto, mais pre-
sente está no meio e mais sujeito está à visibilidade de outros expostos. 
Desse modo a sua imaterialidade o torna, estranhamento, mais real.
115
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
E ainda, no conceito de Augé, perde-se a noção de lugar por con-
ta de cada vez mais haver espaços sem relações duradouras, sem vín-
culos, lugares e passagem:
O lugar não é mais o mesmo que sempre foi. Ou mais, os lugares 
não são mais os mesmos que foram outrora. um mesmo espaço 
pode mudar ao longo da história. Os espaços ocupados podem 
ser os mesmos, mas é certo que todas as mudanças nele promo-
vidas são acompanhadas por uma ressignificação dos sentidos 
que lhe são atribuídos. São os mesmos espaços, mas diferentes 
lugares (MOCELLIM, 2009, p. 77).
Lugar e tempo se redimensionam, se ressignificam, perdem a es-
sência e passam a fazer parte de um admirável mundo novo e virtual, 
etéreo, muitas vezes vazio. Os espaços e as matérias perdem as suas 
presenças, cedendo espaço a outros modos de significação.
4.3. coNstRução e descoNstRução de mitos
O mundo ganhou mais porosidade: “vídeo, tela interativa, multi-
mídia, internet, realidade virtual: a interatividade nos ameaça de toda 
parte. Por tudo, mistura-se o que era separado; por tudo, a distância é 
abolida” (BAuDRILLARD, 2005, p. 129). Nesse texto, grafado original-
mente em 1996, o pensador francês já nos convidava a um momento 
de construção e de desconstrução, simultâneas e avessas, como um tri-
buto pela ideia de que todos podem participar de absolutamente todas 
as instâncias. Um convite à democracia – ou algo que possa assim ser 
entendido – propiciada pelo digital.
Além de abrirem espaço para uma ressignificação da lógica tem-
po e espaço, as novas mídias também criam espaço para a formação 
de novos efêmeros heróis que, diferentes daqueles que encontramos 
nos veículos tradicionais, possuem uma condimentação a mais de rea-
lidade e proximidade, adocicando-a. “As celebridades, heróis e estre-
las estabelecem uma relação entre o real e o imaginário, porque, além 
do mundo terreno, participam do mundo sobrenatural e dos sonhos” 
(CAMPOS, 2008). Afinal “homem nenhum pode descrever o que há 
dentro dos sonhos”, nos avisava Baudelaire (2007).
116
Luiz-ALberto de FAriAs
Sobre o fenômeno, Campos (2008) delimita que os meios de co-
municação de massa, incluindo a internet, possuem essa capacidade 
ímpar de mitificação de pessoas comuns e transformação de cidadãos 
em celebridades, heróis e estrelas. Ao contrário de sujeitos comuns, 
essas novas criações são transformadas em produtos a serem consumi-
dos pelo público e a moeda de troca é a constante exposição midiática.
A serviço da Indústria Cultural, estão os meios de comunicação de 
massa, os quais, com sua extraordinária capacidade de reprodu-
ção, criam e divulgam um elenco variado de produtos culturais. 
Ao lado de filmes, músicas, livros, programas de rádio e televi-
são, essa indústria produz um tipo de mercadoria, que a princípio 
pode não ser identificada como tal. São as celebridades, heróis e 
estrelas, que fazem parte da indústria do entretenimento e cuja 
imagem pública é produzida pela mídia, ou seja, adquirem fama 
e sobrevivem graças à exposição midiática. Esses personagens se 
expõem para o consumo, nas telas da televisão, do cinema, da In-
ternet e nas páginas de revistas e jornais, assim como os demais 
produtos industriais são expostos em vitrines e prateleiras das 
lojas, para que sejam consumidos. E mesmo naqueles lugares ocu-
pados pelas outras mercadorias, muitos deles estão presentes; seja 
em um display de ponto de venda ou em produtos que adquiri-
ram o direito de utilizar seu nome ou imagem, como sandálias, 
cadernos ou mochilas, por exemplo (CAMPOS, 2008).
A transformação de cidadãos em produtos consumíveis é um 
processo que, segundo Campos (2008), ocorre via dessacralização, 
uma vez que acontece de forma artificial e “industrializada”. Segundo 
ele “os mitos da mídia são, assim, modelos culturais dessacralizados, 
exaltados pelos meios de comunicação, que têm em comum o fato de 
serem mercadorias culturais, se não inteiramente criadas, pelo menos 
difundidas pela Indústria” (CAMPOS, 2008). Por sua vez, vale também 
acrescentar que tanto quanto as novas mídias criam heróis e mitos, elas 
também possuem o poder de desmitificação, uma vez que a superex-
posição permite uma maior exibição de vulnerabilidades.
Não há captura da realidade empírica que não passe pelo filtro 
de um ponto de vista particular, o qual constrói um objeto parti-
cular que é dado como um fragmento do real. Sempre que tenta-
mos dar conta da realidade empírica, estamos às voltas com um 
real construído, e não com a própria realidade (CHARAUDEAU, 
2012, p. 131).
117
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Os mitos ora são efeito de causas não intencionais, ora são cons-
truídos. Para tanto atuam os meios de comunicação por conta própria 
ou pautados por agentes cuja intenção é explícita, como os agentes de 
Relações Públicas: “por trás das narrativas míticas podemos encontrar 
um fundo moral, lições de vida (...)” (LAGE NETO, 2010, p. 26-27). 
E, nesse movimento de construção, novos sentidos se criam, como a 
reconstrução da oralidade, defendida por Eliade (2012), que passa a 
ter novos contornos, passando a ser reinventada, ressemantizada e 
até mesmo apresentada por novos padrões não orais, mas imagéticos. 
Toda essa transformação leva a novos mitos.
As histórias são contadas e recontadas, significadas e ressignifi-
cadas. Enfim, narradas. E, desse modo, “a narrativa passa, assim, a ter 
uma dimensão tal que, quando proferida, se presta à causa de curar, e, 
ao mesmo tempo, dilatar a fenda da consciência humana em relação às 
forças das quais ainda é inconsciente” (CONTRERA, 2000, p. 46).
As histórias são construídas e narradas de modo a gerar ritos de 
passagem, produzirem delimitações entre o profano e o sagrado, em 
busca da sacralização do comum. A mídia, assim, permite dar a aura 
sagrada ao comum, ao normal, ao cotidiano, extraindo-o de seu espaço 
e criando-lhe um aparente lugar de representação. Criam-se fronteiras 
e marcos que permitam heroificar e pavimentar uma trajetória especial 
ao discurso e aos agentes nele envolvidos (GENNEP, 2013).
As histórias, por conta desse processo paradisíaco, porém artifi-
cial, tendem a acelerar o apogeu e, por conseguinte, devido à velocida-
de artificial, seu declínio. Reinaugura-se, assim, o terror do inferno e a 
expectativa de anjos que levem ao céu. O céu midiático, mas ainda um 
céu. Todavia, perto demais do próprio inferno.
Há um nascer que precisa ser reconhecido pela mídia e pela opi-
nião pública, do contrário haverá o fardo da inexistência ou da insigni-
ficância, como nos relata Eliade:
Quando acaba de nascer, a criança só dispõe de uma existência 
física, não é ainda reconhecida pela família nem recebida pela co-
munidade. São os ritos que se efetuam imediatamente após o par-
to que conferem ao recém-nascido o estatuto de ‘vivo’ propria-mente dito; é somente graças a estes ritos que ele fica integrado 
118
Luiz-ALberto de FAriAs
na comunidade dos vivos. [...] Para certos povos, [...] a morte de 
uma pessoa só é reconhecida como válida depois das cerimônias 
funerárias, ou quando a alma do defunto foi ritualmente condu-
zida à sua nova morada, no outro mundo, e lá embaixo foi aceito 
pela comunidade dos mortos (ELIADE, s.d., p. 143-144).
Os mitos (narrativa e outros aspectos) fixam os modelos exem-
plares de todos os ritos e de todas as atividades humanas significativas 
(NASSAR, FARIAS, 2017).
Os rituais são narrativas construídas por meio de elementos 
simbólicos (corporais, orais ou não orais) que são marcados pela 
repetição e pela intenção retórica. Nesse primeiro enquadramen-
to conceitual pode-se falar em narrativas da experiência. Estão 
presentes nas memórias de todas as culturas, como processos 
de identificação e afirmação dessas culturas e de seus integran-
tes. Nesse segundo enquadramento pode-se falar em memórias 
rituais. Essas narrativas rituais e da experiência – marcadas na 
memória humana – podem se caracterizar como sagradas ou 
profanas (NASSAR E FARIAS, 2017).
Os rituais são processos narrativos de evocação e rememoração 
de histórias de origem – mitos – ou de importância destacável naquilo 
que foi experimentado e que se quer experimentar novamente, no âm-
bito do sagrado ou do profano (NASSAR e FARIAS, 2017). A criação 
de mitos, por meio de ritos, deve-se ao desejo de exercer poder sobre a 
situação vivida, no caso aqui em questão, sobre a opinião. A artificia-
lização da ideia de mito também pode ser um recurso narrativo, que a 
partir da estratégia da repetição, leva à criação de pseudo realidades.
Ainda em relação aos rituais, eles se reconstroem no contempo-
râneo, ganhando aura de inovação, mas de modo geral, reproduzindo 
aquilo que gera sentido, que ecoa nas mentes de modo a fazer-se en-
tender e a buscar as referências tradicionais, mesmo que muitas vezes 
expressas em novos suportes, novos devices/gadgets/dispositivos, estru-
turas de abrigo e que por si só não gerariam sentido não fossem ampa-
radas por rituais que as transcendessem.
Enfim, há um jogo permanente de construção e desconstrução 
de mitos – e que não se confunda aqui a mitomania que muitas vezes 
são a base para a heroificação de personagens –, em velocidade cada 
119
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
vez mais acelerada, mas sempre ancorado em bases que possam ge-
rar representação simbólica para os atores e para seus públicos. Nesse 
sentido, o capítulo seguinte trabalha riscos e crises de imagem a partir 
de dois conceitos-chave: as fake news e as pós-verdades, ambas tratadas 
a partir das paixões contemporâneas, da indústria que se origina com 
finalidades político-eleitorais, estratégicas, geopolíticas, militares, co-
merciais etc.
121
capítulo 5
Fake news e pós-verdade: 
indústria de risco, crise e imagem 
em tempos de cólera
5.1. comuNicação em tempos de cóleRa
A comunicação está por toda parte, compõe cada instância do 
discurso – seja pela compreensão, ou pela ausência dela. Suas funções, 
seus objetivos podem estar em diversas direções. Seja pelo bem co-
mum, pelo encontro de pontos que unam pessoas, comunidades, ci-
vilizações e seus componentes, seja mesmo pelo alcance de metas de 
distintas nuanças e matizes.
Para que aconteça o encontro, a possibilidade dialogal, a comu-
nicação está sujeita a ambientes e a condições específicas. Em certa me-
dida, a comunicação é expressão do acontecimento, e se dá pela pos-
sibilidade de diálogo – e este acontece anterior e posterior ao próprio 
acontecimento (BAKHTIN, 2003) – e da geração de significados para os 
atores envolvidos. A capacidade de filtrar ocorrências de acordo com 
as lentes individuais ou coletivas também é marca do ser humano, que 
se coloca frente a uma situação antes mesmo de ela ocorrer.
Em tempos de grandes embates que ocorrem prioritariamente e 
como condição sine qua non na sociedade da intolerância, o risco deve 
ser um elemento calculado e trabalhado para evitar os processos de 
crises de comunicação e de imagem. No escopo da comunicação o risco 
é elemento dotado de grande carga simbólico.
E o risco e a possibilidade de existência de crise devem fazer par-
te de processos e de estratégias de comunicação no âmbito das relações 
públicas. Como comunicação de crise pode-se definir que seja:
122
Luiz-ALberto de FAriAs
(...) o processo de narrativas interpessoais ou midiatizadas no es-
paço interno ou externo de uma dada organização, podendo al-
cançar ou não os veículos de comunicação de massa, relacionadas 
a uma crise, que pode ser entendida como a ruptura das condições 
de relacionamento concreto/ efetivo ou simbólico entre uma orga-
nização/personalidade e seus públicos de relacionamento. Segun-
do Farias (2009), crises de imagem podem ter diferentes origens e 
apresentam o potencial de levar pessoas e organizações a signifi-
cativas perdas, de diferentes tipos – desde questões simbólicas até 
materiais. A crise pode levar a empresa a lucro cessante, perda de 
clientes e de fornecedores, de acionistas, de licenças para funcio-
namento etc. Enfim, potencializa a geração de perda de imagem 
ou de reputação e, por consequência, de mercado. As crises po-
dem ter diversas fases. Nem sempre são detectadas, antecipada-
mente, mas a gestão de suas etapas aguda (eclosão da percepção 
de crise) e crônica (sustentação do processo de crise) devem per-
mitir a antecipação da fase pós-traumática (início da minimiza-
ção temática e de percepção, seja pelo efeito, seja pela perda de 
interesse como agenda). Mesmo após a crise, esta deve ser trata-
da como elemento-chave no planejamento de relações públicas, 
quaisquer tenham sido os seus resultados. Segundo Rosa (2007, p. 
21) “as crises de imagem são eventos cada vez mais presentes em 
nosso cotidiano, mas ainda constituem um campo da sociedade 
brasileira, praticamente não devassado e quase nada explorado 
pelos principais agentes e instituições do país”, o que dificulta a 
elaboração de planejamentos de comunicação para situações de 
crise. A comunicação de crise é essencial no escopo do pensar or-
ganizacional, pois esse processo marca a história e a trajetória da 
relação entre organização e seus públicos: a partir dos processos 
de narrativas comunicacionais ali desenvolvidos/desenrolados, 
gerando-se estruturas produtoras de significados. À medida que 
um acontecimento relacionado a uma crise seja objeto de dissemi-
nação (midiatizado em alguma medida) a ocorrência gera outras 
percepções, outras ocorrências que se associam imediatamente à 
percepção de crise original. A comunicação, em situações de con-
flito ou de crise, pode contribuir para a legitimação dos princípios 
organizacionais (missão, visão, valores, filosofia, objetivos) junto 
aos públicos (FARIAS, 2010, p. 253).
Antes, ainda, pode-se entender a necessidade do trabalho de 
comunicação no sentido de evitar que crises se estabeleçam, mesmo 
que se tratem de ambientes férteis ao aparecimento e ao crescimento 
dessas, inclusive pelo potencial de disseminação atual por conta dos 
instrumentos tecnológicos. Por conta disso, a comunicação de risco, 
123
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
aquela voltada à avaliação dos cenários e condições que possam levar 
a um cenário de crises, deve ser presente e atuante. Nesse sentido, a 
comunicação de risco:
Está diretamente associada ao campo de atuação de determi-
nados segmentos/corporações. Trata-se de matéria fundamen-
tal para a construção da atividade de relações com os públicos 
– independentemente do tipo de relação estabelecida: a partir 
de quesitos geográficos, impactos de poder etc.; interno ou ex-
ternos. A comunicação de risco é área de pesquisa ainda recente, 
tendo seus primeiros estudos a partir da década de 1980 (SJÖ-
BERG, 2007). De acordo com Forni (FARIAS, 2007, p. 201), “(...) 
no Brasil, ainda, não temosa prática da prevenção, de investi-
mentos ou mesmo qualificação para evitar situações de risco”. 
A sua existência está diretamente relacionada à necessidade que 
determinados assuntos têm em ser esclarecidos a certas audiên-
cias/populações/usuários: passa pelo processo de transmissão 
de informações de especialistas a diferentes públicos, dentre os 
quais, leigos, utilizando-se para tanto de mídias de massa e diri-
gidas. Os conceitos de risco devem ser trabalhados sempre que 
algum setor apresentar potencial de surgimento de problemas 
motivado por uso, instalação, produção ou relacionamento entre 
empresas/ organizações/instituições-pessoas-ambiente-(...). Tan-
to pode tratar de riscos imediatos como de eventualidades futu-
ras, sempre com olhar sobre prevenção, tratamento ou percepção 
sobre o a origem e o foco do risco (BATISTA, 2007). Os riscos 
podem ser efetivos ou simbólicos, resultantes de interação entre 
sujeitos ou organizações, ação produtiva ou mesmo construção 
de simulacros, que podem advir de boatos ou spins (técnica de 
rodear um problema sem ir diretamente ao assunto). Quaisquer 
públicos que estejam envolvidos de forma direta (especialmen-
te) ou indireta em situações de risco têm o direito à clara infor-
mação – que leve ao adequado entendimento – sobre quaisquer 
perigos aos quais estejam sujeitos. Ao mesmo tempo, a comu-
nicação precisa estabelecer processos de clareza de informação 
que não permitam a geração de pânico ou descontrole: deve-se 
gerar comunicação responsável. A percepção da emergência está 
diretamente relacionada à imagem e à reputação dos envolvidos 
e pode potencializar um processo de equilíbrio ou de desequilí-
brio entre as partes. A comunicação de risco pode ou não estar 
associada a situações de crises, pois pode antecipar-se a estas, 
mitigando-as, ou mesmo, se não trabalhada de modo correto, 
pode ampliá-las (FARIAS, 2010, p. 255).
124
Luiz-ALberto de FAriAs
A análise de riscos – que não deve ser utilizada de forma tanato-
lógica, mas também, afinal riscos podem ser decorrentes de situações 
históricas e podem levar a mortes simbólicas ou concretas de organi-
zações ou imagens – faz parte da moderna comunicação de relações 
públicas, entendida como filosofia e não apenas como ação profilática 
ou discursiva.
Quando em determinada situação se defende que não haja a 
intenção precípua de se fazer relações públicas – como se estas esti-
vessem a serviço de agradar a determinada plateia, exclusivamente –, 
equivoca-se: relações públicas vem de um processo comportamental 
pleno, capaz de produzir significativos resultados, pois trabalha no 
sentido de gerar relacionamentos e esses são fluidos e voláteis, e de-
pendem de interação entre interesses e atores.
Cada vez mais, com monitoramentos colaborativos, os erros do 
cidadão, das corporações e do poder público ficam expostos rápida e 
massivamente. Quando há danos, estes devem ser tratados em todas 
as suas vertentes, mirando-se todas as arestas, sem deixar de lado a 
essência, a causa motivadora, inclusive não apenas do ponto de vista 
comunicacional. Nos danos podem ser observados os elementos ma-
teriais, mas não podem ser deixados de lado os diversos aspectos sim-
bólicos ali presentes e capazes de gerar novos danos, novas perdas e 
impactar de modo irrefreável pontos como a reputação.
5.2. cóleRa em tempos de comuNicação
Cólera é sentimento tão antigo quanto a humanidade – ainda que 
muito associada ao catolicismo, é anterior a este, que a utilizou de for-
ma didática para educar sobre vícios e fraquezas diversos –, atribuída 
fundamentalmente aos animais, por se tratar de situação não movida 
pela racionalidade. Trata-se de forte oposição, motivada por sensação 
de prejuízo ou de moléstia, gerando um dos sete pecados capitais: a 
Ira. A cólera é quase inamovível, pois está longe da razão.
Mas o que se normalmente se imaginaria é que a cólera seja mo-
tivada por algo que nos afete diretamente, que nos leve ao conheci-
mento do suposto gerador do mal, ao agressor ou assim entendido. 
125
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Em tempos contemporâneos os comportamentos iracundos têm se tor-
nado mais comuns que em outras épocas, pois eles passam também a 
ser gerados por fatos aparentemente desencontrados com os interesses 
do sujeito afetado, motivados por farta circulação de informação e de 
opinião – mesmo que essas sejam construídas como fruto de fontes du-
vidosas. Isso porque a multiplicação das fontes de emissão de opinião 
se multiplicaram de modo exponencial. E, por conta da suposta ideia 
de que todos passaram a ser formadores de opinião4 devido a novas 
modalidades de expressão, assim também cresceu a ira.
Comunicar em cenários cuja predisposição seja negativa – ou no 
qual o ambiente seja instável, a priori – é sempre um risco, uma si-
tuação de maior empenho e potencialmente menores colheitas. Para a 
gestão dos relacionamentos em ambientes desse perfil, há a indicação 
da comunicação de risco associada à comunicação de crises.
Determinados aspectos são fundamentais para que a comunica-
ção se efetive, e o ambiente é essencial para isso. Tanto o ambiente con-
creto quanto o simbólico. Além disso, espaço e tempo também são vitais 
na análise do cenário, pois têm caráter persuasivo sobre a audiência e a 
sua compreensão, são representações da cultura. A cenografia do am-
biente (proxêmica), a movimentação em cena (kinésica), gestualidade e 
figurino, entre outros, podem causar determinadas compreensões: por 
isso a preocupação das organizações e das pessoas com o desenho de 
seu outfit5, muitas vezes criando aparências altamente superficiais, indo 
ao encontro do que a opinião pública prevalente a conduza.
Exemplos disso são as ações de propaganda e de relações pú-
blicas associadas a grandes temas que estejam em voga – diversidade, 
direitos femininos, sustentabilidade e outros que ganhem destaque –, 
assinadas por empresas que justifiquem ser esses assuntos parte de seu 
DNA (expressão que se tornou lugar-comum no discurso corporativo, 
emprestada da Biologia, utilizada de modo geral de forma pouco feliz). 
4 Leve-se em consideração que esses aparentes formadores de opinião, os sujeito-mídia, de 
modo geral não têm fonte própria de informação, o que os torna reprodutores – nem sempre 
com precisão ou clareza – de informações de terceiros. E a disseminação de informação car-
rega em si, sempre, intencionalidade.
5 Expressão utilizada aqui de modo metafórico, figurando como representação imagética, 
como indumentária simbólica.
126
Luiz-ALberto de FAriAs
Haveria aqui uma tentativa de primazia do imaginário biológico (LE 
BRETON, 2012, p. 17), algo que justifique a essência, que fortaleça os 
modismos e o escorregamento de significados.
Essas campanhas podem servir de embalagem e de discurso, 
buscando boa atenção para as marcas. Em tempos de cólera, esse pode 
ser um bom caminho, uma boa estratégia, mas perigosa, justamente 
por conta do monitoramento colaborativo, em que o passado se torna 
o presente dos fatos passados, vindo à tona resgatados pelo poder de 
repositórios absolutamente poderosos – mesmo que nem sempre tão 
confiáveis. O enxerto de imagens à história é algo já muito antigo, mas 
ganhou novos contornos por conta da acessibilidade tecnológica. Po-
deríamos falar aqui de uma “grilagem”6 histórico-tecnológica.
Além da cólera, outro aspecto importante é a predisposição à into-
lerância (como já tratado em páginas anteriores), sempre tão vívida, e já 
criticada por Voltaire (1763) em plena França de Monarquia Absolutista. 
A ideia de tolerância tem em sua base a relação com a liberdade religio-
sa, e de crença, aos direitos humanos e à liberdade de expressão (CRE-
PPELL, 2003). E a liberdade de expressão hoje justifica o silêncio exigido 
a determinadas partes e a democracia prêt a porter. Ou seja, a aceitação do 
diferente muitas vezes é uma conquista de grupos minorizados.
Se Voltaire (1763) classificava, já no século XVIII,a intolerância 
como bárbara e irracional, isso nos leva ao pensamento e à ação co-
lérica. Assim, o comportamento intolerante e colérico tanto pode ser 
gerado por ações de fanatismo quanto de absoluto posicionamento ra-
dical (entendido aqui como drástico, inflexível e intransigente). E nesse 
contexto pode se referir a um tipo de fanatismo opinativo.
5.3. cóleRa como cultuRa, comuNicação como pRocesso
A comunicação nas organizações foi estabelecida há muito como 
alternativa de crescimento e sustentação. Sejam estratégias de publici-
dade voltadas à construção e ao crescimento de share de mercado ou 
lembrança de marca, podendo-se agregar valor a esta, sejam ações de 
6 Grilagem é o sistema de apropriação de terras a partir de documentos envelhecidos artifi-
cialmente, aqui utilizado como metáfora.
127
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
propaganda destinadas à construção de identidades, sejam políticas 
de relações públicas destinadas à criação e gestão de relacionamen-
tos. Muitas vezes, inclusive, estratégias adotadas de forma integrada 
e planejada, e ainda podendo-se recorrer a modelos de marcas guar-
da-chuva (PEREZ, 2004, p. 18) que associam invariavelmente o nome 
de empresas e de produtos. De algum modo, na contemporaneidade, 
busca-se de forma obsessiva por ações de disrupção, que possam inter-
romper o seguimento natural de processos, dando maior capacidade 
para romper ou alterar o curso das relações entre produtos-organiza-
ções e seus públicos.
Todavia, no tocante a questões de crises, ainda há em diversas 
organizações, senão na maioria, um sentimento de mal-estar levando 
ao distanciamento do debate sobre casos passados e aspectos sensíveis 
atuais ou futuros. Esse é um aspecto nitidamente cultural, a ser tratado 
em cada ecologia corporativa dentro de suas características próprias 
e o saber relativo às necessidades organizacionais, seus significados 
e sentidos, pois “todo conhecimento move-se em nós pelos sentidos: 
eles são os nossos mestres [...]. A ciência começa por eles e resolve-se 
neles” (MONTAIGNE apud LE BRETON, 2016, p. 21). Deve ser levado 
em conta e trabalhar-se movimentos de forma a se buscar a saturação 
sobre o tema. A fuga ao debate, ao contrário, gera instabilidade e incer-
teza, além de ser proibitiva ao uso de aprendizados de forma a mitigar 
crises futuras e também evitá-las.
A crise assume, então, caráter polissêmico, visto ser encarada 
como oportunidade pelos atores midiáticos – sejam os massivos, soli-
damente constituídos, sejam os entrantes, alguns, talvez até arrivistas 
e, por isso, mais afetos a crises como produto de subvenção a sua auto-
promoção – e até mesmo por figuras públicas, e absoluto receio e fuga 
pelo universo corporativo e mesmo pessoal. Isso leva a uma disputa 
de sentidos de certo modo obscura, cuja opacidade se deve ao fato de 
nenhum dos actantes assumir claramente a sua predisposição. Os su-
jeitos midiáticos não deixam claro o seu desejo de consumo da crise 
como produto, e as corporações, tampouco, mostram-se claramente 
preparadas para lidar com o tema.
Entender que haja uma cultura à crise por quem se beneficia 
dela faz todo o sentido. Acreditar que seja natural a existência de um 
128
Luiz-ALberto de FAriAs
processo preventivo em relação a crises é um crasso engano. Se algu-
mas empresas investem em procedimentos de previsão e prevenção 
de risco – e de fato muitas assim o fazem – isso pode ser decorrente 
de determinações de compliance, de memória oriunda de crises já ha-
vidas, ou mesmo de ações discursivas, efetivas ou evasivas.
Para gerenciar uma crise o ponto inicial é a concentração sobre o 
risco. Determinadas organizações, por força do segmento, estão mais 
acostumadas a entender o risco como algo diário, mas nem sempre de 
forma tão natural, pois ele – seja operacional ou mesmo de comunica-
ção – se apresenta por diversas formas e de inúmeras origens.
Diversas circunstâncias podem levar a crises. Antes de elas exis-
tirem é necessário que se diagnostique o ambiente corporativo e se 
busque identificar nele as fragilidades – a ponto de serem minimizadas 
ou compreendidas – e as forças, para serem estimuladas.
Muitos elementos levam a crises de imagem/comunicação. Po-
dem ser falhas em processos ou sistemas de produção, erros de gestão ou 
de gestores, declarações erradas ou mal interpretadas, boatos, redes sociais 
afoitas etc. Tudo isso pode alterar ou influenciar a opinião de públicos 
acerca de uma empresa, como em um flash. Enfim, crises de imagem 
podem destruir a reputação de uma companhia (FARIAS, 2010).
Nos últimos tempos várias situações têm levado a enfrentamen-
tos entre organizações e opinião pública. Situações como declarações 
homofóbicas (caso recente envolvendo o presidente de uma indústria 
alimentícia), denúncias espetaculares e duvidosas (caso de um roedor 
supostamente encontrado em uma garrafa de refrigerante), erros de 
processos e produtos (contaminações, adulterações etc), superexposi-
ção à opinião pública e à mídia (casos de artistas, empresários e políti-
cos), denúncias de trabalho escravo (como o que ocorreu com algumas 
lojas de departamento e de vestuário, por exemplo, levando à neces-
sidade de criação de Termos de Ajuste de Conduta – TACs e gerando 
fortes desgastes), crises de gestão, ética e compliance (como o que ocor-
reu com indústrias nacionais e internacionais, como algumas do ramo 
automobilístico no Brasil e pelo mundo) e situações de grave impacto 
ambiental e perdas humanas (casos de vazamento, rompimentos de 
barragens e tragédias técnicas decorrentes de diversos tipos de falhas).
129
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Organizações de perfis e portes os mais diversos podem estar 
sujeitas a boa parte desses riscos, necessitando antever e criar escu-
dos simbólicos que possam mitigar riscos e crises. Ainda assim, as or-
ganizações têm determinado poder de comunicação sobre si mesmas 
e, ao mesmo tempo, enorme dificuldade de controlar o que é dito a 
seu respeito, a sua revelia (BALDISSERA, 2009). A organização – e as 
pessoas – é simplesmente disseminada, sem qualquer controle sobre 
esses fluxos.
Em algumas situações de controvérsias com a comunidade ou 
com o poder público, aliadas a essa dificuldade de controlar o que é 
dito a seu respeito, a empresa pode acabar perdendo sua licença social 
para operar, ou seja, uma autorização que a sociedade concede para 
que uma organização inicie ou mantenha as suas atividades em deter-
minado segmento.
Porém, se a empresa conquistar a licença social para operar 
por um processo de inteligência, patrocinado por alta direção, tendo 
como objetivo refletir sobre os impactos sociais, políticos e comuni-
cacionais das ações da organização, dentro de um quadro estratégico 
de longo prazo, destacadamente institucional, ela pode, nessas oca-
siões controversas, inclusive, fortalecer suas narrativas comunicantes 
e comunicadas, estabelecendo relações de confiança entre a organiza-
ção e seus públicos.
Há também modos de prevenção como a avaliação sobre quais 
são os principais riscos da empresa, pensando quais são as fragilidades 
internas e quais ameaças vêm de fora, de modo a definir as melhores 
políticas, estratégias e ações para impedir o rompimento do controle e 
a perda da capacidade de gerenciar situações previsíveis e imprevisí-
veis, chegando-se às melhores práticas.
A criação de uma matriz de Sensibilidades e Oportunidades 
(Matriz S&O), destacando-se temas oportunos e sensíveis, deve ser 
feita como guia para todos os discursos e ações organizacionais. Para 
isso, devem ser reunidos todos os líderes tomadores de decisão, sensi-
bilizados para os efeitos e a volatilidade da comunicação e, a partir daí, 
iniciado o trabalho de desenho de riscos organizacionais, chegando-se 
a uma matriz que permita a atividade organizada e planejada de todos 
130
Luiz-ALberto de FAriAs
os setores, avaliando-se possíveis desdobramentos e interações entre 
riscose ações.
Comunicação em tempos de volatilidade opinativa, endossos às 
cegas e precocidade e incontinência enunciativas geram risco a pessoas 
e a corporações, a grupos e a sociedades. A informação cuidadosa e a 
educação permanente – tanto a formal quanto aquela encontrada em 
processos de treinamentos e interações –, é que podem gerar uma so-
ciedade com responsabilidade sobre os discursos, entendendo o peso 
de cada palavra, de cada “postagem”, de todas as manifestações pú-
blicas, que podem ir muito além das fronteiras e consequências ima-
ginadas. Isto é opinião pública: o incontrolável, pois do contrário, será 
manipulação e equívoco.
131
 Reflexões não solitárias
“Não há fatos eternos, como 
não há verdades absolutas.”
F. Nietzsche
O universo da comunicação é perpassado por inúmeras disputas 
simbólicas. O conceito de opinião pública é amplo e, sob certo aspecto, 
controverso. A ideia de que seja resultante de controle, manipulação, 
intencionalidade e, por isso, não exista como tal, mas apenas enquanto 
representação de dados interesses, não é equivocada – ao menos não 
em seu todos –, mas certamente é radical.
Se não podemos hesitar em dizer que haja diversos desses pon-
tos no processo de formação da opinião pública e, claramente, haja in-
tencionalidade de diferentes forças em desenhá-la, há, por outro lado, 
elementos que se agregam nesse processo de formação de sentido. A 
opinião pública é resultante da geração de sentido, o qual deriva de 
distintos inputs, de diversos processos de construção, reconstrução, 
formação, formatação, distorção, interpretação, ressignificação etc.
A proximidade e o interesse existentes na matriz do pensamento 
de relações públicas vista como um elemento sistêmico e de inserção 
no modus pensandi da comunicação sobre a opinião pública de certa-
mente existem e impactam a ação orquestrada, coordenada, planejada 
sobre os processos de informação e de formação de opinião.
A revisão relativa à produção científica voltada ao tema opinião 
pública, contemplando o espaço de uma década e meia (de 2000 a 
2015), demonstrou produção qualificada acerca do tema, mas ainda de 
pouco volume no que se refere a comunicação e relações públicas, es-
pecialmente. Com isso, pode-se vislumbrar um significativo potencial 
132
Luiz-ALberto de FAriAs
de pesquisa que se enverede nessa direção, ou ainda possa se explicitar 
nesse tipo de estudo.
A existência de produção em todos os produtos pesquisados – 
artigos, livros, teses e dissertações – demonstra a relevância e o alcance 
do tema. A questão levantada em alguns momentos deste texto – se de 
fato existe ou não uma opinião pública – parece se responder a partir 
da argumentação de existir produção oriunda de diferentes campos 
e em diferentes empreitadas. Essas produções articulam-se entre si à 
medida que vêm de origens diferentes, mas se complementam, dialo-
gam sobre o objeto.
O fato de a opinião ser publicada ou não também é um aspecto 
de grande relevância, pois só pode haver opinião pública em ambien-
tes nos quais haja liberdade de expressão – tanto individual quanto 
coletiva, tanto pessoal quanto institucional. Mas por sua vez regimes 
de exceção e situações de intolerância também podem levar ao silên-
cio – mesmo que não imposto formalmente –, à fuga da manifestação, 
o que impede a plena informação e o debate, essenciais à formação 
de juízo de valor, de julgamento sobre os fatos e, por conseguinte, de 
opinião. Intolerância é ditadura, e a conjunção desses dois fatores leva 
à distorção opinativa.
A revisão relativa à opinião pública permitiu o levantamento de 
conceitos ao longo do tempo – bem como, de obras e pesquisadores – 
levando a um cenário de possibilidades de compreensão. E, nesse sen-
tido, concluiu-se o necessário para se permitir a plena compreensão do 
termo e de seus desdobramentos. Bem como entender a real dimensão 
do conceito e sua relevância como objeto de estudo e de influenciador 
da sociedade.
A apresentação dos conceitos de relações públicas, bem como, a 
apresentação de sua trajetória puderam demonstrar a força crescente 
como campo de pesquisa e de atuação profissional no Brasil. Ainda que 
se trate de área relativamente jovem, apresenta massa crítica e conjunto 
de pesquisa e de pesquisadores que lhe dão substância (FARIAS, 2009).
Discutir opinião na contemporaneidade é impossível sem que se 
olhe os elementos digitais que se incorporaram aos processos cotidianos 
133
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
de comunicação no espaço dos indivíduos, das corporações, dos gover-
nos etc. E, nesse sentido, pode-se entender que a intolerância, semelhante 
aos processos inquisitórios medievais, continua a acontecer e com uma 
capacidade destrutiva sem precedentes. A violência praticada por meio 
das comunicações é algo que precisa ser levado em conta e entendido 
como um fenômeno comparável aos grandes julgamentos e execuções 
públicas, nos quais os réus atendiam a uma demanda quase circense, 
não muito diferente do que ocorre hoje. Assim, construir sentidos e ge-
rar opinião pública não é apenas uma luta de maiorias contra minorias, 
mas de uma disputa em meio a uma guerra de sentidos. E mesmo as 
chamadas minorias podem ser numericamente superiores, mas mino-
rizadas (e popularmente chamadas de minorias, quando podem ser em 
diversos aspectos a maioria) pelos grupos detentores de maior poder. O 
subjugo semântico dá força à manutenção do poder àqueles que domi-
nam o discurso.
Acredita-se mesmo que os processos de formação da opinião pú-
blica vêm se transformando, ou se transformaram ao longo do tem-
po, em um continuum. Se no começo do século XX havia a imprensa 
convencional, tradicional, analógica para mediar e determinar os 
processos de transformação dos fatos em informação (atuando sob os 
diversos modelos de gestão da informação, como o gatekeeping, o fra-
ming, o agenda setting etc), hoje ela se mescla às interações digitais – seja 
oriundas da grande mídia, agora analógica e digital, seja de grupos or-
ganizados de mediação e midiatização, seja pelos indivíduos, de forma 
organizada ou não.
Conclui-se que as relações públicas, como problematizado na In-
trodução deste livro, influenciam de modo intencional, dentro de suas 
ações e estratégias, e nas condições a que tenha acesso, a formação da 
opinião pública, processo deliberado e orquestrado que se pode cha-
mar ação persuasiva. A busca do consenso, da opinião favorável a de-
terminados objetivos e causas é a própria semente. Isso faz parte do 
habitus da profissão, e faz parte da natureza das relações entre pessoas, 
organizações e governos, ou seja, de toda a sociedade.
A revisão de literatura em relações públicas mostra que a produção 
ainda é um tanto cuidadosa no sentido de admitir de forma plena a ideia 
de se tratar de atividade/área/campo/ profissão destinada a mobilizações 
134
Luiz-ALberto de FAriAs
voltadas a interesses organizacionais – sejam de origem do primeiro, se-
gundo ou terceiro setores. Ainda podem ser encontrados discursos mais 
brandos e até justificadores, como se houvesse ali, na ação de relações 
públicas, sempre, uma utilidade essencial para os públicos envolvidos. E 
ainda que haja, não há conflito de interesses, a priori, como é o caso de 
diversas atividades profissionais. Mas também pode-se pautar a ação de 
relações públicas com focos que sejam de fato contributivos a grupos mi-
norizados, campanhas de interesse público etc, sem que isso se torne justi-
ficativa ou razão para a permanente (auto)crítica.
Esse argumento voltado ao pleno equilíbrio pode ser encontra-
do na proposta de Grunig (1992) e Grunig e Hunt (2003) relativo ao 
conceito de relações públicas excelentes, chamado de forma um tanto 
pomposa teoria de excelência em relações públicas. A pesquisa desen-
volvida pelos relações-públicas norte-americanos pautou-se na bus-
ca de respostas relativa à ideia de retornos e investimentos, e chega 
à conclusão da possibilidade de políticasde relações públicas absolu-
tamente pautadas no pleno equilíbrio entre as partes: organizações e 
públicos. E o pleno equilíbrio parece algo pouco crível, onde quer que 
se busque aplicar.
A visão funcionalista manifestada por Grunig e outros tem seu 
valor, visto que apresenta uma proposta de modelo, que inclusive foi 
amplamente aceito por um largo espaço e tempo – e que se mostra hoje 
um tanto longe da realidade –, mas incapaz de observar a atividade de 
modo pleno e amplo. Esse tipo de recorte dá a ideia de uma atividade 
que está em sintonia de mão dupla, ignorando as tensões, as disputas 
simbólicas e de sentido, tão naturais ao campo da comunicação.
Esse olhar pode ser contraposto pela ideia de relações públicas 
com visão crítica, na qual todas as atividades estão ligadas aos interes-
ses sociais, mas certamente tem em si, em seu bojo, objetivos anteriores 
e ulteriores. E, nesse caso, o percurso construtivo da opinião pública 
estaria em sua natureza (PEREIRA, 2016).
Isso poderia ser visto na ação voltada aos mercados financeiros 
(FARIAS, NASSAR, PARAVENTI, 2017) ou à gestão de crises e confli-
tos (FARIAS, NASSAR, MIANO, 2017), entre tantos outros temas, que 
são parte essencial da literatura e da atividade profissional de relações 
135
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
públicas, sem deixar de haver pesquisas que alicercem esses assun-
tos. Nesses dois casos em destaque – mercados financeiros e gestão de 
crises de imagem – o interesse das organizações não está, a priori, em 
equilíbrio com os interesses da sociedade.
Vale considerar que as relações públicas devem refletir o con-
ceito de pluralidade. E isso porque faz parte de sua essência a análise 
dos cenários em que estejam presentes as controvérsias. Analisar os 
ambientes é parte do processo de planejamento das relações públicas, 
bem como, a identificação e o reconhecimento dos públicos envolvidos 
nesse processo. É de suma importância que se conheçam as diversas 
abordagens teórico-conceituais, a fim de que se possa compreender o 
campo, de forma ampla. Retomando o conceito de Edwards, entender 
as relações públicas como fluxo, o qual é processo permanente e em 
constante transformação (EDWARDS, 2012, p. 23).
E ainda a contemporaneidade traz aos envolvidos com a comu-
nicação – e a comunicação das e nas organizações – desafios das mais 
diversas ordens e grandezas, pois passa-se a ampliar o convívio e a ne-
cessidade de equilíbrio entre gêneros, culturas, etnias, orientações se-
xuais, diferenças físicas, religiões etc, seja com os públicos localizados 
no interior ou no exterior das organizações (RADFORD, 2012, p. 49).
A popularização do acesso a mídias digitais e, por consequência, 
ao crescimento da presença dos indivíduos nas redes sociais em âm-
bito digital, tem feito com que haja um novo discurso relativo à cons-
trução de sentido. Como se de fato a plena democratização narrativo-
-discursiva fosse realidade. E dificilmente seria assim, afinal o grande 
número de dados circulante nas redes digitais permite a grupos em-
presariais e a organizações terem o domínio de boa parte dos perfis e 
das ações, inclusive com a invasão sutilmente consentida por meio dos 
aparelhos que vão à intimidade do cidadão para buscar seus textos, 
imagens e áudios e configurá-los algoritmicamente, a serviço de ações 
de propaganda e de marketing, sobre os quais não têm controle e cuja 
volumosa informação circulante lhes é imposta. Robôs e humanos em 
luta desigual na criação de informação, de sentido e, por conseguinte, 
de opinião. Campanhas – de produtos, serviços, fake news etc – brotam 
na rede, invadem por ações humanas, de bots ou ciborgues.
136
Luiz-ALberto de FAriAs
Mutatis mutandis, a opinião é mesmo um sistema em permanente 
construção, absolutamente fluida. Fruto de informação frente às con-
sequências originadas nos filtros a que se submetem, gerando percep-
ções que vão além do lugar e do tempo, pois resultam de elementos 
impregnados ao pensamento que vêm de fora, da experiência e do re-
lato de outrem. 
A pesquisa sobre a formação da opinião do indivíduo e a opinião 
pública têm um largo caminho a ser percorrido. Este trabalho é uma 
contribuição que reúne outros trabalhos – afinal todas as obras são na-
turalmente fruto de polifonias – e faz conexão entre uma das áreas da 
comunicação e a amplitude relativa à opinião pública. Se diversos traba-
lhos já foram produzidos, muito ainda há a ser pesquisado e debatido.
Em tempos marcados por verdades absolutas, por discussões 
pautadas pela regra do pensamento linear e unânime, e até mesmo 
pela “xenofobia” destinada a quem habita outra bolha que não a sua, 
as formas de comunicação devem ser colocadas em xeque, reavaliadas. 
Homem e sociedade só evoluem com livre pensamento, livre-arbítrio 
e livre expressão.
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