Buscar

opinioes volateis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 144 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 144 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 144 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

OPINIÕES VOLÁTEIS
OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Universidade Metodista de são PaUlo
Diretor Superintendente do Cogeime
Diretor Geral das IMEs
Robson Ramos de Aguiar
Consad – Conselho superior de administração
titulares: Valdecir Barreros (Presidente); Aires Ademir Leal Clavel (Vice-Presidente); 
Esther Lopes (Secretária); Marcos Gomes Torres; José Erasmo Alves de Melo; Renato 
Wanderley de Souza Lima; Jorge Pereira da Silva; Andrea Rodrigues da Motta 
Sampaio; Cassiano Kuchenbecker Rosing; Luciana Campos de Oliveira Dias; 
Bispa Marisa de Freitas Ferreira 
Membros suplentes: Eva Regina Pereira Ramão; Josué Gonzaga 
de Menezes 
reitor 
Paulo Borges Campos Jr.
diretor de Graduação
Sérgio Marcus Nogueira Tavares
diretor de educação a distância
Marcio Araújo Oliverio
diretora de Pós-Graduação e Pesquisa 
Adriana Barroso de Azevedo
diretora de extensão e ações Comunitárias
Alessandra Maria Sabatine Zambone
diretor da Faculdade de teologia
Paulo Roberto Garcia
diretor do Campus rudge ramos
Kleber Nogueira Carrilho
diretor do Campus Planalto
Nilton Abreu Zanco
diretor do Campus vergueiro
Carlos Eduardo Santi
Conselho de Política editorial
Paulo Borges Campos Jr. (Presidente); Alessandra Maria Sabatine Zambone; Cristiane 
Lopes (Presidente da Comisão de Livros); Isaltino Marcelo Conceição; João Batista 
Ribeiro Santos; Lauri Emilio Wirth; Marcelo Furlin; Mário Francisco Guerra Boaratti; 
Noeme Timbó (Biblioteca)
Comissão de livros
Adriana Barroso de Azevedo; Almir Martins Vieira; André Luiz Perin; 
Antonio Roberto Chiachiri; Cristiane Lopes (Presidente)
editor executivo
Sergio Marcus Nogueira Tavares 
EDITORA METODISTA
Rua do Sacramento, 230, Rudge Ramos 09640-000, 
São Bernardo do Campo, SP • Tel: (11) 4366-5537 
E-mail: editora@metodista.br • www.metodista.br/editora
Capa: Cristiano Freitas
Editoração eletrônica: Maria Zélia Firmino de Sá
Revisão: João Guimarães
AFILIADA À
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Biblioteca Central da Universidade Metodista de São Paulo)
 FICHA CATALOGRÁFICA 
 
F225o 
 
Farias, Luiz-Alberto de 
 Opiniões voláteis: opinião pública e construção de sentido / 
Luiz-Alberto de Farias. São Bernardo do Campo : Universidade 
Metodista de São Paulo. 2019. 
 144 p. 
 
 Bibliografia 
 ISBN 978-85-7814-397-8 
 
 1. Opinião pública 2. Opinião pública (Relações públicas) 3. 
Comunicação e mídia 4. Comunicação de massa 5. Mídias sociais 
I. Título. 
CDD 303.38 
“Homem nenhum pode descrever 
o que há dentro dos sonhos.”
(Paraísos artificiais, Charles Baudelaire)
“Podem me prender 
Podem me bater 
Podem até deixar-me sem comer 
Que eu não mudo de opinião.”
(Opinião, Zé Keti)
Hosana, Vânia, Miguel e Heitor, 
que escrevem em minha vida os mais lindos 
sentimentos, palavras e pensamentos.
Aos meus irmãos (Maria José, Maria Aparecida e Alfredo), 
companheiros de memória e de circunstâncias.
7
resumo
As opiniões são voláteis: transformam-se no ecossistema social 
com grande rapidez. Em tempos considerados líquidos, a capaci-
dade de informação que passa por superávit pode ser exatamente 
a grande armadilha aos que recebem fake news, aos que se tor-
nam fake readers e aos que se especializam como fake writers. A 
obra Opiniões voláteis expõe a construção da formação de opinião, 
notadamente a opinião pública, que conceitualmente é polêmi-
ca e se transforma de acordo com muitos fatores que estão em 
permanente disputa de sentidos. Coloca-se, assim, em discussão, 
a temática opinião pública e seus desdobramentos no âmbito 
da sociedade e os diversos efeitos que se produzem. Aspectos 
midiáticos – analógicos e digitais –, influência da imprensa na 
formação da opinião dos públicos e presença das mídias sociais 
digitais também são analisadas frente a questões como etnicida-
de e intolerância, em momentos nos quais as transformações da 
sociedade passam por debates mais constantes, ainda que mais 
superficiais e muitas vezes edulcorados ou repletos de agror. O 
livro se origina de pesquisa de livre docência junto à Escola de 
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e resgata 
os alicerces teóricos dos estudos sobre opinião pública, concei-
tuações e autores. Formado por cinco capítulos – 1. Opinião pú-
blica e a opinião publicada: conceitos, teorias e impactos sobre 
a formação da Opinião Pública; 2. Opinião e Relações Públicas: 
persuasão e engajamento; 3. Pesquisa e produção sobre opinião 
pública no Brasil: anos 2000; 4. Da fogueira à vaidade: o processo 
de intolerância histórica, da religião à ágora digital; 5. Fake news 
e pós-verdade: indústria de risco, crise e imagem em tempos de 
cólera. Ao final da leitura é possível ter o panorama das tensões 
permanentes e disputas simbólicas que geram a opinião, às ve-
zes tornada pública, por vezes localizada em dados grupos, e 
que influenciam os movimentos da sociedade a todo o tempo.
Palavras-chave: Opinião pública. Comunicação. Mídia. Relações 
públicas. Influência. Persuasão. Sedução.
Lista de quadro, tabelas, figura e gráficos
Quadro 1 – Fluxos de comunicação ..................................................................... 47
Tabela 1 – Histórico das linhas de investigação em Relações Públicas ......... 59
Tabela 2 – Artigos que possuem como tema central a opinião pública 
(publicados entre 2000 e 2015) ............................................................................ 64
Tabela 3 – Dissertações que possuem como tema central a opinião 
pública (publicadas entre 2000 e 2015)............................................................... 85
Tabela 4 – Teses que possuem como tema central a opinião pública 
(publicadas entre 2000 e 2015) ............................................................................. 92
Tabela 5 – Livros que possuem como tema central a opinião pública 
(publicados entre 2000 e 2015) ............................................................................ 96
Figura 1 – Fontes de busca das pesquisas sobre Opinião Pública .................. 63
Gráfico 1 – Participação dos periódicos e congressos na produção 
científica de pesquisa sobre opinião pública ..................................................... 84
Gráfico 2 – Áreas das dissertações produzidas entre os anos 2000 e 2015 ..... 91
Gráfico 3 – Áreas de produção de teses produzidas entre os anos de 
2000 e 2015 .............................................................................................................. 95
Gráfico 4 – Participação de publicações relacionadas ao tema Opinião 
Pública no Brasil entre os anos de 2000 e 2015 ................................................. 98
Gráfico 5 – Temas Relacionados ao Estudo da Opinião Pública em 
Periódicos, Teses, Dissertações e Livros do Brasil .......................................... 100
Gráfico 6 – Temas Relacionados ao Estudo da Opinião Pública 
em Periódicos do Brasil ...................................................................................... 100
Gráfico 7 – Temas Relacionados ao Estudo da Opinião Pública em 
Dissertações do Brasil ......................................................................................... 101
Gráfico 8 – Temas Relacionados ao Estudo da Opinião Pública 
em Teses do Brasil ............................................................................................... 102
Gráfico 9 – Temas Relacionados ao Estudo da Opinião Pública em Livros 
do Brasil ................................................................................................................ 102
9
Sumário
Prefácio – O império do volátil.........................................................................11
Novas abordagens ................................................................................................13
Apresentação – Nem tudo que é volátil se desmancha no ar! Pistas 
à compreensão da opinião pública na contemporaneidade .........................15
Desde as origens ....................................................................................................19Introdução .............................................................................................................21
CAPíTuLO 1
Opinião pública e a opinião publicada: conceitos e teorias e impactos 
sobre a formação da opinião pública ................................................................27
1.1 Conceitos ao longo do tempo ...................................................................29
1.2 Algumas obras de referência .....................................................................36
1.3 Por um conceito balizador ........................................................................38
1.4 Relacionamento com a mídia e exposição ..............................................43
1.4.1. Através das mídias .................................................................................46
CAPíTULO 2
Opinião e relações públicas: persuasão e engajamento ................................51
2.1. Relações Públicas: conceitos e histórico .................................................51
2.2. Pesquisa e produção, associações e mercado no Brasil ........................55
2.3. Agentes de influência: persuasão e gestão de comunicação ...............60
CAPíTULO 3
Pesquisa e produção sobre opinião pública .....................................................63
3.1. Artigos sobre Opinião Pública .................................................................64
3.2. Dissertações sobre Opinião Pública ........................................................85
3.3. Teses sobre Opinião Pública ....................................................................92
3.4. Livros sobre Opinião Pública ..................................................................95
3.5. Estado da Arte ............................................................................................97
CAPíTULO 4
Da fogueira à vaidade: o processo de intolerância histórica – 
da religião à ágora digital ................................................................................105
4.1. Intolerância na história: religião, etnicidade e outros problemas ...... 107
4.2. Redes sociais digitais e superexposição ...............................................111
4.3. Construção e desconstrução de mitos ..................................................115
CAPíTuLO 5
Fake news e pós-verdade: indústria de risco, crise e imagem em tempos 
de cólera ...............................................................................................................121
5.1. Comunicação em tempos de cólera ......................................................121
5.2. Cólera em tempos de comunicação ......................................................124
5.3. Cólera como cultura, comunicação como processo ............................126
Reflexões não solitárias ...................................................................................131
Referências ...........................................................................................................137
11
Prefácio
O império do volátil
Paulo Nassar*
O Professor Doutor Luiz Alberto de Farias (ECA-uSP e univer-sidade Metodista de São Paulo) faz parte de um pequeno time de pesquisadores e professores que formam atualmente a cor-
rente crítica das Relações Públicas brasileiras e iberoamericanas. Seu 
livro Opiniões Voláteis é um fruto delicioso, produzido a partir de sua 
tese de Livre-Docência, defendida na Escola de Comunicações e Artes, 
da universidade de São Paulo, em 2018, em que discute o tema da 
opinião pública e seus impactos em uma sociedade obesa de informa-
ções e faminta de significado e sentido. um trabalho que coroa uma 
jornada acadêmica exitosa que equilibra as atividades de pesquisador 
e de professor engajado na defesa das liberdades de pensamento, de 
associação e de manifestação.
Opiniões Voláteis reflete esse percurso intelectual de Farias e faz 
um resgate teórico criterioso e referencial do tema da opinião pública, 
além de estabelecer uma práxis provocadora e inteligente, ao exercitar 
o que foi pesquisado na análise do estado da arte da temática no con-
texto de um Brasil dividido e intolerante, dos anos 2010.
Em seu livro, Farias promove a ligação do campo das Relações 
Públicas aos saberes contemporâneos da Antropologia, da Psicologia, 
da Sociologia, da Filosofia, das Comunicações e das Artes e de outras 
* É Doutor, Livre-Docente e Professor Titular da Escola de Comunicações e Artes 
da Universidade de São Paulo (ECA-USP), Coordenador do Grupo de Estudos de 
Novas Narrativas (GENN/ECA-uSP) e Diretor Presidente da Associação Brasilei-
ra de Comunicação Empresarial (Aberje).
12
Luiz-ALberto de FAriAs
interfaces, às vezes inesperadas e não exploradas pelo pensamento 
das velhas relações públicas, caracterizadas por pesquisadores “mais 
acostumados a fazer pesquisa-xerox do que pensar a realidade em que 
vivem”, no dizer de Armando Mendes, citado por Gilberto Freyre, em 
seu livro Insurgência e ressurgências atuais: cruzamentos de sins e nãos num 
mundo em transição.
Farias, como pesquisador dionisíaco – adjetivo cravado por mim, 
inspirado na crítica que Freyre fez, por meio das duras palavras de 
Mendes dirigidas aos burocratas científicos – pesquisa e pratica as Re-
lações Públicas, de índole crítica, na linhagem daqueles que são, no 
dizer de Freyre, hereges, audazes, inconformados, não bitolados, poé-
ticos, estéticos, éticos e proféticos.
Rebeldia como elogio
Somada a essas categorias de pesquisadores que contribuem para 
o avanço da ciência, elencadas por Freyre, eu acrescento a necessária 
rebeldia de Luiz Alberto de Farias em tempos de acomodação acadê-
mica e social. Nesse engajamento, Farias sabe que as Relações Públi-
cas críticas – como pensamento e ação – estão estritamente ligadas às 
ideias de democracia, de público, de circulação livre de informações, 
liberdade de pensamento, associação, expressão e de imprensa (o que 
compreende as possibilidades de divergir, argumentar, de dialogar, 
de criticar, e em um processo dialógico estabelecer o consenso ou afir-
mar a controvérsia) e a existência de meios de comunicação. Nos locais 
onde existem essas condições tão caras às Relações Públicas de linha 
crítica – seja nas dimensões de uma pequena casa ou de um palácio, da 
vila ou de uma metrópole, de um think tank ou de uma universidade, 
do país, do continente, da Terra – florescem a liberdade, a expressão da 
diversidade, a inovação educacional, científica e artística.
Em uma perspectiva utópica, presente em muitas literaturas e 
constituições, a ação do homem, mesmo em sua imperfeição, é trans-
formada em um espírito do tempo benfazejo e fundamental para a rea-
lização do melhor de uma sociedade e de suas pessoas. Isto, dentro do 
arcabouço de ideias como as de Alexis de Tocqueville, no século XIX, 
em sua obra A democracia na América, inspiradora, para além da socie-
dade norte-americana, das bandeiras da Liberdade e da Igualdade.
13
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
O reverso disso sempre foi a distopia afirmada pelas ditaduras – 
à esquerda e à direita do espectro político e até da religião, que oprime 
a sociedade por meio de visões fundamentalistas – que atravessaram 
de forma triste a maior parte do século XX e ainda se fazem presentes 
em nosso tempo em muitas partes do mundo. Ou seja, ditaduras im-
põem a díade Opressão e Desigualdade e estabelecem o grau zero da 
democracia, a anulação da opinião pública e a opacidade ilegítima das 
operações e decisões organizacionais. 
Novas aboRdageNs
Luiz Alberto de Farias explora em seu livro Opiniões Voláteis as 
novas dinâmicas de formação da opinião pública em uma sociedade de 
informações excessivas. Terreno em que a formação de opinião pública 
se dá em meio ao embate dos fatos do cotidiano – em meio à guerra de 
narrativas – que, na visão de Winston Churchill, já nos anos 1930, estão 
sempre pulando sobre as mesas daqueles que querem negar ou revisar 
o passado, ou mesmo esconder o presente. E agora, emnossa época, 
explodem nas telinhas e nos ouvidos dos smartphones, para o escrutínio 
imediato de bilhões de pessoas.
Fatos que se transformam – por meio de palavras e imagens – 
em falatório dentro de um ambiente comunicacional, cada dia mais 
horizontal, circular, transversal e informal, que abrange a conversa 
entre vizinhos, entre familiares, no interior de grupos físicos ou digi-
tais e por todo tipo de meio de comunicação. Ambiente comunicacio-
nal que afirma mais e mais a soberania da opinião pública, no dizer 
do filósofo escocês, David Hume (1711-1776), ainda no contexto do 
século XVIII, “que pesa e pesará sempre em todas as horas, nas socie-
dades humanas”, mesmo naquelas que momentaneamente o medo 
cerceou as palavras.
O que tem pesado, em termos de fatos objetivos e subjetivos, na 
formação da opinião pública de nossos dias? É uma das perguntas pre-
sentes em todo o estudo produzido pelo professor Luiz Alberto de Fa-
rias. No presente empírico de nossa sociedade, entre as pesquisas com 
o termo “o que é” mais acessadas pelos brasileiros no Google estão “<O 
que é fascismo?>; <O que é intervenção militar?>; <O que é lúpulo?>; 
14
Luiz-ALberto de FAriAs
<O que é ursal?>; <O que é Corpus Christi?>”. Isso, de certa forma, nos 
traz a hipótese de um Brasil que se distancia, no frame pesquisado, de 
um país apenas do futebol, de praias paradisíacas e ensolaradas, das 
sandálias Havaianas, do samba, do sexo, entre outras imagens estereo-
tipadas sobre o que nós brasileiros conversamos em nosso dia a dia.
O que nos mostra o dinamismo de formação de opinião públi-
ca, enquanto fenômeno de fortes dimensões sociais, históricas, psi-
cológicas e antropológicas. Aspectos que ganham características me-
moriais, rituais e mitológicas em uma sociedade que quer se afirmar 
cada vez mais profana.
leituRa do pReseNte
Muitas das pretensões, decisões e ações de protagonistas públi-
cos ou privados produzem, pelo seu potencial impacto nas dimensões 
econômicas, sociais, ambientais e culturais da sociedade, inúmeros pon-
tos de vista e por isso se transformam em questões públicas. Queiram 
ou não, indivíduos e organizações estão sob a égide de uma sociedade 
regida pela opinião pública. Nesse contexto, as Relações Públicas po-
dem, se críticas, afirmar a sua essência democrática e civilizatória. Essa 
é uma mensagem de raiz que percorre toda a formulação deste trabalho 
de Luiz Alberto de Farias. Não bastasse esta afirmação, a leitura de Opi-
niões Voláteis é de muitas formas uma leitura estratégica do presente, que 
atualiza a forma de pensar e fazer Relações Públicas e Comunicação.
15
apresentação
Nem tudo que é volátil se desmancha no ar!
Pistas à compreensão da opinião pública na contemporaneidade
Eneus Trindade*
Um dos pilares das pesquisas em Ciências Sociais/Comunicação é o compromisso social de fazer revelar aquilo que o senso comum percebe como efeitos da mídia, mas não consegue ex-
plicar ou compreender como processo, bem como, não se percebem as 
consequências desses efeitos para a vida social. A obra Opiniões voláteis 
do Prof. Dr. Luiz Aberto de Farias, reflete essa característica da solidez 
da pesquisa em comunicação, ao tratar pela metáfora da volatilidade 
a problemática que os fenômenos da opinião pública adquiriram na 
atual configuração dos ambientes midiáticos e sociais. 
O autor busca, pelos caminhos da pesquisa, a segurança de um 
percurso que tenta apreender e compreender os meandros dos proces-
sos de formação de opinião pública como fenômeno e conceito, consi-
derando suas dinâmicas e volatilidade de apreensão frente às transfor-
mações da sociedade e da conjuntura midiática. 
Trata-se de um livro resultante de uma pesquisa, que deu origem 
à tese de Livre-Docência do autor de mesmo título, defendida em 2018, 
na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Pro-
cesso no qual eu tive a honra de avaliar e que agora faço honrosamente 
a apresentação do livro originário da tese. Agradeço publicamente o 
convite que a mim foi realizado pelo amigo e colega Luiz Alberto. 
* É Doutor e Professor Associado (Livre-Docente) do Departamento de Relações 
Públicas, Propaganda e Turismo, da Escola de Comunicações e Artes, da Univer-
sidade de São Paulo. Bolsista Produtividade em Pesquisa - PQ 2 CNPq.
16
Luiz-ALberto de FAriAs
Opiniões voláteis é mais do que o autor define como um estado 
da arte sobre o assunto e se faz revelar como um texto que aborda o 
estado do conhecimento sobre a produção científica em opinião públi-
ca, estudando teses, dissertações, artigos científicos e livros publicados 
sobre o tema. 
O valor de trabalhos dessa natureza está no fato de que as in-
formações apresentadas são balizadoras dos embates e evoluções do 
campo científico sobre o tema da opinião pública, revelando os cami-
nhos percorridos, as perspectivas teóricas e métodos mais utilizados, 
o que já saturou, bem como apontam os possíveis caminhos a percor-
rer, percebendo o que há por compreender e mostrando os desafios 
da volatilidade da formação da opinião pública no ambiente midiá-
tico digital, como nova fronteira a explorar no campo dos estudos da 
Comunicação midiática.
O livro inicia-se com a discussão Opinião pública e opinião publi-
cada: conceitos, teorias e impactos sobre a formação da Opinião Pública, que 
aborda o lugar do fenômeno no campo das Ciências Sociais e das Ciên-
cias da Comunicação. O segundo capítulo Opinião e relações públicas: 
persuasão e engajamento, situa o tema da opinião pública, na perspectiva 
da gestão de públicos e explica que as opiniões de públicos não estão 
desengajadas de interesses de grupos, organizações comerciais, insti-
tuições sociais, políticas, governamentais. A opinião pública não se for-
ma ingenuamente e o autor demonstra a força da institucionalização 
dos processos midiáticos nas formações das opiniões, nas mentalida-
des e nas ideias dos diversos públicos, daí a aproximação que o Prof. 
Luiz Alberto apresenta, de forma didática, entre opinião pública e as 
Relações Públicas, como um aspecto fundamental para o trabalho da 
gestão comunicacional dos públicos.
O terceiro capítulo, Pesquisa e produção sobre opinião pública, é o 
ponto alto do livro nos termos da valiosa contribuição científica que 
aporta ao analisar os artigos, teses e dissertações e obras em livros que 
abordam o tema em debate. Aqui o leitor pode encontrar caminhos 
seguros, já saturados e identificar desafios na pesquisa sobre opinião 
pública. Por fim, toda a discussão a respeito de novos caminhos da 
reflexão sobre a opinião pública ganha corporalidade empírica nos 
capítulos 4 e 5, respectivamente representados pelas discussões Da 
17
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
fogueira à vaidade: o processo de intolerância histórica – da religião à ágora 
digital (capítulo 4) e Fake news e pós-verdade: indústria de risco, crise e 
imagem em tempos de cólera (capítulo 5). Trata-se de um presente que 
o autor oferece aos interessados na temática e que permite concluir 
que, a partir da complexidade da empiria, é necessário ousar de forma 
interdisciplinar, mais do que nunca, para entender os novos processos 
de formação da opinião pública na mediação das mídias digitais. 
O desafio da mediação do digital na comunicação para a forma-
ção da opinião pública passa por questões de ética, sociais, frente ao 
tipo de sociedade que estamos formando, bem como da compreensão 
das formas de escrituras e circulação digitais que tais mensagens ope-
ram para gerar os fenômenos de apropriação/recepção dos sujeitos e 
instituições no que se define como opinião pública e sua alta capaci-
dade de manipulação e transformação, frente aos interesses de quem 
detém o controle dos mecanismos de tais formações.
É nessa perspectiva de leitura que reconheço a relevância da 
obra apresentada, bem como a sua oportuna contemporaneidade no 
tratamento do tema. Luiz Alberto, tomando a liberdade de assim cha-
má-lo, na melhor expressão deapreço e amizade que temos mutua-
mente como amigos e colegas que somos, consagra-se na maturidade 
da sua carreira como autor destacado no campo da Comunicação em 
Relações Públicas e na reflexão sobre opinião pública no cenário bra-
sileiro. Recomendo a leitura e manifesto meu desejo de que o conheci-
mento aportado pela obra seja útil aos leitores como foi para mim, pois 
estamos todos em permanente processo de aprendizagem.
Boa leitura!
São Paulo, 22 de janeiro de 2019
19
Desde as origens
A discussão sobre opinião pública começa no momento em que nos apercebemos que fazemos parte de uma sociedade na qual as disputas por poder, por sentido, por espaço e por voz 
são parte essencial dos rituais existentes nos mais distintos modelos 
de convivência, e em diferentes gradientes. Começa, de fato, desde os 
primeiros embates, ainda nas mais juvenis etapas da vida. Por isso, 
discuti-la é matéria prima para a formação de cidadãos, devendo fazer 
parte das mais tenras discussões na família, na escola e em todos os 
grupos sociais. O debate é o habitat da opinião.
Opinião é construção, deve vir de processo de debate, de diá-
logo. Está presente em todo ser humano, mesmo que nem todas as 
sociedades permitam a sua livre expressão e circulação, afinal, a ple-
na liberdade é defendida em alguns momentos, de modo fantasiado, 
como expressão para a superioridade, para a desigualdade, entrando 
em choque, por vezes com a noção de igualdade. E em se tratando de 
Opinião Pública, nem sempre a sua construção se dá de forma ple-
na, com a possibilidade de cidadãos que tenham ampla capacidade de 
acesso à informação e liberdade para a crítica.
Disso surgiu o desejo de olhar com mais atenção para o tema, 
desde o início da vida docente, em remota década de 1990. Nos últi-
mos anos, com a “profissionalização” das fake news – em uma socie-
dade na qual a organização de enunciadores a esse fim destinados, na 
atividade de fake writers, e de largo consumo desses pérfidos produtos 
por fake readers é crescente e com ínfima crítica – e com a presença de-
finitiva da pós-verdade, o tema ficou ainda mais tenso. Afinal, com 
redes sociais digitais o que seria opinião pública? Teríamos chegado à 
independência do sujeito, que por meio de suas tessituras relacionais 
obteria toda a informação necessária e, ao mesmo tempo influenciaria 
e seria influenciado sem vieses.
20
Luiz-ALberto de FAriAs
Esse ledo engano, quase ingênuo, mas bem trabalhado pela in-
dústria do consumo informacional etéreo, tem feito do mundo um lu-
gar mais distante da crítica. Exatamente a tecnologia de compartilha-
mento e o acesso a devices cada vez mais em sistema de segunda pele, 
fazem que elementos ali presentes – distribuídos em redes de compar-
tilhamento e acessíveis em tempo real por meio de gadgets também 
utilizados em tempo real – ganhem projeção e percam crítica.
Esta obra surgiu das diversas angústias relacionadas às transfor-
mações no âmbito da comunicação, movidas pelas tecnologias e pelos 
movimentos sociais, sejam eles evolutivos, no sentido de valorizar as 
liberdades individuais e a diversidade em todos os sentidos, ou mes-
mo por ondas retrógradas que levam a gatilhos de intolerância, esti-
mulando a ressuscitação de pensamentos e ações que já fizeram muito 
mal à humanidade. A pesquisa sobre Opinião Pública resultou em tese 
de Livre Docência defendida junto à Escola de Comunicações e Artes 
da universidade de São Paulo, no ano de 2018.
A observância sobre os movimentos permanentes de influência 
sobre o cidadão seja por meios lícitos ou ilícitos é responsabilidade de 
todos, é necessidade da comunicação pública, educando e munician-
do a todos para a análise crítica. Não há sociedade sem debate, sem 
discussão e sem diferenças. Qualquer outro modelo é ditatorial. Só o 
ceticismo pode fazer crer na verdade; é pela dúvida permanente que 
se constrói o sentido de realidade. O [único] caminho para a certeza é 
questionar [sempre].
 
21
Introdução
O mundo gira a uma velocidade calculada pela Física, percebi-da a partir dos conceitos de Psicologia, mas identificada pelo mundo próprio de cada pessoa, que existe a partir de sua in-
teração e sentimento frente a diversos fatores. A ação impulsionada 
pelas afeições nos leva a entender que “(...) o homem submetido aos 
afetos não está sob seu próprio comando, mas sob o do acaso, a cujo 
poder está (...) sujeitado” (SPINOZA, 2017, p. 263).
A construção da realidade se dá de acordo com a capacidade de 
cada pessoa enxergar a partir de suas lentes pessoais e sociais, de seus 
óculos filtrantes de realidade, de seus filtros, pela polifonia presente 
nos diversos tempos e espaços a que estamos sujeitos. Essa realida-
de também é devidamente filtrada pela conveniência e interesse de 
cada qual, responsáveis por modular essas lentes, de fazer enxergar 
aspectos e espectros mais convenientes a si. Opiniões, muitas vezes, 
são construídas mais pelo interesse e pelas impressões que pela obser-
vância da realidade. De acordo com Lippmann:
(...) cada um de nós vive e trabalha numa pequena parte da su-
perfície da Terra, move-se num pequeno círculo, e destas coisas 
familiares conhece somente algumas intimamente. Das ocorrên-
cias públicas que têm largos efeitos vemos, na melhor das hipó-
teses, somente uma fase e um aspecto. Isso é tão verdade para os 
eminentes bem-informados que rascunham tratados, fazem leis 
e dão ordens, como para aqueles para os quais os tratados foram 
estabelecidos, para quem as leis foram promulgadas, e as ordens 
foram dadas. Inevitavelmente nossas opiniões cobrem um largo 
espectro, um longo período de tempo, um número maior de coi-
sas que podemos observar. Elas têm, portanto, que ser formadas 
de pedaços juntados do que outros nos relataram e do que pode-
mos imaginar (LIPPMANN, 2008, p. 83).
22
Luiz-ALberto de FAriAs
E assim se formam opiniões individuais, multiplicáveis e proje-
táveis em diversas medidas para a construção da chamada opinião pú-
blica. Por mais que alguns pensadores possam substituir a expressão 
opinião pública por redes – ou tantas outras expressões aparentemente 
mais contemporâneas, ou apenas dotadas de um “outfit” mais ajustado 
às linguagens digitais – vamos poder discutir mais à frente conceitos 
de opinião e a influência do entorno em sua gênese. As opiniões são 
voláteis. Transformam-se de acordo com o movimento do espaço e do 
tempo, influenciadas pela cultura – e seus devidos filtros. E o volátil 
faz que aquilo que é sólido possa se desmanchar no ar. Opiniões se re-
configuram a todo o tempo, assumindo novas formas, novas posturas. 
Opiniões voláteis são imagens distorcido no espelho do mundo.
Não se pode, obviamente, desprezar ou ignorar as novas formas 
de interação digital entre as pessoas – e seu poder de informação e, cer-
tamente, de desinformação –, bem como, o incrível acesso a informa-
ções existente na contemporaneidade, mas também pode-se discutir 
quão rasas podem ser essas relações, e vazias essas informações. Seja 
pela solidariedade asséptica presente no mundo, em que o digital per-
mite participar sem nenhum vínculo dos grandes projetos. Para isso 
esta obra reflete autores contemporâneos que se dedicam ao estudo 
das redes, mas acima de tudo procurará se basear nos estudos acerca 
da formação da opinião. 
Como as relações públicas e a comunicação influenciam na for-
mação da opinião pública? Parte-se neste estudo desse problema, inda-
gando os aspectos influenciadores das relações públicas em relação à 
chamada opinião pública. Entende-se que as ações orquestradas, com 
vistas à persuasão, sejam determinantes na formação de opiniões ma-
joritárias/consensuais. Pretende-se, assim, alcançar o entendimento so-
bre o modus faciendi e pensandi da construção de narrativas-discursivas 
oriundas de políticas de relações públicas sobre a informação dos pú-
blicos, com vistas a influenciar a percepção-compreensão-ação. Rela-
ções públicas são filosofia que pode contribuir fortemente na paz, mas 
tambémcom a sua presença ou mesmo ausência levar a pensamentos 
ou ações belicosos.
Como percurso metodológico, buscou-se a revisão de literatura 
em obras que abordassem relações públicas, opinião pública e também 
23
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
levantamento da produção de obras cujo tema fosse a opinião pública, 
fazendo levantamento e análise dos pontos-chave.
Diversos trabalhos foram produzidos na área das Ciências So-
ciais/Ciências Sociais Aplicadas sobre o tema opinião pública e é sobre 
essa produção que parte deste livro se ancora, a partir de pesquisa rea-
lizada em fontes como:
• Banco de Teses e Dissertações da Capes;
• Google Acadêmico;
• Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de São 
Paulo;
• Banco de Dados Bibliográficos da uSP (Dedalus).
A partir da consulta a essas fontes de dados, a pesquisa – reali-
zada com a assistência excepcional da pesquisadora Bárbara Miano1 
– teve como objetivo mapear artigos científicos publicados entre 1990 
e 2015 (certamente os anos posteriores deverão maximizar o interesse 
por pesquisas desse matiz, afinal o uso de técnicas e de tecnologias 
demonstra o poder de influenciar comportamentos e até mesmo gerar 
efeitos-manada em públicos os mais diversos), em anais e periódicos, 
livros, teses e dissertações que abordem o tema/palavra-chave “opi-
nião pública” no Brasil2. A partir da palavra-chave foram detectados:
• 28 livros;
• 181 artigos publicados em anais ou em periódicos;
• 19 dissertações;
• 8 teses;
• totalizando 236 produções.
Após a primeira leitura, identificaram-se 45 produções com po-
tencial de conceituação e análise acerca do tema-chave opinião pública, 
as quais foram resenhadas e constam em Quadros no corpo desta obra.
Serão considerados esses trabalhos especialmente no capítulo que 
tratará dos conceitos – em que se apresentarão autores consagrados 
1 Mestre e doutoranda em Ciências da Comunicação na ECA-USP.
2 Estudos em outras bases, inclusive internacionais, têm sido feitos sob a orientação 
do autor em níveis de mestrado e doutorado nos Programas de Pós-Graduação 
em Comunicação das Universidade de São Paulo e Universidade Metodista de São 
Paulo.
24
Luiz-ALberto de FAriAs
sobre o tema, mas utilizando-se e fazendo as devidas imbricações e con-
traposições oriundas desses trabalhos pesquisados.
O estudo oferece um conjunto de capítulos que se propõem a 
colocar em discussão a opinião pública e a capacidade de geração de 
movimentos a partir dela. Isso, é claro, sem deixar de lado – mas sem 
ao mesmo tempo ser o nervo central – aspectos ligados às mobiliza-
ções digitais – para alguns as novas fontes de efetiva transformação, 
para outros apenas mais um espaço, mas como tantos outros, sujeito 
ao controle de determinadas corporações e, portanto, merecedor de 
olhar cuidadoso. Experiências recentes em nível nacional e mundial 
mostraram o poder de geração de notícias falsas, ainda que dotadas de 
grande verossimilhança. Com a tecnologia, esse processo passou a ser 
de domínio público, de fácil produção, mas o que se pode perceber é 
o grande investimento em redes de construção de sentido, de acordo 
com Daniel Reis da Silva (2017) os think tanks ideológicos, que poten-
cializam a “embalagem” de verossimilhança, mesmo sem ofertar em 
seu conteúdo a verdade, atingindo de forma massiva diversos públi-
cos, dos mais diferentes níveis receptivos.
Ainda nesse nível, passou-se também em algumas sociedades a 
se questionar a hierarquia do conhecimento, visto se estar diante de um 
volume de informação disponível a todos, com repositórios aparente-
mente democráticos e acessíveis e redes de intercâmbio informacional 
cuja aparência também gera a frágil ideia de independência e de impar-
cialidade. Assim, a sofomania ou crença de pleno saber – ainda que de 
modo infundado – fragiliza o sofômano e a sociedade, pois esvazia a 
discussão e leva a um empoderamento falso e a potencial de distorção.
O primeiro capítulo (Opinião pública e a opinião publicada: conceitos 
e teorias sobre os impactos sobre a formação da Opinião Pública) se propõe 
a colocar em destaque o conceito de opinião pública e tecer as devidas 
críticas sobre o processo de construção de opinião. No segundo (Opi-
nião e relações públicas: persuasão e engajamento), debruça-se sobre a área 
de relações públicas, aqui entendida como parte essencial – e interes-
sada –, com outras áreas, na construção das opiniões.
O terceiro capítulo (Pesquisa e produção sobre opinião pública no 
Brasil) trata do levantamento de produção relativa ao tema opinião 
25
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
pública obtido em bases já citadas ao longo de uma década e meia. O 
quarto capítulo (Da fogueira à vaidade: o processo de intolerância histórica, 
da religião ao digital) apresenta revisão e análise sobre a construção de 
uma para-realidade, movida pela ideia de proximidade entre as pes-
soas, mas consolidada pela existência da uma forte onda de intolerân-
cia. E, por fim, o quinto capítulo (Fake news e pós-verdade: a indústria de 
risco, crise e imagem em tempos de cólera) discute a presença do risco e 
da crise como elementos atuais e em forte crescimento por conta das 
fragilidades decorrentes do apressamento opinativo e da construção 
de boatos massivos.
As opiniões são movimento constante, influenciado por diversos 
fatores – cultura, aspectos políticos e econômicos, mas essencialmente 
pela capacidade que cada um tem em enxergar no fato a sua própria 
verdade. Não se pode deixar de observar a grande relevância da mídia. 
Desde os tempos nos quais a absoluta maioria da população não era 
letrada e havia informes públicos, lidos pelos poucos alfabetizados, até 
hoje, quando se há um acesso agigantado a informações de todo qui-
late, a mídia é um espaço que merece atenção e cuja responsabilidade 
deve-se cobrar.
Sim, importa por quais meios ou dispositivos – analógicos ou 
digitais – se proceda à comunicação ou o espaço que lhe seja dado, e 
ainda o seu alcance para que se gere a percepção de relevância, o seu 
efetivo impacto. Como pudemos ver na história recente, a realidade 
é aquela que se acredita ver, mesmo que seja a partir de um olhar de 
dentro da caverna.
27
capítulo 1
Opinião pública e a opinião publicada: 
conceitos e teorias e impactos sobre 
a formação da opinião pública
A opinião é resultante do olhar assentado sobre determinado fato. Por outra, vale ressaltar que:
A rigor não existe opinião puramente individual. Todo indivi-
duo, quando expressa sua opinião, não só a está tornando pú-
blica, como também externando algo que decorre de sua relação 
com o grupo social a que pertence e também à época e às circuns-
tâncias históricas, políticas, sociais e econômicas do momento 
vivido pelo grupo. Seria, portanto, incorreto separar a opinião 
individual da opinião pública. Mais correto seria distinguir a 
opinião expressa da opinião oculta (MATHEuS, 2011, p. 11).
Pode-se dizer então que haja uma opinião pública, mas não 
necessariamente publicada. A distância entre esses dois fatores não 
é necessariamente um aspecto positivo, ao menos por absoluto. Isso 
porque se por muito tempo e em diversos sistemas políticos a enuncia-
ção de uma opinião poderia ser perigosa ou até mesmo impossível de 
ocorrer, hoje com a disseminação dos chamados sujeitos midiatizados, 
aqueles que têm grande ou pleno acesso a redes sociais digitais, essas 
opiniões são explicitadas em moto contínuo, muitas vezes sem haver 
verificação sobre o que se está avaliando.
Essa capacidade de compartilhamento sem checagem, o proces-
so de incontinência enunciativa, decorre de diversos fatores, como um 
volume significativo de informação que leva a um excedente informa-
tivo, a uma necessidade de exposição criada pela cultura da mídia, da 
qual se faz a apropriação, e também pelo hábito de se fazer o endosso 
às cegas, o blind endorsement (multiplicação de informações e opiniões 
28
Luiz-ALberto de FAriAs
não verificadas,cuja ancoragem reside em dados divulgados por ter-
ceiros sem a efetiva comprovação dos fatos ou das fontes), que é por si 
só gerador de grandes riscos. O endosso-cego também decorre da falta 
de apetite informacional (LIPPMANN, 2008), da incapacidade ou falta 
de interesse/motivação de verificação de fontes e dados recebidos.
Mas se há muita informação e desejo de se pronunciar sobre tudo 
e sobre todos, por que haveria uma falta de apetite em relação a essas 
mesmas informações? Talvez porque a cultura da informação em pílu-
las, sem aprofundamento cresce e se fortalece na sociedade de blocos, 
nos quais a interação se dá fortemente entre pares, em um clima de 
consentimento, sem a predisposição muitas vezes à crítica, que pode 
ser recebida com intolerância. Além disso, também ganha força a re-
putação (ou algo assemelhado) construída de forma apressada – como 
por exemplo pelos ditos influenciadores ou microinfluenciadores, que 
surgem não necessariamente por um trabalho de longo prazo e de con-
tribuições às truth news, ou pela ação junto à sociedade, mas muitas ve-
zes fundamentados na capacidade de amealhar seguidores justamente 
por temas esvaziados de conteúdo ou pelo uso das fake news.
Matheus (2011, p. 16) nos provoca, mostrando o cuidado que se 
deve ter ao analisar os movimentos opinativos, como dito no título 
desta obra, voláteis:
A opinião pública nem sempre tem capacidade de revelar a ver-
dade, mas é a fonte a que todos recorrem quando desejam encon-
trar referência para as verdades que pretendem afirmar. Sendo 
mais do que uma simples fonte de controvérsias e menos do que 
um modo de comprovação da verdade.
Já há muito se fala em opinião: há conceitos que remontam ao sé-
culo XVII, na França, presentes em dicionários. Ali havia dois olhares 
sobre a opinião: 1) afirmação ancorada em estereótipos, preconcei-
to e sentimentos; 2) afirmação alicerçada na deliberação e na razão 
(CHAMPAGNE, 1998). Ambos os olhares, de algum modo, dialogam, 
pois estão presentes na formação da opinião de modo geral.
Ainda assim, alguns autores preferem colocar em xeque a ideia 
de opinião e questionar a metodologia para que se chegue ao seu 
reconhecimento (BOuRDIEu, 1973), por conta de se entender que a 
29
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
opinião não possa ser fruto das pesquisas e que essas, seja por aspec-
tos técnicos, seja por vieses intencionais, podem gerar desvios infor-
mativos e interpretativos. Quando se gera uma cortina de fumaça em 
termos de informação, o conceito de Bourdieu se aclara, pois o que 
surge em termos de opinião é mesmo uma densa névoa.
Se por um aspecto esse raciocínio faz sentido, por outro as pes-
quisas podem, sim, dar indicativos de como a opinião tem se construí-
do e de como evolui para tornar-se publicada, pública e consensual. 
Algumas áreas evoluíram fortemente nos últimos anos, como as pes-
quisas eleitorais e as ligadas a desenvolvimento e produtos. No que 
tange aos grandes blocos de dados, os chamados big datas, ali a absor-
ção de informação ocorre a todo o tempo e em tempo real. Isso não 
significa que bastaria ter essa concentração de dados, de movimentos, 
comportamentos e opiniões, pois a análise é ponto fundamental para 
que se possa entender o ser humano e a sociedade em que ele vive.
1.1 coNceitos ao loNgo do tempo
Não há unanimidade, talvez nem mesmo consenso. Se popular-
mente todo cidadão compreende o que significa o termo opinião públi-
ca, sem mesmo refletir teoricamente sobre a sua origem ou seu impac-
to, em diversos âmbitos o posicionamento é outro: fortes discussões 
e até mesmo negação. Alguns autores simplesmente determinam não 
existir opinião pública, pois ela se construiria a partir da influência de 
terceiros e também seria fruto de vários recortes. Isso é inquestionável, 
mas os filtros e elementos culturais sempre vão delinear a percepção 
da maioria sobre os diversos fatos (ou mesmo simulacros).
Outros pesquisadores chegariam a defender que as redes sociais 
digitais destruiriam a possibilidade de formação de uma opinião pú-
blica, pois haveria plena interação entre os partícipes, o que sabemos 
ser impossível, pois os clusters são cada vez mais definidos e levam a 
interações absolutamente dentro de nichos desenhados pelos algorit-
mos, impedindo que haja uma plena discussão de informações, pois 
são reforçados padrões e não há questionamento sobre o perfil opina-
tivo coletivo.
30
Luiz-ALberto de FAriAs
Lineide Mosca (2002) alerta-nos sobre a importância de se levar 
em conta o perfil da audiência, pois: 
A opinião pública torna-se, hoje, tão forte que cabe ao leitor gran-
demente o controle da situação. É claque que se torna um porta-
-voz e que desencadeia muitas decisões e atitudes, chegando a 
produzir resultados inesperados. Essa é a razão pela qual uma 
das grandes tarefas diante de uma população de pouca ou média 
instrução constitui a formação do leitor crítico, referindo-nos aqui 
primordialmente ao que se pode chamar “leitura referencial do 
mundo”. A memória discursiva do leitor torna-se imprescindível 
nesse contexto, sobretudo no reconhecimento das “figuras” que 
povoam o seu mundo de representações (MOSCA, 2002, p. 15).
Ainda nos dias de hoje, o conceito de opinião pública é bastan-
te discutido e apresenta inúmeras conceituações que foram se trans-
formando ao longo do tempo. Do que se tem conhecimento, o termo 
opinião pública foi utilizado pela primeira vez por Rousseau, em 1750, 
porém desde Platão e Aristóteles a opinião (e neste caso sem o adjetivo 
pública acompanhando a palavra) foi trabalhada como um importante 
conceito, ora para diferenciar de conhecimento, conforme Platão, ora 
para uma dimensão mais política, de acordo com Aristóteles (CATTO, 
2008). Rousseau não utilizava inicialmente e correntemente os termos 
opinião, persuasão ou manipulação, mas sim “vontade”. Para o au-
tor, a vontade geral é mais importante do que a vontade particular. 
O pacto social (atitudes comuns que viabilizavam a convivência dos 
indivíduos sob determinada organização e ordem), assim como pro-
posto por Hobbes, para Rousseau é o que dará unidade à sociedade e 
formará a vontade geral.
Aristóteles contextualizava uma forma de organização social para 
finalmente chegar ao termo opinião, que necessitaria daquela para se 
fundamentar. Vale ressaltar que a opinião não era o foco central de seus 
estudos, e sim a política (CATTO, 2008). O filósofo trabalhava com a 
diferença entre governantes e governados e afirmava que do governante 
se espera discernimento e dos governados, sinceridade de opinião. 
No século XVII, Thomas Hobbes, exilado na França e protegido 
pela igreja católica, escreve “The Cive”, obra que defende o absolutis-
mo. Nessa obra, a opinião era abordada como algo perigoso, enquanto 
em uma concepção aristotélica era vista como negativa e perigosa para 
31
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
a sobrevivência do Estado. Para Hobbes, a persuasão e a manipulação 
exercidas pelo rei deveriam ser incontestáveis, pois como o rei sabia 
o que era melhor para o seu povo, ele determinava e isso deveria ser 
soberanamente aceito, sem filtro, assim como abordado na teoria da 
agulha hipodérmica (CATTO, 2008). 
Outro filósofo, John Locke, formou o seu pensamento sobre opi-
nião a partir do contexto em que vivia. Testemunhou um momento 
bastante conturbado dentro da organização político-econômica de seu 
país, marcado pela revolução gloriosa – ocorrida entre 1688 e 1689 na 
Grã-Bretanha –, na qual foi deposto o rei Jaime II em favor de sua fi-
lha Maria II e seu marido Guilherme III, príncipe de Orange, graças à 
outorga do poder dada a este pela Câmara dos Comuns. Com isso, em 
1689 Locke mostra que a opinião não pode ser considerada como ciên-
cia, pois não passa pelo acordo ou desacordo de ideias, por um pro-
cesso de raciocínio, mas por um julgamento e, neste caso, julgamento 
e opinião são conveniências, mas não ciências (CATTO, 2008). Dessaforma, Locke diferenciava o conhecimento da opinião. 
Ainda em uma perspectiva de grupo, Blumer enfoca que a opinião 
pública deveria ser encarada como um produto coletivo. Como tal, não 
constitui uma opinião unânime com a qual cada membro do público 
esteja de acordo, não sendo também forçadamente a opinião da maioria. 
Bourdieu vai um pouco mais além e afirma que a opinião pública não 
existe. Segundo ele, a questão do uso da opinião pública é um instru-
mento de ação política para legitimar uma política e reforçar as relações 
de força que a fundamentam ou a tornam possível (BOuRDIEu, 1987). 
Pode-se enxergar aí um posicionamento talvez um tanto radical diante 
da maneira de o autor enxergar o mundo e as relações nele constituídas.
Adotando uma perspectiva mais contemporânea, podem ser ob-
servados autores que se debruçaram sobre o conceito, como Agemir 
Bavaresco e Paulo Kozen, e que revisam a opinião pública sob outras 
perspectivas, como a Teoria Hegeliana, enquanto fenômeno da contra-
dição. Nesse sentido, os autores pensam a opinião pública como algo 
fluido e precípuo à liberdade:
A opinião pública é fator importante da liberdade formal subje-
tiva dos cidadãos. Os indivíduos têm o direito de formular seu 
julgamento particular sobre o universal, como expressão de sua 
32
Luiz-ALberto de FAriAs
liberdade subjetiva. A opinião pública não é a verdade política 
absoluta, mas ela guardará, sempre, a força da impaciência, para 
desestabilizar toda fixidez ou passividade histórica dada, pois o 
que move o mundo é a contradição, e a opinião pública, ela mes-
ma, é uma contradição, que torna efetiva a paciência do conceito. 
(...) Configura-se, aos poucos, a constituição da oposição entre a 
mídia tradicional e a imprensa independente/alternativa, tendo 
como suporte material as novas tecnologias da informação (BA-
VARESCO; KONZEN, 2008, p. 65).
Os autores ainda acrescentam que o cenário da opinião pública 
sofreu algumas mudanças, nos últimos anos. Essas transições ocorre-
ram, sobretudo, devido às novas tecnologias que expandiram as capa-
cidades informativas da TV, do rádio e do impresso e deram origem 
a blogs, sites independentes e redes sociais. Nesses meios, os autores 
destacam a imprensa independente que, pouco a pouco, amplia suas 
capacidades de influenciar a opinião pública e muda o conceito de 
jornalismo (BAVARESCO; KONZEN, 2008). Não se pode deixar de 
atentar, todavia, ao fato de haver excesso de informação circulante, 
além de existir informações de interesse privado transitando como 
informação de interesse público, e sendo utilizadas para as mais diver-
sas finalidades – comerciais, políticas etc.
Vale destacar também que já existem discursos organizados no 
sentido de desqualificar a imprensa tradicional, na tentativa de se criar 
um espaço controlado de enunciação, no qual determinadas lideranças 
possam fazer chegar as suas mensagens de forma absoluta, sem críti-
cas ou contraposições. E informação sem crítica e sem a possibilidade 
do contraditório é risco de distorção e de manipulação. Isso pode ocor-
rer em situações religiosas, ditatoriais ou mesmo quando há excessiva 
concentração midiática, em monopólios ou oligopólios.
Assim, no sentido hegeliano, a opinião pública seria uma con-
tradição que necessita passar por várias mediações, a fim de instau-
rar cenários de uma democracia que garanta a liberdade de imprensa 
cidadã – levando-se em conta que na contemporaneidade o conceito 
de imprensa vem sendo rediscutido e ressemantizado, afinal as redes 
dão a impressão duvidosa de que todo cidadão é, em si, uma mídia 
e um agente de informação. E não é que não o seja, mas o estranho 
termo “empoderamento” leva à superestima e ao risco de falta de 
33
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
crítica. Segundo os autores, a opinião caracteriza-se pela impaciên-
cia, querendo, imediatamente, a realização da vontade da pessoa. Os 
autores ainda delimitam que a opinião pública necessita da liberda-
de de imprensa tanto quanto também precisa das novas tecnologias 
da comunicação, pois valida o sentido de democracia das sociedades 
ocidentais (BAVARESCO; KONZEN, 2008). Um contraponto necessá-
rio é lembrar que mesmo em democracias a força excessiva de organi-
zações midiáticas pode levar ao controle da informação e da opinião; 
o mesmo se aplica às organizações ligadas a tecnologias.
Com relação à evolução histórica do termo opinião pública, Sá 
afirma que o conceito sofreu muitas transformações em sua significa-
ção, o que impede que ocorra formulação universal do fenômeno. Ele 
demonstra que o termo “público” talvez tenha sido aquele que mais so-
freu mudanças ao longo do tempo. Hoje, entendido como oposição ao 
privado, o público, segundo o autor, refere-se ao domínio da liberdade, 
do diálogo, da transparência e da competência entre iguais (SÁ, 2009).
Já no século XIII, um novo sistema de produção trouxe à tona 
uma nova ordem social demarcada pela circulação de mercadorias e 
notícias.
A circulação das notícias segue um caminho parecido com a cir-
culação das mercadorias. As grandes cidades se transformam em 
fontes de notícias e os comerciantes mudarão o velho sistema de 
informação por outro mais profissional e rápido (SÁ, 2009, S/P).
Entretanto, nessa época ainda não é possível falar de imprensa 
no sentido que conhecemos hoje, pois as informações ainda não eram 
de domínio público. A opinião pública apenas começa a ser institu-
cionalizada, na visão do autor, quando o parlamentar inglês C. J. Fox 
dirige-se à Câmara dos Comuns, em 1792, e diz que é verdadeiramente 
prudente e correto consultar a opinião pública e proporcionar ao pú-
blico os meios adequados para a sua formação.
Já no século XIX, a política e o desenvolvimento da democracia 
serão os grandes responsáveis por praticar os conceitos-base do regi-
me da opinião – soberania, vontade geral e lei, limitação e divisão de 
poderes, pluralismo político e parlamentar, articulação da vida públi-
ca por meio do sistema de partidos políticos e do processo eleitoral.
34
Luiz-ALberto de FAriAs
Entretanto, Sá (2009) demonstra que nem sempre, ao longo da 
História, a política e formação da opinião pública caminharam juntas. 
Um exemplo disso é que, durante o século XVII, os debates parlamen-
tares eram considerados um privilégio da aristocracia, encarregada 
de dar direção e sentido aos assuntos de interesse público. Entretanto, 
apesar da afirmação do Parlamento na defesa do sigilo das sessões, o 
povo inglês insistiu em conhecer os segredos da vida política e o mun-
do da informação e lutou para difundir as discussões parlamentares.
Nas reflexões de Paine, entende-se que:
...quando sofremos, ou somos expostos por um governo às mes-
mas misérias que poderíamos esperar de um país sem governo, 
nossa calamidade é ampliada pela reflexão de que nós mesmos 
suprimos os meios pelos quais sofremos. Governos, como o 
vestuário, são o emblema da inocência perdida; os palácios dos 
reis são construídos sobre as ruínas das choupanas do paraíso. 
Fossem os impulsos da consciência obedecidos de modo claro, 
uniforme e irresistível, o homem não precisaria de nenhum ou-
tro legislador. Mas, como esse não é o caso, ele julga necessário 
ceder uma parte de sua propriedade a fim de prover os meios 
para a proteção dos demais; e é induzido a fazê-lo pela mesma 
prudência que, em todos os demais casos, o aconselha, dentre 
dois males, a escolher o menor. Consequentemente, sendo a se-
gurança o verdadeiro propósito e fim do governo, decorre irre-
torquivelmente que qualquer forma de governo que nos pareça 
mais capaz de garanti-la com o mínimo de aventura e o máximo 
de benefício, ser preferível a todas as demais (PAINE, 1776 apud 
BAuMAN e MAuRO, 2015, p. 13).
Pozobom (2010) complementa os pensamentos de Sá ao demons-
trar que a Idade Média também nos proporciona uma ampliação do 
conceito de opinião pública. No entanto, é a partir do século XVIII que 
fica mais evidente a força da opinião pública,posto que passa a ser 
objeto de análise. Com o surgimento da escola e o aprimoramento de 
outras instituições que colaboraram para o desenvolvimento cultural, 
a opinião pública se desenvolveu ainda mais.
É visível que, depois da Revolução Francesa a comunicação co-
nheceu outro patamar, graças às conquistas industriais e ao alar-
gamento e aprimoramento dos públicos. Os públicos restritos se 
transformaram, lentamente, num público aberto, aumentando o 
35
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
seu tamanho e sua importância à medida que o analfabetismo 
diminuía. Com o passar dos anos, a ascensão da opinião pública 
vai se relacionando com o desenvolvimento das instituições de-
mocráticas, com a diminuição das taxas de analfabetismo e com 
o destaque que os meios de comunicação vão assumindo (PO-
ZOBON, 2010, p. 3).
Assim, a autora afirma que a opinião pública se configura, re-
configura e transforma de acordo com a evolução das tecnologias. Para 
explicar esse processo, Pozobon afirma que todo esse elo culminou a 
partir de quatro grandes revoluções comunicativas:
1. o surgimento da escrita;
2. a invenção dos caracteres móveis; 
3. a Revolução Industrial; e
4. o início da cultura de massa e o momento que vivenciamos 
hoje, e que ainda está em construção.
Nesse cenário, Pozobon indica que essas revoluções causaram 
transformações, sobretudo no fazer jornalístico, que hoje se vê inserido 
em uma cultura colaborativa demarcada pelas redes digitais que pos-
sibilitam uma maior interação entre usuários e a colaboração de massa 
fundada na “inteligência coletiva”. Com isso, a partir de dados coletados 
em suas pesquisas, a autora conclui que é possível observar uma nova 
lógica de comunicação, na qual todos somos construtores da notícia.
Rompemos aqui com a ideia de um público que não pode produ-
zir informação e conteúdo, entendido, na melhor das hipóteses, 
como um consumidor consciente. O ambiente digital permite a 
imensa ampliação dos processos de produção, difusão e distri-
buição de conteúdos. Assim, a publicização de uma determinada 
questão no espaço da visibilidade mediada permite sua dissemi-
nação a um público múltiplo e heterogêneo, viabilizando a capa-
cidade de uma interpretação crítica e diversificada da audiência 
(POZOBON, 2010, p. 13).
Vale aqui discutir a ideia de “consumidor consciente”, pois a 
interação com os processos de construção de notícias não faz parte 
do sistema de consumo dessas mesmas notícias, ou seja, o acesso e a 
interpretação não estão, necessariamente, conectados. Quanto a ser 
um potencial fornecedor de dados, isso sem dúvida ganhou escala 
com a acessibilidade a diversas tecnologias, barateadas, simplificadas 
36
Luiz-ALberto de FAriAs
e tornadas acessíveis. Vale destacar que olhar o cidadão a partir do 
conceito de cliente é um tanto reducionista, além de dizer que o forne-
cimento de dados próprios é crescente e totalmente fora do controle 
do próprio indivíduo, o que é delegado a organizações de gerencia-
mento de informação, que passam a deter o poder e o controle.
Ainda, segundo Dourado (2010), o termo que conhecemos no 
século XXI como opinião pública remonta a três séculos. Os espaços 
comuns de convivência de Londres do século XVII – como os jornais, 
os cafés, os clubs – são o berço desse fenômeno, apesar de a expressão 
só ter começado a ser conhecida por opinião pública no final do século 
XVIII na Inglaterra, e depois se espalhou pela França e Alemanha.
Dourado demonstra que, entre as décadas de 1920 e 1970, hou-
ve uma produção significativa de teorias da comunicação. Essas pes-
quisas inauguram uma nova frente de estudos (DOuRADO, 2010). 
A caracterização da opinião pública no século XXI é o resultado de 
uma longa tradição de estudos e pesquisas. Cada pesquisador tratou 
o tema de uma forma particular, tendo como objeto de pesquisa os 
diferentes tipos de público nas mais variadas épocas e contextos sociais 
(DOuRADO, 2010). Quando se observa o foco que esses estudos 
tiveram, é que se percebe a interdisciplinaridade do termo, que pode 
ser considerado também transdisciplinar, porque perpassa a todos os 
assuntos discutidos na sociedade.
1.2 algumas obRas de RefeRêNcia
Vale aqui um rápido arrazoado destacando que as obras aponta-
das não funcionam como um arcabouço fechado, pois sempre haverá 
obras que não tenham sido aqui citadas. Não se trata, portanto, de um 
guia para se tornar o vade mecum, apenas um levantamento que não 
aborda a totalidade, somente um recorte intencional.
Quando se trata de opinião pública, uma obra que pode ser 
apontada como figurando entre as mais importantes nos estudos e pes-
quisas da área é o livro A opinião e as massas de Gabriel Tarde (2005), 
que reflete acerca da formação da opinião e dos conceitos de público e 
de multidão. Sua relevância e importância para a área da comunicação 
37
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
e das humanidades é tamanha que foi o início de um campo de estudo 
ainda nunca desbravado no século XIX: a psicologia das massas.
A respeito da opinião, o autor delimita que ela caminha no tecido 
social, assim como todos os agentes, e precisa apenas ser descoberta 
para se tornar viva ou existente. Em relação ao conceito de público, que 
é o grande objeto da obra, Tarde (2005) delimita que ele é, na verdade, 
uma grande multidão dispersa a qual é influenciada a todo o momento 
pelas ações a distância de vários espíritos. O público, em sua visão, 
seria um modelo que emerge a partir das multidões, uma vez que de-
limita que seria “uma evolução mental e social muito mais avançada 
que a formação de uma multidão” (TARDE, 2005, 46). Ele ainda afirma 
que a opinião seria um resultado do embate e debate dessa zona de 
intersecção entre ações das multidões (TARDE, 2005).
Outra obra recorrente e, talvez, a mais relevante para o estudo 
da opinião pública no Brasil e em diversas regiões do mundo é Opinião 
Pública, de Walter Lippman, que aborda o processo de formação da 
opinião a partir do conhecimento do mundo e da realidade que se dá 
em uma relação de desigualdade e assimetria entre o mundo exterior 
e as imagens que formulamos em nossas cabeças (LIPPMAN, 2008). 
Obra original de 1922, além de diferenciar opinião pública grafada 
com caixas baixas e caixas altas, deixando de ser expressões minúscu-
las para se tornarem conceitos maiúsculos, também elabora constata-
ções acerca do direcionamento do interesse e da importância dos es-
tereótipos para a formação das imagens em nossas mentes e opiniões.
Habermas é outro autor que contribui de forma consistente para 
o pensamento sobre a opinião pública, a partir da obra Mudança estru-
tural da esfera pública. O livro foi originado a partir da tese de livre do-
cência do autor apresentada à Faculdade de Filosofia de Marburg, em 
1961, e admite como objeto a esfera pública burguesa. Primeiramente, 
o autor colabora com o campo da opinião pública, ao separar “públi-
co” de “esfera pública”.
Habermas, em seus pensamentos, se ampara em uma perspecti-
va histórica para abordar a diferença que havia na Grécia entre esfera 
pública e privada, nas quais a polis configurava grande elemento de 
distinção, uma vez que era o centro físico e político das tomadas de 
38
Luiz-ALberto de FAriAs
decisões. Quanto à esfera pública burguesa, objeto de seu estudo, o 
autor delimita que ela seria um grande e amplo campo de uniformi-
zação de pensamentos, ou seja, de uma opinião pública.
Ademais, o Brasil, nos últimos 15 anos, recebeu nesse campo im-
portantes contribuições. A obra “Deslumbramento Coletivo”, por exem-
plo, de Simone Antoniaci Tuzzo, é uma delas que, a partir de uma revi-
são dos principais autores que abordam o tema opinião pública, disserta 
sobre temas como a formação da opinião pública, meios de comunicação 
de massa e o papel da universidade na formação da opinião pública.
Outra obra brasileira que compõe o estudo sobre opinião públi-
ca é o livro Controle da opinião pública,de Nilson Lage. Na publicação, 
o autor analisa o processo crítico de formação da opinião a partir da 
linguagem voltada ao convencimento, mantendo o cuidado de não se 
inserir em aspectos hipotéticos e teóricos sobre o processo de formação 
da opinião (LAGE, 1988).
O movimento lógico da opinião pública a teoria hegeliana, de Agemir 
Bavaresco, é outra publicação que colabora com os estudos da Opi-
nião Pública em âmbito nacional. A partir de perspectivas filosóficas 
e políticas, Bavaresco se propõe a aprofundar o tema opinião pública. 
Além do tema, o autor traz para a pauta temas como contradição e 
liberdade e demonstra que a opinião pública, em sua visão, se efetiva 
no espírito político.
1.3 poR um coNceito balizadoR
O conceito de opinião pública ainda não é unânime e já foi dis-
cutido por inúmeros pensadores. Como já apontado, estudos indicam 
que Rousseau, em 1750, foi o primeiro pensador a refletir sobre opinião 
pública (CATTO, 2008). Além do filósofo francês, Aristóteles e Platão 
também se debruçaram sobre a opinião em alguns momentos para de-
finir o conhecimento e em outros para definir a política (CATTO, 2008). 
De acordo com Pozobon (2010), os sofistas também se dedicaram à for-
mulação do conceito de opinião pública, uma vez que o poder era prá-
tica inerente à comunicação.
39
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Já durante o século XVII, Hobbes elabora a obra The Cive, em que 
trata da opinião enquanto algo prejudicial à sociedade, uma vez que 
analisa a persuasão e a manipulação exercidas pela corte (CATTO, 2008). 
Hegel também se dedicou ao assunto e o tratou como um tema contra-
ditório, carente sempre de inúmeras mediações. Pozobon (2010) ainda 
demonstra que, no século XVIII, a opinião pública passa a ser objeto 
de estudo, uma vez que a escola e outras formas de desenvolvimento 
cultural, como a imprensa, permitiram a formulação da opinião pública.
É visível que, depois da revolução francesa a comunicação co-
nheceu outro patamar, graças às conquistas industriais e ao alar-
gamento e aprimoramento dos públicos. Os públicos restritos se 
transformaram, lentamente, num público aberto, aumentando o 
seu tamanho e sua importância à medida que o analfabetismo 
diminuía. Com o passar dos anos, a ascensão da opinião pública 
vai se relacionando com o desenvolvimento das instituições de-
mocráticas, com a diminuição das taxas de analfabetismo e com 
o destaque que os meios de comunicação vão assumindo (PO-
ZOBON, 2010, p. 3).
Dialogando com Pozobon, Bavaresco e Konzen (2008), pode-se 
entender que a imprensa foi o grande agente propulsor da opinião pú-
blica, uma vez que permitiu a formulação de “pensamentos públicos” 
sobre os temas cotidianos e a política. Segundo os autores, a imprensa 
foi o grande condensador da opinião pública, uma vez que permitiu a 
liberdade formal subjetiva dos cidadãos.
A opinião pública é fator importante da liberdade formal subje-
tiva dos cidadãos. Os indivíduos têm o direito de formular seu 
julgamento particular sobre o universal, como expressão de sua 
liberdade subjetiva. A opinião pública não é a verdade política 
absoluta, mas ela guardará, sempre, a força da impaciência, para 
desestabilizar toda fixidez ou passividade histórica dada, pois o 
que move o mundo é a contradição, e a opinião pública, ela mes-
ma, é uma contradição, que torna efetiva a paciência do conceito. 
o papel da imprensa independente/alternativa, entendida como 
não vinculada a uma empresa privada, pública ou estatal, ou al-
gum grupo econômico. Configura-se, aos poucos, a constituição 
da oposição entre a mídia tradicional e a imprensa independen-
te/alternativa, tendo como suporte material as novas tecnologias 
da informação (BAVARESCO; KONZEN, 2008, p. 65).
40
Luiz-ALberto de FAriAs
Outros autores, como Arendt (2000), delimitam que na Grécia 
antiga houve uma primeira tentativa de formulação da opinião públi-
ca, uma vez que a pólis grega foi a configuração da antítese ao espaço 
privado, ou lugar da família que havia privação. 
O que distinguia a esfera familiar era que nela os homens viviam 
juntos por serem compelidos por suas necessidades e carência. 
A força compulsiva era a própria vida, os penates, os deuses do 
lar, eram, segundo Plutarco, ‘os deuses que nos fazem viver e 
alimentar o nosso corpo’; e a vida, para sua manutenção indivi-
dual e sobrevivência como vida da espécie, requer a companhia 
de outros. O fato de que a manutenção individual fosse a tarefa 
do homem e a sobrevivência da espécie fosse a tarefa da mulher 
no parto, eram sujeitas à mesma premência da vida. Portanto, 
a comunidade natural do lar decorria da necessidade: era a ne-
cessidade que reinava sobre todas as atividades exercidas no lar 
(ARENDT, 2000, p. 39-40).
Segundo a autora, a concepção de público comporta dois pensa-
mentos importantes, correlatos, mas não iguais. O primeiro deles seria 
aquele que se relaciona com a aparência, que elabora uma relação entre 
o assistir e ser assistido, já o segundo seria aquele que é produzido, 
reflexo habitado pelo humano. 
Em segundo lugar, o termo ‘público’ significa o próprio mundo, na 
medida em que é comum a todos nós e diferente do lugar que nos 
cabe dentro dele. Este mundo, contudo, não é idêntico à terra ou 
à natureza como espaço limitado para o movimento dos homens 
e condição geral da vida orgânica. Antes, tem a ver com o artefato 
humano, com o produto de mãos humanas, com os negócios rea-
lizados entre os que, juntos, habitam o mundo feito pelo homem. 
Conviver no mundo significa essencialmente ter um mundo de 
coisas interposto entre os que nele habitam em comum, como uma 
mesa se interpõe entre os que se assentam ao seu redor; pois, como 
todo intermediário, o mundo ao mesmo tempo separa e estabelece 
uma relação entre os homens (ARENDT, p. 62).
Outro autor que pensa sobre o conceito de esfera pública é Ha-
bermas. Segundo ele, a esfera pública também inaugura o conceito de 
Estado Moderno tal qual o conhecemos nos dias de hoje. De acordo 
com Habermas, ele configura um agente controlador ou um poder pú-
blico e instaura uma demanda por participação nas questões públicas, 
berço no qual nasce um espaço representativo que demanda critérios 
41
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
de legitimação, ou seja, a opinião pública. Outro ponto que conforme o 
autor fomentou o nascimento da opinião pública foram os “modernos” 
meios de comunicação da época que instauraram novos padrões de 
discussão e formulação de pensamentos acerca da vida cotidiana e das 
questões políticas.
Ao mesmo tempo, essas novas revistas estão ligadas tão intima-
mente com a vida dos cafés que ela poderia ser reconstruída atra-
vés de cada número. Os artigos de jornais não só são transfor-
mados pelo público dos cafés em objeto de suas discussões, mas 
também entendidos como parte integrantes deles; isto se mostra 
no dilúvio de cartas, das quais os editores semanalmente publi-
cavam uma seleção (...). Também a forma de diálogo, que muitos 
artigos mantêm, testemunha a proximidade da palavra falada. 
Transporta para um outro meio de comunicação, continua-se a 
mesma discussão para, mediante a leitura, reingressar no meio 
anterior, que era a conversação (HABERMAS, 1984, p. 59).
Longhi, em diálogo com Habermas e Arendt, demonstra que o 
aparecimento do espaço público e, por conseguinte, da opinião públi-
ca, ocorrem em dois momentos – o aparecer pela fala e o fazer, ou seja, 
ver e ser visto. Dada dicotomia, que seria a liga entre o espaço público 
e o privado, amarra a opinião pública à palavra falada e com as mídias 
de massa se transforma em bem de consumo padronizado e engessa-
do, tida como consenso:
Assim, o conceito de opinião pública, em sua origem, se carac-
teriza como a conexão que alinhava a tessitura social. Ela está 
no espaço público literário, neste sentido, espaço não-político, 
mas também não-privado. Assim, ela se constituiu no intuito de 
possibilitar o ato comunicativo,interligando público e privado 
(LONGHI, 2013, p. 53).
Reflexões como as de Habermas e Arendt permitiram o nasci-
mento de outras concepções acerca da opinião pública como a de Elias 
que compreende a opinião pública enquanto agente transformador e 
em transformação.
[...] a opinião pública não é simplesmente a sintonia da opinião 
de muitos seres humanos sobre uma questão do dia, particular 
e determinada, mas algo compreendido em contínua formação, 
um processo vivo que oscila em movimentos pendulares e que, 
42
Luiz-ALberto de FAriAs
no decorrer desse balanço, influencia as decisões que são toma-
das em nome da nação (ELIAS, 2006, p. 125).
Definir opinião e opinião pública, de forma sumária e categórica, 
então, não se trata de tarefa fácil – talvez impossível –, pois a polêmica 
mais elementar – se existe ou não, se pertence ao enunciador ou pro-
vém de um dado enunciatário – pode gerar por si só bastante embate. 
Todavia, a base da discussão é a informação, seu acesso (por quais e 
que tipos de fontes) e a capacidade de interpretá-la. Se o mundo nos 
oferece informação em volumes massivos, gerando demasiada expo-
sição, talvez estejamos na contramão no sentido de um momento no 
qual o processamento ocorre em ocasião, muitas vezes, anterior ao da 
recepção da informação. Informações prontas – sem a possibilidade de 
reflexão sobre seu conteúdo – ou blindadas não permitem geração de 
opinião, menos ainda de opinião pública.
A força da opinião pública é um pensamento plural e difuso, sem 
face e sem nome – que se difunde nos grupos e nas coletividades 
humanas para servir de fonte para um código não escrito que 
aponta ou define aquilo que, em última instância, será tomado 
por justo (MATHEuS, 2011, p. 9).
Polifonia e polissemia são elementos basilares na formação da 
opinião pública, pois ela:
É um julgamento coletivo que raramente é unânime e que, por ter 
muitas vozes, não tem voz alguma. Sua voz é um eco que ressoa 
aos ouvidos dos que supõem escutá-la e seu nome tem quase 
sempre este singular coletivo que expressa um plural invisível 
(MATHEuS, 2011, p. 9).
Se autores defendem que a informação é trabalhada no sentido 
de gerar opinião artificial – sem a capacidade de decodificação, de aná-
lise, de crítica a partir das quais se geraria a opinião autêntica –, desti-
nada a mobilizar e a induzir a pensamentos e a comportamentos, e isso 
talvez seja até um pensamento simplista, pois de fato é da natureza 
humana, é importante avaliar que toda opinião se forma diante de um 
conjunto de fatores, de circunstâncias, delineadas pelo cronos e pelo 
locus. De acordo com Matheus (2011, p. 11), a opinião individual de-
corre da relação com o grupo social e está ancorada em circunstâncias 
históricas, políticas, sociais e econômicas.
43
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Assim, vale destacar que nem toda opinião publicada é de fato 
correspondente à opinião pública, pois o controle sobre os meios de 
comunicação é fato secular – desde a Idade Média destaca-se o con-
trole sobre a leitura, a gestão das informações etc., alterando-se para 
o controle sobre jornais, revistas, rádio, TV e Internet. E, mais intenso 
e impactante pode ser o controle sobre a Educação, fator-chave que 
permite a plena compreensão.
A opinião se forma em processo contínuo, movida por fatos, cir-
cunstâncias, filtros, culturas e interesses. 
A opinião pública nem sempre tem a capacidade de revelar a 
verdade, mas é a fonte a que todos recorrem quando desejam 
encontrar referências para as verdades que pretendem afirmar. 
Sendo mais do que uma simples fonte de controvérsias e menos 
um modo de comprovação da verdade, a opinião pública passou 
a ocupar uma posição mais explícita (...) (MATHEuS, 2011, p. 16).
A opinião se forma diante do acesso a informações – aquelas 
oriundas de fontes sobre as quais o interlocutor opte por ter como base 
informacional, ou seja, a formação da opinião antecede ao processo 
da informação, seja pela escolha das fontes, seja pela capacidade de 
decodificação –, seu processamento e geração de um código de enten-
dimento definido a partir de lentes próprias a cada pessoa, gerando 
enunciação e possível embate-encontro com outras opiniões, chegando 
ao consenso.
Para entender a opinião pública, é necessária a composição de 
dados de pesquisa – utilizando-se de estatística e de dados qualitativos 
que possam lhes dar norte –, mas também e fortemente a observância 
do trajeto histórico de um dado lugar, suas características comporta-
mentais, afetivas, históricas, demográficas e o modo como se colocou 
diante do olhar do público – ou dos diversos públicos, com suas inte-
rações e distâncias – o fato a ser avaliado.
1.4 RelacioNameNto com a mídia e exposição
Impossível falar de opinião e de opinião pública se não colo-
carmos dois elementos essenciais em sua formação: a imprensa e as 
44
Luiz-ALberto de FAriAs
mídias sociais digitais. No que tange à imprensa, ela passa por pro-
fundas transformações ao longo das últimas décadas. Crises, down-
sizing, fusões e aquisições, influências políticas, mudança nos com-
portamentos e no consumo de notícias, tudo isso ao redor do mundo, 
fizeram a imprensa se tornar bem diferente nos tempos atuais. 
Notadamente, no Brasil, destaca-se o aspecto de que alguns veí-
culos de comunicação se tornaram dependentes de verbas públicas, o 
que compromete a independência, e pela recente democracia, poste-
rior a um longo processo de ditadura e censura, que talvez não tenha 
permitido pleno desenvolvimento da liberdade de expressão. Não foi 
o único período de ditadura no país, e em todos a imprensa sofreu 
repressão – não apenas a imprensa, mas todas as formas de expressão 
foram tolhidas em momentos assim.
E ainda focalizando o cenário brasileiro, pode-se dizer que a de-
cisão do Supremo Tribunal Federal relativa à não-obrigatoriedade do 
diploma para o exercício da profissão de jornalista, as diversas crises 
financeiras que se abateram sobre grandes grupos de comunicação 
(muitos indo à bancarrota), diminuição do investimento publicitário 
em veículos tradicionais impactaram de modo belicoso a atividade. 
Esses e outros fatores levaram inúmeros jornalistas a migrarem para 
outras áreas, principalmente as relações públicas. Essa migração con-
tribuiu – com outros elementos – a fortalecer outro tipo de comunica-
ção, com intenções comunicativas explícitas, e a fragilizar o processo 
jornalístico como um todo.
Sempre bom lembrar que a filosofia da atividade jornalística – 
expressa na clássica frase de Millôr “jornalismo é oposição” – nem 
sempre comunga com o discurso e posicionamento de grandes grupos 
de comunicação, construídos a partir de diversos interesses, sejam eles 
políticos, ideológicos ou mesmo econômicos. 
Hoje, como sempre foi, a imprensa busca novas maneiras de ex-
pressão – mídias alternativas, veículos independentes etc. – sem deixar 
de haver a força disseminadora e influenciadora dos grandes veículos. 
Por mais que boa parte da população, notadamente os mais jovens ve-
nham perdendo as conexões (ou sequer as criando) com os veículos 
tradicionais, estes passam a fazer parte também de outros espaços, es-
tes sim, frequentados por essas categorias etárias/comportamentais.
45
OPINIÕES VOLÁTEIS – OPINIãO PúbLIca E cONSTruçãO dE SENTIdO
Quanto às redes sociais digitais, pode-se entender que haja enor-
me influência destas sobre informação e opinião. Entretanto, devem-se 
colocar em questão alguns fatores:
a) as grandes mídias/redes estão sob controle de grandes gru-
pos, mantendo o formato de oligopólio que as redes analógi-
cas apresentaram no século passado;
b) o sistema matemático de “encontro” de atores-mídia faz que 
aumentem os blocos opinativos: pensar junto, viver junto, di-
zer junto;
c) o nível de informação presente nas redes e a fragilidade de 
checagem de informações é muito grande, de forma oposta à 
capacidade de disseminação;
d) a emoção condiciona a capacidade de receber mensagens

Outros materiais