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TUTELA DE EVIDÊNCIA É uma espécie de tutela provisória, prevista no art. 311 do CPC, que permite a antecipação do resultado final da ação. É utilizada quando se torna inútil esperar o resultado do processo, pois já fica claro o direito do autor. Quando deferida, só pode ter caráter de tutela antecipada, de natureza satisfativa, nunca de natureza cautelar! A tutela de evidência não é definitiva e pode ser revogada ou modificada a qualquer tempo. Para sua concessão, é necessário requerimento da parte, não podendo ser deferida de ofício pelo magistrado. Também é necessário que estejam presentes as hipóteses do art. 311 e incisos, pois trata-se de rol taxativo. Art. 311. A tutela de evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: I – ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; II – as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; III – se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa; IV – a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos gatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente. Quanto ao ônus da prova, na discussão de fato constitutivo, cabe ao autor; já na discussão sobre fato impeditivo, modificativo ou extintivo, cabe ao réu. Abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte – inciso I Ocorre quando a conduta da parte é tal que permita inferir que está protelando o julgamento, ou buscando auferir vantagens indevidas, pelo decurso do tempo. A defesa abusiva ocorre no curso do processo, já o intuito manifestamente protelatório, pode ocorrer antes mesmo deste, como por exemplo através de notificações. O réu levanta defesas ou argumentos inconsistentes apenas para ganhar tempo, ou incidentes protelatórios, para retardar o julgamento. Alegações de fato que podem ser comprovadas documentalmente havendo tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante – inciso II Não é justo e razoável que o autor continue arcando com os ônus da demora do processo, pois os elementos dos autos trazem um forte grau de probabilidade de que o seu direito venha a ser reconhecido. Requisitos cumulativos: havendo questão de fato, já possa ser comprovada apenas por documentos; a questão de direito seja objeto de tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante. Quanto a este último, o Enunciado nº 48 do Conselho da Justiça Federal estabelece que é permitida também nos casos de tese firmada em repercussão geral ou em súmulas dos tribunais superiores. Ainda, os Enunciados 30 e 31 da ENFAM dispõem que “é possível a concessão de tutela de evidência prevista no art. 311, II, do CPC quando a pretensão autoral estiver de acordo com orientação firmada pelo Supremo Tribunal Federal em sede de controle abstrato de constitucionalidade ou com tese prevista em súmula dos tribunais, independentemente de caráter vinculante”; e, “a concessão da tutela de evidência prevista no art. 311, II, do CPC independe do trânsito em julgado da decisão paradigma”. Pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito – inciso III Sendo a inicial instruída com prova documental adequada do contrato de depósito, o juiz deferirá a tutela de evidência que, nesse caso, terá um conteúdo específico, qual seja, a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa. O Enunciado 29 da ENFAM dispõe que: “para a concessão da tutela de evidência prevista no art. 311, III do CPC, o pedido reipersecutório deve ser fundado em prova documental do contrato de depósito e também da mora”. Petição inicial instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável – inciso IV Os fatos constitutivos do direito do autor devem estar suficientemente documentados, e o réu não tenha oposto prova capaz de gerar dúvida razoável. Se os fatos que constituem fundamentos do pedido do autor puderem ser comprovados apenas por documentos, que foram juntados, e não restar nenhuma dúvida nem houver provas que elidam esses documentos, o caso não será de tutela de evidência, e sim de julgamento antecipado, total ou parcial. A concessão da tutela na sentença, acarreta o efeito suspensivo do recurso de apelação.
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