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Krugman. Capítulo 3 - Produtividade da mão de obra e a vantagem comparativa: o modelo ricardiano. O capítulo fala sobre o modelo Ricardiano. No primeiro ponto, o autor abre o conceito de vantagens comparativas, supondo um exemplo em que Estados Unidos e Colombia podem produzir tanto flores quanto computadores, já que o comércio internacional entre eles é benéfico. Mas, para os Estados Unidos, é díficil produzir flores, pois essa produção depende das estufas, gastos com energia, investimento em capital e outros recursos escassos. Esses recursos poderiam ser alocados para a produção de outros bens (trade-off), e logo, os Estados Unidos deixam de produzir computadores. Esse trade-off é o custo de oportunidade. Essas flores poderiam ser produzidas na Colombia, onde o custo de oportunidade é bem menor (se um mesmo número de trabalhadores deixassem de produzir flores para produzir computadores, os EUA certamente teriam uma produção maior, por conta da eficiência dos seus trabalhadores.) A diferença entre os custos de oportunidades dos países é o que fera benefícios mútuos na produção mundial. No exemplo, se os Estados Unidos focassem na produção de computadores e a Colombia na de flores, a produção global de computadores aumentaria. Isso permite que os países se especializem na produção de detemrinado bem que lhe provê uma vantagem comparativa. O que é vantagem comparativa? Segundo o autor, a vantagem comparativa é quando o custo de oportunidade de um país produzir certo bem, comparado a outros bens, é menor que em outros países. Neste exemplo, Colombia já tem vantagem comparativa na produção de rosas e Estados Unidos na produção de computadores. Ambos ficam mais ricos, pois eles produzirão para ambos os mercados. 1.2 Economia de um fator. Supomos uma economia com somente um fator de produção - trabalho. Essa economia produz dois bens: queijo e vinho, e o trabalhador divide seu trabalho entre a produção desses dois bens. A produtividade é inversamente proporcional aos requisitos de unidades de trabalho (quanto mais o trabalhador conseguir produzir em uma hora, menos unidades de trabalho serão requisitadas), em que aLW é o requisito de trabalho em vinho e aLC, em queijo; L é a oferta total de trabalho. Logo, a produtividade de se produzir queijo é 1/aLC e 1/aLW, de produzir vinho. Sendo Qw a produção de vinho e Qc, de queijo, a fronteira de produção possível é dada por: aLCQc+aLWQw < L Se a fronteira for uma linha reta, o custo de oportunidade de um bem, relativo ao outro, é constante e será a inclinação da fronteira (aL A fronteira de produção possível mostra as diferentes combinações possíveis que uma economia pode produzir. A produção efetiva depende dos preços relativos dos bens, isto é, o preço de um em termos do outro. Exemplo: supondo que: ● É necessária uma hora de trabalho para produzir queijo e, posteriormente, ele é vendido por $4. ● São necessárias 2 horas de trabalho para produzir vinho e, posteriormente, ele é vendido por $7. Neste exemplo, os trabalhadores só irão produzir queijo, pois ganharão $4 a hora, enquanto receberiam $3,50 caso produzissem vinho. Logo, haverá uma especialização desta economia na produção do queijo. Assim, a hora de trabalho para a produção de queijo será Pc/aLC, enquanto para a produção de vinho, Pw/aLW. Logo, como a economia se especializa na indústra que pagar mais, então ela se especializará na produção de queijo se: Pc/aLC > Pw/aLW Pc/Pw > aLC/aLW E vice versa. Assim, uma economia se especializará na produção de queijo se o seu preço relativo exceder o seu custo de oportunidade em relação à produção de vinho. Caso não haja comércio internacional, os preços relativos dos bens são iguais às unidades de trabalho requisitadas. 1.3 Comércio em um mundo de um fator. Suponto, agora, duas economias (local e estrangeiro) com somente um fator de produção - trabalho. Ambas as economias produzem dois bens: vinho e queijo. Igual ao exemplo anterior, para local, seja aLW o requisito de trabalho em vinho e aLC, em queijo, e L a oferta total de trabalho; já para o estrangeiro, seja a*LW o requisito de trabalho em vinho e a*LC, em queijo, e L* a oferta total de trabalho. Assim, suponto que Local é mais produtiva em queijo, porém menos produtiva em vinho, comparada com estrangeiro, temos que: aLC/aLW<a*LC/a*LW aLC/a*LC<aLW/a*LW O custo de oportunidade de Local produzir queijos é menor (custo de oportunidade = razão das unidades de trabalho). Logo, Local tem vantagens comparativas em produzir queijo. 1.3.1 Determinando o preço relativo. Se Local exportar queijo somente em troca da importação de vinho, e Estrangeiro exportar vinho somente em troca da importação de queijo, o estudo dos mercados de cada bem isoladamente pode ser equivocado. Neste caso, a análise de equilibrio geral conecta ambos os mercados. Uma maneira de ver isso é através da demanda e oferta relativas. Primeiro, vemos que não haveria oferta de queijo caso o preço relativo fosse menor que aLC/aLW, pois se Pc/Pw = aLC/aLW, Local se torna indiferente entre produzir queijo e vinho, ofertando qualquer quantidade dos bens, produzindo uma curva horizontal (o mesmo ocorre para Estrangeiro). Depois, vemos que se Pc/Pw > aLC/aLW, Local se especializará na produção de queijo; enquanto se Pc/Pw < a*LC/a*LW, Estrangeiro se especializará na produção de vinho. Assim, quando Local se especializa em queijo, ele produz L/aLC e quando Estrangeiro se especializa em vinho, ele produz L*/a*L. Logo, para qualquer preço relativo entre os cursos de oportunidade de Local e Estrangeiro, a oferta relativa do queijo será: (L/aLC)/(L*/a*LW) Ou seja, são as quantidades relativas máximas que Local e Estrangeiro vão produzir. Na vertical, Local se especializa na produção de queijo e Estrangeiro, na produção de vinho. Logo, os preços são definidos somente por componentes da oferta (tecnologia, custo de oportunidade). E as quantidades são definidas por componentes da demanda. Quanto maior a demanda por queijo, mais deslocada para a direita será a RD e maior será a produção mundial de queijo e Estrangeiro produzirá queijo e vinho (mais queijo que vinho). 1.3.2 Ganhos do comércio Suponto que Local produza queijo e vinho, mas que tenha uma produtividade maior em queijo. Assim, ela pode produzir mais queijo e trocar seus queijos por vinhos, produzidos em Estrangeiro. Isso aumentará a quantidade de vinho disponível em Local (inclina a fronteira de produção possível.) A produção dos países será a intersecção da reta anterior com a nova. Logo, o Local se especializará na produção de queijo (solução de canto) e importa tudo de vinho. 1.4 Vantagens comparativas: equívocos. ● O livre comércio é benéfico somente se seu país é suficientemente forte para resistir à concorrência estrangeira; ● A concorrência estrangeira é injusta e prejudica outros países quando se baseia em salários baixos; ● O comércio explora um país e o torna pior se seus trabalhadores recebem salários muito mais baixosque os de outras nações 1.5 Conclusão Um país com baixa remuneração e baixa produtividade possui vantagens comparativas, logo, o comércio internacional é capaz de beneficar esse país. O problema da redução do bem estar da classe trabalhadora não está no livre comércio, mas na sua baixa produtividade.
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