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economia internacional

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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
Economia intErnacional
Prof.ª Andréa Oliveira Hopf Díaz
Prof. Diego Boehlke Vargas
Prof. José Alfredo Pareja Gómez de la Torre
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.ª Andréa Oliveira Hopf Díaz
Prof. Diego Boehlke Vargas
Prof. José Alfredo Pareja Gómez de la Torre
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
D542e
 Díaz, Andréa Oliveira Hopf
Economia internacional. / Andréa Oliveira Hopf Díaz; Diego Boehlke 
Vargas; José Alfredo Pareja Gómez de la Torre. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 222 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0434-5
1. Relações econômicas internacionais. - Brasil. 2. Comércio internacional. 
– Brasil. I. Díaz, Andréa Oliveira Hopf. II. Vargas, Diego Boehlke. III. Torre, José 
Alfredo Pareja Gómez de la. IV. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 337
III
aprEsEntação
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo aos estudos de Economia 
Internacional. Esta é uma disciplina muito importante do curso de Ciências 
Econômicas, mas que também é discutida em diversos outros cursos de 
graduação e pós-graduação. Isso ocorre porque o tema da economia visto a 
partir de seus aspectos internacionais envolve muitas áreas de aprendizagem.
Você já imaginou todos os fatores que podem estar envolvidos para 
que a troca de produtos entre dois países ocorra? Desde a produção voltada 
para a exportação ou a compra de matérias primas importadas. As teorias 
econômicas que se preocupam com os tipos de produtos a serem exportados 
e importados. As políticas comerciais que regem o fluxo internacional 
de bens e serviços. O desenvolvimento econômico proporcionado pela 
internacionalização das dinâmicas econômicas nacionais. Se a economia 
interna de um país é bastante complexa, sua ampliação para o cenário 
mundial torna-se um desafio!
São justamente estes temas citados que serão amplamente estudados 
ao longo das páginas do Livro Didático de Economia Internacional. 
Estudaremos, tanto as teorias da economia internacional, quanto as políticas 
de comércio internacional, mas, também, a inserção brasileira no cenário 
internacional. Para ajudá-lo com os estudos apresentados ao longo do livro, 
dividiu-se o tema mais geral em três unidades, cada uma delas contando com 
autoatividades de apoio. Fique atento à leitura!
A Unidade 1 do Livro foi dedicada às teorias fundamentais da 
economia internacional, ou seja, vamos procurar entender o contexto mais 
amplo desta área, com o amparo das abordagens teóricas de compreensão. 
Do ponto de vista da ciência econômica é a partir do período conhecido por 
mercantilismo que os fluxos internacionais do comércio são intensificados, 
por isso que dedicamos algum tempo para relembrar este contexto histórico.
Contudo, o primeiro contato com uma teoria econômica internacional 
será por meio de Adam Smith e David Ricardo, a partir da teoria das vantagens 
absolutas e comparativas. Em seguida, estudaremos o modelo de Heckscher-
Ohlin, o qual insere-se na teoria neoclássica do comércio internacional. Além 
dessas, ainda na Unidade 1, estudaremos outras abordagens do comércio 
internacional. Faça anotações para não perder nada! 
Na Unidade 2, o tema central é sobre a política comercial internacional, 
que se preocupa com os aspectos políticos da economia internacional. Já 
sabemos que a economia não funciona sem a compreensão política, não é 
mesmo? Para o cenário internacional ocorre o mesmo. Portanto, estudaremos 
IV
de que forma os países vêm se integrando economicamente uns com os outros, 
bem como as barreiras tarifárias e não-tarifárias existentes. Para que o tema da 
política internacional possa ser melhor captado é necessário, também, estudarmos 
sobre as instituições e os organismos internacionais. Assim, poderemos analisar o 
funcionamento do sistema mundial de comércio!
Já na Unidade 3 os temas são menos teóricos e mais relativos aos impactos 
para o desenvolvimento econômico e social dos países a partir da dinâmica 
internacional da economia. Quais são os atuais desafios à economia internacional? 
Por que existe uma vulnerabilidade ao contexto externo? Quais as disparidades 
do crescimento e desenvolvimento econômico dos países? Já mencionamos que 
a economia internacional compreende diversas áreas de estudo. Procuraremos 
inter-relacionar estes conhecimentos a partir das respostas a essas perguntas mais 
amplas. E quanto ao Brasil? Qual sua importância no cenário internacional? Desde 
qual momento histórico nossa economia é “internacionalizada”? Poderíamos 
dizer que os estudos da economia internacional não têm fim, tanto do ponto de 
vista teórico quanto prático e político.
As teorias e os temas abordados ao longo do Livro Didático são o principal 
material para os seus estudos em Economia Internacional. Contudo, você verá 
que ao longo das páginas deste livro são indicados, sites, bibliografias e muito 
mais para que você possa ampliar ao máximo seus conhecimentos. Além disso, 
as autoatividades garantem que o conteúdo estudado seja devidamente discutido 
e aprendido. Portanto, não deixe de fazê-las e tirar as dúvidas posteriormente.
Desejamos ótimo estudos!
Prof.ª Andréa Oliveira Hopf Díaz
Prof. Diego Boehlke Vargas
Prof. José Alfredo Pareja Gómez de la Torre
V
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
VI
VII
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
LEMBRETE
VIII
IX
UNIDADE 1 – TEORIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL ........................................................1
TÓPICO 1 – AS TRANSAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS ........................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 A IMPORTÂNCIA DA ECONOMIA INTERNACIONAL ............................................................4
3 AS ORIGENS DO MERCANTILISMO ..............................................................................................74 ADAM SMITH E A TEORIA DA VANTAGEM ABSOLUTA .....................................................13
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................17
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................18
TÓPICO 2 – TEORIAS CLÁSSICAS E NEOCLÁSSICAS DO COMÉRCIO 
 INTERNACIONAL...........................................................................................................19
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................19
2 DAVID RICARDO: AS VANTAGENS COMPARATIVAS ..........................................................19
 2.1 ECONOMIA COM APENAS UM FATOR DE PRODUÇÃO ....................................................23
 2.2 O COMÉRCIO EM UM MUNDO DE APENAS UM FATOR DE PRODUÇÃO .....................25
3 INSTRUMENTOS E GANHOS DO COMÉRCIO NA TEORIA NEOCLÁSSICA: 
 O MODELO HECKSCHER-OHLIN .................................................................................................30
 3.1 UM MODELO COM DOIS FATORES DE PRODUÇÃO ...........................................................31
 3.2 EFEITOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL ENTRE ECONOMIAS DE 
 DOIS FATORES ................................................................................................................................39
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................43
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................44
TÓPICO 3 – ABORDAGENS ESTENDIDAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL ................45
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................45
2 UMA APLICAÇÃO SIMPLES DA ECONOMIA INTERNACIONAL.......................................45
 2.1 OS GANHADORES E OS PERDEDORES NO COMÉRCIO INTERNACIONAL .................49
3 O ÍNDICE DE COMPLEXIDADE ECONÔMICA ..........................................................................54
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................65
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................68
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................69
UNIDADE 2 – POLÍTICA COMERCIAL INTERNACIONAL .......................................................71
TÓPICO 1 – INTEGRAÇÃO ECONÔMICA ......................................................................................73
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................73
2 FORMAS DE INTEGRAÇÃO ECONÔMICA ................................................................................73
3 BLOCOS ECONÔMICOS: OS CASOS DE UNIÃO EUROPEIA, ACORDO DE LIVRE 
COMÉRCIO DA AMÉRICA DO NORTE E MERCADO COMUM DO SUL ..........................80
 3.1 UNIÃO EUROPEIA – UE ..............................................................................................................80
 3.2 ACORDO DE LIVRE COMÉRCIO DA AMÉRICA DO NORTE – NAFTA ...........................84
 3.3 MERCADO COMUM DO SUL – MERCOSUL ..........................................................................89
sumário
X
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................96
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................97
TÓPICO 2 – INSTRUMENTOS DE POLÍTICA COMERCIAL ......................................................99
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................99
2 ANÁLISE DAS TARIFAS ....................................................................................................................99
 2.1 OUTROS ASPECTOS DE PLANOS TARIFÁRIOS ....................................................................102
3 OS EFEITOS DE UMA TARIFA .......................................................................................................107
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................112
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................113
TÓPICO 3 – SISTEMA MUNDIAL DE COMÉRCIO E ORGANISMOS 
 INTERNACIONAIS .......................................................................................................115
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................115
2 BARREIRAS NÃO TARIFÁRIAS: OUTROS INSTRUMENTOS DE POLÍTICA 
COMERCIAL .......................................................................................................................................115
 2.1 SUBSÍDIOS ÀS EXPORTAÇÕES .................................................................................................116
 2.2 COTA DE IMPORTAÇÕES ..........................................................................................................118
 2.3 RESTRIÇÕES VOLUNTÁRIAS ÀS EXPORTAÇÕES ...............................................................121
3 NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS NA POLÍTICA COMERCIAL ....................................123
 3.1 UM BREVE HISTÓRICO DOS ACORDOS DE COMÉRCIO INTERNACIONAIS .............124
 3.2 A RODADA URUGUAI ................................................................................................................127
 3.3 A RODADA DE DOHA ................................................................................................................130
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................133
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................135
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................136
UNIDADE 3 - O BRASIL NO CENÁRIO ECONÔMICO INTERNACIONAL ........................137
TÓPICO 1 – OS DESAFIOS E A VULNERABILIDADE INTERNACIONAL ...........................139
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................139
2 DESAFIOS COMERCIAIS E PRODUTIVOS ...............................................................................139
3 RECURSOS ESCASSOS E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA .......................................................145
 3.1 INOVAÇÃO E CAPACIDADE TECNOLOGIA NO CONTEXTO HISTÓRICO ..................147
4 AS VANTAGENS COMPARATIVAS DAS NAÇÕES E DO BRASIL, PRIMEIRAS DUAS 
DÉCADAS DO SÉCULO XXI ...........................................................................................................152
 4.1 A VOLATILIDADE FINANCEIRA: CRISES CAMBIAIS E ESPECULAÇÕES E ......................
 ESTABILIDADE DA RESERVA INTERNACIONAL ................................................................154
 4.2 AS OSCILAÇÕES CAMBIAIS E O FIM DO PADRÃO OURO ...............................................157
 4.3 O DÓLAR AMERICANO COMO MOEDA ...............................................................................165
 INTERNACIONAL ........................................................................................................................1654.3.1 O Eurodólar............................................................................................................................166
 4.4 A VULNERABILIDADE DO MERCADO CAMBIAL ..............................................................167
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................172
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................173
TÓPICO 2 – DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E COMÉRCIO INTERNACIONAL ..........175
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................175
2 POTENCIAL DE CRESCIMENTO ECONÔMICO DOS PAÍSES 
 EM DESENVOLVIMENTO ..............................................................................................................178
 2.1 BENEFÍCIOS E CUSTOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL ............................................182
 2.2 A QUESTÃO DAS COMMODITIES ...........................................................................................185
XI
 2.2.1 A doença holandesa .................................................................................................................187
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................193
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................194
TÓPICO 3 – O BRASIL NA ECONOMIA INTERNACIONAL ....................................................195
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................195
2 PRECEDENTES HISTÓRICOS DA ABERTURA ECONÔMICA DO BRASIL .....................196
 2.1 A ABERTURA DA ECONOMIA BRASILEIRA DE 1990 .........................................................198
 2.2 PERSPECTIVAS DO MERCADO INTERNACIONAL PARA O BRASIL .............................202
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................210
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................212
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................213
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................215
XII
1
UNIDADE 1
TEORIA DO COMÉRCIO 
INTERNACIONAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender a importância da economia internacional a partir de alguns 
exemplos do cotidiano econômico;
• entender as origens do mercantilismo sob o ponto de vista do tema da 
economia internacional;
• analisar a contribuição de Adam Smith e de sua Teoria da Vantagem 
Absoluta para a economia internacional;
• compreender o modelo clássico de comércio internacional por meio da lei 
das vantagens comparativas de David Ricardo;
• analisar os ganhos do comércio a partir da teoria neoclássica com base no 
modelo de Heckscher-Ohlin.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – AS TRANSAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS
TÓPICO 2 – TEORIAS CLÁSSICAS E NEOCLÁSSICAS DO COMÉRCIO 
INTERNACIONAL
TÓPICO 3 – ABORDAGENS ESTENDIDAS DO COMÉRCIO 
INTERNACIONAL
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
AS TRANSAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, é um prazer tê-lo como leitor do Livro Didático de 
Economia Internacional. O estudo das relações econômicas em nível internacional 
foi um tema discutido já nos séculos XVIII e XIX, cujas análises serviram de base 
para o conjunto da economia moderna. Contudo, a economia internacional nunca 
foi tão importante como é atualmente.
A partir do comércio internacional de bens produzidos e serviços prestados, 
além dos fluxos monetários, as economias dos países estão conectadas como jamais 
estiveram na história da Economia. É por este motivo que a análise econômica 
internacional se tornou uma estratégia do ponto de vista da política nacional de 
cada território.
As teorias do comércio internacional continuam evoluindo desde sua origem 
mais remota com a política mercantilista, a qual contribuiu significativamente para 
a internacionalização do comércio entre os países. Contudo, é a partir da Teoria da 
Vantagem Absoluta de Adam Smith que os conceitos e análises sobre o comércio 
internacional são aprofundados e aprimorados. É a partir destes marcos que iremos 
entrar no mundo da Economia Internacional!
Veja algumas perguntas que procuraremos responder ao longo das páginas 
seguintes: De onde se origina a Economia Internacional? Qual a importância da 
Economia Internacional? Como podemos entender o comércio internacional a partir 
do mercantilismo? De que forma a Teoria das Vantagens Absolutas de Adam Smith 
contribui para o entendimento da teoria do comércio internacional?
Para que essas perguntas sejam respondidas da forma mais clara possível, 
preparamos este livro com uma leitura fácil e dinâmica, embora seja preciso atenção e 
dedicação para que os temas sejam perfeitamente assimilados. As páginas que você lerá 
contam com ilustrações, informações adicionais e dicas para aprofundar o seu estudo.
Desejamos que tenha ótimos resultados com seus estudos! Vamos lá!?
UNIDADE 1 | TEORIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
4
2 A IMPORTÂNCIA DA ECONOMIA INTERNACIONAL
Imagine por alguns momentos que para todas as necessidades de sua 
vida serem atendidas você apenas dependerá de suas próprias aptidões. Você 
não poderia comprar nada de ninguém, nem mesmo trocar nada que possua por 
outra coisa ou produto. Você teria que costurar as próprias roupas, plantar o 
próprio alimento, construir a própria moradia. Qual tipo de produto tecnológico 
você poderia produzir? 
Ao menos, em um primeiro momento, o seu padrão de vida cairia muito, 
pois faltariam muitos recursos necessários à produção de tudo aquilo que 
desejamos em nosso dia a dia, sejam eles recursos materiais, habilidades que 
precisariam ser adquiridas, ou mesmo tempo disponível e necessário.
Basta pensar em um dia comum de sua vida: você acorda pela manhã 
e toma um copo de suco feito com laranjas plantadas no Brasil, mas que foram 
exportadas in natura e importadas em forma de caixinhas de suco. O café matinal 
talvez tenha percorrido caminho parecido. Enquanto degusta seu café, assiste a 
um noticiário transmitido de São Paulo em sua televisão produzida na China em 
um canal cujo satélite se localiza fora do planeta. Suas roupas são de algodão 
plantado na Bahia e costuradas na Tailândia. Vai para as aulas de carro ou ônibus 
com peças fabricadas em diversos países pelo mundo. Então, abra seu Livro 
Didático de Economia Internacional, publicado em Santa Catarina, com árvores 
cultivadas no Paraná.
FIGURA 1 – VARIEDADE DE PRODUTOS DE CONSUMO
FONTE: <https://st.depositphotos.com/1063437/3688/i/950/depositphotos_36886667-stock-
photo-variety-of-consumer-products-in.jpg>. Acesso em: 1° nov. 2019.
O fato é que não é possível participar diretamente de tudo aquilo que 
consumimos. Todos os dias dependemos de muitas pessoas, empresas e políticas 
econômicas de outros países (a maioria dos quais nem conhecemos) para nos 
fornecerem os bens e serviços que desfrutamos em nossa casa, trabalho, faculdade.
Esta interdependência é possível porque os agentes econômicos 
comercializam entre si. Os agentes econômicos,que são os produtores, os 
consumidores, também se especializam na produção de determinados bens 
TÓPICO 1 | AS TRANSAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS
5
e serviços. Isto ocorre, pois, passamos a desenvolver e a trabalhar naquilo que 
temos mais habilidade; naquilo que fazemos melhor. Assim, é possível produzir 
quantidades tão altas de um produto, que superam a quantidade necessária para 
o nosso próprio consumo, dando margem para um excedente de produção. Esse 
excedente será trocado por outros produtos necessários ao nosso bem-estar e que 
não podem ser produzidos por nossas próprias mãos (MANKIW, 2013).
A especialização é algo muito comum entre as pessoas, seja um médico, um 
professor, um pedreiro: cada um deles procura obter vantagens “especializando-
se naquilo que faz melhor e ganhando o suficiente para poder comprar os bens e 
serviços que não produz” (PASSOS; NOGAMI, 2008, p. 521). Por sua vez, no mesmo 
sentido dos agentes econômicos que, individualmente, tomam determinadas 
decisões, estão as políticas econômicas dos países, já que os recursos necessários à 
produção se encontram distribuídos desigualmente pelo mundo.
Por exemplo, enquanto em alguns lugares estão concentrados grandes 
espaços de terra úteis para a produção agrícola, em outros, as habilidades 
tecnológicas e/ou de educação vem sendo desenvolvidas a mais tempo (ou 
recebendo mais investimento) e, portanto, estão mais aprimoradas. Em outros 
termos, em alguns países há mais mão de obra especializada; outros, são mais 
bem-dotados de capital, tendendo a ter maior ou menor produtividade em 
decorrência dos fatores de produção existentes. Logo, os custos de produção 
também serão diferentes, e alguns produtos terão custos menores se produzidos 
em outros países e, então, importados.
O comércio internacional traz a possibilidade de os países aproveitarem 
suas aptidões e empregarem seus recursos na produção daqueles produtos com 
custo relativamente baixo a outros países, e trocar estes produtos por outros que 
possuem custo relativamente mais alto (PASSOS; NOGAMI, 2008). 
Além destes elementos que vimos, existem ainda outras razões pelas 
quais os países procuram realizar comércio com países estrangeiros. Veja-as na 
figura a seguir.
FIGURA 2 – RAZÕES PARA REALIZAR COMÉRCIO INTERNACIONAL
Distinções entre as nações no tocante aos recursos naturais
Diferenças internacionais quanto às diferenças climáticas 
(altitude, topografia) e naturais (distribuição dos solos)
Desigualdades nas disponibilidades estruturais de 
capital e trabalho
Diferenças nos estágios de desenvolvimento tecnológico
FONTE: Adaptado de Passos e Nogami (2008, p. 522)
UNIDADE 1 | TEORIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
6
Por meio da combinação desses quatro fatores surge o que muitos estudiosos 
chamam de divisão internacional do trabalho, que separa o mundo em zonas de 
produção especializadas em diferentes produtos e serviços. Consequentemente, 
o comércio internacional contribui para uma internacionalização dos processos 
econômicos, mas, também, pode gerar um aumento das taxas de dependência de 
determinadas economias com o resto do mundo a partir de uma especialização 
excessiva de sua produção. Veja no quadro a seguir exemplos de países bastante 
dependentes de produtos para a exportação.
QUADRO 1 – PAÍSES ALTAMENTE DEPENDENTES DE EXPORTAÇÕES
País Produto
Arábia Saudita Petróleo
Burundi Café
Sri Lanka Chá
México Petróleo
Jamaica Alumínio
Serra Leoa Diamantes
Gâmbia Amendoim
Islândia Pescado
Chile Cobre
Bolívia Estanho
Honduras Banana
FONTE: Adaptado de Passos e Nogami (2008, p. 523) 
A estrutura econômica, nesses casos, resultou em uma organização que 
o principal produto produzido internamente tornou-se também o produto a ser 
exportado. É através da receita obtida com a exportação desses produtos que 
tais economias conseguem recursos para importar os demais bens e serviços que 
atendem as necessidades e bem-estar de sua população. 
Devido a essas e outras questões que a discussão sobre o livre comércio 
é bastante ampla e, também, controversa, assim como o das políticas comerciais, 
que será visto na Unidade 2 deste Livro Didático. Contudo, neste momento é 
importante compreendermos alguns benefícios para as economias quando 
decidem realizar o comércio internacional. Os itens a seguir trazem temas 
importantes para pensarmos sobre o livre comércio dos países.
• Maior variedade de produtos: os bens produzidos em países diferentes não 
são exatamente os mesmos. A cerveja da Alemanha, por exemplo, não é igual 
à dos Estados Unidos. O livre comércio oferece aos consumidores, em todos os 
países, maior variedade de escolha.
• Custo menor por meio de economias de escala: alguns bens podem ser 
produzidos a baixo custo, apenas em grandes quantidades — um fenômeno 
chamado economia de escala. Uma empresa de um país pequeno não pode 
TÓPICO 1 | AS TRANSAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS
7
se beneficiar completamente da economia de escala se vender apenas em um 
mercado interno pequeno. O livre comércio dá acesso a mercados mundiais 
maiores e permite que se realizem economias de escala de forma mais completa.
• Maior competição: uma empresa afastada dos competidores internacionais 
pode ter força no mercado, o que a capacita a aumentar os preços acima dos 
níveis competitivos. Isso é um tipo de falha de mercado. A abertura do mercado 
fortalece a competição e permite que a mão invisível tenha maiores chances de 
fazer sua mágica.
• Melhor fluxo de ideias: acredita-se que a transferência dos avanços tecnológicos, 
em todo o mundo, esteja ligada à comercialização dos bens que incorporam 
esses avanços. A melhor maneira de um país agrícola pobre aprender sobre a 
revolução dos computadores, por exemplo, é comprar alguns computadores 
do estrangeiro, em vez de tentar produzi-los internamente (MANKIW, 2013).
Com base nestes benefícios, percebemos que o livre comércio aumenta 
a variedade de produtos disponíveis para os consumidores, possibilita que 
empresas tenham economia de escala, aumenta a competição, estabiliza os preços 
e contribui para a disseminação da tecnologia.
Será que a economia internacional é somente feita de benefícios? Quais as 
perdas e os ganhos com o comércio internacional? Bom, para compreendermos 
sobre o fluxo comercial entre os países é preciso relembrar alguns temas da 
história econômica: mais precisamente até o período mercantilista! 
Vamos dar início ao estudo da Economia Internacional entendendo um 
pouco melhor a relação entre mercantilismo e comércio internacional. 
3 AS ORIGENS DO MERCANTILISMO
A História do Pensamento Econômico é uma disciplina fundamental 
dentro do curso de Economia, uma vez que traz à tona e procura entender o 
funcionamento das relações econômicas ao longo da história. No campo da 
Economia Internacional não é diferente. As bases das teorias ligadas à economia 
internacional, as quais procuram desvelar as formas pelas quais os países trocam 
bens e serviços entre si, estão alicerçadas em muitos pensadores do passado, uma 
vez que a percepção de que a dinâmica econômica nacional acontece de forma 
interligada com o resto do mundo não é nem um pouco recente.
O fato é que há muito tempo viu-se que as nações e sua população 
poderiam se beneficiar com o desenvolvimento do comércio de outras nações. 
Embora num mundo globalizado o papel das políticas internacionais seja 
totalmente diferente das economias do passado, é surpreendente perceber que as 
estratégias por ganhos nas trocas econômicas comerciais continuam sendo foco 
em todas as economias de mercado.
UNIDADE 1 | TEORIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
8
A escola do pensamento mercantilista do século XVI é responsável por 
concentrar muitas das ideias e estratégias que dariam origem ao conhecemos hoje 
por Economia Internacional. Ideias cujo tempo e novos pensadores procuraram 
desafiar para aprimorar o entendimento sobre a sociedade que se formava com 
base nas relações econômicas. O mais importante desses estudos está naobra de 
David Ricardo a partir da teoria das vantagens comparativas. A teoria ricardiana 
concentra o cerne da teoria internacional do comércio, sendo estudada por 
diversos/as teóricas/as até a atualidade.
Estudaremos com mais detalhes a importância do economista David Ricardo 
para a economia internacional, bem como o desenvolvimento de sua Teoria das Vantagens 
Comparativas ao longo do Tópico 2 desta unidade.
ESTUDOS FU
TUROS
Dessa forma, para entendermos o desenvolvimento histórico da teoria 
econômica internacional, é fundamental que voltemos à análise do papel do 
mercantilismo e sua relevância para os argumentos atuais das políticas de 
comércio internacional. 
O mercantilismo não é classificado como uma escola formal do pensamento 
econômico, mas como um conjunto de ideias similares sobre as atividades 
econômicas de um país e a importância do papel do comércio internacional. A 
convergência de estudiosos dedicados a este campo dominou tanto o pensamento 
“científico” quanto a política do período entre 1500 e 1750. Desta forma, o 
pensamento mercantilista sai do campo da teoria a partir do século XVI e entra 
para a História por meio de seu impacto nas políticas dos países (APPLEYARD; 
FIELD JR.; COBB, 2010).
É o momento que se atravessa a ruptura da Idade Média em direção à 
Idade Moderna, cujas transformações marcam o desenvolvimento de toda a 
organização em sociedade. Veja um resumo destas mudanças na figura a seguir:
TÓPICO 1 | AS TRANSAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS
9
FIGURA 3 – TIPOS DE TRANSFORMAÇÕES AMPLAS DA IDADE MODERNA
Intelectuais: as artes e a literatura refletem de forma 
diferenciadada sobre o mundo, o uso de métodos ligados 
a observação, tais como a experimentação científica, são 
disseminados.
Religiosas: a igreja passa a condenar a ociosidade, 
defender os empréstimos e a cobrança de juros, os lucros 
e os negócios.
Economia: há um aumento do fluxo de riquezas, da 
exploração de colônias além-mar, o surgimento de novos 
centros de comércio, as cidades ganham maior relevância, 
as classes economicas tornam-se mais definidas.
Geografia: a navegação, seu aprimoramento, e todos os 
instrumentos de leitura do mundo permitiram o acesso a 
novos territórios, tais como os dos povos das Américas.
Padrão de vida: há preocupação com o mundo material, 
pelo desejo de bem-estar, com acesso a melhores formas 
de alimentação, moradia, viagens e troca de experiências.
Política: surge o Estado moderno, que coordenava os 
recursos materiais e humanos, agrupava as forças da 
nobreza, dos senhores feudais e da burguesia.
FONTE: O autor
Há um mundo novo em formação, cujas relações econômicas são 
determinantes para o seu funcionamento. Não é à toa que até o século XVIII 
veríamos a formação de grandes centros de comércio articulados proporcionalmente 
como os de hoje. As explorações econômicas e geográficas proporcionaram novas 
oportunidades de comércio, alargando a dimensão das relações internacionais, 
principalmente a partir da descoberta de metais preciosos antes não utilizados 
para o comércio pelos povos originários. Como já estudamos em outros momentos, 
o acúmulo de ouro e prata era o foco dos Estados que se compunham. Por isso, que 
“o mercantilismo é frequentemente mencionado como a política econômica do 
Estado em construção” (APPLEYARD; FIELD JR.; COBB, 2010, p. 18).
O sistema econômico mercantilista tinha como base a ideia de que a 
concentração de metais preciosos era fundamental para os países. Além disso, 
havia uma visão estática dos recursos econômicos mundiais, em que os ganhos 
econômicos de um país advinham das perdas econômicas de outro país. 
Assim, para os países emergentes europeus do século XVI, era preciso atuar 
constantemente na aquisição de metais preciosos como forma de aumentar suas 
riquezas e o bem-estar individual.
UNIDADE 1 | TEORIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
10
Em um mundo rodeado por conflitos, ainda que em menor quantidade 
daqueles da Idade Média, o aperfeiçoamento do poder do Estado foi crucial para 
o processo de crescimento econômico. Esta foi uma outra perspectiva bastante 
importante das políticas mercantilistas. A formação de exércitos cada vez mais 
fortes, com tropas na marinha e de proteção das rotas comerciais, garantiram 
que uma economia produtiva perdurasse e se fortalecesse ao longo do tempo e, 
principalmente, dessem base para a implementação completa dos Estados-nação.
FIGURA 4 – SAQUE DE ROMA, PINTURA DE JOHANNES LINGELBACH, 1527
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/1f/Sack_of_Rome_
of_1527_by_Johannes_Lingelbach_17th_century.jpg/800px-Sack_of_Rome_of_1527_by_
Johannes_Lingelbach_17th_century.jpg>. Acesso em: 1° nov. 2019.
O saque de Roma foi um evento militar na cidade de Roma em 6 de maio de 1527, 
e contou com a participação de mais de 25.000 soldados. No século XVI as cidades e territórios 
ainda se encontravam em formação e demarcação, as quais eram realizadas por meio de 
diversas guerras e conflitos, muitas vezes, finalizados com o saque das cidades derrotadas.
NOTA
O entendimento dos mercantilistas sobre o sistema econômico era 
constituído por três componentes: o setor manufatureiro, o setor rural (interior 
do próprio país) e as colônias do exterior (interior dos outros países). Por sua 
vez, a classe mercante era o grupo mais relevante ao funcionamento do sistema 
econômico, mas, o trabalho, o mais relevante entre os fatores de produção.
Assim, o pensamento mercantilista entendia que a atividade econômica 
deveria ser regulada pelo Estado, e não ser deixada conduzida pelas decisões 
individuais. As tomadas de decisão individuais eram vistas pelo Estado como 
inconsistentes com as metas do próprio Estado, principalmente, no que dizia 
respeito ao acúmulo de metais preciosos. Este aspecto foi um dos mais debatidos 
dentro da teoria econômica clássica, alguns anos depois, por Adam Smith, dando 
origem à ideia do liberalismo econômico.
TÓPICO 1 | AS TRANSAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS
11
Outra defesa dos mercantilistas era pela manutenção de uma balança 
comercial favorável. Isto é, havia uma pressão por um nível de exportações 
constantemente maior do que aquele importado de produtos, uma vez que era 
interessante para a acumulação de metais preciosos que entravam no país por meio 
dos pagamentos às exportações. Entendia-se que a entrada de moeda permitiria 
um crescimento da produtividade e do emprego no país. Assim, a obtenção de 
uma balança comercial favorável ou positiva seria benéfica para o país.
Como forma de controlar a saída de metais preciosos e moeda do país, os 
Estados aplicavam duras penas a navios que contrabandeavam moeda, inclusive 
com penas de morte. Uma alternativa era privilegiar algumas companhias, rotas 
comerciais e áreas específicas para o fluxo de troca de moedas entre os países. 
Desta forma, o Estado administrava os próprios monopólios e monopsônios 
de navegação, contribuía direta e indiretamente para uma balança comercial 
favorável e poderia distribuir os lucros entre os soberanos desta atividade. A 
Hudson Bay Company e a Companhia das Índias Orientais Holandesa são exemplos 
destes monopólios comerciais organizados pelo próprio Estado — alguns deles 
se mantiveram até o século XIX (APPLEYARD; FIELD JR.; COBB, 2010).
FIGURA 5 – PRAÇA DAM AO FINAL DO SÉCULO XVII, PINTURA DE GERRIT A. BERCKHEYDE
A Companhia das Índias Orientais Holandesa foi uma 
companhia majestática formada por neerlandeses em 1602. 
Neste grupo estavam companhias privadas que possuíam 
cartas de concessão de um governo lhes conferindo o 
direito a privilégios comerciais: o objetivo era excluir os 
competidores europeus de importantes rotas comerciais. A 
sua sede em Amsterdã, capital da Holanda, tornou-se, logo 
em seguida, a sede do Banco de Amsterdã e da Bolsa de 
Valores de Amsterdã.
FONTE: Adaptado de <https://www.diario-universal.com/arquivo/aconteceu/a-companhia-
holandesa-das-indias-orientais/>; <https://en.wikipedia.org/wiki/History_of_Amsterdam#/media/File:AmsterdamDamsquar.jpg>. Acesso em: 1° nov. 2019.
UNIDADE 1 | TEORIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
12
Nesse contexto, as tarifas de importação eram baixas ou inexistentes 
para algumas matérias-primas que poderiam ser transformadas em produtos 
manufaturados. Essas matérias-primas entravam no país com baixíssima 
restrição, e, por meio do trabalho humano, transformavam-se em produtos com 
maior valor agregado, e então eram exportados com preços mais caros.
Percebemos que é proporcionalmente uma lógica muito parecida com o 
comércio atual. Se no passado o comércio de peles e roupas era intenso, atualmente, 
o cultivo de grãos e a produção de alimentos processados domina os mercados 
mundiais. As políticas de comércio internacional evoluíram com a dinâmica de 
troca de matérias-primas e produtos de maior valor agregado (APPLEYARD; 
FIELD JR.; COBB, 2010).
A seguir, um breve relato que exemplifica a relevância do pensamento 
mercantilista para compreensão de situações sobre economia atual. Não deixe de ler!
O mercantilismo ainda vive
Noções mercantilistas concernentes ao comércio ecoaram por meio das 
campanhas presidenciais de Patrick J. Buchanan de 1996 e 2000 [nos Estados 
Unidos]. Por exemplo, durante um discurso em agosto de 1996, referindo-se 
aos déficits comerciais dos Estados Unidos que atribuiu ao Tratado Norte-
Americano de Livre-comércio de 1993 (NAFTA) e ao pacto mundial de 
liberação do comércio de 1994, assinado pelos membros do Acordo Geral 
de Tarifas e Comércio (GATT), apontou “...que isto significa 4 milhões de 
empregos perdidos para trabalhadores e trabalhadoras da América”.
O balanço de comércio da doutrina mercantilista foi belamente 
verbalizado pelo chefe local de uma seção da organização United We Stand 
do candidato presidencial Ross Perot em 1993, quando, referindo-se ao déficit 
comercial dos Estados Unidos na época, disse: “Se parássemos de comercializar 
com o resto do mundo, estaríamos $100 bilhões à frente”. The Economist 
resumiu a situação quando afirmou, em 2004, que “o mercantilismo é uma 
teoria econômica defunta há, pelo menos, duzentos anos, mas muitos homens 
práticos com autoridade mantem-se escravos da noção de que as exportações 
devem ser promovidas e as importações desencorajadas”.
FONTE: APPLEYARD, D. R.; FIELD JR., A. J.; COBB, S. L. Economia internacional. Tradução 
técnica André Fernandes Lima et al. 6. ed. Porto Alegre: AMGH, 2010. p. 21
TÓPICO 1 | AS TRANSAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS
13
Um dos principais ataques recebidos pelas ideias mercantilistas veio com 
as teorias de Adam Smith. A riqueza de um país não poderia estar na manutenção 
da quantidade de metais preciosos existentes em um país. Desta forma, Smith 
percebeu que a riqueza de uma nação devia a sua capacidade de produção, ou 
seja, estava nas habilidades de produzir bens e serviços. Aliás, esta é base de sua 
teoria, apresentada em A riqueza das nações, uma das principais obras da economia 
clássica, de sua autoria, publicada em 1776.
4 ADAM SMITH E A TEORIA DA VANTAGEM ABSOLUTA
A liberdade econômica foi a grande bandeira do pensamento econômico 
do século XVIII. Se o objetivo econômico principal deveria ser o aumento da 
produtividade dos países, um ambiente em que as pessoas fossem “livres” para 
buscarem seus próprios interesses seria mais propício para alcançar esta meta. 
“O interesse próprio levaria os indivíduos a se especializarem em produtos e 
serviços e a trocá-los de acordo com suas habilidades especiais” (APPLEYARD; 
FIELD JR.; COBB, 2010, p. 24). Os ganhos de produtividade viriam de forma 
natural, produzindo aumento da divisão e da especialização do trabalho, uma 
vez que os sistemas de transporte, comércio e de trocas seriam cada vez mais 
fluidos e assimilados.
FIGURA 6 – TRADUÇÃO BRASILEIRA DA OBRA CLÁSSICA DE ADAM SMITH DE 1776
FONTE: <https://www.traca.com.br/livro/1093740/economistas-adam-smith-2-volumes/>; 
<https://www.todamateria.com.br/adam-smith/>. Acesso em: 1° nov. 2019.
Devido a estas e outras análises, Adam Smith não via necessidade do controle 
da economia a partir do Estado. É o momento no qual as ideias do liberalismo 
econômicas e a defesa do laissez-faire proporcionariam um ambiente melhor para o 
aumento da riqueza das nações — a conhecida “mão invisível” do mercado.
Um ponto importante da crítica de Adam Smith ao mercantilismo, que 
teve impacto na economia internacional, diz respeito à especialização e às trocas 
entre os países. Suas conclusões mostraram que os países deveriam especializar-
UNIDADE 1 | TEORIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
14
se na produção e exportação dos produtos que detivessem vantagem absoluta. 
Suas conclusões também mostraram que os países deveriam importar aqueles 
produtos cujo parceiro comercial detivesse vantagem absoluta.
A teoria das vantagens absolutas defende que quando os países se 
especializam na produção dos produtos que possuem maior eficiência produtiva, 
ou seja, utilizam menos mão de obra para sua produção, o comércio entre estes 
países permitiria um aumento na produção e no consumo, beneficiando ambos 
os países (PASSOS; NOGAMI, 2008). Em outras palavras, quando os países se 
especializam na produção dos produtos que possuem maior eficiência tornam-se 
capazes de produzir mais com um custo menor.
O quadro a seguir traz um exemplo das vantagens absolutas do Brasil e 
dos Estados Unidos com dados hipotéticos, levando em conta que os países só 
produzam milho e tecido, e que apenas exista um recurso de produção, o trabalho.
QUADRO 2 – EXEMPLO DAS VANTAGENS ABSOLUTAS
Países Fator de produção Produtos
Milho Tecido
Estados Unidos 1/trabalhador/ano produz 1.200 kg ou 400 m
Brasil 1/trabalhador/ano produz 600 kg ou 800 m
FONTE: Passos e Nogami (2008, p. 524)
Os dados mostram que os Estados Unidos possuem vantagem absoluta na 
produção de milho. Pois, um trabalhador por ano produz 1.200 quilos de milho. 
No Brasil, com o mesmo fator de produção e tempo, são produzidos apenas 600 
quilos de milho. Contudo, a vantagem absoluta da produção de tecido é brasileira, 
pois um trabalhador por ano produz 800 metros, enquanto nos Estados Unidos, 
apenas 400 metros. Portanto, a vantagem absoluta é a vantagem em produzir 
devido à produtividade de cada país e produto.
A vantagem absoluta é a habilidade em produzir certo produto utilizando 
quantidade menor de insumos ou matérias-primas que outro produtor (MANKIW, 2013).
NOTA
TÓPICO 1 | AS TRANSAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS
15
A partir destes dados, para simplificar, vamos supor que cada país só 
possua um trabalhador, que não haja comércio entre os dois países, e que cada 
país não especialize da produção, ou seja, os dois países produzem os dois 
produtos: na primeira metade do ano, os dois países apenas produzem milho e 
na outra metade, tecidos. Qual o volume de produção em cada país? Qual seria o 
nível de produção total? Veja no quadro a seguir.
QUADRO 3 – PRODUÇÃO DOS DOIS PAÍSES SEM ESPECIALIZAÇÃO E SEM COMÉRCIO
 Países
Produção
Brasil Estados Unidos Produção total
Produção anual de milho (kg) 300 600 900
Produção anual de tecido (m) 400 200 600
FONTE: Passos e Nogami (2008, p. 524)
Para compararmos a produção total dos países, vamos supor que os países 
realizem comércio entre si, bem como se especializam na produção daquele 
produto que possuem vantagem absoluta na produção. O Brasil irá produzir 
tecidos o ano inteiro, enquanto os Estados Unidos, milho o ano inteiro. Qual será, 
agora, a produção total destes dois produtos? Veja o quadro a seguir:
QUADRO 4 – COMÉRCIO INTERNACIONAL COM ESPECIALIZAÇÃO NA PRODUÇÃO
 Países
Produção
Brasil Estados Unidos Produção total Ganho líquido
Produção anual de milho (kg) 0 1.200 1.200 + 300
Produção anual de tecido (m) 800 0 800 + 200
FONTE: Passos e Nogami (2008, p. 525)
Percebeu as diferenças? Com a especialização da produção, o milho tem 
um aumento em sua produção mundial de 300 quilos, enquanto o tecido tem 
um aumento em sua produção mundialde 200 metros! Isso acontece devido 
às vantagens absolutas, aos ganhos de produtividade, que cada país possui na 
produção de cada um dos bens.
UNIDADE 1 | TEORIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
16
No próximo tópico, a partir da Teoria das Vantagens Comparativas, veremos 
que mesmo sem vantagem absoluta na produção de um produto, um país pode (e deve) 
realizar transações comerciais com outros países.
ESTUDOS FU
TUROS
Desta forma, se os dois países especializassem suas produções, a produção 
conjunta de milho e tecido seria maior e os dois países poderiam partilhar desse 
aumento por meio das trocas.
Evidentemente, esta é uma análise preliminar das trocas comerciais entre 
os países, mas, ainda assim, a crítica de Adam Smith ao mercantilismo, bem como 
sua defesa do comércio entre os países serviu de base para a teoria do comércio 
internacional como um todo. 
A teoria das vantagens absolutas de Adam Smith é correta, mas explica 
apenas uma parte do comércio internacional. Coube ao economista David 
Ricardo, no início do século XIX, explicar com mais detalhes e dar mais respostas 
à problemática das economias internacionais, com a teoria das vantagens 
comparativas. Fique atento, pois este será um dos temas que estudaremos na 
próxima Unidade deste livro.
Antes de avançar para o próximo tópico não deixe de conferir os itens de 
revisão e de realizar as autoatividades!
17
Neste tópico, você aprendeu que:
• O comércio internacional é importante, pois dependemos de diversos agentes 
econômicos para a produção de bens e serviços úteis ao nosso dia a dia.
• A especialização da produção gera um aumento da produtividade com 
formação de excedentes de produção.
• O contexto do mercantilismo é marcado por mudanças intelectuais, religiosas, 
econômicas, geográficas e de padrão de vida das pessoas.
• A política mercantilista defendia a manutenção de uma balança comercial 
favorável, com uma pressão para o nível de exportações ser sempre maior do 
que as importações.
• A liberdade econômica e pessoal, além da busca pelo interesse individual, foi 
defendida por Adam Smith, um importante economista do século XVIII.
• Adam Smith procurava mostrar que os países deveriam se especializar na 
produção dos bens que detivessem vantagem absoluta.
• A vantagem absoluta é a vantagem em produzir devido à produtividade de 
cada país e produto.
• Com a especialização da produção em cada país os ganhos ocorrem ao comércio 
mundial como um todo a partir do aumento da produção total.
RESUMO DO TÓPICO 1
18
1 Qual a importância do comércio internacional?
2 Quais as mudanças econômicas e geográficas pelas quais o período 
mercantilista atravessou?
3 Uma das políticas mercantilistas estava na manutenção de uma balança 
comercial favorável. Como podemos entender este processo?
4 Qual a contribuição de Adam Smith à economia internacional durante o 
século XVIII?
5 Como podemos entender o conceito de vantagem absoluta de Adam Smith?
AUTOATIVIDADE
19
TÓPICO 2
TEORIAS CLÁSSICAS E NEOCLÁSSICAS DO COMÉRCIO 
INTERNACIONAL
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Olá, caro acadêmico! O tópico que se inicia a partir deste momento 
é fundamental para o estudo da Economia Internacional, pois mostrará os 
fundamentos das teorias clássicas e neoclássicas do comércio internacional.
Portanto, iniciaremos pela análise no modelo clássico de David Ricardo, o 
qual se orienta pela teoria das vantagens absolutas de Adam Smith — estudada 
no tópico anterior — para entender o funcionamento da economia internacional 
por meio da formação de preços e da especialização da produção entre os países. 
Em um segundo momento, estudaremos com maior detalhe os avanços 
para a economia internacional com a teoria neoclássica. A ênfase aqui será para 
o chamado modelo de Heckscher-Ohlin, cujas análises procuram evidenciar 
a especialização da produção dos países com base na dotação dos fatores de 
produção. Siga atento para mais esta etapa de estudos!
2 DAVID RICARDO: AS VANTAGENS COMPARATIVAS
O tradicional 12 de junho é o momento anual da troca de carinhos e, 
principalmente, de presentes para muitos casais brasileiros. É quando o comércio 
ganha um fôlego a mais de compra e venda de produtos. Desde 1948, graças a um 
trabalho publicitário, o Brasil tem nessa data o Dia dos Namorados. 
Contudo, nos Estados Unidos e na Europa, o chamado Dia dos Namorados 
é celebrado em 14 de fevereiro, data conhecida por Valentine’s Day. No caso dos 
países estrangeiros, a data também promove um forte aquecimento da economia: 
expectativa de US$ 20,7 bilhões somente em 2019 (VALENTINE’S DAY, 2019).
O resgate dessas datas bastante importantes para as economias nacionais diz 
respeito à relevância do comércio internacional para o caso norte-americano. Ora, 
é de se imaginar que a produção de rosas no inverno dos Estados Unidos depende 
muito mais de recursos do que em países com clima tropical neste mesmo período. 
De fato, uma crescente parte do mercado norte-americano por rosas é suprida pela 
importação oriunda da América do Sul durante o inverno do hemisfério norte.
UNIDADE 1 | TEORIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
20
Desta forma, é possível perceber que o exemplo das rosas possui razões 
excelentes dos benefícios do comércio internacional entre os países. Se as rosas 
fossem produzidas nos Estados Unidos, deveriam crescer em estufas aquecidas, 
com altos custos com energia elétrica, investimento em capital, estrutura física, 
tecnológica, mão de obra especializada, entre outros recursos escassos. A decisão 
em produzir rosas no inverno é conflitiva, pois estes recursos poderiam ser 
utilizados, e melhores empregados, na produção de outros produtos. Quando 
se decide pelas rosas, menos computadores, por exemplo, serão produzidos 
pela economia norte-americana. É o chamado custo de oportunidade: o custo de 
oportunidade das rosas em termos dos computadores é o número de computadores 
que poderiam ser produzidos com os recursos utilizados na produção de um 
determinado número de rosas (KRUGMAN; OBSTFELD, 2001).
O Brasil é um dos poucos países do mundo que comemora o Valentine’s Day 
em 12 de junho: é por uma questão econômica! Em 1948 o publicitário João Doria foi 
responsável por criar uma campanha para aumentar as vendas durante o mês de junho, 
período que o comércio registrava certo desaquecimento das vendas. Já a escolha do dia 
12 refere-se à véspera da celebração de Santo Antônio — o famoso santo casamenteiro no 
Brasil. Atualmente, o Dia dos Namorados é a terceira melhor data para o comércio, cujo 
faturamento já chega a R$1,5 bilhão! 
FONTE: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-38973884>. Acesso em: 1° nov. 2019.
NOTA
FIGURA 7 – PRODUÇÃO DE ROSAS EM ESTUFA E LINHA DE PRODUÇÃO DE COMPUTADORES
FONTE: <https://static8.depositphotos.com/1000701/936/i/950/depositphotos_9362570-stock-
photo-fresh-roses-in-a-greenhouse.jpg>; <https://abrilexame.files.wordpress.com/2016/09/
size_960_16_9_producao-de-computadores4.jpg?quality=70&strip=info&resize=680,453>. 
Acesso em: 1° nov. 2019.
TÓPICO 2 | TEORIAS CLÁSSICAS E NEOCLÁSSICAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
21
Levando-se em conta que nos Estados Unidos crescem dez milhões de 
rosas para a venda em fevereiro, e que os recursos utilizados na produção destas 
rosas poderiam produzir cem mil computadores, logo, o custo de oportunidade 
das dez milhões de rosas são cem mil computadores. Ou, 10.000.000 rosas = 100.000 
computadores. De forma invertida, se a escolha fosse pelos computadores, aí o 
custo de oportunidade dos cem mil computadores seria de dez milhões de rosas.
No entanto, essas rosas poderiam ter sido produzidas no Brasil, por 
exemplo, região em que o cultivo das rosas é muito mais fácil e propício. Além 
disto, o custo de oportunidade da produção de rosas em termos de computadores 
é menor no Brasil do que nos Estados Unidos, uma vez que há mais tecnologia 
acumulada neste país do que naquele, ou seja, os trabalhadores brasileiros são 
menos eficientes na produção de computadores do que os norte-americanos,rendendo menor produção.
A relação de conflito entre rosas e computadores que era de dez milhões 
nos Estados Unidos é de apenas 30 mil computadores no Brasil. Assim, o Brasil 
é mais eficiente na produção de rosas, pois o custo de oportunidade é de menos 
computadores do que nos Estados Unidos (KRUGMAN; OBSTFELD, 2001).
Veja os dados da tabela a seguir. Eles demonstram uma situação em 
que os Estados Unidos deixariam de produzir rosas e o Brasil aumentaria sua 
produção de rosas.
TABELA 1 – MUDANÇAS HIPOTÉTICAS NA PRODUÇÃO
Rosas (em milhões) Computadores (em mil)
Estados Unidos -10 +100
Brasil +10 -30
Total 0 +70
FONTE: Adaptado de Krugman e Obstfeld (2001)
A diferença entre os custos de oportunidade oferece a possibilidade de 
benefícios para ambos os países a partir da reorganização da produção mundial. 
Os Estados Unidos deixariam de produzir rosas no inverno, dedicando seus 
recursos para a produção de computadores. Por isso que -10 milhões, na tabela, 
resulta em +100 mil computadores, no caso dos Estados Unidos. E +10 milhões, 
resulta em -30 mil computadores, que é o caso do Brasil. 
O fato de os Estados Unidos renunciarem à produção de rosas tem um 
impacto melhor em termos numéricos do que o Brasil. Assim, para o comércio 
mundial é importante que o Brasil dedique sua produção às rosas, pois menos 
computadores deixarão de ser produzidos em troca.
UNIDADE 1 | TEORIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
22
Agora veja a produção total na última linha da tabela: a economia 
mundial continua produzindo rosas como antes, mas agora passará a produzir 
mais computadores (+70). Com este rearranjo da produção, em que a produção 
de computadores concentrar-se-á nos Estados Unidos e a de rosas, no Brasil, a 
economia mundial, como um todo, produzirá maior quantidade de bens. Um dos 
resultados preliminares é que quando a produção é maior, maior também será a 
renda individual das pessoas.
O comércio internacional provoca esse crescimento na produção 
mundial porque permite a cada país especializar-se da produção 
do bem no qual apresenta vantagens comparativas. Um país tem 
vantagens comparativas na produção de um bem se o custo de 
oportunidade da produção do bem em termos de outros bens é mais 
baixo que em outros países (KRUGMAN; OBSTFELD, 2001, p. 15).
Desta forma, podemos perceber que no exemplo das rosas e dos 
computadores, Estados Unidos possui vantagem comparativa na produção 
de computadores, enquanto o Brasil, tem vantagem comparativa na produção 
de rosas. Com o funcionamento do comércio internacional, o padrão de vida 
de ambos os países pode ser melhorado, quando os Estados Unidos passam a 
produzir computadores ao mercado brasileiro, e o Brasil, rosas para o mercado 
norte-americano. Este é o entendimento chave das vantagens comparativas no 
comércio internacional: “o comércio entre dois países pode beneficiar ambos os 
países, se cada um produzir os bens nos quais possui vantagens comparativas” 
(KRUGMAN; OBSTFELD, 2001, p. 15).
Obviamente que os resultados deste modelo teórico se referem às 
possibilidades de produção dos países em questão, e, portanto, não representam 
a economia real dos países neste exato momento. Não há uma autoridade que 
decida qual produto e em qual quantidade deve ser produzido por cada país, 
pois, já vimos que as leis do mercado de oferta e de demanda são as responsáveis 
pelos ajustes de nível de produção, bem como de comércio internacional.
FIGURA 8 – TRADUÇÃO BRASILEIRA DA OBRA CLÁSSICA DE DAVID RICARDO DE 1817
FONTE: <https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1183008617-ricardo-principios-de-
economia-politica-e-tributaco-_JM>. Acesso em: 1° nov. 2019.
TÓPICO 2 | TEORIAS CLÁSSICAS E NEOCLÁSSICAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
23
O modelo clássico de comércio internacional surge exatamente com 
a publicação de 1817 de David Ricardo, “Princípios de economia política e 
tributação”, livro que introduziu o conceito de vantagens comparativas, a chamada 
lei da vantagem comparativa.
Essa é uma das abordagens mais importantes dentro da Economia, tendo 
seus estudos validados até os dias atuais em inúmeras situações práticas. Ela 
representa o entendimento de que o comércio internacional é estritamente resultado 
das diferenças internacionais na produtividade do trabalho, ficando conhecida por 
modelo ricardiano (KRUGMAN, OBSTFELD, 2001; SALVATORE, 2007).
Interessou-se pela produção e exportação de flores? Conheça um pouco 
sobre esta atividade econômica por meio do artigo Agricultura – o caminho das flores, 
publicado na Revista do Ipea - Desafios do Desenvolvimento. Disponível em: http://www.
ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1131:reportagens-
materias&Itemid=39.
DICAS
2.1 ECONOMIA COM APENAS UM FATOR DE PRODUÇÃO
Para darmos continuidade ao estudo da teoria clássica da economia 
internacional, e entender como a lei das vantagens comparativas de David 
Ricardo determina os padrões de comércio internacional, veremos o caso de um 
país hipotético que possua apenas um fator de produção.
Este país hipotético, o país “Local”, produz apenas dois bens, vinho e queijo, 
e sua tecnologia resume-se pela produtividade do trabalho de cada indústria. 
Para pensarmos nas diferenças de cada modelo de produção, expressaremos a 
produtividade em termos das necessidades de unidade trabalho, ou seja, o número 
de horas necessárias para a produção de 1 quilo de queijo ou 1 litro de vinho.
Desta forma, é necessária uma hora de trabalho para produzir 1 quilo de 
queijo e 2 horas de trabalho para produzir 1 litro de vinho. As necessidades de 
unidades de trabalho na produção de queijo e vinho serão, aLQ e aLV; os recursos 
totais disponíveis na economia, o total de trabalho ofertado, será dado por L.
Uma vez que a economia do país Local também possui recursos limitados, 
para que um ou outro bem seja produzido, quantidades de produção de um ou de 
outro precisarão ser sacrificadas. Assim, a fronteira de possibilidade de produção 
(linha PF no Gráfico 1), que revela as decisões de produção máxima para queijo e 
vinho, é exposta no gráfico a seguir da seguinte forma:
UNIDADE 1 | TEORIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
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GRÁFICO 1 – FRONTEIRA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO DO PAÍS LOCAL
Produção de vinho
do Local, Qv,
em litros
L/a
LV
P O valor absoluto da declividadeé igual ao custo de oportunidade
do queijo em termos de vinho
F
L/a
LQ
Produção de
queijo do Local,
Q , em quilosQ
FONTE: Krugman e Obstfeld (2001. p. 16)
Como neste caso há apenas um fator de produção, a fronteira de 
possibilidades de produção é uma linha reta. Agora, se QV for a produção de 
vinho e QQ a quantidade de produção de queijo, o trabalho utilizado na produção 
de vinho será aLVQV e o trabalho utilizado na produção de queijo, aLQQQ. Como 
a fronteira de possibilidade de produção diz respeito aos limites de recursos 
(fatores) de uma economia, neste caso o trabalho (L), então os limites da produção 
serão definidos pela inequação:
aLVQV + aLQQQ ≤ L
O custo de oportunidade aqui se refere aos litros de vinho que a economia 
Local deve deixar de produzir para que 1 quilo extra de queijo possa ser produzido. 
Logo, o custo de oportunidade do queijo em termos do vinho é aLQ/aLV. Assim, se 
é necessária uma hora de trabalho para fazer 1 quilo de queijo e duas horas para 
produzir 1 litro de vinho, o custo de oportunidade do queijo em termos do vinho 
é meio (1/2). Este custo de oportunidade é igual ao valor absoluto da inclinação 
da fronteira de possibilidades de produção (KRUGMAN, OBSTFELD, 2001).
Se a fronteira de possibilidades de produção revela as possibilidades 
de produção, ou seja, os limites de produção com determinadas quantidades de 
recursos, como sabemos qual quantidade e produto será, de fato, produzido? 
Para isso precisamos analisar o preço relativo dos dois bens; o preço de um 
produto em relação ao outro. Como neste exemplo a economia em análise possui 
apenas um recurso de produção, a oferta de queijo e de vinho será determinada pelo 
movimentoda mão de obra para o setor que melhor remunera seus funcionários. 
Suponha que: PQ e PV sejam os preços do queijo e do vinho; são necessárias 
aLQ para que 1 quilo de queijo seja produzido; não existe lucro para o dono do 
capital, logo, o salário por hora do trabalhador será igual ao valor daquilo que 
TÓPICO 2 | TEORIAS CLÁSSICAS E NEOCLÁSSICAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
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ele consiga produzir em uma hora, PQ/aLQ. O mesmo ocorre para o trabalhador 
da indústria do vinho, uma vez que aLV horas de trabalho são necessárias para a 
produção de 1 litro de vinho, seu salário será PV/aLV.
Quais os setores que pagarão maiores salários? Os salários do setor de 
queijo serão maiores se PQ/PV > aLQ/aLV. Logo, este será o setor que a economia 
tende a se especializar.
Lembre-se que a
LQ
/a
LV
 é o custo de oportunidade do queijo em termos do vinho.
IMPORTANT
E
Os salários do setor de vinho serão maiores se PQ/PV < aLQ/aLV. Então, este 
será o setor que a economia tenderá a se especializar. Isso ocorre porque todos 
os trabalhadores gostarão de atuar no setor que paga melhores salários. Apenas 
quando PQ/PV = aLQ/aLV, ambos os bens serão produzidos.
Deste caso, podemos extrair a proposição central sobre a relação entre 
preços e produção: “a economia terá a especialidade da produção de queijo se o 
preço relativo do queijo exceder seu custo de oportunidade” e, também, que “a 
economia terá a especialidade da produção de vinho se o preço relativo do queijo 
for menor que seu custo de oportunidade” (KRUGMAN; OBSTFELD, 2001, p. 17).
Por meio destas situações do país “Local” foi possível descrever um 
pouco sobre o padrão de comércio quando existe apenas um fator de produção. 
Seguindo em frente, vamos em busca da resposta para a pergunta: o que acontece 
quando duas economias que possuem apenas um fator de produção realizam 
comércio entre si?
2.2 O COMÉRCIO EM UM MUNDO DE APENAS UM FATOR 
DE PRODUÇÃO
Neste modelo, teremos o país “Local” e o “Estrangeiro”, cada um deles 
possui apenas um fator de produção, que é o trabalho, e cada um dos países pode 
produzir dois bens, o queijo e o vinho. A mão de obra do país Local será indicada 
por L e a necessidade de unidade de trabalho, aLV para vinho e aLQ para queijo. No 
país Estrangeiro será indicada com o acréscimo de um asterisco (L*, aLV* e aLQ*).
 
UNIDADE 1 | TEORIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
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GRÁFICO 2 – FRONTEIRA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO DO PAÍS ESTRANGEIRO
FONTE: Krugman e Obstfeld (2001. p. 19)
De modo geral, a necessidade de unidades de trabalho pode seguir 
qualquer padrão. A economia doméstica poderia ser mais ou menos produtiva 
do que a estrangeira em vinho ou queijo. Assim, podemos fazer uma suposição 
arbitrária que,
aLQ/aLv < aLQ*/aLV* ou, de modo equivalente, aLQ/aLQ* < aLV/aLV*
Assim, estaríamos assumindo que a proporção das unidades de trabalho 
necessárias para produzir 1 quilo de queijo em relação às unidades de trabalho 
necessárias para produzir 1 litro de vinho, é menor na economia doméstica que 
na estrangeira. Então, a produtividade relativa de queijo do país Local é maior 
que a de vinho.
Como as vantagens comparativas são determinadas em termos dos 
custos de oportunidade, podemos dizer que a economia Local tem vantagem 
comparativa na produção de queijo.
Note bem, não podemos confundir as vantagens absolutas com as 
vantagens comparativas. Pois não podemos determinar o padrão de comércio 
dos países apenas pelas vantagens absolutas. Para determinar as vantagens 
comparativas precisamos olhar para as quatro necessidades de unidade do 
trabalho de queijo e de vinho nos dois países. Portanto, dizer que aLQ < aLQ* apenas 
nos mostra que o país Local é mais eficiente na produção de queijo do que o país 
Estrangeiro, ou seja, possui vantagem absoluta da produção deste produto.
No gráfico a seguir temos a fronteira de possibilidades de produção do 
país Estrangeiro na curva PF*. Com a inclinação da fronteira de possibilidades de 
produção igual ao custo de oportunidade do queijo em termos do vinho, temos a 
fronteira do país Estrangeiro mais inclinada que a do país Local.
V
TÓPICO 2 | TEORIAS CLÁSSICAS E NEOCLÁSSICAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
27
Como a necessidade de unidades de trabalho no Estrangeiro, em termos 
relativos, é maior que no país Local (o Estrangeiro necessita abrir mão de muito mais 
unidades de vinho para produzir uma unidade de queijo), sua fronteira de possibilidades de 
produção é mais inclinada.
IMPORTANT
E
Agora, estabelecidas as redes para que o comércio internacional possa ocorrer, 
os preços não serão mais determinados pelas necessidades de trabalho domésticas, 
mas com base nas necessidades de trabalho do país com o qual irá comercializar.
Se o preço relativo do queijo é maior na economia estrangeira do que na 
doméstica, será lucrativo enviar (exportar) queijo da economia doméstica para a 
estrangeira, e enviar (exportar) vinho da economia estrangeira para a doméstica. 
Como os preços serão definidos com o comércio internacional?
Para determinar os preços dos bens comercializados internacionalmente, 
utilizamos as leis da oferta e da demanda por meio da análise do equilíbrio 
geral, que leva em conta as ligações entre os dois mercados. Desta forma, para 
considerar os dois mercados simultaneamente, consideramos as quantidades de 
queijo e de vinho ofertadas e demandadas, mas, também, a oferta e demanda 
relativas. Ou seja, o número de quilos de queijo ofertado ou demandado dividido 
pelo número de litros de vinho ofertado ou demandado em ambos os países.
A análise do equilíbrio geral leva em conta a oferta e a demanda relativas, 
que diz respeito à quantidade de quilos de queijo ofertado ou demandado dividida pela 
quantidade de litros de vinho ofertado ou demandado. Além de enfatizar as quantidades 
de oferta e demanda dos dois produtos em ambos os países. Ou seja, considera os dois 
mercados simultaneamente.
ATENCAO
O gráfico a seguir mostra a oferta e demanda mundial do queijo em 
relação ao vinho como funções do preço do queijo relativo ao preço do vinho. RD 
é a curva de demanda relativa; RS é a curva de oferta relativa. 
UNIDADE 1 | TEORIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
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GRÁFICO 3 – OFERTA E DEMANDA RELATIVAS MUNDIAIS
RD
a /aLQ LV
a* /a*LQ LV
1
2
RD'
Preço relativo
do queijo, P /PQ V
Q'
LV
LQL/a
L*/a*
RS
Quantidade relativa
de queijo, Q + Q*
 Q + Q*
Q
V V
Q
FONTE: Krugman e Obstfeld (2001. p. 20).
Compreender os degraus do Gráfico 3 é fundamental para entender o 
modelo completo. Vamos por partes: a RS mostra, primeiramente, que não haverá 
oferta de queijo se o preço relativo mundial cai abaixo de aLQ/aLV, ou seja, se cai 
abaixo do custo de oportunidade.
Quando o preço relativo iguala ao custo de oportunidade (PQ/PV = aLQ/
aLV), o país Local produzirá qualquer quantidade de qualquer bem, uma vez que 
os trabalhadores receberão a mesma quantidade produzindo queijo e vinho.
Agora, quando o preço relativo é maior do que o custo de oportunidade 
(PQ/PV > aLQ/aLV), conforme já vimos, o país Local irá se especializar na produção 
de queijo, pois os salários serão maiores. Se o preço relativo for menor que o custo 
de oportunidade estrangeiro (PQ/PV < aLQ*/aLV*), o país Estrangeiro continuará a 
produzir vinho.
Outra informação do Gráfico 3 é: quando o país Local tiver a especialidade 
da produção de queijo, ele produzirá L/aLQ quilos que queijo. E o país Estrangeiro, 
com a especialidade no vinho, produzirá L*/aLQ* litros de vinho. Logo, para 
qualquer preço relativo de queijo entre aLQ/aLV e aLQ*/aLV*, a oferta relativa será:
L/aLQ
L*/aLV*
TÓPICO 2 | TEORIAS CLÁSSICAS E NEOCLÁSSICAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
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Quando o preço relativo iguala ao custo de oportunidade no país 
Estrangeiro (PQ/PV = aLQ*/aLV*), o país Estrangeiro produzirá qualquer quantidade 
de qualquer bem, uma vez que os trabalhadores receberão a mesma quantidade 
produzindo queijo e vinho, por isso que temos novamente uma seção plana na 
curvade oferta.
Por fim, se o preço relativo é maior do que o custo de oportunidade do país 
Estrangeiro (PQ/PV > aLQ*/aLV*), as duas economias irão se especializar na produção 
de queijo. Não haverá produção de vinho, e a oferta de queijo será infinita.
E quanto à curva de demanda (RD)? Bom, ela revela que conforme o preço 
relativo do queijo aumenta, menores serão as tendências de consumo do queijo e 
maiores para vinho.
O preço relativo de equilíbrio é mostrado pelo Ponto 1, determinado pela 
intersecção das curvas de oferta relativa e demanda relativa, quando os preços 
estão numa posição anterior ao comércio entre os dois países. Cada país irá se 
especializar na produção do bem que possui maior vantagem comparativa: o país 
Local produz apenas queijo e o país Estrangeiro apenas vinho.
Agora, no Ponto 2, havendo o comércio internacional, o preço mundial do 
queijo é igual ao custo de oportunidade do país Local do queijo em termos do vinho. 
Assim, o país Local, como vimos, não precisa especializar-se na produção de queijo 
ou de vinho. Uma vez que PQ/PV está abaixo do custo de oportunidade do queijo, 
o país Estrangeiro irá especializar-se totalmente na produção de vinho, pois possui 
maiores vantagens comparativas. O resultado é que com a elevação do preço 
internacional do queijo faz com que o país Local se especialize na produção de 
queijo; a queda no preço internacional do queijo faz com que o país Estrangeiro 
es especialize na produção de vinho. O efeito desta convergência de preços é que 
cada país se especializará na produção do bem que exija unidades de trabalho 
relativamente menores. Como podemos perceber os ganhos com o comércio 
internacional? O gráfico a seguir pode nos ajudar a visualizar esta situação.
GRÁFICO 4 – EXPANSÃO DAS POSSIBILIDADES DE CONSUMO
Quantidade 
de vinho, Qv
Quantidade 
de vinho, Q*v
Quantidade 
de queijo, QQ
Quantidade 
de queijo, Q*Q(a) Local (b) Estrangeiro
T
P
P* T*F
F*
FONTE: Krugman e Obstfeld (2001. p. 22)
UNIDADE 1 | TEORIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
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A especialização do país Local resulta no ponto F da parte (a) do Gráfico 
4. Já a especialização do país Estrangeiro resulta no ponto F* da Gráfico 4. Os 
ganhos de comércio ocorrem, pois, o comércio internacional permite que o país 
Local e o país Estrangeiro tenham seus consumos aumentados para qualquer 
lugar ao longo das linhas mais à direita nos gráficos (linhas TF e F*T*).
Estas linhas refletem as possibilidades de consumo de cada um dos 
países. Sem o comércio internacional as possibilidades de consumo são iguais às 
possibilidades de produção apresentadas pelas linhas sólidas mais à esquerda 
(PF e P*F*). 
Agora, quando o comércio internacional ocorre, cada economia poderá 
consumir uma combinação de vinhos e queijos diferente daquela produzida, pois 
será complementada com a produção do país cujos produtos serão importados. 
Neste caso, as possibilidades de consumo serão aumentadas para as linhas mais 
à direita (TF e F*T*). Na parte (a) do gráfico, a linha TF indica as possibilidades 
de consumo do país Local, com maior quantidade de vinho disponível para o 
consumo do que sem o comércio internacional. Na parte (b) do gráfico, a linha F*T* 
indica as possibilidades de consumo do país Estrangeiro, com maior quantidade 
de queijo disponível para o consumo do que sem o comércio internacional. 
Em cada caso, o comércio internacional propiciou o aumento das opções de 
consumo, e, portanto, deve suprir melhor as necessidades da população de cada 
um dos países (KRUGMAN; OBSTFELD, 2001).
Desta forma, ao longo dos estudos deste item, foi possível entendermos 
o conceito das vantagens comparativas desenvolvido por David Ricardo. Para 
avançarmos nosso conhecimento, no próximo item veremos com detalhes como 
se desenvolve a chamada teoria neoclássica da economia internacional.
3 INSTRUMENTOS E GANHOS DO COMÉRCIO NA TEORIA 
NEOCLÁSSICA: O MODELO HECKSCHER-OHLIN
O que pudemos compreender até aqui com base no modelo clássico 
ricardiano diz respeito às vantagens comparativas entre os países surgirem 
devido às diferenças internacionais da mão de obra. Contudo, nas economias 
reais, as diferenças entre os países também ocorrem pelos recursos existentes em 
cada território. Portanto, embora as trocas comerciais entre os países decorram 
das diferenças entre a produtividade da mão de obra, elas também resultam da 
quantidade e do tipo de fatores de produção existentes, tais como terra, capital e 
recursos minerais.
Por meio desta perspectiva, estudaremos aqui uma das teorias mais 
importantes da economia internacional, que defende a ideia de que o comércio 
internacional é conduzido basicamente por diferenças entre os recursos dos 
países. Neste modelo, as vantagens comparativas são influenciadas pela interação 
entre os recursos de um território, bem como pela tecnologia empregada na 
TÓPICO 2 | TEORIAS CLÁSSICAS E NEOCLÁSSICAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
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3.1 UM MODELO COM DOIS FATORES DE PRODUÇÃO
Iremos assumir daqui em diante que existam duas economias e que cada 
uma delas pode produzir dois bens, sendo que cada um dos bens requer dois 
fatores ou recursos iguais para serem produzidos. Por exemplo, tecido e alimento. 
Cada um dos países produz os dois bens, e os dois bens utilizam os fatores de 
produção terra e mão de obra para serem produzidos. Os tecidos são medidos 
em metros, os alimentos em calorias, a mão de obra mediremos em horas e a terra 
em alqueires.
Primeiro, veremos o caso de apenas um dos países com a utilização de dois 
fatores de produção para depois nos perguntarmos o que ocorre quando as duas 
economias comercializam entre si. Assim, podemos definir as seguintes expressões:
• aTT = alqueires de terra utilizados na produção de um metro de tecido;
• aLT = horas de trabalho utilizadas na produção de um metro de tecido;
• aTA = alqueires de terra utilizados para produzir uma caloria de alimento;
• aLA = horas de mão de obra utilizadas para produzir uma caloria de alimento;
• L = oferta de mão de obra da economia;
• T = oferta de terra da economia.
É importante perceber que as horas de trabalho ou alqueires se referem 
àqueles realmente utilizados na produção, dando margem para que cada 
produtor defina qual a quantidade de recursos pretende utilizar para cada bem. 
O gráfico a seguir mostra as possíveis escolhas entre combinações de insumos 
para a produção de uma caloria de alimento. 
produção. Ou seja, as vantagens comparativas recebem influência da abundância 
de recursos e da intensidade pela qual os diferentes recursos são transformados 
no processo produtivo (KRUGMAN; OBSTFELD, 2001).
A chamada teoria de Heckscher-Ohlin foi desenvolvida por dois economistas 
suecos, Eli Heckscher e Bertil Ohlin, e representa o início da abordagem neoclássica da 
economia internacional. Esta teoria dá ênfase à lógica entre as proporções existentes 
de fatores de produção em países diferentes, bem como às proporções de utilização 
destes fatores na produção de bens diversos, por isso também é chamada de teoria 
das proporções dos fatores (KRUGMAN; OBSTFLED, 2001).
UNIDADE 1 | TEORIA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
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GRÁFICO 5 – POSSIBILIDADES DE INSUMOS NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS
Unidades do insumo terra,
aTA, em alqueires por caloria
Combinações de insumos
que produzem uma caloria
de alimento
Unidades do insumo
mão-de-obra, aLA, em horas 
por caloria
FONTE: Krugman e Obstfeld (2001, p. 71)
Um agricultor que cultiva alimentos poderia escolher produzir com 
menos alqueires de terra se tivesse mais mão de obra disponível ou o inverso. 
Esta escolha depende dos custos relativos da terra e da mão de obra. Se w é o 
salário pago por hora de trabalho, e r é o custo de um alqueire de terra, então a 
escolha dos insumos utilizados na produção depende da relação entre salários e 
custos (w/r), ou seja, depende da relação entre os preços dos fatores.
Por sua vez, a relação entre o preço dos fatores (w/r) e a proporção terra/
mão de obra utilizada na produção de alimentos

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