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DEFESA DO CONSUMIDOR

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DEFESA DO CONSUMIDOR - FERNANDA ROCHA
Aula 1 - Lei nº 8.078/90 - Sistema Constitucional das Relações de Consumo - Tópico 2
DIREITO DO CONSUMIDOR 
Atenção! O Código de Defesa do Consumidor visa proteger o consumidor das relações de consumo desequilibradas, pois o cliente está à mercê dos fornecedores nessas relações. A partir da ordem constitucional, o legislador pegou a ideia da Constituição e montou, no CDC, a Política Nacional de Proteção ao Consumidor. 
Constituição ADCT – Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor. 
Atenção! O CDC é a Lei n. 8.078/1990, elaborada a partir de ordem da Constituição. 
Art. 5º, XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor. 
Atenção! Não só o CDC protege o consumidor, mas o Estado tem obrigação de cumprir certos papéis, como garantir assistência jurídica gratuita àqueles consumidores hipossuficientes, garantir acesso à Defensoria Pública e especializada, fortalecer os Procons etc. 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; 
Art. 150, § 5º A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços. 
Atenção! É um direito do consumidor constitucionalmente assegurado que ele saiba qual é a carga tributária que está incidindo sobre as mercadorias que consome. Esse direito à informação é um princípio amplamente defendido dentro do CDC. 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: 
I – soberania nacional; 
II – propriedade privada; 
III – função social da propriedade; 
IV – livre concorrência; 
V – defesa do consumidor; 
Atenção! A defesa do consumidor é um princípio da ordem econômica, fato muito importante, pois é por meio desse princípio que são justificadas algumas medidas, como de regulação, de prazos maiores etc. 
VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 42, de 19.12.2003) 
VII – redução das desigualdades regionais e sociais; 
VIII – busca do pleno emprego;
IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 6, de 1995) 
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. 
CDC 
Atenção! O CDC é pensado e criado pelo constituinte originário e a defesa do consumidor é um direito fundamental. 
Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias. 
Atenção! O modelo CDC é muito elogiado por muitos países, pois é um sistema que conseguiu captar o ânimo do direito na época e incorporar no texto; por exemplo, a regra do diálogo das fontes. 
Diálogo das fontes 
Atenção! O diálogo das fontes é uma teoria da hermenêutica jurídica (ciência da interpretação), e o CDC surge em uma época em que há pluralismo jurídico, ou seja, um momento em que se começa a defender que não há uma norma específica para cada caso concreto.
Pela teoria do diálogo das fontes, deve-se buscar a aplicação, tanto quanto possível, de todas as normas que tratam do tema, gerais ou especiais, de modo a garantir a tutela mais efetiva ao grupo vulnerável protegido pela lei, o que pode levar, por exemplo, à aplicação do Código Civil em detrimento do Código de Defesa do Consumidor quando o primeiro for mais favorável.
Obs.: Observar a analogia que o professor Tartuce faz com o diálogo das fontes, pois, segundo ele, as fontes precisam conversar entre si e com a Constituição. 
Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade. 
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo. 
Atenção! O art. 7º é muito importante e muito recorrente em prova porque estampa a teoria do diálogo das fontes dentro de uma lei. 
Aula 2 - Lei nº 8.078/90 - Sistema Constitucional das Relações de Consumo - Exercícios - Tópico 2
Ver lei seca
Aula 3 - Lei nº 8.078/90 - Relação Jurídica de Consumo - Tópico 2
RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO 
Atenção! Sempre haverá um consumidor a adquirir produto ou utilizar serviços que serão providos por um fornecedor. Ao pensar nessa relação jurídica de consumo, o foco é no consumidor, ator que precisa ser identificado para usufruir de uma proteção legal. O CDC tem quatro conceitos: 
• Art. 2º; 
• Parágrafo único do art. 2º; 
• Art. 17; 
• Art. 29. 
Não bastando esses quatro conceitos de consumidores diferentes, o STJ tem uma posição pacífica que flexibiliza o disposto do art. 2º. O CDC incidirá em toda relação jurídica que puder ser caracterizada como de consumo:
 CONSUMIDOR → PRODUTO OU SERVIÇO → FORNECEDOR 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final (conceito clássico).
Pessoa jurídica é uma ficção jurídica, ou seja, a criação de um ente regulamentado pelo Direito abstrato. O CDC dispõe que toda pessoa física ou jurídica que adquire bem ou serviço é o destinatário final. Ser destinatário final é comprar o produto para utilização própria sem que este seja um meio de produção ou sem que ele seja recolocado dentro do círculo de produção. Porém, não se pode limitar esse conceito, pois algumas injustiças podem ser causadas 
Obs.: A ideia de destinatário final fez surgir duas teorias: 
• Maximalista: ampliava o conceito de destinatário final, pois entende que não é uma ação de recolocar o produto no ciclo de produção, mas a pessoa que comprou, portanto, o que fará com o produto é problema dela; 
• Finalista: restringia bastante o conceito de destinatário final, pois entende que a partir do momento que a pessoa compra um produto, não o recolocará dentro do ciclo de produção. 
Interpretação finalista: restringe a figura do consumidor – não profissional – destinatário final. 
Interpretação maximalista: sociedade de consumo, basta que não haja revenda. 
Interpretação finalista aprofundada: consumidor final imediato – deve ficar demonstrada a vulnerabilidade para ser comprovado que é consumidor – artigo 4º, inciso I, do CDC. 
Atenção! Entre as duas teorias prevalecia a finalista, porém percebeu-se que ela causava algumas injustiças, porque, apesar de o consumidor, mesmo em uma relação de compra e venda, não ser destinatário final direto, era muito vulnerável. Por isso, a interpretação foi abrandada.
Obs.: Apesar de o STJ não aplicar as teorias maximalista e finalista, é importante entendê-las para efeito de provas. 
Vulnerabilidade: na medida em que não só tem acesso ao sistema produtivo como não tem condições de conhecer seu funcionamento. 
Situação na qual um dos sujeitos de determinada relação figura em um polo mais frágil. 
A vulnerabilidade exclui a premissa de igualdade. 
Teoria Finalista Mitigada, Abrandada ou Aprofundada: A teoria aplicada é a finalista mitigada na qual a pessoa que adquire bens de produção não será considerada consumidora. Mas, se verificado no caso concreto, que há vulnerabilidadeda pessoa que adquiriu ou utilizou o produto ou serviço diante da que forneceu, excepcionalmente poderá ter a aplicação do CDC.
Vulnerabilidade:
a) técnica;
b) jurídica;
c) fática (econômica);
d) informacional.
Atenção!
A vulnerabilidade pode ser:
• técnica: quando o consumidor não tem o mesmo conhecimento que o fornecedor de produtos e serviços;
Ex: comprar o carro usado do vizinho, pois provavelmente os dois têm o mesmo conhecimento técnico sobre o carro. Mas em relação a um fabricante, o conhecimento é totalmente desproporcional.
• jurídica: o consumidor não tem a mesma condição jurídica que o fornecedor; 
• fática (econômica): demonstra que o impacto que a compra causa para o consumidor é diferente da causada ao fornecedor; 
• informacional: o fornecedor precisa oferecer um manual de instruções do produto ou serviço. 
Obs.: É importante fixar que basta a configuração de uma espécie de vulnerabilidade para que seja caracterizado o consumidor.
Aula 4 - Lei nº 8.078/90 - Consumidor Resolução de Exercícios - Tópico 2
JURISPRUDÊNCIA: 
A aquisição de veículo para utilização como táxi, por si só, não afasta a possibilidade de aplicação das normas protetivas do CDC. STJ. 4ª Turma. REsp 611872-RJ, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 2/10/2012 (Info 505).
• Diante da vulnerabilidade do taxista, o STJ não aplicou a teoria finalista clássica. 
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. COMPRA DE AERONAVE POR EMPRESA ADMINISTRADORA DE IMÓVEIS. AQUISIÇÃO COMO DESTINATÁRIA FINAL. EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO. 
1. Controvérsia acerca da existência de relação de consumo na aquisição de aeronave por empresa administradora de imóveis.
2. Produto adquirido para atender a uma necessidade própria da pessoa jurídica, não se incorporando ao serviço prestado aos clientes. 
3. Existência de relação de consumo, à luz da teoria finalista mitigada. Precedentes. 
4. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. (AgRg no REsp 1321083/PR, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 09/09/2014, DJe 25/09/2014) 
• Nesse caso, a pessoa jurídica foi enquadrada como consumidora por conta da vulnerabilidade. 
CONSUMIDOR EQUIPARADO
– coletividade;
– as vítimas do acidente de consumo; e
– pessoas impactadas pela publicidade enganosa ou abusiva.
Obs.: Todo consumidor é vulnerável.
• Tipos de vulnerabilidade:
– técnica;
– informacional;
– jurídica; e
– fática/econômica.
• Consumidor equiparado: muitas pessoas, mesmo não sendo consumidores stricto sensu, podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado. Essas pessoas podem intervir nas relações de consumo de outra forma e ocupar uma posição de vulnerabilidade. 
• Hipervulnerabilidade – criança, pessoa com deficiência e idoso – a publicidade deve observar padrões de proteção mais qualificados. 
Art. 2º Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço 
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. 
Obs.: Responsabilidade pelo fato é o mesmo que defeito ou acidente de consumo. 
Das Práticas Comerciais 
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE INEXIGIBILIDADE DE CHEQUE E DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. CHEQUE FALSIFICADO DADO EM PAGAMENTO. ACIDENTE DE CONSUMO (CDC, ART. 17). CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO OU BYSTANDARD. COMPETÊNCIA DO FORO DO DOMICÍLIO DO CONSUMIDOR. 
1. Cuida-se de suposto uso de cheque falsificado para pagamento de estadia em hotel, provocando a inscrição do consumidor em serviços de proteção ao crédito e a emergência de danos morais. 
2. Configura-se, em tese, acidente de consumo em virtude da suposta falta de segurança na prestação do serviço por parte do estabelecimento hoteleiro que, alegadamente, poderia ter identificado a fraude mediante simples conferência de assinatura na cédula de identidade do portador do cheque. 
3. Equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do acidente de consumo (CDC, art. 17). 
Obs.: Acidentes de consumo estão ligados à saúde e à segurança. 
4. Conflito conhecido para declarar competente o foro do domicílio do consumidor. (CC 128.079/MT, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/03/2014, DJe 09/04/2014) CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CORRETAGEM DE VALORES E TÍTULOS MOBILIÁRIOS. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. RELAÇÃO DE CONSUMO. INCIDÊNCIA DO CDC. 
– Recurso especial interposto em 16/12/2015 e distribuído a este gabinete em 25/08/2016. 
– Cinge-se a controvérsia à incidência do CDC aos contratos de corretagem de valores e títulos mobiliários. 
– Na ausência de contradição, omissão ou obscuridade, não existe violação ao art. 535, II, do CPC/73. 
– O valor operação comercial envolvida em um determinado contrato é incapaz de retirar do cidadão a natureza de consumidor a ele conferida pela legislação consumerista. 
– É incabível retirar a condição de consumidor de uma determinada pessoa em razão da presunção de seu nível de discernimento comparado ao da média dos consumidores. - Impõe-se reconhecer a relação de consumo existente entre o contratante que visa a atender necessidades próprias e as sociedades que prestam de forma habitual e profissional o serviço de corretagem de valores e títulos mobiliários. 
– Recurso especial conhecido e provido. (REsp 1599535/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/03/2017, DJe 21/03/2017) 
Deve ser reconhecida a relação de consumo existente entre a pessoa natural, que visa a atender necessidades próprias, e as sociedades que prestam, de forma habitual e profissional, o serviço de corretagem de valores e títulos mobiliários. 
Ex: João contratou a empresa “Dinheiro S.A Corretora de Valores” para que esta intermediasse operações financeiras no mercado de capitais. Em outras palavras, João contratou essa corretora para investir seu dinheiro na Bolsa de Valores. A relação entre João e a corretora é uma relação de consumo. STJ. 3ª Turma. REsp 1599535-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/3/2017 (Info 600). 
Súmulas STJ – Aplicação do CDC 
• Súmula 297: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras. 
• Súmula 563: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência complementar (previdências privadas abertas – acessíveis para qualquer um – e fechadas – apenas algumas pessoas podem ter acesso), não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas.
• Súmula 595: As instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos danos suportados pelo aluno/consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre o qual não lhe tenha sido dada prévia e adequada informação. 
• Súmula 602: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos empreendimentos habitacionais promovidos pelas sociedades cooperativas. 
• Súmula 608: Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão (as próprias entidades gerem o plano de saúde). 
CONSUMIDOR. DEFINIÇÃO. ALCANCE. TEORIA FINALISTA. REGRA. MITIGAÇÃO. FINALISMO APROFUNDADO. CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO. VULNERABILIDADE. 
1. A jurisprudência do STJ se encontra consolidada no sentido de que a determinação da qualidade de consumidor deve, em regra, ser feita mediante aplicação da teoria finalista, que, numa exegese restritiva do art. 2º do CDC, considera destinatário final tão somente o destinatário fático e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa física ou jurídica. 
2. Pela teoria finalista, fica excluído da proteção do CDC o consumo intermediário, assim entendido como aquele cujo produto retorna para as cadeias de produção e distribuição, compondo o custo (e, portanto, o preço final) de umnovo bem ou serviço. Vale dizer, só pode ser considerado consumidor, para fins de tutela pela Lei n. 8.078/90, aquele que exaure a função econômica do bem ou serviço, excluindo-o de forma definitiva do mercado de consumo. 
3. A jurisprudência do STJ, tomando por base o conceito de consumidor por equiparação previsto no art. 29 do CDC, tem evoluído para uma aplicação temperada da teoria finalista frente às pessoas jurídicas, num processo que a doutrina vem denominando finalismo aprofundado, consistente em se admitir que, em determinadas hipóteses, a pessoa jurídica adquirente de um produto ou serviço pode ser equiparada à condição de consumidora, por apresentar frente ao fornecedor alguma vulnerabilidade, que constitui o princípio-motor da política nacional das relações de consumo, premissa expressamente fixada no art. 4º, I, do CDC, que legitima toda a proteção conferida ao consumidor. 
4. A doutrina tradicionalmente aponta a existência de três modalidades de vulnerabilidade: técnica (ausência de conhecimento específico acerca do produto ou serviço objeto de consumo), jurídica (falta de conhecimento jurídico, contábil ou econômico e de seus reflexos na relação de consumo) e fática (situações em que a insuficiência econômica, física ou até mesmo psicológica do consumidor o coloca em pé de desigualdade frente ao fornecedor). Mais recentemente, tem se incluído também a vulnerabilidade informacional (dados insuficientes sobre o produto ou serviço capazes de influenciar no processo decisório de compra). 
5. A despeito da identificação in abstracto dessas espécies de vulnerabilidade, a casuística poderá apresentar novas formas de vulnerabilidade aptas a atrair a incidência do CDC à relação de consumo. Numa relação interempresarial, para além das hipóteses de vulnerabilidade já consagradas pela doutrina e pela jurisprudência, a relação de dependência de uma das partes frente à outra pode, conforme o caso, caracterizar uma vulnerabilidade legitimadora da aplicação da Lei n. 8.078/90, mitigando os rigores da teoria finalista e autorizando a equiparação da pessoa jurídica compradora à condição de consumidora. 
6. Hipótese em que revendedora de veículos reclama indenização por danos materiais derivados de defeito em suas linhas telefônicas, tornando inócuo o investimento em anúncios publicitários, dada a impossibilidade de atender ligações de potenciais clientes. A contratação do serviço de telefonia não caracteriza relação de consumo tutelável pelo CDC, pois o referido serviço compõe a cadeia produtiva da empresa, sendo essencial à consecução do seu negócio. Também não se verifica nenhuma vulnerabilidade apta a equipar a empresa à condição de consumidora frente à prestadora do serviço de telefonia. Ainda assim, mediante aplicação do direito à espécie, nos termos do art. 257 do RISTJ, fica mantida a condenação imposta a título de danos materiais, à luz dos arts. 186 e 927 do CC/02 e tendo em vista a conclusão das instâncias ordinárias quanto à existência de culpa da fornecedora pelo defeito apresentado nas linhas telefônicas e a relação direta deste defeito com os prejuízos suportados pela revendedora de veículos. 
7. Recurso especial a que se nega provimento. (REsp 1195642/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 13/11/2012, DJe 21/11/2012) 
TEORIA FINALISTA MITIGADA, ABRANDADA OU APROFUNDADA 
• Embora consagre o critério finalista para interpretação do conceito de consumidor, a jurisprudência do STJ também reconhece a necessidade de, em situações específicas, abrandar o rigor desse critério para admitir a aplicabilidade do CDC nas relações entre os adquirentes e os fornecedores em que, mesmo o adquirente utilizando os bens ou serviços para suas atividades econômicas, fique evidenciado que ele apresenta vulnerabilidade frente ao fornecedor. Diz-se que isso é a teoria finalista mitigada, abrandada ou aprofundada. 
• Em suma, a teoria finalista mitigada, abrandada ou aprofundada consiste na possibilidade de se admitir que, em determinadas hipóteses, a pessoa, mesmo sem ter adquirido o produto ou serviço como destinatária final, possa ser equiparada à condição de consumidora, por apresentar perante o fornecedor alguma vulnerabilidade. 
• Nesse sentido: REsp 1.195.642/RJ, Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, julgado em 13/11/2012. Portanto, saber se um destinatário final de um produto ou serviço se enquadra no conceito de consumidor é compreender, além da sua destinação, se a relação jurídica estabelecida é marcada pela vulnerabilidade daquele (pessoa física ou jurídica), que adquire ou contrata produto ou serviço diante do seu fornecedor (Min. Villas Bôas Cueva). 
Segundo lição da Min. Nancy Andrighi (REsp 1.195.642-RJ), existem quatro espécies de vulnerabilidade: a) técnica; b) jurídica; c) fática; d) informacional. Vejamos cada uma delas com base na teorização.
VULNERABILIDADE TÉCNICA 
Significa a ausência de conhecimento específico acerca do produto ou serviço por parte do adquirente. A vulnerabilidade técnica é presumida no caso do consumidor não profissional (ex.: uma família que adquire uma geladeira). O consumidor profissional pode excepcionalmente ser considerado tecnicamente vulnerável, nas hipóteses em que o produto ou serviço adquirido não tiver relação com a sua formação, competência ou área de atuação. Ex.: uma escola de idiomas que contrata uma empresa para o desenvolvimento e instalação de um sistema de informática. 
VULNERABILIDADE JURÍDICA (OU CIENTÍFICA) A vulnerabilidade jurídica ou científica pressupõe falta de conhecimento jurídico, contábil ou econômico. A vulnerabilidade jurídica é presumida no caso do consumidor não profissional. Por outro lado, se a pessoa que adquiriu o produto ou serviço for profissional ou uma pessoa jurídica, a presunção é de que não é vulnerável juridicamente, uma vez que pratica os atos de consumo ciente da respectiva repercussão jurídica, contábil e econômica, seja por sua própria formação (no caso dos profissionais), seja pelo fato de, na consecução de suas atividades, contar com a assistência de advogados, contadores e/ou economistas (no caso das pessoas jurídicas). Obviamente, essa pessoa poderá provar que, no caso concreto, era vulnerável juridicamente. 
VULNERABILIDADE FÁTICA (OU SOCIOECONÔMICA) A vulnerabilidade fática ou socioeconômica abrange situações em que a insuficiência econômica, física ou até mesmo psicológica do consumidor o coloca em desigualdade frente ao fornecedor.
VULNERABILIDADE INFORMACIONAL Trata-se de uma nova categoria, antes enquadrada como vulnerabilidade técnica. A vulnerabilidade informacional ocorre quando o consumidor não detém as informações suficientes para realizar o processo decisório de aquisição ou não do produto ou serviço.
Aula 5 - Lei nº 8.078/90 - Consumidor Resolução de Exercícios - Tópico 2 II
PESQUISA PRONTA STJ – 39, 42 E 74 
1) O Superior Tribunal de Justiça admite a mitigação da teoria finalista para autorizar a incidência do Código de Defesa do Consumidor – CDC nas hipóteses em que a parte (pessoa física ou jurídica), apesar de não ser destinatária final do produto ou serviço, apresenta-se em situação de vulnerabilidade.
Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor à relação contratual entre advogados e clientes, a qual é regida pelo Estatuto da Advocacia e da OAB – Lei n. 8.906/1994.
10) Considera-se consumidor por equiparação (bystander), nos termos do art. 17 do CDC, o terceiro estranho à relação consumerista que experimenta prejuízos decorrentes do produto ou serviço vinculado à mencionada relação, bem como, a teor do art. 29, as pessoas determináveis ou não expostas às práticas previstas nos arts. 30 a 54 do referido código.
• Relações locatícias (contratos de locação): não aplica 
• Serviços Notariais (serviços de cartório): não aplica
PESQUISA PRONTA 74 – STJ 
A relação entre concessionária de serviço público e o usuário final para o fornecimento de serviços públicos essenciais é consumerista, sendo cabível a aplicação do Código de Defesa do Consumidor – CDC.
As normas do Código de Defesado Consumidor são aplicáveis aos contratos do Sistema Financeiro de Habitação – SFH, desde que não vinculados ao Fundo de Compensação de Variações Salariais – FCVS e posteriores à entrada em vigor da Lei n. 8.078/1990.
O Código de Defesa do Consumidor não é aplicável aos contratos locatícios regidos pela Lei n. 8.245/1991.
Não incide o Código de Defesa do Consumidor nas relações jurídicas estabelecidas entre condomínio e condôminos.
Direto do concurso 1. (2017/VUNESP/PREFEITURA DE PORTO FERREIRA-SP/PROCURADOR JURÍDICO) Todo consumidor, assim reconhecido, é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente. Diante dessa afirmação, é correto afirmar que tal assertiva demonstra que a vulnerabilidade é pressuposto da condição de ser consumidor, sendo que a hipossuficiência é característica que deve ser analisada casuisticamente
Comentário • Vulnerabilidade (CDC: art. 4º, inciso I): direito material – absoluta. • Hipossuficiência (CDC: art. 6º, inciso VIII): direito processual – relativa.
OBS: o Código de Defesa do Consumidor adota a teoria finalista
Aula 6 - Lei nº 8.078/90 - Consumidor - Fornecedor - Produto - Serviço - Resolução Exercícios - Tópico 2
Fornecedor: Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Atenção! Entes despersonalizados são aqueles que não são considerados pessoas dotadas de personalidade jurídica, porém continuam tendo responsabilidade civil e capacidade de realizar atos dentro da vida jurídica. Ex.: condomínio, espólio (conjunto de bens que o falecido deixa) etc. 
Obs.: O fornecedor desenvolve atividade; esse conceito é imprescindível para diferenciar, por exemplo, uma concessionária de veículos usados de um vizinho que está vendendo seu carro. 
Produto e Serviço: 
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. 
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. 
Atenção! Algumas observações importantes em relação a serviços: 
• remuneração: pode ser direta e indireta, esta oferece a ideia, muitas vezes, de que o serviço está sendo gratuito mas tem a remuneração embutida. Ex.: um carro roubado no estacionamento de um shopping que alega que tal serviço é gratuito, porém o STJ entende que esse serviço, por mais que tenha sido gratuito, na verdade foi remunerado, pois o estabelecimento presta um serviço gratuito para atrair clientes, logo os custos do estacionamento estão embutidos dentro dos valores das mercadorias pagas; 
• Serviços de natureza bancária/financeira: os serviços prestados são considerados relações de consumo, Súmula 297 do STJ. 
• tudo é serviço, menos prestação de serviços de natureza trabalhista:
Obs.: A diferença entre serviço de consumo e trabalhista.
Consumo: A parte fraca é quem adquire o serviço.
Trabalhista: Parte fraca é quem presta o serviço
Remuneração: deve-se compreender não apenas a remuneração direta, mas também a remuneração indireta (serviço aparentemente gratuito), ou seja, quando o custo do serviço vem embutido na própria atividade do fornecedor. Assim, esses serviços, são considerados “remunerados” mesmo que indiretamente, sendo, portanto, objeto da relação de consumo. 
PRINCÍPIOS DO DIREITO DO CONSUMIDOR: 
1.Princípio da vulnerabilidade: o consumidor é a parte vulnerável na relação de consumo. A intenção do legislador é equilibrar as relações de consumo; 
Obs.: Todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente. 
Atenção! Relação Jurídica de Consumo:
	Relação Jurídica de Consumo
	Consumidor
	Produto
Serviço
	Fornecedor
2. Princípio do dever governamental: é dever do Estado promover mecanismos suficientes à efetiva proteção do consumidor e racionalizar e melhorar os serviços enquanto Estado-fornecedor. 
3. Princípio da harmonização das relações de consumo: harmonizar a produção e a proteção ao consumidor; 
4. Princípio da garantia de adequação: emana da necessidade de garantir ao consumidor produtos e serviços adequados, atendendo-se sempre o binômio qualidade/segurança; 
5. Princípio da boa-fé objetiva: norma de conduta norteadora das relações de consumo, consubstanciada no dever de honestidade, lealdade e confiança entre fornecedor e consumidor; 
6. Princípio da transparência e da informação: quanto mais bem informado estiver o consumidor sobre os produtos e serviços, mais consciente estará em suas escolhas. Para tanto, é preciso que haja educação para o consumo, ao mesmo tempo que os produtos e serviços ofertados devem trazer de forma correta e clara todas as informações ao consumidor. 
7. Princípio de acesso à justiça: de natureza constitucional, esse princípio é direcionado ao legislador para que forneça acesso à justiça ao consumidor.
Aula 7 - Lei nº 8.078/90 - Direitos Básicos do Consumidor - Artigo 6º CDC - Tópico 2
Aula 8 - Lei nº 8.078/90 - Informativo 866 STJ - Aplicação do CDC Proteção a Saúde e Segurança - Tópico 2
CONSUMIDOR. DEFINIÇÃO. ALCANCE. TEORIA FINALISTA. REGRA. MITIGAÇÃO. FINALISMO APROFUNDADO. CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO. VULNERABILIDADE. 
1. A jurisprudência do STJ se encontra consolidada no sentido de que a determinação da qualidade de consumidor deve, em regra, ser feita mediante aplicação da teoria finalista, que, numa exegese restritiva do art. 2º do CDC, considera destinatário final tão somente o destinatário fático e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa física ou jurídica. 
2. Pela teoria finalista, fica excluído da proteção do CDC o consumo intermediário, assim entendido como aquele cujo produto retorna para as cadeias de produção e distribuição, compondo o custo (e, portanto, o preço final) de um novo bem ou serviço. Vale dizer, só pode ser considerado consumidor, para fins de tutela pela Lei nº 8.078/90, aquele que exaure a função econômica do bem ou serviço, excluindo-o de forma definitiva do mercado de consumo. 
Atenção! Reconhece que o CDC adota apenas a teoria finalista, porém ela é aprofundada pelo entendimento do STJ. 
3. A jurisprudência do STJ, tomando por base o conceito de consumidor por equiparação previsto no art. 29 do CDC, tem evoluído para uma aplicação temperada da teoria finalista frente às pessoas jurídicas, num processo que a doutrina vem denominando finalismo aprofundado, consistente em se admitir que, em determinadas hipóteses, a pessoa jurídica adquirente de um produto ou serviço pode ser equiparada à condição de consumidora, por apresentar frente ao fornecedor alguma vulnerabilidade, que constitui o princípio-motor da política nacional das relações de consumo, premissa expressamente fixada no art. 4º, I, do CDC, que legitima toda a proteção conferida ao consumidor.
4. A doutrina tradicionalmente aponta a existência de três modalidades de vulnerabilidade: técnica (ausência de conhecimento específico acerca do produto ou serviço objeto de consumo), jurídica (falta de conhecimento jurídico, contábil ou econômico e de seus reflexos na relação de consumo) e fática (situações em que a insuficiência econômica, física ou até mesmo psicológica do consumidor o coloca em pé de desigualdade frente ao fornecedor). 
Obs.: Mais recentemente, tem se incluído também a vulnerabilidade informacional (dados insuficientes sobre o produto ou serviço capazes de influenciar no processo decisório de compra). 
5. A despeito da identificação in abstracto dessas espécies de vulnerabilidade, a casuística poderá apresentar novas formas de vulnerabilidade aptas a atrair a incidência do CDC à relação de consumo. Numa relação interempresarial, para além das hipóteses de vulnerabilidade já consagradas pela doutrina e pela jurisprudência, a relação de dependência de uma das partes frente à outra pode, conforme o caso, caracterizaruma vulnerabilidade legitimadora da aplicação da Lei nº 8.078/90, mitigando os rigores da teoria finalista e autorizando a equiparação da pessoa jurídica compradora à condição de consumidora. 
6. Hipótese em que revendedora de veículos reclama indenização por danos materiais derivados de defeito em suas linhas telefônicas, tornando inócuo o investimento em anúncios publicitários, dada a impossibilidade de atender ligações de potenciais clientes. A contratação do serviço de telefonia não caracteriza relação de consumo tutelável pelo CDC, pois o referido serviço compõe a cadeia produtiva da empresa, sendo essencial à consecução do seu negócio. 
Também não se verifica nenhuma vulnerabilidade apta a equipar a empresa à condição de consumidora frente à prestadora do serviço de telefonia. Ainda assim, mediante aplicação do direito à espécie, nos termos do art. 257 do RISTJ, fica mantida a condenação imposta a título de danos materiais, à luz dos arts. 186 e 927 do CC/02 e tendo em vista a conclusão das instâncias ordinárias quanto à existência de culpa da fornecedora pelo defeito apresentado nas linhas telefônicas e a relação direta deste defeito com os prejuízos suportados pela revendedora de veículos.
7. Recurso especial a que se nega provimento.
(REsp 1195642/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 13/11/2012, DJe 21/11/2012)
Obs.: Dentro do conceito de consumidor, há a teoria finalista (CDC, art. 2º caput), que entende o destinatário como apenas final, no entanto o STJ aprofundou essa teoria para defender que também pode haver um consumo intermediário, contanto que no caso concreto haja a vulnerabilidade demonstrada.
Serviços Notariais
‘Os serviços públicos impróprios ou UTI SINGULI prestados por órgãos da administração pública indireta ou, modernamente, por delegação a concessionários, como previsto na CF (art. 175), são remunerados por tarifa, sendo aplicáveis aos respectivos contratos o Código de Defesa do Consumidor’. (REsp no 609.332⁄SC, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 05.09.2005)
Atenção!
O entendimento majoritário é que se aplica o CDC aos serviços notariais.
Locação
Atenção!
O entendimento majoritário é de que não se aplica o CDC às relações locatícias.
Obs.: Aplica-se o CDC:
• Plano de saúde;
• Entidades financeiras;
• Entidades de previdência complementar aberta.
Julgados Importantes 
Informativo 866 – STF. 
Recurso extraordinário com repercussão geral. 2. Extravio de bagagem. Dano material. Limitação. Antinomia. Convenção de Varsóvia. Código de Defesa do Consumidor. 3. Julgamento de mérito. É aplicável o limite indenizatório estabelecido na Convenção de Varsóvia e demais acordos internacionais subscritos pelo Brasil, em relação às condenações por dano material decorrente de extravio de bagagem, em voos internacionais. 5. Repercussão geral. Tema 210. Fixação da tese: "Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor". 6. Caso concreto. Acórdão que aplicou o Código de Defesa do Consumidor. Indenização superior ao limite previsto no art. 22 da Convenção de Varsóvia, com as modificações efetuadas pelos acordos internacionais posteriores. Decisão recorrida reformada, para reduzir o valor da condenação por danos materiais, limitando-o ao patamar estabelecido na legislação internacional. 7. Recurso a que se dá provimento. (RE 636331, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 25/05/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-257 DIVULG 10-11-2017 PUBLIC 13-11-2017) 
Atenção! O julgado acima é em relação a dano material e não dano moral. 
Ementa: Direito do consumidor. Transporte aéreo internacional. Conflito entre lei e tratado. Indenização. Prazo prescricional previsto em convenção internacional. Aplicabilidade. 1. Salvo quando versem sobre direitos humanos, os tratados e convenções internacionais ingressam no direito brasileiro com status equivalente ao de lei ordinária. Em princípio, portanto, as antinomias entre normas domésticas e convencionais resolvem- se pelos tradicionais critérios da cronologia e da especialidade. 2. Nada obstante, quanto à ordenação do transporte internacional, o art. 178 da Constituição estabelece regra especial de solução de antinomias, no sentido da prevalência dos tratados sobre a legislação doméstica, seja ela anterior ou posterior àqueles. Essa conclusão também se aplica quando o conflito envolve o Código de Defesa do Consumidor. 3. Tese afirmada em sede de repercussão geral: “Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor”. 4. Recurso extraordinário provido. 
(ARE 766618, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 25/05/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-257 DIVULG 10-11-2017 PUBLIC 13-11-2017) 
Proteção à saúde e à segurança 
Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. 
Atenção! A introdução de produtos perigosos no mercado não é vedado, pois o art. 8º traz a exceção que é dos riscos e perigos que sejam esperados, por exemplo uma faca. 
§ 1º Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto. (Redação dada pela Lei n. 13.486, de 2017)
§ 2º O fornecedor deverá higienizar os equipamentos e utensílios utilizados no fornecimento de produtos ou serviços, ou colocados à disposição do consumidor, e informar, de maneira ostensiva e adequada, quando for o caso, sobre o risco de contaminação. (Incluído pela Lei n. 13.486, de 2017) 
Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto. 
Atenção! O veneno tem a figura de uma caveira. 
Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança. 
Atenção! O art. 10 se refere ao recall, que é a chamada que um fabricante faz quando seu produto foi colocado no mercado e apresentou algum risco que só foi descoberto depois da colocação daquele produto em circulação. 
§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários. 
§ 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço. 
§ 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito.
Atenção!
O recall deve:
• comunicar consumidores e autoridade competente;
• anúncio publicitário será pago pelo fornecedor;
• reparo, se for o caso, será realizado sem custos ao consumidor.
Responsabilidade Civil no CDC
• Superação da dicotomia contratual X extracontratual;
• Em regra, a responsabilidade será solidária e objetiva entre os fornecedores que participam de toda a cadeia produtiva;
• Reparação integral do dano.
Atenção!
Reparação integral do dano é o direito de o consumidor ter o seu dano reparado em todasórbitas em que foi causado.
Aula 9 - Lei nº 8.078/90 - Responsabilidade Civil do CDC - Introdução à Responsabilidade Pelo Fato - Tópico 2
Letra da lei 
Aula 10 - Lei nº 8.078/90 - Responsabilidade Civil - Fato do Produto - Tópico 2
Letra da lei 
Aula 11 - Lei nº 8.078/90 - Responsabilidade Civil - Fato do Produto II - Tópico 2 
Letra da lei 
Aula 12 - Lei nº 8.078/90 - Responsabilidade Civil - Resolução de Exercícios - Fato do Produto - Tópico 2
RECURSO ESPECIAL N. 1.202.013 – SP (2010/0126678-7) 
DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DE TRANSPORTADOR AÉREO PERANTE TERCEIROS EM SUPERFÍCIE. PRETENSÃO DE RESSARCIMENTO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. PRAZO PRESCRICIONAL. CÓDIGO BRASILEIRO DE AERONÁUTICA AFASTADO. INCIDÊNCIA DO CDC. 
1. O Código Brasileiro de Aeronáutica não se limita a regulamentar apenas o transporte aéreo regular de passageiros, realizado por quem detém a respectiva concessão, mas todo serviço de exploração de aeronave, operado por pessoa física ou jurídica, proprietária ou não, com ou sem fins lucrativos, de forma que seu art. 317, II, não foi revogado e será plenamente aplicado, desde que a relação jurídica não esteja regida pelo CDC, cuja força normativa é extraída diretamente da CF (5º, XXXII). 
2. Demonstrada a existência de relação de consumo entre o transportador e aqueles que sofreram o resultado do evento danoso (consumidores por equiparação), configurado está o fato do serviço, pelo qual responde o fornecedor, à luz do art. 14 do CDC, incidindo, pois, na hipótese, o prazo prescricional quinquenal previsto no seu art. 27. 
3. Recurso especial conhecido e desprovido. 
Atenção! Os consumidores equiparados são todas as vítimas do acidente de consumo. 
RESPONSABILIDADE CIVIL E DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO DO JULGADO. ART. 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA. ESPETÁCULO CIRCENSE – MORTE DE CRIANÇA EM DECORRÊNCIA DE ATAQUE DE LEÕES – CIRCO INSTALADO EM ÁREA UTILIZADA COMO ESTACIONAMENTO DE SHOPPING CENTER. LEGITIMIDADE PASSIVA DAS LOCADORAS. DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADE DE ENTRETENIMENTO COM O FIM DE ATRAIR UM MAIOR NÚMERO DE CONSUMIDORES. RESPONSABILIDADE. DEFEITO DO SERVIÇO (VÍCIO DE QUALIDADE POR INSEGURANÇA). DANO MORAL. VALOR EXORBITANTE. REDUÇÃO. MULTA. ART. 538 DO CPC. AFASTAMENTO. 1 – O órgão julgador deve enfrentar as questões relevantes para a solução do litígio, afigurando-se dispensável o exame de todas as alegações e fundamentos expendidos pelas partes. Precedentes. 2 – Está presente a legitimidade passiva das litisconsortes, pois o acórdão recorrido afirmou que o circo foi apenas mais um serviço que o condomínio do shopping, juntamente com as sociedades empresárias rés, integrantes de um mesmo grupo societário, colocaram à disposição daqueles que frequentam o local, com o único objetivo de angariar clientes potencialmente consumidores e elevar os lucros. Incidência da Súmula 7/STJ. 3 – No caso em julgamento – trágico acidente ocorrido durante apresentação do Circo VostoK, instalado em estacionamento de shopping center, quando menor de idade foi morto após ataque por leões –, o art. 17 do Código de Defesa do Consumidor estende o conceito de consumidor àqueles que sofrem a consequência de acidente de consumo. Houve vício de qualidade na prestação do serviço, por insegurança, conforme asseverado pelo acórdão recorrido. 4 – Ademais, o Código Civil admite a responsabilidade sem culpa pelo exercício de atividade que, por sua natureza, representa risco para outrem, como exatamente no caso em apreço. 5 – O valor da indenização por dano moral sujeita-se ao controle do Superior Tribunal de Justiça, na hipótese de se mostrar manifestamente exagerado ou irrisório, distanciando-se, assim, das finalidades da lei. O valor estabelecido para indenizar o dano moral experimentado revela-se exorbitante, e deve ser reduzido aos parâmetros adotados pelo STJ. 6 – Não cabe multa nos embargos declaratórios opostos com intuito de prequestionamento. Súmula 98/STJ. 7 – Provimento parcial do recurso especial. REsp 1100571 / PE – 2011
Aula 13 - Lei nº 8.078/90 - Excludente de Responsabilidade - Tópico 2
Culpa exclusiva do consumidor
Responsabilidade civil. Acidente ferroviário. Queda de trem. "Surfista ferroviário". Culpa exclusiva da vítima.
I – A pessoa que se arrisca em cima de uma composição ferroviária, praticando o denominado "surf ferroviário", assume as consequências de seus atos, não se podendo exigir da companhia ferroviária efetiva fiscalização, o que seria até impraticável.
II – Concluindo o acórdão tratar o caso de "surfista ferroviário", não há como rever tal situação na via especial, pois demandaria o revolvimento de matéria fático-probatória, vedado nesta instância superior (Súmula 7/STJ).
III – Recurso especial não conhecido.
RECURSO ESPECIAL N. 160.051 – RJ (1997/0092328-2)
Caso fortuito e força maior 
Código Civil, Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. 
Atenção! Casos fortuitos são eventos imprevisíveis ou eventos futuros previsíveis que o agente não tem condição de lidar.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. 
• Caso fortuito: evento totalmente imprevisível 
• Força maior: evento previsível mas inevitável 
Atenção! Muitos doutrinadores defendem que a força maior são eventos da natureza. 
Automóvel. Roubo ocorrido em posto de lavagem. Força maior. Isenção de responsabilidade. O fato de o artigo 14, § 3º do Código de Defesa do Consumidor não se referir ao caso fortuito e à força maior, ao arrolar as causas de isenção de responsabilidade do fornecedor de serviços, não significa que, no sistema por ele instituído, não possam ser invocadas. Aplicação do artigo 1.058 do Código Civil. A inevitabilidade e não a imprevisibilidade é que efetivamente mais importa para caracterizar o fortuito. E aquela há de entender-se dentro de certa relatividade, tendo-se o acontecimento como inevitável em função do que seria razoável exigir-se. 
(STJ – REsp: 120647 SP 1997/0012374-0, Relator: Ministro EDUARDO RIBEIRO, Data de Julgamento: 16/03/2000, T3 – TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 15.05.2000 p. 156 LEXSTJ vol. 132 p. 101 RSTJ vol. 132 p. 311) 
Fortuito interno x fortuito externo 
• Interno é aquele que tem relação com o negócio desenvolvido; 
• Externo é aquele totalmente estranho ou alheio ao negócio. 
• V Jornada de Direito Civil: 
443 – Arts. 393 e 927: O caso fortuito e a força maior somente serão considerados como excludentes da responsabilidade civil quando o fato gerador do dano não for conexo à atividade desenvolvida.
Atenção! Somente será excludente de responsabilidade o fortuito externo.
Aula 14 - Lei nº 8.078/90 - Excludente de Responsabilidade II - Tópico 2
Súmula 49 do STJ
As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.
Atenção!
Responsabilidade objetiva é aquela em que não é preciso demonstrar a culpa do agente. Lembrando que a culpa é negligência, imprudência ou imperícia.
Obs.: Caso fortuito interno é aquele caso que tem relação com a atividade.
 RECURSO ESPECIAL N. 726.371 – RJ (2005/0027195-0) PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, ESTÉTICOS E MATERIAL. ASSALTO À MÃO ARMADA NO INTERIOR DE ÔNIBUS COLETIVO. CASO FORTUITO EXTERNO. EXCLUSÃO DE RESPONSABILIDADE DA TRANSPORTADORA. 
Atenção! Caso fortuito externo significa que não tem relação com a atividade. 
1. A Segunda Seção desta Corte já proclamou o entendimento de que o fato inteiramente estranho ao transporte em si (assalto à mão armada no interior de ônibus coletivo) constitui caso fortuito, excludente de responsabilidade da empresa transportadora.
Atenção! Fato inteiramente estranho é uma característica de fortuito externo. O art. 735 do Código Civil dispõe que fato de terceiro não exclui responsabilidade no serviçode transporte, porém o STJ entende que esse fato de terceiro só não exclui a responsabilidade se for fortuito interno.
2. Recurso conhecido e provido. REsp 1183121 SC 2010/0034668-2 
RESPONSABILIDADE CIVIL. CÓDIGO DO CONSUMIDOR. BANCO POSTAL. SERVIÇO PRESTADO PELA ECT. ATIVIDADE DE CORRESPONDENTE BANCÁRIO. INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ATIVIDADE QUE TRAZ, EM SUA ESSÊNCIA RISCO À SEGURANÇA. ASSALTO NO INTERIOR DE AGÊNCIA. FORTUITO INTERNO. DANOS MORAIS E MATERIAIS DEVIDOS. 
Atenção! Ao se tratar de caso fortuito, deve-se reparar sempre a atividade, logo a relação é analisada entre o dano e a atividade do fornecedor no caso concreto
	Caso fortuito externo. Força maior externa
	Caso fortuito interno. Força maior interna
	Não tem relação com o fornecimento do produto ou a prestação de serviços 
	Tem relação com o fornecimento do produto ou a prestação de serviços (risco-proveito)
	São excludentes de responsabilidade 
	Não são excludentes de responsabilidade 
Culpa concorrente do consumidor
• V Jornada de Direito Civil – 459:
Art. 945. A conduta da vítima pode ser fator atenuante do nexo de causalidade na responsabilidade civil objetiva.
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. Responsabilidade do fornecedor.
Culpa concorrente da vítima. Hotel. Piscina. Agência de viagens. – Responsabilidade do hotel, que não sinaliza convenientemente a profundidade da piscina, de acesso livre aos hóspedes. Art. 14 do CDC, – A culpa concorrente da vítima permite a redução da condenação imposta ao fornecedor. Art. 12, § 2°, III, do CDC.
– A agência de viagens responde pelo dano pessoal que decorreu do mau serviço do hotel contratado por ela para a hospedagem durante o pacote de turismo.
Recursos conhecidos e providos em parte.
É objetiva a responsabilidade civil das instituições financeiras pelos crimes ocorridos no interior do estabelecimento bancário por se tratar de risco inerente à atividade econômica (art. 14 do CDC).
REsp 1.573.859-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade, julgado em 07/11/2017, DJe 13/11/2017 TEM
Ação de indenização por danos morais. Saque indevido de numerário na conta corrente do autor. Ressarcimento dos valores pela instituição bancária.
Ausência de dano moral in re ipsa.
Atenção! A expressão dano moral in re ipsa significa dano moral presumido.
De início, não se olvida que a Terceira Turma desta Corte tem precedente no sentido de considerar que o saque indevido em conta-corrente, por si só, acarreta dano moral. Observe-se que, por ocasião do julgamento do Recurso Especial Repetitivo n. 1.197.929/PR, a Segunda Seção desta Corte fixou a tese de que as instituições bancárias respondem de forma objetiva pelos danos causados aos correntistas, decorrentes de fraudes praticadas por terceiros, caracterizando-se como fortuito interno. Cabe ainda ressaltar que no referido julgado foi reconhecido o dano moral presumido em decorrência da inscrição indevida em cadastro de proteção ao crédito, razão pela qual não se confunde com o caso ora em análise. Assim, na linha do que ficou decidido no recurso especial representativo da controvérsia citado alhures, os valores sacados de forma fraudulenta na conta- -corrente do consumidor, tal como ocorrido na espécie, devem ser integralmente ressarcidos pela instituição bancária. Logo, nessas hipóteses, o consumidor não terá qualquer prejuízo material em decorrência do defeito na prestação do serviço oferecido pelo banco. Embora não se tenha dúvida de que o saque indevido acarreta dissabores ao consumidor, para fins de constatação de ocorrência de dano moral é preciso analisar as particularidades de cada caso concreto, a fim de verificar se o fato extrapolou o mero aborrecimento, atingindo de forma significativa algum direito da personalidade do correntista (bem extrapatrimonial). Circunstâncias, por exemplo, como o valor total sacado indevidamente, o tempo levado pela instituição bancária para ressarcir os valores descontados e as repercussões daí advindas, dentre outras, deverão ser levadas em conta para fins de reconhecimento do dano moral e sua respectiva quantificação. Não seria razoável que o saque indevido de pequena quantia, considerada irrisória se comparada ao saldo que o correntista dispunha por ocasião da ocorrência da fraude, sem maiores repercussões, possa, por si só, acarretar compensação por dano moral. Dessa forma, o saque indevido em conta corrente não configura, por si só, dano moral, podendo, contudo, observadas as particularidades do caso, ficar caracterizado o respectivo dano se demonstrada a ocorrência de violação significativa a algum direito da personalidade do correntista
Aula 15 - Lei nº 8.078/90 - Responsabilidade Civil Pelo Vício do Produto - Tópico 2
Lei seca 
Aula 16 - Lei nº 8.078/90 - Responsabilidade Civil Pelo Vício do Produto II - Tópico 2 
RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO. VEÍCULO USADO. VENDA. HODÔMETRO ADULTERADO. RESPONSABILIDADE. PROPRIETÁRIO. AGÊNCIA CONTRATADA. SOLIDARIEDADE. ART. 18 DO CDC. FORNECEDOR ORIGINÁRIO. INAPLICABILIDADE. RELAÇÕES DE CONSUMO DISTINTAS. CADEIA DE FORNECIMENTO. RUPTURA. 
1. Ação de rescisão contratual cumulada com pedido indenizatório promovida por adquirente de veículo usado que pretende responsabilizar o ex-proprietário do automóvel, a empresa por ele contratada para revender o bem e o fornecedor originário deste pelos prejuízos decorrentes da constatação de que o hodômetro do veículo foi adulterado.
2. Acórdão recorrido que concluiu pela integral procedência do pleito autoral, com a responsabilização solidária de todos os requeridos, sob o fundamento de que eles integrariam uma única cadeia de fornecedores, atraindo, assim, a incidência dos arts. 14, 18 e 20 do CDC. 
3. O fornecimento de bem durável ao seu destinatário final, por removê- -lo do mercado de consumo, põe termo à cadeia de seus fornecedores originais. A revenda desse mesmo bem por seu adquirente constitui nova relação jurídica obrigacional, obstando que seja considerada solidariamente responsável por prejuízos resultantes dessa segunda relação, com esteio no art. 18 do CDC, empresa integrante daquela primeira cadeia de fornecimento interrompida. 
4. Recurso especial provido. (REsp 1517800/PE, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 02/05/2017, DJe 05/05/2017) RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. JULGAMENTO EXTRA PETITA. OCORRÊNCIA. ASSISTÊNCIA TÉCNICA. FORNECEDOR. INTERMEDIAÇÃO. DESNECESSIDADE. ARTIGO 18, § 1º, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. OBSERVÂNCIA. 
1. Há julgamento extra petita quando decidida a causa fora dos contornos da lide, que são estabelecidos a partir do exame da causa de pedir eleita pela parte autora da demanda e dos limites do pedido veiculado em sua petição inicial. 2. Ausência de norma cogente no CDC, que confira ao consumidor um direito potestativo de ter o produto trocado antes do prazo legal. Não se colhe dos autos nenhum comportamento abusivo da empresa recorrente, que permite a troca da mercadoria no prazo de 3 (dias) para beneficiar o consumidor diligente. 
3. Na hipótese, não sendo reparado o vício pela assistência técnica no prazo de 30 (trinta) dias, o consumidor poderá exigir do fornecedor, à sua escolha, as três alternativas constantes dos incisos I, II e III do § 1º do artigo 18 do CDC. 
4. No caso concreto, o Tribunal local, ao determinar que a empresa, a fim de sanar suposto vício, tivesse que enviar, de forma direta e autônoma, o produto supostamente viciado à assistência técnica, bem como retirar os produtos de difícil remoção da residência do consumidor ou onde se encontrasse a mercadoria, encaminhando, se necessário, técnico ao local, de fato extrapolou os limites do pedido. 
5. A Terceira Turma já concluiu que a disponibilização de serviço de assistência técnica, de forma eficaz, efetiva e eficiente, na mesma localidade do estabelecimento do comerciante, afasta o dever do fornecedor de intermediar o serviço, sob pena de acarretar delongas e acréscimo de custos. 
6. Recursoespecial da Lojas Americanas S.A. provido, prejudicado o recurso especial do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. (REsp 1459555/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/02/2017, DJe 20/02/2017)
Aula 17 - Lei nº 8.078/90 - Responsabilidade Civil - Exercícios - Tópico 2
DIREITO CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. VEÍCULO NOVO. VÍCIO DO PRODUTO. INCOMPATIBILIDADE ENTRE O DIESEL COMERCIALIZADO NO BRASIL E AS ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DO PROJETO. PANES REITERADAS. DANOS AO MOTOR. PRAZO DE TRINTA DIAS PARA CONSERTO. RESTITUIÇÃO DO VALOR PAGO. DANO MORAL. CABIMENTO. 
1. Configura vício do produto incidente em veículo automotor a incompatibilidade, não informada ao consumidor, entre o tipo de combustível necessário ao adequado funcionamento de veículo comercializado no mercado nacional e aquele disponibilizado nos postos de gasolina brasileiros. No caso, o automóvel comercializado, importado da Alemanha, não estava preparado para funcionar adequadamente com o tipo de diesel ofertado no Brasil. 
2. Não é possível afirmar que o vício do produto tenha sido sanado no prazo de 30 dias, estabelecido pelo artigo 18, § 1º, caput, do Código de Defesa do Consumidor, se o automóvel, após retornar da oficina, reincidiu no mesmo problema, por diversas vezes. A necessidade de novos e sucessivos reparos é indicativo suficiente de que o veículo, embora substituídas as peças danificadas pela utilização do combustível impróprio, não foi posto em condições para o uso que dele razoavelmente se esperava. 
3.– A jurisprudência do STJ orienta-se no sentido de ser cabível indenização por dano moral quando o consumidor de veículo zero quilômetro necessita retornar à concessionária por diversas vezes, para reparos. 
Atenção! Muitas vezes o STJ entende que, se o produto teve um problema que foi reparado em 30 dias e pouco tempo depois teve o mesmo problema, não é justo que o consumidor tenha que esperar mais 30 dias para o reparo ser realizado. 
4.– Recurso Especial provido. (REsp 1443268/DF, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 03/06/2014, DJe 08/09/2014)
Aula 18 - Lei nº 8.078/90 - Prescrição e Decadência - Tópico 2
REsp 1.442.597-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
24/10/2017, DJe 30/10/2017
TEMA
Ação redibitória. Reclamação que obsta a decadência. Forma documental ou verbal. Admissão. Comprovação pelo consumidor.
DESTAQUE
A reclamação obstativa da decadência, prevista no art. 26, § 2º, I, do CDC pode ser feita documentalmente ou verbalmente.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
Na origem, trata-se de ação redibitória – extinta com resolução do mérito, ante o reconhecimento da decadência – por meio da qual se buscava a rescisão do contrato de compra e venda de veículo defeituoso. Nesse contexto, discute-se a forma pela qual o consumidor deve externar a reclamação prevista no art. 26, § 2º, I, do Código de Defesa do Consumidor. Nos termos do dispositivo supracitado, é causa obstativa da decadência, a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca. Infere-se do preceito legal que a lei não preestabelece uma forma para a realização da reclamação, exigindo apenas comprovação de que o fornecedor tomou ciência inequívoca quanto ao propósito do consumidor de reclamar pelos vícios do produto ou serviço. Com efeito, a reclamação obstativa da decadência pode ser feita documentalmente – por meio físico ou eletrônico – ou mesmo verbalmente – pessoalmente ou por telefone – e, consequentemente, a sua comprovação pode dar-se por todos os meios admitidos em direito. Afinal, supor que o consumidor, ao invés de servir-se do atendimento atualmente oferecido pelo mercado, vá burocratizar a relação, elaborando documento escrito e remetendo-o ao Cartório, é ir contra o andamento natural das relações de consumo.
• Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se a partir do momento em que ficar evidenciado o problema.
• Garantia legal eterna?
– O STJ adotou a teoria da durabilidade determinada, que leva em consideração o tempo de vida útil do produto ou do serviço:
RECURSO ESPECIAL. CONSUMIDOR. VÍCIO OCULTO. PRODUTO DURÁVEL. RECLAMAÇAO. TERMO INICIAL.
1. Na origem, a ora recorrente ajuizou ação anulatória em face do PROCON/DF – Instituto de Defesa do Consumidor do Distrito Federal, com o fim de anular a penalidade administrativa imposta em razão de reclamação formulada por consumidor por vício de produto durável.
2. O tribunal de origem reformou a sentença, reconheceu a decadência do direito de o consumidor reclamar pelo vício e concluiu que a aplicação de multa por parte do PROCON/DF se mostrava indevida.
3. De fato, conforme premissa de fato fixada pela corte de origem, o vício do produto era oculto. Nesse sentido, o dies a quo do prazo decadencial de que trata o art. 26, 6º, do Código de Defesa do Consumidor é a data em ficar evidenciado o aludido vício, ainda que haja uma garantia contratual, sem abandonar, contudo, o critério da vida útil do bem durável, a fim de que o fornecedor não fique responsável por solucionar o vício eternamente. A propósito, esta Corte já apontou nesse sentido.
4. Recurso especial conhecido e provido.
RECURSO ESPECIAL Nº 1.123.004 – DF (2009/0026188-1) – 29/6/2009
Obs.: A vida útil do produto é discutida caso a caso, utilizando a razoabilidade. 
• Segundo o STJ: Súmula n. 477. A decadência do art. 26 do CDC não é aplicável à prestação de contas para obter esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e encargos bancários.
Aula 19 - Lei nº 8.078/90 - Prescrição e Decadência II - Fernanda Rocha - Tópico 2
• Segundo o STJ:
RECURSO ESPECIAL N. 574.947 – BA (2003/0138906-0) – 28/6/2004
Direito civil e do consumidor. Ação de cobrança de valor complementar. Indenização securitária. Inadimplemento. Pagamento a menor. Prazo prescricional.
O não cumprimento das obrigações por parte do segurador consistentes no ressarcimento dos danos sofridos pelo segurado constitui inadimplemento contratual, e não fato do serviço.
Caracterizada a inexecução contratual, é ânuo o prazo prescricional para ação de cobrança de valor complementar de indenização securitária.
Recurso especial parcialmente provido.
RECURSO ESPECIAL Nº 1.176.320 – RS (2010/0008120-3) – 26/2/2013
RECURSO ESPECIAL. PLANO DE SAÚDE. AÇÃO DE RESSARCIMENTO.
CIRURGIA CARDÍACA. DESCUMPRIMENTO DE CLÁUSULA CONTRATUAL.
PRAZO PRESCRICIONAL DECENAL.
1 – Em se tratando de ação objetivando o ressarcimento de despesas realizadas com cirurgia cardíaca para a implantação de "stent", em razão da negativa do plano de saúde em autorizar o procedimento, a relação controvertida é de natureza contratual.
2 – Não havendo previsão específica quanto ao prazo prescricional, incide o prazo geral de 10 (dez) anos, previsto no art. 205 do Código Civil, o qual começa a fluir a partir da data de sua vigência (11.1.2003), respeitada a regra de transição prevista no art. 2.028.
3 – Recurso Especial provido.
– No caso acima, não foi verificado o acidente de consumo.
RECURSO ESPECIAL Nº 1.032.952 – SP (2008/0037003-7) – 26/3/2009
(…) A incidência da regra de prescrição prevista no art. 27 do CDC tem como requisito essencial a formulação de pedido de reparação de danos causados por fato do produto ou do serviço, o que não ocorreu na espécie.
Ante à ausência de disposições no CDC acerca do prazo prescricional aplicável à prática comercial indevida de cobrança excessiva, é de rigor a aplicação das normas relativas a prescrição insculpidas no Código Civil.
Súmula n. 412. A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil.
• Jurisprudência em teses (STJ) – 74
8) A ação de indenização por danos morais decorrente da inscrição indevida em cadastro de inadimplentes não se sujeita ao prazo quinquenal do art. 27 do CDC, mas ao prazo de 3 (três) anos, conforme previsto no art. 206, § 3º, V, do CC/2002.
Aula 20- Lei nº 8.078/90 - Desconsideração da Personalidade Jurídica - Tópico 2
	Grupo societário/controlada
	Subsidiária
	Consorciadas 
	Solidaria 
	Coligadas 
	Mediante culpa 
Aula 21 - Lei nº 8.078/90 - Proteção Quanto à Oferta e a Publicidade no CDC - Tópico 2 
• Publicidade: objetiva o consumo e a circulação de riquezas; possui remuneração; objetiva o lucro; caráter informativo; compromisso com a verdade; e dever de informação. 
• Propaganda: finalidade política, ideológica ou social; e não tem preocupação com a verdade.
PUFFING
• Trata-se de algumas expressões que algumas publicidades apresentam.
Exemplo: “melhor sanduíche do mundo”. São expressões hiperbólicas, isto é, expressões notavelmente exageradas.
• Quando é um exagero perceptível, não é ilegal.
• Não se aplica a vinculação em situações de simples exageros que não obrigam o fornecedor.
• No plano jurisprudencial, para que o anúncio não vincule o fornecedor, deve haver erro crasso ou patente onerosidade excessiva, perceptíveis de plano.
• Segundo a jurisprudência, o período razoável é o mesmo que a vida útil que se espera do produto ou serviço. (art. 32)
• Essa disposição do CDC visa dificultar a obsolescência programada (técnicas que os fabricantes e fornecedores utilizam para que um produto perca a validade antes de perder a vida útil, a fim de obrigar os consumidores a adquirir novos produtos).
• No CDC, independentemente de culpa, há a correção monetária e a indenização monetária por perdas e danos.
Aula 22 - Lei nº 8.078/90 - Proteção Quanto à Oferta e a Publicidade no CDC II - Tópico 2
DECISÕES DO STJ RECURSO ESPECIAL n. 1.344.967 – SP do STJ “TELE SENA DIA DAS MÃES”. DIREITO DE INFORMAÇÃO CLARA E OBJETIVA. REGRAS DO SORTEIO. OMISSÃO. PROPAGANDA ENGANOSA. INTERPRETAÇÃO MAIS FAVORÁVEL AO CONSUMIDOR. ABUSIVIDADE. CLÁUSULA SURPRESA. DIREITO DE INFORMAÇÃO. FASE PRÉ-CONTRATUAL. INCIDÊNCIA. 
1. Cuida-se de ação de cobrança proposta por consumidora contra empresa sob alegação de ter sido vítima de propaganda enganosa em relação a sorteio de título de capitalização denominado “Tele Sena Dia das Mães 1999”. 
2. Enganosa é a mensagem falsa ou que tenha aptidão a induzir a erro o consumidor, que não conseguiria distinguir natureza, características, quantidade, qualidade, preço, origem e dados do produto ou serviço contratado. 
3. No caso concreto, extrai-se dos autos que dados essenciais do produto ou serviço adquirido foram omitidos, gerando confusão para qualquer consumidor médio, facilmente induzido a erro. 
4. As regras contratuais devem ser postas de modo a evitar falsas expectativas, tais como aquelas dissociadas da realidade, em especial quanto ao consumidor desprovido de conhecimentos técnicos. 
5. O CDC, norma principiológica por natureza, proíbe e limita os contratos impressos com letras minúsculas que dificultem, desestimulem ou impeçam a leitura e compreensão pelo consumidor, visando permitir o controle de cláusulas contratuais gerais e a realização da liberdade contratual.
6. À luz do princípio da vulnerabilidade (art. 4º, I, do CDC), princípio norteador das relações de consumo, as cláusulas contratuais são interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor (art. 47 do CDC). 
7. A transparência e a boa-fé permeiam a contratação na fase pré-contratual. 
8. É vedada a cláusula surpresa como garantia do equilíbrio contratual e do direito de informação ao consumidor. 
9. Recurso especial não provido.
DECISÕES DO STJ 
PROCESSO CIVIL. PROCESSO COLETIVO. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO COLETIVA. DIREITO À INFORMAÇÃO. DEVER DE INFORMAR. ROTULAGEM DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS. PRESENÇA DE GLÚTEN. PREJUÍZOS À SAÚDE DOS DOENTES CELÍACOS. INSUFICIÊNCIA DA INFORMAÇÃO- -CONTEÚDO “CONTÉM GLÚTEN”. NECESSIDADE DE COMPLEMENTAÇÃO COM A INFORMAÇÃO-ADVERTÊNCIA SOBRE OS RISCOS DO GLÚTEN À SAÚDE DOS DOENTES CELÍACOS. INTEGRAÇÃO ENTRE A LEI DO GLÚTEN (LEI ESPECIAL) E O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (LEI GERAL).
Cuida-se de divergência entre dois julgados desta Corte: o acórdão embargado da Terceira Turma que entendeu ser suficiente a informação “contém glúten” ou “não contém glúten”, para alertar os consumidores celíacos afetados pela referida proteína; e o paradigma da Segunda Turma, que entendeu não ser suficiente a informação “contém glúten”, a qual deve ser complementada com a advertência sobre o prejuízo do glúten à saúde dos doentes celíacos. 
2. O CDC traz, entre os direitos básicos do consumidor, a “informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentam” (art. 6º, inciso III). 
3. Ainda de acordo com o CDC, “a oferta e a apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores” (art. 31). 
4. O art. 1º da Lei 10.674/2003 (Lei do Glúten) estabelece que os alimentos industrializados devem trazer em seu rótulo e bula, conforme o caso, a informação “não contém glúten” ou “contém glúten”, isso é, apenas a informação- -conteúdo. Entretanto, a superveniência da Lei 10.674/2003 não esvazia o comando do art. 31, caput, do CDC (Lei 8.078/1990), que determina que o fornecedor de produtos ou serviços deve informar “sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores”, ou seja, a informação-advertência. 
5. Para que a informação seja correta, clara e precisa, torna-se necessária a integração entre a Lei do Glúten (lei especial) e o CDC (lei geral), pois, no fornecimento de alimentos e medicamentos, ainda mais a consumidores hipervulneráveis, não se pode contentar com o standard mínimo, e sim com o standard mais completo possível. 
6. O fornecedor de alimentos deve complementar a informação-conteúdo “contém glúten” com a informação-advertência de que o glúten é prejudicial à saúde dos consumidores com doença celíaca.
Embargos de divergência providos para prevalecer a tese do acórdão paradigma no sentido de que a informação-conteúdo “contém glúten” é, por si só, insuficiente para informar os consumidores sobre o prejuízo que o alimento com glúten acarreta à saúde dos doentes celíacos, tornando-se necessária a integração com a informação-advertência correta, clara, precisa, ostensiva e em vernáculo: "CONTÉM GLÚTEN: O GLÚTEN É PREJUDICIAL À SAÚDE DOS DOENTES CELÍACOS". (EREsp 1515895/MS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, CORTE ESPECIAL, julgado em 20/09/2017, DJe 27/09/2017) 
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. CARTÃO DE CRÉDITO. COBRANÇA INDEVIDA. PAGAMENTO NÃO EFETUADO. DANO MORAL. NÃO OCORRÊNCIA. MERO TRANSTORNO. 
1. Não configura dano moral in re ipsa (presumido) a simples remessa de fatura de cartão de crédito para a residência do consumidor com cobrança indevida. Para configurar a existência do dano extrapatrimonial, há de se demonstrar fatos que o caracterizem, como a reiteração da cobrança indevida, a despeito da reclamação do consumidor, inscrição em cadastro de inadimplentes, protesto, publicidade negativa do nome do suposto devedor ou cobrança que o exponha a ameaça, coação, constrangimento. 
2. Recurso conhecido e provido. (REsp 1550509/RJ, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 03/03/2016, DJe 14/03/2016)
Aula 23 - Lei nº 8.078/90 - Proteção Quanto à Oferta e a Publicidade no CDC III - Tópico 2
DECISÕES DO STJ 
1. Na origem, a Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro propôs ação coletiva contra Polimport Comércio e Exportação Ltda. (Polishop), sob a alegação de que a ré expõe e comercializa seus produtos em um canal da TV fechada, valendo-se de publicidade enganosa por omitir o preço e a forma de pagamento, os quais somente podem ser obtidos mediante ligação telefônica tarifada e onerosa ao consumidor, independentemente de este adquirir ou não o produto.2. O Juízo de primeiro grau julgou procedente o pedido para condenar a ré à obrigação de informar elementos básicos para que o consumidor, antes de fazer o contato telefônico, pudesse avaliar a possível compra do produto, com destaque para as características, a qualidade, a quantidade, as propriedades, a origem, o preço e as formas de pagamento, sob pena de multa diária por descumprimento. O Tribunal de origem, em sede de agravo interno, manteve a sentença. 
3. O direito à informação, garantia fundamental da pessoa humana expressa no art. 5º, inciso XIV, da Constituição Federal, é gênero que tem como espécie o direito à informação previsto no Código de Defesa do Consumidor. 
4. O Código de Defesa do Consumidor traz, entre os direitos básicos do consumidor, a “informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentam” (art. 6º, inciso III). 
5. O Código de Defesa do Consumidor atenta-se para a publicidade, importante técnica pré-contratual de persuasão ao consumo, trazendo, como um dos direitos básicos do consumidor, a “proteção contra a publicidade enganosa e abusiva” (art. 6º, IV). 
6. A publicidade é enganosa por comissão quando o fornecedor faz uma afirmação, parcial ou total, não verdadeira sobre o produto ou serviço, capaz de induzir o consumidor em erro (art. 37, § 1º). É enganosa por omissão a publicidade que deixa de informar dado essencial sobre o produto ou o serviço, também induzindo o consumidor em erro exatamente por não esclarecer elementos fundamentais (art. 37, § 3º).
7. O caso concreto é exemplo de publicidade enganosa por omissão, pois suprime algumas informações essenciais sobre o produto (preço e forma de pagamento), as quais somente serão conhecidas pelo consumidor mediante o ônus de uma ligação tarifada, mesmo que a compra não venha a ser concretizada. 
8. Quando as astreintes são fixadas conforme a capacidade econômica, a redução da multa diária encontra óbice no reexame do conjunto fático-probatório dos autos (Súmula 7/STJ). Ressalvam-se os casos de fixação de valor exorbitante, o que não ocorre no caso concreto. 
9. A inexistência de similitude fática e jurídica entre os acórdãos confrontados impede o conhecimento do recurso especial com fundamento na divergência jurisprudencial. Recurso especial conhecido em parte e improvido. (REsp 1428801/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/10/2015, DJe 13/11/2015) 
DIREITO DO CONSUMIDOR. "REESTILIZAÇÃO" LÍCITA DE PRODUTO. VEÍCULO 2007 COMERCIALIZADO COMO MODELO 2008. LANÇAMENTO NO ANO DE 2008 DE PRODUTO REFORMULADO, COMO SENDO MODELO 2009. PRÁTICA COMERCIAL ABUSIVA E PROPAGANDA ENGANOSA NÃO VERIFICADAS. 
1 – Lícito ao fabricante de veículos antecipar o lançamento de um modelo meses antes da virada do ano, prática usual no mercado de veículos. 
2 – Não há falar em prática comercial abusiva ou propaganda enganosa quando o consumidor, no ano de 2007, adquire veículo modelo 2008 e a reestilização do produto atinge apenas os de modelo 2009, ou seja, não realizada no mesmo ano. Situação diversa da ocorrida no julgamento do REsp 1.342.899 – RS (Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/08/2013, DJe 09/09/2013 
3 – No caso, a alegação de que o consumidor deveria ter sido advertido, no momento da compra, quanto à alteração das características do produto em futuro próximo, tendo em vista o direito de ampla informação, não foi enfrentada pelo Tribunal de origem. Ausência de prequestionamento.
4 – Recurso Especial a que se nega provimento. (REsp 1330174/MG, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/10/2013, DJe 04/11/2013)
Aula 24 - Lei nº 8.078/90 - Práticas Abusivas - Tópico 2 
473 – STJ – O mutuário do SFH não pode ser compelido a contratar o seguro habitacional obrigatório com a instituição financeira mutuante ou com a seguradora por ela indicada. 
“ADMINISTRATIVO – APLICAÇÃO DE SANÇÃO PECUNIÁRIA POR OFENSA AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – OPERAÇÃO DENOMINADA “VENDA CASADA” EM CINEMAS – VEDAÇÃO DE CONSUMO DE ALIMENTOS ADQUIRIDOS FORA DAS CASAS DE EXIBIÇAO DE FILMES – VIOLAÇÃO EVIDENTE DA CONSUMERISTA – DESPROVIMENTO DO APELO”. RECURSO ESPECIAL Nº 744.602 – RJ (2005/0067467-0) 
Súmula STJ n. 356: “É legítima a cobrança de tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia fixa.”
MP n. 764/2016 
Art. 1º Fica autorizada a diferenciação de preços de bens e serviços oferecidos ao público, em função do prazo ou do instrumento de pagamento utilizado. 
Parágrafo único. É nula a cláusula contratual, estabelecida no âmbito de arranjos de pagamento ou de outros acordos para prestação de serviço de pagamento, que proíba ou restrinja a diferenciação de preços facultada no caput.
Súmula 532 – STJ: Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa.
Aula 25 - Lei nº 8.078/90 - Práticas Abusivas II - Tópico 2
Jurisprudência em Teses n. 74 Enunciado 18 – É solidária a responsabilidade entre aqueles que veiculam publicidade enganosa e os que dela se aproveitam na comercialização de seu produto ou serviço.
Aula 26 - Lei nº 8.078/90 - Banco de Dados - Tópico 2 
Entidades privadas de caráter público
• SERASA – BANCOS
• SPC – COMÉRCIO
• SISBACEN – BANCO CENTRAL
• Não visam que as informações sejam públicas, mas apenas que estas sirvam para o incremento dos negócios e empresas.
SÚMULA 359 DO STJ: Cabe ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao
Crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição.
SÚMULA 404 DO STJ: É dispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros.
Retificação ou correção das informações
• O credor (fornecedor) é o responsável pelo pedido de baixa do devedor em cadastro de inadimplentes no prazo de cinco dias úteis contados da efetiva quitação do débito – Informativo 501/548 do STJ;
• Conta-se do primeiro dia útil subsequente ao pagamento da dívida;
Aula 27 - Lei nº 8.078/90 - Banco de Dados - Exercícios - Tópico 2
Súmula 548 do STJ: Incumbe ao credor a exclusão do registro da dívida em nome do devedor no cadastro de inadimplentes no prazo de cinco dias úteis, a partir do integral e efetivo pagamento do débito.
Súmula 381 do STJ: Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas. 
Súmula 382 STJ: A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade.
Súmula 385 STJ: Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.
Obs.: A inscrição indevida do nome do consumidor no cadastro de inadimplentes gera dano moral in re ipsa (automático, presumido).
Cadastro Oculto A Lei, a Constituição e o CDC vedam a existência de cadastro oculto. 
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. INSCRIÇÃO INDEVIDA. INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO. RECONHECIMENTO PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. CARÊNCIA SUPERVENIENTE DE INTERESSE RECURSAL. RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL. EXTINÇÃO PELA PRESCRIÇÃO TRIENAL. SÚMULA 83/STJ. AGRAVO IMPROVIDO. 
1. Tendo o acórdão recorrido reconhecido que o termo inicial para contagem do prazo prescricional seria a partir da ciência da inscrição, nesse ponto, carece de interesse processual a recorrente. 
2. No que se refere ao prazo prescricional da ação de indenização por danos morais decorrente da inscrição indevida em cadastro de inadimplentes, promovida por instituição financeira ou assemelhada, como no caso dos autos, por tratar-se de responsabilidade extracontratual, incide o prazo de 3 (três) anos previsto no art. 206, § 3º, V, do CC/2002.
3. A aplicação do art. 27 do Código de Defesa do Consumidor, que prevê o prazo de 5 (cinco)

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