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ARTIGO FEMINICIDIO VIOLENCIA CONTRA A MULHER NO ESTADO DO TOCANTINS

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FEMINICÌDIO: VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO ESTADO DO TOCANTINS 
 
Benardino Cosobeck da Costa¹ 
Carlos Eduardo Gomes² 
Letícia Victória da Silva Lucena³ 
Luís Felipe Defavari⁴ 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho tem como objetivo abordar e compreender as problemáticas 
referentes à violência contra as mulheres no estado do Tocantins. Abordando sobre a 
origem da Lei Maria da Penha no sistema penal brasileiro, com ênfase na qualificadora 
a Lei nº 13.104 de 09 de março de 2015, que promulga o chamado “Feminicídio”, 
classificada como crime hediondo, tratando-se de uma agravante ao crime de 
homicídio, visto que é a expressão máxima da violência contra a mulher. Tratando a 
acerca da repressão contra a violência de gênero, que é o resultado da relação de 
dominação do homem sobre a mulher introduzida pelo patriarcalismo que ao longo da 
história, a sociedade passou por diversas construções que refletem diariamente na 
nossa realidade atual. 
Palavras-chaves: violência contra a mulher. Feminicídio no Tocantins. Homicídio de 
mulheres. Violência de gênero. 
 
ABSTRACT 
 
 
This paper aims to address and understand the problems related to violence against 
women in the state of Tocantins. Addressing the origin of the Maria da Penha Law in 
the Brazilian penal system, with an emphasis on qualifying Law No. 13,104 of March 
9, 2015, which promulgates the so-called “Feminicide”, classified as a heinous crime, 
being an aggravating factor to the crime homicide, since it is the maximum expression 
of violence against women. Dealing with the repression against gender violence, which 
is the result of the relationship of domination of men over women introduced by 
patriarchy that throughout history, society has undergone several constructions that 
reflect daily in our current reality. 
Keywords: violence against women. Femicide in Tocantins. Homicide of women. 
Gender violence. 
 
 
__________________________ 
 
¹ Orientador. Mestre em Prestação Jurisdicional e Direitos Humanos pela UFT- Universidade Federal 
do Tocantins. Graduado em Direito. Professor de Prática Forense Penal da Faculdade de Colinas do 
Tocantins/TO. Advogado Criminalista. Email: cosobeckadvogados@gmail.com 
² Acadêmico do Curso superior de Direito da Faculdade de Colinas do Tocantins/TO. Email: 
eduvip2015²outlook.com 
³ Acadêmica do Curso superior de Direito da Faculdade de Colinas do Tocantins/TO. Email: 
leticiacolinas@hotmail.com 
⁴Coordenador do Curso superior de Direito da Faculdade de Colinas do Tocantins/TO. Email: 
 
mailto:cosobeckadvogados@gmail.com
mailto:leticiacolinas@hotmail.com
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
O patriarcalismo é definido como um sistema onde se tem a supremacia do 
homem sobre as mulheres, não apenas no convivo familiar, mas em uma relação 
política e econômica. 
As mulheres desde pequenas eram educadas para serem boas filhas, 
esposas e mães, devendo ser obedientes e manter um bom convívio entre a 
sociedade e o núcleo familiar. Elas não exercia direitos de voz, voto, apenas as 
mulheres menos favorecidas trabalhavam, mas seu salário sempre inferior ao sexo 
oposto, pois, o homem era considerado o responsável pelo sustento da família. 
 
 
O patriarcado é uma forma de organização social onde suas relações 
são regidas por dois princípios basilares: as mulheres são 
hierarquicamente subordinadas aos homens, e os jovens estão 
subordinados hierarquicamente aos homens mais velhos, patriarcas 
da comunidade. Este sentido de patriarcado caraterizado pela 
supremacia masculinas, desvalorização da identidade feminina e 
atribuição funcional do ser mulher, apenas para procriação, remonta a 
história antiga da Idade Média. (SCOTT, J. 1995). 
 
 
Após, um longo período de discriminação e opressão sofrida pelas 
mulheres, os movimentos feminista começaram a ganhar voz e representatividade em 
todo o mundo, diante da luta as mulheres começaram a conquistar seus direitos. Mas, 
mesmo com os avanços no campo do direito de igualdade entre ambos os sexos, as 
mulheres ainda são vítimas de uma cultura voltada ao homem como a imagem de 
superioridade e ideias gerados na sociedade patriarcal se fundiram a um único termo: 
o machismo, sendo este, atualmente, o principal gerador de violência, pregando sobre 
a inferiorização feminina. 
Desta forma, o patriarcado, é responsável pela propagação da violência de 
gênero, tratando o homem como classe dominante, estimulando a pratica das 
violências que serão posteriormente tratadas, perfazendo o feminicídio. 
 
 
 
 
 
 
2. DESENVOLVIMENTO 
 
2.1 Violência de gênero 
 
É uma violência é exercida sobre o sexo oposto, em geral está relacionada 
a violência praticada contra a mulher. A violência de gênero pode se manifestar de 
diferentes formas, como estrupo, assédio sexual nas ruas ou local de trabalho, 
violência sexual, prostituição forçada e violência nas relações do cal, também 
denominada como violência doméstica ou familiar, presente em todas as classes e 
culturas. 
 
No mundo, um em cada cinco dias de falta ao trabalho é decorrente 
de violência sofrida por mulheres em suas casas, a cada cinco anos a 
mulher perde um ano de vida saudável se ela sofre violência 
doméstica. O estrupo e a violência doméstica são causas significativas 
de incapacidade e morte de mulheres em idade produtiva. (Movimento 
popular da mulher – MPM e pelo Coletivo de Mulheres Negras – 
Nzinga, em parceria como Pronto-Socorro do Hospital Municipal 
Odilon Behrens e Pronto Socorro Joao XXIII,MG). 
 
 
Segundo os dados levantados pelo o DataFolha de fevereiro encomendada 
pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), com a finalidade de avaliar 
o impacto da violência contra as mulheres no Brasil, foi constatado que nos últimos 
12 meses, 1,6 milhões de mulheres foram brutamente agredidas por seus parceiros 
ou ex-companheiros e 22 milhões de brasileiras sofrem algum tipo de assedio, 42% 
dos casos ocorreram em âmbito doméstico. 
Apesar das pesquisas realizadas para chegar ao número de vítimas, a 
realidade está muito além dos dados, levando a acreditar que o índice seja ainda 
maior, pois, existe uma conspiração do silencio que cerca essa violência impedindo 
que os reais dados possam melhor revelar a magnitude desse fenômeno. 
 
2.2 Origem da Lei Maria da Penha 
 
A Lei 11.340/06 recebeu o nome de Lei Maria da Penha em homenagem á 
biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, que por diversas vezes fora vítima 
de violência doméstica de forma brutal pelo seu marido Marcos Antônio Heredia 
Viveiros, que por seis anos manteve matrimonio. No ano de 1983, foi vítima de duas 
 
tentativas de homicídio praticadas pelo seu esposo, que lhe deferiu um tiro de 
espingarda enquanto dormia, causando-lhe sequelas, tais como uma paraplegia 
irreversível. A segunda tentativa de homicídio ocorreu enquanto ela tomava banho, 
utilizando método de eletrocussão e afogamento. 
Os atos praticados por Marcos Antônio foram premeditados, ele teria 
tentado convencer Maria da Penha a assinar um seguro de vida, sendo ele o 
beneficiário e a pedido dele, ela assinou um recibo em branco da venda de seu 
veículo. 
A legislação brasileira não detinha de uma proteção a mulher no que diz 
respeito a violência praticada por pessoa que possui vínculo afetivo, nesse caso o 
próprio marido, por esse motivo, Marcos Antônio não permaneceu preso, 
respondendo assim pelo crime em regime aberto. 
Em agosto de 1998, Maria da Penha fez uma denúncia juntamente com o 
Centro pela Justiça e pelo Direito Internacional (CEJIL) e o Comitê Latino-Americano 
de Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM), que foi encaminhada para a Comissão 
Interamericana de Direitos Humanos, essa, que possui a finalidade de analisar as 
petições onde são apresentadas violações aos direitos humanos, alegando que o 
Brasil ou a República Federativa do Brasil não tomou as medidas necessárias para 
punir Marco, mesmo após ter feito várias denúncias. 
Em 2006 a Lei Maria daPenha entrou em vigor. Após a sanção da lei, 
surgiu a necessidade da criação de uma lei que pudesse tipificar o crime de homicídio 
contra mulheres, dessa forma, foi sancionada a Lei nº 13.104/2015, denominada Lei 
do Feminicídio. 
 
2.3 Origem da Lei do Feminicídio 
 
Em 9 de março de 2015, em comemoração ao dia Internacional da Mulher, 
foi sancionada a Lei nº 13.104/2015, incluída no rol de homicídios qualificados previsto 
no artigo 121, § 2º, inciso VI do Código Penal Brasileiro e no rol dos crimes hediondos, 
o feminicídio foi criado como um mecanismo para coibir a pratica de homicídio contra 
a mulher no contexto de violência de gênero. 
Criada para caminhar junto à Lei Maria da Penha, alterando o código Penal 
e a Lei de crimes Hediondos, para que as mulheres vítimas de violência doméstica 
ficassem mais amparadas pelo Estado. 
 
 
 
 
Art. 1º O art. 121 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 
- Código Penal , passa a vigorar com a seguinte redação: 
“Homicídio simples 
Art. 121. ........................................................................ 
Homicídio qualificado 
§ 2º ................................................................................ 
Feminicídio 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: 
§ 2º -A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino 
quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
Aumento de pena 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade 
se o crime for praticado: 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) 
anos ou com deficiência; 
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.” (NR) 
Art. 2º O art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, passa a vigorar 
com a seguinte alteração: 
“Art. 1º ......................................................................... 
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo 
de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio 
qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV, V e VI); (NR) 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
 
 
 
O feminicídio significa perseguição e morte do sexo feminino em razão de 
gênero. O conceito surgiu na década de 1970, mas, somente no ano 2000 ganhou 
uma formulação definitiva. 
A lei foi proposta para dar ao Estado a responsabilidade pela ação/omissão 
da convivência pela persistência da violência doméstica, tratando assim de um novo 
tipo penal, ou seja, a propositura da lei ocorreu para que houvesse a responsabilidade 
para com o Estado pela persistência da violência, onde o resultado é a morte. 
O feminicídio se tornou uma das principais bandeiras da luta dos 
movimentos feministas e de mulheres nos anos 1980. Mas, motivados pela dominação 
patriarcal, os agressores foram beneficiados pelo argumento da “legitima defesa da 
honra”, ou seja, é a conveniência da sociedade e da justiça, que se justifica pelo 
sentimento em manter o casamento e proteger a família. 
 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art121%C2%A72vi
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art121%C2%A72a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art121%C2%A77
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art1i.
 
2.4 Diferença entre o Feminicídio e a lei Maria da Penha 
 
A lei Maria da Penha protege a mulher no cunho doméstico, da agressão 
física, psicológica, sexual, moral e até do patrimônio. Ou seja, coíbe a violência 
doméstica e familiar contra a mulher. 
O Feminicídio é uma qualificadora do crime de homicídio como tipificação 
diferente: os crimes são voltados para uma violência ainda maior, cometidos por 
razões de gênero, com resultado morte. O sujeito passivo é a mulher e não se admite 
analogia contra o réu. 
 
(Lei 11.340/2006). Art. 5º Para os efeitos desta Lei configura violência 
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão 
baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, 
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei 
complementar nº 150, de 2015) 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de 
convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, 
inclusive as esporadicamente agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada 
por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por 
laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva 
ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de 
coabitação. 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo 
independem de orientação sexual. 
 
 
 
De acordo com o artigo 5º, parágrafo único da lei nº 11.340/06, a mesma 
deve ser aplicada independentemente de orientação sexual. Na relação entre 
mulheres transexuais ou heterossexuais, se houver violência baseada no gênero, 
caracteriza o feminicídio. O sexo biológico não correspondente à identidade de 
gênero, podendo ser sexo masculino e identidade de gênero feminino. 
 
2.5 Tipo de Feminicídio 
 
O desconhecimento do conteúdo da lei levou diversos setores, 
principalmente os mais conservadores, a questionarem a necessidade de sua 
implementação, levando a ser classificado os tipos de feminicídio como: 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95552/lei-maria-da-penha-lei-11340-06
 
 
Ativos ou diretos: é a figura jurídica que não estabelece leis especiais para 
enquadrarem as mulheres de forma diferenciada. Sendo assim incluem: 
a) O assassinato por repulsa, desprezo ou ódio contra as mulheres. 
b) Morte de mulheres ou meninas pelo resultado de violência doméstica, pelo 
conjugue de uma relação de convivência e intimidade. 
c) Característico de outros países, morte de mulheres e meninas em nome da 
honra. 
d) Morte de mulheres em situação de conflito armado, conflito étnico. 
e) Morte de mulheres por pagamento de dote. 
f) Infanticídio feminino. 
Passivos ou indiretos: incluem mortes como resultado de uma 
discriminação de gênero que não constituem delitos; 
a) Mortalidade materna 
b) Característica de outros países, morte por práticas “nocivas”, ocasionada por 
mutilação genital feminina. 
c) Atos ou missão por parte de funcionário público ou agentes do Estado, por 
enfermidades femininas maltratadas (aborto inseguro, câncer e etc.) 
Feminicídio íntimo: causado por homens ao qual a vítima tem ou teve 
relação familiar ou vinculo, marido, ex marido, namorado, ex namorado, parceiros 
sexuais, inclui também a hipótese do amigo que mata a vítima, que se negou a ter 
conjunção carnal com ele. 
Feminicídio não íntimo: causado por homens ao qual a vítima não tem 
relação intima, familiar ou de convivência que em decorrência disto, pode ser 
assassinato cometido por homens que a vítima possua uma relação de confiança ou 
de hierarquia, ou seja, colegas de trabalho, funcionários públicos, patrão ou por 
desconhecidos. 
Feminicídio infantil: praticado por um homem que exerce uma relação de 
confiança e responsabilidade, praticado contra meninas menor de 14 anos. 
Feminicídio familiar: quando o crime resulta da violência doméstica ou 
praticado junto a ela, ou seja, quando o homicida é um familiar da vítima ou já manteve 
algum tipo de laço afetivo com ela. 
Feminicídio por conexão: quando a vítima tenta impedir um crime contra 
outra mulher e termina morrendo, podendo ser esta uma amiga, parente, mãe, filha, 
ou até mesmo uma estranha. 
 
 
2.6 Realidade da Lei do Feminicídio no Estado do Tocantins 
 
A violência sofrida pela mulher pode resultar em diversos traumas e 
doenças, como depressão, ansiedade, estressespôs traumáticos e até mesmo levar 
as vítimas a cometerem suicídio. 
Segundo o mapeamento da violência contra a mulher realizado em 2011 a 
2015 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), uma a cada três mulheres já 
sofreram violência física ou sexual, praticada por seu próprio parceiro dentro de casa. 
Mesmo após 3 anos dessa pesquisa, os dados continuam espantosos, 60% 
dos casos os agressores estão sob efeito de substancias alcoólicas. As crianças e 
adolescentes vítimas de violência sexual, na maioria dos casos são violentadas por 
conhecidos e parentes próximos, ou seja, pelo pai, irmão, avos e tios, e as mulheres 
com mais de 60 anos que sofrem violência física, psicológicas e patrimonial, muitos 
os autores são os próprios filhos, na maioria das vezes sob efeito de drogas ilícitas ou 
álcool. 
O Tocantins está em 7º lugar entre os Estados com maior índices de casos 
de violência contra a mulher, um aumento de 88,7% entre 2015 e 2018, segundo os 
dados da Policia Militar e a Secretaria de Segurança Pública (SSP), 80% dos casos 
de feminicídio é decorrente de uma serie de violência praticada contra a vítima no 
âmbito doméstico. 
 
A concessão de medidas protetivas pelo Poder Judiciário 
Tocantinense cresceu 88,7% em casos de violência doméstica, entre 
2015 e 2018, segundo dados da Coordenadoria de Gestão 
Estratégica, Estatística e Projetos do Tribunal de Justiça (TJTO). Em 
número absoluto, saltou de 1.323 para 2.496 medidas concedidas 
entre 1º de janeiro a 28 de fevereiro de 2019, o que dá uma média 
diária de 6,1 medidas no período. (Gazeta do Cerrado,2019) 
 
 
Os dados divulgados pelo site Araguaína Notícias, entre os meses de 
janeiro e março de 2019, foram registrados 12 casos, cerca de 6.414 processos 
tramitam nas 42 comarcas do Estado, com maior demanda nas comarcas de Palmas 
e Araguaína. O número de lesões corporais em Colinas do Tocantins, chegou a 25 
 
 
caso e 3 casos de violência contra idosas e foram feitas 20 prisões em flagrante para 
casos de descumprimento de medidas protetivas. 
 
De janeiro de 2015 a março de 2019, ao menos 63 mulheres foram 
mortas no Tocantins, vítimas de feminicídio. Foram quatro caso em 
2015, sete em 2016, 15 casos no ano de 2017 e 25 em 2018. 
(Araguaína Notícias,2019) 
 
Porém, ainda há uma subnotificação, pois, a tendência das vítimas ainda é 
de suportar por um longo período a violência, os fatores que as levam a isso são a 
dificuldade de associar aquele relacionamento abusivo com a violência, temor de 
serem incompreendidas muitas vezes por parte da própria justiça ou por familiares, o 
medo e a vergonha de expor a privacidade publicamente, a dependência emocional 
pelo fato de acreditarem que são responsáveis pela manutenção da família, tornando 
difícil romper com o projeto de família e pela falta de independência economia. 
O autor da violência, tende a gozar de boa reputação social e é considerado 
um bom moço pela sociedade, trabalhador, muitos possuem o mesmo nível social, 
econômico e cultural da vítima, levando a sociedade a desacreditar da palavra da 
ofendida. É comum que os autores não enxerguem que estejam praticando o crime, 
acreditam que estão apenas corrigindo-as de algum comportamento que eles 
acreditem que eles desaprovam, justificando a violência como uma simples punição. 
Lidar com a violência contra a mulher ainda é lidar com muita dificuldade, 
não há como exigir um conjunto robusto de provas, pois, ela tende a acontecer de 
forma clandestina dentro de casa, longe de testemunhas, devendo assim, atribuir um 
valor a palavra dessas mulheres. 
Porém, a credibilidade da valorização da palavra da vítima ainda são 
desacreditadas e questionadas em oitivas exaustivas e sucessivas, sendo cobrada 
uma coerência excessiva de detalhes impossíveis muitas vezes de serem fornecidas, 
levando ao sentimento de que a palavra dela não fosse dignas de credito, devendo 
ser confrontadas o tempo todo para serem pegas na mentira. Outra dificuldade é 
encontrada no papel dos agentes que atuam no atendimento e no enfrentamento da 
violência contra a mulher, são os responsáveis por garantir a proteção, mas, muitos 
ainda são imbuídos de valores preconceituosos e reproduzem estereótipos de gênero 
na aplicação da lei. 
 
As estatísticas são ainda mais cruéis em relação a mulher negra, enquanto 
as taxas de homicídios de mulheres brancas caíram 11,9% entre os anos de 2016 a 
2018, as taxas de mulheres negras cresceram 19,5%, tal crescimento provocado pelo 
preconceito cultural. 
 
 
Cerca de 83% tem entre 18 a 59 anos de idade, 15,5% menos de 18 
anos e 1,5% mais de 60 anos. Não se pode universalizar a categoria 
mulher, mulheres são diversas, e as mulheres negras, por conta do 
machismo e racismo, acabam ficando num lugar maior de 
vulnerabilidade social. (RIBEIRO, 2017. Pag. 112) 
 
 
Maria Sylvia Aparecida de Oliveira, advogada e presidente do Geledés o 
Instituto da Mulher Negra, retrata que devido a escravidão a mulher negra não é 
enxergada como uma pessoa e se encontrando a maioria em bairros pobres devido 
esse preconceito enraizado na sociedade, impactado nas taxas de feminicídio. 
 
A mulher negra é tida, como uma “não pessoa”, por conta de todo o 
resquício da escravidão. Essa mulher ainda está na base da pirâmide, 
nas relações mais subalternas, são a maioria de bairros pobres. 
(OLIVEIRA,2016) 
 
 
O maior desafio no combate a violência contra a mulher encontra-se no 
âmbito das políticas públicas de prevenção e assistência às vítimas. 
 
No âmbito da legislação tivemos grandes avanços, porem o Estado 
ainda atua punindo e não prevenindo. Críticos da Lei do Feminicídio 
apontam que a lei é inadequada porque o direito penal só deve ser 
aplicado em situações extremas, quando na verdade o Estado deveria 
agir diligentemente na prevenção. (BARWINSKI,2015) 
 
Diante de tal cruel realidade, é necessário aumentar a fiscalização dos 
órgãos competentes, um maior monitoramento dos dados dos crimes não só apenas 
no Estado do Tocantins, mas em todos os Estados brasileiros. Não basta apenas a 
criação de leis, mas, por em pratica as políticas públicas, para conscientizar a 
sociedade sobre o acontecimento destes crimes, afim de não tolerar a normalização 
da violência contra a mulher de forma diária no âmbito doméstico ou familiar. Preparar 
os funcionários que estão à frente das denúncias, para que ao se encorajarem a 
 
 
denunciar, não sejam intimidades e ridicularizadas a ponto de se sentirem culpadas 
por terem sofrido a violência. 
Ainda são poucos os tribunais, que classificam o assassinato de uma 
mulher pela própria condição de gênero. Enquanto houver desigualdades advindas de 
uma sociedade preconceituosa e machista, as mulheres não estarão livres do 
ambiente de violência, assim, não poderão desempenhar de forma justa e igualitária 
aos dos homens nos espaços públicos de convivência social. 
 
 
 
2.7 CONSIDERAÇOES FINAIS 
 
A intenção da criação da Lei 13.104/2015, foi de tirar homicídio de mulheres 
em razão de gênero da imperceptibilidade, consequentemente instituir que fosse 
debatidos por juristas e políticos, pois o esclarecimento do tema gera enfrentamento 
à violência. Porém, comprova-se que a mera criação de leis e maiores penas não inibe 
o agressor, gerando ainda sensação de impunidade na sociedade. 
Um grande avanço eficaz seria, atualizar os bancos de dados relativos ao 
crime de feminicídio, para se ter certeza dos números verdadeiros dos casos 
ocorrente nos Estados brasileiros, para que se possa investir em políticas públicas 
efetivas para a prevenção do delito. 
Portanto, o Estado do Tocantins, precisa enfrentar o desafio com o 
desenvolvimento de estratégias de conscientização do agressor, instalação de 
delegacias especializadas nos crimes de violência contra a mulher, principalmente 
focar na humanização do atendimento e no apoio as vítimas, planejar e executar 
meios para a educaçãoe a responsabilização dos meios de comunicação, tratando a 
respeito dos direitos humanos e a diversidade como uma forma de prevenção da 
violência praticada contra a mulher. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3- REFERÊNCIAS 
 
 
BARROS, Francisco Dirceu, Estudo completo do feminicídio. Editora Impetus. abr. 
2015. 
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. 4ª ed. trad. Maria Helena Kühner. Rio 
de Janeiro: Bertrand Brasil. 
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. 
Trad. Renato Aguiar. Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 2003. 
BUZZI, Ana Carolina de Macedo. Feminicídio e o Projeto de Lei nº292/2013 do 
Senado Federal. Mon. UFSC. Florianópolis/SC: 2014. 
BRASIL. Decreto nº 3.298, de 20 de Dezembro de 1999. 
BRASIL. Lei nº 13.104, de 9 de Março de 2015 
HELKER.M. Da Violência Doméstica Fatal contra a Mulher: Evolução e 
Tipificação. Mon. UNIR. Cacoal-RO, 2016. 
BARROS, F.D, Estudo completo do feminicídio. Editora Impetus. abr. 2015. 
BOURDIEU.P. A dominação masculina. 4ª ed. trad. Maria Helena Kühner. Rio de 
Janeiro: Bertrand Brasil. 
BUTLER.J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Trad. 
Renato Aguiar. Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 
2003. 
BUZZI, A.C.M. Feminicídio e o Projeto de Lei nº292/2013 do Senado Federal. Mon. 
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