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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/259296827 Manual de Zootecnia Especial I Book · May 2012 CITATIONS 0 READS 2,373 3 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: +Agro - Organizational, energy and occupational health and safety qualifications in the agrifood industry View project LACTIES: Innovation and Eco-efficiency in the Dairy Sector View project Carlos D. Pereira Instituto Politécnico de Coimbra 95 PUBLICATIONS 215 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Carlos D. Pereira on 15 December 2013. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/259296827_Manual_de_Zootecnia_Especial_I?enrichId=rgreq-ed3b601838678494ac6eb5cf9a516a29-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI1OTI5NjgyNztBUzoxMDMzMjEwODgwMzY4ODJAMTQwMTY0NTA3NTcxOQ%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/259296827_Manual_de_Zootecnia_Especial_I?enrichId=rgreq-ed3b601838678494ac6eb5cf9a516a29-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI1OTI5NjgyNztBUzoxMDMzMjEwODgwMzY4ODJAMTQwMTY0NTA3NTcxOQ%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Agro-Organizational-energy-and-occupational-health-and-safety-qualifications-in-the-agrifood-industry?enrichId=rgreq-ed3b601838678494ac6eb5cf9a516a29-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI1OTI5NjgyNztBUzoxMDMzMjEwODgwMzY4ODJAMTQwMTY0NTA3NTcxOQ%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/LACTIES-Innovation-and-Eco-efficiency-in-the-Dairy-Sector?enrichId=rgreq-ed3b601838678494ac6eb5cf9a516a29-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI1OTI5NjgyNztBUzoxMDMzMjEwODgwMzY4ODJAMTQwMTY0NTA3NTcxOQ%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-ed3b601838678494ac6eb5cf9a516a29-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI1OTI5NjgyNztBUzoxMDMzMjEwODgwMzY4ODJAMTQwMTY0NTA3NTcxOQ%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Carlos_Pereira15?enrichId=rgreq-ed3b601838678494ac6eb5cf9a516a29-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI1OTI5NjgyNztBUzoxMDMzMjEwODgwMzY4ODJAMTQwMTY0NTA3NTcxOQ%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Carlos_Pereira15?enrichId=rgreq-ed3b601838678494ac6eb5cf9a516a29-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI1OTI5NjgyNztBUzoxMDMzMjEwODgwMzY4ODJAMTQwMTY0NTA3NTcxOQ%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Instituto_Politecnico_de_Coimbra?enrichId=rgreq-ed3b601838678494ac6eb5cf9a516a29-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI1OTI5NjgyNztBUzoxMDMzMjEwODgwMzY4ODJAMTQwMTY0NTA3NTcxOQ%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Carlos_Pereira15?enrichId=rgreq-ed3b601838678494ac6eb5cf9a516a29-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI1OTI5NjgyNztBUzoxMDMzMjEwODgwMzY4ODJAMTQwMTY0NTA3NTcxOQ%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Carlos_Pereira15?enrichId=rgreq-ed3b601838678494ac6eb5cf9a516a29-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI1OTI5NjgyNztBUzoxMDMzMjEwODgwMzY4ODJAMTQwMTY0NTA3NTcxOQ%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf Manual de Zootecnia especial i Ministério da agricultura do desenvolvimento Rural e das Pescas cuRso de auxiliaR de PecuáRia Manual de Zootecnia especial i cuRso de auxiliaR de PecuáRia Manual de zootecnia especial i2 Ficha técnica título: Manual de Zootecnia especial I autores: antónio Sousa dias, Carlos dias Pereira, Joaquim Santos Gestão de projecto: SInFIC, Sa. Rua Kwame nkrumah, nº10 - 3º, Maianga, luanda - angola eSaC – escola Superior agrária de Coimbra Bencanta, Coimbra – Portugal editor: Ministério da agricultura, do desenvolvimento Rural e das Pescas execução GráFica: OMleT deSIGn revisão: SInFIC, Sa. data: Maio 2012 Manual de zootecnia especial i 3 índice 1. Bovinicultura 4 1.1 Introdução 4 1.2 SIStemaS de Produção 8 1.3 raçaS bovInaS 13 1.4 reProdução 39 1.5 SanIdade 50 1.6 InStalaçõeS 62 1.7 nutrIção e alImentação 75 1.8 PrátIcaS de maneIo dIverSaS 92 1.9 a Produção de leIte 106 1.10 regIStoS 136 2. caprinicultura 140 2.1 Introdução 140 2.2 raçaS e reProdução 143 2.3 SIStemaS de Produção 155 2.4 InStalaçõeS 156 2.5 maneIo da exPloração 161 2.6 nutrIção e alImentação 169 3. BiBlioGraFia 189 anexo 191 Glossário 196 Manual de zootecnia especial i4 1. Bovinicultura 1. Bovinicultura 1.1 Introdução este manual destina-se a professores e alunos do ensino técnico agrícola, agri- cultores e técnicos de desenvolvimento agrário e extensão rural, O objectivo da sua elaboração é reunir de uma forma simples e sintética os re- quisitos principais para a instalação de um sistema de produção equilibrado que contemple os diversos processos de produção de bovinos de carne e leite. A pecuária em Angola beneficia de condições adequadas para o desenvolvimen- to desta actividade, sobretudo no que se refere ao ambiente favorável para um bom desempenho, chuvas abundantes na maior parte do ano, luminosidade elevada, temperatura estável acima de 20 °C, baixos custos da terra e produtores interessados. no entanto, quando a actividade é desenvolvida em áreas menos favoráveis, em sistemas tradicionais, sem os cuidados de maneio necessários e em sistemas de pastagens naturais com baixos índices de produtividade, apresenta por norma índices zootécnicos reduzidos, o que provoca baixa eficiência económica e bio- lógica do uso da terra, além de efeitos ambientais indesejáveis. a exploração pecuária em angola tem passado nos últimos anos por um enor- me incremento, passando pela importação de animais de raça pura, especial- mente do Brasil. apesar dos notórios avanços tecnológicos alcançados nesta Manual de zootecnia especial i 51. Bovinicultura matéria, há ainda muito por fazer, sobretudo no aperfeiçoamento das técnicas de criação animal e na adequação do maneio das explorações agro-pecuárias. Estes aspetos, associados à falta de organização dos registos zootécnicos e de todos os condicionalismos relacionados com a prevenção, sanidade e biosegurança, vêm contribuindo decisivamente para a ineficiência operacional da actividade agro- -pecuária. Por estas razões, continua a vigorar tanto no sector tradicional como no empre- sarial o regime de fole (no Brasil denominado por sanfona ou concertina) ou seja, engorda no período das chuvas e emagrecimento no período seco. de facto o emagrecimento chega a atingir mais de 30% do peso vivo do gado com elevadas consequências económicas. Só quando as explorações pecuárias tiverem o regime de fole eliminado e o gado continuar a ganhar peso durante o período seco (por pouco que seja), é que se terá atingido um novo patamar, que aliado a outras técnicas de incremento da produção e produtividade dos efectivos, possibilitarão aos criadores angolanos poder concorrer economicamente no mercado de carnes internacional. São encontradas explorações um pouco por todo país, estando as maiores loca- lizadas no Centro e Sul. a bovinicultura em angola é a actividade de maior valor económico no sector da produção pecuária. Cerca de 90-95% do efectivo pecuário existente está concentrado a Sul do parale- lo 14, mais precisamente nas províncias do Cunene, namibe e Huíla e em menor escala em Benguela, Kuanza Sul e Cuando Cubango. Manual de zootecnia especial i6 1. Bovinicultura nas províncias do Cunene e namibe predominam os pastos doces enquanto nas outras províncias são progressivamente substituídos por pastos mistos e acres. no entanto, o volume forrageiro não é directamente proporcional ao número de animais. este fenómeno provoca um desequilíbrio do ecossistema da região que leva à aridez destas áreas tornando-as pouco produtivas sendo as épocas de seca cada vez mais severas. São explorados nos sistemas tradicionais biótipos do grupo Sanga, predominan- do os cruzamentos dos biótipos Mucubal e Humbe assim como de outrosainda não devidamente analisados (Kwaniama, Mumuhuíla, Mocho de Quilengues). Com o advento da independência o abandono das fazendas determinou que muito do gado de raça que lá se encontrava fosse usado pela população local generalizando-se os cruzamentos com o gado tradicional. Tudo indica que os cruzamentos com Zebú vingaram uma vez que existem esporadicamente no sector tradicional. As províncias do Planalto Central (Huambo, Bié), têm vindo progressivamente a ser repovoadas com gado proveniente do Sul. O primeiro objectivo é utilizar-se este gado na tracção (charrua) e o segundo a reprodução. as províncias do norte além de comprarem gado do Sul possuem um pouco de biótipos locais (ainda não analisados) tais como Catete e Mocho de Malange, sendo ainda pouco fre- quente a presença de gado tolerante ao tripanosoma (ndama e daomé). FiGura 1.1 Zona de maior concentração do efectivo bovino FiGura 1.2 Zonas de implantação da exploração da bovinicultura de carne e leite em angola Bovinicultura dos povos pastores zonas de pastorícia e de transuMÂncia zonas de exploração da Bovinicultura carne leite ad ap ta do d e d in iz , 1 99 1 a da pt ad o de d in iz , 1 99 1 Manual de zootecnia especial i 71. Bovinicultura FiGura 1.3 recursos da pastagem natural em angola no que toca ao sector empresarial que se dedica à pecuária de corte no Sul de angola, normalmente inicia a sua actividade adquirindo novilhas ao sector tradicional que vai progressivamente cruzando com raças Zebúínas. as raças Zebúínas que ultimamente têm sido mais utilizadas são o Nelore, Brahman, Sim- brah e Bonsmara. no entanto há de tudo um pouco neste sector ou seja, desde alguns produtores que se dedicam só a raças puras Zebúínas (incluído a nguni) a outros que utilizam raças europeias puras não preconizadas para as condições ecológicas do Sul (p. ex. limousine). O maior negócio deste sector baseia-se nos leilões efectuados nas feiras de gado, onde se vende gado de reprodução a cria- dores que vêm de outras províncias ou a outros em fase de arranque. É vendido tanto gado de produção própria como gado adquirido na namíbia recriado e ou engordado e acabado nas fazendas. no que toca à produção de leite em termos de utilização de raças de aptidão leiteira (Frísia, Jersey ou mistas), esta só é possível em áreas de fomento directo de toda a cadeia produtiva por parte do estado, como é o caso do Projecto al- deia nova. de facto a falta de fomento à produção leiteira no sector empresarial determinou que a sua produção tivesse terminado (só há um produtor no Sul de angola). no entanto no período das chuvas registam-se excedentes de leite no gado do sector tradicional, sendo vulgar a presença de populares a vender leite cru nas estradas. recursos da pastagem natural tipos de cobertura herbácea 1 PaSTOS dOCeS 2 PaSTOS MISTOS 3 PaSTOS aCReS 1 2 3 ad ap ta do d e d in iz , 1 99 1 Manual de zootecnia especial i8 1. Bovinicultura 1.2 sistemas de produção a agropecuária de vários países tropicais está actualmente numa nova fase de desenvolvimento. Muitos produtores começam a optar por sistemas de criação de gado que sejam mais viáveis. a produtividade continuada das pastagens depende de muitos factores, entre eles, a fertilidade do solo, a correção da acidez e a adubação. Contudo, estas tecnologias são pouco difundidas no estabelecimento de pastagens, ainda que o retorno económico seja maior, quando sejam seguidas orientações técnicas ade- quadas. Os sistemas de criação em angola, normalmente extensivos em regime de pas- tagens, sujeitam os animais à escassez periódica de forragem, comprometendo o seu desenvolvimento, a sua eficiência reprodutiva e concentrando a oferta de carne em determinada época do ano. a falta de adequação do potencial gené- tico dos rebanhos ao ambiente e ao maneio, ou vice-versa, também é um dos principais entraves do sector produtivo. esses problemas culminam em subuti- lização dos recursos disponíveis, resultando em baixa produtividade, sazonali- dade de produção e, consequentemente, baixa disponibilidade de proteínas de origem animal para o consumo humano. Nas condições actuais, com o alto custo dos fretes, a instabilidade da oferta durante o ano, a importação de carne e a concorrência de outras actividades, principalmente em determinadas regiões do país, a competitividade tornou-se elemento fundamental no sector pecuário de corte. Surge também a necessidade de se disponibilizar, para o mercado consumidor, produtos de qualidade a um preço acessível. Produzir de forma eficiente começa a tornar-se sinónimo de sobrevivência ou permanência na actividade. Outro aspeto de extrema importância e que tem influência directa nos sistemas produtivos é a preocupação com a sustentabilidade e com a saúde pública. Manual de zootecnia especial i 91. Bovinicultura angola pode vir a ser, nos próximos anos, um dos grandes produtores de carne em África, considerando o potencial de incremento de consumo de carne bovina no mercado interno. Poderá também abrir portas para o mercado externo, com reflexos positivos na captação de divisas para o país. Será importante ressaltar que, para que isso se torne possível, as exigências de controlo ambiental são enormes, traduzindo-se na imposição de padrões de requisitos semelhantes para as importações. Nesse contexto, torna-se fundamental, entre outros factores, que se atendam às exigências sanitárias, envolvendo tanto a questão de saúde do rebanho como da saúde pública. A afirmação do sector de produção de carne bovina no mercado externo e o seu fortalecimento interno, nas próximas décadas, dependem da capacidade que os sistemas de produção e os demais segmentos da cadeia de produção tenham para disponibilizar produtos saudáveis, com qualidade, e de utilizar de forma con- servadora os recursos não-renováveis, garantindo a defesa do ambiente, o bem- -estar e a equidade social. A pecuária de corte intensiva poderá também vir a contribuir de maneira signifi- cativa para a promoção do desenvolvimento do sector de produção de carne bo- vina no país, uma vez que favorece a utilização racional dos factores de produção e do potencial e diversidade genética animal e vegetal existentes. Diversas razões determinam a substituição urgente da agropecuária extensiva, com baixas produções, por uma agricultura e criação semi-intensiva, caracteriza- do por um sistema de produção que tem como prioridade o melhoramento da qualidade dos produtos. Os sistemas de criação de bovinos podem ser definidos como: • extensivo – O sistema extensivo é o unico utilizado em angola na pecuária de corte com 2 variantes o pastoril e o ranching. Tanto num como outro predomina o aproveitamento máximo dos recursos naturais. no pastoril as instalações resumem-se a simples abrigos1 de pernoita do gado e de re- tenção de bezerros durante a primeira fase de vida. não existem despesas 1Currais feitos de vegetação local Manual de zootecnia especial i10 1. Bovinicultura de mão de obra uma vez que esta é familiar2 e do quimbo ou ehumbo3. O gado é mantido em liberdade durante o dia regressando aos currais nor- malmente ao fim da tarde e não havendo separação de classes. A principal preocupação dos pastores é o abeberamento do gado (especialmente no período seco) e a condução para áreas de pasto. as transumâncias e o pastoreio itinerante são uma prática corrente no Sul de angola e uma forma de adaptação às disponibilidades de água, pastagem e, em alguns casos, a afloramentos salinos naturais4. O programa profiláctico limita-se a uma vacinação anual gratuita fornecida pelo estado contra as 3 principais patologias. Trata-se de um sistema idêntico ao praticado por populações pastoris em outros países africanos da zona do Sahel. no sistema de ranching existem variações de maneio consoante o esta- do organizativo das explorações sendo no entanto a força de trabalho assalariada. Existem as que praticam um sistema idêntico aodo pastoril e que nem vedação periférica têm nas fazendas, os que possuem alguns parqueamentos e algumas práticas de maneio (separação de algumas classes, época de cobrições, época de desmama) e os que já investiram no melhoramento dos recursos naturais (pastagens naturais), suplementação mineral, infra-estruturas (número apreciável de parques para rotações), e sistemas de maneio mais apropriados incluindo programas profilácticos mais completos. • semi-extensivo - em angola só foi praticado a nivel do sector empre- sarial e para a produção de leite com gado de raças leiteiras ou mistas. Correspondia a fazendas de pequenas dimensões onde agricultores eram simultâneamente produtores de leite. O gado durante o dia aproveitava os resíduos e restolhos das culturas agrícolas, as pastagens artificiais culti- vadas (mais a luzerna e capim elefante), já se produziam fenos e silagens e era fornecida suplementação mineral. Os concentrados eram destinados às vacas em lactação. as infra-estruturas resumiam-se à vacaria, um lo- cal de ordenha e pequenos parques nas proximidades destas instalações. 2as crianças e jovens são os pastores. 3agregado residencial rural que engloba os currais de gado. 4sols sableux dos autores francófonos. Manual de zootecnia especial i 111. Bovinicultura a força de trabalho era repartida entre familiar (no início dos colonatos) e a assaliariada; do ponto de vista sanitário existiam muitas insuficiências principalmente em termos de programas profilácticos, sendo a tuberculose a brucelose, e as mamites, problemas constantes. actualmente na aldeia nova existe um modelo semelhante ao referido sendo no entanto todos os factores de produção fornecidos pelo projecto ou seja, os beneficiários só participam com a mão de obra. • intensivo - O sistema intensivo só é admissível em casos especiais, quan- do há falta de espaço e o preço da terra é muito elevado ou, para vacas de alta produção, onde a alimentação, volumosa e concentrada, deve ser fornecida na manjedoura. A manutenção de boas condições higiénicas e sanitárias é mais difícil, assim como a necessidade de mão-de-obra é maior. Recomendável para explorações de leite, em parte, ou para explorações mais próximas de zonas urbanas, dentro das legislações sanitárias. Este sis- tema nunca existiu em angola. a adopção de mecanismos para incentivar a substituição do sistema extensivo de pecuária pelo sistema semi-intensivo de criação de gado deve ser questiona- da e incentivada a fim de que, nos próximos anos, esse sistema possa ter melhor destaque e ser adoptado de maneira ampla por pequenos, médios e grandes pro- dutores. Contudo, o que está de facto em causa para os tipos de produção (carne ou leite) é o incremento da produtividade dos dois sectores (empresarial e tradicio- nal), através de medidas de fomento e de uma assistência técnica eficaz (zootécni- ca e veterinária), dirigida de acordo com as especificidades de cada sector. pastoreio racional Voisin O Pastoreio racional Voisin, também conhecido pela sigla PRV é uma técnica em- pregada na produção animal, idealizada pelo pesquisador francês André Voisin. Constitui-se também numa alternativa agro ecológica para a criação de animais. Manual de zootecnia especial i12 1. Bovinicultura O factor base do sistema Voisin é a produção de pastagens, focado no seu potencial fotossintético. uma premissa básica do sistema PRV é a divisão das pastagens em parques em sistema rotacional, que consiste basicamente na utilização de uma determinada pastagem ou parque, enquanto os restantes permanecem em descanso. Esta rotação permite assim a realização eficaz da fotossíntese, permitindo acumulação de reservas tanto energéticas quanto proteicas nas raízes das plantas. O sistema é chamado racional, pois apesar de ser rotacional, não segue uma ordem pré-estabelecida. A troca de pastos segue uma análise fisiológica das pastagens de cada parque. água - Outro ponto importante do PRV é a garantia de que haja água à vonta- de nos parques onde os animais se encontram. um ponto-chave é a utilização de bebedouros, que ficam a céu aberto à disposição dos animais. A utilização de bebedouros, ao invés dos açudes ou charcas, aumenta o nível sanitário do rebanho, pois nos bebedouros a água é sempre fresca e reciclada, ao contrário das outras alternativas, onde os animais, em especial os últimos a beber, inge- rem água com urina e dejectos fecais. vantagens do sistema voisin - Foi constatado nas criações em PRV que os animais ficam mais dóceis e fáceis de lidar, graças à abundância de água e alimento que têm à disposição. A acção das fezes e da urina que os animais de- positam no parque ao longo do tempo também colabora para a manutenção da fertilidade das pastagens, favorecendo o surgimento de uma micro-fauna microbiana nos parques. esses e outros microrganismos ajudam a manter o solo em boas condições. A implementação do PRV resulta num grande salto de produtividade das áreas de pastagens através da introdução de espécies de forragem leguminosas, que têm alto valor proteico, tendo a particularidade de utilizar o azoto disponível no ar. FiGura 1.4 gado bovino em sistema prv Manual de zootecnia especial i 131. Bovinicultura Forma das diversas partes do corpo Grossura da pele e maciez, elasticidade, textura Cor dos pêlos Cor das mucosas Posição, forma e direcção dos chifres e orelhas Peso estatura do animal, etc… SãO FISIOlóGICOS OS CaRaCTeReS RelaCIOnadOS COM a FISIOlOGIa eM GeRal • Vigor • Rusticidade • Capacidade de adaptação • Prolificidade • Habilidade materna • Precocidade, etc… SãO PSICOlóGICOS OS RelaCIOnadOS COM O SISTeMa neRVOSO COMO SeJaM • Vivacidade • disposição • Carácter • Instintos e FInalMenTe OS eCOnóMICOS SãO OS Que dIZeM ReSPeITO àS dIVeRSaS aPTIdõeS eCOnóMICaS PaRa aS QuaIS RaçaS FORaM SeleCCIOnadaS • aptidão carne • aptidão leiteira • aptidão mista • aptidão manteigueira, etc... 1.3 raças bovinas raças e suas características gerais Raça é uma subdivisão da espécie. É uma porção de indivíduos, pertencentes à mesma espécie, que possui certos caracteres étnicos, transmissíveis por descen- dência quando acasalados entre si, características essas que permitem distingui- -los dos animais de outras raças. esses caracteres étnicos ou raciais são morfológicos quando são visíveis, palpá- veis ou mensuráveis, tais como: Manual de zootecnia especial i14 1. Bovinicultura O grau em que cada carácter se manifesta é avaliado e, a média dessa avaliação é que representa o tipo da raça, pois nem todos os animais de uma raça apre- sentam todos os atributos. diferenças entre Bos taurus e Bos indicus (Zebú) O Zebú, boi indiano ou bos indicus caracteriza-se pelo grande desenvolvimento do rombóide, como reserva de gordura, a qual é chamada bossa, giba ou cupim. a cabeça é longa e estreita, a fronte convexa e as orelhas geralmente grandes e pendentes; chifres, tamanho e pelagem muito variáveis; pescoço oblíquo e cabeça levantada; barbela abundante; tórax e garupa estreitos; membros finos e altos. É sóbrio, rústico, suporta as privações e as variações climáticas; refractário ou imune às moléstias parasitárias das regiões tropicais. Apresenta um mugido par- ticular e, temperamento vivo. Tem fraca aptidão leiteira e a riqueza do leite vari- ável; motor vivo para carga e tracção. as seguintes diferenças entre as duas espécies podem ser assinaladas: • Presença de giba no Zebú, cujo tamanho varia com as raças sendo maior no touro; admite-se que a giba seja um órgão de reserva de gordura, para a estação da escassez. O bos taurus não tem giba; • O Zebú tem apenas 48 vértebras, faltando-lhe 1 sacra e 3 caudais, en- quanto o bos taurus tem 52; • Os chifres do Zebú são frequentemente levantados para cima, o que ocor- re em poucas raças de bois; • O Zebú em geral tem o crânio mais curto e a face mais longa. Os olhos são alongados, as narinas estreitas e as orelhas mais alongadas que no bos taurus;• no Zebú a linha dorso lombar é ascendente até a anca, com a garupa caída; a barbela na papada, pescoço e umbigo é mais ou menos desen- volvida consoante a raça; • A pele do Zebú é frouxa, fina, pigmentada (em geral preta); os pêlos são finos, curtos, abundantes, bem assentados, apresentando um maior nú- Manual de zootecnia especial i 151. Bovinicultura mero de glândulas sudoríparas, sendo a sudorese mais acentuada que no bos taurus; os músculos do panículo são muito activos; • O úbere do Zebú é geralmente defeituoso, caído, com tetas ora dema- siado grossas ora muito pequenas segundo a raça; os quartos anteriores produzem mais leite ao contrário da fêmea do bos taurus; • O temperamento do Zebú em geral é muito vivo, tornando-se agressivos principalmente no campo e as vacas recém-paridas; os animais estabu- lados, principalmente touros, podem tornar-se extremamente mansos; • A gestação do Zebú é um mês mais longa. características da raça zebúina Grande desenvolvimento do rombóide, como reserva de gordura, a qual é cha- mada bossa ou giba. Guzerá nelore Gir Sindhi Tabapuã caBeça longa e estreita com fronte convexa orelhas Geralmente grandes e pendentes chiFres Tamanho variável pelaGeM Tamanho variável caBeça levantada pescoço oblíquo BarBela abundante tórax estreito Garupa estreita MeMBros Finos e altos principais raças zebúinas Manual de zootecnia especial i16 1. Bovinicultura peso e estrutura Variáveis, de média a grande para a raça pelaGeM Variável com a raça couro Médio ou fino, mas no geral mais fino que no gado de corte, solto e bem coberto de pelos finos e macios caBeça Seca, entre média e fina, relativamente mais comprida e com a fronte mais cavada que nas raças de corte Fronte larga, com marrafa média, de acordo com a raça chanFro Fino Focinho Húmido, largo ou médio, com narinas amplas e abertas MandíBulas Secas e separadas chiFres Finos de tamanho médio, geralmente com bastante secreção e mais finos e atentos do que nas raças de corte pescoço Tendendo para longo e leve, quase magro; deve ser fino na união com a cabeça e tornar-se mais largo e profundo, unindo-se abruptamente com o corpo, de maneira bem definida, ao contrário do que sucede com as raças de corte corpo Com a linha dorso lombar longa, aparente, directa ou enselada em certas raças, apertada no garrote, larga no lombo, com bacia comprida, ancas largas, às vezes bem aparentes Garupa não muito cheia, escorrida para os lados cauda Saindo em ângulo recto, não grosseira, de bom comprimento Quartos anteriores São mais delgados que os posteriores espáduas São aparentes, apertadas em cima peito largo em baixo mas não proeminente, com a ponta em forma de cunha características das raças bovinas de leite Tem-se considerado a forma de cunha, observando-se o animal de três ângulos, como sendo a conformação típica da vaca leiteira: Visto de lado, a linha inferior seria descendente de diante para trás Visto de frente, as linhas das paletas abrir-se-iam bem para baixo Visto de cima, as linhas laterais, apertadas na frente, afastar-se-iam nos quartos traseiros esta concepção, embora tradicional, hoje não é tão considerada como anteriormente. A aparência geral, em comparação com a do gado de corte, é de um animal menos musculado, com ângulos e costelas mais salientes, porém revelando vi- vacidade, vigor e saúde. continua Manual de zootecnia especial i 171. Bovinicultura Holandesa ou Holstein / Frísia Holandesa Vermelha ou “Red Factor” Red danish Flamengo Guernsey Jersey ayrshire Gir leiteiro tórax largo e volumoso, apresentando um costado longo e alto, com costelas largas, bem separadas, arqueadas na parte de baixo cilha Visível sem chegar a ser deprimida linha inFerior Mais ou menos pendurada, devido ao grande desenvolvimento do ventre, com flanco fino, mas não enterrado nádeGas direitas ou um pouco cavadas, com as pontas afastadas e proeminentes; perineu grande alto e espaçoso MeMBros Tamanho médio, direitos, regularmente afastados, especialmente os posteriores, com ossatura fina coxas Pouco musculosas, mais ou menos cavadas por dentro para dar lugar a um úbere volumoso ÚBere Comprido, largo e profundo, estendendo-se bem tanto para a frente como para trás, bem dividido, bem conforma- do, glanduloso e fazendo pregas quando vazio, elástico, não carnudo, com veias bem aparentes, coberto de pêlos macios, com tetas de tamanho médio, dispostas em quadrado ou apontado um pouco para fora. as veias mamárias são grandes, tortuosas, de preferência ramificadas, grossas de acordo com a idade as diferenças no touro são decorrentes da sexualidade, apresentando maior peso, ossatura mais forte e musculatura mais abundante, sobretudo no pescoço e quar- tos anteriores; cabeça forte e larga; tórax muito largo, sobretudo na cilha. principais raças leiteiras características das raças bovinas de corte O corpo forma um bloco compacto, largo, profundo e moderadamente compri- do. Deve ser tão liso quanto possível na união das diversas regiões, sem saliências nas espáduas, sacro e base da cauda e sem depressões na cilha e flancos. Não é barrigudo, sendo bem proporcionado, locomovendo-se com facilidade. Manual de zootecnia especial i18 1. Bovinicultura principais raças de corte Shorthorn Charolês Hereford limousine aberdeen angus Brahman linha dorso-loMBar deve ser direita, larga e bem musculada desde o pescoço até a cauda Quarto anterior deve ser largo, profundo cheio e visto de frente deve apresentar bom espaço entre os membros e o quarto posterior deve ser comprido, largo e profundo corpo Tem a forma de um paralelepípedo ou de um cilindro, segundo a raça ou forma no seu contorno um paralelo, com os quartos dianteiros e traseiros igualmente desenvolvidos pele deve ser solta e deve revelar uma musculatura macia e elástica à palpação pelaGeM Variável segundo a raça, com couro de média espessura, em geral macio e elástico, bem coberto de pêlos finos e sedosos peso Deve ser entre médio ou grande, e a ossatura média. As raças pequenas não são satisfatórias para esta finalidade estatura De preferência baixa, sem prejuízo do peso caBeça Média, preferindo-se curta, seca, larga entre os olhos, coberta de pelos finos chanFro Moderadamente fino, com focinho largo e narinas grandes olhos Grandes e plácidos chiFres ausentes ou nunca grosseiros orelhas Médias, mais largas que longas, nem relaxadas nem muito alertas, bem cobertas de pêlos pescoço Médio ou curto, maior e mais fino na fêmea, bem unido com a cabeça, alargando-se e aprofundando-se gradualmente para trás de maneira a unir-se insensivelmente com as espáduas tronco, Garrote, dorso e loMBo largos, musculados e nivelados ancas Cheias Garupa Bem cheia em toda a extensão, longa e larga cauda Grossa na base, afinada para a extremidade, saindo em nível com a garupa e formando um ângulo recto peito Cheio e largo, alto com a ponta arredondada e tórax amplo espáduas Bem desenvolvidas, não proeminentes, cheias e bem unidas na frente e atrás costado Moderadamente longo, com costelas compridas, arredondadas, bem cheias de carne, mesmo na cilha ventre Bem sustido, com a linha inferior direita, sendo as fêmeas mais barrigudas; Ventre posterior profundo, cheio e espesso nádeGas Bem descidas até ao curvilhão e espessas tanto do lado de dentro como de fora MeMBros Braço e antebraço largos, carnudos até ao joelho; coxa e perna largas afinando graciosamente para o curvilhão ossatura Regular, porém densa Manual de zootecnia especial i 191. Bovinicultura pelaGeM Variável, com couro de grossura média ou fina, elástico, bem coberto de pelos macios estrutura Grande caBeça Tendendo para grande e comprida, com fronte larga chanFro Longo e fino Focinho Húmido, médio ou grosso, com narinas largas e abertas, bochechas secas olhos Grandes e proeminentes chiFres Finos, quando presentes orelhas Médias e regularmente atentas pescoço Longo e fino, sem ser magro, bem unido à cabeça e ao tronco em direcção ao qual sealarga gradualmente corpo longo, profundo e volumoso linha dorso-loMBar direita e larga Garrote um pouco largo, quartos anteriores de desenvolvimento quase igual aos posteriores espáduas Grandes e pouco salientes, bem unidas adiante e atrás peito largo, moderadamente cheio e profundo, com ponta larga e moderadamente cheia tórax amplo características das raças de aptidão mista Os atributos das raças mistas de carne e leite são intermediários entre o tipo de cor- te e leiteiro, isto é, coexistem no gado misto alguns atributos de cada um dos tipos. Comparadas com as raças de corte, são menos maciças e menos bem propor- cionadas. Sendo da mesma altura, são menos pesadas, com a cabeça, pescoço, e membros um pouco maiores. Não têm boa largura no garrote, são menos cheios no peito, espáduas, ancas e perineu. Não têm costelas tão arqueadas e, finalmen- te, têm um desenvolvimento notável do úbere e veias mamárias. Por outro lado, diferem das raças leiteiras porque geralmente são maiores, mais pesadas, menos angulosas e têm os quartos anteriores e posteriores bem equili- brados. a linha superior é mais forte e menos cortante, com a cernelha mais larga. O peito é mais desenvolvido, as costelas um pouco mais fortes, não havendo dife- renças notórias na cabeça, pescoço, corpo, úbere e veias mamárias. continua Manual de zootecnia especial i20 1. Bovinicultura 1000 500 100 idade (anos) peso (kg) machos fêmeas fêmeas 1 2 3 4 5 6 7 8 FiGura 1.5 ritmo de crescimento dos bovinos vakuval ( ) em comparação com raças europeias ( ) sanGa oriGeM Zona este de África, provavelmente na zona ocidental da etiópia, tendo-se espalhado para Oeste e Sul do continente. Foi formado a partir de cruzamentos de gado Zebú proveniente da Ásia com gado indígena sem giba e cornos compridos. South devem Chianino Red Polled limousine normanda Indubrasil costelas Regularmente arqueadas e profundas, bem espaçadas, visíveis cilha Cheia e baixa, linha inferior direita ou pouco arredondada Flancos Baixos, de média espessura, quartos posteriores longos, largos, profundos, mas levemente inclinados para fora coxas largas, porém não muito abertas e arredondadas, com nádegas quase direitas, com as pontas afastadas e não proeminentes cauda Fina e longa, em ângulo recto com a garupa ÚBere Volumoso, bem dividido, prolongando-se para a frente e para trás, com tetas de bom tamanho, veias mamárias grandes, tortuosas e ramificadas, penetrando em fontes de leite grandes MeMBros Tamanho médio, correctamente aprumados e afastados, com ossatura regular principais raças mistas características individuais das raças machos É conhecida como o zebú africano ou pseudo-zebú. Manual de zootecnia especial i 211. Bovinicultura distinguem-se por ter uma pequena giba cérvico-torácica em vez da giba dorsal (to- rácica), que caracteriza os Zebús de origem indiana. Há outras características e classificações deste tipo de gado em termos de análise académica. em angola predominam os biótipos Mucubal e Humbe em tendo havido alguns estudos de caracterização e ensaios efectuados por várias estações e postos zootécnicos no período colonial. estes biótipos encontram-se mais ou menos mistu- rados consoante as regiões. Biótipo mucubal (Vakuval) Animal de grande corpulência, de esqueleto bem desenvolvido, cabeça de perfil rectilíneo e cornos compridos, em forma de lira, coroa ou arco. Pescoço curto no touro, mais comprido no boi, terminando inferiormente por uma barbela peque- na. Bossa de natureza muscular, situada na região cérvico-torácica, reduzida ou ausente nas fêmeas, de tamanho médio nos machos. Costelas fortemente arque- adas, limitando um peito largo bem musculado. Rins largos e espessos nos ani- mais em bom estado de nutrição. Garupa medianamente inclinada e ligeiramente levantada. Cauda de alta inserção. Membros secos e compridos, cascos grandes e duros. Pele de espessura média e pouco elástica. Pêlo curto e medianamente fino. Pelagens variadas, predominando o vermelho e o vermelho malhado, a seguir o preto e preto malhado, o castanho e castanho malhado. Menos vulgares serão os cinzentos e o salgado. Biótipo Humbe Porte médio, dorso sensivelmente rectilíneo, garupa um pouco levantada, cauda de alta inserção. Cabeça sobre o comprido, chanfro direito, cornos curtos e de vários formatos. Pescoço curto, de barbela pouco desenvolvida, bossa pouco pro- nunciada nos touros, de natureza muscular na região cérvico torácica, atrofiada ou ausente nas fêmeas. Pele de espessura média, pouco elástica. Pelo curto e medianamente fino. Pelagens variadas. FiGura 1.6 touros mucubal e Humbe Manual de zootecnia especial i22 1. Bovinicultura FiGura 1.8 touro de raça masHona Mashona oriGeM características População Shona do Leste do Zimbabwe. É também conhecida por Makalanga, Makaranga, ngombe dza Vakaranga, Shona Mashuk, Mashukulumbwe. Está espalhada pelo Leste do Zimbabwe e pelas regiões de Moçambique que estão livres da mosca Tsé Tsé. O registo genealógico foi efectuado em 1954. Sem cornos; cor normalmente castanha ou vermelha. O peso das vacas varia entre 275 e 350 kg. n’daMa oriGeM características Montanhas de Fouta-djallon da Guiné Conacri, tendo-se espalhado por toda a região Guineense e Sudanesa. É a raça africana mais representativa do bos taurus sendo uma das poucas resistentes à tripanosomíase (doença provocada pela mosca Tsé Tsé). animais de pequena estatura (1,0 m de altura nas fêmeas e 1,20 nos touros), com cabeça comprida e forte, cornos em forma de lira. a pelagem é pouco densa e a cor varia de areia a preto. as vacas produzem de 2 a 3 l de leite por dia durante 7 a 8 meses. O aproveitamento em carcaça é de 50% tendo a carne um bom paladar e sem muita gordura. a média de peso vivo varia entre 250 e 300 kg. FiGura 1.9 vaca e crias n’dama Biótipo Kashivo Kavango Trata-se de um biótipo originário de Angola, especificamente da zona de influência do rio Cubango, e que ainda existe. FiGura 1.7 touro kasHivo kavango Manual de zootecnia especial i 231. Bovinicultura n’Guni oriGeM características Os ancestrais acompanharam a migração dos povos Khoi dos grandes lagos centrais de África. este gado é encontrado entre os descendentes da tribo nguni na Suazilândia, África do Sul e Moçambique. existe em algumas fazendas da província da Huíla. Os touros pesam entre 500 a 700 kg. e as vacas entre os 320 e 440 Kg. Os touros apresentam uma bossa cérvico torácica predominantemente muscular. a coloração é bastante variável podendo apresentar todo o tipo de matizes. É considerada a raça Sanga mais produtiva. FiGura 1.10 touro n’guni tswana oriGeM características Gado da população Tswana que se instalou na região de ngami no Botswana nos princípios do século XIX. Tem características das raças Tuli e Barotse encontradas no Zimbabwe e na Zâmbia. Possuem cornos e cor variável de vermelho a preto. As fêmeas atigem 360 e os touros 480 kg. FiGura 1.11 grupo de vacas tswana sanGaner oriGeM características Toda a África. Grande interesse actualmente por parte de criadores Sul-africanos e criadores de outros países africanos havendo registo da raça no Herd book Sul- africano. Alta fertilidade, poucas exigências alimentares, grande capacidade de aproveitamento de alimentos, mais resistente a doenças que outras raças. FiGura 1.12 crias e touro sanganer Manual de zootecnia especial i24 1. Bovinicultura santa Gertrudes oriGeM características desenvolvido pelo King Ranch nos estados unidos através do cruzamento de Brahman com Shorthorn até se criar o modelo (Monkey). É aproximadamente 5/8 Shorthorn e 3/8 Brahman. Cor vermelha cereja e alto grau de resistência ao calor e às carraças. Tem a resistência do Brahman e a produtividade do Shorthorn. FiGura 1.13 touro santa gertrudes aFricander oriGeM características África do Sul a partir de raças Sanga nacionais. Corresponde a 30% do efectivo de gado empresa- rial da Áfricado Sul. embora alguns autores tenham colocado a hipó- tese de que a raça contém material genético de gado europeu importado pelos Portugueses (raça alentejana) essa hipótese é refutada por estudos gené- ticos. Kidd et al. (1980). Cor desde o castanho ao vermelho, com chifres laterais. Tamanho médio, com pele solta e orelhas compridas. Os touros têm a típica giba, suportam altas temperaturas e têm bom temperamento, adaptando-se muito bem ao clima tropical húmido e em áreas secas. As vacas pesam entre 525 a 600 kg e os touros entre 750 a 1.000 kg. esta raça é bastante usada para melhorar os rebanhos nativos dos países tropicais. O africander foi usado para desenvolver a raça Bonsmara, e esta foi usada com a Holandesa para desenvolver a raça drakensberger. em angola esta raça foi amplamento utilizada no período colonial. actualmente já ninguém a possui e tem sido substituída por outras. FiGura 1.14 touro africander além destas raças e biótipos descritos, existem outras designadas em angola pelo ISV, mas sem qualquer estudo e reconhecimento internacional, designa- damente os biótipos Catete, Mocho de Malange, Mocho de Quilengues e Mu- mhuíla. raças Zebúinas (Bos indicus) embora as raças Indubrasil, Sindhi e Tabapuã não existam em angola, são aqui referidas, em virtude das suas características e potencial produtivo elevado. Manual de zootecnia especial i 251. Bovinicultura BonsMara oriGeM características África do Sul, sendo nos últimos 25 anos a raça mais difundida nesse país. a sua base foram vacas africander. submetidas a experiências de cruzamentos com Hereford e Shorthorn durante 20 anos até se fixar a raça. Resistência do Africander e produtividade de raças europeias. É uma das raças mais utilizadas pelos fazendeiros no Sul de angola. FiGura 1.15 touro bonsmara siMBrah oriGeM características Resulta de cruzamentos de Simmentaler com Brahman iniciados nos anos 60. Do Brahman tem a resistência ao calor, aos insectos, a capacidade de utilizar forragens, o instinto materno e a longevidade. do Simmentaler tem a maturidade sexual precoce, a fertilidade, a produção leiteira, o crescimento rápido e as boas características da carne. É uma raça também muito utilizada no sul de Angola. FiGura 1.16 touro de raça simbraH BrahMan oriGeM características a raça Brahman teve origem nos estados unidos, proveniente do cruzamento de outras quatro raças Zebúínas: Nelore, Gir, Guzerá e Krishna Valley. tolerância ao calor a capacidade do Brahman de tolerar altas temperaturas faz dele o animal de carne ideal para as áreas quentes e húmidas dos trópicos, principalmente por possuir pêlo curto, fino e sedoso que reflecte os raios de sol. a pele é solta, com pigmentação escura, o que contribui para a sua tolerância ao calor. FiGura 1.17 touro braHman continua O Brahman, como todo o zebúíno, apresenta alta rusticidade, além de outras características marcantes, como fertilidade, habilidade materna, docilidade e uma carcaça com acabamento precoce. do ponto de vista racial, os animais caracterizam-se por apresentar pelagem branca, cinza ou vermelha uniforme. A pele é preta ou escura. A cabeça apresenta perfil recto ou sub-convexo, orelhas médias e relativamente largas. Os cornos são escuros e simétricos. É uma das raças mais utilizadas pelos fazendeiros no Sul de angola. Manual de zootecnia especial i26 1. Bovinicultura FiGura 1.18 fêmeas nelore brancas nelore características Pelagens branca, cinza e manchada de cinza, sendo permitidas as cores vermelha, amarela ou preta nas suas nuances. Geralmente os machos apresentam as extremidades mais escuras. as orelhas são curtas e horizontais terminando em ponta de lança e sempre voltadas para frente, com movimentação viva. A cabeça em forma de caixão e o perfil sub-convexo, são características marcantes. Os cornos são de cor escura, sendo permitidas grandes variações, desde que sejam curtos, achatados e de secção oval, que o nascimento seja para cima, acompanhando o perfil da cabeça e nunca voltados para frente. Nos machos, o cupim é desenvolvido em forma de castanha de caju e nas fêmeas o cupim é menor e mais delicado. BrahMan características desempenho reprodutivo uma marca da adaptação ambiental do Brahman está na sua capacidade de reprodução. as vacas parem regularmente bezerros com bom potencial de crescimento e os touros também cobrem um bom número de vacas durante a estação de cobrição. cruzamento O Brahman, sendo um bos indicus (Zebú), não tem nenhum parentesco com o bos taurus (europeu), o que lhe proporciona uma vantagem notável no vigor híbrido, maior crescimento, eficiência de conversão alimentar e produção de carne com com menos gordura entremeada. resistência a insectos e parasitas A sua cor clara atrai pouco os insectos e a pelagem curta, fina e densa dificulta a penetração dos mesmos. Facilidade de parto as crias Brahman pesam em média 30 a 35 kg ao nascer, o que se traduz por escassas possibilidades de problemas no parto. Contribui, também, o facto de a vaca possuir grande área pélvica. O mesmo acontece com as fêmeas F1 híbridas da raça Brahman. FiGura 1.17 vaca braHman O nelore é originário do Sul da Índia, no estado de andrapradesh. Foi uma das últimas raças indianas a despertar interesse no Brasil, principalmente por causa do formato das orelhas, que na época não era considerado como um padrão dentro das raças zebúínas importadas. devido à sua alta adaptação ao clima tropical, grande instinto de defesa e óptima capacidade de sobrevivência da cria, rapidamente a raça Nelore con- quistou adeptos no Brasil, e hoje representa cerca de 76% dos animais regista- dos, com aproximadamente 80% da produção de carne nesse país. É uma raça muito utilizada pelos fazendeiros na província de Benguela. Manual de zootecnia especial i 271. Bovinicultura FiGura 1.18 nelore vermelHo e branco nelore características Desde 1961 permite-se a caracterização mocha no Nelore, considerada uma excelente opção para criadores que desejam animais sem cornos. As fêmeas destacam-se pela sua alta fertilidade e excelente capacidade reprodutiva. A habilidade materna é suficientemente boa para desmamar um bom bezerro, muito activo desde o nascimento. Os touros apresentam o umbigo e a bainha adequados para a produção extensiva, sendo o alto líbido uma característica marcante nesta raça. apresentam alta precocidade sexual ou em acabamento de carcaça, e também óptima conversão alimentar. São muito rústicos e adaptam-se às mais diversas regiões. a raça nelore, por todas as suas virtudes, é sem dúvida a maior representante da pecuária de corte do Brasil, produzindo grande parte da carne consumida e exportada por esse país. O Indubrasil é uma raça zebúína de dupla aptidão, formada no início do sé- culo XX, pelos produtores e centros de melhoramento do Brasil, a partir do cruzamento entre o nelore, o Guzerá e o Gir, reunindo as características das três principais raças indianas introduzidas no país. Apresenta pelagens cinza ou vermelha, clara e escura. É considerado como uma grande vitória da pecuária nacional no Brasil. A raça foi sendo utilizada com sucesso em todas as regiões brasileiras no cruzamento para corte ou para leite, melhorando o desempe- nho das explorações onde era usada para cruzar com as fêmeas já existentes. uma das maiores vantagens na utilização do Indubrasil é a produção de animais mestiços, por ser considerado o Zebú mais versátil, dando óptimos resultados no cruzamento com qualquer raça europeia ou zebúína. Actualmente o Indubrasil está presente em mais de 16 países do mundo, entre eles os estados unidos, México, Costa Rica, Colômbia, Panamá e Tailândia. no Brasil concentra-se na região nordeste, de clima semi-árido, comprovando a sua rusticidade e grande conversão alimentar, ou seja, capacidade de transformar em carne e leite pastagens com baixo valor nutritivo. a conquista do mercado internacional pela raça comprovaas suas elevadas qualidades produtivas, já que foi testada e aprovada em todos os países onde Manual de zootecnia especial i28 1. Bovinicultura FiGura 1.19 macHo e fêmea indubrasil Rusticidade adaptação ao clima tropical Habilidade materna Elevado ganho de peso no pasto ou em confinamento Grande porte excelente conversão alimentar e precocidade no acabamento de carcaça docilidade Produtor de dupla aptidão carne e leite FiGura 1.20 touro tabapuã taBapuã características docilidade. Precocidade sexual e reprodutiva. alto índice de fertilidade e reconhecida habilidade materna. Vocacionado para a pecuária de corte, produz carne de qualidade com baixo custo e alta rentabilidade. Superior em lactação e ganho de peso, vem-se revelando promissor investimento para exportação, especialmente para países de clima tropical ou subtropical. chegou. O Indubrasil é um óptimo produtor de carne nobre nas regiões tropi- cais e, quando testado, comprova uma de suas características mais relevantes, a aptidão em ganhar peso com grande velocidade a custo baixo. Tem como grandes vantagens: a raça Indubrasil destaca-se também como excelente produtora de leite. O melhor exemplo desta capacidade está nos resultados dos concursos leiteiros da eXPOZeBÚ 2002 e 2003 no Brasil, onde vacas desta raça atingiram respecti- vamente a média diária de 25,84 kg com 5,3% de gordura e a média diária de 31,67 kg com 4,8% de gordura. Manual de zootecnia especial i 291. Bovinicultura esta raça zebúína é originária no Brasil, da cidade que lhe deu o nome Tabapuã. É a raça que teve maior crescimento nas suas linhagens nos últimos 12 anos no Brasil. em média de idade ao primeiro parto, o Tabapuã supera todas as outras raças zebúínas. Os números confirmam a precocidade sexual e a fertilidade do gado: Entre 14 e 16 meses 25% prenhes Entre 16 e 18 meses 50% prenhes entre 18 e 20 meses 62,5% prenhes O Tabapuã mantém entre as suas principais características a eficaz produção de carne, devido à relação maior peso e rendimento da carcaça em menor espaço de tempo. Animais filhos de cruzamento F1, abatidos aos 15 meses, atingiram o peso de 259,7 kg. FiGura 1.21 touro gir Gir características Cor vermelha ou amarela em combinações típicas da raça. Perfil craniano ultra-convexo (com fronte larga, lisa e proeminente) e marrafa bem jogada para trás (onde nascem os cornos de secção elíptica, achatada, grossos na base, saindo para baixo e para trás). a raça desperta bastante interesse pela sua dupla aptidão. a sua natureza gre- gária e o temperamento dócil contribuíram para a sua expansão em diversos países como é o caso do Brasil. O tipo morfológico preenche os requisitos de um animal moderno, produtor de carne e leite, ainda que tenham sido obser- vadas linhagens que se destacam mais pela produção leiteira. Por isso, a raça Gir é a preferida para cruzamentos leiteiros, principalmente com a raça Holstein. a habilidade materna das vacas constitui excelente factor de crescimento dos vitelos recém paridos, na fase pré-desmame. Manual de zootecnia especial i30 1. Bovinicultura raças europeias de corte a adaptação aos trópicos existem vários factores que condicionam a adaptação das raças europeias ao meio tropical, sendo de destacar as altas temperaturas a radiação solar e a qualidade da alimentação. Temperaturas altas por longos períodos de tempo determinam um estado febril, que tem como consequências a degenerescên- cia dos espermatezóides e alterações hormonais que se reflectem na degene- rescência do gado. Ou seja, passado algum tempo o gado e a sua descendên- cia apresentam características de conformação muito inferiores às encontradas nos locais de origem. a radiação solar tem relação estreita com a cor das mu- cosas a pigmentação da pele o tipo e quantidade de pêlo. No entanto há regiões em Angola (com isotérmicas anuais inferiores a 23 ºC) onde podem ser ensaiadas estas raças. Os criadores têm que ter em conta que nessas áreas têm que fazer sérios investimentos em alimentação atendendo ao tipo de pastos naturais que existem. FiGura 1.22 temperatura média anual em diferentes regiões de angola temperatura médIa anual (ºc) 25 25 25 2526 24 24 24 24 24 23 23 23 23 23 23 23 23 22 22 22 22 22 20 20 21 21 19 19 1918 Zaire cabinda uíge malanje Bengo Kwanza norte Kwanza sul luanda BiéHuambo Benguela namibe cunene cuando cubango Huíla moxico lunda norte lunda sul a da pt ad o de d in iz , 1 99 1 Manual de zootecnia especial i 311. Bovinicultura aBerdeen anGus oriGeM características O berço da raça angus é a escócia e o seu nome resultou do nome dos condados onde começou o seu desenvolvimento. A história regista a existência dos “vacuns mochos pretos”, no condado de angus, antes do século XVI e sua origem é tão remota que é impossível precisar como e quando apareceram. Cabeça de tamanho médio, pouco alongada, de perfil entre ligeiramente côncavo a recto. Olhos amplos, bem separados. Orelhas de tamanho médio nos machos e grandes nas fêmeas. Pescoço de comprimento médio com musculatura firme. Corpo comprido, de profundidade média, dorso e lombo amplos e compridos, quartos muito amplos, pernas amplas, grossas e cheias. a facilidade do parto gera um bezerro de porte médio, não muito pesado ao nascer. O ventre do angus tem desgaste reduzido no parto, o que abrevia a sua recuperação posterior, favorecendo a repetição da gestação e diminuindo o intervalo entre partos. a qualidade de carne é um dos atributos excepcionais da raça, garantindo-lhe uma posição de liderança, evidenciada através da opinião de autoridades do sector, e confirmada nos mais diferentes concursos realizados nos principais mercados produtores. Este animal apresenta de 3 a 6 mm de gordura (exigências europeias) e a sua carne é marmorizada (com a gordura entremeada na carne). a perfeita e uniforme distribuição da gordura no tecido muscular confere-lhe um aspeto muito mais atraente, maciez e sabor singular. Imprime aos seus descendentes maior fertilidade, rusticidade e velocidade no ganho de peso. FiGura 1.23 touro aberdeen angus Existem três esquemas alternativos de cruzamentos industriais, tendo sempre como base a utilização de Aberdeen, na variedade preta ou vermelha: • sistema alternativo com duas raças - usa a raça aberdeen com qual- quer outra raça, seja da espécie taurina ou zebúína. utiliza-se o touro an- gus com a raça B, vendendo-se os novilhos e conservando-se as novilhas. as novilhas meio sangue serão cruzadas com a raça B e os ventres desse cruzamento novamente com angus. • sistema tricross rotativo - Coloca-se um touro zebúíno sobre ventres aberdeen, sendo os novilhos vendidos. as novilhas serão conservadas para cruzamento com uma raça taurina europeia, compatível com o ta- manho do Aberdeen. As filhas do cruzamento com o europeu serão aca- saladas com angus, cujos descendentes voltam com o zebúíno. • sistema tricross terminal - usa-se o touro aberdeen angus numa raça zebúína ou taurina europeia compatível com ele. As filhas deste cruza- mento são conservadas na propriedade para serem acasaladas com uma raça C, ou terceira raça, devendo ser de grande porte. nesse sistema é preciso ter sempre a raça Angus e outra, porque as filhas do terceiro cru- zamento são eliminadas da propriedade. Manual de zootecnia especial i32 1. Bovinicultura FiGura 1.24 touro cHarolês charolês oriGeM características Zona Central, Oeste e Sudoeste de França correspondendo à antiga província de Charolles, perto de nievre. É uma das melhores raças de produção de carne. A pelagem é branca ou creme, uniforme. Mucosas claras, sem malhas. Morfologicamente é comprida, larga, com linha superior dorso-lombar direita e volumosa. a cabeça é relativamente pequena, curta, fronte larga, rectilínea ou ligeiramente côncava. Os membros são fortes e bem aprumados, com a nádega bastante volumosa, arredondada e caída. a anca é ligeiramente apagadamas bastante larga, assim como a garupa. Tórax profundo, bem arqueado e com uma boa ligação à espádua. a linha abdominal é paralela à linha dorso-lombar. em termos ponderais, é uma raça bastante corpulenta, com pesos em adulto entre os 650 a 800 kg para as fêmeas, e de 950 a 1.200 kg para os machos. É recomendada para a produção de mestiços destinados ao corte. Os novilhos comuns rendem no abate de 58 a 62%, tendo a carcaça boa distribuição de gordura. É um excelente ganhador de peso em confinamento. No período colonial era muito utilizada em várias regiões de Angola quer em explorações de raça pura quer na utilização dos touros para cruzamentos com fêmeas F1 (Charolês X tradicional). liMousine oriGeM características Originada há mais de 700 anos na região de limoges na França. Os criadores souberam seleccionar a raça, que se tornou uma das mais eficientes do mundo. existem 2 ou 3 criadores no Sul de angola com pequenos efectivos desta raça. Cabeça curta, fronte e focinho largos. Cornos finos e arqueados para a frente (quando presentes). Ausência de bragas e pigmentação (excepto quando de origem somática). Mucosas rosadas. Pescoço curto. Peito largo e arredondado com costado cheio. Bacia larga e não muito inclinada. linha sacro-coccígea e ancas pouco salientes. dianteiro bem musculado e lombo largo com nádegas espessas, bem descidas e arredondadas. aprumos correctos. Couro fino e flexível. Pelagem flava, um pouco mais clara no ventre, zona do perineu, escroto ou úbere, e na extremidade da cauda, apresentando auréolas mais claras à volta dos olhos e focinho. Cornos e unhas claros. Os cruzamentos de limousine com Zebú são abatidos precocemente em relação às outras raças. O rendimento de carcaça atinge facilmente 65 %. Consegue-se facilmente abater animais cruzados com limousine com idade média de 13 meses, com um peso de cerca de 230 kg. a idade média ao primeiro serviço situa-se em torno de 15 meses. O peso médio de nascimento dos bezerros é 36 kg. FiGura 1.25 novilHo limousine Manual de zootecnia especial i 331. Bovinicultura raças de leite FiGura 1.26 vaca Holstein-frísia holandesa ou holstein/Frísia oriGeM características Países Baixos, sendo a raça Holandesa o resultado de uma série de cruzamentos entre bovinos de diversas regiões da Europa. Foi a raça mais utilizada no Sul de angola. neste momento o maior efectivo encontra-se na aldeia nova. É a raça de maior potencial para produção de leite. apresenta pelagem branca e preta ou branca e vermelha. O úbere possui grande capacidade e boa conformação. as novilhas podem ter sua primeira cria por volta dos dois anos de idade. Os bezerros nascem com 38 kg em média. FiGura 1.27 vaca Jersey jersey oriGeM características Ilha de Jersey em Inglaterra sendo uma raça com 600 anos. Praticamente não existe em angola. O maior efectivo encontra-se na aldeia nova. apresenta uma estatura baixa, de 1,15 a 1,20 m nas vacas. O úbere é quadrado, bem irrigado, volumoso, com tetas pequenas e espaçadas. O leite é o mais apreciado para a produção de manteiga. Produz em média 3.300 kg/ano de leite com 5,0% de gordura. É a mais precoce das vacas leiteiras. em geral, a primeira cobertura é feita dos 15 aos 18 meses de idade. a sua longevidade é também bastante grande. Nas regiões tropicais mostra elevada tolerância ao calor. É popular em quase todos os países produtores de leite e lacticínios. parda suíça oriGeM características a raça Parda Suíça, constitui uma das raças bovinas mais antigas. Teve origem 1.800 anos antes de Cristo. É proveniente do Sudeste da Suíça, sendo disseminada em todos os países vizinhos. Foi muito utilizada no período colonial em várias regiões em Angola quer para corte quer para leite. actualmente tem sido pouco utilizada. de pelagem parda clara a cinzenta escura, as vacas Parda Suíças apresentam ventre desenvolvido, sustentando um úbere típico de gado leiteiro, com tetos de tamanho médio, bem colocados. a aptidão predominante é leiteira, mas também possui uma boa capacidade para produção de carne. as novilhas são cobertas entre os 15 e 18 meses. Nos cruzamentos, transmite com grande fidelidade as suas características, sendo às vezes difícil distinguir um animal 3/4 de um puro, não só pela conformação e pelagem como também pelas aptidões económicas. Linhagens específicas para carne estão a ser desenvolvidas produzindo resultados satisfatórios. Manual de zootecnia especial i34 1. Bovinicultura FiGura 1.28 vaca guernsey Guernsey oriGeM características É originária da ilha de Guernsey em Inglaterra. admite-se a hipótese de que seja derivada do cruzamento do gado Bretão com o normando. O Guernsey é um gado que goza de muita popularidade, tendo sido exportado para os estados unidos, Canadá, austrália, Brasil e outros países. a Vaca Guernsey possui uma conformação tipicamente leiteira. Com um úbere grande, bem conformado e irrigado, é especializada na produção de leite gordo, por isso, classificada como raça manteigueira. É considerada mais rústica que a Jersey. a sua longevidade é notável, servindo na reprodução até avançada idade. nos cruzamentos revela grande preponderância na transmissão das suas qualidades. ayrshire oriGeM a raça ayrshire é proveniente da escócia, descendente do gado dos condados de ayr e lanark. no melhoramento da raça, que se iniciou em 1750, a ayrshire recebeu sangue de várias raças especializadas, entre elas o Holandês. É criada na Escócia, Irlanda e arredores de algumas cidades inglesas e estados unidos, entre outros países. FiGura 1.29 vacas ayrsHire red danish a raça Red danish é uma das raças leiteiras mais utilizadas na europa. Foi de- senvolvida na dinamarca com base em raças locais cruzadas com a raça angeln (originária da alemanha e com elevada capacidade de produção de leite gordo). a raça Red danish foi expandida para diversos países do leste europeu (lituânia, estónia, Polónia e Bielorússia) com o objectivo de melhorar raças locais, dando origem a novas raças. a sua cor vermelha tornou-a também popular para ser utilizada em cruzamentos em países tropicais, nomeadamente com raças zebuí- nas (p. ex. Sindi). as vacas são boas produtoras de leite com teores de gordura e proteína superiores aos da Holstein-Frísia. Manual de zootecnia especial i 351. Bovinicultura red danish características Os touros têm cor vermelho escura e um peso médio de 1.000 kg; as vacas têm um peso médio de 660 kg; registos em 1977 indicavam médias por lactação de 5.240 L, com 4,17% de gordura. FiGura 1.30 vaca red danisH gir leiteiro actualmente, o Gir leiteiro passa por um período de acelerado desenvolvimento, sobretudo no Brasil. A pecuária leiteira dos países tropicais necessita de opções que permitam uma exploração mais eficiente dentro das suas realidades económica e ambiental. O Gir leiteiro preenche plenamente esta lacuna. O interesse por animais ou sé- men da raça vem em crescente expansão, não só no Brasil como em outros países tropicais. Por outro lado, o Gir leiteiro mostra-se como a raça preferencialmente utilizada em cruzamentos com gado Holstein/Frísia, contribuindo com leite, rus- ticidade, vigor e docilidade, características fundamentais para a produção econó- mica do leite. a produção média do Gir leiteiro no Brasil (3.777 kg/305 dias) corresponde a mais de três vezes a média nacional (960 kg) e, o leite é obtido de gado adaptado às condições climáticas e de maneio em pastoreio. a duração de lactação é de 307 dias (média diária de 12 kg de leite). Há produ- ções registadas acima de 5.000 kg e existem bastantes outras acima de 7.000 kg. A produção mais elevada registada atingiu 15.388 kg em 365 dias o que equivale a uma média diária de 42,16 kg de leite. na análise de outros índices zootécnicos, a idade ao primeiro parto situa-se ao redor de 40 meses. Apesar de mais tardia que as raças europeias, fica evidente que neste item existeum reflexo directo do maneio após desmame das fêmeas. A vida útil de uma vaca Gir é significativamente superior à de vacas europeias, sendo normal existirem animais com dez lactações em actividade produtiva. Manual de zootecnia especial i36 1. Bovinicultura FiGura 1.32 novilHas girolanda Girolanda oriGeM características Resulta do cruzamento de Frísia com Gir (5/8 Holandês + 3/8 Gir). Conseguiu conjugar a rusticidade da raça Gir com a produção da raça Holandesa, adicionando ainda características desejáveis das duas raças em um único tipo de animal. É fenotipicamente soberana, com qualidades imprescindíveis para a produção leiteira nos trópicos sendo a raça mais versátil do mundo tropical. As fêmeas são produtoras por excelência e possuem características fisiológicas e morfológicas perfeitas para a produção nos trópicos, revelando um desempenho muito satisfatório em termos económicos. FiGura 1.31 vacas gir leiteira Sendo uma raça com dupla aptidão carne/leite, outro aspeto interessante é a possibilidade da utilização dos machos para recria e engorda, possibilitando um ganho adicional para o produtor de leite. a capacidade produtiva, associada à rusticidade, destaca o Gir como alternati- va indicada para a produção de leite e carne. Por ser mais rústico, o Gir apresenta menos infestações de ectoparasitas e en- doparasitas e menor incidência de doenças do que raças de clima temperado. Isto torna-se determinante para um menor uso de carracidas, desparasitantes e antibióticos, proporcionando um produto final (o leite), livre de resíduos e, portanto, mais saudável. animais resistentes e adaptados ao clima permitem sistemas de produção baseados na exploração de pastagens, possibilitando a redução dos custos de produção. Manual de zootecnia especial i 371. Bovinicultura FiGura 1.33 vaca brown scHwyZ Brown schwyz oriGeM características Suíça nos cantões de Schwyz, Zug, St. Gallen, Glarus, lucerne e Zurich com o cruzamento do Torfrindus (bos brachyceros) com o gado uR de origem europeia (bos primigenius bojan). Rusticidade, bons aprumos, boa pigmentação e cascos pretos e fortes. Adaptação a qualquer tipo de clima e topografia. Maturidade sexual: puberdade precoce nas novilhas de 350 dias. longevidade e docilidade. alta produção de leite com média de lactação de 2.576 kg em 200 dias. Alta fertilidade. Boa conversão alimentar. Rendimento de carcaça: carne sem excesso de gordura externa, macia e bem marmoreada. raças de aptidão mista FiGura 1.34 touro simmental siMMental oriGeM características Suíça no cantão de Berna estando actualmente espalhada por todo o mundo. Raça extremamente dócil e de fácil maneio. Grande adaptabilidade e fertilidade. linha dorso lombar rectilínea com profundas massas musculares. Os touros pesam entre 1.100 a 1.400 kg e as vacas entre 600 a 800 kg . a cor varia desde dourado clara a vermelho acastanhada escura. a pelagem na cabeça é normalmente branca em frente dos olhos assim como nas extremidades. Na engorda têm aumentos de peso diário de 1 a 1,5 kg. O aproveitamento da carcaça ronda os 63%. Guzerá oriGeM É um Zebú mais versátil, originário do deserto da Índia, da região de Kankrej, onde prevalecem dias quentes, noites muito frias e escassez de alimentos. O Guzerá pode ser considerado o Zebú mais rústico entre todos. Com mais de 6.000 anos de existência comprovada, a sua pureza racial proporciona alto grau de heterose, sendo a raça ideal para ser utilizada em cruzamentos, tanto para a produção de animais de corte, produzindo alimentos nobres e de qualidade, como para a produção de animais de leite, como no caso do Guzonel (Guzerá x Nelore), ou do Guzolando (Guzerá x Holandês). FiGura 1.35 a) touro guZerÁ Manual de zootecnia especial i38 1. Bovinicultura FiGura 1.36 touro sindHi sindhi características dupla função zootécnica carne e leite. alta capacidade de aproveitamento dos alimentos. Elevada eficiência reprodutiva. Produção de leite satisfatória nas condições de clima e maneio alimentar que imperam nas regiões semi-áridas. apresenta pelagem vermelha, podendo variar de vermelho claro a escuro. extraordinária fertilidade. Boa aptidão leiteira. desmame precoce de bezerros para corte. Porte médio, mas boa conformação física, com musculatura bem distribuída. notável rusticidade. Boa habilidade materna. animais são compactos, com os quartos traseiros arredondados e levemente caídos. Guzerá características a raça Guzerá está bastante desenvolvida no Brasil, com programas independentes de avaliação genética para características de corte e para a produção de leite. Hoje fazem parte deste programa 50 fazendas com mais de 30.000 animais envolvidos. O que se conclui desses estudos e abates técnicos é que a raça Guzerá é a líder absoluta em ganho de peso, é a primeira em conversão alimentar e é a melhor em rendimento de carcaça com excelente acabamento em pouco tempo. Para as linhas leiteiras, o trabalho de pesquisa desenvolvido no Brasil, permite definir o Guzerá como uma excelente alternativa para a produção de leite, tendo em conta as características de produção, gordura e proteína. a raça Guzerá é amplamente utilizada no Brasil, Colômbia, Venezuela, Paraguai, México, Costa Rica e em grande parte dos países africanos, com destaque para o Senegal. FiGura 1.35 b) vacas e crias guZerÁ Solução milenar para as regiões semi-áridas, é uma raça zebúína originária da região do Kobistam, na parte norte da província de Sindhi, no Paquistão. a raça Sindhi chegou ao Brasil nos anos 30 do século XX, mas foi introduzida oficialmente em 1952. É a raça zebú leiteira mais nobre entre todas as raças bovinas que se criaram nas terras áridas da Ásia, desde há mais de 5.000 anos. a selecção e avaliação desta raça no Brasil, a sua expansão pelas grandes áreas de terras secas da região Manual de zootecnia especial i 391. Bovinicultura semi-árida brasileira e a sua extraordinária adaptação a outras regiões tropicais fizeram convergir para o Brasil as atenções de criadores de vários países do mundo. O Sindhi brasileiro, transformou-se numa notável opção para situações, em que se torna imprescindível um animal fisiologicamente equilibrado e ade- quado ao meio ambiente de extensas regiões secas do mundo. É um bovino adaptado e produtivo para quaisquer condições de solo e clima Estes animais são capazes de longas caminhadas à procura de pastos e água, resistentes ao ataque de parasitas externos e internos, e também capazes de suportar grandes mudanças climáticas de frio e calor. É uma excelente raça para ser criada e explorada para produção de leite e carne nas regiões semi-áridas do mundo. A raça Sindhi apresenta elevada eficiência reprodutiva, com idade média ao primeiro parto de 31,4 meses. 1.4. reprodução A reprodução de bovinos tem como finalidade a produção de bezerros e bezer- ras, utilizando fêmeas, a partir da maturidade sexual até o momento de refugo ou venda e consequente substituição ou reposição por novilhas, sendo que o ciclo se repete de geração em geração. O que se pretende por intermédio do maior e melhor conhecimento é a aplica- ção das técnicas pecuárias avançadas que permitam a intensificação dos partos, de forma que, cada vaca em idade reprodutiva, produza um bezerro por ano e este seja criado de forma sadia e desmamado com bom peso. A fase da reprodução pode ser definida como o período entre a cobrição e concepção da mãe e subsequente concepção da filha. Durante este tempo, os desafios reprodutivos incluem uma multiplicidade de factores, variando desde a fertilidade do macho e da fêmea, mortalidade pós-natal até à possível infer- tilidade da cria. A baixa eficiência reprodutiva pode ser definida como um reflexo de distúrbios que afectam negativamente a função fisiológica das fêmeas e dos machos bo- vinos, por intermédio da apresentação de síndromes tais como: anestro aborto Repetição de cio Retenção de placenta Mortalidade embrionáriaprecoce ou tardia Retardamento da puberdade e maturidade sexual Manual de zootecnia especial i40 1. Bovinicultura Esses distúrbios têm como consequência: o aumento do período de serviço, a ele- vação do rácio de serviços/concepção, o aumento do intervalo entre partos, a re- dução da vida útil da fêmea e o refugo precoce de reprodutores machos e fêmeas. Eficiência reprodutiva A baixa produtividade dos rebanhos deve-se, essencialmente, aos seguintes factores: Os produtores são por norma os menos responsáveis pela situação actual, ca- bendo aos técnicos a grande responsabilidade de reverter esse quadro, levando ao conhecimento dos agricultores as técnicas mais avançadas, capazes de me- lhorar os índices zootécnicos do rebanho. O longo intervalo entre partos, verificado nos rebanhos acima de 18 meses, ca- racteriza a baixa eficiência reprodutiva dos sistemas de criação tradicional, onde os animais, além de apresentarem baixo potencial genético, o intervalo entre partos não permite que esse potencial seja totalmente explorado. a subnutrição, as doenças debilitantes e infecto-contagiosas e o maneio inadequado são as causas directas principais do mau desempenho reprodutivo que, por sua vez, contribui para uma acentuada redução na produção, retardando, também, o progresso genético e provocando grandes prejuízos “invisíveis” ao produtor. a estruturação de uma fazenda exige, inicialmente, um levantamento sanitário efectuado na própria fazenda quando existe gado, ou a nível local, com elimina- ção dos animais portadores de doenças infecto-contagiosas e, posteriormente, um eficiente controlo sanitário. num rebanho livre de doenças, a alimentação passa a ser o principal factor de- terminante da melhoria na eficiência reprodutiva. Isso porque não adianta a vaca bem nutrida manifestar cio precocemente no pós-parto e, depois, repetir suces- Baixo desempenho reprodutivo Potencial genético inferior dos animais alimentação inadequada Ausência de medidas oficiais de controlo sanitário efectivo Ausência de conhecimentos sobre técnicas de maneio e os cuidados com a alimentação Manual de zootecnia especial i 411. Bovinicultura sivos serviços, por causa de infecções uterinas existentes, ou então apresentar curto período de serviço e, posteriormente, ocorrer morte embrionária ou abor- tos, em consequência de alguma doença infecto-contagiosa. Factores que condicionam a eficiência reprodutiva Um período de serviço variando entre 65 a 87 dias, com intervalos de parto de 345 a 365 dias, permite que o animal expresse o máximo de produtividade du- rante a sua vida útil. O ideal seria uma vaca parir uma cria a cada 12 meses e ter uma longa vida reprodutiva. a idade avançada ao primeiro parto, próximo aos 4 anos e o longo intervalo entre partos que, por vezes, ultrapassa os 18 meses, são responsáveis pela baixa eficiência reprodutiva dos rebanhos. idade ao primeiro parto Todos os factores que prejudicam o crescimento e desenvolvimento do animal jovem aumentam a idade ao primeiro parto. um plano de recria bem delineado para os animais jovens é essencial, pois as bezerras e novilhas de hoje serão as vacas de amanhã. Maneio alimentar As causas nutricionais são de maior relevância porque: Afectam, primeiramente, as funções fisiológicas gerais do organismo animal. Reflectem-se em distúrbios do sistema reprodutivo. Esses são mais frequentes em consequência de falta de nutrientes ou de subnutrição, do que pelo seu excesso. Para atender às exigências de manutenção e desenvolvimento, os bovinos pre- cisam de quantidades adequadas de nutrientes, água, energia, proteína e mine- rais. Os alimentos fibrosos constituem a principal e a mais económica fonte de nutrientes. as pastagens que os animais consomem devem ser de boa qualidade e elevada digestibilidade, com uma taxa de proteína bruta (PB) de cerca de10%, nutrientes digestíveis totais (NDT) de 60% e teor mineral de 2%, e em equilíbrio. Com esses teores nutricionais, os animais consomem adequadas quantidades de alimentos e apresentam bons índices zootécnicos. Manual de zootecnia especial i42 1. Bovinicultura energia O excesso de energia ou gordura, na fase que antecede a maturidade sexual em novilhas, pode acarretar distúrbios reprodutivos pela acumulação indesejada de tecidos gordurosos no sistema reprodutor. na prática, o que ocorre com maior frequência é a deficiência de energia sendo, portanto, o problema mais sério e condicionante na exploração bovina. Nas explorações para carne, essa situação é mais relevante ainda, uma vez que, geralmente, não se tem um maneio racio- nal de suplementação energética e fibrosa nos períodos secos, principalmente lotes de vacas aleitantes e vacas gestantes, chegando os animais extremamente debilitados ao parto ou às épocas de cobrição. Isto compromete tanto a esper- matogénese nos machos como provoca o aumento da incidência de anestros nas vacas. proteína A deficiência proteica geralmente está associada à escassez de forragem de boa qualidade nas pastagens, não permitindo o consumo de alimento em quantida- des necessárias. Essa deficiência prolongada no período de crescimento provoca o retardamento da puberdade e da maturidade sexual de machos e fêmeas e, em animais gestantes, se for severa, pode induzir o aborto. no entanto, esse pro- blema pode ser resolvido com o uso mais racional das pastagens, por meio de adubações periódicas, uso de pastoreio em rotação, vedação de pastagens para posterior uso na época seca, além de suplementação de um complexo vitamíni- co e mineral e alimentação suplementar na pastagem. Minerais Os seguintes minerais devem ser fornecidos aos animais: cálcio A redução nos níveis de cálcio sanguíneo pode retardar a involução uterina, aumentar a incidência de partos distócicos e de retenção da placenta. FósForo A deficiência de fósforo está relacionada com distúrbios reprodutivos, manifestações como anestro, cios irregulares e redução na taxa de concepção. sódio, cloro e potássio O sódio e cloro são geralmente apresentados na forma de cloreto de sódio. O excesso de potássio, acompanhado de deficiên- cia de sódio, acarreta o aparecimento de cios irregulares, prolongados, quistos, mortalidade embrionária e, às vezes, aborto. essa síndrome aparece frequentemente em animais mantidos em pastagens queimadas, uma vez que essas pastagens apre- sentam níveis elevados de potássio e baixos de sódio. Manual de zootecnia especial i 431. Bovinicultura Maneio sanitário A natalidade dos bovinos pode ser influenciada pela selecção de reprodutores machos e fêmeas com boa capacidade reprodutiva e pelo estado sanitário dos animais. as doenças infecciosas, de origem bacteriana, viral ou parasitária, são importantes, pois afectam o aparelho reprodutivo de machos e fêmeas, impedin- do a fecundação, causando abortos, repetições de cios, o nascimento de animais com porte inferior à média, disfunção hormonal, entre outros, inclusive a perda da função reprodutiva. A maioria das disfunções passa despercebida. Sendo as- sim, o controle preventivo de doenças em machos e fêmeas é de fundamental importância para se obter maior taxa de nascimento de bezerros e, consequente- mente, maior rentabilidade na produção. cuidados com os machos Os machos destinados a reprodução devem passar por criterioso exame de selec- ção, de que se destacam: a condição corporal aparelho locomotor avaliação de parâmetros genéticos favoráveis Aparência fenotípica externa, além de exames laboratoriais Observação do aparelho genital completo, procurando anomalias, defeitos, processos inflamatórios e observando medidas e condições estabelecidas para cada raça. O exame andrológico completo deve ser realizado antes de cada estação reprodutiva. Casos de falha na reprodução normalmente são atribuídos às fêmeas, quando na verdade, os machos ocupam o maior destaque em razão da transmissão de doenças pela monta cuidados com as fêmeas Fêmeas destinadas à reprodução devem apresentar boa
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