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9_Zootecnia_I_FINAL

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Manual	de	Zootecnia	Especial	I
Book	·	May	2012
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LACTIES:	Innovation	and	Eco-efficiency	in	the	Dairy	Sector	View	project
Carlos	D.	Pereira
Instituto	Politécnico	de	Coimbra
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Manual de 
Zootecnia 
especial i
Ministério da agricultura
do desenvolvimento
Rural e das Pescas
cuRso de 
auxiliaR de 
PecuáRia
Manual de 
Zootecnia 
especial i
cuRso de 
auxiliaR de 
PecuáRia
Manual de zootecnia especial i2
Ficha técnica
título:
Manual de Zootecnia especial I
autores:
antónio Sousa dias, Carlos dias Pereira, Joaquim Santos
Gestão de projecto:
SInFIC, Sa.
Rua Kwame nkrumah, nº10 - 3º, Maianga, luanda - angola
eSaC – escola Superior agrária de Coimbra
Bencanta, Coimbra – Portugal
editor:
Ministério da agricultura, do desenvolvimento Rural e das Pescas
execução GráFica:
OMleT deSIGn
revisão:
SInFIC, Sa.
data:
Maio 2012
Manual de zootecnia especial i 3
índice
1. Bovinicultura 4
1.1 Introdução 4
1.2 SIStemaS de Produção 8
1.3 raçaS bovInaS 13
1.4 reProdução 39
1.5 SanIdade 50
1.6 InStalaçõeS 62
1.7 nutrIção e alImentação 75
1.8 PrátIcaS de maneIo dIverSaS 92
1.9 a Produção de leIte 106
1.10 regIStoS 136
2. caprinicultura 140
2.1 Introdução 140
2.2 raçaS e reProdução 143
2.3 SIStemaS de Produção 155
2.4 InStalaçõeS 156
2.5 maneIo da exPloração 161
2.6 nutrIção e alImentação 169
3. BiBlioGraFia 189
anexo 191
Glossário 196
Manual de zootecnia especial i4 1. Bovinicultura
1. Bovinicultura
1.1 Introdução
este manual destina-se a professores e alunos do ensino técnico agrícola, agri-
cultores e técnicos de desenvolvimento agrário e extensão rural, 
O objectivo da sua elaboração é reunir de uma forma simples e sintética os re-
quisitos principais para a instalação de um sistema de produção equilibrado que 
contemple os diversos processos de produção de bovinos de carne e leite.
A pecuária em Angola beneficia de condições adequadas para o desenvolvimen-
to desta actividade, sobretudo no que se refere ao ambiente favorável para um 
bom desempenho, chuvas abundantes na maior parte do ano, luminosidade 
elevada, temperatura estável acima de 20 °C, baixos custos da terra e produtores 
interessados.
no entanto, quando a actividade é desenvolvida em áreas menos favoráveis, em 
sistemas tradicionais, sem os cuidados de maneio necessários e em sistemas de 
pastagens naturais com baixos índices de produtividade, apresenta por norma 
índices zootécnicos reduzidos, o que provoca baixa eficiência económica e bio-
lógica do uso da terra, além de efeitos ambientais indesejáveis.
a exploração pecuária em angola tem passado nos últimos anos por um enor-
me incremento, passando pela importação de animais de raça pura, especial-
mente do Brasil. apesar dos notórios avanços tecnológicos alcançados nesta 
Manual de zootecnia especial i 51. Bovinicultura
matéria, há ainda muito por fazer, sobretudo no aperfeiçoamento das técnicas de 
criação animal e na adequação do maneio das explorações agro-pecuárias. Estes 
aspetos, associados à falta de organização dos registos zootécnicos e de todos os 
condicionalismos relacionados com a prevenção, sanidade e biosegurança, vêm 
contribuindo decisivamente para a ineficiência operacional da actividade agro-
-pecuária.
Por estas razões, continua a vigorar tanto no sector tradicional como no empre-
sarial o regime de fole (no Brasil denominado por sanfona ou concertina) ou seja, 
engorda no período das chuvas e emagrecimento no período seco. de facto o 
emagrecimento chega a atingir mais de 30% do peso vivo do gado com elevadas 
consequências económicas.
Só quando as explorações pecuárias tiverem o regime de fole eliminado e o gado 
continuar a ganhar peso durante o período seco (por pouco que seja), é que se 
terá atingido um novo patamar, que aliado a outras técnicas de incremento da 
produção e produtividade dos efectivos, possibilitarão aos criadores angolanos 
poder concorrer economicamente no mercado de carnes internacional.
São encontradas explorações um pouco por todo país, estando as maiores loca-
lizadas no Centro e Sul. a bovinicultura em angola é a actividade de maior valor 
económico no sector da produção pecuária. 
Cerca de 90-95% do efectivo pecuário existente está concentrado a Sul do parale-
lo 14, mais precisamente nas províncias do Cunene, namibe e Huíla e em menor 
escala em Benguela, Kuanza Sul e Cuando Cubango. 
Manual de zootecnia especial i6 1. Bovinicultura
nas províncias do Cunene e namibe predominam os pastos doces enquanto nas 
outras províncias são progressivamente substituídos por pastos mistos e acres.
no entanto, o volume forrageiro não é directamente proporcional ao número 
de animais. este fenómeno provoca um desequilíbrio do ecossistema da região 
que leva à aridez destas áreas tornando-as pouco produtivas sendo as épocas de 
seca cada vez mais severas. 
São explorados nos sistemas tradicionais biótipos do grupo Sanga, predominan-
do os cruzamentos dos biótipos Mucubal e Humbe assim como de outrosainda 
não devidamente analisados (Kwaniama, Mumuhuíla, Mocho de Quilengues). 
Com o advento da independência o abandono das fazendas determinou que 
muito do gado de raça que lá se encontrava fosse usado pela população local 
generalizando-se os cruzamentos com o gado tradicional. Tudo indica que os 
cruzamentos com Zebú vingaram uma vez que existem esporadicamente no 
sector tradicional.
As províncias do Planalto Central (Huambo, Bié), têm vindo progressivamente a 
ser repovoadas com gado proveniente do Sul. O primeiro objectivo é utilizar-se 
este gado na tracção (charrua) e o segundo a reprodução. as províncias do norte 
além de comprarem gado do Sul possuem um pouco de biótipos locais (ainda 
não analisados) tais como Catete e Mocho de Malange, sendo ainda pouco fre-
quente a presença de gado tolerante ao tripanosoma (ndama e daomé).
FiGura 1.1
Zona de maior concentração 
do efectivo bovino 
FiGura 1.2
Zonas de implantação da exploração 
da bovinicultura de carne e leite em angola
Bovinicultura dos povos pastores
zonas de pastorícia e de transuMÂncia
zonas de exploração da Bovinicultura
carne leite
ad
ap
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do
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Manual de zootecnia especial i 71. Bovinicultura
FiGura 1.3
recursos da pastagem 
natural em angola
no que toca ao sector empresarial que se dedica à pecuária de corte no Sul 
de angola, normalmente inicia a sua actividade adquirindo novilhas ao sector 
tradicional que vai progressivamente cruzando com raças Zebúínas. as raças 
Zebúínas que ultimamente têm sido mais utilizadas são o Nelore, Brahman, Sim-
brah e Bonsmara. no entanto há de tudo um pouco neste sector ou seja, desde 
alguns produtores que se dedicam só a raças puras Zebúínas (incluído a nguni) 
a outros que utilizam raças europeias puras não preconizadas para as condições 
ecológicas do Sul (p. ex. limousine). O maior negócio deste sector baseia-se nos 
leilões efectuados nas feiras de gado, onde se vende gado de reprodução a cria-
dores que vêm de outras províncias ou a outros em fase de arranque. É vendido 
tanto gado de produção própria como gado adquirido na namíbia recriado e 
ou engordado e acabado nas fazendas.
no que toca à produção de leite em termos de utilização de raças de aptidão 
leiteira (Frísia, Jersey ou mistas), esta só é possível em áreas de fomento directo 
de toda a cadeia produtiva por parte do estado, como é o caso do Projecto al-
deia nova. de facto a falta de fomento à produção leiteira no sector empresarial 
determinou que a sua produção tivesse terminado (só há um produtor no Sul 
de angola). no entanto no período das chuvas registam-se excedentes de leite 
no gado do sector tradicional, sendo vulgar a presença de populares a vender 
leite cru nas estradas.
recursos da pastagem natural
tipos de cobertura herbácea
1 PaSTOS dOCeS
2 PaSTOS MISTOS
3 PaSTOS aCReS
1 2
3
ad
ap
ta
do
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e 
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99
1
Manual de zootecnia especial i8 1. Bovinicultura
1.2 sistemas de produção
a agropecuária de vários países tropicais está actualmente numa nova fase de 
desenvolvimento. Muitos produtores começam a optar por sistemas de criação 
de gado que sejam mais viáveis.
a produtividade continuada das pastagens depende de muitos factores, entre 
eles, a fertilidade do solo, a correção da acidez e a adubação. Contudo, estas 
tecnologias são pouco difundidas no estabelecimento de pastagens, ainda que o 
retorno económico seja maior, quando sejam seguidas orientações técnicas ade-
quadas.
Os sistemas de criação em angola, normalmente extensivos em regime de pas-
tagens, sujeitam os animais à escassez periódica de forragem, comprometendo 
o seu desenvolvimento, a sua eficiência reprodutiva e concentrando a oferta de 
carne em determinada época do ano. a falta de adequação do potencial gené-
tico dos rebanhos ao ambiente e ao maneio, ou vice-versa, também é um dos 
principais entraves do sector produtivo. esses problemas culminam em subuti-
lização dos recursos disponíveis, resultando em baixa produtividade, sazonali-
dade de produção e, consequentemente, baixa disponibilidade de proteínas de 
origem animal para o consumo humano.
Nas condições actuais, com o alto custo dos fretes, a instabilidade da oferta 
durante o ano, a importação de carne e a concorrência de outras actividades, 
principalmente em determinadas regiões do país, a competitividade tornou-se 
elemento fundamental no sector pecuário de corte.
Surge também a necessidade de se disponibilizar, para o mercado consumidor, 
produtos de qualidade a um preço acessível. Produzir de forma eficiente começa 
a tornar-se sinónimo de sobrevivência ou permanência na actividade. 
Outro aspeto de extrema importância e que tem influência directa nos sistemas 
produtivos é a preocupação com a sustentabilidade e com a saúde pública.
Manual de zootecnia especial i 91. Bovinicultura
angola pode vir a ser, nos próximos anos, um dos grandes produtores de carne 
em África, considerando o potencial de incremento de consumo de carne bovina 
no mercado interno. Poderá também abrir portas para o mercado externo, com 
reflexos positivos na captação de divisas para o país. Será importante ressaltar 
que, para que isso se torne possível, as exigências de controlo ambiental são 
enormes, traduzindo-se na imposição de padrões de requisitos semelhantes para 
as importações. Nesse contexto, torna-se fundamental, entre outros factores, que 
se atendam às exigências sanitárias, envolvendo tanto a questão de saúde do 
rebanho como da saúde pública.
A afirmação do sector de produção de carne bovina no mercado externo e o seu 
fortalecimento interno, nas próximas décadas, dependem da capacidade que os 
sistemas de produção e os demais segmentos da cadeia de produção tenham 
para disponibilizar produtos saudáveis, com qualidade, e de utilizar de forma con-
servadora os recursos não-renováveis, garantindo a defesa do ambiente, o bem-
-estar e a equidade social.
A pecuária de corte intensiva poderá também vir a contribuir de maneira signifi-
cativa para a promoção do desenvolvimento do sector de produção de carne bo-
vina no país, uma vez que favorece a utilização racional dos factores de produção 
e do potencial e diversidade genética animal e vegetal existentes.
Diversas razões determinam a substituição urgente da agropecuária extensiva, 
com baixas produções, por uma agricultura e criação semi-intensiva, caracteriza-
do por um sistema de produção que tem como prioridade o melhoramento da 
qualidade dos produtos.
Os sistemas de criação de bovinos podem ser definidos como: 
•	 extensivo – O sistema extensivo é o unico utilizado em angola na pecuária 
de corte com 2 variantes o pastoril e o ranching. Tanto num como outro 
predomina o aproveitamento máximo dos recursos naturais. no pastoril 
as instalações resumem-se a simples abrigos1 de pernoita do gado e de re-
tenção de bezerros durante a primeira fase de vida. não existem despesas 
 1Currais feitos de vegetação local
Manual de zootecnia especial i10 1. Bovinicultura
de mão de obra uma vez que esta é familiar2 e do quimbo ou ehumbo3. O 
gado é mantido em liberdade durante o dia regressando aos currais nor-
malmente ao fim da tarde e não havendo separação de classes. A principal 
preocupação dos pastores é o abeberamento do gado (especialmente no 
período seco) e a condução para áreas de pasto. as transumâncias e o 
pastoreio itinerante são uma prática corrente no Sul de angola e uma 
forma de adaptação às disponibilidades de água, pastagem e, em alguns 
casos, a afloramentos salinos naturais4. O programa profiláctico limita-se a 
uma vacinação anual gratuita fornecida pelo estado contra as 3 principais 
patologias. Trata-se de um sistema idêntico ao praticado por populações 
pastoris em outros países africanos da zona do Sahel.
no sistema de ranching existem variações de maneio consoante o esta-
do organizativo das explorações sendo no entanto a força de trabalho 
assalariada. Existem as que praticam um sistema idêntico aodo pastoril 
e que nem vedação periférica têm nas fazendas, os que possuem alguns 
parqueamentos e algumas práticas de maneio (separação de algumas 
classes, época de cobrições, época de desmama) e os que já investiram no 
melhoramento dos recursos naturais (pastagens naturais), suplementação 
mineral, infra-estruturas (número apreciável de parques para rotações), e 
sistemas de maneio mais apropriados incluindo programas profilácticos 
mais completos.
•	 semi-extensivo - em angola só foi praticado a nivel do sector empre-
sarial e para a produção de leite com gado de raças leiteiras ou mistas. 
Correspondia a fazendas de pequenas dimensões onde agricultores eram 
simultâneamente produtores de leite. O gado durante o dia aproveitava 
os resíduos e restolhos das culturas agrícolas, as pastagens artificiais culti-
vadas (mais a luzerna e capim elefante), já se produziam fenos e silagens e 
era fornecida suplementação mineral. Os concentrados eram destinados 
às vacas em lactação. as infra-estruturas resumiam-se à vacaria, um lo-
cal de ordenha e pequenos parques nas proximidades destas instalações. 
2as crianças e jovens são os pastores.
3agregado residencial rural que engloba os currais 
de gado. 
4sols sableux dos autores francófonos.
Manual de zootecnia especial i 111. Bovinicultura
a força de trabalho era repartida entre familiar (no início dos colonatos) 
e a assaliariada; do ponto de vista sanitário existiam muitas insuficiências 
principalmente em termos de programas profilácticos, sendo a tuberculose 
a brucelose, e as mamites, problemas constantes. actualmente na aldeia 
nova existe um modelo semelhante ao referido sendo no entanto todos os 
factores de produção fornecidos pelo projecto ou seja, os beneficiários só 
participam com a mão de obra.
•	 intensivo - O sistema intensivo só é admissível em casos especiais, quan-
do há falta de espaço e o preço da terra é muito elevado ou, para vacas 
de alta produção, onde a alimentação, volumosa e concentrada, deve ser 
fornecida na manjedoura. A manutenção de boas condições higiénicas e 
sanitárias é mais difícil, assim como a necessidade de mão-de-obra é maior. 
Recomendável para explorações de leite, em parte, ou para explorações 
mais próximas de zonas urbanas, dentro das legislações sanitárias. Este sis-
tema nunca existiu em angola.
a adopção de mecanismos para incentivar a substituição do sistema extensivo 
de pecuária pelo sistema semi-intensivo de criação de gado deve ser questiona-
da e incentivada a fim de que, nos próximos anos, esse sistema possa ter melhor 
destaque e ser adoptado de maneira ampla por pequenos, médios e grandes pro-
dutores. Contudo, o que está de facto em causa para os tipos de produção (carne 
ou leite) é o incremento da produtividade dos dois sectores (empresarial e tradicio-
nal), através de medidas de fomento e de uma assistência técnica eficaz (zootécni-
ca e veterinária), dirigida de acordo com as especificidades de cada sector.
pastoreio racional Voisin
O Pastoreio racional Voisin, também conhecido pela sigla PRV é uma técnica em-
pregada na produção animal, idealizada pelo pesquisador francês André Voisin. 
Constitui-se também numa alternativa agro ecológica para a criação de animais.
Manual de zootecnia especial i12 1. Bovinicultura
O factor base do sistema Voisin é a produção de pastagens, focado no seu 
potencial fotossintético. uma premissa básica do sistema PRV é a divisão das 
pastagens em parques em sistema rotacional, que consiste basicamente na 
utilização de uma determinada pastagem ou parque, enquanto os restantes 
permanecem em descanso. Esta rotação permite assim a realização eficaz da 
fotossíntese, permitindo acumulação de reservas tanto energéticas quanto 
proteicas nas raízes das plantas. 
O sistema é chamado racional, pois apesar de ser rotacional, não segue uma 
ordem pré-estabelecida. A troca de pastos segue uma análise fisiológica das 
pastagens de cada parque.
água - Outro ponto importante do PRV é a garantia de que haja água à vonta-
de nos parques onde os animais se encontram. um ponto-chave é a utilização 
de bebedouros, que ficam a céu aberto à disposição dos animais. A utilização 
de bebedouros, ao invés dos açudes ou charcas, aumenta o nível sanitário do 
rebanho, pois nos bebedouros a água é sempre fresca e reciclada, ao contrário 
das outras alternativas, onde os animais, em especial os últimos a beber, inge-
rem água com urina e dejectos fecais.
vantagens do sistema voisin - Foi constatado nas criações em PRV que os 
animais ficam mais dóceis e fáceis de lidar, graças à abundância de água e 
alimento que têm à disposição. A acção das fezes e da urina que os animais de-
positam no parque ao longo do tempo também colabora para a manutenção 
da fertilidade das pastagens, favorecendo o surgimento de uma micro-fauna 
microbiana nos parques. esses e outros microrganismos ajudam a manter o 
solo em boas condições. A implementação do PRV resulta num grande salto 
de produtividade das áreas de pastagens através da introdução de espécies de 
forragem leguminosas, que têm alto valor proteico, tendo a particularidade de 
utilizar o azoto disponível no ar.
FiGura 1.4
gado bovino em 
sistema prv
Manual de zootecnia especial i 131. Bovinicultura
Forma das diversas partes do corpo
Grossura da pele e maciez, elasticidade, textura
Cor dos pêlos
Cor das mucosas
Posição, forma e direcção dos chifres e orelhas
Peso
estatura do animal, etc…
SãO FISIOlóGICOS OS CaRaCTeReS RelaCIOnadOS 
COM a FISIOlOGIa eM GeRal
•	 Vigor
•	 Rusticidade
•	 Capacidade de adaptação
•	 Prolificidade
•	 Habilidade materna
•	 Precocidade, etc…
SãO PSICOlóGICOS OS RelaCIOnadOS COM O SISTeMa 
neRVOSO COMO SeJaM
•	 Vivacidade
•	 disposição
•	 Carácter 
•	 Instintos
e FInalMenTe OS eCOnóMICOS SãO OS Que dIZeM 
ReSPeITO àS dIVeRSaS aPTIdõeS eCOnóMICaS PaRa aS 
QuaIS RaçaS FORaM SeleCCIOnadaS
•	 aptidão carne
•	 aptidão leiteira
•	 aptidão mista
•	 aptidão manteigueira, etc...
1.3 raças bovinas
raças e suas características gerais
Raça é uma subdivisão da espécie. É uma porção de indivíduos, pertencentes à 
mesma espécie, que possui certos caracteres étnicos, transmissíveis por descen-
dência quando acasalados entre si, características essas que permitem distingui-
-los dos animais de outras raças.
esses caracteres étnicos ou raciais são morfológicos quando são visíveis, palpá-
veis ou mensuráveis, tais como:
Manual de zootecnia especial i14 1. Bovinicultura
O grau em que cada carácter se manifesta é avaliado e, a média dessa avaliação 
é que representa o tipo da raça, pois nem todos os animais de uma raça apre-
sentam todos os atributos.
diferenças entre Bos taurus e Bos indicus (Zebú)
O Zebú, boi indiano ou bos indicus caracteriza-se pelo grande desenvolvimento 
do rombóide, como reserva de gordura, a qual é chamada bossa, giba ou cupim. 
a cabeça é longa e estreita, a fronte convexa e as orelhas geralmente grandes 
e pendentes; chifres, tamanho e pelagem muito variáveis; pescoço oblíquo e 
cabeça levantada; barbela abundante; tórax e garupa estreitos; membros finos 
e altos. 
É sóbrio, rústico, suporta as privações e as variações climáticas; refractário ou 
imune às moléstias parasitárias das regiões tropicais. Apresenta um mugido par-
ticular e, temperamento vivo. Tem fraca aptidão leiteira e a riqueza do leite vari-
ável; motor vivo para carga e tracção.
as seguintes diferenças entre as duas espécies podem ser assinaladas:
•	 Presença de giba no Zebú, cujo tamanho varia com as raças sendo maior 
no touro; admite-se que a giba seja um órgão de reserva de gordura, para 
a estação da escassez. O bos taurus não tem giba;
•	 O Zebú tem apenas 48 vértebras, faltando-lhe 1 sacra e 3 caudais, en-
quanto o bos taurus tem 52;
•	 Os chifres do Zebú são frequentemente levantados para cima, o que ocor-
re em poucas raças de bois;
•	 O Zebú em geral tem o crânio mais curto e a face mais longa. Os olhos 
são alongados, as narinas estreitas e as orelhas mais alongadas que no bos 
taurus;•	 no Zebú a linha dorso lombar é ascendente até a anca, com a garupa 
caída; a barbela na papada, pescoço e umbigo é mais ou menos desen-
volvida consoante a raça;
•	 A pele do Zebú é frouxa, fina, pigmentada (em geral preta); os pêlos são 
finos, curtos, abundantes, bem assentados, apresentando um maior nú-
Manual de zootecnia especial i 151. Bovinicultura
mero de glândulas sudoríparas, sendo a sudorese mais acentuada que no 
bos taurus; os músculos do panículo são muito activos;
•	 O úbere do Zebú é geralmente defeituoso, caído, com tetas ora dema-
siado grossas ora muito pequenas segundo a raça; os quartos anteriores 
produzem mais leite ao contrário da fêmea do bos taurus;
•	 O temperamento do Zebú em geral é muito vivo, tornando-se agressivos 
principalmente no campo e as vacas recém-paridas; os animais estabu-
lados, principalmente touros, podem tornar-se extremamente mansos;
•	 A gestação do Zebú é um mês mais longa.
características da raça zebúina
Grande desenvolvimento do rombóide, como reserva de gordura, a qual é cha-
mada bossa ou giba.
Guzerá
nelore
Gir
Sindhi
Tabapuã
caBeça longa e estreita com fronte convexa
orelhas Geralmente grandes e pendentes
chiFres Tamanho variável
pelaGeM Tamanho variável
caBeça levantada
pescoço oblíquo
BarBela abundante
tórax estreito
Garupa estreita
MeMBros Finos e altos
principais raças zebúinas
Manual de zootecnia especial i16 1. Bovinicultura
peso e estrutura Variáveis, de média a grande para a raça
pelaGeM Variável com a raça
couro Médio ou fino, mas no geral mais fino que no gado de corte, solto e bem coberto de pelos finos e macios
caBeça Seca, entre média e fina, relativamente mais comprida e com a fronte mais cavada que nas raças de corte
Fronte larga, com marrafa média, de acordo com a raça
chanFro Fino
Focinho Húmido, largo ou médio, com narinas amplas e abertas
MandíBulas Secas e separadas
chiFres Finos de tamanho médio, geralmente com bastante secreção e mais finos e atentos do que nas raças de corte
pescoço Tendendo para longo e leve, quase magro; deve ser fino na união com a cabeça e tornar-se mais largo e profundo, unindo-se abruptamente com o corpo, de maneira bem definida, ao contrário do que sucede com as raças de corte
corpo Com a linha dorso lombar longa, aparente, directa ou enselada em certas raças, apertada no garrote, larga no lombo, com bacia comprida, ancas largas, às vezes bem aparentes
Garupa não muito cheia, escorrida para os lados
cauda Saindo em ângulo recto, não grosseira, de bom comprimento
Quartos anteriores São mais delgados que os posteriores
espáduas São aparentes, apertadas em cima
peito largo em baixo mas não proeminente, com a ponta em forma de cunha
características das raças bovinas de leite
Tem-se considerado a forma de cunha, observando-se o animal de três ângulos, 
como sendo a conformação típica da vaca leiteira:
Visto de lado, a linha inferior seria descendente de diante para trás
Visto de frente, as linhas das paletas abrir-se-iam bem para baixo
Visto de cima, as linhas laterais, apertadas na frente, afastar-se-iam nos quartos traseiros
esta concepção, embora tradicional, hoje não é tão considerada como anteriormente.
A aparência geral, em comparação com a do gado de corte, é de um animal 
menos musculado, com ângulos e costelas mais salientes, porém revelando vi-
vacidade, vigor e saúde.
continua
Manual de zootecnia especial i 171. Bovinicultura
Holandesa ou Holstein / Frísia
Holandesa Vermelha ou “Red Factor”
Red danish
Flamengo
Guernsey
Jersey
ayrshire
Gir leiteiro
tórax largo e volumoso, apresentando um costado longo e alto, com costelas largas, bem separadas, arqueadas na parte de baixo
cilha Visível sem chegar a ser deprimida
linha inFerior Mais ou menos pendurada, devido ao grande desenvolvimento do ventre, com flanco fino, mas não enterrado
nádeGas direitas ou um pouco cavadas, com as pontas afastadas e proeminentes; perineu grande alto e espaçoso
MeMBros Tamanho médio, direitos, regularmente afastados, especialmente os posteriores, com ossatura fina
coxas Pouco musculosas, mais ou menos cavadas por dentro para dar lugar a um úbere volumoso
ÚBere
Comprido, largo e profundo, estendendo-se bem tanto para a frente como para trás, bem dividido, bem conforma-
do, glanduloso e fazendo pregas quando vazio, elástico, não carnudo, com veias bem aparentes, coberto de pêlos 
macios, com tetas de tamanho médio, dispostas em quadrado ou apontado um pouco para fora. as veias mamárias 
são grandes, tortuosas, de preferência ramificadas, grossas de acordo com a idade
as diferenças no touro são decorrentes da sexualidade, apresentando maior peso, 
ossatura mais forte e musculatura mais abundante, sobretudo no pescoço e quar-
tos anteriores; cabeça forte e larga; tórax muito largo, sobretudo na cilha.
principais raças leiteiras
características das raças bovinas de corte 
O corpo forma um bloco compacto, largo, profundo e moderadamente compri-
do. Deve ser tão liso quanto possível na união das diversas regiões, sem saliências 
nas espáduas, sacro e base da cauda e sem depressões na cilha e flancos. Não é 
barrigudo, sendo bem proporcionado, locomovendo-se com facilidade.
Manual de zootecnia especial i18 1. Bovinicultura
principais raças de corte
Shorthorn Charolês
Hereford limousine
aberdeen angus Brahman
linha dorso-loMBar deve ser direita, larga e bem musculada desde o pescoço até a cauda
Quarto anterior
deve ser largo, profundo cheio e visto de frente deve apresentar bom espaço entre os membros e o quarto posterior 
deve ser comprido, largo e profundo
corpo Tem a forma de um paralelepípedo ou de um cilindro, segundo a raça ou forma no seu contorno um paralelo, com os quartos dianteiros e traseiros igualmente desenvolvidos
pele deve ser solta e deve revelar uma musculatura macia e elástica à palpação
pelaGeM Variável segundo a raça, com couro de média espessura, em geral macio e elástico, bem coberto de pêlos finos e sedosos
peso Deve ser entre médio ou grande, e a ossatura média. As raças pequenas não são satisfatórias para esta finalidade
estatura De preferência baixa, sem prejuízo do peso
caBeça Média, preferindo-se curta, seca, larga entre os olhos, coberta de pelos finos
chanFro Moderadamente fino, com focinho largo e narinas grandes
olhos Grandes e plácidos
chiFres ausentes ou nunca grosseiros
orelhas Médias, mais largas que longas, nem relaxadas nem muito alertas, bem cobertas de pêlos
pescoço
Médio ou curto, maior e mais fino na fêmea, bem unido com a cabeça, alargando-se e aprofundando-se gradualmente 
para trás de maneira a unir-se insensivelmente com as espáduas
tronco, Garrote, 
dorso e loMBo
largos, musculados e nivelados
ancas Cheias
Garupa Bem cheia em toda a extensão, longa e larga
cauda Grossa na base, afinada para a extremidade, saindo em nível com a garupa e formando um ângulo recto
peito Cheio e largo, alto com a ponta arredondada e tórax amplo
espáduas Bem desenvolvidas, não proeminentes, cheias e bem unidas na frente e atrás
costado Moderadamente longo, com costelas compridas, arredondadas, bem cheias de carne, mesmo na cilha
ventre Bem sustido, com a linha inferior direita, sendo as fêmeas mais barrigudas; Ventre posterior profundo, cheio e espesso
nádeGas Bem descidas até ao curvilhão e espessas tanto do lado de dentro como de fora
MeMBros Braço e antebraço largos, carnudos até ao joelho; coxa e perna largas afinando graciosamente para o curvilhão
ossatura Regular, porém densa
Manual de zootecnia especial i 191. Bovinicultura
pelaGeM Variável, com couro de grossura média ou fina, elástico, bem coberto de pelos macios
estrutura Grande
caBeça Tendendo para grande e comprida, com fronte larga
chanFro Longo e fino
Focinho Húmido, médio ou grosso, com narinas largas e abertas, bochechas secas
olhos Grandes e proeminentes
chiFres Finos, quando presentes
orelhas Médias e regularmente atentas
pescoço Longo e fino, sem ser magro, bem unido à cabeça e ao tronco em direcção ao qual sealarga gradualmente
corpo longo, profundo e volumoso
linha dorso-loMBar direita e larga
Garrote um pouco largo, quartos anteriores de desenvolvimento quase igual aos posteriores
espáduas Grandes e pouco salientes, bem unidas adiante e atrás
peito largo, moderadamente cheio e profundo, com ponta larga e moderadamente cheia
tórax amplo
características das raças de aptidão mista 
Os atributos das raças mistas de carne e leite são intermediários entre o tipo de cor-
te e leiteiro, isto é, coexistem no gado misto alguns atributos de cada um dos tipos.
Comparadas com as raças de corte, são menos maciças e menos bem propor-
cionadas. Sendo da mesma altura, são menos pesadas, com a cabeça, pescoço, e 
membros um pouco maiores. Não têm boa largura no garrote, são menos cheios 
no peito, espáduas, ancas e perineu. Não têm costelas tão arqueadas e, finalmen-
te, têm um desenvolvimento notável do úbere e veias mamárias.
Por outro lado, diferem das raças leiteiras porque geralmente são maiores, mais 
pesadas, menos angulosas e têm os quartos anteriores e posteriores bem equili-
brados. a linha superior é mais forte e menos cortante, com a cernelha mais larga. 
O peito é mais desenvolvido, as costelas um pouco mais fortes, não havendo dife-
renças notórias na cabeça, pescoço, corpo, úbere e veias mamárias.
continua
Manual de zootecnia especial i20 1. Bovinicultura
1000
500
100
idade (anos)
peso (kg)
machos
fêmeas
fêmeas
1 2 3 4 5 6 7 8
FiGura 1.5
ritmo de crescimento dos bovinos 
vakuval ( ) em comparação com 
raças europeias ( ) 
sanGa
oriGeM
Zona este de África, provavelmente na zona ocidental da etiópia, tendo-se espalhado para Oeste e Sul do continente.
Foi formado a partir de cruzamentos de gado Zebú proveniente da Ásia com gado indígena sem giba e cornos compridos.
South devem Chianino
Red Polled limousine
normanda Indubrasil
costelas Regularmente arqueadas e profundas, bem espaçadas, visíveis
cilha Cheia e baixa, linha inferior direita ou pouco arredondada
Flancos Baixos, de média espessura, quartos posteriores longos, largos, profundos, mas levemente inclinados para fora
coxas largas, porém não muito abertas e arredondadas, com nádegas quase direitas, com as pontas afastadas e não proeminentes
cauda Fina e longa, em ângulo recto com a garupa
ÚBere Volumoso, bem dividido, prolongando-se para a frente e para trás, com tetas de bom tamanho, veias mamárias grandes, tortuosas e ramificadas, penetrando em fontes de leite grandes
MeMBros Tamanho médio, correctamente aprumados e afastados, com ossatura regular
principais raças mistas
características individuais das raças
machos
É conhecida como o zebú africano ou pseudo-zebú.
Manual de zootecnia especial i 211. Bovinicultura
distinguem-se por ter uma pequena giba cérvico-torácica em vez da giba dorsal (to-
rácica), que caracteriza os Zebús de origem indiana.
Há outras características e classificações deste tipo de gado em termos de análise 
académica. em angola predominam os biótipos Mucubal e Humbe em tendo havido 
alguns estudos de caracterização e ensaios efectuados por várias estações e postos 
zootécnicos no período colonial. estes biótipos encontram-se mais ou menos mistu-
rados consoante as regiões.
Biótipo mucubal (Vakuval)
Animal de grande corpulência, de esqueleto bem desenvolvido, cabeça de perfil 
rectilíneo e cornos compridos, em forma de lira, coroa ou arco. Pescoço curto no 
touro, mais comprido no boi, terminando inferiormente por uma barbela peque-
na. Bossa de natureza muscular, situada na região cérvico-torácica, reduzida ou 
ausente nas fêmeas, de tamanho médio nos machos. Costelas fortemente arque-
adas, limitando um peito largo bem musculado. Rins largos e espessos nos ani-
mais em bom estado de nutrição. Garupa medianamente inclinada e ligeiramente 
levantada. Cauda de alta inserção. Membros secos e compridos, cascos grandes e 
duros. Pele de espessura média e pouco elástica. Pêlo curto e medianamente fino. 
Pelagens variadas, predominando o vermelho e o vermelho malhado, a seguir o 
preto e preto malhado, o castanho e castanho malhado. Menos vulgares serão os 
cinzentos e o salgado.
Biótipo Humbe 
Porte médio, dorso sensivelmente rectilíneo, garupa um pouco levantada, cauda 
de alta inserção. Cabeça sobre o comprido, chanfro direito, cornos curtos e de 
vários formatos. Pescoço curto, de barbela pouco desenvolvida, bossa pouco pro-
nunciada nos touros, de natureza muscular na região cérvico torácica, atrofiada 
ou ausente nas fêmeas. Pele de espessura média, pouco elástica. Pelo curto e 
medianamente fino. Pelagens variadas. 
FiGura 1.6
touros mucubal e Humbe
Manual de zootecnia especial i22 1. Bovinicultura
FiGura 1.8
touro de raça masHona
Mashona
oriGeM características
População Shona do Leste do Zimbabwe. É também 
conhecida por Makalanga, Makaranga, ngombe dza 
Vakaranga, Shona Mashuk, Mashukulumbwe. 
Está espalhada pelo Leste do Zimbabwe e pelas regiões 
de Moçambique que estão livres da mosca Tsé Tsé. 
O registo genealógico foi efectuado em 1954.
Sem cornos; cor normalmente 
castanha ou vermelha. 
O peso das vacas varia entre 275 
e 350 kg.
n’daMa
oriGeM características
Montanhas de Fouta-djallon da Guiné 
Conacri, tendo-se espalhado por toda 
a região Guineense e Sudanesa.
É a raça africana mais representativa do bos 
taurus sendo uma das poucas resistentes 
à tripanosomíase (doença provocada pela mosca 
Tsé Tsé).
animais de pequena estatura (1,0 m de altura nas 
fêmeas e 1,20 nos touros), com cabeça comprida 
e forte, cornos em forma de lira. 
a pelagem é pouco densa e a cor varia de areia 
a preto. as vacas produzem de 2 a 3 l de leite 
por dia durante 7 a 8 meses. O aproveitamento 
em carcaça é de 50% tendo a carne um bom 
paladar e sem muita gordura. 
a média de peso vivo varia entre 250 e 300 kg.
FiGura 1.9
vaca e crias n’dama
Biótipo Kashivo Kavango
Trata-se de um biótipo originário de Angola, especificamente da zona de 
influência do rio Cubango, e que ainda existe.
FiGura 1.7
touro kasHivo kavango
Manual de zootecnia especial i 231. Bovinicultura
n’Guni
oriGeM características
Os ancestrais acompanharam a migração 
dos povos Khoi dos grandes lagos centrais 
de África. 
este gado é encontrado entre os 
descendentes da tribo nguni na Suazilândia, 
África do Sul e Moçambique. existe em 
algumas fazendas da província da Huíla.
Os touros pesam entre 500 a 700 kg. 
e as vacas entre os 320 e 440 Kg.
Os touros apresentam uma bossa cérvico 
torácica predominantemente muscular. 
a coloração é bastante variável podendo 
apresentar todo o tipo de matizes. 
É considerada a raça Sanga mais produtiva.
FiGura 1.10
touro n’guni
tswana
oriGeM características
Gado da população Tswana que se 
instalou na região de ngami no Botswana 
nos princípios do século XIX.
Tem características das raças Tuli e Barotse 
encontradas no Zimbabwe e na Zâmbia.
Possuem cornos e cor variável de 
vermelho a preto. 
As fêmeas atigem 360 e os touros 480 kg.
FiGura 1.11
grupo de vacas tswana
sanGaner
oriGeM características
Toda a África. Grande interesse actualmente 
por parte de criadores Sul-africanos 
e criadores de outros países africanos 
havendo registo da raça no Herd book Sul-
africano.
Alta fertilidade, poucas exigências 
alimentares, grande capacidade de 
aproveitamento de alimentos, mais 
resistente a doenças que outras raças.
FiGura 1.12
crias e touro sanganer
Manual de zootecnia especial i24 1. Bovinicultura
santa Gertrudes
oriGeM características
desenvolvido pelo King Ranch nos 
estados unidos através do cruzamento 
de Brahman com Shorthorn até se criar 
o modelo (Monkey). 
É aproximadamente 5/8 Shorthorn 
e 3/8 Brahman.
Cor vermelha cereja e alto grau 
de resistência ao calor e às carraças.
Tem a resistência do Brahman 
e a produtividade do Shorthorn.
FiGura 1.13
touro santa gertrudes
aFricander
oriGeM características
África do Sul a partir 
de raças Sanga nacionais. 
Corresponde a 30% do 
efectivo de gado empresa-
rial da Áfricado Sul. 
embora alguns autores 
tenham colocado a hipó-
tese de que a raça contém 
material genético de 
gado europeu importado 
pelos Portugueses (raça 
alentejana) essa hipótese é 
refutada por estudos gené-
ticos. Kidd et al. (1980).
Cor desde o castanho ao vermelho, com chifres laterais. 
Tamanho médio, com pele solta e orelhas compridas. 
Os touros têm a típica giba, suportam altas temperaturas 
e têm bom temperamento, adaptando-se muito bem ao 
clima tropical húmido e em áreas secas. 
As vacas pesam entre 525 a 600 kg e os touros entre 750 
a 1.000 kg. esta raça é bastante usada para melhorar os 
rebanhos nativos dos países tropicais. O africander foi 
usado para desenvolver a raça Bonsmara, e esta foi usada 
com a Holandesa para desenvolver a raça drakensberger. 
em angola esta raça foi amplamento utilizada no período 
colonial. actualmente já ninguém a possui e tem sido 
substituída por outras.
FiGura 1.14
touro africander
além destas raças e biótipos descritos, existem outras designadas em angola 
pelo ISV, mas sem qualquer estudo e reconhecimento internacional, designa-
damente os biótipos Catete, Mocho de Malange, Mocho de Quilengues e Mu-
mhuíla. 
raças Zebúinas (Bos indicus)
embora as raças Indubrasil, Sindhi e Tabapuã não existam em angola, são aqui 
referidas, em virtude das suas características e potencial produtivo elevado.
Manual de zootecnia especial i 251. Bovinicultura
BonsMara
oriGeM características
África do Sul, sendo nos últimos 25 anos 
a raça mais difundida nesse país. 
a sua base foram vacas africander. 
submetidas a experiências de cruzamentos 
com Hereford e Shorthorn durante 20 anos 
até se fixar a raça.
Resistência do Africander e produtividade 
de raças europeias. 
É uma das raças mais utilizadas pelos 
fazendeiros no Sul de angola.
FiGura 1.15
touro bonsmara
siMBrah
oriGeM características
Resulta de cruzamentos de 
Simmentaler com Brahman 
iniciados nos anos 60.
Do Brahman tem a resistência ao calor, aos insectos, 
a capacidade de utilizar forragens, o instinto materno 
e a longevidade. 
do Simmentaler tem a maturidade sexual precoce, 
a fertilidade, a produção leiteira, o crescimento rápido 
e as boas características da carne. 
É uma raça também muito utilizada no sul de Angola.
FiGura 1.16
touro de raça simbraH
BrahMan
oriGeM características
a raça Brahman teve 
origem nos estados unidos, 
proveniente do cruzamento 
de outras quatro raças 
Zebúínas: Nelore, Gir, Guzerá 
e Krishna Valley.
tolerância ao calor
a capacidade do Brahman de tolerar altas 
temperaturas faz dele o animal de carne ideal 
para as áreas quentes e húmidas dos trópicos, 
principalmente por possuir pêlo curto, fino e sedoso 
que reflecte os raios de sol. 
a pele é solta, com pigmentação escura, o que 
contribui para a sua tolerância ao calor. 
FiGura 1.17
touro braHman
continua
O Brahman, como todo o zebúíno, apresenta alta rusticidade, além de 
outras características marcantes, como fertilidade, habilidade materna, 
docilidade e uma carcaça com acabamento precoce. do ponto de vista 
racial, os animais caracterizam-se por apresentar pelagem branca, cinza 
ou vermelha uniforme. A pele é preta ou escura. A cabeça apresenta perfil 
recto ou sub-convexo, orelhas médias e relativamente largas. Os cornos 
são escuros e simétricos. É uma das raças mais utilizadas pelos fazendeiros 
no Sul de angola.
Manual de zootecnia especial i26 1. Bovinicultura
FiGura 1.18
fêmeas nelore brancas
nelore
características
Pelagens branca, cinza e manchada de cinza, sendo permitidas as cores vermelha, 
amarela ou preta nas suas nuances. 
Geralmente os machos apresentam as extremidades mais escuras. 
as orelhas são curtas e horizontais terminando em ponta de lança e sempre voltadas 
para frente, com movimentação viva.
A cabeça em forma de caixão e o perfil sub-convexo, são características marcantes. 
Os cornos são de cor escura, sendo permitidas grandes variações, desde que sejam 
curtos, achatados e de secção oval, que o nascimento seja para cima, acompanhando 
o perfil da cabeça e nunca voltados para frente. 
Nos machos, o cupim é desenvolvido em forma de castanha de caju e nas fêmeas 
o cupim é menor e mais delicado. 
BrahMan
características
desempenho reprodutivo
uma marca da adaptação ambiental do Brahman está na sua capacidade de reprodução.
as vacas parem regularmente bezerros com bom potencial de crescimento e os touros 
também cobrem um bom número de vacas durante a estação de cobrição. 
cruzamento
O Brahman, sendo um bos indicus (Zebú), não tem nenhum parentesco com o bos 
taurus (europeu), o que lhe proporciona uma vantagem notável no vigor híbrido, maior 
crescimento, eficiência de conversão alimentar e produção de carne com com menos 
gordura entremeada.
resistência a insectos e parasitas
A sua cor clara atrai pouco os insectos e a pelagem curta, fina e densa dificulta a penetração 
dos mesmos. 
Facilidade de parto
as crias Brahman pesam em média 30 a 35 kg ao nascer, o que se traduz por escassas 
possibilidades de problemas no parto. 
Contribui, também, o facto de a vaca possuir grande área pélvica. O mesmo acontece com 
as fêmeas F1 híbridas da raça Brahman. 
FiGura 1.17
vaca braHman
O nelore é originário do Sul da Índia, no estado de andrapradesh. Foi uma das 
últimas raças indianas a despertar interesse no Brasil, principalmente por causa 
do formato das orelhas, que na época não era considerado como um padrão 
dentro das raças zebúínas importadas. 
devido à sua alta adaptação ao clima tropical, grande instinto de defesa e 
óptima capacidade de sobrevivência da cria, rapidamente a raça Nelore con-
quistou adeptos no Brasil, e hoje representa cerca de 76% dos animais regista-
dos, com aproximadamente 80% da produção de carne nesse país. É uma raça 
muito utilizada pelos fazendeiros na província de Benguela.
Manual de zootecnia especial i 271. Bovinicultura
FiGura 1.18
nelore vermelHo e branco
nelore
características
Desde 1961 permite-se a caracterização mocha no Nelore, considerada uma excelente 
opção para criadores que desejam animais sem cornos. 
As fêmeas destacam-se pela sua alta fertilidade e excelente capacidade reprodutiva. 
A habilidade materna é suficientemente boa para desmamar um bom bezerro, muito 
activo desde o nascimento. 
Os touros apresentam o umbigo e a bainha adequados para a produção extensiva, 
sendo o alto líbido uma característica marcante nesta raça. 
apresentam alta precocidade sexual ou em acabamento de carcaça, e também óptima 
conversão alimentar. 
São muito rústicos e adaptam-se às mais diversas regiões. 
a raça nelore, por todas as suas virtudes, é sem dúvida a maior representante 
da pecuária de corte do Brasil, produzindo grande parte da carne consumida e 
exportada por esse país.
O Indubrasil é uma raça zebúína de dupla aptidão, formada no início do sé-
culo XX, pelos produtores e centros de melhoramento do Brasil, a partir do 
cruzamento entre o nelore, o Guzerá e o Gir, reunindo as características das 
três principais raças indianas introduzidas no país. Apresenta pelagens cinza ou 
vermelha, clara e escura. É considerado como uma grande vitória da pecuária 
nacional no Brasil. A raça foi sendo utilizada com sucesso em todas as regiões 
brasileiras no cruzamento para corte ou para leite, melhorando o desempe-
nho das explorações onde era usada para cruzar com as fêmeas já existentes. 
uma das maiores vantagens na utilização do Indubrasil é a produção de animais 
mestiços, por ser considerado o Zebú mais versátil, dando óptimos resultados 
no cruzamento com qualquer raça europeia ou zebúína.
Actualmente o Indubrasil está presente em mais de 16 países do mundo, entre 
eles os estados unidos, México, Costa Rica, Colômbia, Panamá e Tailândia. no 
Brasil concentra-se na região nordeste, de clima semi-árido, comprovando a sua 
rusticidade e grande conversão alimentar, ou seja, capacidade de transformar 
em carne e leite pastagens com baixo valor nutritivo.
a conquista do mercado internacional pela raça comprovaas suas elevadas 
qualidades produtivas, já que foi testada e aprovada em todos os países onde 
Manual de zootecnia especial i28 1. Bovinicultura
FiGura 1.19
macHo e fêmea indubrasil
Rusticidade adaptação ao clima tropical
Habilidade materna Elevado ganho de peso no pasto ou em confinamento
Grande porte excelente conversão alimentar e precocidade no acabamento de carcaça
docilidade Produtor de dupla aptidão carne e leite
FiGura 1.20
touro tabapuã
taBapuã
características
docilidade.
Precocidade sexual e reprodutiva.
alto índice de fertilidade e reconhecida habilidade materna.
Vocacionado para a pecuária de corte, produz carne de qualidade com baixo custo e alta 
rentabilidade.
Superior em lactação e ganho de peso, vem-se revelando promissor investimento para 
exportação, especialmente para países de clima tropical ou subtropical.
chegou. O Indubrasil é um óptimo produtor de carne nobre nas regiões tropi-
cais e, quando testado, comprova uma de suas características mais relevantes, 
a aptidão em ganhar peso com grande velocidade a custo baixo. Tem como 
grandes vantagens:
a raça Indubrasil destaca-se também como excelente produtora de leite. O 
melhor exemplo desta capacidade está nos resultados dos concursos leiteiros 
da eXPOZeBÚ 2002 e 2003 no Brasil, onde vacas desta raça atingiram respecti-
vamente a média diária de 25,84 kg com 5,3% de gordura e a média diária de 
31,67 kg com 4,8% de gordura.
Manual de zootecnia especial i 291. Bovinicultura
esta raça zebúína é originária no Brasil, da cidade que lhe deu o nome Tabapuã. 
É a raça que teve maior crescimento nas suas linhagens nos últimos 12 anos no 
Brasil.
em média de idade ao primeiro parto, o Tabapuã supera todas as outras raças 
zebúínas. Os números confirmam a precocidade sexual e a fertilidade do gado:
 Entre 14 e 16 meses 25% prenhes
 Entre 16 e 18 meses 50% prenhes
 entre 18 e 20 meses 62,5% prenhes
O Tabapuã mantém entre as suas principais características a eficaz produção de 
carne, devido à relação maior peso e rendimento da carcaça em menor espaço 
de tempo. Animais filhos de cruzamento F1, abatidos aos 15 meses, atingiram o 
peso de 259,7 kg.
FiGura 1.21
touro gir
Gir
características
Cor vermelha ou amarela em combinações típicas da raça.
Perfil craniano ultra-convexo (com fronte larga, lisa e proeminente) e marrafa bem jogada 
para trás (onde nascem os cornos de secção elíptica, achatada, grossos na base, saindo para 
baixo e para trás).
a raça desperta bastante interesse pela sua dupla aptidão. a sua natureza gre-
gária e o temperamento dócil contribuíram para a sua expansão em diversos 
países como é o caso do Brasil. O tipo morfológico preenche os requisitos de 
um animal moderno, produtor de carne e leite, ainda que tenham sido obser-
vadas linhagens que se destacam mais pela produção leiteira. Por isso, a raça 
Gir é a preferida para cruzamentos leiteiros, principalmente com a raça Holstein. 
a habilidade materna das vacas constitui excelente factor de crescimento dos 
vitelos recém paridos, na fase pré-desmame.
Manual de zootecnia especial i30 1. Bovinicultura
raças europeias de corte
a adaptação aos trópicos
existem vários factores que condicionam a adaptação das raças europeias ao 
meio tropical, sendo de destacar as altas temperaturas a radiação solar e a 
qualidade da alimentação. Temperaturas altas por longos períodos de tempo 
determinam um estado febril, que tem como consequências a degenerescên-
cia dos espermatezóides e alterações hormonais que se reflectem na degene-
rescência do gado. Ou seja, passado algum tempo o gado e a sua descendên-
cia apresentam características de conformação muito inferiores às encontradas 
nos locais de origem. a radiação solar tem relação estreita com a cor das mu-
cosas a pigmentação da pele o tipo e quantidade de pêlo.
No entanto há regiões em Angola (com isotérmicas anuais inferiores a 23 ºC) 
onde podem ser ensaiadas estas raças. Os criadores têm que ter em conta que 
nessas áreas têm que fazer sérios investimentos em alimentação atendendo ao 
tipo de pastos naturais que existem.
FiGura 1.22
temperatura média anual em 
diferentes regiões de angola
temperatura médIa anual (ºc)
25
25
25
2526 24
24
24
24
24
23 23
23 23
23
23
23
23
22
22
22
22
22
20
20
21
21
19
19
1918
Zaire
cabinda
uíge
malanje
Bengo
Kwanza
norte
Kwanza
sul
luanda
BiéHuambo
Benguela
namibe
cunene
cuando cubango
Huíla
moxico
lunda
norte
lunda
sul
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99
1
Manual de zootecnia especial i 311. Bovinicultura
aBerdeen anGus
oriGeM características
O berço da raça angus 
é a escócia e o seu nome 
resultou do nome dos 
condados onde começou 
o seu desenvolvimento. 
A história regista a existência 
dos “vacuns mochos pretos”, 
no condado de angus, antes 
do século XVI e sua origem é 
tão remota que é impossível 
precisar como e quando 
apareceram.
Cabeça de tamanho médio, pouco alongada, de perfil 
entre ligeiramente côncavo a recto. Olhos amplos, bem 
separados. Orelhas de tamanho médio nos machos 
e grandes nas fêmeas. Pescoço de comprimento médio 
com musculatura firme. 
Corpo comprido, de profundidade média, dorso 
e lombo amplos e compridos, quartos muito amplos, 
pernas amplas, grossas e cheias. a facilidade do parto 
gera um bezerro de porte médio, não muito pesado 
ao nascer. O ventre do angus tem desgaste reduzido 
no parto, o que abrevia a sua recuperação posterior, 
favorecendo a repetição da gestação e diminuindo 
o intervalo entre partos.
a qualidade de carne é um dos atributos excepcionais 
da raça, garantindo-lhe uma posição de liderança, 
evidenciada através da opinião de autoridades do 
sector, e confirmada nos mais diferentes concursos 
realizados nos principais mercados produtores. 
Este animal apresenta de 3 a 6 mm de gordura 
(exigências europeias) e a sua carne é marmorizada 
(com a gordura entremeada na carne). a perfeita e 
uniforme distribuição da gordura no tecido muscular 
confere-lhe um aspeto muito mais atraente, maciez e 
sabor singular. Imprime aos seus descendentes maior 
fertilidade, rusticidade e velocidade no ganho de peso.
FiGura 1.23
touro aberdeen angus
Existem três esquemas alternativos de cruzamentos industriais, tendo sempre 
como base a utilização de Aberdeen, na variedade preta ou vermelha:
•	 sistema alternativo com duas raças - usa a raça aberdeen com qual-
quer outra raça, seja da espécie taurina ou zebúína. utiliza-se o touro an-
gus com a raça B, vendendo-se os novilhos e conservando-se as novilhas. 
as novilhas meio sangue serão cruzadas com a raça B e os ventres desse 
cruzamento novamente com angus.
•	 sistema tricross rotativo - Coloca-se um touro zebúíno sobre ventres 
aberdeen, sendo os novilhos vendidos. as novilhas serão conservadas 
para cruzamento com uma raça taurina europeia, compatível com o ta-
manho do Aberdeen. As filhas do cruzamento com o europeu serão aca-
saladas com angus, cujos descendentes voltam com o zebúíno.
•	 sistema tricross terminal - usa-se o touro aberdeen angus numa raça 
zebúína ou taurina europeia compatível com ele. As filhas deste cruza-
mento são conservadas na propriedade para serem acasaladas com uma 
raça C, ou terceira raça, devendo ser de grande porte. nesse sistema é 
preciso ter sempre a raça Angus e outra, porque as filhas do terceiro cru-
zamento são eliminadas da propriedade.
Manual de zootecnia especial i32 1. Bovinicultura
FiGura 1.24
touro cHarolês
charolês
oriGeM características
Zona Central, 
Oeste e Sudoeste 
de França 
correspondendo 
à antiga província 
de Charolles, 
perto de nievre.
É uma das melhores raças de produção de carne. A pelagem é branca 
ou creme, uniforme. Mucosas claras, sem malhas. Morfologicamente 
é comprida, larga, com linha superior dorso-lombar direita 
e volumosa. 
a cabeça é relativamente pequena, curta, fronte larga, rectilínea 
ou ligeiramente côncava. Os membros são fortes e bem aprumados, 
com a nádega bastante volumosa, arredondada e caída. a anca é 
ligeiramente apagadamas bastante larga, assim como a garupa. 
Tórax profundo, bem arqueado e com uma boa ligação à espádua. 
a linha abdominal é paralela à linha dorso-lombar. em termos 
ponderais, é uma raça bastante corpulenta, com pesos em adulto 
entre os 650 a 800 kg para as fêmeas, e de 950 a 1.200 kg para os 
machos. É recomendada para a produção de mestiços destinados 
ao corte. Os novilhos comuns rendem no abate de 58 a 62%, tendo 
a carcaça boa distribuição de gordura. É um excelente ganhador de 
peso em confinamento. 
No período colonial era muito utilizada em várias regiões de Angola 
quer em explorações de raça pura quer na utilização dos touros para 
cruzamentos com fêmeas F1 (Charolês X tradicional).
liMousine
oriGeM características
Originada há mais de 700 
anos na região de limoges 
na França. 
Os criadores souberam 
seleccionar a raça, que 
se tornou uma das mais 
eficientes do mundo.
existem 2 ou 3 criadores 
no Sul de angola com 
pequenos efectivos 
desta raça.
Cabeça curta, fronte e focinho largos. Cornos finos 
e arqueados para a frente (quando presentes). Ausência 
de bragas e pigmentação (excepto quando de origem 
somática). Mucosas rosadas. Pescoço curto. Peito largo 
e arredondado com costado cheio. Bacia larga e não muito 
inclinada.
linha sacro-coccígea e ancas pouco salientes. dianteiro 
bem musculado e lombo largo com nádegas espessas, bem 
descidas e arredondadas. aprumos correctos.
Couro fino e flexível. Pelagem flava, um pouco mais clara no 
ventre, zona do perineu, escroto ou úbere, e na extremidade 
da cauda, apresentando auréolas mais claras à volta dos 
olhos e focinho. Cornos e unhas claros.
Os cruzamentos de limousine com Zebú são abatidos 
precocemente em relação às outras raças. O rendimento 
de carcaça atinge facilmente 65 %. Consegue-se facilmente 
abater animais cruzados com limousine com idade média 
de 13 meses, com um peso de cerca de 230 kg.
a idade média ao primeiro serviço situa-se em torno de 15 
meses. O peso médio de nascimento dos bezerros é 36 kg.
FiGura 1.25
novilHo limousine
Manual de zootecnia especial i 331. Bovinicultura
raças de leite
FiGura 1.26
vaca Holstein-frísia
holandesa ou holstein/Frísia
oriGeM características
Países Baixos, sendo a raça Holandesa 
o resultado de uma série de 
cruzamentos entre bovinos de diversas 
regiões da Europa. 
Foi a raça mais utilizada no Sul de 
angola. neste momento o maior 
efectivo encontra-se na aldeia nova.
É a raça de maior potencial para 
produção de leite. apresenta pelagem 
branca e preta ou branca e vermelha. 
O úbere possui grande capacidade e 
boa conformação. as novilhas podem 
ter sua primeira cria por volta dos dois 
anos de idade. Os bezerros nascem com 
38 kg em média.
FiGura 1.27
vaca Jersey
jersey
oriGeM características
Ilha de Jersey 
em Inglaterra 
sendo uma raça 
com 600 anos. 
Praticamente não 
existe em angola. 
O maior efectivo 
encontra-se na 
aldeia nova.
apresenta uma estatura baixa, de 1,15 a 1,20 m nas vacas. 
O úbere é quadrado, bem irrigado, volumoso, com tetas 
pequenas e espaçadas. 
O leite é o mais apreciado para a produção de manteiga. 
Produz em média 3.300 kg/ano de leite com 5,0% de gordura. 
É a mais precoce das vacas leiteiras. 
em geral, a primeira cobertura é feita dos 15 aos 18 meses 
de idade. a sua longevidade é também bastante grande. 
Nas regiões tropicais mostra elevada tolerância ao calor. 
É popular em quase todos os países produtores de leite 
e lacticínios.
parda suíça
oriGeM características
a raça Parda Suíça, constitui uma das raças bovinas 
mais antigas. Teve origem 1.800 anos antes de Cristo. 
É proveniente do Sudeste da Suíça, sendo 
disseminada em todos os países vizinhos. 
Foi muito utilizada no período colonial em várias 
regiões em Angola quer para corte quer para leite. 
actualmente tem sido pouco utilizada.
de pelagem parda clara a cinzenta escura, as vacas Parda Suíças apresentam ventre 
desenvolvido, sustentando um úbere típico de gado leiteiro, com tetos de tamanho 
médio, bem colocados. a aptidão predominante é leiteira, mas também possui uma 
boa capacidade para produção de carne. as novilhas são cobertas entre os 15 e 18 
meses. 
Nos cruzamentos, transmite com grande fidelidade as suas características, sendo às 
vezes difícil distinguir um animal 3/4 de um puro, não só pela conformação e pelagem 
como também pelas aptidões económicas. 
Linhagens específicas para carne estão a ser desenvolvidas produzindo resultados 
satisfatórios.
Manual de zootecnia especial i34 1. Bovinicultura
FiGura 1.28
vaca guernsey
Guernsey
oriGeM características
 É originária da ilha de 
Guernsey em Inglaterra. 
admite-se a hipótese de que 
seja derivada do cruzamento 
do gado Bretão com o 
normando. 
O Guernsey é um gado que 
goza de muita popularidade, 
tendo sido exportado para 
os estados unidos, Canadá, 
austrália, Brasil e outros 
países.
 a Vaca Guernsey possui uma conformação 
tipicamente leiteira. Com um úbere grande, 
bem conformado e irrigado, é especializada na 
produção de leite gordo, por isso, classificada 
como raça manteigueira. 
É considerada mais rústica que a Jersey. 
a sua longevidade é notável, servindo na 
reprodução até avançada idade.
nos cruzamentos revela grande 
preponderância na transmissão das suas 
qualidades. 
ayrshire
oriGeM
a raça ayrshire é proveniente da escócia, descendente do gado dos condados de 
ayr e lanark. 
no melhoramento da raça, que se iniciou em 1750, a ayrshire recebeu sangue 
de várias raças especializadas, entre elas o Holandês.
É criada na Escócia, Irlanda e arredores de algumas cidades inglesas e estados 
unidos, entre outros países.
FiGura 1.29
vacas ayrsHire
red danish
a raça Red danish é uma das raças leiteiras mais utilizadas na europa. Foi de-
senvolvida na dinamarca com base em raças locais cruzadas com a raça angeln 
(originária da alemanha e com elevada capacidade de produção de leite gordo). 
a raça Red danish foi expandida para diversos países do leste europeu (lituânia, 
estónia, Polónia e Bielorússia) com o objectivo de melhorar raças locais, dando 
origem a novas raças. a sua cor vermelha tornou-a também popular para ser 
utilizada em cruzamentos em países tropicais, nomeadamente com raças zebuí-
nas (p. ex. Sindi). as vacas são boas produtoras de leite com teores de gordura e 
proteína superiores aos da Holstein-Frísia.
Manual de zootecnia especial i 351. Bovinicultura
red danish
características
Os touros têm cor vermelho escura e um peso médio de 1.000 kg; as vacas têm um 
peso médio de 660 kg; registos em 1977 indicavam médias por lactação de 5.240 L, 
com 4,17% de gordura.
FiGura 1.30
vaca red danisH
gir leiteiro
actualmente, o Gir leiteiro passa por um período de acelerado desenvolvimento, 
sobretudo no Brasil. 
A pecuária leiteira dos países tropicais necessita de opções que permitam uma 
exploração mais eficiente dentro das suas realidades económica e ambiental. 
O Gir leiteiro preenche plenamente esta lacuna. O interesse por animais ou sé-
men da raça vem em crescente expansão, não só no Brasil como em outros países 
tropicais. Por outro lado, o Gir leiteiro mostra-se como a raça preferencialmente 
utilizada em cruzamentos com gado Holstein/Frísia, contribuindo com leite, rus-
ticidade, vigor e docilidade, características fundamentais para a produção econó-
mica do leite.
a produção média do Gir leiteiro no Brasil (3.777 kg/305 dias) corresponde a mais 
de três vezes a média nacional (960 kg) e, o leite é obtido de gado adaptado às 
condições climáticas e de maneio em pastoreio. 
a duração de lactação é de 307 dias (média diária de 12 kg de leite). Há produ-
ções registadas acima de 5.000 kg e existem bastantes outras acima de 7.000 kg. 
A produção mais elevada registada atingiu 15.388 kg em 365 dias o que equivale 
a uma média diária de 42,16 kg de leite. 
na análise de outros índices zootécnicos, a idade ao primeiro parto situa-se ao 
redor de 40 meses. Apesar de mais tardia que as raças europeias, fica evidente 
que neste item existeum reflexo directo do maneio após desmame das fêmeas. 
A vida útil de uma vaca Gir é significativamente superior à de vacas europeias, 
sendo normal existirem animais com dez lactações em actividade produtiva. 
Manual de zootecnia especial i36 1. Bovinicultura
FiGura 1.32
novilHas girolanda
Girolanda
oriGeM características
Resulta do 
cruzamento 
de Frísia 
com Gir (5/8 
Holandês + 
3/8 Gir). 
Conseguiu conjugar a rusticidade da raça Gir com a produção da raça 
Holandesa, adicionando ainda características desejáveis das duas raças 
em um único tipo de animal.
É fenotipicamente soberana, com qualidades imprescindíveis para 
a produção leiteira nos trópicos sendo a raça mais versátil do mundo 
tropical. 
As fêmeas são produtoras por excelência e possuem características 
fisiológicas e morfológicas perfeitas para a produção nos trópicos, 
revelando um desempenho muito satisfatório em termos económicos.
FiGura 1.31
vacas gir leiteira
Sendo uma raça com dupla aptidão carne/leite, outro aspeto interessante é a 
possibilidade da utilização dos machos para recria e engorda, possibilitando 
um ganho adicional para o produtor de leite. 
a capacidade produtiva, associada à rusticidade, destaca o Gir como alternati-
va indicada para a produção de leite e carne.
Por ser mais rústico, o Gir apresenta menos infestações de ectoparasitas e en-
doparasitas e menor incidência de doenças do que raças de clima temperado. 
Isto torna-se determinante para um menor uso de carracidas, desparasitantes 
e antibióticos, proporcionando um produto final (o leite), livre de resíduos e, 
portanto, mais saudável. animais resistentes e adaptados ao clima permitem 
sistemas de produção baseados na exploração de pastagens, possibilitando a 
redução dos custos de produção. 
Manual de zootecnia especial i 371. Bovinicultura
FiGura 1.33
vaca brown scHwyZ
Brown schwyz
oriGeM características
Suíça nos cantões de 
Schwyz, Zug, St. Gallen, 
Glarus, lucerne e Zurich 
com o cruzamento 
do Torfrindus (bos 
brachyceros) com o gado 
uR de origem europeia 
(bos primigenius bojan).
Rusticidade, bons aprumos, boa pigmentação e cascos pretos 
e fortes. Adaptação a qualquer tipo de clima e topografia. 
Maturidade sexual: puberdade precoce nas novilhas de 350 dias. 
longevidade e docilidade. alta produção de leite com média 
de lactação de 2.576 kg em 200 dias. Alta fertilidade. 
Boa conversão alimentar. 
Rendimento de carcaça: carne sem excesso de gordura externa, 
macia e bem marmoreada.
raças de aptidão mista
FiGura 1.34
touro simmental
siMMental
oriGeM características
Suíça no 
cantão 
de Berna 
estando 
actualmente 
espalhada 
por todo o 
mundo.
Raça extremamente dócil e de fácil maneio.
Grande adaptabilidade e fertilidade. linha dorso lombar 
rectilínea com profundas massas musculares. Os touros pesam 
entre 1.100 a 1.400 kg e as vacas entre 600 a 800 kg . 
a cor varia desde dourado clara a vermelho acastanhada escura. 
a pelagem na cabeça é normalmente branca em frente dos 
olhos assim como nas extremidades. Na engorda têm aumentos 
de peso diário de 1 a 1,5 kg. O aproveitamento da carcaça ronda 
os 63%.
Guzerá
oriGeM
É um Zebú mais versátil, originário do deserto da Índia, da região de Kankrej, onde 
prevalecem dias quentes, noites muito frias e escassez de alimentos. O Guzerá pode 
ser considerado o Zebú mais rústico entre todos.
Com mais de 6.000 anos de existência comprovada, a sua pureza racial proporciona 
alto grau de heterose, sendo a raça ideal para ser utilizada em cruzamentos, tanto 
para a produção de animais de corte, produzindo alimentos nobres e de qualidade, 
como para a produção de animais de leite, como no caso do Guzonel (Guzerá x 
Nelore), ou do Guzolando (Guzerá x Holandês). 
FiGura 1.35
a) touro guZerÁ
Manual de zootecnia especial i38 1. Bovinicultura
FiGura 1.36
touro sindHi
sindhi
características
dupla função zootécnica carne e leite.
alta capacidade de aproveitamento dos alimentos.
Elevada eficiência reprodutiva.
Produção de leite satisfatória nas condições de clima e maneio alimentar que 
imperam nas regiões semi-áridas.
apresenta pelagem vermelha, podendo variar de vermelho claro a escuro.
extraordinária fertilidade.
Boa aptidão leiteira.
desmame precoce de bezerros para corte.
Porte médio, mas boa conformação física, com musculatura bem distribuída.
notável rusticidade.
Boa habilidade materna.
animais são compactos, com os quartos traseiros arredondados e levemente caídos.
Guzerá
características
a raça Guzerá está bastante desenvolvida no Brasil, com programas independentes 
de avaliação genética para características de corte e para a produção de leite. Hoje 
fazem parte deste programa 50 fazendas com mais de 30.000 animais envolvidos. 
O que se conclui desses estudos e abates técnicos é que a raça Guzerá é a líder 
absoluta em ganho de peso, é a primeira em conversão alimentar e é a melhor em 
rendimento de carcaça com excelente acabamento em pouco tempo.
Para as linhas leiteiras, o trabalho de pesquisa desenvolvido no Brasil, permite definir 
o Guzerá como uma excelente alternativa para a produção de leite, tendo em conta 
as características de produção, gordura e proteína.
a raça Guzerá é amplamente utilizada no Brasil, Colômbia, Venezuela, Paraguai, 
México, Costa Rica e em grande parte dos países africanos, com destaque para 
o Senegal.
FiGura 1.35
b) vacas e crias guZerÁ
Solução milenar para as regiões semi-áridas, é uma raça zebúína originária da 
região do Kobistam, na parte norte da província de Sindhi, no Paquistão. a 
raça Sindhi chegou ao Brasil nos anos 30 do século XX, mas foi introduzida 
oficialmente em 1952. 
É a raça zebú leiteira mais nobre entre todas as raças bovinas que se criaram nas 
terras áridas da Ásia, desde há mais de 5.000 anos. a selecção e avaliação desta 
raça no Brasil, a sua expansão pelas grandes áreas de terras secas da região 
Manual de zootecnia especial i 391. Bovinicultura
semi-árida brasileira e a sua extraordinária adaptação a outras regiões tropicais 
fizeram convergir para o Brasil as atenções de criadores de vários países do 
mundo. O Sindhi brasileiro, transformou-se numa notável opção para situações, 
em que se torna imprescindível um animal fisiologicamente equilibrado e ade-
quado ao meio ambiente de extensas regiões secas do mundo. É um bovino 
adaptado e produtivo para quaisquer condições de solo e clima Estes animais 
são capazes de longas caminhadas à procura de pastos e água, resistentes ao 
ataque de parasitas externos e internos, e também capazes de suportar grandes 
mudanças climáticas de frio e calor.
É uma excelente raça para ser criada e explorada para produção de leite e carne 
nas regiões semi-áridas do mundo. A raça Sindhi apresenta elevada eficiência 
reprodutiva, com idade média ao primeiro parto de 31,4 meses.
1.4. reprodução
A reprodução de bovinos tem como finalidade a produção de bezerros e bezer-
ras, utilizando fêmeas, a partir da maturidade sexual até o momento de refugo 
ou venda e consequente substituição ou reposição por novilhas, sendo que o 
ciclo se repete de geração em geração. 
O que se pretende por intermédio do maior e melhor conhecimento é a aplica-
ção das técnicas pecuárias avançadas que permitam a intensificação dos partos, 
de forma que, cada vaca em idade reprodutiva, produza um bezerro por ano e 
este seja criado de forma sadia e desmamado com bom peso. 
A fase da reprodução pode ser definida como o período entre a cobrição e 
concepção da mãe e subsequente concepção da filha. Durante este tempo, os 
desafios reprodutivos incluem uma multiplicidade de factores, variando desde 
a fertilidade do macho e da fêmea, mortalidade pós-natal até à possível infer-
tilidade da cria. 
A baixa eficiência reprodutiva pode ser definida como um reflexo de distúrbios 
que afectam negativamente a função fisiológica das fêmeas e dos machos bo-
vinos, por intermédio da apresentação de síndromes tais como:
anestro aborto
Repetição de cio Retenção de placenta
Mortalidade embrionáriaprecoce ou tardia Retardamento da puberdade e maturidade sexual
Manual de zootecnia especial i40 1. Bovinicultura
Esses distúrbios têm como consequência: o aumento do período de serviço, a ele-
vação do rácio de serviços/concepção, o aumento do intervalo entre partos, a re-
dução da vida útil da fêmea e o refugo precoce de reprodutores machos e fêmeas.
Eficiência reprodutiva
A baixa produtividade dos rebanhos deve-se, essencialmente, aos seguintes factores:
Os produtores são por norma os menos responsáveis pela situação actual, ca-
bendo aos técnicos a grande responsabilidade de reverter esse quadro, levando 
ao conhecimento dos agricultores as técnicas mais avançadas, capazes de me-
lhorar os índices zootécnicos do rebanho. 
O longo intervalo entre partos, verificado nos rebanhos acima de 18 meses, ca-
racteriza a baixa eficiência reprodutiva dos sistemas de criação tradicional, onde 
os animais, além de apresentarem baixo potencial genético, o intervalo entre 
partos não permite que esse potencial seja totalmente explorado. a subnutrição, 
as doenças debilitantes e infecto-contagiosas e o maneio inadequado são as 
causas directas principais do mau desempenho reprodutivo que, por sua vez, 
contribui para uma acentuada redução na produção, retardando, também, o 
progresso genético e provocando grandes prejuízos “invisíveis” ao produtor.
a estruturação de uma fazenda exige, inicialmente, um levantamento sanitário 
efectuado na própria fazenda quando existe gado, ou a nível local, com elimina-
ção dos animais portadores de doenças infecto-contagiosas e, posteriormente, 
um eficiente controlo sanitário. 
num rebanho livre de doenças, a alimentação passa a ser o principal factor de-
terminante da melhoria na eficiência reprodutiva. Isso porque não adianta a vaca 
bem nutrida manifestar cio precocemente no pós-parto e, depois, repetir suces-
Baixo desempenho reprodutivo
Potencial genético inferior dos animais
alimentação inadequada
Ausência de medidas oficiais de controlo sanitário efectivo
Ausência de conhecimentos sobre técnicas de maneio e os cuidados com a alimentação
Manual de zootecnia especial i 411. Bovinicultura
sivos serviços, por causa de infecções uterinas existentes, ou então apresentar 
curto período de serviço e, posteriormente, ocorrer morte embrionária ou abor-
tos, em consequência de alguma doença infecto-contagiosa. 
Factores que condicionam a eficiência reprodutiva
Um período de serviço variando entre 65 a 87 dias, com intervalos de parto de 
345 a 365 dias, permite que o animal expresse o máximo de produtividade du-
rante a sua vida útil. O ideal seria uma vaca parir uma cria a cada 12 meses e ter 
uma longa vida reprodutiva. a idade avançada ao primeiro parto, próximo aos 4 
anos e o longo intervalo entre partos que, por vezes, ultrapassa os 18 meses, são 
responsáveis pela baixa eficiência reprodutiva dos rebanhos.
idade ao primeiro parto
Todos os factores que prejudicam o crescimento e desenvolvimento do animal 
jovem aumentam a idade ao primeiro parto. um plano de recria bem delineado 
para os animais jovens é essencial, pois as bezerras e novilhas de hoje serão as 
vacas de amanhã. 
Maneio alimentar
As causas nutricionais são de maior relevância porque:
Afectam, primeiramente, as funções fisiológicas gerais 
do organismo animal.
Reflectem-se em distúrbios do sistema reprodutivo. 
Esses são mais frequentes em consequência de falta 
de nutrientes ou de subnutrição, do que pelo seu 
excesso.
Para atender às exigências de manutenção e desenvolvimento, os bovinos pre-
cisam de quantidades adequadas de nutrientes, água, energia, proteína e mine-
rais. Os alimentos fibrosos constituem a principal e a mais económica fonte de 
nutrientes. as pastagens que os animais consomem devem ser de boa qualidade 
e elevada digestibilidade, com uma taxa de proteína bruta (PB) de cerca de10%, 
nutrientes digestíveis totais (NDT) de 60% e teor mineral de 2%, e em equilíbrio. 
Com esses teores nutricionais, os animais consomem adequadas quantidades de 
alimentos e apresentam bons índices zootécnicos.
Manual de zootecnia especial i42 1. Bovinicultura
energia
O excesso de energia ou gordura, na fase que antecede a maturidade sexual em 
novilhas, pode acarretar distúrbios reprodutivos pela acumulação indesejada de 
tecidos gordurosos no sistema reprodutor. na prática, o que ocorre com maior 
frequência é a deficiência de energia sendo, portanto, o problema mais sério e 
condicionante na exploração bovina. Nas explorações para carne, essa situação 
é mais relevante ainda, uma vez que, geralmente, não se tem um maneio racio-
nal de suplementação energética e fibrosa nos períodos secos, principalmente 
lotes de vacas aleitantes e vacas gestantes, chegando os animais extremamente 
debilitados ao parto ou às épocas de cobrição. Isto compromete tanto a esper-
matogénese nos machos como provoca o aumento da incidência de anestros 
nas vacas.
proteína
A deficiência proteica geralmente está associada à escassez de forragem de boa 
qualidade nas pastagens, não permitindo o consumo de alimento em quantida-
des necessárias. Essa deficiência prolongada no período de crescimento provoca 
o retardamento da puberdade e da maturidade sexual de machos e fêmeas e, 
em animais gestantes, se for severa, pode induzir o aborto. no entanto, esse pro-
blema pode ser resolvido com o uso mais racional das pastagens, por meio de 
adubações periódicas, uso de pastoreio em rotação, vedação de pastagens para 
posterior uso na época seca, além de suplementação de um complexo vitamíni-
co e mineral e alimentação suplementar na pastagem.
Minerais
Os seguintes minerais devem ser fornecidos aos animais:
cálcio A redução nos níveis de cálcio sanguíneo pode retardar a involução uterina, aumentar a incidência de partos distócicos e de 
retenção da placenta. 
FósForo A deficiência de fósforo está relacionada com distúrbios reprodutivos, manifestações como anestro, cios irregulares e redução 
na taxa de concepção. 
sódio, cloro
e potássio
O sódio e cloro são geralmente apresentados na forma de cloreto de sódio. O excesso de potássio, acompanhado de deficiên-
cia de sódio, acarreta o aparecimento de cios irregulares, prolongados, quistos, mortalidade embrionária e, às vezes, aborto. 
essa síndrome aparece frequentemente em animais mantidos em pastagens queimadas, uma vez que essas pastagens apre-
sentam níveis elevados de potássio e baixos de sódio.
Manual de zootecnia especial i 431. Bovinicultura
Maneio sanitário
A natalidade dos bovinos pode ser influenciada pela selecção de reprodutores 
machos e fêmeas com boa capacidade reprodutiva e pelo estado sanitário dos 
animais. as doenças infecciosas, de origem bacteriana, viral ou parasitária, são 
importantes, pois afectam o aparelho reprodutivo de machos e fêmeas, impedin-
do a fecundação, causando abortos, repetições de cios, o nascimento de animais 
com porte inferior à média, disfunção hormonal, entre outros, inclusive a perda 
da função reprodutiva. A maioria das disfunções passa despercebida. Sendo as-
sim, o controle preventivo de doenças em machos e fêmeas é de fundamental 
importância para se obter maior taxa de nascimento de bezerros e, consequente-
mente, maior rentabilidade na produção.
cuidados com os machos
Os machos destinados a reprodução devem passar por criterioso exame de selec-
ção, de que se destacam:
a condição corporal
aparelho locomotor
avaliação de parâmetros genéticos favoráveis
Aparência fenotípica externa, além de exames laboratoriais 
Observação do aparelho genital completo, procurando anomalias, defeitos, processos inflamatórios e observando medidas 
e condições estabelecidas para cada raça. O exame andrológico completo deve ser realizado antes de cada estação 
reprodutiva. Casos de falha na reprodução normalmente são atribuídos às fêmeas, quando na verdade, os machos ocupam 
o maior destaque em razão da transmissão de doenças pela monta
cuidados com as fêmeas
Fêmeas destinadas à reprodução devem apresentar boa

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