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Língua Portuguesa Expressão Escrita e Compreesão de Texto

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Prévia do material em texto

2016
Língua Portuguesa: 
exPressão escrita e 
comPreensão de texto
Prof.a Estela Maris Bogo Lorenzi
Prof.a Luciana Fiamoncini
Copyright © UNIASSELVI 2016
Elaboração:
Prof.a Estela Maris Bogo Lorenzi
Prof.a Luciana Fiamoncini
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
469.07
L869l Lorenzi; Estela Maris Bogo
 Língua Portuguesa: Expressão escrita e compreensão de texto / Estela 
Maris Bogo Lorenzi; Luciana Fiamoncini: UNIASSELVI, 2016.
 
 237 p. : il.
 ISBN 978-85-515-0036-1
 1.Língua Portuguesa – Estudo e Ensino. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
III
aPresentação
A compreensão plena de um texto, bem como a melhor forma de 
expressar-nos quando escrevemos envolvem mais do que simplesmente 
conhecer as regras da língua portuguesa. Muitas são as estratégias e 
habilidades desenvolvidas e postas em prática para realizar tais ações. O 
livro de Língua Portuguesa: Expressão Escrita e Compreensão de Texto 
visa auxiliar você, acadêmico, a compreender as principais expressões da 
língua portuguesa no que tange à produção e à compreensão textual. Vamos 
conhecer um pouco mais sobre esta obra? 
 
A Unidade 1 aborda questões relacionadas às aplicações da oralidade e 
da escrita, a argumentação e o raciocínio. Inicialmente, você será apresentado 
aos estudos da língua como ciência, bem como ao seu contexto de uso e 
manifestação social. Nesta etapa, serão estudados alguns fenômenos que 
ocorrem quando a fala é produzida e como o ser humano produz os significados.
Ainda na Unidade 1, trataremos de assuntos relacionados aos 
fenômenos de comunicação, dentre eles, a comunicação mediada pela internet, 
que é fenômeno crescente na sociedade em que vivemos. Para aprimorar 
ainda mais suas habilidades comunicativas, também são apresentados neste 
livro os estudos acerca da retórica e da oratória, técnicas estas que facilitam 
o uso da linguagem no ato comunicativo. 
A Unidade 2 está focada no estudo dos gêneros e tipologias textuais, 
para que você compreenda que cada um possui sua característica e, para cada 
uma das intenções de quem escreve, há um que mais de adéqua. Nesta etapa, 
você também conhecerá os gêneros mais adequados à esfera comercial, para 
que saiba identificar em que situações aplicá-los. 
Por fim, na Unidade 3, trataremos das novas formas de leitura e 
interpretação textual. Aqui, serão abordadas as questões relacionadas ao 
letramento na era digital, a partir do estudo da leitura digital e sua compreensão. 
O conceito de hipertextualidade também é abordado nesta unidade, dando a você 
a oportunidade de conhecer os gêneros digitais, os links eletrônicos e a aplicação 
dos textos virtuais em sala de aula. Nesta etapa de estudos, também trabalharemos 
com você a linguagem na era digital: o internetês e a leitura imagética, que são 
basilares para a compreensão deste novo modo de comunicação. 
A partir do estudo deste material, nós, autoras, esperamos que você 
compreenda os princípios básicos da expressão escrita e da compreensão de 
textos, sempre buscando atualizar-se e conhecer um pouco mais sobre a temática 
por meio das propostas oferecidas ao longo deste material com a ferramenta 
“UNI”. Colocamo-nos à disposição para que você esclareça suas dúvidas e nos 
dê sugestões. Desejamos a você uma ótima jornada de estudos e até a próxima! 
Prof.ª Estela Maris Bogo Lorenzi
Prof.ª Luciana Fiamoncini
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – APLICAÇÕES DA ORALIDADE E DA ESCRITA: A ARGUMENTAÇÃO
 E O RACIOCÍNIO ..........................................................................................................1
TÓPICO 1 – LÍNGUA E FENÔMENOS COMUNICACIONAIS .....................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 O ESTUDO DA LÍNGUA COMO CIÊNCIA ....................................................................................4
2.1 A LÍNGUA E O SEU CONTEXTO DE USO ..................................................................................5
2.2 A LÍNGUA COMO MANIFESTAÇÃO SOCIAL ..........................................................................7
2.3 A CAPACIDADE DE ARGUMENTAÇÃO ....................................................................................8
3 O PROCESSO DE APROPRIAÇÃO DA ESCRITA ....................................................................... 10
3.1 O USO DO TEXTO PARA A APROPRIAÇÃO DA ESCRITA ................................................... 11
3.1.1 Relação autor/leitor ................................................................................................................ 14
3.2 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA ........................................................................................................... 15
3.2.1 Gírias ......................................................................................................................................... 17
3.2.2 Linguagem técnica e/ou jargão ............................................................................................. 19
4 MODALIDADES DA LÍNGUA: SUAS PARTICULARIDADES ................................................ 20
4.1 A FALA E OS ACONTECIMENTOS............................................................................................. 22
4.2 O REGISTRO ESCRITO E A CRIAÇÃO DA HISTÓRIA DOCUMENTADA ......................... 23
4.3 O SER HUMANO E A PRODUÇÃO DE SIGNIFICADOS ........................................................ 24
5 FENÔMENOS COMUNICACIONAIS: COMUNICAÇÃO DE MASSA E
 COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL................................................................................................. 25
5.1 A QUESTÃO DA INTERAÇÃO SOCIAL E A COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL ............ 26
5.2 A COMUNICAÇÃO NAS MULTIDÕES MEDIADA PELA INTERNET ................................ 28
5.3 CONTEXTOS INTERCULTURAIS: A COMPREENSÃO DAS DIFERENÇAS ...................... 31
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 34
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................37
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 39
TÓPICO 2 – ORATÓRIA E RETÓRICA: O USO DAS PALAVRAS .............................................. 41
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 41
2 A ORATÓRIA E O DISCURSO ......................................................................................................... 43
3 COMO DESENVOLVER A RETÓRICA? ......................................................................................... 47
3.1 ASPECTOS FÍSICOS: A LINGUAGEM CORPORAL, VESTIMENTA E VOZ ........................ 47
3.2 ASPECTOS PSICOLÓGICOS: MEDO DE FALAR EM PÚBLICO, ESQUECIMENTO E 
CACOETES ....................................................................................................................................... 49
3.3 ASPECTOS INTELECTUAIS: CONHECIMENTO DO ASSUNTO E SEGURANÇA............ 50
3.4 ASPECTOS TECNOLÓGICOS: OS SUPORTES DE APOIO AO ORADOR........................... 51
4 O PAPEL DA RETÓRICA NA PRODUÇÃO TEXTUAL ............................................................... 53
4.1 A ORIGEM DA RETÓRICA ........................................................................................................... 53
4.2 PARTES DA RETÓRICA ................................................................................................................. 54
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 56
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 57
sumário
VIII
TÓPICO 3 – O TEXTO E A COMBINAÇÃO DAS PALAVRAS ..................................................... 59
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 59
2 OS SENTIDOS DO TEXTO ................................................................................................................ 59
2.1 CONCEPÇÕES DE TEXTO ............................................................................................................ 61
2.2 GÊNEROS TEXTUAIS E A PRODUÇÃO DE TEXTOS .............................................................. 61
2.3 O TEXTO E SUA INTENÇÃO ....................................................................................................... 64
2.4 FATORES QUE INTERFEREM NA INTERPRETAÇÃO TEXTUAL ........................................ 65
2.4.1 Ambiguidade e polissemia .................................................................................................... 67
3 O TEXTO COMO PRÁTICA INTERDISCIPLINAR ..................................................................... 70
3.1 ESTUDOS ACERCA DA PRODUÇÃO TEXTUAL ..................................................................... 71
3.2 A PRODUÇÃO TEXTUAL: PRÁTICAS EM SALA DE AULA ................................................. 75
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 81
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 83
UNIDADE 2 – GÊNEROS E TIPOLOGIAS TEXTUAIS .................................................................. 85
TÓPICO 1 – A TIPOLOGIA TEXTUAL: PRÁTICA E ANÁLISE DOS DIFERENTES
 TIPOS DE TEXTOS .......................................................................................................... 87
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 87
2 TEXTO NARRATIVO .......................................................................................................................... 87
3 TEXTO DESCRITIVO .......................................................................................................................... 91
4 TEXTO DISSERTATIVO ..................................................................................................................... 93
4.1 DISSERTAÇÃO-EXPOSIÇÃO ........................................................................................................ 94
4.2 DISSERTAÇÃO-ARGUMENTAÇÃO ........................................................................................... 94
5 TEXTO INJUNTIVO ............................................................................................................................ 95
6 TEXTO EXPOSITIVO .......................................................................................................................... 98
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................100
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................103
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................104
TÓPICO 2 – CARACTERÍSTICAS LINGUÍSTICAS DOS TEXTOS .........................................107
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................107
2 TEXTOS JORNALÍSTICOS ..............................................................................................................107
2.1 A NOTÍCIA DE JORNAL .............................................................................................................108
2.2 ARTIGO DE OPINIÃO .................................................................................................................110
2.3 REPORTAGEM E ENTREVISTA .................................................................................................116
3 TEXTOS CIENTÍFICOS ....................................................................................................................122
3.1 RESUMO .........................................................................................................................................123
3.1.1 O que é um resumo? .............................................................................................................124
3.1.2 Tipos de resumo ....................................................................................................................127
3.2 RESENHA .......................................................................................................................................131
4 TEXTOS HUMORÍSTICOS ..............................................................................................................135
4.1 HISTÓRIAS EM QUADRINHOS ................................................................................................137
4.2 ANEDOTAS ....................................................................................................................................139
5 TEXTOS PUBLICITÁRIOS ...............................................................................................................141
5.1 O ANÚNCIO E O CARTAZ PUBLICITÁRIO ...........................................................................144
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................148
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................149
IX
TÓPICO 3 – OS GÊNEROS DA ESFERA COMERCIAL ...............................................................151
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1512 E-MAIL ..................................................................................................................................................152
2.1 LINGUAGEM E SUGESTÕES PARA A ELABORAÇÃO DE UM E-MAIL ..........................153
3 OFÍCIO ..................................................................................................................................................156
3.1 ELABORAÇÃO E MODELO .......................................................................................................156
4 CARTA COMERCIAL ........................................................................................................................159
4.1 MODELO ........................................................................................................................................160
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................161
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................162
UNIDADE 3 – NOVAS FORMAS DE LEITURA E DE INTERPRETAÇÃO TEXTUAL ..........163
TÓPICO 1 – O LETRAMENTO NA ERA DIGITAL .......................................................................165
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................165
2 A LEITURA DIGITAL: UMA INTERPRETAÇÃO TEXTUAL DIFERENCIADA ..................167
2.1 CONCEITO DE LETRAMENTO(S) ............................................................................................172
2.2.1 Novos modos de alfabetizar letrando ................................................................................178
2.2 TECNOLOGIAS DE ESCRITA E DE LETRAMENTO DIGITAL ............................................179
3 O SER HUMANO EM TRANSFORMAÇÃO ................................................................................183
3.1 CIBERCULTURA: UM UNIVERSO PEDAGÓGICO ................................................................186
3.2 AS NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO: MOVIMENTOS E UTILIZAÇÃO ...........188
3.2.1 A inserção dos aparatos tecnológicos na sala de aula .....................................................190
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................192
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................193
TÓPICO 2 – A HIPERTEXTUALIDADE ...........................................................................................195
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................195
2 O HIPERTEXTO E A MULTIPLICIDADE DE DEFINIÇÕES ....................................................196
2.1 O ENSINO E APRENDIZAGEM REINVENTADOS: A MÍDIA NA EDUCAÇÃO .............198
2.2 HIPERTEXTUALIDADE VERSUS INTERTEXTUALIDADE .................................................200
3 OS GÊNEROS DIGITAIS .................................................................................................................200
3.1 OS LINKS ELETRÔNICOS NOS GÊNEROS TEXTUAIS ........................................................204
3.1.2 O internetês ............................................................................................................................205
4 A LEITURA E A ESCRITA POR MEIO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO ..........208
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................211
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................214
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................215
TÓPICO 3 – A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL NA ERA DIGITAL .............................................218
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................218
2 OS TEXTOS VIRTUAIS E A SALA DE AULA .............................................................................218
2.1 ELEMENTOS DA INTERPRETAÇÃO .......................................................................................220
2.2 O DISCURSO ELETRÔNICO .......................................................................................................221
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................223
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................224
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................225
X
1
UNIDADE 1
APLICAÇÕES DA ORALIDADE E DA 
ESCRITA: A ARGUMENTAÇÃO
E O RACIOCÍNIO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade você será capaz de:
• conhecer o uso e o funcionamento da língua, bem como os fenômenos 
comunicacionais que a permeiam;
• analisar os benefícios de uma boa oratória e aprender a bem utilizá-la;
• compreender a estrutura e a formação de um texto, assim como o uso das 
palavras.
Esta unidade de ensino contém três tópicos. No final de cada um deles você 
encontrará atividades que contribuirão para a apropriação dos conteúdos.
TÓPICO 1 – LÍNGUA E FENÔMENOS COMUNICACIONAIS
TÓPICO 2 – ORATÓRIA E RETÓRICA: O USO DAS PALAVRAS
TÓPICO 3 – O TEXTO E A COMBINAÇÃO DAS PALAVRAS
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
LÍNGUA E FENÔMENOS COMUNICACIONAIS
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Iniciaremos, a partir de agora, uma longa caminhada. 
Juntos percorreremos novos caminhos, por meio dos quais buscaremos observar as 
melhores paisagens e abstrair delas o que há de mais relevante acerca do universo 
da linguagem. Especificamente nesta unidade trabalharemos questões relacionadas 
à argumentação e ao raciocínio e sua aplicabilidade na produção textual e oral. 
Iniciaremos o Tópico 1 apresentando a você um pouco sobre a língua e 
seus fenômenos comunicacionais. Para dar início à nossa caminhada, semearemos 
algumas perguntas, que germinarão e poderão ser colhidas ao longo do trajeto: por 
que a língua é vista como uma ciência e como manifestação social? Qual a relação 
entre o autor e o leitor de um texto? Como se cria a história a partir da palavra? 
Estes são apenas alguns dos questionamentos que serão fomentados no 
decorrer do Livro Didático. Lembre-se: aqui você não encontrará respostas, apenas 
aprenderá a refletir sobre suas perguntas, buscando você mesmo a resolução para 
elas. A pesquisa é de fundamental importância para que você possa aprofundar 
seus conhecimentos acerca dos temas aqui abordados.
No tópico que segue abordaremos a língua e seu contexto de uso, 
iniciando a partir do estudo da língua como ciência, quem foram os primeiros 
pesquisadores a introduzir estes estudos e, em seguida, trataremos a questão da 
língua como manifestação social.
Ao longo do Livro Didático você verá que há diferença de nomenclatura 
quando nos referimos a quem produz e a quem lê ou ouve o texto. Você verá que, em 
alguns momentos, eles são chamados de interlocutores e, em outros, de emissor e receptor. 
A nomenclatura variará de acordo com a perspectiva teórica.
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 | APLICAÇÕES DA ORALIDADE E DA ESCRITA: A ARGUMENTAÇÃO E O RACIOCÍNIO
4
2 O ESTUDO DA LÍNGUA COMO CIÊNCIA
Mesmo sendo considerada também um fator social, conforme veremos 
adiante, a língua é objeto de estudo da ciência. Você já ouviu falar em Linguística? 
Se ainda não ouviu, em algum momento da sua vida acadêmica, no curso de 
Letras, você já deve ter ouvido falarem Saussure. Esse pesquisador é considerado 
o pai da linguística, ou seja, a partir das pesquisas desencadeadas por ele, os 
estudos acerca de língua e linguagem deram um grande salto.
A linguística é a ciência que estuda a linguagem.
NOTA
Ferdinand de Saussure foi um linguista de renome. Nascido em Genebra (Suíça), 
em 26 de novembro de 1857 e falecido em Morges em 22 de fevereiro de 1913. Suas pesquisas 
deram origem à linguística, ciência que tem como objeto de estudo a língua e seus fenômenos.
UNI
Saussure, de acordo com Rodrigues (2008), baseou-se no pensamento 
positivista, que definiu que o objeto possui caráter elementar para o 
desenvolvimento de qualquer ciência. A partir desta ideia, Saussure percebeu um 
problema, pois, nas ciências, o objeto de estudo é percebido facilmente, é visível. 
Contudo, para estudar a linguagem, o objeto é de teor abstrato. A partir desta 
problemática, Saussure fez longos estudos com a intenção de definir um objeto 
que possibilitasse o estudo desses fatores para, então, encontrar e isolar o objeto. 
Definir um objeto de estudo é um procedimento complexo e implica 
vencer inúmeros desafios. Saussure, quando em desenvolvimento de seus 
estudos, afirmou que a linguagem tem um lado individual e um lado social. O 
linguista afirma que: 
[...] qualquer que seja o lado por que se aborda a questão, em nenhuma 
parte se nos oferece integral o objeto da Linguística. Sempre encontraremos 
o dilema: ou nos aplicamos a um lado apenas de cada problema e nos 
arriscamos a não perceber as dualidades assinaladas acima, ou, se 
estudarmos a linguagem sob vários aspectos ao mesmo tempo, o objeto 
da Linguística nos aparecerá como um aglomerado confuso de coisas 
heteróclitas, sem liame entre si (SAUSSURE, 2006, p. 16).
TÓPICO 1 | LÍNGUA E FENÔMENOS COMUNICACIONAIS
5
Incontáveis foram as suas contribuições para a linguística. Mesmo 
diante de tantos desafios, ele conseguiu atingir seu objetivo. A partir de então, 
após conseguir distinguir o objeto “língua”, Saussure passou a pesquisar muito 
acerca da linguagem, desenvolvendo, assim, a linguística, que está em constante 
evolução nos dias de hoje. 
Todo o conhecimento desenvolvido sobre a linguagem produzido no 
século XX surgiu a partir do Curso de Linguística Geral (no original, Cours de 
Linguistique Générale), escrito pelos discípulos de Ferdinand de Saussure, em 
1916. Esta obra possui como cerne os conceitos básicos para a Linguística. Para 
Rodrigues (2008, p. 8), esta obra
[...] isola, ou distingue esse objeto dos demais fatos da linguagem. 
Caracteriza linguagem em oposição à língua. Caracteriza a língua em 
oposição à fala, à escrita e a outros códigos de linguagem. Ademais, 
ao estabelecer toda essa abstração teórica, suscita um método capaz 
de imprimir rigor aos estudos linguísticos, até então orientados 
pela subjetividade ou pela inadequação do método empregado nas 
ciências naturais, a saber, um método adequado aos estudos sociais, o 
estruturalismo (RODRIGUES, 2008, p. 8). 
A partir desta obra foram lançadas as bases que caracterizaram os estudos 
da língua como ciência. Estes conceitos iniciais alavancaram os estudos relacionados 
à língua de tal forma que, a cada ano, mais pesquisadores surgem, e esta ciência 
cresce continuamente em pesquisas e descobertas. Surgiram novas ramificações da 
Linguística, dentre elas a Psicolinguística, a Sociolinguística e a Neurolinguística. 
Saussure dedicou praticamente toda a sua vida de pesquisador para produzir 
uma teoria que pudesse dar aos estudos sobre a linguagem uma metodologia capaz 
de proporcionar rigor suficiente, para que eles fossem considerados ciência. Para 
tanto, delimitar o objeto dessa ciência é fundamental (RODRIGUES, 2008).
2.1 A LÍNGUA E O SEU CONTEXTO DE USO
Antes de iniciarmos nossa discussão acerca da língua e seu contexto de 
uso, gostaríamos de fazer uma pequena abordagem acerca da diferença entre 
língua e linguagem, cujos significados, apesar de parecidos, não são iguais. 
Para facilitar nossa explicação, buscamos apoio no Grande Dicionário Houaiss 
da Língua Portuguesa (HOUAISS, 2001). Segundo ele, a língua é o idioma 
nacional, o conjunto de palavras e regras que são utilizadas por uma comunidade 
linguística como principal meio de comunicação e expressão, seja ela falada ou 
escrita. Já a linguagem está definida como uma capacidade de expressão, um 
meio sistemático de expressão de ideias ou sentimentos com o uso de marcas, 
sinais ou gestos convencionados. 
UNIDADE 1 | APLICAÇÕES DA ORALIDADE E DA ESCRITA: A ARGUMENTAÇÃO E O RACIOCÍNIO
6
A partir de tal explicação, podemos afirmar que tanto a língua quanto 
a linguagem são fenômenos humanos intrinsecamente relacionados a práticas 
sociais. A linguagem utiliza a língua como uma de suas formas de expressão, 
portanto, cabe àquele que fala delimitar o objetivo da sua comunicação ao público-
alvo. A língua é, portanto, adaptável ao seu contexto de uso. 
De acordo com Bakhtin (1997), a linguagem considera o discurso uma 
prática social e uma forma de interação. De acordo com o autor, o contexto de 
produção textual, a relação interpessoal, as diferentes situações de comunicação, 
os gêneros, a interpretação e a intenção de quem o produz são peças fundamentais. 
A linguagem é, portanto, a capacidade que o ser humano possui para 
comunicar-se com outros seres humanos. A linguagem pode estabelecer-se de forma 
verbal, por meio da palavra escrita ou falada, ou não verbal, por meio de imagens, 
gestos, sons, sinais luminosos, expressões faciais ou corporais, notas musicais etc. 
O uso da linguagem, seja ela verbal ou não, sempre terá um objetivo 
específico, por exemplo: posso comunicar-me para pedir um favor, fazer um 
alerta, apenas para lazer, a negócios, para discutir determinado assunto, para 
reclamar de algo que incomoda, para elogiar, para interagir. Inúmeros são os 
objetivos da linguagem.
FIGURA 1 - DIFERENTES CONTEXTOS DE FALA 
FONTE: Adaptado de: <http://queconceito.com.br/wp-content/uploads/2015/06/Recursos-
Humanos-400x267.jpg>. Acesso em: 27 fev. 2016.
DICAS
A obra “Conversas com Linguistas” traz definições de língua e linguagem na 
perspectiva de vários estudiosos. Que tal dar uma olhada? 
FONTE: XAVIER, Antonio Carlos; CORTEZ, Suzana (Orgs). Conversas com linguistas. São 
Paulo: Parábola Editorial, 2003.
TÓPICO 1 | LÍNGUA E FENÔMENOS COMUNICACIONAIS
7
De acordo com o objetivo da elocução e para quem ela é destinada, o 
interlocutor, automaticamente, adaptará a fala ao que chamamos de contexto 
de uso, ou seja, a fala adapta-se ao momento, à situação e às pessoas que estão 
envolvidas na conversa naquele determinado momento. Uma conversa entre 
amigos será diferente da forma como as mesmas pessoas envolvidas se dirigem ao 
seu chefe, a um padre, a uma pessoa mais idosa, aos seus filhos, e assim por diante. 
Observe:
Fala 1. Me dá um pedaço de papel pra eu escrever?
Fala 2. Julia, você poderia, por gentileza, alcançar-me o papel para que 
eu possa fazer uma anotação?
Ambas as falas abordam o mesmo pedido, porém, claramente se percebe 
que, na Fala 1, há intimidade entre os interlocutores. Pode ser um amigo, a mãe, o 
irmão. Já na Fala 2 há uma situação de maior formalidade ao pedir exatamente a 
mesma coisa. Esta fala pode ter sido dirigida a uma secretária, a algum desconhecido, 
ao chefe, ou a alguém com o qual o falante não tenha tanta intimidade.
Assim, pode-se concluir que o contexto de uso da língua varia de acordo 
com inúmeros fatores: quem fala, o que fala (objetivo) e a quem fala. Também 
o contexto no qual os interlocutores estão inseridos influencia na forma como a 
mensagem é transmitida. Portanto, não se pode afirmar que a fala é homogênea. 
Um mesmo sujeito pode transmitir a mesma mensagem de formas diferentes, de 
acordo com a situação na qual está inserido. 
2.2 A LÍNGUA COMO MANIFESTAÇÃO SOCIAL
Conforme já vimos na sessão anterior, o objeto de estudo da Linguística 
é a língua. De que forma ela é vista como manifestaçãosocial? De acordo com 
Saussure (2006), a língua só é criada em vista do discurso. Assim, Saussure não 
estudava a linguagem somente a partir do seu lado científico, mas também a 
partir da sua manifestação social: a fala.
A dupla essência da linguagem (língua e fala) é também retratada nos 
estudos de Saussure (2006), que afirma que o estudo da linguagem comporta 
duas faces: a que tem por objeto de estudo a língua em seu aspecto social e 
independente do indivíduo (estudo psíquico) e a que tem por objeto a parte 
individual da linguagem, ou seja, a fala, incluindo a fonação (estudo psicofísico). 
Saussure (2006) apresenta em seus estudos a língua como fator social, 
produto da coletividade, descartando, assim, toda a possibilidade de que a língua 
pudesse ser uma descrição de mundo. A língua, de acordo com o autor, estabelece 
valores por meio da convenção social e é vista, portanto, como um sistema de 
valores, cujos pontos de partida são os valores e os sons. 
UNIDADE 1 | APLICAÇÕES DA ORALIDADE E DA ESCRITA: A ARGUMENTAÇÃO E O RACIOCÍNIO
8
2.3 A CAPACIDADE DE ARGUMENTAÇÃO
A partir de agora estudaremos alguns conceitos básicos sobre a 
argumentação e de que modo podemos desenvolvê-la. A argumentação é, 
certamente, uma das habilidades mais difíceis de aprimorar. Ela é uma ferramenta 
importante para a aquisição e produção de conhecimento, pois, de acordo com 
Costa (2008), a teoria cognitiva atualmente permite dizer que a aprendizagem 
é um processo de construção de conhecimento, e a argumentação colabora 
significativamente para este processo. 
A produção científica é um processo, portanto, de construção, que implica 
a formulação de teorias que explicam diferentes fenômenos. Estas teorias sempre 
são postas à prova, abertas à argumentação e, se não forem coerentes, podem ser 
refutadas pelos pesquisadores. Deste modo, podemos afirmar que a ciência não 
se faz a partir de um acúmulo de fatos e ideias imutáveis, mas sim, que se forma a 
partir da discussão, da argumentação e do confronto de hipóteses (COSTA, 2008). 
Como construímos, então, o conhecimento? Lendo, inferindo e 
argumentando. Não conseguimos estudar e aprender sozinhos, sempre estamos 
em uma espécie de troca com nossos pares, sejam estes pares o professor, um 
colega de sala de aula, um tutor, um familiar ou mesmo o autor da obra que 
estamos estudando. A argumentação só se desenvolve praticando. O discurso 
científico é argumentativo, portanto, caberá a nós, professores, buscar desenvolver 
em nossos alunos o hábito de argumentar. Kuhn (apud COSTA, 2008) afirma que 
para a maioria das pessoas, a argumentação eficaz não surge naturalmente, mas é 
adquirida por meio da prática. De acordo com Costa (2008, p. 3), a argumentação é 
uma atividade “social, intelectual, verbal e não verbal, utilizada para justificar ou 
refutar uma opinião; engloba um conjunto específico de declarações dirigido para 
obter a aprovação de um ponto de vista particular por um ou mais interlocutores”. 
De qualquer forma, para não ser um estudante que apenas recebe o 
conteúdo e aceita-o sem questionar, para ter argumentos para refutar tal conteúdo 
é necessário praticar a argumentação, analisar as propostas e inferir sobre o 
texto. Uma das maiores dificuldades encontradas com o advento da tecnologia é 
justamente este: saber diferenciar qual é a informação válida e qual é a informação 
inverídica ou duvidosa. 
Grande é o leque de atividades que podem ser desenvolvidas com nossos 
alunos para que possam aprimorar a argumentação. Geralmente, aquelas que 
procuram solucionar problemas por meio de debate e de investigação são as que 
mais chamam a atenção dos alunos. Propor um problema ou um desafio e pedir 
aos alunos para que tentem resolvê-lo, refutando ou aceitando determinadas 
possibilidades, instiga neles a curiosidade e faz com que raciocinem. 
TÓPICO 1 | LÍNGUA E FENÔMENOS COMUNICACIONAIS
9
Argumentar cientificamente, conforme Costa (2008), consiste em propor, 
criticar, avaliar e sustentar ideias. A partir desse exercício, fazemos com que os 
estudantes sejam capazes não somente de constatar os fatos aos quais são expostos, 
mas também de justificar suas ideias, por que estão aceitando ou refutando 
determinado fato, mesmo diante de um possível confronto com pessoas que 
tenham ideias contrárias. 
Quer aperfeiçoar sua capacidade de argumentar? A seguir, listaremos 
algumas dicas para desenvolver uma boa argumentação. Estas dicas foram 
desenvolvidas a partir dos critérios utilizados pelo Modelo de Toulmin, 
desenvolvido em 1958. Este modelo é um instrumento que serve como parâmetro 
para compreendermos qual é a função da argumentação na construção do 
conhecimento (TOULMIN, 2001). 
• O argumento só será coerente se a pessoa conhecer muito bem sobre o que está 
falando. 
• Para que o seu raciocínio esteja correto, apresente no início do seu discurso, 
seja ele oral ou escrito, o assunto do qual falará. Evite as contradições. 
• Amarre as ideias, ou seja, faça o seu ouvinte ou leitor antecipar a conclusão. 
Assim, será mais fácil de ele concordar com o que está sendo dito/escrito. 
• Examine o que está em discussão e elimine as ideias que não sejam reais. 
• Seja persuasivo, induza o seu leitor ou ouvinte a aceitar a ideia. Não seja 
insistente, mas seja certeiro. 
• Tome cuidado com o conceito de verdade. A verdade é diferente da opinião, do 
ponto de vista ou experiências pessoais. 
• Não insista em convencer o ouvinte ou leitor de que sua opinião está 
absolutamente correta, porém, esteja seguro do que está falando e mostre que 
conhece o assunto que está abordando. 
• Use a argumentação como um processo discursivo, ou seja, disponha o 
assunto metodicamente, de forma que as ideias influenciem o raciocínio de 
quem lê ou ouve. 
O desenvolvimento da argumentação não acontece igualmente com todos 
os alunos na sala de aula (ou fora dela). Ele se desenrola de acordo com o interesse 
e com o contexto no qual o estudante está inserido. Ensinar a argumentação é, de 
fato, uma tarefa árdua, haja vista a importância de melhorar o desempenho dos 
alunos, especialmente quando se trata da argumentação oral.
UNIDADE 1 | APLICAÇÕES DA ORALIDADE E DA ESCRITA: A ARGUMENTAÇÃO E O RACIOCÍNIO
10
3 O PROCESSO DE APROPRIAÇÃO DA ESCRITA
Agora que já trabalhamos a questão da argumentação, nossa conversa 
será direcionada ao processo de apropriação da escrita. Sabemos que, desde cedo, 
a criança é exposta ao mundo das letras. Mesmo ainda não sendo alfabetizada, 
ela já compreende que a leitura proporciona lazer e auxilia na aquisição do 
conhecimento. A leitura deve ser encarada como um ato prazeroso e a criança deve 
ser instigada desde cedo a ler. Em consequência da leitura, vem a escrita (embora 
nem sempre nesta ordem, pois muitas crianças aprendem antes a escrever, depois 
a ler), que é o foco desta sessão.
Apropriar-se da linguagem escrita é um processo investigado por 
pesquisadores há muito tempo por conta da sua complexidade. A nós, como 
professores, cabe compreender que somente o processo de alfabetização não é 
suficiente para formar leitores e escritores eficientes. Cabe a nós e a vocês, futuros 
professores, auxiliar nossos alunos a dar sentido ao que leem. 
De acordo com Goulart (2000), quando se trata de alfabetização, o que se 
vê nas escolas tradicionais é que a alfabetização se dá a partir da escolha de um 
método escolhido pelo professor alfabetizador. Segundo Goulart (2000, p. 158), 
“[...] esses métodos são regulados pela escolha de uma unidade linguística básica, 
que pode ser o fonema, a sílaba, a palavra, guiados por um critério de gradação 
de fonemas e de padrão silábico”. 
O ato de escrever torna-se dependente da fala, ou seja, a escrita passa a ser 
vista como uma transcrição da fala, e não um processo separado dela. Deste modo, 
os textos aos quais a criança em processo de alfabetização tem acesso são palavras 
descontextualizadas, cuja troca de fonemas forma novas palavras e assim por diante. 
Este tipode método pode criar um ambiente de alfabetização desconectado 
da realidade da criança. Os textos que a criança utiliza na sua vida social por vezes 
acabam sendo diferentes do que é ensinado na escola, o que faz com que a criança 
se desinteresse pela prática de ler/escrever. Para descontrair, leia a tirinha de Calvin: 
FIGURA 2 - TIRINHA 
FONTE: <http://escreverbem.com.br/wp-content/uploads/2013/10/calvin_red.jpg>.
Acesso em: 2 mar. 2016.
TÓPICO 1 | LÍNGUA E FENÔMENOS COMUNICACIONAIS
11
A partir da leitura da tira de Calvin, podemos inferir que a escrita 
envolve muito mais do que apenas codificar símbolos e combiná-los, mas sim, 
que é necessário organizar os pensamentos e compreender qual é o real objetivo 
da escrita. De acordo com Goulart (2000), o processo de alfabetização deveria 
garantir que a criança aprendesse de maneira a compreender o que lê e escreve, 
tornando-a, assim, usuária da linguagem escrita, não apenas decodificadora de 
sons. Este processo é uma prática que vem com o tempo. 
Para Vygotsky (1988), o aprendizado da linguagem escrita representa um 
considerável salto no desenvolvimento do ser humano. O autor faz ferrenhas 
críticas aos posicionamentos da Pedagogia e da Psicologia que veem a leitura 
apenas como processo que desenvolve a habilidade motora. Para ele, alguns 
métodos apenas ensinam as crianças a traçar letras e com elas formar palavras, 
mas não as ensina efetivamente a serem usuárias da linguagem escrita. 
A linguagem escrita é um processo que vai além do mecanismo de produzir 
palavras e frases. Para Vygotsky (1988, p. 143), aprender a escrever começa “[...] 
muito antes da primeira vez que o professor coloca um lápis na mão da criança 
e mostra como formar letras”. A linguagem escrita trata-se de um sistema de 
signos, dos quais o brinquedo, o desenho e o gesto fazem parte.
Para Vygotsky (1988), o desenho já é considerado uma forma de escrever. A 
criança só começa a desenhar quando a linguagem falada já evoluiu bastante. Os desenhos 
têm por base a linguagem verbal da criança. Lembre-se: o desenho é o primeiro estágio 
escrito da criança, que se tornará mais tarde a escrita alfabética.
UNI
Apropriar-se da escrita não significa somente saber escrever, juntar 
símbolos e formar frases. A apropriação da escrita é uma questão de treino e 
de exaustiva prática leitora. Somente aprendemos a escrever bem quando nos 
tornamos leitores assíduos.
3.1 O USO DO TEXTO PARA A APROPRIAÇÃO DA ESCRITA
Um dos métodos mais eficazes para se tornar um bom escritor é ser um 
leitor assíduo. No Brasil, a leitura é uma prática apreciada por poucos. De acordo 
com Allencastro (2012), pesquisas indicam que apenas 4,7 livros por ano são lidos 
pelos brasileiros, sendo que, desses, 3,4 são obrigatórios. Observe a tira a seguir:
UNIDADE 1 | APLICAÇÕES DA ORALIDADE E DA ESCRITA: A ARGUMENTAÇÃO E O RACIOCÍNIO
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FIGURA 3 - CHARLIE BROWN E A LEITURA
FONTE: <http://i44.photobucket.com/albums/f29/tiras_snoopy/peanuts130.jpg>.
Acesso em: 4 mar. 2016.
A leitura é, infelizmente, vista por algumas pessoas como secundária. 
Embora não se saiba exatamente o motivo, pode-se inferir que, hoje, com o advento 
da tecnologia, há métodos mais rápidos de se adquirir informação do que pela 
leitura. É o caso da ilustração vista na tira de Charlie Brown: assistir a um programa 
de televisão parece ao personagem muito mais atraente do que escrever. 
Cabe ressaltar que a leitura é um método eficiente para adquirirmos um bom 
vocabulário, pois estamos em contato direto com a norma culta da língua e com um 
linguajar nem sempre comum. Ler e escrever textos auxilia muito na hora de escrever, 
contribuindo para que nossa produção seja coerente ao objetivo que se propõe. 
É necessário que a leitura, desde cedo, seja estimulada para que, mais 
tarde, o processo de escrita ocorra de forma natural e sem ser forçado, pois este 
caracteriza-se por certa individualidade, já que, em certos casos, o leitor envolve-
se mais com alguns tipos específicos de leitura. Na escola, o papel do professor 
é orientar o aluno a descobrir o tipo de leitura com o qual mais se identifica e 
quebrar a imagem de que ela é maçante e cansativa.
Um dos discursos mais ouvidos com relação à leitura em ambientes 
escolares é “eu não gosto de ler” ou “li Machado de Assis porque fui obrigado na 
escola”. Parte das leituras escolares ainda é (infelizmente) imposta pelo professor 
com o intuito de avaliar o aluno. Analise: tudo o que possui caráter avaliativo 
causa certa tensão, não é mesmo? Como querer que o aluno aprecie uma leitura 
se ela é imposta, e não estimulada?
É evidente o fato de que um dos papéis da escola é proporcionar ao aluno 
condições para produzir um bom texto escrito, afinal, a maior parte dos processos 
seletivos avalia a partir da produção escrita, porém, este objetivo só é alcançado 
com muita prática. Escrever bem não é tão fácil quanto parece ser e simplesmente 
seguir as regras que dizem que você deve ser claro ou escrever frases coesas e 
coerentes não o leva a ser um bom escritor de fato. 
Apropriar-se da escrita, como o título desta sessão sugere, vai além de 
simplesmente escrever, mas ousamos dizer aqui que só se aprende a escrever 
escrevendo. Saber aonde se quer chegar também é um caminho para que a escrita 
tome seus rumos. Saber qual a finalidade da sua escrita e a quem o texto se 
destinará é um bom começo para uma excelente produção. 
TÓPICO 1 | LÍNGUA E FENÔMENOS COMUNICACIONAIS
13
Outro método que auxilia na produção de bons textos é a prática de 
reescrever. Você já ouviu alguém dizer que deixou seu texto na gaveta? Isso 
significa que o que é escrito precisa ser revisto sempre. Mais uma vez, ressaltamos a 
importância de ler. Se você pretende escrever um texto sobre determinado assunto, 
leia, pesquise, junte dados para que o processo de escrita seja feito com propriedade.
DICAS
O filme “O Substituto”, de 2011, aborda questões referentes à importância da leitura 
em sala de aula. Henry Barthes (Adrien Brody) é um professor de Ensino Médio que, apesar de 
ter o dom nato para se comunicar com os jovens, só dá aulas como substituto, para não criar 
vínculos com ninguém. Contudo, quando ele é chamado para lecionar em uma escola pública, 
encontra-se em meio a professores desmotivados e adolescentes violentos e desencantados 
com a vida, que só querem encontrar um apoio para substituir seus pais negligentes ou ausentes. 
Sofrendo uma crise familiar, Henry verá três mulheres entrando em sua vida e vai começar a 
perceber como ele pode fazer a diferença, mesmo que isso tenha um alto custo.
Que tal assistir a um trecho? Acesse o endereço a seguir: <https://www.youtube.com/
watch?v=y9Zzd2sCUgk>.
Leia o texto a seguir e desenvolva três argumentos posicionando-se a 
favor do tema e três argumentos posicionando-se contra:
“A mídia é constituída pela indústria de comunicação e os profissionais que 
estão interligados a ela. Na maioria das vezes, essa associação é feita entre os 
canais de comunicação mais tradicionais, como emissoras de televisão e de 
rádio, revistas e jornais. Entretanto, ela abrange também as mídias exteriores 
(outdoor, mobiliários urbanos e frontlights), mídias on-line (banners em portais 
e post patrocinados) e o no media, que é formado pelas mídias alternativas, nas 
quais os anunciantes optam por divulgar sua marca de modo ímpar.
Com carácter cultural, de entretenimento e muitas vezes comercial, a mídia tem 
uma importância fundamental perante a sociedade, pois é por intermédio dos 
meios de comunicação e dos profissionais evolvidos que ocorre a disseminação 
de informação e a formação de opinião por meio da abordagem e do meio 
utilizado. A mídia, quando bem trabalhada, torna-se um meio de comunicação 
de impacto positivo e é por isso que há uma grande preocupação em se ter 
profissionais altamente qualificados para lidar com essa ferramenta”.
FONTE: AFINAL, o que é a mídia e para que ela serve? [s.l., s.n.], 2013. <http://nancyassad.com.
br/afinal-o-que-e-a-midia-e-para-o-que-ela-serve>.Acesso em: 9 jun. 2016.
AUTOATIVIDADE
UNIDADE 1 | APLICAÇÕES DA ORALIDADE E DA ESCRITA: A ARGUMENTAÇÃO E O RACIOCÍNIO
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3.1.1 Relação autor/leitor
Conforme estudamos anteriormente, para escrever bem é necessário 
também ler muito. Ler bons textos. Escrever também é uma forma de estabelecer 
vínculos. A partir do momento em que o leitor abre um livro para leitura, seja ela 
para deleite, para estudar ou para ter alguma informação que necessita, é criado 
um vínculo entre ele e o autor da obra. O texto, por mais completo que possa 
parecer, possui seus vazios, que acabam sendo preenchidos pelo leitor com as 
mais diversas significações. O leitor, a partir deste momento, apropria-se de um 
texto que foi escrito por alguém e estabelece uma conexão com o que está sendo 
lido e automaticamente entra em um “diálogo virtual” com o autor do texto, pois 
concordará, discordará e inferirá sobre o texto produzido por ele. 
Aqui está um bom motivo para afirmarmos, mais uma vez, que a leitura é 
uma ótima estratégia para aprimorar a comunicação, pois, mesmo sem estarmos 
em contato direto com o autor, podemos “conversar” com ele. No mundo 
tecnológico que hoje nos cerca, é cada vez mais difícil encontrar pessoas que 
se atenham à leitura de livros impressos, porém, o livro ainda não perdeu seu 
status perante a formação da intelectualidade. O hábito de ler também traz boas 
oportunidades de crescer profissionalmente. O contato precoce com a leitura e o 
fato de adquiri-la como um hábito contribui para que a pessoa seja bem-sucedida.
Ao autor cabe a responsabilidade de escrever um texto bom o suficiente 
para prender a atenção do leitor. É muito comum ver pessoas que começam a ler 
um livro e o abandonam na metade do caminho por não se sentirem atraídas pela 
leitura. Escrever textos curtos (como fábulas, crônicas e notícias, por exemplo) 
é diferente de escrever textos extensos (como romances, contos e novelas, por 
exemplo), mas a técnica é basicamente a mesma.
FIGURA 4 - FRANGOS DA LITERATURA 
FONTE: <http://www.ahmlk.org/wp-content/uploads/2014/06/Tirinhas-da-Mafalda-literatura.jpg>. 
Acesso em: 8 mar. 2016.
TÓPICO 1 | LÍNGUA E FENÔMENOS COMUNICACIONAIS
15
Assim como a tira de Mafalda nos sugere, a leitura encanta pelos seus 
mistérios, pelas descobertas que são feitas a partir dela. Seja para retirar alguma 
informação ou apenas para deleite, a inovação é essencial para que o leitor se 
mantenha atento à leitura, pois o previsível cansa. Cabe ao autor o papel de encantar 
a partir das palavras e, assim, conseguir manter o diálogo com seu leitor até o fim. 
Partiremos agora para o estudo da variação linguística, que é um dos 
fatores-chave para que possamos compreender o funcionamento da nossa língua. 
Assim como o estudo da relação do leitor e da leitura, que fazem parte dos estudos 
textuais da língua, o tema a seguir também traz inúmeras contribuições para que 
possamos aperfeiçoar nossos conhecimentos.
3.2 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Acadêmico, você sabe o que é variação linguística? Para iniciar a nossa 
conversa sobre esta temática, observe a seguinte imagem:
FIGURA 5 – VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
FONTE: <https://diferencialenem.files.wordpress.com/2014/07/diferenc3a7a-regional.
png?w=368&h=300>. Acesso em: 3 mar. 2016. 
Na imagem, observamos dois personagens que travam um diálogo. Um 
representa um morador do Sul do país e outro do Nordeste. Além do humor 
contido na tira, fica evidente também a diferença no vocabulário utilizado por 
ambos. Esta diferença de vocabulário, apesar de morarmos no mesmo país, é 
muito comum. Este é apenas um dos tipos de variação linguística que veremos a 
partir de agora: a variação diatópica, ou seja, a variação que ocorre de acordo com 
a região do falante. Há também a variação diacrônica, a diastrática e a diamésica. 
UNIDADE 1 | APLICAÇÕES DA ORALIDADE E DA ESCRITA: A ARGUMENTAÇÃO E O RACIOCÍNIO
16
A variação linguística é um fenômeno que ocorre em todas as línguas, 
sem exceção. Seja por causa do passar do tempo (variação diacrônica), da região 
na qual se vive (variação diatópica), pela convivência com determinados grupos 
sociais (variação diastrática) ou pela adaptação que fazemos de acordo com o 
contexto no qual estamos inseridos (variação diamésica), todos nós já passamos 
por momentos de variações linguísticas. 
O dialeto, as gírias, os jargões, os regionalismos e o popular “internetês” também 
são tipos de variações linguísticas, conforme estudaremos adiante.
UNI
Em um único país, e usaremos o Brasil como exemplo, podem ocorrer 
inúmeros tipos de variações linguísticas, conforme já observamos na imagem 
anterior. E você sabe por que isso ocorre? Porque a língua está em constante 
transformação. A língua é mutável. No Nordeste, as pessoas falam de forma 
diferente das pessoas que vivem no Sul, por exemplo, tanto no quesito vocabulário 
quanto nas questões de sotaque. Que interessante, não é mesmo? 
Observe a letra da música “Morena Rosa”, da banda gaúcha Os Serranos:
“Olha o tranco da morena rosa 
rebocada de ruge e batom 
olha o tranco da morena rosa 
rebocada de ruge e batom 
machucando a vaneira 
à sua maneira 
bombeando pro chão 
machucando a vaneira 
à sua maneira 
bombeando pro chão. 
 
Na penumbra do rancho costeiro 
do rancho costeiro 
polvadeira à meia costela 
à meia costela. [...]”
FONTE: FREITAS, T. L. Morena Rosa. <https://www.letras.mus.br/os-serranos/1470449/>. Acesso 
em: 8 ago. 2016.
Nesta letra podemos perceber um linguajar bastante peculiar, específico do 
Estado do Rio Grande do Sul. Há aqui uma boa sugestão de como trabalhar em sala 
de aula com seus alunos a variação linguística: a partir da música. Que tal?
TÓPICO 1 | LÍNGUA E FENÔMENOS COMUNICACIONAIS
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DICAS
Muitas músicas abordam a questão da variação linguística: Samba do 
Arnesto, de Adoniran Barbosa; Love Song, de Legião Urbana; Chopis Centis, dos Mamonas 
Assassinas; Documento de Matuto, de Luiz Gonzaga, e muitas outras. Pesquise e torne 
suas aulas mais interessantes.
Estas diferentes formas de variação linguística não devem ser consideradas 
erros, mas sim, formas diferentes de falar. De acordo com Bagno (2007, p. 40),
O preconceito linguístico se baseia na crença de que só existe [...] uma 
única língua portuguesa digna deste nome e que seria a língua ensinada 
nas escolas, explicada nas gramáticas e catalogada nos dicionários. 
Qualquer manifestação linguística que escape desse triângulo escola-
gramática-dicionário é considerada, sob a ótica do preconceito 
linguístico, “errada, feia, estropiada, rudimentar, deficiente”, e não é 
raro a gente ouvir que “isso não é português”. 
Portanto, quando tratamos as variações como erros, caímos no preconceito 
linguístico, o que faz com que a língua seja vista como um qualificador, ou seja, 
quem fala o português “correto” possui mais status do que quem não o fala. 
Contudo, as variações ocorrem porque vivemos em uma sociedade complexa, na 
qual inúmeros grupos sociais vivem. 
Na escrita também ocorrem as variações linguísticas. Elas podem acontecer 
devido a inúmeros fatores, que incluem os objetivos do autor, para que público 
o texto se destina, qual sua intenção de uso, a que região será destinado, enfim. 
O gênero textual, que estudaremos mais adiante, é o que determinará a variante 
linguística mais adequada a ser usada em determinado momento. 
Em hipótese alguma podemos afirmar que alguma pessoa não sabe 
falar português. Bagno (2007, p. 19) afirma que “[...] todo falante nativo de uma 
língua sabe essa língua. Saber uma língua, no sentido científico do verbo saber, 
significa conhecer intuitivamente e empregar com naturalidade as regras básicas 
de funcionamento dela”. Assim, apesar de muitas das variações que ocorrem 
no Brasil não serem consideradas de prestígio por muitos, não devemos fazer 
com que a língua seja um mecanismo de segregação social nem contribuir para o 
preconceito linguístico.
3.2.1 Gírias
Conforme vimos nas sessões anteriores, a variação diastrática é aquela que 
ocorrea partir do convívio com determinados grupos sociais. Esse convívio acaba 
criando formas de linguagem específicas para estes grupos. Há, basicamente, dois tipos 
de variações popularmente conhecidas, e as estudaremos agora: as gírias e os jargões.
UNIDADE 1 | APLICAÇÕES DA ORALIDADE E DA ESCRITA: A ARGUMENTAÇÃO E O RACIOCÍNIO
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Você, em algum momento de sua vida, já deve ter ouvido algum grupo 
específico de pessoas utilizando gírias, correto? A gíria é uma manifestação 
linguística caracterizada justamente por sua natureza específica. Restringe-se a um 
pequeno grupo de falantes que adotam a gíria como sua marca registrada. Por ter 
sido durante muito tempo relacionada a classes sociais de menor prestígio social, 
a gíria sempre foi permeada por grande preconceito linguístico e nunca mereceu 
estudos específicos a seu respeito, o que vem mudando há algum tempo. 
Bagno (2007) observa que o uso da gíria perdeu um pouco sua qualificação 
de desprestigiada. Mesmo sendo criada para ser utilizada por pequenos grupos 
de falantes, a gíria é cada vez mais popular e aparece na língua falada por toda a 
comunidade, independente do seu nível social, econômico, cultural ou faixa etária. 
FIGURA 6 - GÍRIAS 
FONTE: <http://www.estudopratico.com.br/wp-content/uploads/2013/11/linguagem-formal-e-
informal.jpg>. Acesso em: 4 mar. 2016. 
Observando a figura, podemos perceber que não estamos em um mundo 
tão diferente deste, correto? Os alunos cada vez mais utilizam gírias em seu 
vocabulário. Por ser uma marca linguística de grande volatilidade, modifica-se 
muito rapidamente, e nós, professores, nem sempre conseguimos acompanhar 
tais mudanças, flagrando-nos, muitas vezes, como a personagem da tira. 
Diante do que estudamos, afinal, podemos ou não podemos utilizar 
gírias em nosso dia a dia? Bagno (2007, p. 129) nos esclarece essa dúvida: “Falar 
gíria vale? Claro que vale: no lugar certo, no contexto adequado, com as pessoas 
certas”. Portanto, cabe ao falante observar a quem fala, quando fala e onde fala 
e, a partir disso, ter o bom senso de utilizá-la somente em contextos adequados.
TÓPICO 1 | LÍNGUA E FENÔMENOS COMUNICACIONAIS
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3.2.2 Linguagem técnica e/ou jargão
O jargão, assim como a gíria, é um modo de falar utilizado em pequenos 
grupos, estes, diferentemente da gíria, geralmente ligados a alguma profissão 
específica. É a linguagem científica trazida para o cotidiano. Existe o jargão dos 
médicos, dos advogados, dos técnicos em informática, entre outros. 
FIGURA 7 - JARGÕES
FONTE: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/images/sps12_capa3.jpg>.
Acesso em: 8 mar. 2016. 
Assim como a imagem nos sugere, é complicado compreender o jargão 
quando não fazemos parte do grupo que o utiliza. Observe outra situação: 
Imagine que você está em uma loja de produtos de informática e quer adquirir 
um produto. O atendente mostra o que foi pedido e diz:
- A mochila vem com um mouse ótico USB com scrolling de quatro direções 
e conexão Plug&Play.
Certamente, você compreendeu pouco do que ele quis dizer, correto? Isso 
porque o jargão profissional é um discurso de difícil compreensão para quem não 
faz parte do meio onde ele é falado. É claro que, sendo um bom vendedor, este 
atendente compreende que deverá utilizar um linguajar mais simples para que a 
mensagem possa ser compreendida. 
UNIDADE 1 | APLICAÇÕES DA ORALIDADE E DA ESCRITA: A ARGUMENTAÇÃO E O RACIOCÍNIO
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4 MODALIDADES DA LÍNGUA: SUAS PARTICULARIDADES
Agora que você já sabe o que é a variação linguística, vamos estudar um 
pouco sobre as particularidades da linguagem oral e escrita. Conforme nossos 
estudos anteriores, você já deve ter percebido que muito do preconceito linguístico 
ocorre pelo fato de algumas pessoas acreditarem que a fala deve ser igual à 
escrita. Ledo engano! Aqui, abordaremos brevemente sobre as particularidades 
da língua oral e da língua escrita e você compreenderá que, apesar de fazerem 
parte do mesmo idioma, são bem diferentes. 
A escrita, diante da fala, possui uma grande vantagem, que é a possibilidade 
de planejamento. Desta forma, não se pode dizer que a fala “correta” deve ser 
como a escrita, pois muitas são as características da escrita que não podem ser 
contempladas na fala. A escrita necessita de regras, enquanto a fala é mais natural, 
sendo este um dos motivos pelos quais aprendemos a falar antes de escrever. A 
fala é adquirida a partir da imitação do que ouvimos. A escrita não é apenas 
a transcrição fonética do que ouvimos. Requer conhecimentos gramaticais. 
Além disso, a escrita é considerada registro, ou seja, pode permanecer por anos 
inalterada, enquanto a fala possui característica efêmera.
Cabe aqui salientar que a língua falada e a língua escrita apresentam 
algumas características que as diferenciam potencialmente, mas não o suficiente 
para separá-las em segmentos diferentes. Embora façam parte do mesmo idioma, 
a escrita não deve ser vista como uma transcrição da fala, bem como a fala não 
pode ser considerada uma reprodução da escrita. A partir de agora, estudaremos 
mais especificamente as características de cada uma. 
De acordo com Marcuschi (2001), tanto a fala quanto a escrita são vistas 
como práticas sociais. Elas não devem, de acordo com o autor, ser vistas de forma 
dicotômica, mas sim, como parte de um processo que visa à comunicação tanto 
formal quanto informal. Portanto, podemos afirmar que a fala e a escrita são usos 
da língua, sendo que as formas buscam adequar-se ao uso. 
Você sabe o que quer dizer a palavra dicotomia dentro do contexto da língua? 
É a divisão de algum elemento em duas partes. Ferdinand de Saussure estudou, no contexto 
da língua, quatro dicotomias: sincronia e diacronia, língua e fala, significado e significante, 
sintagma e paradigma. 
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TÓPICO 1 | LÍNGUA E FENÔMENOS COMUNICACIONAIS
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Para Marcuschi (2001), cada uma delas possui modalidades discursivas e 
características particulares. As diferentes pesquisas feitas ao longo dos anos costumam 
representar a língua oral e a escrita como completamente diferentes, mas deve-se 
levar em conta que as modalidades analisadas pertencem a diferentes fenômenos 
discursivos, bem como a gêneros diferentes, cujos objetivos são muito variados. 
Você já pensou em comparar, por exemplo, um artigo científico e uma conversa 
entre mãe e filho? É lógico que as diferenças são gritantes, pois as características e os 
objetivos dos textos são os mais diversos possíveis. Marcuschi (2001) propõe, em seus 
estudos, a análise das formas textuais a partir de um contínuo tipológico. 
No contínuo tipológico proposto por Marcuschi (2001), há gêneros orais 
e escritos que se assemelham muito e outros que divergem significativamente. 
Um artigo científico e uma conferência, por exemplo, são gêneros muito 
parecidos, embora um seja escrito e outro oral. Já um bilhete (escrito) difere 
muito de uma conferência (oral). 
Para ilustrar o contínuo tipológico, Marcuschi (2001) desenvolve um gráfico 
esquematizando sua teoria. Ele afirma que a fala é vista como um fenômeno mutável, 
que varia com frequência, já a escrita é vista como um fenômeno estável e pouco variável. 
A noção do contínuo tipológico proposto pelo autor deixa claro que há mais 
semelhanças do que diferenças entre a fala e a escrita. Observe o quadro que segue:
QUADRO 1 - REPRESENTAÇÃO DO CONTÍNUO DOS GÊNEROS TEXTUAIS
NA FALA E NA ESCRITA
FONTE: Marcuschi (2010, p. 41)
UNIDADE 1 | APLICAÇÕES DA ORALIDADE E DA ESCRITA: A ARGUMENTAÇÃO E O RACIOCÍNIO
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4.1 A FALA E OS ACONTECIMENTOS
A fala é um dos contatos mais próximos do ser humano em sociedade. Há, 
na fala, alguns elementos específicos que não ocorrem na escrita. Vamos a eles? 
• Marcadores conversacionais: são os elementos que não fazem parte do 
conteúdo, mas que estão presentes na fala. Exemplo: Bem, eu acho que... 
entende? 
• Marcas de prosódia: significa entonar mais uma sílaba que queremos destacar 
dentro da palavra, ou mesmo uma palavra inteira. Exemplo: Eu não faLEIque 
seria inútil? 
• Repetição de itens: como o nome já diz, ocorre quando o falante repete alguma 
informação. Exemplo: Eu chamei a menina e a menina, ela não veio. 
Além desses elementos, podemos ainda citar os gestos corporais, as 
expressões faciais e a entonação de voz. Os truncamentos, as pausas e as 
hesitações também são comuns em processos de fala. 
O evento de fala ocorre sempre em um tempo e em uma situação social, 
seja ela face a face, por telefone ou pela internet, e é comum em nossa sociedade. 
Embora os meios sejam diferentes, há interatividade em todos, o que caracteriza 
esse evento como um acontecimento. É durante esse acontecimento que ocorre, 
segundo Andrade (2011), a constituição de um fluxo, ou seja, um movimento de 
avanço e recuo, de produção textual organizado.
Ainda de acordo com Andrade (2011, p. 6), a produção de um texto falado 
exige esforços de ambos os participantes da conversa para “alinhar” os objetivos. 
Além disso, são também necessárias habilidades e conhecimentos além da 
gramática, pois o falante deve saber decodificar mensagens isoladas, “dado que as 
atividades conversacionais apresentam propriedades dialógicas que diferem das 
propriedades dos enunciados ou dos textos escritos”. A autora ainda afirma que: 
De fato, para interagir em uma conversação, é preciso que os 
participantes consigam inferir do que se trata o evento e o que 
se espera de cada interlocutor. As características apresentadas 
permitem afirmar que o texto conversacional é criação coletiva, 
pois é produzido não só interacionalmente, mas também de forma 
organizada (ANDRADE, 2011, p. 11). 
Portanto, a fala não é individual. A organização a que nos referimos é, de 
certa forma, imprevisível. Por este motivo, podemos prever sua estrutura, porém, 
não exatamente como ela ocorrerá. Há na fala cortes, retomadas, interrupções e 
desvios de assunto que podem “mudar o rumo” do que era antes planejado para 
determinado evento de fala. Estas ocorrências fazem parte do processo.
A partir deste estudo é possível compreender que as diferenças entre o oral 
e o escrito ocorrem durante a produção deles, ou seja, é necessário observar que é no 
uso que a língua acontece, tanto na escrita quanto na fala. É no uso que as formas de 
produção discursiva se efetivam. Vamos às especificidades de cada uma?
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4.2 O REGISTRO ESCRITO E A CRIAÇÃO DA HISTÓRIA 
DOCUMENTADA
A escrita na nossa sociedade passou a ser vista como um bem indispensável 
para a sociedade, haja vista a sua utilidade. Marcuschi (2001) afirma que a prática 
da escrita passou a ter mais status que a fala, pois representa a educação e a 
civilização das pessoas. Embora a fala possua características que não possam ser 
representadas pela escrita, a escrita também possibilita ações que não podem ser 
efetuadas pela fala. Uma destas ações é o registro.
Você já parou para pensar quantos registros pessoais há sobre você? 
Podemos começar citando a impressão digital, por exemplo, que é um registro 
que possibilita identificar-nos nos mais diferentes tipos de situações. Há também 
o nosso RG (Registro Geral), que é um documento obrigatório a todos os cidadãos 
e que nos identifica perante a lei. O CPF, a Certidão de Nascimento, as fotografias, 
o passaporte, a carteira de habilitação e a carteira de trabalho são apenas mais 
alguns exemplos de registros que contam um pouco da nossa história. 
Além dos registros pessoais, há também os registros documentais e 
históricos, a partir dos quais podemos conhecer, além da nossa história pessoal, 
também a história da nossa sociedade, o que contribui imensuravelmente para 
a constituição da nossa identidade. Graças a esses documentos registrados por 
escrito, podemos compreender fatos ocorridos no passado.
Os documentos históricos dividem-se em: escritos, iconográficos, sonoros, 
orais, materiais e visuais. 
• Escritos e iconográficos: desde crianças, convivemos com muitos documentos que 
trazem informações sobre nós. Essas informações estão em imagens e textos. Podemos 
entender por documentos escritos as cartas, as certidões, textos de jornais e revistas. 
As fotografias, ilustrações, desenhos, obras de arte, gravuras são documentos históricos 
iconográficos. As imagens são importantes fontes de informação para conhecermos não 
só a nossa história, mas a história de toda uma sociedade, um país, uma nação.
• Sonoros: músicas e gravações são documentos que lembram, em algum momento de 
nossas vidas, fatos importantes. Determinadas músicas são perfeitos hinos de expressão 
de liberdade, de democracia, que fizeram parte da história do país, ou, simplesmente, 
lembram épocas importantes.
• Orais: fatos que alguém conta e que ajudam a identificar uma história são considerados 
documentos históricos orais.
• Visuais: os filmes e desenhos animados vistos na televisão ou no cinema são exemplos 
de documentos históricos visuais.
• Materiais: as roupas, os brinquedos, os móveis, os cadernos, livros, automóveis e 
construções são considerados documentos históricos materiais.
FONTE: O QUE são documentos históricos? [s.l.: s.n.], 2014. <http://www.colegioweb.com.
br/historia/documentos-historicos.html>. Acesso em: 11 mar. 2016.
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Do mesmo modo que a fala, o ato de escrever necessita de um objetivo, 
porém, o alcance deste objetivo não cabe somente ao escritor. A compreensão 
do texto pelo leitor não depende somente da semântica, mas também das pistas 
deixadas pelo escritor ao longo do texto. Elas orientam o leitor a encontrar o 
sentido que o escritor pretende que se atribua no ato da leitura. Por este motivo, 
ressaltamos a necessidade de escrever de forma clara, deixando as pistas à mostra 
para que o leitor possa compreender o sentido que o escritor quis dar ao texto. 
4.3 O SER HUMANO E A PRODUÇÃO DE SIGNIFICADOS
A produção de significado é constante na vida do ser humano. Quando 
observamos um anúncio, olhamos para uma fotografia, ouvimos uma canção ou 
jogamos, produzimos significados. Pode-se afirmar que, quando lemos, também 
produzimos significados. A leitura é, de acordo com Lerner (2002), um ato 
concentrado na construção de significado.
A criança, quando começa a ler, passa a compreender que um determinado 
grupo de letras forma palavras e estas, juntas, formam textos que possuem 
diferentes objetivos. Um texto pode ter como finalidade informar, distrair, 
denunciar, anunciar, divertir, orientar e inúmeras outras funções. A cada uma 
delas, a criança atribuirá significados específicos.
Desde o início do processo de aprendizagem da leitura, o objetivo do 
professor deve ser, conforme Lerner (2002), ensinar a criança na construção do 
significado. Para que isso possa ocorrer, é importante ter contato com o mundo 
escrito para poder “senti-lo” e, assim, ir aumentando cada vez mais a competência 
linguística com relação à escrita.
As situações de leitura e de escrita devem ser muito presentes na escola 
e tornar-se rotineiras, para que as crianças possam percebê-las como comuns no 
meio em que vivem. Deixar à disposição das crianças materiais escritos para que 
possam manuseá-los, observar suas figuras e fazer as previsões necessárias para 
a construção de significados são estratégias a serem utilizadas para desenvolver 
nas crianças o hábito.
Lerner (2002) ainda afirma que a produção de texto oral também é uma 
grande alavanca para aprimorar a construção de significados na criança. O desafio, 
segundo a autora, é dar à criança uma situação-problema para que ela possa sugerir 
soluções, uma maneira prática de verificar se a criança está realmente produzindo 
significados. Quanto antes a criança for estimulada a ler produzindo significados, 
antes ela perceberá a importância dos usos sociais da leitura e da escrita.
TÓPICO 1 | LÍNGUA E FENÔMENOS COMUNICACIONAIS
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DICAS
Ser letrado significa ler e compreender o que está sendo lido de formaa conseguir fazer inferências no texto. Estudaremos o conceito de letramento mais 
profundamente na Unidade 3.
5 FENÔMENOS COMUNICACIONAIS: COMUNICAÇÃO 
DE MASSA E COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL
Acadêmico, nesta etapa da Unidade 1 abordaremos dois fenômenos 
comunicacionais de grande relevância para a compreensão da finalidade do texto: 
a comunicação de massa e a comunicação interpessoal. Ambas se complementam, 
conforme veremos adiante, mas, antes de prosseguirmos, vamos estudar o que 
cada um desses tipos de comunicação significa?
Iniciaremos explicando como ocorre a comunicação. Ela envolve três 
elementos básicos: emissor, mensagem e receptor. É a partir deles que a 
comunicação se efetiva. Para compreender o caminho percorrido pela mensagem e 
os processos pelos quais ela passa até chegar ao receptor, observe a figura a seguir:
FIGURA 8 - PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO
FONTE: <http://image.slidesharecdn.com/gestoelideranadepessoas1e2-140917071734-phpapp01/95/
gesto-e-liderana-de-pessoas-aulas-1-e-2-19-638.jpg?cb=1411220532>. Acesso em: 17 mar. 2016.
UNIDADE 1 | APLICAÇÕES DA ORALIDADE E DA ESCRITA: A ARGUMENTAÇÃO E O RACIOCÍNIO
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Nesta imagem, há no topo do gráfico a mensagem, que é codificada pelo 
emissor de acordo com o canal que se deseja utilizar para transmiti-la. Por exemplo, 
se a mensagem for enviada por carta, deverá ser codificada a partir da escrita. Se 
for via telefone, deverá ser codificada pela fala. O receptor é a pessoa que recebe 
a mensagem e a decodifica. A compreensão ou não da mensagem vem através do 
feedback, que é a devolutiva que o emissor recebe da mensagem que enviou.
Fique atento! De acordo com a corrente teórica adotada, a nomenclatura de 
cada um dos elementos da comunicação pode variar. O emissor pode também ser chamado 
de falante e o receptor, de ouvinte. Note também que o processo de comunicação é um 
ciclo que se repete a cada mensagem emitida.
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O ruído é uma interferência que pode ocorrer em qualquer uma das etapas 
da comunicação, por exemplo: pode ocorrer o uso inadequado do vocabulário 
pelo emissor, pode ocorrer uma falha na ligação e o receptor não compreender 
corretamente a mensagem, pode ocorrer ambiguidade e o receptor compreender 
de forma equivocada a mensagem, e inúmeros outros ruídos que possam 
prejudicar a compreensão plena da mensagem.
5.1 A QUESTÃO DA INTERAÇÃO SOCIAL E A 
COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL
Por mais que o ser humano seja independente, em algum momento de sua 
vida ele precisará (sim, ele precisará!) comunicar-se com outro para que possa 
sobreviver. A troca de informações entre as pessoas é uma das necessidades básicas 
de sobrevivência, seja para conseguir alimento, para adquirir conhecimento ou 
simplesmente para socializar suas experiências com o outro. 
Há muitas pessoas que possuem mais facilidade de comunicar-se com 
outras, são as que chamamos de extrovertidas, já outras são mais recatadas e de 
“poucas palavras”. Se a comunicação fosse uma prática fácil, não haveria tantos 
problemas de comunicação entre as pessoas que, muitas vezes, acabam gerando 
sérios problemas para os envolvidos.
A troca de informações entre duas ou mais pessoas, de acordo com Oliveira 
(s.d.), chama-se comunicação interpessoal. Esta troca tem a intenção de motivar 
ou influenciar um determinado comportamento. As informações transmitidas 
entre os falantes são permeadas pelos costumes, pela formação escolar, pelas 
vivências e pelas emoções do emissor, que é aquele que transmite a mensagem. 
Chamamos estas particularidades de filtro cultural.
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A comunicação interpessoal pode ocorrer a partir da mímica, da conversação, 
da internet, do telefone, da televisão e do rádio. Cada mensagem enviada possui 
uma finalidade e o emissor espera que o receptor consiga compreendê-la de forma 
plena, para assim conseguir atingir os objetivos que pretende alcançar. Cada 
receptor, de acordo com Oliveira (s.d.), processa a mensagem de acordo com os 
seus objetivos e a transforma em informação/conhecimento.
Na comunicação interpessoal, para que a comunicação seja bem-sucedida, 
é necessário que, além de uma boa transmissão, também haja uma boa aceitação 
da mensagem. A grande diversidade cultural na qual vivemos, muitas vezes, 
nos engana, e o que parece estar óbvio para nós não é tão claro assim para o 
interlocutor que recebe a mensagem. 
Almeida (2013) nos apresenta dez razões pelas quais devemos investir 
na comunicação interpessoal. Nós as apresentaremos a você de forma 
resumida. Vejamos: 
1- Conhecer novas culturas. A comunicação interpessoal proporciona a você 
conhecer culturas que jamais você conheceria se não se comunicasse com 
outras pessoas. 
2- Aprender. Se você é uma pessoa aberta à comunicação, está sempre 
aprendendo algo novo. 
3- Quebrar os paradigmas formados ao longo de sua vida também pode ser 
uma ação proporcionada a partir da comunicação, que possibilita a sua 
evolução pessoal. 
4- Exercitar a comunicação possibilita mostrar suas ideias. A pessoa tímida, muitas 
vezes, acaba perdendo a oportunidade de pronunciar-se quando possível. 
5- Ampliar a rede de relacionamentos, fazer novas amizades. 
6- Praticar a comunicação também demonstra seus sentimentos. Por meio do 
tom da sua voz, por exemplo, podemos saber se você está com raiva ou feliz. 
7- A partir da comunicação interpessoal, você mostra aos outros que existe e 
tem opinião própria. 
8- A troca de ideias evita conflitos. 
9- Uma equipe eficaz não fica em silêncio. O desempenho se dá pela troca. 
10- Saber como os outros nos percebem. A partir disso, desenvolvemos o 
autoconhecimento.
 
 Agora, já sabemos um pouco mais sobre o que é a comunicação interpessoal 
e para que ela serve, correto? Vamos adiante, pois temos muito a estudar.
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5.2 A COMUNICAÇÃO NAS MULTIDÕES MEDIADA PELA 
INTERNET
Os meios de comunicação em massa são canais que veiculam informações 
a uma grande quantidade de pessoas ao mesmo tempo. Podemos citar como 
exemplos a televisão, o rádio, o jornal e a internet, que é o foco desta sessão. A mídia 
utiliza os meios de comunicação em massa para informar, entreter, persuadir, 
comercializar, entre outros. A comunicação em massa tem seus benefícios, mas 
também deve ser analisada criticamente de acordo com alguns aspectos. 
Observe a tira de Quino: 
FIGURA 9 - TIRINHA DE QUINO 
FONTE: <http://s5.static.brasilescola.com/img/2014/02/mafalda-poliss%C3%AAmica.jpg>. 
Acesso em: 10 maio 2016. 
Mafalda e seu amigo Filipe, nesta tira de Quino, afirmam que a televisão é 
um veículo de cultura. A questão levantada por Mafalda é justamente que tipo de 
cultura a mídia veicula, já que ela está assistindo a um programa aparentemente 
violento, com tiros. A personagem parece não compreender a finalidade do 
programa que está assistindo, e não concorda com o conceito de cultura ali 
exposto. Por este motivo, ela utiliza a palavra veículo no seu sentido denotativo e 
afirma que se fosse a cultura, saltaria do veículo e iria a pé. 
Kellner (2001) afirma que os meios de comunicação, muitas vezes, acabam 
por transgredir as convenções, fazendo com que haja posições conflitantes de 
acordo com a exposição de determinados produtos/serviços. Os meios de 
comunicação massiva podem tanto divulgar ideias de uma classe controladora 
quanto promover “forças de resistência e progresso” (KELLNER, 2001, p. 27). 
Com o advento da tecnologia, a internet ocupou grande parte do espaço 
na mídia social. As pessoas acessam o que quiserem ler, na hora que desejarem. 
A internet tornou-se prática, de rápido acesso e proporciona grande comodidade 
para seus usuários. Outro aspecto que chama a atenção é a rapidez com que a 
internet expandiu seus horizontes. Com o acesso a dados móveis, o usuário pode 
acessar a internet também por smartphones e tablets.
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FIGURA 10 - A EVOLUÇÃO DA COMUNICAÇÃO PELA

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