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FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS 
DA ALFABETIZAÇÃO E 
LETRAMENTO
Prof.ª Brigitte Klenz Jung
UNIASSELVI
2012
Caderno de Estudos
NEAD
Educação a Distância
GRUPO
Copyright  UNIASSELVI 2012
Elaboração:
Prof.ª Brigitte Klenz Jung
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.
 
372.414
J951f Jung, Brigitte Klenz
Fundamentos e metodologias da alfabetização e letramento / 
 Brigitte Klenz Jung. Indaial : Uniasselvi, 2012.
 200 p. : il.
 Inclui bibliografia.
 ISBN 978-85-7830-520-8
1. Alfabetização - letramento.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
APRESENTAÇÃO
Discutir sobre a alfabetização e o letramento é uma tarefa ampla. Ela consiste em 
buscar fundamentar e subsidiar a prática pedagógica, em que nos encontramos inseridos em 
nosso cotidiano.
Alfabetizar traz em si, como a própria palavra sinaliza, aspectos referentes a um código 
que fazemos uso, o alfabeto. Esse código está acentuadamente presente no nosso dia a 
dia. Estar presente não significa que todos o dominem e nem que saibam a importância e as 
implicações do seu uso no meio social.
Oferecer oportunidades para que se conheça o código alfabético e o seu uso é uma das 
tarefas atribuídas às instituições escolares desde os primeiros anos do Ensino Fundamental. 
Contudo, não basta conhecer o código, é preciso saber o que ‘podemos fazer’ com ele. Diante 
disso, ao longo dos últimos anos, as preocupações têm se voltado aos estudos do letramento.
‘Conversar’ sobre o letramento é ampliar o horizonte da alfabetização, visto que ela 
está inserida nas abordagens do letramento. Como isso se dá? O que é pertinente a cada uma 
dessas áreas de estudo e conhecimento? É sobre esses e outros assuntos que estudaremos 
ao longo deste caderno.
As páginas que seguem procuram dirimir algumas dúvidas, instigar a reflexão, ampliar 
conhecimentos, enfim, servir de suporte para uma prática pedagógica bem fundamentada.
Para tanto, dividimos o caderno em três unidades de estudo. Na Unidade 1, o foco 
está voltado a questões pertinentes à linguagem, leitura e escrita. O papel da gramática e a 
avaliação da escrita.
Já na Unidade 2, abordaremos a alfabetização. Estudaremos sentidos a ela atribuídos, 
aspectos da sua história, métodos e instrumentos para alfabetizar (cartilhas) utilizados ao 
longo do tempo. Além disso, algumas características inerentes a quem alfabetiza e a quem é 
alfabetizado.
E na Unidade 3, a nossa atenção se volta ao letramento. Buscamos conhecer do que se 
trata e como é possível trabalhar na perspectiva do letramento no ambiente escolar. Discutiremos 
acerca dos gêneros textuais e sua relevância quanto ao intuito de alfabetizar tendo em vista 
o letramento. Retomaremos a temática da avaliação, pensando-a sob a ótica do letramento.
Por meio da construção e apresentação dessas unidades, pretendemos auxiliar você, 
caro(a) acadêmico(a), a construir conhecimentos. Esperamos que o ‘saber fazer’ faça mais 
sentido através dos escritos aqui apresentados. Por isso, desejamos bons e proveitosos estudos! 
iii
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO iv
E, não se esqueça: vá além do que está escrito, busque nas indicações bibliográficas e de 
sites outras informações complementares. 
Bom proveito!
Prof.ª Brigitte Klemz Jung
UNI
Oi!! Eu sou o UNI, você já me conhece das outras disciplinas. 
Estarei com você ao longo deste caderno. Acompanharei os seus 
estudos e, sempre que precisar, farei algumas observações. 
Desejo a você excelentes estudos! 
 UNI
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO v
SUMÁRIO
UNIDADE 1: ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO ................................ 1
TÓPICO 1: SOBRE A LINGUAGEM ................................................................................ 3
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 3
2 CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM ................................................................................. 3
3 A LINGUAGEM VERBAL ORAL E ESCRITA: SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ...... 8
4 VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS – A IMPORTÂNCIA DA SOCIOLINGUÍSTICA ............. 11
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................. 16
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 17
TÓPICO 2: A LINGUAGEM VERBAL ESCRITA ............................................................ 19
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 19
2 A HISTÓRIA DA ESCRITA ........................................................................................... 19
3 NOSSO SISTEMA DE ESCRITA: O ALFABETO ........................................................ 25
4 ASPECTOS DO NOSSO SISTEMA DE ESCRITA ...................................................... 29
5 CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS PARA QUEM SE APROPRIA DA ESCRITA .... 31
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................. 33
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 34
TÓPICO 3: A LEITURA ................................................................................................... 35
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 35
2 O QUE É LER? ............................................................................................................ 35
3 ESTRATÉGIAS DE LEITURA ...................................................................................... 39
4 A LEITURA COMO PRÁTICA SOCIAL – ‘LER O MUNDO’ ........................................ 43
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................. 48
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 49
TÓPICO 4: O LUGAR DA GRAMÁTICA E A QUESTÃO DOS ‘ERROS’ ...................... 51
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 51
2 ORTOGRAFIA – UMA ALIADA NA/DA APRENDIZAGEM ......................................... 51
3 PRINCIPAIS ‘ERROS’ ENCONTRADOS NAS SALAS DE AULA – ABRINDO 
 CAMINHOS PARA REFLEXÃO .................................................................................. 52
4 AVALIAR LEITURA E ESCRITA NA ESCOLA – VALORIZAR CONTEXTOS ............ 56
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 60
RESUMO DO TÓPICO 4 ................................................................................................. 63
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 64
AVALIAÇÃO .................................................................................................................... 65
UNIDADE 2: A ALFABETIZAÇÃO ................................................................................. 67
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO vi
TÓPICO 1: FUNDAMENTOS DA ALFABETIZAÇÃO .................................................... 69
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................69
2 DESVENDANDO SENTIDOS ATRIBUÍDOS À ALFABETIZAÇÃO ............................ 69
2.1 ALFABETO ................................................................................................................ 70
2.2 ALFABETIZAR; ALFABETIZAR+AÇÃO ..................................................................... 72
2.3 ALFABETIZADOR ..................................................................................................... 73
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................. 76
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 77
TÓPICO 2: PERCORRENDO A HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO .............................. 79
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 79
2 DO ALEF AO ALFABETO ........................................................................................... 79
3 UM CÓDIGO EM MÃOS, E AGORA? MATERIAIS DE ALFABETIZAÇÃO: PARA 
 ALÉM DA CARTILHA .................................................................................................. 80
4 DE ROUSSEAU A FERREIRO: UMA LINHA DO TEMPO .......................................... 88
RESUMO DO TÓPICO 2 ............................................................................................... 102
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 103
TÓPICO 3: CONCEPÇÕES E MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO .............................. 105
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 105
2 POR QUE CONCEPÇÕES DE ALFABETIZAÇÃO? ................................................. 106
3 MANEIRAS DE ALFABETIZAR: OS MÉTODOS ...................................................... 107
3.1 MÉTODOS SINTÉTICOS: DAS PARTES PARA O TODO ...................................... 107
3.1.1 Método alfabético ................................................................................................. 108
3.1.2 Método silábico ..................................................................................................... 108
3.1.3 Método fônico ....................................................................................................... 109
3.2 MÉTODOS ANALÍTICOS: DO TODO PARA AS PARTES ........................................ 111
3.2.1 Método global: Decroly e suas contribuições ........................................................ 112
3.2.2 Freinet e o método natural .................................................................................... 112
3.2.3 Método construtivista: as pesquisas de Ferreiro e Teberosky ............................... 113
3.2.4 Paulo Freire: ultrapassando um método ............................................................... 114
4 A CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA ............................................................................... 117
RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................... 120
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 121
TÓPICO 4: SOBRE QUEM ALFABETIZA, QUEM É ALFABETIZADO E ‘COMO’ SE 
ALFABETIZA ............................................................................................. 123
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 123
2 POSTURAS DE UM(A) ALFABETIZADOR(A) .......................................................... 123
3 QUEM É ALFABETIZADO PRECISA SABER O/ DO QUÊ? .................................... 124
4 IDEIAS PRÁTICAS PARA ALFABETIZAÇÃO .......................................................... 127
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 129
RESUMO DO TÓPICO 4 ............................................................................................... 132
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 133
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO vii
AVALIAÇÃO .................................................................................................................. 134
UNIDADE 3: O LETRAMENTO .................................................................................... 135
TÓPICO 1: SENTIDOS ATRIBUÍDOS AO LETRAMENTO .......................................... 137
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 137
2 O QUE SIGNIFICA LETRAMENTO? ......................................................................... 137
3 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: ALIADOS NAS CONQUISTAS DE 
 ESPAÇOS SOCIAIS ................................................................................................... 141
4 PERSPECTIVAS DO LETRAMENTO – A DIMENSÃO INDIVIDUAL E A 
 DIMENSÃO SOCIAL ................................................................................................. 143
RESUMO DO TÓPICO 1 ............................................................................................... 150
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 151
TÓPICO 2: PROMOVER SITUAÇÕES DE LEITURA E ESCRITA – OS GÊNEROS 
TEXTUAIS ................................................................................................. 153
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 153
2 TEXTOS E GÊNEROS TEXTUAIS SÃO SINÔNIMOS? ........................................... 153
3 DIÁLOGO ENTRE GÊNEROS TEXTUAIS ................................................................ 158
4 O TRABALHO COM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS ..................................................... 162
RESUMO DO TÓPICO 2 ............................................................................................... 165
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 166
TÓPICO 3: ALFABETIZAR LETRANDO – CONTEXTOS DIVERSOS ........................ 169
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 169
2 ALFABETIZAR LETRANDO NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL .... 169
3 ALFABETIZAR LETRANDO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL ....................................... 171
4 ALFABETIZAR LETRANDO NA EJA ........................................................................ 174
RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................... 179
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 180
TÓPICO 4: PENSANDO SOBRE A AVALIAÇÃO ........................................................ 181
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 181
2 AVALIAÇÃO NAS CLASSES DE ALFABETIZAÇÃO ............................................... 181
3 AVALIAR E MEDIR LETRAMENTO(S) – É POSSÍVEL? .......................................... 186
4 AVALIAÇÃO COMO FORMA DE (RE)PENSAR A PRÁTICA PEDAGÓGICA ......... 189
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 190
RESUMO DO TÓPICO 4 ............................................................................................... 193
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 194
AVALIAÇÃO ..................................................................................................................195
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 197 
FUNDAMENTOS E METODOLOGIAS DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO viii
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UNIDADE 1
ESCRITA E LEITURA – RUMO À ALFABETIZAÇÃO
OBjETIvOS DE ApRENDIZAgEM
 O conteúdo desta unidade visa:
	conhecer aspectos referentes à linguagem e suas concepções;
● estudar sobre a história da escrita;
● compreender aspectos do nosso sistema de escrita, o alfabético;
● estudar sobre a leitura, estratégias e motivações;
● refletir sobre as hipóteses diante da escrita e o porquê de não 
serem consideradas ERROS;
● conhecer o papel/lugar da gramática; 
● discutir sobre a avaliação referente à escrita.
TÓPICO 1 – SOBRE A LINGUAGEM
TÓPICO 2 – A LINGUAGEM VERBAL ESCRITA
TÓPICO 3 – LEITURA
TÓPICO 4 – O LUGAR DA GRAMÁTICA E A 
QUESTÃO DOS ‘ERROS’
pLANO DE ESTUDOS
Organizamos esta unidade em quatro tópicos. Cada tópico é 
seguido de um resumo e de uma autoatividade. Além disso, ao final 
da unidade, você encontrará uma leitura complementar sobre o tema: 
leitura.
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SOBRE A LINGUAGEM
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 1
UNIDADE 1
Neste primeiro tópico do nosso caderno estudaremos sobre a linguagem. É importante 
compreendermos alguns aspectos pertinentes a ela. Isso porque, posteriormente, pretendemos 
tecer compreensões referentes à escrita, à leitura, à alfabetização, ao letramento, aspectos 
estes diretamente ligados à linguagem. Portanto, sinta-se convidado a percorrer os primeiros 
passos dessa caminhada!
2 CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM
O título desta seção sugere que pensemos a respeito de uma palavra: CONCEPÇÃO.
Primeiramente, recorreremos ao dicionário para tentarmos construir, descobrir um sentido 
para a palavra mencionada. Lá, encontramos cinco referências, das quais apresentaremos as 
duas últimas, quais sejam:
NO
TA! �
CONCEPÇÃO: 1. Noção, ideia, conceito, compreensão. 2. Modo de 
ver, ponto de vista; opinião, conceito. (FERREIRA, 1999, p. 519).
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AUT
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A partir dessas definições para CONCEPÇÃO, poderíamos reescrever 
o nosso título. De que forma (s)? Como você o (re)escreveria?
______________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
Retomando a nossa linha de pensamento, temos como ponto de referência, então, a 
tentativa de estudarmos noções, conceitos de linguagem.
Os nossos contextos de vida são permeados por linguagem. Um autor que se debruçou 
sobre estudos e teorias referentes, também, à linguagem foi o russo Lev Semenovich Vygotsky 
(1896-1934). Seus estudos difundiram-se muito no âmbito educacional, servindo de base para 
muitas práticas pedagógicas. Segundo as abordagens deste autor, a linguagem humana surge 
a partir de necessidades da vida social, em grupo. Exemplo: quando sentimos medo, tentamos 
expressar este sentimento de alguma maneira, seja através do choro, da conversa com alguém, 
de algum gesto etc. Isso para que haja alguma reação diante do nosso sentimento, ou seja, a 
vida em comunidade acontece pela linguagem. 
Muitos pensam que quando conversamos a respeito da linguagem, referimo-nos à 
escrita. Isso não está errado. Contudo, a escrita é, apenas, um tipo de linguagem. Partindo disso, 
que tal esclarecermos, com base na perspectiva vygotskyana, o que vem a ser linguagem?
NO
TA! �
Linguagem: o sistema simbólico básico de todos os grupos 
humanos. Ela fornece conceitos, formas de organização do real, 
a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento. É por 
meio dela que as funções mentais são socialmente formadas e 
culturalmente transmitidas. 
Interessante, não é mesmo? Vygotsky pontua que TODOS os grupos humanos são 
mediados pela e através da linguagem. Leia a interessante observação do linguista Marcos 
Bagno (2009, p. 20): “Todas as pessoas (inclusive as surdas!) são dotadas de linguagem e 
expressam essa linguagem com maravilhosa competência (no caso das surdas, por meio da 
língua de sinais, que é uma língua como qualquer outra...)”.
 
UNIDADE 1 TÓPICO 1 5
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Depreendemos desses dizeres que a linguagem perpassa os seres humanos e os 
grupos sociais nos quais vivem e convivem. Note que tanto Vygotsky quanto Bagno utilizaram 
palavras que indicam totalidade: TODOS, TODAS.
Além disso, e, como complemento desta totalidade, recorremos a outro teórico, Bakhtin 
(2003), que apresenta linguagem como sendo usada em todos os campos da atividade humana. 
Isso significa que não se trata, apenas, da linguagem verbal, oral e escrita, mas também da 
linguagem extraverbal, da qual a linguagem de sinais, as imagens, fazem parte. Enfim, seja 
qual for o tipo de linguagem, sempre há uma intenção envolvida. Essas intenções permitem que 
possamos compreender e agir em nossos contextos de vida, além de discutirmos, tomarmos 
posições. A linguagem permite que nos desenvolvamos.
Certamente, você já percebeu que este assunto é amplo, não é mesmo? Retomemos o 
conceito de linguagem apresentado anteriormente, este soa um pouco complexo num primeiro 
momento. Tentemos prosseguir, destrinchando o que for possível! Vamos em frente? 
AUT
OAT
IVID
ADE �
O que lhe ocorre quando você lê SISTEMA SIMBÓLICO? Procure 
explicar nas linhas a seguir:
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
Sistemas simbólicos dão a entender que temos diante de nós alguns conjuntos de 
símbolos, certo? Através destes conjuntos é possível que haja compreensão entre nós. 
Tomemos como exemplo este caderno: do lado de cá nós nos apropriamos do sistema da escrita 
a fim de levar até você informações sobre o conteúdo em questão. Do lado de lá, revisores, 
diagramadores, coordenadores de curso, tutores, tomam este caderno em mãos e leem o que 
escrevemos. Aqui deparamos com a leitura, que também é uma faceta da linguagem. A partir 
de acordos de compreensão, correções necessárias etc. o caderno é finalizado para que você 
o receba pronto. Pronto? Com certeza NÃO, pois, para compreender o que está escrito aqui 
você acionará elementos do seu contexto de vida, atribuindo sentidos aos nossos escritos. 
Além disso, muitas abordagens aqui apresentadas serão internalizadas, outras, com o tempo, 
esquecidas para serem (ou não) retomadas em outros momentos.
Passado um tempo, talvez, este caderno não existirá mais, ou, você o recuperará para 
rever algum assunto. Os escritos não mudam, o papel foi impresso e a versão será essa que 
você tem em mãos. Porém, você não será mais o mesmo. A sua história de vida será acrescida 
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de novas experiências, o tempo será outro. Tudo isso faz parte da linguagem. É nessa linha de 
pensamento que se encaixa o restante do conceito de linguagem apresentado anteriormente. 
Que tal recuperá-lo?
NO
TA! �
Ela fornece conceitos, formas de organização do real, a mediação 
entre o sujeito e o objeto do conhecimento. É por meio dela que 
as funções mentais são socialmente formadas e culturalmente 
transmitidas.
As mediações entre você, acadêmico(a), o material escrito,seus professores e colegas 
para além da sua graduação, ampliarão seu conhecimento. O que você fará posteriormente, 
a maneira de compartilhar o seu conhecimento, permitirá a transmissão do que aprendeu. 
Além disso, pode ser que você se lembre de algum livro que não foi utilizado por nós enquanto 
escrevíamos estas páginas. Assim, a leitura destas outras obras acrescentará conhecimentos 
a estes que você está construindo aqui.
Dessa forma, podemos inferir que a linguagem abarca uma gama de sistemas simbólicos, 
dentre os quais: a escrita, a leitura, a fala, as imagens, os gestos, dentre outros.
Que tal recuperarmos a proposta lançada no título desta seção? Lembram-se do que 
tratava? Isso mesmo, das CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM.
Grande parte dos estudiosos da linguagem, dentre os quais Geraldi (2006), indicam 
três concepções:
1. A linguagem é a expressão do pensamento.
2. A linguagem é instrumento de comunicação.
3. A linguagem é uma forma de interação.
Abordaremos cada uma destas concepções separadamente, a fim de facilitar a sua 
compreensão. Adiante!
A LINGUAGEM É A EXPRESSÃO DO PENSAMENTO. Tradicionalmente, é essa a 
concepção que mais encontramos. Contudo, se pararmos para analisar a explicação dada a 
essa concepção – expressão do pensamento – ocorre-nos um exemplo: você já deve ter se 
deparado com alguém que encontra dificuldades em se expressar, seja pela escrita, ou em 
uma apresentação oral de algum trabalho. Muito se ouve: 
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— Não posso nem pensar em ministrar uma palestra! Chego a passar mal só de imaginar!
— Tenho muita dificuldade em desenvolver um texto escrito, as ideias estão na cabeça, 
mas na hora de pôr no papel a coisa desanda. 
Estes são só alguns exemplos. Tente lembrar-se de outros. Se, a partir dos exemplos 
anteriores, afirmarmos que a linguagem é a expressão do pensamento, então é como se 
disséssemos que estas pessoas que encontram dificuldades de se expressar, não pensam. 
Sabemos que isso não é verdade. Talvez, poderíamos acrescentar a essa concepção algumas 
palavras que ampliariam a nossa compreensão:
ATEN
ÇÃO!
A linguagem também é a expressão do pensamento.
A linguagem não é só a expressão do pensamento.
A LINGUAGEM É INSTRUMENTO DE COMUNICAÇÃO. Essa concepção é proveniente 
da teoria da comunicação. Nessa teoria, a língua é vista como um código, que pretende 
transmitir uma mensagem a um receptor. Contudo, perde-se nessa concepção a visão de que 
quem faz uso da linguagem está inserido em contextos de vida que mudam constantemente, 
o que interfere no uso da linguagem. 
Por meio dessa concepção parece que a linguagem é tida como uma ferramenta pronta 
e acabada que está disponível quando necessário. Talvez você já tenha visto um gráfico como 
este que apresentaremos a seguir, que demonstra como a linguagem é compreendida segundo 
essa concepção:
FIGURA 1 – CONCEPÇÃO DE LINGUAGEM
FONTE: Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1706u16.jhtm>. 
Acesso em: 7 abr. 2011.
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A LINGUAGEM É UMA FORMA DE INTERAÇÃO. Para explicarmos esta concepção, 
apresentaremos as palavras de Geraldi (2006, p. 41): “Por meio da linguagem, o sujeito que 
fala pratica ações que não conseguiria levar a cabo, a não ser falando; com ela o falante age 
sobre o ouvinte, constituindo compromissos e vínculos que não preexistiam à fala”.
Nessa concepção os falantes se tornam sujeitos por se constituírem pelas relações 
sociais. A linguagem só existe nessas relações. 
Nos contextos de sala de aula, a concepção de linguagem adotada nos materiais de apoio 
(livros didáticos, apostilas), interferem diretamente nas questões referentes à alfabetização.
Ressaltamos que a nossa concepção de linguagem visa à interação. Pretendemos, ao 
longo deste fascículo, interagir constantemente com você. E, através dessa interação, nos (re)
constituirmos sujeitos de linguagem. 
A fim de finalizarmos essa seção, reiteramos que estudar sobre linguagem é algo 
bastante amplo e complexo. Há muito sobre a linguagem que permanece um mistério, ou seja, 
ainda pode ser desvendado ao longo do tempo. Este assunto não está esgotado. Além disso, 
são muitos os estudos realizados na área, cada qual seguindo aspectos filosóficos que, ora se 
aproximam, ora se afastam bruscamente, caindo em contradições. Contudo, o mais importante é 
lembrarmos que somos seres constituídos pela linguagem e pelas interações que ela promove.
Na próxima seção abordaremos outro assunto, também referente à linguagem: as 
semelhanças e diferenças entre a escrita e a oralidade. Acompanhe-nos!
3 A LINGUAGEM VERBAL ORAL
 E ESCRITA: SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS
Ao visualizarmos o título que abre esta seção, percebemos que ele nos fornece uma 
pista: a de que a linguagem verbal pode ser oral ou escrita. E, sinaliza que existem semelhanças 
e diferenças entre esses dois tipos de linguagem.
Antes de prosseguirmos, que tal compreendermos o que é LINGUAGEM VERBAL?
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LINGUAGEM VERBAL é a linguagem que acontece por meio de 
signos linguísticos (palavras). Por isso dizemos que a linguagem 
verbal pode ser oral (quando conversamos, por exemplo) ou 
escrita. A função da linguagem verbal, tanto oral quanto escrita, 
é a de produzir sentidos.
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O nosso foco, neste momento, está voltado a estes dois tipos de linguagem verbal. 
Contudo, sabemos que não é só por meio da linguagem verbal que podemos atribuir sentidos. 
Isto está claro para você? Pensemos em um exemplo:
Ao visualizarmos um semáforo, como o da figura a seguir, percebemos que nele não 
existem palavras. Mesmo assim, sabemos o sentido atribuído por este objeto, através das 
cores vermelho (PARE), amarelo (ESPERE) e verde (SIGA). Ou seja, este é um exemplo de 
linguagem não verbal, pois nele não aparecem signos linguísticos (palavras).
FIGURA 2 – SEMÁFORO
FONTE: Disponível em: <www.office.microsoft.com/pt-br/images>. 
Acesso em: 7 abr. 2011. 
Retomemos, agora, a proposta anunciada anteriormente, de elencarmos semelhanças e 
diferenças entre a linguagem verbal oral e a escrita. Para tanto, buscamos auxílio nos escritos 
da autora Scliar-Cabral (2003). Vale ressaltar que, a partir de agora, sempre que quisermos 
nos remeter à linguagem verbal oral, faremos uso da sigla LVO e quando à linguagem verbal 
escrita, LVE. Iniciemos, então, pelas SEMELHANÇAS:
● ambas, LVO e LVE, têm função comunicativa;
● tanto quem escreve quanto quem lê (a leitura também é uma modalidade oral), controla o 
tempo despendido para essas tarefas, de acordo com o resultado que se almeja;
● a LVO e a LVE podem ser usadas como instrumentos para refletir sobre a nossa língua (o 
português);
● LVO e LVE servem como veículos para a transmissão da cultura. Vale ressaltar, contudo, 
que a LVE tem caráter permanente, enquanto a LVO pode ser distorcida (um exemplo: se 
contarmos uma história familiar, com o passar do tempo ela poderá ser (re) contada. A este 
(re) conto, certamente, serão acrescentadas ou subtraídas informações. Já quanto à escrita, 
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se esta mesma história for registrada, é desta forma que ela permanecerá, a não ser que 
alguém altere os registros). 
Leia e reflita sobre este interessante trecho/excerto da obra de Bagno (2004, p. 87):
A língua escrita serve como registro permanente... scripta manent... é usada 
para a transmissão do saber e da cultura, e muitas vezes é até interessante 
que ela permaneça sem muitas mudanças, para que a gente possa ler com 
facilidade documentos antigos e livros impressos há muito tempo. O que não 
podemos admitir éque ela seja usada como um “instrumento de tortura” ou 
uma “prisão” para a língua falada. Nunca é demais lembrar que o homem fala 
há milhões de anos e que as primeiras formas de escrita datam apenas de 
3.500 antes de Cristo.
● Funções expressivas e estéticas. Na LVO podemos inserir sons inarticulados, acrescentar 
entonação, expressões de face e gestos. Isso tudo para expressar o que pretendemos. Na 
LVE isso também é possível, contudo, exige que reflitamos sobre a escrita. Um exemplo, 
neste caso, é o uso da pontuação. A função estética está ligada à emoção. Sua característica 
principal é “a ordenação dos materiais disponíveis para obtenção do prazer estético”. 
(SCLIAR-CABRAL, 2003, p. 36).
Passamos, a seguir, às DIFERENÇAS entre LVO e LVE:
● a LVO é adquirida, enquanto a LVE é aprendida;
● a LVO possibilita a sobrevivência, já a LVE depende de materiais duráveis que sirvam de 
suporte para aquilo que se pretende escrever. Quem não o faz, sobrevive da mesma maneira 
pela LVO;
● a LVO é produzida com continuidade. Já na LVE é necessário que haja segmentação. Ou 
seja, na escrita, o continuum da cadeia da fala é segmentado. “Não se escreve como se 
fala”, faz sentido a partir da explanação anterior;
● ruptura espaço-temporal: quando usamos a LVO estamos no mesmo espaço e tempo com o 
nosso interlocutor, já na LVE, o leitor não está no mesmo espaço e tempo de quem produziu 
algum material escrito;
● na LVO não há um monitoramento tão intenso quanto na LVE. As pessoas podem manter um 
diálogo informal. Caso queiram registrar esse diálogo de forma escrita, com certeza surgirão 
preocupações quanto à maneira “certa/errada” de se escrever.
Diante dos pontos anteriores, podemos ter como certo: entre escrita e oralidade há 
aproximações e descontinuidades. Conhecê-las permite refletir, também, sobre a prática 
pedagógica.
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Que tal analisar se você compreendeu a linguagem verbal oral e a linguagem verbal 
escrita, para diferenciá-las da linguagem não verbal? Para fazê-lo, convidamos você 
a observar as figuras a seguir, tente identificar cada qual. Lembre-se: na LVO e na 
LVE são usadas palavras, o que não acontece na linguagem não verbal.
_______________________________ __________________________________
_____________________________________
FONTE DAS IMAGENS: Disponível em: <www.http//office.microsoft.com/pt-br/images>. 
Acesso em: 7 abr. 2011.
4 VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS –
 A IMPORTÂNCIA DA SOCIOLINGUÍSTICA
Vivemos em um país muito grande. Isso não é novidade, não é mesmo? Inseridas 
nessa grandeza geográfica estão as pessoas que vivem no Brasil; dentre elas, nós. O lugar 
onde você vive, é, com certeza, peculiar em relação a tantos outros lugares.
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Essa peculiaridade refere-se aos modos de viver, de se alimentar, de trabalhar, de 
produzir, de ... e, também, de falar e de escrever.
As variações linguísticas referem-se à “língua em seu estado permanente de 
transformação, de fluidez, de instabilidade”. (BAGNO, 2007, p. 38). A língua é heterogênea e 
está entrelaçada ao grupo social no qual é utilizada. Não há como separar um do outro. Quando 
mencionamos grupo social, referimo-nos a aspectos tais como (BAGNO, 2007):
● origem geográfica (rural/urbana; regiões diferentes - norte/sul/nordeste/sudeste etc.);
● status socioeconômico: renda familiar/pessoal muito baixa, baixa, média, alta ou muito alta;
● grau de escolaridade: acesso à educação formal, à cultura letrada, escrita, leitura;
● idade: adolescentes e seus pais não falam da mesma maneira (em sua maioria);
● sexo: há diferenças entre a maneira de falar dos homes e das mulheres;
● mercado de trabalho: advogados e eletricistas falam de maneira diversa;
● redes sociais: adotamos comportamentos semelhantes aos das pessoas com as quais 
convivemos, isso também aparece na maneira de falar.
Muitos professores apresentam-se preocupados com a questão das variações 
linguísticas, quando, na verdade, são elas que enriquecem a nossa língua.
O que ocorre é que, historicamente, devido a diversos fatores políticos e sociais, a 
escola tem tentado unificar a língua, padronizando-a. Em decorrência disso, depara-se com 
atitudes e resultados não desejados: evasão, rejeição, preconceito, dentre outros.
Há uma “norma culta”, “um português padrão”, “uma língua padrão”, associado ao grupo 
social de melhor status. Interessante perceber que, sob esse viés, o que está se considerando 
são classes sociais e não contextos de vida.
Quando os contextos de vida são levados em consideração, então: 
a aprendizagem da norma culta deve significar uma ampliação da compe-
tência linguística e comunicativa do aluno, que deverá aprender a empregar 
uma variedade ou outra, de acordo com as circunstâncias da situação de fala. 
(BORTONI-RICARDO, 2005, p. 26).
Pois bem, a partir do que você leu anteriormente, pode-se perguntar: as variações são 
referentes à fala?
Sim e não. O que acontece é que elas aparecem, também, na escrita. Muitas ocorrências 
na escrita são frutos das variações da fala.
Posteriormente, veremos alguns aspectos pertinentes à escrita. Contudo, vale adiantar 
que o ensino da escrita na escola tem o objetivo de que: “todos possam ler e compreender o que 
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está escrito”. (BAGNO, 2004, p. 104). Note bem a menção do autor a TODOS. Isso independe 
de local. Por isso, também, as variações podem e devem ser respeitadas tendo em vista, como 
já mencionado anteriormente, que a ESCRITA NÃO É MERA REPRODUÇÃO DA FALA.
No parágrafo anterior mencionamos a ESCOLA. A seguir, refletiremos um pouco sobre 
o papel da SOCIOLINGUÍSTICA na escola.
O que é SOCIOLINGUÍSTICA?
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SOCIOLINGUÍSTICA é, nas palavras de Bagno (2007, p. 23), 
“toda e qualquer abordagem do fenômeno língua que leve em 
primeiríssima conta os falantes dessa língua, isto é, seres humanos 
de carne e osso, participantes-construtores de uma sociedade 
dividida em classes, imersos em toda sorte de conflitos sociais, 
sujeitos-objetos de toda sorte de disputas de poder, portadores-
recriadores de uma cultura (por sua vez subdividida em muitas 
subculturas), movendo-se num espaço-tempo socialmente 
hierarquizado, e herdeiros de uma história, que são muitas...”.
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Quantas coisas importantes mencionadas nesse conceito, não é 
mesmo? Anote a seguir o que mais chamou a sua atenção:
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Pois bem, a SOCIOLINGUÍSTICA surgiu nos Estados Unidos, na década de 1960. 
Você sabe por quê?
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Porque muitos cientistas da linguagem perceberam e decidiram que 
não era possível estudar uma língua sem levar em consideração a 
sociedade que a fala. William Labov é o cientista mais conhecido 
nesta área de estudos.
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Pois bem, e a escola diante da SOCIOLINGUÍSTICA?
Ao serem inseridas no ambiente escolar, as crianças percebem que estudar sobre 
a língua que falam é algo amplo, para muitas, difícil. São lhes ensinadas regras, jeitos de 
escrever e de falar que, muitas vezes, destoam daquilo que trouxeram consigo do seu ambiente 
familiar. Talvez, ouçam de alguns colegas: - Os pedar da mia bicicreta inguiçaru. E de outros: 
- Os pedais da minha bicicleta enguiçaram. São dois jeitos de dizer a mesma coisa. Talvez, ao 
sentirem necessidade de ir ao banheiro, ouvirão:xixi, mijo, urina, referindo-se à mesma coisa. 
Os exemplos são muitos (um deles é o de ‘aipim, mandioca e macaxeira’).
Diante disso, caberia à escola partir do que a criança já sabe “e sabe bem: falar a sua 
língua materna com desenvoltura e eficiência”. (BAGNO, 2007, p. 83). Assim, os alunos:
● seriam valorizados pelo português que sabem, que conhecem e, a este, seriam acrescidos 
novos/outros conhecimentos;
● aprenderiam a não discriminar colegas por falarem diferente, tendo em vista que, na 
sociedade, existem variedades linguísticas que são privilegiadas em detrimento de outras. 
Algumas são consideradas ‘bonitas’ e ‘certas’, outras ‘feias’ e ‘erradas’. Isso não ocorre 
somente em relação à língua. Há diversos tipos de preconceitos. Cabe aqui um alerta! Que 
tal analisarmos em conjunto o que foi elaborado por Bagno (2004, p. 205)?
● racial: o índio “preguiçoso”, o negro “malandro”, o japonês “trabalhador”, o judeu 
“mesquinho”, o português “burro”;
● sexual: a inferiorização da mulher, o desprezo pelo homossexual “pervertido e doente”, a 
valorização do “macho” rude e indelicado;
● cultural: o conhecimento “científico” valorizado em detrimento do conhecimento “popular” 
– por exemplo, o desprezo por práticas medicinais naturais e tradicionais em favor de 
medicamentos químicos industrializados; ou a valorização da cultura transmitida por escrito 
em detrimento da cultura transmitida oralmente;
● socioeconômica: valorização do rico e do poderoso e desprezo do humilde e oprimido – por 
exemplo, chamar o nordestino de “atrasado” e o sulista de “progressista”; ou acreditar que 
tudo o que vem do “primeiro mundo” é intrinsecamente bom, bonito, infalível e necessário...
Continuando a reflexão anterior aos tipos de preconceitos:
● teriam contato com outras variedades linguísticas que não a sua, acessando diferentes 
formas de falar e de escrever. E, quando houvesse necessidade, poderiam fazer uso desta 
ou daquela maneira de falar e/ou escrever, conforme a situação exigisse (uma conversa 
formal ou informal etc.);
● seriam conscientizadas de que, pela língua, podemos discriminar ou promover quem convive 
conosco em nosso entorno;
● teriam seu repertório de leituras e escritas ampliado pela ação dos seus educadores, os 
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quais visariam à inserção plena dos seus alunos e alunas em práticas de letramento (Na 
Unidade 3 deste caderno estudaremos sobre o letramento).
Então, conforme os pontos anteriores, é essa a importância da sociolinguística na escola. 
Percebemos a necessidade de que haja uma mobilização no sentido de conhecer quem 
é que ‘faz a escola’, mas, para além dela. Quando contextos são levados em consideração, 
outros conteúdos podem ser acrescentados, desde que problematizados, fazendo e produzindo 
sentidos. Conforme Bortoni-Ricardo (2005) a escola deveria se tornar culturalmente sensível, 
levando em conta a diversidade dentro dela.
DIC
AS!
Para conhecer mais sobre a sociolinguística, sugerimos que você leia:
BAGNO, Marcos. A língua de Eulália. Novela Sociolinguística. São 
Paulo: Contexto, 2004.
A seguir você pode rever o conteúdo que estudamos nesse tópico lendo o resumo 
que elaboramos. Em seguida, no Tópico 2 desta unidade, você encontrará outro assunto: 
estudaremos sobre a linguagem verbal escrita. Sinta-se convidado(a) a mais descobertas. 
Acompanhe-nos!
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico:
● Estudamos sobre a linguagem, entendendo-a como um sistema simbólico pelo qual os seres 
humanos interagem, atribuindo sentidos ao seu mundo. Aprendemos que existem muitas 
formas de linguagem, dentre elas a linguagem verbal oral e escrita.
● Estudamos, também, sobre as três concepções de linguagem: linguagem como expressão 
do pensamento, linguagem como instrumento de comunicação e linguagem como forma de 
interação.
● Elencamos semelhanças e diferenças entre a linguagem verbal oral (LVO) e a linguagem 
verbal escrita (LVE). Algumas semelhanças: ambas possuem função comunicativa; pode-
se controlar o tempo envolvido nas formas de expressão oral ou escrita; são instrumentos 
para reflexão sobre a língua; são veículos para transmissão de cultura; possuem função 
expressiva e estética. Algumas diferenças: LVO é adquirida e LVE é aprendida; LVO 
garante a sobrevivência, LVE a fixação (pela escrita) através de materiais duráveis. LVO 
é produzida com continuidade, LVE com segmentação. Há ruptura espaço-temporal entre 
essas linguagens. A LVO não exige monitoramento tão intenso quanto a LVE.
● Ao estudarmos sobre as variações linguísticas, aprendemos que a língua está sempre em 
transformação. Ela é heterogênea e está ligada diretamente ao grupo social que dela faz uso. 
A sociolinguística leva em consideração, primeiramente, as pessoas que usam determinada 
língua, buscando promover e garantir o respeito a cada um, independente das diferenças 
(regionais, sociais, econômicas etc.) que possam existir.
● A escola tem importante papel na valorização dos sujeitos que a constroem no dia a dia. 
Essa valorização perpassa os jeitos de “dizer a vida” que cada um traz consigo, dizer pela 
e através das linguagens.
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1 Quais são as variedades linguísticas da sua região?
2 Você já percebeu algum tipo de preconceito diante dessas variedades? Se sim, qual 
foi a sua reação?
3 Organize uma atividade que você aplicaria em sala de aula cuja abordagem se volta 
às variações linguísticas.
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A LINGUAGEM VERBAL ESCRITA
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 2
UNIDADE 1
Neste segundo tópico da nossa primeira unidade de estudos, abordaremos sobre a 
escrita. Pretendemos apresentar informações que partem do advento, da descoberta desta 
importante ferramenta social e que desembocam no ambiente escolar, local privilegiado para o 
ensino e a aprendizagem da escrita. Que aspectos estão ligados à escrita? E o alfabeto, como 
surgiu? Estas são algumas das questões que queremos desvendar com você!
2 A HISTÓRIA DA ESCRITA
Você já ouviu a expressão “tudo tem história”? Pois é, a escrita também tem uma história 
bastante peculiar. É interessante conhecermos aspectos da história da escrita. Isso porque 
podemos compreender, bem como fundamentar nossas práticas enquanto portadores dessa 
importante ferramenta social. Além disso, àqueles que são educadores e lidam diariamente com 
o ensino e a aprendizagem da escrita, informamos que conhecer estes aspectos históricos é 
parte integrante, indispensável da bagagem de conhecimentos que carregam consigo.
Primeiramente, buscaremos no dicionário o significado de ESCRITA. Lá encontraremos:
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Representação de palavras ou ideias por meio de sinais. (FERREIRA, 
1999, p. 801)
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Interessante este conceito, não é mesmo?
Buscaremos compreendê-lo melhor a seguir.
Pesquisadores, tais como Higounet (2003, p. 13) afirmam que: “O estágio mais elementar 
da escrita é aquele em que um sinal ou um grupo de sinais serviu para sugerir uma frase 
inteira ou as ideias contidas numa frase”. Pois bem, conta-se que os seres humanos primitivos 
buscavam maneiras de se comunicarem mais e melhor com seus grupos. Provavelmente, 
desenhos encontrados em algumas cavernas, feitos com tintas obtidas de plantas e frutas, 
antecederam a escrita. A figura a seguir demonstra isso:
FIGURA 3 – DESENHOSENCONTRADOS EM CAVERNAS
FONTE: Visconti; Junqueira (2001, p. 12)
Essas figuras representavam lutas, caças obtidas com êxito etc. Além disso, aos poucos, 
os homens passaram a produzir e cultivar produtos que a natureza lhes oferecia. Surgiu, então, 
a necessidade de registrarem suas posses, a fim de não se perderem na estocagem. Esse 
registro era feito por meio de desenhos. Vários desenhos combinados representavam uma 
ideia. Tínhamos um primeiro tipo de escrita: a escrita PICTOGRÁFICA. Veja que interessante 
o exemplo de escrita pictográfica apresentado por Cagliari (2000, p. 107):
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FIGURA 4 – EXEMPLO DE ESCRITA PICTOGRÁFICA
FONTE: Cagliari (2000, p. 107)
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Tente escrever o sentido dessas figuras. O que será que está escrito?
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Compare suas ideias com o que Cagliari (2000, p. 107) apresenta:
Um índio e sua mulher tiveram uma discussão: ele queria caçar, e ela, não. Ele pegou 
o seu arco e flechas e encaminhou-se para a floresta. Surpreendido por uma tempestade 
de neve, ele procurou proteger-se. Avistou duas tendas, examinou-as, mas descobriu que 
abrigavam duas pessoas doentes: numa delas havia um garoto com sarampo, na outra, um 
homem com varíola. Ele se afastou o mais rápido que pode e logo se aproximou de um rio. 
Vendo peixes no rio, ele apanhou um deles, comeu-o e descansou ali por dois dias. Depois, 
pôs-se a caminho de novo e avistou um urso. Disparou uma flecha contra ele, matou-o e fez 
um belo banquete. Em seguida partiu novamente e viu uma aldeia indígena, mas como eles 
se mostraram inimigos, fugiu e foi ter a um pequeno lago. Enquanto caminhava ao longo do 
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lago, apareceu um cervo. Ele matou-o com uma flecha e arrastou-o para sua cabana, para 
sua mulher e seu filhinho.
Antes de prosseguirmos, vale lembrar algo importante: para escrever, é necessário que 
tenhamos um suporte e algum material para marcar esse suporte (uma faquinha, pedras, algum 
objeto que contenha cor...). Isso também marcou a história da escrita. Segundo Higounet (2003), 
foram vários os suportes de escrita, dos quais destacamos: pedra, ardósia, tijolos, cerâmica, 
mármore, ossos, vidros, ferro, bronze (e outros metais), cascos de tartaruga. Esses materiais 
que citamos anteriormente são duros. Contudo, outros materiais, mais maleáveis também 
serviram de suporte para a escrita, tais como: madeira, cascas de árvores, telas, folhas de 
palmeira, seda, peles de animais, tabuinhas de cera, lâminas de bambu, couro.
Posteriormente surgiram o papiro, o pergaminho e o papel. O papiro surgiu no Egito. 
O pergaminho, na Ásia Menor e o papel, na China.
O sistema de escrita mais antigo de que se tem conhecimento é o dos SUMÉRIOS, 
conhecido como ESCRITA CUNEIFORME, em forma de cunha. Era uma escrita difícil, tanto 
que quem se responsabilizava pelos registros eram os ESCRIBAS.
FIGURA 5 – ESCRITA CUNEIFORME
FONTE: Visconti; Junqueira (2001, p. 17)
O comércio possibilitou o avanço desse tipo de escrita. Conforme Visconti & Junqueira 
(2001), os sumérios inventaram um tipo de dicionário para mostrar o que significava cada sinal 
da escrita cuneiforme.
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Hieróglifos: sinais sagrados gravados que os egípcios consideravam 
ser a fala dos deuses.
FONTE: Higounet (2003, p. 37).
Algumas curiosidades sobre este tipo de escrita (VISCONTI; JUNQUEIRA, 2001, p. 
19-21): 
Ela servia tanto para necessidades da vida prática (agricultura, comércio, 
educação) quanto para religião. Os egípcios acreditavam que colocar textos 
sagrados ao lado das pessoas mortas era a garantia para vida após a morte.
Somente os filhos de altos funcionários do estado e filhos de sacerdotes 
aprendiam a leitura e a escrita deste sistema. Isso através de exercícios de 
memorização, cópia e ditado. (VISCONTI; JUNQUEIRA, 2001, p. 19-21).
FIGURA 6 – ESCRITA HIEROGLÍFICA
FONTE: Disponível em: <http://historianaprofissional.blogspot.com/2011/02/as-primeiras-
escritas-escrita-surgiu.html>. Acesso em: 15 abr. 2011.
Outro sistema de escrita antigo é o EGÍPCIO, conhecido como ESCRITA HIEROGLÍFICA. 
Os HITITAS também possuíam um sistema de escrita hieroglífico, conforme mostra a 
figura a seguir:
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FIGURA 7 – SISTEMA DE ESCRITA DOS HITITAS
FONTE: Higounet (2003, p. 43)
E surge então, a ESCRITA CHINESA. Apesar de ser um sistema antigo, ele ainda 
permanece. A figura a seguir, apresentada por Higounet (2003, p. 49), mostra alguns caracteres 
deste sistema. Interessante porque ele ainda persiste nos dias atuais. Observe:
FIGURA 8 – ESCRITA CHINESA
FONTE: Higounet (2003, p. 49)
Este tipo de escrita é conhecido como ESCRITA IDEOGRÁFICA, ou seja, aquela 
representada por IDEOGRAMAS, desenhos especiais. A escrita suméria tinha cerca de 
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FIGURA 9 – SISTEMAS DE ESCRITA DOS POVOS ASTECA E MAIA
FONTE: Higounet (2003, p. 55)
Vimos anteriormente como seria complicado lidar com sistemas de escrita que possuem 
muitos símbolos. Você já imaginou memorizar todos ou encontrar alguma maneira de poder 
pesquisar constantemente, ou seja, ter consigo algum tipo de material que pudesse ser 
consultado assim que surgisse alguma dúvida ou necessidade de escrever algo?
Pois bem, aos poucos, os grupos sociais antigos perceberam dificuldades relacionadas 
aos seus sistemas de escrita e passaram a diminuir os caracteres, agrupando-os em sílabas. 
Já melhorou um pouco, não é mesmo?
Assim, foram sendo introduzidos os primeiros sistemas alfabéticos. Essa palavra 
mencionada anteriormente, alfabético, nos remete ao nosso sistema de escrita, você não acha? 
Isso é assunto para a próxima seção! Acompanhe-nos!
vinte mil ideogramas e a chinesa possui, até hoje, cinquenta mil sinais. Esses números nos 
fornecem indícios de como deve ser complicado lidar com sistemas tão amplos em quantidade 
de símbolos.
Outros sistemas de escrita antiga de que se tem conhecimento são os sistemas do 
povo ASTECA e MAIA, conforme mostra a figura a seguir:
3 NOSSO SISTEMA DE ESCRITA: O ALFABETO
Talvez já lhe ocorreu um questionamento: por que mencionamos que a nossa escrita 
é um sistema?
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Sistema é um “conjunto de elementos, materiais ou ideais, entre 
os quais se possa encontrar ou definir alguma relação”. Ainda, 
“disposição das partes ou dos elementos de um todo, coordenados 
entre si, e que funcionam como estrutura organizada”.
FONTE: Ferreira (1999, p. 1865, grifos nossos).
Portanto, se você observar as partes que sublinhamos no UNI, perceberá que elas 
remetem a uma organização através de alguns elementos, a fim de que se possa construir/
obter sentido, você concorda?
A partir disso, reflita sobre o que fazemos com o nosso alfabeto, ao escrevermos. Nós 
não utilizamos este conjunto de elementos para produzirmos sentidos? Conforme Cagliari 
(2000, p. 114-115) “a escrita tem como objetivo a leitura [...] todo sistema de escrita tem um 
compromisso direto ou indireto com os sons de uma língua”.
Sendo assim, quando você quer comunicar algo a alguém por escrito, é necessário que 
tanto vocêquanto quem receba a sua mensagem, conheçam o conjunto de símbolos, neste 
caso, as letras do nosso alfabeto, para que haja sentido.
Retomando os aspectos históricos, vale mencionar que a escrita pictográfica, aquela 
por desenhos, bem como os hieróglifos, com o passar do tempo, deram espaço ao surgimento 
do alfabeto.
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A palavra alfabeto vem dos nomes das duas primeiras letras 
gregas: alfa e beta. 
FONTE: Visconti; Junqueira (2001, p. 23).
Que evolução! Imaginem só os benefícios sociais acarretados com o surgimento 
do alfabeto: agora era possível se comunicar através do uso de um número bem menor de 
caracteres. Leia que interessante:
A fim de ajudá-lo(a) a compreender, apresentamos o que significa sistema, conforme 
o dicionário:
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A escrita alfabética foi difundida com a criação do alfabeto fenício 
constituído por vinte e dois signos que permitiam escrever qualquer 
palavra. Adotado pelos gregos, esse alfabeto foi aperfeiçoado e ampliado 
passando a ser composto por vinte e quatro letras, divididas em vogais e 
consoantes. A partir do alfabeto grego surgiram outros, como o gótico, o 
etrusco e, finalmente o latino, que com a expansão do Império Romano 
e o domínio do mundo ocidental, se impôs em todas as suas colônias.
FONTE: Heinig (2003, p. 11)
Como curiosidade, apresentamos alguns alfabetos ao longo da história, acompanhe:
FIGURA 10 – ALFABETOS AO LONGO DA HISTÓRIA
FONTE: Visconti; Junqueira (2001, p. 24)
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Vale acrescentar, ainda, que, conforme pudemos visualizar no quadro anterior, não 
existiam letras minúsculas. Estas, conforme Visconti e Junqueira (2001), foram inventadas por 
funcionários do imperador Carlos Magno, no ano de 800 d.C.
O nosso alfabeto, este que usamos diariamente, também passou por alterações. Agora, 
atualmente, são vinte e seis letras. Isso denota que não se trata de um sistema fechado, que 
não pode passar por alterações. A fim de recuperarmos e visualizarmos a organização atual, 
apresentamo-la a seguir:
UNI
Aa – Bb – Cc – Dd – Ee – Ff – Gg – Hh – Ii – Jj – Kk – Ll – Mm – 
Nn – Oo – Pp – Qq – Rr – Ss – Tt – Uu – Vv – Ww – Xx – Yy – Zz
Se você observar, há tipos de traçado que se repetem nas letras do nosso alfabeto, 
são traços tanto verticais (como em B, D, E, F, H, I, ...), quanto horizontais (como em E, F, T, 
...) e diagonais (como em V, W, Y, ...). Há também círculos (O, Q) e semicírculos (a abertura 
destes se volta ora para a esquerda (como em p) ora para a direita (como em q). Os traços 
também alteram de posição. Se tomarmos como referência uma linha reta horizontal, a letra 
p (minúscula) tem seu traço para baixo da linha, já a letra d (minúscula), tem seu traço para 
cima da linha.
Para finalizarmos esta seção, gostaríamos de refletir sobre ‘a existência de alguns 
alfabetos dentro do nosso alfabeto’. Como assim? Temos os alfabetos das letras maiúsculas e 
minúsculas, além do alfabeto da letra cursiva (maiúscula e minúscula). Poderíamos retomar os 
nomes a ele dados, comumente: SCRIPT, CURSIVA, CAIXA ALTA. O importante é lembrarmos: 
muda o traçado, mas não o valor da letra. Ex.:
A a a
As letras acima têm o mesmo valor, independente do seu traçado. Isto é o mesmo 
que dizer “A” é sempre “A”. Ou, escrever MALA, mala, mala (O que pode mudar, conforme 
veremos no Tópico 4 desta unidade, é a função das letras de acordo com o contexto no qual 
se encontram dentro de determinada palavra). Agora, poderíamos tecer outras discussões, 
levando em consideração as variações linguísticas etc. Que sentidos a palavra MALA possui? 
Enquanto você pensa a respeito, iremos adiante. Na próxima seção pretendemos estudar sobre 
aspectos do nosso sistema de escrita.
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Na nossa região a palavra “mala” tem o sentido de bolsa/caixa 
utilizada para guardar pertences pessoais em casos de viagem. 
Contudo, também dizemos a uma pessoa que ela é “mala” quando 
apresenta atitudes inconvenientes.
4 ASPECTOS DO NOSSO SISTEMA DE ESCRITA
Nesta seção, pretendemos abordar alguns aspectos do nosso sistema de escrita. Estes 
aspectos são fundamentais para quem faz uso dessa ferramenta, qual seja, a escrita. Muitas 
vezes, porém, caem no esquecimento ou, não são levados em consideração quando a escrita 
é avaliada, neste caso, é o que pode acontecer na escola. Por isso, é válido relembrarmos, 
retomarmos, revermos o conteúdo em questão.
“É uma ilusão pensar que a escrita é um espelho da fala. A relação entre as letras e 
os sons da fala é sempre muito complicada pelo fato de a escrita não ser o espelho da fala 
e porque é possível ler o que está escrito de diversas maneiras”. (CAGLIARI, 2000, p. 117).
 Este é um dos aspectos a ser levado em consideração. Muitos compreendem a escrita 
como um espelho daquilo que falamos. Mas, se a escrita não é um espelho da fala, de que 
forma isso poderia ser visualizado ou compreendido? Observe alguns exemplos:
● Quando duas letras representam apenas um som:
GU em FOGUETE
● Quando a letra não tem som na fala, mas aparece na escrita:
H no início das palavras. HOMEM – HORAS – HELICÓPTERO
● A mesma letra, dependendo de onde ela aparece na palavra, está relacionada a diferentes 
sons:
X em EXAME – TÁXI – PRÓXIMO
● Mesmo som representado por letras diferentes:
[s] em CEDO – SAPO – OSSO
● Sinais diacríticos (acento agudo, grave, til, circunflexo) que fornecem às letras valores 
sonoros especiais.
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● Sinais modificadores de entonação da fala:
Pontos de interrogação (?), exclamação (!), ponto final (.), reticências (...), aspas 
(“ “), vírgulas (,) etc.
● Abreviaturas, siglas. Estas não ocorrem na fala. Exemplos:
Sr. (senhor)/ Sra. (senhora) , att. (atenciosamente), qdo. (quando), qquer. (qualquer)
● Abreviaturas que se tornaram palavras com “vida própria”. Ex: TV (televisão)
● Quando nós falamos, muitas vezes gesticulamos. Ocorrências da fala não podem, 
simplesmente, ser transcritas para a escrita. “A escrita tem que criar, com palavras, o ambiente 
não linguístico que serve de contexto para quem fala”. (CAGLIARI, 2000, p. 120).
Para escrever, portanto, é necessário que se levem alguns aspectos, tais quais 
anteriormente apresentados, em consideração. Além disso, existem outros fatores relacionados 
à escrita sobre os quais vale refletir e construir, quando diante de uma tarefa que exija que 
escrevamos:
● MOTIVAÇÃO – escrevemos algo porque existe (deveria existir) uma intenção para fazê-
lo. Na escola este é um dos aspectos em muito desconsiderado, o que pode resultar em 
fracassos diante da escrita, acompanhando o indivíduo durante toda a sua vida.
● PLANEJAMENTO – escolha e esquematização do assunto; estilo da escrita (formal, informal); 
idade de quem lerá o que escrevemos; grau de instrução; suporte (virtual, papel, ...); gêneros 
(escrever uma receita é diferente de escrever uma bula de remédio, uma carta, um conto 
etc.). 
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O assunto sobre gêneros textuais será retomado na Unidade 3 do 
nosso Caderno de Estudos.
● LINEARIZAÇÃO – ao escrevermos, temos o compromisso de levar o leitor em consideração 
para que ele entenda o que foi escrito.
● CODIFICAÇÃO – na escrita, fonemas são convertidos em grafemas. Na leitura ocorre 
o inverso, a descodificação. A codificação deverá levar em consideração as variedades 
sociolinguísticas dos alunos. 
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Os grafemas estão ligadosao traçado das letras e os fonemas aos 
valores sonoros que os grafemas representam. (SCLIAR-CABRAL, 
2003).
● MONITORIA – revisar constantemente o que se escreve. As retomadas do texto permitem 
visualizar trocas na escrita, omissões, repetições desnecessárias etc.
Na próxima seção estudaremos sobre o que é necessário que se conheça quando se 
começa a escrever, ou melhor, a ter contato e a fazer uso do sistema de escrita.
5 CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS
 PARA QUEM SE APROPRIA DA ESCRITA
Nesta seção contaremos com a ajuda de Cagliari (1999). Este autor apresenta em sua 
obra uma lista de conhecimentos que precisamos ter quando lidamos com o nosso sistema 
de escrita. Preste atenção! Você perceberá que se trata de conhecimentos fundamentais. Que 
tal revisá-los?
Então, é de suma importância, quanto à escrita, CONHECER:
● a língua na qual foram escritas as palavras;
● o sistema de escrita;
● o alfabeto (o nome da letra não é o mesmo que o som que ela representa);
● as letras – que variam na forma gráfica e no valor funcional;
● a categorização gráfica das letras – cada letra tem sua função. Mudanças no traçado não 
necessariamente alteram a função. Anteriormente, na Seção 3 desta unidade, apresentamos 
o exemplo da letra A em diversos traçados;
● a categorização funcional das letras – não se pode escrever uma letra qualquer em qualquer 
posição da palavra. Ex.: convencionou-se que a palavra BOLA é escrita nesta sequência. 
Independente da região do nosso país, BOLA será BOLA. Existe uma representação para 
essa palavra. Ela representa um objeto redondo, usado para jogar futebol e outros esportes 
etc. Não poderíamos, simplesmente, mudar a escrita de BOLA para LAOB, pois não haveria 
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compreensão e nem convenção social para isso;
● a ortografia (grafia correta) – por ela a escrita pode ser ‘lida’ pelas diferentes variedades 
linguísticas;
● o princípio acrofônico: conjunto de regras para decifrar o valor sonoro das letras;
● o nome das letras – a – bê – cê – dê – ê/é – efe – gê – agá – i – jota – cá – ele – eme – 
ene – ô/ó – pê – quê – erre – esse – tê – u – vê – dáblio – xis – ípsilon – zê – cê-cedilha;
● relações entre letras e sons (para a leitura. Ex.: CASA). Neste caso, quando o “s” está 
entre duas vogais, produz-se o som de “z”.
● relações entre sons e letras (na escrita) – quando se escreve dentro e se lê drentu, a 
escrita padrão aparece e, na leitura prevalece a variedade linguística. Já quando se escreve 
drentu, ocorre o inverso.
● a ordem das letras na escrita (no português, da esquerda para a direita);
● a linearidade da fala e da escrita – na fala: pronunciamos vogais, consoantes, ritmos, 
volume, duração, velocidade (ao mesmo tempo e variando). Na escrita: separamos vogais e 
consoantes, usamos sinais de pontuação, mudamos as vogais com o acréscimo de acentos, 
til etc. Pelas pistas linguísticas apontadas na escrita, o leitor tentará reconstruir a oralidade, 
“falando” o que lê;
● reconhecer uma palavra: na escrita, o conjunto de letras separado por espaços em branco 
é uma palavra;
● nem tudo o que se escreve são letras, há acentos e sinais de pontuação que modificam 
a entonação e o valor sonoro;
● nem tudo que aparece na fala tem representação gráfica na escrita.
Após termos estudado sobre a escrita, finalizamos este tópico com o resumo. Aproveite 
para relembrar o que você aprendeu! Bom proveito! No próximo tópico abordaremos a leitura.
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, estudamos sobre:
● A escrita, compreendendo-a como um sistema, inventado e convencionado. Aprendemos 
que um sistema é um conjunto de elementos, uma estrutura organizada que possibilita 
estabelecer relações.
● Ao longo da história, a escrita teve a sua evolução. Passou das marcas em cavernas aos 
desenhos em forma de cunha – escrita pictográfica. Em seguida, desenhos mais elaborados 
– escrita hieroglífica - deram espaço a outros tipos de caracteres, escrita ideográfica. Em 
virtude dos muitos caracteres, surgiu a necessidade de redução. Dessa forma, chegou-se 
aos sistemas alfabéticos, dentre os quais, o nosso.
● O nosso alfabeto tem, atualmente, vinte e seis letras. As letras podem variar em seus traçados, 
mas não variam em seu valor sonoro. Isso quer dizer que A é A, independente da sua grafia 
(maiúscula, minúscula, script, cursiva, caixa alta).
● A escrita não é o espelho da fala. Por isso, é necessário que se conheçam os aspectos 
referentes ao nosso sistema e alguns conhecimentos pertinentes. Estes se tornam ferramentas 
importantes para o uso da escrita.
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Assista ao filme “Central do Brasil” e observe como se lida com a escrita nesta 
produção. Quem escreve no filme? Quem depende da escrita? Qual é o objetivo do 
que se escreve? Quais são os seus comentários pessoais a respeito do tema escrita 
ao percebê-la neste filme?
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A LEITURA
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 3
UNIDADE 1
No tópico anterior, ao estudarmos sobre a escrita, aprendemos que escrevemos algo 
para que alguém o leia, você se lembra disso? Se não fosse assim, a escrita e sua invenção 
não teriam sentido algum. Neste tópico, pretendemos abordar a leitura. Apresentaremos as 
ideias de alguns autores sobre o assunto e estabeleceremos elos entre o que apresentam. 
Desta maneira, queremos construir compreensões, a fim de tornar a leitura algo muito próximo 
de nós! “Ler? Sim. E com muito prazer!” Esperamos que seja esta a sua reação!
2 O QUE É LER?
“A leitura é sempre apropriação, invenção, produção de significados”. (CHARTIER, 
1999, p. 77).
FIGURA 11 – A LEITURA
FONTE: Disponível em: <http://office.microsoft.com>. Acesso em: 15 
abr. 2011.
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Conforme anunciamos anteriormente na introdução deste tópico, apresentaremos a 
seguir o que alguns autores pontuam sobre ler. Acompanhe-nos!
Ler é inscrever-se no mundo como signo, entrar na cadeia significante, ela-
borar continuamente interpretações que dão sentido ao mundo, registrá-las 
com palavras, gestos, traços. Ler é significar e, ao mesmo tempo, tornar-se 
significante. A leitura é uma escrita de si mesmo, na relação interativa que dá 
sentido ao mundo. (YUNES, 2009, p. 35).
Destacamos das palavras dessa autora, duas passagens para as retomarmos 
posteriormente:
UNI
● SENTIDO AO MUNDO. 
● RELAÇÃO INTERATIVA.
Outro autor, Foucambert (1994, p. 5), escreve: 
Ler significa ser questionado pelo mundo e por si mesmo, significa que cer-
tas respostas podem ser encontradas na escrita, significa poder ter acesso 
a essa escrita, significa construir uma resposta que integra parte das novas 
informações ao que já se é [...] ler é o meio de interrogar a escrita e não tolerar 
a amputação de nenhum de seus aspectos. 
Como destaque:
Ler é:
● Um processo de interação entre leitor e texto.
● Uma construção que envolve o texto, os conhecimentos prévios do leitor que o aborda e 
seus objetivos.
● Ler envolve a compreensão do texto escrito.
● Para ler necessitamos manejar com destreza as habilidades de decodificação, além de 
acionarmos nossos objetivos, ideias e experiências prévias. Ao lermos nos envolvemos 
em um processo de previsão e inferência contínua. Isso encontra apoio na informação 
proporcionada pelo texto e na nossa bagagem. Ao mesmo tempo, nos envolvemos em um 
processo que permite encontrar evidências ou rejeitar as previsões e inferências mencionadas 
anteriormente. (SOLÉ, 1998, p. 22-23 – grifosnossos).
UNI
● SER QUESTIONADO PELO MUNDO.
● PODER TER ACESSO À ESCRITA.
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Ler é compreender. “Ninguém pode compreender as situações evocadas nos livros 
se elas forem totalmente estranhas à sua experiência e a seus conhecimentos ou exteriores a 
seu meio”. (CHARTIER, CLESSE & HÉBRARD, 1996, p. 115 - grifos nossos).
“Ler começa por uma intenção por parte do leitor: a busca por uma informação, um 
momento de lazer, de prazer etc. Uma vez reconhecidas e identificadas as letras, é atribuído 
o sentido”. (SCLIAR-CABRAL, 2003, p. 80, grifos nossos).
Pois bem, apresentamos alguns autores e o que eles escrevem sobre “ler”. Você 
deve ter percebido que negritamos algumas palavras e a outras demos destaque pelo UNI. 
Que tal recuperarmos algumas dessas passagens para tecermos, a partir delas, algumas 
compreensões?
Algo que é recorrente nos escritos vistos anteriormente é a questão de que ler envolve 
INTERAÇÃO, COMPREENSÃO e CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS. Também ‘lemos’ que ler 
envolve a decodificação dos símbolos apresentados pela escrita. Mas, isso TAMBÉM está 
envolvido, contudo, ler não é apenas decifrar um código. Que tal discutirmos um pouco mais 
a respeito?
Tomemos como exemplo um livro de literatura infantil. Quando a criança, em seus 
primeiros contatos com este material, manuseia o livro, ele não passa de um objeto a ser 
apreciado pelas suas imagens. Geralmente, estes materiais são coloridos e apresentam pouca 
escrita. Observe um exemplo:
FIGURA 12 – LIVRO DE LITERATURA INFANTIL
FONTE: Threehouse (2009, p. 10)
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Se não fosse assim, você acha que a criança daria importância ao livro? Faça uma 
experiência: entregue um livro sem figuras a uma criança e perceba a sua reação. Com o passar 
do tempo, a leitura de imagens dá lugar à leitura do nosso sistema de escrita e a compreensões 
provenientes do nosso entorno, relacionadas aos nossos contextos de vida.
UNI
Você sabia que foi um revendedor de livros chamado John 
Newbwrry quem, em 1744 abriu a primeira livraria infantil em 
Londres, e começou a escrever e a editar, ele próprio, breves 
histórias divertidas, ilustradas e baratas?
FONTE: Teberosky; Colomer (2003, p.152)
Posteriormente, em parceria com a assimilação do código, passamos a fazer escolhas 
de materiais que queremos ler. Com esses materiais interagimos: eles nos remetem a 
experiências de vida, locais que conhecemos ou gostaríamos de conhecer, enfim, acionam 
nossos contextos. Além disso, oferecem outras compreensões. Acrescem ou nos fazem mudar 
de ideia diante de determinado assunto. Na região em que (con)vivemos havia uma livraria 
que adotou um jargão: LER FAZ A CABEÇA. É isso que podemos compreender, num sentido 
bastante resumido, sobre a leitura.
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Agora, observe a tirinha que segue e reflita:
● Que sentido têm as palavras de Mafalda diante do que discutimos anteriormente? 
Pense em contextos de vida, compreensão, atribuição de sentidos, interação.
● Encontre um deslize na escrita do último quadrinho.
FONTE: Quino (1993, p. 149).
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AS!
Anteriormente, mencionamos livros de literatura infantil. Acesse o 
site a seguir e encontre uma lista de 204 livros sugeridos por um 
grupo de pesquisadores da área:
● <www.educarparacrescer.com.br> – o que seu filho deve ler dos 
2 aos 18 anos para ter uma boa formação.
Pois bem, até aqui caminhamos tentando desvendar o que é ler. O uso do verbo 
TENTAR, neste momento, dá indícios de que essa tarefa não é unilateral, ou seja, não 
encontraremos uma maneira única de dizer “o que é ler”. Além disso, vale lembrar que 
muitos autores vêm se debruçando sobre estudos referentes a essa tentativa, entre eles há 
concordâncias e divergências. Portanto, o que nós fizemos foram escolhas. Essas escolhas 
estão em concordância com o nosso contexto de vida, nossa prática pedagógica, experiências 
vivenciadas. 
Na próxima seção pretendemos estudar e conhecer algumas estratégias de leitura.
3 ESTRATÉGIAS DE LEITURA
Estratégias? Parece coisa de guerra...
Não. A fim de elucidar sobre o porquê dessa palavra, contamos com o apoio teórico de 
três autores, quais sejam: Solé (1998); Serra e Oller (2003).
O uso da palavra estratégias refere-se a um tipo particular de procedimentos para atingir 
determinados objetivos. Esses objetivos, obviamente, no nosso caso, referem-se à leitura.
Ensinar e pensar estratégias de leitura, conforme Solé (1998), contribui para equipar 
alunos com recursos necessários que culminam em um aprender a aprender.
Antes de partirmos para o estudo das estratégias de leitura, queremos conhecer alguns 
objetivos de leitura. Quando tratamos de objetivos, somos levados a refletir sobre: para que 
lemos? 
Em resposta a esta pergunta, acompanhe-nos. Lemos para:
● Obter informações precisas: neste tipo de leitura pretendemos localizar algo que nos interessa. 
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Ao mesmo tempo em que buscamos algumas informações, descartamos outras. Ex.: busca 
do significado de uma palavra no dicionário. É uma leitura seletiva.
● Seguir instruções: através desta leitura queremos realizar algo concreto. Em vez de selecionar, 
temos que ler tudo para compreender todo o processo. Ex.: instruções de um jogo, receita 
de uma torta etc.
● Obter uma informação de caráter geral: diante desse objetivo de leitura, o leitor lê algo 
de maneira geral e decide se quer/precisa aprofundar a sua leitura ou não. Ex.: leitura de 
materiais específicos para a elaboração de um trabalho escolar, leitura das manchetes de 
notícias etc.
● Aprender: este tipo de leitura tem como objetivo ampliar os conhecimentos que já temos 
sobre determinado assunto. Estabelecemos relações, aprendemos termos novos, fazemos 
recapitulações e sínteses, anotamos, grifamos etc.
● Revisar um escrito próprio: neste caso, temos que nos colocar no lugar de escritor e leitor. 
É uma leitura crítica, útil. Esta leitura pode nos ajudar muito a aprender a escrever. Afinal, 
temos que refletir sobre a maneira mais conveniente de escolhermos as palavras a fim de 
atingir nossos objetivos diante de quem nos lê/lerá.
● Obter prazer: cada pessoa sabe o sentido de ‘prazer’ para si. Por isso vale destacar que 
esse objetivo envolve a “experiência emocional desencadeada pela leitura”. (SOLÉ, 1998, 
p. 97).
● Comunicar um texto a um auditório: essa leitura tem como objetivo transmitir alguma 
mensagem para um grupo de pessoas e, que estas pessoas entendam a mensagem. Para 
isso podemos usar recursos de mídia, entonação de voz, dicção clara etc. É importante, 
também, conhecer a mensagem que queremos transmitir, ou seja, caso a tenhamos por 
escrito, como suporte para a transmissão, que leiamos esse material anteriormente.
● Praticar a leitura em voz alta: a este objetivo, ou, anterior a ele, deve estar a compreensão. 
Esta prática é comum em salas de aula. Contudo, é/seria interessante que os alunos 
pudessem conhecer e compreender o texto que devem ler em voz alta. Isso antes de 
apresentá-lo. Provavelmente na hora da exposição oral haveria maior segurança.
● Verificar o que se compreendeu: isso pode ser feito através de um planejamento de perguntas 
e respostas anterior, com base no texto a ser lido.
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