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PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS ASPECTOS GERAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS Caro aluno, esta é a etapa inicial dos estudos do curso de Primeiros Socorros nas Escolas. O objetivo desta etapa é que você compreenda o trabalho do profissional socorrista, para tanto, serão abordados os fundamentos dos primeiros socorros, discorrendo sobre os aspectos legais do socorro, os serviços de utilidade pública disponíveis para a prestação de serviços à sociedade nos casos de urgência e emergência, e as peculiaridades sobre o transporte dos acidentados. Para isso, disponibilizamos uma apostila sobre o conteúdo em formato PDF, materiais complementares e interativos, exercícios para você testar o seu conhecimento e um tema no fórum de discussão, a fim de manifestar a sua opinião. No caso de dúvidas, acesse o link Tire suas Dúvidas e relate-as para nós. APRESENTAÇÃO Organização Carla Eunice Gomes Correa Reitor da UNIASSELVI Prof. Hermínio Kloch Pró-Reitora do EAD Prof.ª Francieli Stano Torres Edição Gráfica e Revisão UNIASSELVI Autora Talita Cristiane Sutter CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS ASPECTOS GERAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS .01 1 INTRODUÇÃO Todos nós estamos propensos a precisar de atendimento imediato de socorro, seja por um acidente ou até algum tipo de doença, e a importância de um profissional qualificado para os primeiros socorros pode ser crucial diante do acontecimento. Assim, se torna imprescindível que as pessoas tenham acesso às informações sobre como agir nessas situações. Como salienta Gonçalves e Gonçalves (2019, p. 5), “o conhecimento sobre os procedimentos de primeiros socorros deveria ser de domínio público, pois os acidentes acontecem a todo instante e em todos os lugares”. ATENDIMENTO (1) FONTE: <https://reinaldoinstrutor.blogspot.com/2016/05/simulados-de- primeiros-socorros-sem.html>. Acesso em: 23 jan. 2019. Historicamente, os métodos que são utilizados durante os primeiros socorros, iniciaram em 1859, com Jean Henry Dunant, que teve apoio de Napoleão III. O projeto tinha como finalidade a educação das comunidades locais, tendo como alvo principal aquelas em que estavam em guerra. As causas de mortes dos muitos soldados em meio às batalhas, que não recebiam atendimento, eram ferimentos simples, pequenas fraturas e CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS lesões por armas. Devido ao sofrimento de milhares de soldados que morriam abandonados nos campos de batalha por complicações destas lesões, Dunant organizou um grupo de voluntários com os habitantes da região com o objetivo de ministrar os primeiros socorros para aqueles soldados feridos. Após a criação deste grupo de voluntários, Dunant escreveu um livro em que propõe a criação de grupos de primeiros socorros, para atendimento dos feridos. Mais tarde, em 17 de fevereiro de 1863, recebeu o apoio da Sociedade Pública de Genebra fundando um Comitê Internacional de Socorro aos Feridos. Este comitê era formado por cidadãos suíços, que organizaram uma Conferência Internacional em Genebra, com a representação de 16 países, que deram origem à Cruz Vermelha. As resoluções previam: • a criação, em cada país, de um Comitê de Socorro, que ajudaria em tempos de guerra, os serviços de saúde dos exércitos; • a formação de enfermeiras voluntárias em tempos de paz; • a neutralidade das ambulâncias, dos hospitais militares e do pessoal de saúde; • a adoção de um símbolo definitivo uniforme: uma braçadeira branca com uma cruz vermelha em fundo branco (CRUZ VERMELHA, 2019, s.p.). Esses procedimentos, até hoje, são de grande valor para a vida humana, visto que muitos casos de acidentes podem levar o indivíduo a óbito antes de obter o atendimento presencial em uma unidade de saúde, por exemplo. Neste caso, faz-se necessário um atendimento adequado de primeiros socorros, que pode ser feito por pessoas instruídas de antemão para que o sujeito acidentado tenha mais chances de obter êxito no seu tratamento (SOARES, 2013). No Brasil, em setembro de 2017, em Campinas/SP, o estudante Lucas Begalli Zamora, de 10 anos, morreu ao se engasgar com um sanduíche durante um passeio escolar. Para enfrentar situações como essa, o Congresso Nacional aprovou o Projeto de Lei 9.468/18. A proposta foi sancionada no dia 04/10/2018 pela Presidência da República e transformada na Lei Lucas 13.722/18. A proposta obriga as escolas, públicas e privadas, de educação infantil e básica a fazerem curso de capacitação de professores e funcionários em noções básicas de primeiros socorros (BRASIL, 2018a). Para Taddei et.al. (2006), mais importante do que saber o que fazer na hora do acidente é saber preveni-lo. Tratando-se de espaços que circulam crianças, estes devem ser planejados adequadamente, promovendo um ambiente seguro para poderem se desenvolver saudavelmente, sem limitar a sua capacidade de descobertas e curiosidades. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS 2 FUNDAMENTOS DOS PRIMEIROS SOCORROS Como elucida a citação a seguir, o primeiro socorro é um tratamento inicial, pois tem caráter imediato a fim de preservar a vida. Também pode-se dizer que visa diminuir o sofrimento da pessoa, e pode ser oferecido tanto para acidentados como também vítimas de tipos de doenças súbitas. Segundo Brasil, (2003, p. 8), Podemos definir primeiros socorros como sendo os cuidados imediatos que devem ser prestados rapidamente a uma pessoa, vítima de acidentes ou de mal súbito, cujo estado físico põe em perigo a sua vida, com o fim de manter as funções vitais e evitar o agravamento de suas condições, aplicando medidas e procedimentos até a chegada de assistência qualificada. O tipo de atendimento, em situações emergenciais vai depender da situação em que esta foi gerada, pode vir a ser, “proteção de feridas, imobilização das fraturas, controle de hemorragias externas, desobstrução das vias respiratórias e realização de manobras de Suporte Básico de Vida (SBV)” (REIS, 2010, p. 5). Suporte Básico de Vida é uma sequência de ações válida para o socorrista que atua sozinho. Para saber mais sobre SBV acesse: file:///C:/Users/89120345968/ Downloads/Suporte%20b%C3%A1sico%20de%20vida.pdf. De acordo com Soares, (2013, p. 2): A expressão, primeiros socorros, é usada para caracterizar uma série de procedimentos adotados com o fim de preservar vidas sob risco iminente e em condições de urgência e/ou emergência. Esses procedimentos são realizados geralmente por pessoas comuns, com conhecimentos teóricos e práticos acerca das técnicas utilizadas. Para prestar os primeiros socorros, a pessoa treinada deve realizar o ato com calma, sendo confiante e compreensivo. É importante manter o autocontrole assim como o das outras pessoas envolvidas no acontecimento. Por exemplo, informar o indivíduo que sofreu o acidente sobre sua situação atual, deve ser analisado pelo profissional com cautela, a fim de não causar sentimentos desnecessários no momento, como ansiedade e medo. Até mesmo o tom de voz que este utilizará com a vítima é importante, devendo ser calmo e confortante para gerar confiança mútua (BRASIL, 2003). CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS Segundo Bergeron, et al. (2007, p. 6): Os socorristas são treinados para aproximar-se do paciente, detectar problemas, oferecer assistência à emergência e, quando necessário, locomovê-lo, sem causar outras lesões. Os Socorristas são, em geral, as primeiras pessoas, com conhecimentos em primeiros socorros, a chegar no local. Os socorristas podem ser policiais, bombeiros, trabalhadores ou qualquer cidadão. Neste caso é importante salientar que o profissional que prestará socorro, necessita estar atento inclusive a sua segurança pessoal, para ajudar o outro sem que, para isso, também acabe como vítima por tomar atitudes imprudentes (SOARES, 2013). Outro ponto importante é que a pessoa habilitada deve alertar e ajudar a vítima evitando um possível agravamento do acidente, porém esse atendimentonão pode substituir ou atrasar os outros serviços que estão disponíveis como emergências médicas (REIS, 2010). OBJETIVOS DOS PRIMEIROS SOCORROS FONTE: Adaptado de Reis (2010) 2.1 URGÊNCIA E EMERGÊNCIA Em nosso dia a dia é muito comum escutarmos as pessoas se referirem as situações de urgência e emergência como sinônimas, porém, sabemos que as situações são diferentes. Observe a figura a seguir, nela podemos verificar as diferenças entre situações de urgência e emergência. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS DIFERENÇA ENTRE EMERGÊNCIA E URGÊNCIA FONTE: <https://1.bp.blogspot.com/-G95JILlZB9I/VGJeXD6hWbI/AAAAAAAAABs/6ljSPJag-qc/s1600/ 601560_501330656544418_1422815089_n%2B(1).jpg>. Acesso em: 23 jan. 2019. Por mais que as situações de emergência requerem atenção imediata por acarretar riscos à vida do sujeito, uma ocorrência de urgência também necessita de uma solução em curto prazo. Observe o quadro a seguir, nele apresentamos exemplos de nosso cotidiano que caracterizam as situações de urgência e emergência. Urgência Emergência • Fraturas não expostas. • Traumatismo Craniano. • Cólicas Renais. • Fraturas Expostas. • Pressão Arterial Elevada. • Parada Cardiorrespiratória. • Crise Asmática. • Hemorragias Graves. EXEMPLOS DE SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA FONTE: Adaptado de Schmitz (2019) Quando nos encontramos diante de uma situação de emergência, é exigindo de nós uma ação rápida e, neste momento, de acordo com Bartman (1996), muitos tipos de reações podem surgir, como por exemplo: • Não nos manifestarmos, pois não sabemos o que fazer. • Independente de termos o conhecimento ou não sobre as técnicas que devem ser utilizadas podemos permanecer em “congelamento” pelo medo. • Reagimos imediatamente mesmo sem conhecimento prévio, muitas vezes piorando a situação. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS Todas essas manifestações são naturais ao ser humano, porém, em uma hora de emergência, é de suma importância que a pessoa saiba controlar esses instintos para agir corretamente. Neste caso, é tão importante confiar no que se sabe sobre primeiros socorros, quanto reconhecer os limites que cada caso pode nos infligir. De qualquer forma, a avaliação do socorrista é primordial e deve basear-se na averiguação das necessidades indicando as prioridades de cada caso (BRUNO; BARTMAN, 1996). Alguns passos podem ser seguidos na hora de prestar o atendimento de emergência, analisando os fatores com rapidez e cautela. Avalie Formule um plano de ação Aja • Existe algum perigo no local que apresente risco para mim ou para a vítima? • É possível me aproximar da vítima com segurança? • O que causou a condição atual da vítima? • É possível manter a segurança enquanto presto assistência? • Que tipo de assistência de emergência pode ser necessária? • Como o serviço médico de emergência local pode ser acionado? • Acione o serviço médico de emergência ligando primeiro (vítima sem ventilação) ou cuidando primeiro (vítima sem ventilação devido afogamento). • Siga as diretrizes treinadas para prestar assistência de emergência. • Continue a levar em consideração a sua segurança. AVALIAÇÃO DAS SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA FONTE: Adaptado de TOLDO (2016) 3 ASPECTOS LEGAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS A saúde é um princípio básico e de direito do ser humano, e está prevista na Constituição Federal, descrita no seguinte parágrafo: Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL,1988, s.p.). Todas as pessoas possuem o direito à proteção da vida e à saúde, com este intuito a lei do Código Penal foi estabelecida e ampliada para garantir tais direitos fundamentais. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS A omissão de socorro foi conceituada como “a atitude de deixar de socorrer pessoas em situação de vulnerabilidade, como crianças abandonadas ou perdidas, pessoas inválidas, com ferimentos, ou em situação de risco ou perigo” (BRASIL,1940, s.p.). “O fato de chamar o socorro especializado, nos casos em que a pessoa não possui um treinamento específico ou não se sente confiante para atuar, já descaracteriza a ocorrência de omissão de socorro” (SOARES, 2013, p. 3). OMISSÃO DE SOCORRO FONTE: <https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/imagens- 2016/21omissaodesocorro.jpg/@@images/0259c760-787f-4c98-a3cd-e092c3e5f613.jpeg>. Acesso em: 23 jan. 2019. No Código Penal, a omissão de socorro foi prevista há muito tempo, até mesmo anterior à Constituição, prevalecendo suas principais implicações e diretrizes sobre esta situação até o dia de hoje. Na descrição do artigo a seguir é possível avaliar inclusive a gravidade da omissão, caso ocorra óbito oriundo da ausência de prestação do socorro. O Art. 135 da CF estabelece que: Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública. [...] Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta em morte (BRASIL,1940, s.p.). No ano de 1984, o Código Penal foi ampliado e foi incluído em sua redação a responsabilidade da prestação do atendimento pelos profissionais de saúde ou pessoas habilitadas (ex.: socorristas). Neste caso, o conhecimento CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS técnico, responsabiliza a pessoa quanto ao dever de prestar o atendimento com segurança. A seguir, consta tais descrições: § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado (BRASIL,1984, s.p.). 3.1 DIREITOS DA VÍTIMA O prestador do socorro deve estar ciente que a vítima possui o direito de se recusar em receber a assistência. No caso de pessoas adultas, esse direito é válido quando eles estiverem conscientes e lúcidos. O motivo da recusa pode ocorrer por alguns fatores: crenças religiosas ou falta de confiança no prestador de socorro que for realizar o atendimento. Nestes casos, “a vítima não pode ser forçada a receber os primeiros socorros, devendo assim certificar- se de que o socorro especializado foi solicitado e continuar monitorando a vítima, enquanto tenta ganhar a sua confiança através do diálogo” (SILVEIRA; MOULIN, 2003, p. 1). Caso a vítima esteja impedida de falar, em decorrência do acidente e com sinais que se compreende de que ela não deseja o atendimento, tome as seguintes providências: Não discuta com a vítima. Não questione suas razões, principalmente se elas forem baseadas em crenças religiosas. Converse com a vítima, informe a ela que você possui treinamento em primeiros socorros, que irá respeitar o direito dela de recusar o atendimento, mas que está pronto para auxiliá-la no que for necessário. Esclareça às testemunhas de que o atendimento foi recusado por parte da vítima. No caso de crianças, a recusa do atendimento pode ser feita pelo pai, pela mãe ou pelo responsável legal. Se a criança é retirada do local do acidente antes da chegada do socorro especializado, o prestador de socorro deverá, se possível, conseguir testemunhas que comprovem o fato. PROVIDÊNCIAS PARA O PRESTADOR DE PRIMEIROS SOCORROS EM CASOS DE RECUSA DA ASSISTÊNCIA PELA VÍTIMA ADULTA CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS O consentimento para o atendimento de primeiros socorros pode ser formal, quando a vítima verbaliza ou sinaliza que concorda com o atendimento, após oprestador de socorro ter se identificado como tal e ter informado à vítima de que possui treinamento em primeiros socorros, ou implícito, quando a vítima esteja inconsciente, confusa ou gravemente ferida a ponto de não poder verbalizar ou sinalizar consentindo com o atendimento. Neste caso, a legislação infere que a vítima daria o consentimento, caso tivesse condições de expressar o seu desejo de receber o atendimento de primeiros socorros. O consentimento implícito pode ser adotado também no caso de acidentes envolvendo menores desacompanhados dos pais ou responsáveis legais. Do mesmo modo, a legislação infere que o consentimento seria dado pelos pais ou responsáveis, caso estivessem presentes no local. FONTE: Adaptado de Silveira; Moulin (2003) 4 SERVIÇOS DE UTILIDADE PÚBLICA A população conta com serviços especializados para o atendimento de urgência e emergência. Os principais são: SAMU — Serviço de Atendimento Móvel de Urgência — e o Corpo de Bombeiros. O SAMU foi desenvolvido pela Secretária de Estado da Saúde de Santa Catarina, em parceria com o Ministério da Saúde e Secretarias Municipais, cuja missão é regular atendimentos de urgência e emergência em todo o Estado. Também é responsável pelas transferências de pacientes graves, operando tanto em ambulâncias USAs (Unidades de Suporte Avançado) e USBs (Unidades de Suporte Básico), que são Unidades de Suporte Básico e Avançadas, como também no transporte aéreo, com sua aeronave, o Arcanjo. Nas Unidades de Suporte Básico, a equipe é composta por um condutor-socorrista e um técnico em enfermagem, enquanto, nas Unidades de Suporte Avançada, a organização da ambulância é combinada por um médico, um enfermeiro e um condutor-socorrista. Ao todo, em Santa Catarina, são 23 USAs e 97 USBs. O SAMU conta no momento com 114 Serviços de Atendimento Móvel de Urgência no Brasil, estando em atividade em 926 municípios no Brasil e atingindo 92,7 milhões de pessoas (SANTA CATARINA, 2019a, s.p.). LOGO SAMU FONTE: <https://samu.saude.sc.gov.br/images/logo/logo.png>. Acesso em: 6 fev. 2019. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS Conforme visto na Figura 5, o número para ligações ao SAMU é 192, quando um cidadão liga, ele é atendido por um Técnico auxiliar de Regulação Médico, esse técnico é que vai encaminhar o caso para um médico regulador, este vai avaliar a urgência do caso e entrará em contato com um rádio operador que por fim chamará a ambulância mais próxima ao local para a realização do atendimento. Como visto, no SAMU existem USB’s e USA’s, que são selecionadas conforme a gravidade da situação relatada. Quando há o risco de vida eminente é acionado o “código vermelho” e o objetivo do serviço é atingir cerca de 1 minuto e 30 segundos do atendimento do rádio operador até a ambulância (SANTA CATARINA, 2019a). Missão Visão Valores Prestar o atendimento pré-hospitalar de urgência com excelência a população de Santa Catarina, além de realizar a coordenação, a regulação e a supervisão médica, direta ou a distância, de todos os atendimentos. Atender o paciente de forma ágil e eficiente, com profissionais capacitados e recursos tecnológicos adequados, cumprindo 100% das solicitações no menor tempo- resposta possível, com a finalidade de ser referência neste tipo de procedimento. Garantir o acesso do paciente à Unidade de Saúde mais adequada e proporcionar o melhor atendimento pré- hospitalar de urgência, tanto em casos de traumas quanto em situações clínicas, prestando sempre os cuidados médicos apropriados ao estado de saúde do cidadão. MISSÃO, VISÃO E VALORES DO SAMU FONTE: Adaptado de Santa Catarina (2019a) Outro serviço que pode ser solicitado em caso de emergência é o do corpo de bombeiros. Eles surgem com a missão de atuar em atividades de defesa civil, prevenção e combate de incêndios e também em situações de salvamentos, cada qual em suas respectivas unidades federativas. Em Santa Catarina contamos com o Corpo de Bombeiros Militar, cujo número é 193. De acordo com a Constituição do Estado de Santa Catarina: CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SANTA CATARINA (1989) “Art. 108. O Corpo de Bombeiros Militar, órgão permanente, força auxiliar, reserva do Exército, organizado com base na hierarquia e discipl ina, subordinado ao Governador do Estado, cabe, nos limites de sua competência, além de outras atribuições estabelecidas em Lei: I – realizar os serviços de prevenção de sinistros ou catástrofes, de combate a incêndio e de busca e salvamento de pessoas e bens e o atendimento pré- hospitalar; II – estabelecer normas relativas à segurança das pessoas e de seus bens contra incêndio, catástrofe ou produtos perigosos; CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS III – analisar, previamente, os projetos de segurança contra incêndio em edificações, contra sinistros em áreas de risco e de armazenagem, manipulação e transporte de produtos perigosos, acompanhar e fiscalizar sua execução, e impor sanções administrativas estabelecidas em Lei; IV – realizar perícias de incêndio e de áreas sinistradas no limite de sua competência; V – colaborar com os órgãos da defesa civil; VI – exercer a polícia judiciária militar, nos termos de lei federal; VII – estabelecer a prevenção balneária por salva-vidas; e VIII – prevenir acidentes e incêndios na orla marítima e fluvial (SANTA CATARINA, 2019b). LOGO CORPO DE BOMBEIROS SC FONTE: <https://dat.cbm.sc.gov.br/images/logo_marcas/Logo_sem_fundo. png>. Acesso em: 7 fev. 2019. Agora, caracterizados os dois serviços, é importante esclarecer para qual deles ligar dependendo da situação de emergência. A imagem a seguir demonstra alguns exemplos de fatos em que devemos chamar o SAMU e o Corpo de Bombeiros: CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS SAMU E CORPO DE BOMBEIROS FONTE: <http://www.guiacaldasnovas.com.br/userfi les/image/samu.jpg>. Acesso em: 7 fev. 2019. Após ligar para o número indicado àquela situação, a comunicação deve ser eficaz afim de facilitar a compreensão dos profissionais sobre o tipo de equipamento e pessoal necessário para o atendimento, então, forneça sempre: Tipo de acidente Número de vítimas Localização exata Incêndio, acidentes com veículos, quantos e quais os tipos de veículos envolvidos, atropelamento, vazamento de gás ou produtos químicos, inundação, desmoronamento, brigas etc. O número, tipo e gravidade das lesões sofridas, se foram removidas do local, se precisam ser resgatadas de local perigoso. Informe a idade aproximada das vítimas, se há crianças, pessoas idosas ou mulheres grávidas. Se for na cidade, forneça a localização exata da rua, o número e o ponto de referência mais fácil. Em rodovias, forneça o nome ou número, o quilômetro, se for possível, ou a indicação de entroncamentos ou pontos de referência. PASSOS PARA COMUNICAÇÃO COM A EMERGÊNCIA FONTE: Adaptado de Júnior (2014) CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS No quadro a seguir estão listados outros telefones úteis dependendo de cada ocorrência: 181 DISQUE-DENÚNCIA: é um serviço gratuito oferecido à comunidade para o repasse de informações sobre crimes. O denunciante não precisa se identificar. Desde sua criação, em 2003, não houve nenhum caso de divulgação da identidade das pessoas que ligaram no 181. 190 POLÍCIA MILITAR: é o telefone de emergência da Polícia Militar por meio do qual podem ser repassadas/relatadas situações de furto, roubo, homicídio, violência doméstica, agressão, depredação do patrimônio público, invasão de domicílio, entre outros delitos que imponham o cidadão ao risco iminente de um ilícito penal ou no momento em que estas situações estejam ocorrendo. 191 POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL: utilizado pela Polícia Rodoviária Federal, a população poderá ligar para informar sobre ocorrências nas rodovias federais como, por exemplo, crimes, acidentes ou irregularidades. 197 POLÍCIA CIVIL: o telefone utilizado pela Polícia Civil paraquem tiver informações que colaborem com as investigações da instituição possa entrar em contato. A ligação é gratuita e não há necessidade de identificação. 198 BPRv: o Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), unidade especializada da Polícia Militar para atuação na fiscalização, policiamento em rodovias estaduais, está à disposição dos usuários por meio do 198. Por este canal, o cidadão tem acesso a informações como prevenção de acidentes, educação no trânsito, condições de veículos e documentação; fluidez do trânsito; e atendimento de acidente de trânsito no local. 199 DEFESA CIVIL: o número poderá ser discado quando ocorrer inundações, desabamentos, incêndios ou desastres naturais que tenham vítimas e desabrigados. NÚMEROS ÚTEIS E SUAS FUNÇÕES FONTE: Adaptado de Brasil (2016) 5 PERFIL DO SOCORRISTA Para exercer os primeiros socorros, é necessário que o socorrista tenha atenção nas considerações a seguir, buscando avaliar constantemente se está realizando a sua função com eficácia e mantendo o controle emocional. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS Manter a Calma Manter o autocontrole para enfrentar situações de emergência que muitas vezes envolvem pânico e sofrimento. Liderança Assumir o controle da situação e passar confi ança na assistência realizada. Fazer tudo o que for possível Deve tentar realizar todas as medidas que forem de seu conhecimento e que estiver ao seu alcance sem agravar a situação da vítima. Não temer críticas O socorrista que tem conhecimento e sabe o que está fazendo não precisa temer em prejudicar a vítima. Se for possível, sempre estabeleça uma comunicação clara com os familiares explicando o que pretende fazer. Não correr riscos Antes de socorrer alguém sempre avaliar se a sua segurança não está em risco. Colaboração Quando o atendimento especializado chegar, relate todo o procedimento realizado, a avaliação da vítima e a evolução que ela apresentou desde o início do atendimento e se ofereça para auxiliar no que mais for necessário até a fi nalização da assistência. Não se sentir frustrado Se você fez o máximo possível e percebeu que a sua ajuda não foi sufi ciente, não se sinta culpado nem permita que isso interfi ra em seus atendimentos futuros. PERFIL DO SOCORRISTA FONTE: Adaptado de Júnior (2014) FONTE: Gonçalves; Gonçalves (2009, p. 11) ATENDIMENTO (2) 6 CENÁRIO DO SOCORRO Ao se deparar com alguma situação de emergência, o socorrista precisa avaliar rapidamente todo o cenário que envolvendo tais implicações: CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS Avaliação das condições de segurança Analisar se o local está seguro para realizar de imediato o atendimento. Não se colocar em risco podendo ser uma segunda vítima. Verificar a segurança da via púbica, caso for acidente de trânsito, analisar se poderá envolver outras vítimas através do cenário estabelecido pós-trauma, considerar possíveis deslizes de terra em encostas em caso de chuvas, e demais situações que podem ser imprevisíveis quando se trata de emergências. Avaliação inicial das vítimas Identificar a prioridade de atendimento entre as vítimas, tipos de equipamento que será utilizado para o socorro, caso a vítima tiver consciente converse com ela durante a assistência buscando acalmá-la. Mantenha o controle da situação, pois cabe ao socorrista ter a liderança da situação até a vinda da equipe especializada. Locais públicos Quando os acidentes ocorrem em locais públicos que concentram muitas pessoas (exemplo: teatros, supermercados, estádios, casas de shows), muitas vezes acometem maior número de v í t imas , o que ex ig i rá d iscernimento do socorrista. Depois de isolar o local, providenciar a chamada para o serviço especializado, retirar as vítimas que estejam em local instável, determinar prioridades de atendimento, prestar assistência para os casos mais graves e transportar de forma adequada os feridos avaliando sempre a segurança da remoção para a vítima. AVALIAÇÃO DO CENÁRIO FONTE: Adaptado de Júnior (2014) e Bruno; Bartman (1996) ACIDENTE FONTE: Gonçalves; Gonçalves (2009, p. 17) CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS 7 TRANSPORTE DE ACIDENTADOS O conhecimento das técnicas corretas de resgate torna-se imprescindível para evitar risco para o socorrista e principalmente impedir um segundo trauma para a vítima. A seguir, vamos citar alguns meios de retirada da vítima em casos de risco eminente no local, ou seja, em incêndios, desabamentos, tiroteios etc. 7.1 TRANSPORTE DE EMERGÊNCIA a) Resgate por arrastamento: arrastar a vítima no sentido da cabeça, utilizando camisa ou casaco como ponto de apoio. Também podemos utilizar um cobertor na execução desta técnica, contudo, a vítima deve ser rolada para cima do cobertor. A técnica de arrastamento permite que um socorrista transporte vítimas pesadas, acima de sua capacidade de carga (JUNIOR, et al. 2007). RESGATE POR ARRASTAMENTO FONTE: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/tranpac7.gif>. Acesso em: 7 fev. 2019. b) Transporte tipo bombeiro: indicado para vítimas inconscientes e em situações nas quais o socorrista possui força física para suportar o peso da vítima. Nunca utilize esta técnica com a vítima apresentando um possível trauma. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS TRANSPORTE TIPO BOMBEIRO FONTE: Júnior et al. (2007, p. 112) c) Apoio lateral simples: técnica utilizada para apoio em vítimas que são capazes de andar. APOIO LATERAL SIMPLES FONTE: Júnior et al. (2007, p. 112) d) Transporte nos braços: ter o cuidado para passar o braço da vítima sobre os seus ombros atrás do pescoço e envolver com o seu outro braço a cintura da vítima CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS TRANSPORTE NOS BRAÇOS FONTE: Júnior et al. (2007, p. 112) e) Transporte em cadeira: pode ser utilizada com ou sem cadeira, neste caso, levantando as pernas da vítima, simulando a posição de sentado. TRANSPORTE EM CADEIRA COM A CADEIRA FONTE: Júnior et al. (2007, p. 113) TRANSPORTE EM CADEIRA SEM A CADEIRA FONTE: Júnior et al. (2007, p. 113) CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS O transporte da vítima politraumatizada deverá ser realizada por um mobilizador que seja capaz de manter a estabilidade de toda a coluna vertebral. A melhor posição para esta estabilização é o decúbito dorsal, que também contribui para uma melhor visualização para o início das medidas do suporte de vida (JÚNIOR et al. 2007). Nenhuma técnica acima é indicada ou considerada segura para o transporte de vítimas com suspeita de traumatismos. Sempre que houver situações que acarretem maior risco para a vítima, o serviço de resgate especializado deverá ser acionado. A Lei 13.722 de 4 de outubro de 2018, mais conhecida como Lei Lucas, foi aprovada por unanimidade pelo Senado, que torna obrigatória a capacitação em Noções Básicas de Primeiros Socorros, de professores e funcionários de estabelecimentos de ensino público e privado de educação básica e de estabelecimentos de recreação infantil. O nome da nova legislação, Lei Lucas, presta homenagem ao menino Lucas Begalli Zamora, de 10 anos, que morreu engasgado com um sanduíche durante um passeio escolar, sem que ninguém pudesse socorrê-lo. Por isso, quanto maior o número de pessoas treinadas e prontas para o primeiro atendimento em primeiros socorros, melhor é o prognóstico das vítimas. LEI LUCAS A Lei 13.722 de 4 de outubro de 2018 é apresentada da seguinte maneira: Art. 1º Os estabelecimentos de ensino de educação básica da rede pública, por meio dos respectivos sistemas de ensino, e os estabelecimentos de ensino de educação básica e de recreação infantil da rede privada deverão capacitar professores e funcionários em noções de primeiros socorros. § 1º O curso deverá ser ofertado anualmente e dest inar-se-á à capacitação e/ou à reciclagem de parte dos professores e funcionários dos estabelecimentos de ensino e recreação a que se refere o caputdeste artigo, sem prejuízo de suas atividades ordinárias. § 2º A quantidade de profissionais capacitados em cada estabelecimento de ensino ou de recreação será definida em regulamento, guardada a proporção com o tamanho do corpo de professores e funcionários ou com o fluxo de atendimento de crianças e adolescentes no estabelecimento. § 3º A responsabilidade pela capacitação dos professores e funcionários dos estabelecimentos públicos caberá aos respectivos sistemas ou redes de ensino. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS Art. 2º Os cursos de primeiros socorros serão ministrados por entidades municipais ou estaduais especializadas em práticas de auxílio imediato e emergencial à população, no caso dos estabelecimentos públicos, e por profissionais habilitados, no caso dos estabelecimentos privados, e têm por objetivo capacitar os professores e funcionários para identificar e agir preventivamente em situações de emergência e urgência médicas, até que o suporte médico especializado, local ou remoto, se torne possível. § 1º O conteúdo dos cursos de primeiros socorros básicos ministrados deverá ser condizente com a natureza e a faixa etária do público atendido nos estabelecimentos de ensino ou de recreação. § 2º Os estabelecimentos de ensino ou de recreação das redes pública e particular deverão dispor de kits de primeiros socorros, conforme orientação das entidades especializadas em atendimento emergencial à população. Art. 3º São os estabelecimentos de ensino obrigados a afixar em local visível a certificação que comprove a realização da capacitação de que trata esta Lei e o nome dos profissionais capacitados. Art. 4º O não cumprimento das disposições desta Lei implicará a imposição das seguintes penalidades pela autoridade administrativa, no âmbito de sua competência: I - notificação de descumprimento da Lei; II - multa, aplicada em dobro em caso de reincidência; ou III - em caso de nova reincidência, a cassação do alvará de funcionamento ou da autorização concedida pelo órgão de educação, quando se tratar de creche ou estabelecimento particular de ensino ou de recreação, ou a responsabilização patrimonial do agente público, quando se tratar de creche ou estabelecimento público. Art. 5º Os estabelecimentos de ensino de que trata esta Lei deverão estar integrados à rede de atenção de urgência e emergência de sua região e estabelecer fluxo de encaminhamento para uma unidade de saúde de referência. Art. 6º O Poder Executivo definirá em regulamento os critérios para a implementação dos cursos de primeiros socorros previstos nesta Lei. Art. 7º As despesas para a execução desta Lei correrão por conta de dotações orçamentárias próprias, incluídas pelo Poder Executivo nas propostas orçamentárias anuais e em seu plano plurianual. Art. 8º Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 (cento e oitenta) dias de sua publicação oficial. FONTE: BRASIL. Lei n. 13.722, de 4 de outubro de 2018. Torna obrigatória a capacitação em noções básicas de primeiros socorros de professores e funcionários de estabelecimentos de ensino públicos e privados de educação básica e de estabelecimentos de recreação infantil. Brasília: Senado Federal, 2018a. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13722.htm. Acesso em: 18. abr. 2019. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS Portanto, o curso de Primeiros Socorros nas Escolas, deverá ser ofertado anualmente para a capacitação e/ou reciclagem de parte dos professores e funcionários dos estabelecimentos de ensino e recreação. Os estabelecimentos de ensino de educação básica e de recreação infantil terão até abril de 2019 para se adequarem às normas da Lei 13.722/2018. O não cumprimento pode acarretar em notificação, multa e até cassação do alvará de funcionamento ou da autorização concedida pelo órgão de educação, quando se tratar de creche ou estabelecimento particular de ensino ou de recreação, ou a responsabilização patrimonial do agente público, quando se tratar de creche ou estabelecimento público. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS REFERÊNCIAS BERGERON, D. et al. Primeiros socorros. São Paulo: Ed. Atheneu, 2007. BRASIL. Lei n. 13.722, de 4 de outubro de 2018. Torna obrigatória a capacitação em noções básicas de primeiros socorros de professores e funcionários de estabelecimentos de ensino públicos e privados de educação básica e de estabelecimentos de recreação infantil. Brasília: Senado Federal, 2018a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13722.htm. Acesso em: 18. abr. 2019. BRASIL, Projeto de Lei 9468/2018. Brasília: Câmara dos Deputados, 2018b. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/ fichadetramitacao?idProposicao=2167629. Acesso em: 18. abr. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. Disponível em: http://www.fiocruz. br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/manualdeprimeirossocorros. pdf. Acesso em: 23 jan. 2019. BRASIL. Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 5 de outubro 1988. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em: https://www2. senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf. Acesso em: 23 jan. 2019. BRASIL. Lei n. 7.209, de 11 julho de 1984. Altera dispositivos do Decreto- Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, e dá outras providências. Brasília: Senado Federal, 1984. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art3. Acesso em: 23 jan. 2019. BRASIL. Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Rio de Janeiro: Senado Federal, 1940. Disponível em: http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm. Acesso em: 23 jan. 2019. BRUNO, P.; BARTMAN, M. Primeiros socorros. Rio de Janeiro: Ed Senac,1996. CRUZ VERMELHA BRASILEIRA. Histórico no mundo. Santa Maria. Rio Grande do Sul, 2019. Disponível em: http://www.cruzvermelhasm.org.br/ cv/?page_id=689. Acesso em: 18 abr. 2019. GONÇALVES, K. M.; GONÇALVES, K. M. Primeiros socorros em casa e na escola. São Caetano do Sul: Ed. Yendis, 2009. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS JÚNIOR, C. R. et al. Manual básico de socorro de emergência. São Paulo. Ed. Atheneu, 2007. JÚNIOR, E. Guia prático de primeiros socorros. São Paulo: Grupo Saúde e Vida, 2014. PARANÁ. Em caso de emergência, saiba para onde ligar para pedir ajuda. Secretaria de Saúde do Paraná. Curitiba, mar. 2016. Disponível em: http:// www.saude.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=4677. Acesso em: 14 fev. 2019. REIS, I. Manual de primeiros socorros: situações de urgências nas escolas, jardins de infância e campos de férias. 3. ed. Lisboa, PT: Ministério da Educação, 2010. Disponível em: https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/ Esaude/primeirossocorros.pdf. Acesso em: 12 fev. 2019. SANTA CATARINA. O que é o SAMU? Secretaria de Estado de Saúde, Florianópolis, [s.d.]. Disponível em: https://samu.saude.sc.gov.br/index.php/ o-samu/8-o-que-eh. Acesso em: 12 fev. 2019. SANTA CATARINA. A instituição. 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TOLDO, P. Curso de primeiros socorros de emergências. São Paulo: FCFRP-USP. Disponível em: http://fcfrp.usp.br/cipa/brigada/curso_primeiros_ socorros_de_emergencia_fcfrp.pdf. Acesso em: 12 fev. 2019. PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS ATENDIMENTO À VÍTIMA A primeira etapa do curso foi de caráter mais introdutório ao tema. Nesta Etapa 2, você irá aprender sobre a prática dos primeiros socorros em si. Aspectos da avaliação e condições da vítima serão contemplados, e também os conceitos e o que fazer em caso de acidentes que envolvem queimaduras e choques elétricos. Para isso, disponibilizamos uma apostila exclusiva em formato PDF, materiais complementares e interativos, exercícios para você testar o seu conhecimento e um tema no fórum de discussão, a fim de manifestar a sua opinião. No caso de dúvidas, acesse o link Tire suas Dúvidas e relate-as para nós. Vamos começar? APRESENTAÇÃO Organização Carla Eunice Gomes Correa Reitor da UNIASSELVI Prof. Hermínio Kloch Pró-Reitora do EAD Prof.ª Francieli Stano Torres Edição Gráfica e Revisão UNIASSELVI Autora Talita Cristiane Sutter CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS .02 1 INTRODUÇÃO O socorrista pode ser a primeira pessoa a chegar em um cenário de emergência, porém, há situações que exigem o resgate antes de qualquer atendimento. Essas ocorrências podem incluir problemas com fogo, eletricidade, entre outros. Nestes casos há a necessidade de uma ajuda especializada e o socorrista deve avaliar cada situação para não se colocar em risco. Em alguns casos, a polícia ou o corpo de bombeiros deve ser acionado prontamente, nunca o socorrista pode realizar atendimento em situações para as quais não foi treinado (BERGERON, et al. 2007). Pensando nisso, as técnicas que serão descritas sobre o socorro em casos de queimaduras e choques elétricos, devem ser efetuadas com responsabilidade, avaliando os riscos de cada caso. 2 AVALIAÇÃO E CONDIÇÕES DA VÍTIMA Avaliar as condições iniciais da vítima é de suma importância para realizar o atendimento em qualquer tipo de urgência e emergência. O socorrista deve estar atento a todas as etapas, para poder informar ao serviço especializado o estado em que se encontra a pessoa. O primeiro cuidado básico é impedir a movimentação do pescoço (risco de lesionar a coluna cervical). ATENDIMENTO À VÍTIMA CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS IMOBILIZAÇÃO DA CABEÇA FONTE: <https://www.sbp.com.br/fi leadmin/user_upload/img/cursos/curso_ suporte/fi g02-19.gif>. Acesso em: 21 fev. 2019. A avaliação em si consiste em examinar o sujeito em diferentes etapas, realizando atendimento sistematizado, utilizando os seguintes passos: A) Via aérea com controle da coluna cervical. B) Ventilação e respiração. C) Circulação. D) Estado neurológico. A) Via aérea: A via aérea deve estar livre de coágulos de sangue, restos alimentares, vômitos e próteses. Caso estejam presentes, precisam ser retirados. • A vítima que estiver falando, aponta que a via aérea está desbloqueada. Não deve ingerir alimento ou líquidos neste momento. • A vítima que estiver desacordada, deve-se avaliar se a via aérea está livre ou encontra-se algum objeto que possa estar impedindo a passagem do ar. Nos dois casos mencionados, manter a imobilização cervical (CENCI et al. 2012). Caso haja resíduos de sangue ou vômitos na cavidade bucal, deve- se lateralizar a vítima e limpar a cavidade bucal, impedindo a aspiração do resíduo (BRASIL, 2003). B) Respiração: Deve-se avaliar se a vítima está respirando. Observar se o tórax se eleva (quando o pulmão se enche de ar) e se desinfla (quando o ar sai dos pulmões). Este movimento deve ser analisado também quanto a sua qualidade, se está normal, muito rápido, muito devagar ou se não está respirando (CENCI et al. 2012). CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS O prolongamento da hipóxia (falta de ar) cerebral determina a morte do Sistema Nervoso Central e com isto a falência generalizada de todos os mecanismos da vida, em um tempo de aproximadamente três minutos (BRASIL, 2003). Agir rapidamente, nestes casos, é fundamental para não agravar a situação da vítima que pode evoluir para o óbito. A maioria das pessoas precisa de um nível de saturação de, no mínimo, 89% para manter suas células saudáveis. Se o nível de oxigênio ficar baixo em ar ambiente, é necessário usar oxigênio suplementar (SBPT, 2019). RESPIRAÇÃO ABDOMINAL FONTE: <http://momentopilates.com.br/wp-content/uploads/2016/10/respira%C3%A7%C3%A3o- abdominal.-esquema.jpg>. Acesso em: 21 fev. 2019. C) Circulação: Avaliar se a vítima está com alguma hemorragia, caso esteja sangrando, procure estancar o sangue com uma gaze ou compressa até a chegada da equipe especializada. Identificar a coloração da pele se está evoluindo para uma cor azulada e pálida (cianótica), pois pode estar perdendo volume de sangue significativo (CENCI et al. 2012). A cianose significa diminuição das taxas de oxigênio no sangue, geralmente necessita cair mais de 80% para ser detectável visivelmente como uma alteração de coloração na pele (DIPPE JR., 2010). D) Avaliação Neurológica: CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS O primeiro passo deve estar voltado à análise da condição da vítima, se está acordada ou inconsciente. Alguns comandos são considerados importantes como forma de avaliação caso a vítima esteja com suspeitas de traumatismo craniano. Estes aspectos estão descritos em uma escala nomeada Escala de Glasgow. Nestes casos, sempre relatar para a equipe especializada tais evidências constatadas abaixo: Ocular • É capaz de abrir e fechar os olhos sem estímulos externos. • Abre os olhos quando é chamado. • A vítima abre os olhos após a pressão nas extremidades dos dedos (aumentando progressivamente a intensidade por 10 segundos). • Não abre os olhos. Verbal • Consegue responder adequadamente o nome, local e data. • Consegue conversar em frases, mas não responde corretamente as perguntas de nome, local e data. • Não consegue falar em frases, mas interage através de palavras isoladas. • Somente produz gemidos. • Não produz sons, apesar de ser fisicamente capaz de realizá-los. Motora • Cumpre ordens de atividade motora (duas ações) como apertar a mão do profissional e colocar a língua para fora. • Eleva a mão acima do nível da clavícula em uma tentativa de interromper o estímulo (durante o pinçamento do trapézio ou incisura supraorbitária). • A mão não alcança a fonte do estímulo, mas há uma flexão rápida do braço ao nível do cotovelo e na direção externa ao corpo. • A mão não alcança a fonte do estímulo, mas há uma flexão lenta do braço na direção interna do corpo. • Não há resposta motora dos membros superiores e inferiores, apesar de o paciente ser fisicamente capaz de realiza-la. Pupilar • Nenhuma pupila reage ao estímulo de luz. • Apenas uma pupila reage ao estímulo de luz. • As duas pupilas reagem ao estímulo de luz. ESCALA DE GLASGOW FONTE: Adaptado de Glasgow Coma Scale Official (2015) Observar sempre as seguintes alterações (BRASIL, 2003): • Falta de respiração. • Pulso ausente (falta de circulação). • Hemorragia. • Ausência da consciência. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS Para prestar o atendimento, o socorrista deve ter algumas ferramentas necessárias para avaliar e poder agir. • Equipamentos de proteção individual (luvas descartáveis e máscara). • Gazes e ataduras. • Esparadrapos. • Tesoura. • Soro Fisiológico 0,9%. • Compressa. • Pinça. • Bolsa de gelo. FONTE: Adaptado de Bergeron et al. (2007); Bruno e Bartman (1996); Gonçalves e Gonçalves (2009); Júnior (2014); Júnior et al. (2007) MATERIAIS BÁSICOS PARA O KIT DE PRIMEIROS SOCORROS FONTE: <https://www.ambientec.com/wp-content/uploads/2017/03/Kit-de- primeiros-socorros-1-600x450.jpg>. Acesso em: 21. fev. 2019. KIT DE PRIMEIROSSOCORROS Estes materiais são considerados básicos, devendo constar em qualquer espaço coletivo (ex.: escolas). Munido com este kit, o socorrista é capaz de prestar atendimento quanto a ferimentos simples, cortes, contusões, retirada de espinhos etc. (BERGERON et al. 2007). Casos mais graves e com grande extensão de ferimentos, cabe ao socorrista chamar imediatamente o serviço especializado para a remoção da vítima e monitorá-la adequadamente. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS 3 QUEIMADURAS As queimaduras podem ser advindas de incêndios ou não. Quando são, é importante ter em mente que um incêndio é uma das situações mais difíceis de enfrentar. De acordo com Júnior (2014), esse tipo de emergência pode trazer riscos tanto para quem se encontra no local, quanto para edifícios próximos e para quem faz o resgate. Há o risco de intoxicação pela fumaça além de queimaduras graves, traumatismos na hora de tentar sair do local etc. Em um incêndio, o pânico toma conta das pessoas e há a possibilidade do fogo se alastrar depressa, então todo o cuidado é pouco em uma situação de salvamento nessas condições. Em escolas e residências • Telefone imediatamente para os bombeiros. Retire todas as pessoas do local. • Desligue a chave geral da luz. • Ache as saídas de emergência e verifique se estão livres, ajudando pessoas a saírem do local • Feche o registro de gás se ele estiver fora, se estiver dentro feche-o, corte a mangueira e leve-o para fora. • Se tiver extintor classe A, utilizado para madeira, papel, tecidos e derivados, use-o. Caso contrário, com a chave de luz desligada, utilize água para apagar o fogo. • Se as chamas se propagarem rapidamente, saia da casa. Cuidados com a inalação da fumaça • Abra ou quebre as janelas, se houver, e grite por socorro. Se não houver janelas, procure ir para outro cômodo com ventilação e feche a porta para isolar a fumaça. • Se tiver que passar por um cômodo com muita fumaça, abaixe-se bem pois o ar ao nível do chão é menos perigoso. • Coloque um casaco ou outro material sobre as frestas da porta para impedir a fumaça de entrar. AÇÕES PARA SITUAÇÕES DE INCÊNDIO FONTE: Adaptado de Júnior (2014) 3.1 CONCEITO De acordo com Cenci et al. (2012, p. 9) queimadura “é uma lesão produzida na pele (tecido de revestimento do organismo) por agentes térmicos, produtos químicos, radiação ionizante etc.”. Essas lesões são, usualmente, ocasionadas por alta temperatura, podem ser graves dependendo da localização, extensão e grau de profundidade (BRASIL, 2003). CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS Causadores de queimaduras: • Chama, brasa ou fogo. • Vapores quentes. • Líquidos ferventes. • Sólidos superaquecidos ou incandescentes. • Substância química. • Radiações. • Frio excessivo. • Eletricidade (ROSA, 2015, p.39). 3.2 CLASSIFICAÇÃO O quadro 4 demonstra a classificação das queimaduras: Tipos Características Térmicas Calor, fogo, vapor e objetos quentes. Químicas Diferentes substâncias cáusticas, como ácidos e álcalis. Eletricidade Incluindo raios. Radiação Fontes de luz muito intensam raios ultravioleta (inclusive a luz solar), fontes nucleares. CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS FONTE: Adaptado de Cenci et al. (2012) 3.2 EXTENSÃO E PROFUNDIDADE Para obter-se o número da extensão da queimadura, normalmente é utilizada a regra dos nove, criada por Wallace e Pulaski: A conhecida regra dos nove, criada por Wallace e Pulaski, que leva em conta a extensão atingida, a chamada superfície corporal queimada (SCQ). Para superfícies corporais de pouca extensão ou que atinjam apenas partes dos segmentos corporais, utiliza-se para o cálculo da área queimada o tamanho da palma da mão (incluindo os dedos) do paciente, o que é tido como o equivalente a 1% da SCQ (BRASIL, 2012 p. 5). É importante salientar a extensão da área atingida para entender o grau de gravidade da queimadura: • Até 15% - Portador de queimadura. • Acima de 15% - Grande queimado. • Acima de 40% Queimado com alto risco de vida (ROSA, 2015 p. 42). CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS SUPERFÍCIE CORPORAL QUEIMADA, GRAU DE GRAVIDADE FONTE: Brasil (2003, p. 131) Os agravos feitos pelas queimaduras, tendo em vista a profundidade delas, podem ser classificados em: primeiro grau, segundo grau ou terceiro grau. Conforme demonstra o quadro 5 e a figura 5. GRAU DE PROFUNDIDADE DAS QUEIMADURAS Tipo Característica Primeiro Grau • Ocorre, por exemplo, quando a pessoa fica exposta ao sol por períodos prolongados. • Apresenta vermelhidão, dor, edema. • A cura espontânea ocorre em 3 a 6 dias sem deixar cicatrizes. Segundo Grau • Atinge mais profundamente a pele, é comumente observada nas queimaduras por líquidos quentes. • Apresenta bolhas, dor intensa. • A evolução depende das gravidades das lesões: quando menos profundas, a cura pode ocorrer em cerca de duas semanas sem deixar ou com cicatrizes discretas. • As mais profundas demoram várias semanas e podem resultar em cicatrizes significativas. Terceiro Grau • Todas as camadas da pele são lesadas. Apresenta a pele esbranquiçada, necrose e é indolor devido aos danos nos nervos. • Observadas frequentemente nas queimaduras por chama, queimaduras químicas e elétricas. • Tratamento complexo, exigindo cirurgia plástica restauradora com enxerto de pele. FONTE: Adaptado de Rosa (2015); Mendonça (2014) CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS FONTE: <https://i2.wp.com/www.mdsaude.com/wp-content/uploads/graus- queimadura.jpg?w=720&ssl=1>. Acesso em: 20 fev. 2019. GRAU DE PROFUNDIDADE DAS QUEIMADURAS NA PELE Profundidade e extensão são fatores importantes na avaliação dos socorristas, conforme Brasil, (2012 p. 5): A avaliação da extensão da queimadura, em conjunto com a profundidade, a eventual lesão inalatória, o politrauma e outros fatores determinarão a gravidade do paciente. O processo de reparação tecidual do queimado dependerá de vários fatores, entre eles a extensão local e a profundidade da lesão. A queimadura também afeta o sistema imunológico da vítima, o que acarreta repercussões sistêmicas importantes, com consequências sobre o quadro clínico geral do paciente. 3.3 PROCEDIMENTOS DE SOCORRO O socorro vai depender do tipo de acidente que provocou a queimadura. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS Tipo de queimaduras Como proceder Térmicas O primeiro cuidado é a interrupção da atividade agressiva aos tecidos orgânicos do agente agressor. Se for em um incêndio, o correto é usar um casaco ou toalha para abafar as chamas, ou deitar no chão e rolar-se. Vítimas de queimaduras em ambientes fechados têm risco de lesão das vias aéreas e inalação de fumaça. Se a pessoa apresentar queimaduras nas faces ou lábios, com edema, rouquidão, tosse irritativa, dificuldade respiratória, deve ter prioridade de atendimento devido ao risco de obstrução respiratória. Utilização de água corrente na zona lesada. Nunca estoure as bolhas que poderão se formar na queimadura. Elétricas A principal prioridade está em determinar se a vítima ainda permanece em contato com a rede elétrica. Podem causar paradas cardíacas e a reanimação cardiopulmonar pode ser necessária. (ver mais sobre esse tipo de choque no Subtópico 4). Longe da corrente elétrica, resfrie as lesões com água fria. Encaminhar para o hospital. Químicas O produto químico continua a reagir até ser totalmente removido. A pele libera água que permite qualquer reação, portanto é melhor lavar e diluir com grande quantidade de água. Retirar a roupa impregnada pela substância. A lavagem deve começar imediatamente. Se há a suspeita de ingestão de substância corrosiva (soda cáustica, amônia etc.) deve ser considerado emergência, a face e a boca devem ser lavadas com água, e manter em jejum até avaliação do serviço especializado. Radiação Pode acontecer pela exposição a fontes nucleares e também a luz solar. A pele libera água que permite qualquer reação,portanto é melhor lavar e diluir com grande quantidade de água. Aplicar água corrente ou toalhas molhadas. Ingerir bastantes líquidos pelo risco de desidratação COMO PROCEDER EM ACIDENTES COM QUEIMADURAS FONTE: Adaptado de Brasil (2015); Mendonça (2014) Em queimaduras térmicas, quando forem de primeiro grau, limite-se a lavagem com água e fique atento a possíveis infecções mantendo o local limpo. Quando forem de segundo grau, após lavar com água corrente, proteja ela com gaze ou pano limpo umedecido, pode ser também com papel alumínio. Nunca retire roupas que possivelmente grudaram na lesão, essa é CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS uma tarefa do serviço especializado. As queimaduras de terceiro grau utilizam o mesmo procedimento: lavagem e cobertura da lesão com papel alumínio (BRASIL, 2003). LAVAGEM DE QUEIMADURA FONTE: <https://domadoma.sk/wp-content/uploads/2019/06/pexels-photo-821037.jpeg>. Acesso em: 20 fev. 2019. Em queimaduras resultantes por produtos químicos, é importante identificar que tipo de agente químico que foi utilizado para informar o SAMU, além de lavar a região somente com água, até a chegada da emergência e a ida ao hospital. Nas queimaduras por inalação de algum gás ou vapor aquecido, acione prontamente o SAMU e leve a vítima a um local bastante arejado, aquecendo-a, fique preparado para a possibilidade de realizar a Ressuscitação Cardiopulmonar (FRANÇOSO; MALVESTIO, 2007). 3.4 CUIDADOS COM AS QUEIMADURAS No caso de crianças vítimas de queimaduras, a assistência pode ser iniciada ainda na escola: • Não inserir nenhum produto ou remédio caseiro no ferimento, pois pode piorar a lesão. Nesses casos há também um risco de infecção por bactérias, fungos e vírus que podem estar nesses produtos, tendo em vista que a pele (nossa barreira natural) está danificada. Também não passe gelo na queimadura e nem use algodão para secar a ferida, pois solta fiapos. • A área afetada não deve ser tocada com a mão. Nunca estoure as bolhas formadas por queimaduras. Como vimos, elas se manifestam nas de segundo grau e só podem ser manuseadas por um profissional especializado, pois, se elas forem rompidas, o ferimento ficará exposto e pode infeccionar. Caso precise cobrir o ferimento a caminho do serviço de saúde, faça com um pano limpo umedecido. • Tecidos ou outros materiais que podem grudar no ferimento devem ser evitados. A vítima deve esperar o atendimento especializado para tirar a roupa, mesmo se ela for atingida pelo fogo. O ideal é molhar a vestimenta CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS antes de ir ao hospital, isso evita que as bolhas estourem. Caso a região queimada esteja com o tecido aderido, não retire. Quando necessário, recorte a roupa ao redor do ferimento e resfrie com água corrente o local. • Importante retirar os acessórios, como por exemplo, pulseiras e anéis, pois o corpo incha naturalmente após queimado e esses objetos podem ficar presos. • Quando uma queimadura tem uma extensão expressiva, a perda de líquidos pelo corpo é muito grande, por isso a vítima precisará de uma reposição de líquidos eletrólitos por via venosa, o mais rápido possível. • Se a queimadura for pequena (até 10% da SCQ) e a pessoa estiver consciente, a hidratação oral com água e suco de fruta deve ser iniciada. Para evitar casos de queimaduras no ambiente escolar, devemos adotar medidas de prevenção: • Guardar materiais inflamáveis fora do alcance das crianças como fósforo, isqueiros etc. • Verificar a temperatura da água antes de banhar a criança • Verificar a temperatura do alimento ou líquidos antes de oferecer a criança. • Não permitir a presença de crianças na cozinha (TADDEI et al. 2006). 4 CHOQUE ELÉTRICO O choque elétrico é a passagem de uma corrente elétrica pelo corpo, ele funciona como uma espécie de condutor dela em direção à terra. Quando acontece um caso destes, a vítima pode sofrer queimaduras, arritmias e até mesmo vir a óbito. Importante salientar que a água torna o choque ainda mais perigoso, pois ela é condutora de eletricidade, e que uma corrente elétrica pode passar por vários corpos se tiverem contato entre si (SANTINI, 2008). Quando nosso organismo passa por um choque, ele dá sinais e sintomas como a contratura muscular enquanto o corpo está energizado e, nas possíveis queimaduras, na maioria das vezes, vemos o ponto de entrada e de saída da corrente elétrica (TJPE, 2015). Podemos determinar a gravidade do choque pela intensidade da corrente elétrica, se for muito intensa pode matar pela paralisia do centro nervoso central que rege os movimentos respiratórios e cardíacos. Também pode haver a morte por fibrilação cardíaca (BRASIL, 2003). Intensidade das correntes elétricas: • 100 a 150 Volts – Consideradas perigosas. • Acima de 500 Volts – Mortais. • 25 mA – Espasmos musculares, podendo levar a morte se atuar por alguns minutos. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS • Entre 25 mA e 75 mA – Além de espasmo muscular, dá-se parada do coração em diástole ventricular. “Cada segundo de contato com a eletricidade diminui a possibilidade de sobrevivência” (BRASIL, 2003, p. 102). 4.1 PROCEDIMENTOS DE SOCORRO Antes de socorrer a vítima, desligue a corrente elétrica, para que não haja perigo de você ou alguém, encostar nela e também recebê-la. Só toque na vítima quando devidamente desligada a corrente elétrica ou quando ela já estiver afastada dela. • Afaste a vítima da corrente elétrica. • Remova o condutor com material isolante (cabo de vassoura, tapete de borracha), nunca toque em fios elétricos com as mãos (ver Figura 7). AFASTAR A VÍTIMA DE FIO CONDUTOR DE ELETRICIDADE FONTE: <https://vivasaude.digisa.com.br/visualizacao/cuidados-com-o-choque- eletrico/choque-eltrico/>. Acesso em: 21 fev. 2019. • Verifique se a vítima está respirando e com o coração batendo, se estiver em parada cardiorrespiratória inicie as manobras de ressuscitação enquanto aguarda o SAMU (estudaremos sobre estas manobras na Etapa 3). • Se houverem queimaduras, usar os procedimentos adequados. Nos casos de choque elétrico, avalie a respiração da vítima conforme as instruções abaixo: � Respiração ausente: abrir a boca e desenrolar a língua � Respiração ausente mesmo depois de desenrolar a língua: realizar massagem cardíaca (não é necessário realizar boca a boca). � Respiração normal: afrouxar as roupas e os sapatos, agasalhando a vítima. � Cobrir a área queimada com pano limpo umedecido (TJPE, 2015, p. 10). CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS 4.2 PREVENÇÃO Os choques elétricos podem acontecer nos espaços coletivos quando ocorrem as seguintes condições: � Falta de segurança nas instalações e equipamentos, como: fios descascados, falta de aterramento elétrico, parte elétrica de um motor que, por defeito, está em contato com sua carcaça etc. � Imprudência. � Indisciplina. � Ignorância. � Acidentes etc. (BRASIL. 2003 p. 103). Nesse sentido, é importante a implementação de um programa de prevenção de acidentes nas escolas, para a educação dos colaboradores para l idarem com situações de risco, e para a constante manutenção da infraestrutura, verificando, regularmente, inclusive as condições dos mobiliários, playground e integridade dos brinquedos. Sabe-se que acidentes com choques elétricos também podem ocorrer, sobretudo, com crianças, segundo Gonçalves e Gonçalves, (2009) e Taddei et al (2006), estes são itens que podem auxiliar na prevenção deste tipo de acidente: • Posicionar tomadas no alto para que fiquem longe do alcance das crianças. • Proteger as tomadas com protetores firmes. • Não utilizar uma única tomada elétrica para vários aparelhos. • Orientar as crianças a não tocarem em tomadas, fios e aparelhos elétricos. • Manter aparelhos elétricos desligados quando não estiverem sendo usados e, se ligados, mantê-los longe do alcance das crianças. • Observar a integridade dos fios e substituir os desencapados. • Providenciar para que a manutençãodas instalações e dos aparelhos elétricos nas escolas seja realizada periodicamente. RISCO DE CHOQUE ELÉTRICO COM CRIANÇA FONTE: <http://engenhariae.com.br/wp-content/uploads/2017/08/problemas- com-crian%C3%A7a-eletricidade.jpg>. Acesso em: 21 fev. 2019. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS Além das precauções listadas, como vimos, se estamos perante a qualquer risco de entrar em contato com uma corrente elétrica, devemos, primeiramente, desligá-la. Então, quando há a necessidade de trocar aparelhos domésticos, tais como: chuveiros, tomadas, e até mesmo lâmpadas, sempre desligue a corrente daquele cômodo antes de iniciar ou pedir para alguém fazer a manutenção. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS REFERÊNCIAS BERGERON, D. et al. Primeiros socorros. São Paulo: Ed. Atheneu, 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Cartilha de tratamento de emergência das queimaduras. Brasília: Editora do Ministério da Saúde. 2012. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_tratamento_ emergencia_queimaduras.pdf. Acesso em: 21 fev. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. Disponível em: http://www.fiocruz. br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/manualdeprimeirossocorros. pdf. Acesso em: 23 jan. 2019. BRUNO, P.; BARTMAN, M. Primeiros socorros. Rio de Janeiro: Ed Senac,1996. CENCI, D. et al. Manual de primeiros socorros para leigos. Porto Alegre: Núcleo de Educação Permanente SAMU, 2013. Disponível em: http:// lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/sma/usu_doc/samu.pdf. Acesso em: 21 fev. 2019. DIPPE JR., T. Cianose (coloração azulada da pele e mucosas). Portal do Coração, Curitiba, jan. 2010. Disponível em: http://portaldocoracao.com.br/ cianose-coloracao-azulada-da-pele-e-mucosas/. Acesso em: 22 fev. 2019. FRANÇOSO, L.; MALVESTIO, M. Manual de prevenção de acidentes e primeiros socorros nas escolas. São Paulo: Secretaria de Saúde, CODEPPS, 2007. Disponível em: https://www.amavi.org.br/arquivo/colegiados/ codime/2016/Primeiros_Socorros_Manual_Prev_Acid_Escolas.pdf. Acesso em: 21 fev. 2019. GLASGOW COMA SCALE OFFICIAL. Assessment of Glasgow Coma Scale. 2015. Disponível em: www.glasgowcomascale.org. Acesso em: 21 fev. 2019. GONÇALVES, K. M.; GONÇALVES, K. M. Primeiros socorros em casa e na escola. São Caetano do Sul: Ed. Yendis, 2009. JÚNIOR, C. R., et al. Manual básico de socorro de emergência. São Paulo: Ed. Atheneu, 2007. JÚNIOR, E. Guia prático de primeiros socorros. São Paulo: Grupo Saúde e Vida, 2014. http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/sma/usu_doc/samu.pdf http://lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/sma/usu_doc/samu.pdf http://portaldocoracao.com.br/cianose-coloracao-azulada-da-pele-e-mucosas/ http://portaldocoracao.com.br/cianose-coloracao-azulada-da-pele-e-mucosas/ http://www.glasgowcomascale.org/ CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS MENDONÇA, M. Queimaduras. Sociedade Brasileira de Pediatria. São Paulo, nov. 2014. Disponível em: http://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/ nid/queimaduras/. Acesso em: 21 fev. 2019. ROSA, R. C. 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Manual crecheficiente: guia prático para educadores e gerentes. São Paulo: Manole, 2006. TJPE – Tribunal de Justiça de Pernambuco. Manual de primeiros socorros, Recife: Diretoria de Saúde, 2015. Disponível em: http://www.tjpe.jus.br/ documents/459300/1114105/Manual+de+Primeiros+Socorros. Acesso em: 21 fev. 2019. http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2104-6.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2104-6.pdf https://sbpt.org.br/portal/publico-geral/doencas/oximetria-de-pulso/ https://sbpt.org.br/portal/publico-geral/doencas/oximetria-de-pulso/ PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS EMERGÊNCIAS CARDIORRESPIRATÓRIAS Nesta etapa abordaremos sobre as emergências cardiorrespiratórias e o atendimento inicial do suporte básico de vida. Tais condutas exigirão do socorrista conhecimento de técnicas e manobras para garantir uma assistência imediata e procedimentos corretos, reduzindo, desta forma, possíveis sequelas ou até mesmo evitando o óbito da vítima. Para isso, disponibilizamos uma apostila exclusiva em formato PDF, materiais complementares e interativos, exercícios para você testar o seu conhecimento e um tema no fórum de discussão, a fim de manifestar a sua opinião. No caso de dúvidas, acesse o link Tire suas Dúvidas e relate-as para nós. Vamos começar? APRESENTAÇÃO Organização Carla Eunice Gomes Correa Reitor da UNIASSELVI Prof. Hermínio Kloch Pró-Reitora do EAD Prof.ª Francieli Stano Torres Edição Gráfica e Revisão UNIASSELVI Autora Talita Cristiane Sutter CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS .03 EMERGÊNCIAS CARDIORRESPIRATÓRIAS 1 INTRODUÇÃO Como vimos anteriormente, as situações de emergência requerem ação imediata por acarretar risco de vida à vítima. A assistência, nos casos das emergências cardiorrespiratórias, é baseada nos sinais e sintomas do paciente (BERGERON et al., 2007). Esta avaliação deve ser realizada com atenção pelo socorrista, a fim de verificar se a vítima está sendo acometida por uma parada no sistema respiratório e cardíaco. Nestes casos, o atendimento deve ser iniciado imediatamente. Suas causas e procedimentos serão descritos a seguir. AVALIAÇÃO DA VÍTIMA COM SUSPEITA DE PARADA CARDÍACA FONTE: <http://twixar.me/3qS1>. Acesso em: 8 abr. 2019 2 PARADA RESPIRATÓRIA E CARDÍACA O ato de respirar tem um comando autônomo que ocorre naturalmente, independentemente da nossa vontade. A respiração possui 3 fases: a inspiração, a expiração e uma pausa. O processo respiratório leva oxigênio do ar para os pulmões, de onde é transferido para o sangue para oxigená-lo. Quando expiramos, liberamos o oxigênio junto ao dióxido de carbono. O distúrbio que impede que o oxigênio seja levado para o sangue, causando sufocamento, é chamado de asfixia. Quando a quantidade de oxigênio que circula no pulmão é insuficiente para oxigenar o sangue, o distúrbio chama-se hipóxia. Se esta CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS não for revertida rapidamente, fatalmente irá ocorrer a asfixia e a parada respiratória e cardíaca. Se o suprimento de sangue for interrompido por 3 minutos as células cerebrais morrem (FERNANDES JÚNIOR, 2014). Podemos considerar como padrão respiratório adequado quando respiramos o suficiente, sem esforço, mantendo nosso organismo funcionando normalmente. Avaliamos a respiração pela sua frequência, ritmo e qualidade (BERGERON et al . , 2007). Sendo a frequência respiratória o número de respirações por minuto. Esta avaliação é realizada de acordo com a fase de vida do ser humano, conforme tabela a srguir: Classificação Respiração por minuto (rpm) Adulto 12 a 20 rpm Criança de 1 a 4 anos Até 40 rpm Bebê até 2 meses 25 a 60 rpm Bebê de 2 até 11 meses Até 50 rpm AVALIAÇÃO DA FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA FONTE: Adaptado de Bergeron et al. (2007) e Núcleo (2009) 2.1 DETERMINAÇÃO DA FREQUÊNCIA E CARACTERÍSTICAS RESPIRATÓRIAS • Observar,durante um minuto, cada inspiração/expiração como um movimento respiratório. • Verificar a respiração antes dos outros sinais vitais em decorrência das alterações provocadas pelo choro. • Observar dificuldade respiratória e presença de secreções. • Tomar providências, caso haja alteração. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS MANIFESTAÇÃO FÍSICA DE PROBLEMA RESPIRATÓRIO FONTE: <http://medicalstudentsharing.blogspot.com/2015/>. Acesso em: 8. abr. 2019 2.2 COMO AVALIAR OS DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS Os principais sintomas dos distúrbios respiratórios são: • Perda da consciência. • Respiração difícil, ruidosa e ofegante. • Cianose (cor arroxeada) na pele e nas ponta dos dedos. • Confusão, irritabilidade e agressividade. • Frequência respiratória aumentada ou diminuída. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS Distúrbios Causas Obstrução das vias aéreas. Sufocamento por meio externo como afogamento, estrangulamento ou enforcamento. Bloqueio ou inchaço das vias aéreas. Condições que afetam a parede do tórax. Esmagamento do tórax ou lesões como fraturas múltiplas das costelas. Funcionamento insuficiente do pulmão. Lesões ou doenças infecciosas no pulmão, como pneumonia. Lesões no cérebro que afetam o comando da respiração. Derrame ou outras lesões que danifiquem o centro do comando respiratório. Lesões na coluna que paralisem os nervos que controlam os músculos da respiração. Insuficiência de oxigênio nos tecidos. Envenenamento por monóxido de carbono ou cianeto. Oxigênio insuficiente no ar. Sufocamento por fumaça ou gás. Mudanças na pressão atmosférica em grandes altitudes ou despressurização de cabine de avião. DISTÚRBIOS E CAUSAS DA INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA FONTE: Adaptado de Fernandes Júnior (2014) 2.3 FLUXO CIRCULATÓRIO O sangue circula no corpo num movimento contínuo de contração e relaxamento do miocárdio (músculo do coração), que pode ser reconhecido pela pulsação. A circulação do sangue se dá através de uma rede de vasos sanguíneos formada por artérias, veias e vasos capilares. O sangue oxigenado pelo ar que entra através dos pulmões (respiração) é bombeado do coração para todo o corpo pelas artérias. Após distribuir o oxigênio e os nutrientes no organismo, o sangue, desoxigenado, retorna para o coração através das veias e é bombeado do coração para os pulmões, onde libera o gás dióxido de carbono para fora do organismo através da expiração. A força com que o coração impulsiona o sangue através dos vasos sanguíneos é conhecida como pressão sanguínea (FERNANDES JÚNIOR, 2014). A verificação do pulso é um dado importante dos sinais vitais e pode trazer informações relevantes sobre o estado da vítima. Ao longo das fases de vida, a frequência cardíaca se altera, assim como o padrão respiratório já visto anteriormente. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS VASOS SANGUÍNEOS E FLUXO SANGUÍNEO FONTE: <https://www.treinoemfoco.com.br/wp-content/uploads/2016/08/treino_em_foco_fi siologia_ cardiovascular_sistema_cardiovascular_respirat%C3%B3rio.jpg>. Acesso em: 8 abr. 2019. Classificação Batidas por minuto Bebê recém-nascido De 70 a 170 bpm, média de 120 bpm Criança 4 anos 80 a 120 bpm, média de 100 bpm Criança de 6 a 12 anos 70 a 110 bpm, média de 90 bpm Adulto 18 anos (mulheres) 65 a 80 bpm Adulto 18 anos (homens) 60 a 70 bpm AVALIAÇÃO DA FREQUÊNCIA CARDÍACA FONTE: Adaptado de Brasil (2003) Normalmente a verificação do pulso é realizada sobre a artéria radial e, eventualmente, quando o pulso está filiforme (difícil de detectar), é avaliada sobre as artérias mais calibrosas (carótida e a femoral). “Outras artérias, como a temporal, a facial, a braquial, a poplítea e a dorsal do pé também possibilitam a verificação do pulso” (BRASIL, 2003, p. 80). CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS FONTE: Brasil (2003, p. 80) AVALIAÇÃO DO PULSO 2.4 PARADA CARDÍACA É denominada toda paralisação súbita do funcionamento do coração, que pode ser detectada pela ausência de pulso e de respiração. Ela pode ocorrer por asfixia, perda grave de sangue (hemorragia), choque elétrico, choque anafilático, envenenamento ou por outros distúrbios (FERNANDES JÚNIOR, 2014). A parada cardíaca súbita em crianças não é comum, nesta faixa etária se apresenta em decorrência da insuficiência respiratória e/ou choque. A incidência é aproximadamente 15% do total de paradas cardíacas pediátricas, sendo mais recorrente em crianças acima de 12 anos (MATSUNO, 2012). Sinais e sintomas: • Dor forte no peito com sensação de esmagamento, irradiando-se do coração para os braços. • Pulsação rápida e cada vez mais fraca • Náuseas e vômitos • Dificuldade para respirar, dor de cabeça no maxilar e nos ombros • Intensa ansiedade e mal-estar, sensação de morte eminente • Inconsciência (vítima não responde) • Evolução para ausência de batimentos cardíacos e ausência de movimentos respiratórios O que fazer: Constatando a ausência de pulso e de respiração, inicie imediatamente a reanimação cardiopulmonar da vítima e não pare até a chegada do socorro especializado (FERNANDES JÚNIOR, 2014). A manobra se inicia após a constatação que a vítima está inconsciente. Observe a figura a seguir para avaliação no caso de suspeita de PCR. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS AVALIAÇÃO DE SUSPEITA DE PCR FONTE: Pazin Filho et al. (2003, p. 164) Também conhecida como massagem cardíaca, a reanimação cardíaca pulmonar (PCR) consiste em substituir a função do coração provocando, através de técnicas manuais externas, compressão e relaxamento do coração para mobilizar o sangue para todo o corpo. MANOBRA DE REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR FONTE: <http://medimagem.com.br/thumb/0/0/geral/ img_20080401_174405.jpg>. Acesso em: 8 abr. 2019. Reanimação cardíaca em crianças: • É necessário comprovar a parada do coração pela ausência de pulso (braquial em lactentes e carotídeo em crianças maiores). • Certificar-se que a vítima está inconsciente. • Manter a criança deitada (decúbito dorsal) sobre uma superfície lisa e rígida (chão), nunca realizar a manobra em cima de colchões (não exercem a pressão necessária com a manobra para a eficácia da assistência). • Ajoelhar-se ao lado da criança maior. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS • Identificar o ponto de compressão da seguinte forma: localizar o osso esterno da criança (osso no meio do tórax) e identificar a metade inferior desse osso entre os mamilos. • Em recém-nascidos e lactentes comprimir o esterno utilizando dois dedos das mãos posicionados abaixo do nível dos mamilos. • Comprimir de 1,5 a 2,5 cm aproximadamente. • Manter a frequência de compressões de pelo menos 100 vezes por minuto. • As compressões devem ser intercaladas com as ventilações. Realizar 30 compressões para 2 ventilações. • Ao final de cada compressão, sem remover os dedos do tórax, liberar a pressão permitindo que o esterno retorne à posição inicial. • Em crianças de 1 a 8 anos, apoiar a região hipotenar (músculos localizados abaixo do dedo mínimo) de uma das mãos sobre a metade inferior do esterno (entre os mamilos), entrelaçando os dedos de ambas as mãos. Os braços devem estar esticados e deve-se utilizar o próprio peso para comprimir o esterno. • Comprimir cerca de 1/3 da profundidade (2,5 a 4cm do esterno). • Manter uma frequência de 30 compressões para 2 ventilações, mantendo aproximadamente 100 compressões por minuto. • As manobras devem ser mantidas até a chegada do socorro especializado. REANIMAÇÃO CARDÍACA EM BEBÊS FONTE: <http://www.tjpe.jus.br/documents/459300/486137/imagem_ PCR11.jpg/2800dcfb-eeb5-43e1-b3d2-29d67e1a7050?t=1398714992240>. Acesso em: 8 abr. 2019. No ano de 2017, as diretrizes sobre as recomendações acerca do atendimento imediato à vítima com Parada Cardiorrespiratória (PCR) tiveram alterações. Se tratando da abordagem da ventilação não invasiva (por exemplo, respiração boca a boca), esta deixa de ser aplicada como etapa primordial durante a assistência
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