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MATEMATICA Leia atentamente o excerto a seguir. “Durante os primeiros anos da década de 50 vários projetos começaram a ser desenvolvidos, tendo em vista a melhoria do ensino secundário, especialmente por meio da adequação à realidade da universidade e aos avanços tecnológicos. Mas, foi um fato não ligado diretamente à situação escolar dos Estados Unidos, que acabou acelerando as propostas pedagógicas americanas desencadeando um movimento internacional de modernização que ficou conhecido como Movimento da matemática Moderna”. BERTI, N. M. O ensino da Matemática no Brasil: Buscando uma compreensão histórica. Disponível em: <http://www.histedbr.fe.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada6/trabalhos/617/617.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2016. Considerando os princípios do Movimento da Matemática Moderna (MMM), analise as asserções seguintes e a relação proposta entre elas. I. As projeções que buscavam a melhoria do ensino secundário por meio de adequação curricular, levaram a uma transformação de orientação na Matemática, que mesmo cheio de formalismos, como a maioria das disciplinas acadêmicas, buscava a superação da cultura clássica. Porque II. O movimento da matemática moderna se constitui da necessidade de fundamentação e reflexão a respeito de diversos conceitos e teorias novas que tinham surgido na época, transmitindo a ideia de positividade para a solução de problemas, também da sociedade. Assinale a alternativa correta. Resposta Correta: AS ASSERÇÕES I E II SÃO PROPOSIÇÕES VERDADEIRAS, E A II É JUSTIFICATIVA CORRETA DA I. Comentário da resposta: A asserção I é verdadeira porque as tendências da época, como citado no elemento-base, determinaram uma urgência na readequação do currículo de matemática, a fim de desenvolver cientificamente com mais qualidades e buscar melhores resultados na área. A experiência não deu certo como propunham, pois veio carregada de rigor e formalismo, mesmo criticando a matemática clássica, buscava-se a superação dessa cultura, porque se baseava no que é apresentado na afirmativa II. A afirmativa II está correta e é justificativa correta da um, pois o MMM se inicia a partir das reflexões acerca da necessidade de se impor rigor à matemática escolar e de estudos com a intenção de separar matemática pura da aplicada, demosntrando a importância de buscar soluções de aplicabilidade para a evolução interna da própria disciplina até uma atualização eficaz e de boa qualidade. Leia com atenção o trecho a seguir. A linguagem utilizada com a criança deve ser muito bem cuidada. A utilização de metáforas faz com que a criança imagine o sentido literal da situação, levando em consideração situações que, para o adulto, parecem absurdas. Dizer que está irritado como uma onça, por exemplo, faz a criança imaginar que uma transformação do adulto em uma onça, da mesma forma que imagina elas às vezes imagina ser um príncipe ou uma princesa. É nesse período que as crianças registram as imagens, e elas podem interferir na imaginação, acompanhando as crianças por muito tempo. De acordo com o texto exposto, a fase de 2 a 4 anos representa o momento da vida da criança em que as imagens ficam registradas na mente dela. Sobre essa fase, assinale a alternativa correta. Resposta Correta: O ABSTRATO AINDA NÃO ESTÁ FORMADO; O PENSAMENTO É BASEADO NA PERCEPÇÃO IMEDIATA. Comentário da resposta: Nessa fase da criança, o pensamento lógico ainda não está formado, por isso todo seu comportamento é literal, levando em consideração apenas o que vê e as reações imediatas diante das situações. Leia com atenção o trecho a seguir. “No final da década de 1950 e início de 1960, o ensino de Matemática em muitos países absorveu o MMM, que pretendia aproximar a Matemática trabalhada na escola básica com a Matemática produzida pelos pesquisadores da área. [...] As propostas veiculadas pelo MMM inseriram no currículo conteúdos matemáticos que até aquela época não faziam parte do programa escolar como, por exemplo, estruturas algébricas, teoria dos conjuntos, topologia, transformações geométricas. O ideário que defendia a modernização do ensino teria que ser absorvido pelos professores, os quais teriam que se adaptar a um novo roteiro de conteúdos e de metodologias”. WIELEWSKI, G. D. O Movimento da Matemática Moderna e a formação de grupos de professores de Matemática no Brasil. Disponível em: <http://www.apm.pt/files/_Co_Wielewski_4867d3f1d955d.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2016. De acordo com o texto, o Movimento citado foi responsável por uma mudança substancial no currículo de matemática, pois: Resposta Correta: OS QUE DEFENDIAM A MATEMÁTICA MODERNA ACREDITAVAM QUE PODERIAM CAPACITAR PESSOAS PARA ACOMPANHAR E LIDAR COM A TECNOLOGIA QUE SURGIA. Comentário da resposta: A principal justificativa para a remodelagem do ensino de matemática foi a necessidade de aproximação da população aos conhecimentos científicos, na busca de preparar as pessoas para enfrentar a tecnologização da sociedade de maneira mais autônoma. A matemática, ciência que se desenvolve pelo estudo das quantidades, medidas, espaços, estruturas, variações e estatísticas, consiste em procurar por padrões, formular conjecturas e, por meio de deduções e definições, estabelecer novos resultados. Registros históricos mostram que a matemática se desenvolveu pela atividade humana e evoluiu com medições, cálculos e contagens, bem como com estudo sistemático de movimentos de objetos físicos e formas geométricas. Muitos povos antigos desenvolveram raciocínios matemáticos e contribuíram para a Matemática dos dias de hoje. Nesse sentido, é correto dizer que: Resposta Correta: OS BABILÔNIOS TINHAM CONHECIMENTO DE CÁLCULO E MEDIDAS; OS EGÍPCIOS DEDICARAM-SE À CRIAÇÃO DO CALENDÁRIO COMO CONHECEMOS HOJE E OS GREGOS ELABORARAM CONCEITOS DA ARGUMENTAÇÃO, DEMONSTRAÇÃO E CONCLUSÃO. Comentário da resposta: Os babilônios, egípcios e gregos, juntamente com outros povos, contribuíram demasiado para o conhecimento da matemática que temos hoje. Os diversos sistemas de numeração deram base para o sistema de numeração decimal. Além disso, a clareza nos estudos da geometria e lógica são fundamentais para o desenvolvimento rigoroso da matemática. Observe a atividade sugerida a seguir. Leve às crianças cabos de vassouras de diferentes tamanhos. Proponha que os separem por tamanhos e coloquem nas caixas conforme a seguinte orientação: - na amarela, os cabos maiores; - na azul, os cabos médios; - na vermelha, os cabos menores. Em outro momento, espalhe diversas caixas de tamanhos variados e peça para que organizem por tamanho em ordem crescente. Ao analisar a atividade proposta, é correto dizer que o que explicita corretamente o processo mental que a atividade visa desenvolver nas crianças é a: Resposta Correta: SERIAÇÃO, POIS AS CRIANÇAS DEVERÃO ORDENAR OS OBJETOS SEGUINDO UM PADRÃO ESTABELECIDO. Comentários da Resposta: A seriação também é chamada de ordenação. Quando sugerimos que as crianças ordenem elementos em critérios preestabelecidos, elas desenvolvem a noção de seriação. Assim, ao colocar os objetos do maior para o menor estão seriando-os. Eles promovem a participação ativa da criança, ao mesmo tempo que se apresentam de forma lúdica e prazerosa, contrapondo-se à antiga representação de que, para aprender matemática, era necessário um ambiente de rigidez, silêncio e disciplina. Além de significar um objeto sociocultural no qual se insere a matemática, trata-se de uma atividade natural relacionada ao desenvolvimento dos processos psicológicos básicos; supõe um fazer não imposto e sem obrigação externa. O texto, que trata da utilização de ferramentas que ampliam as capacidades matemáticas da criança, está associado a: Resposta Correta: JOGOS. Comentário da resposta: Por meio do jogo a criança resolvesituações-problemas de forma lúdica e prazerosa, pois com o desafio apresentado a exigência é interna ao jogo e não vem de um agente externo, como uma prova ou atividade corriqueira. A criança precisa encontrar estratégias e soluções, levantando diferentes hipóteses de maneira contextualizada e desafiadora. Observe a atividade sugerida a seguir. Leve às crianças cabos de vassouras de diferentes tamanhos. Proponha que os separem por tamanhos e coloquem nas caixas conforme a seguinte orientação: - na amarela, os cabos maiores; - na azul, os cabos médios; - na vermelha, os cabos menores. Em outro momento, espalhe diversas caixas de tamanhos variados e peça para que organizem por tamanho em ordem crescente. Ao analisar a atividade proposta, é correto dizer que o que explicita corretamente o processo mental que a atividade visa desenvolver nas crianças é a: Resposta Correta: SERIAÇÃO, POIS AS CRIANÇAS DEVERÃO ORDENAR OS OBJETOS SEGUINDO UM PADRÃO ESTABELECIDO. Comentários da Resposta: A seriação também é chamada de ordenação. Quando sugerimos que as crianças ordenem elementos em critérios preestabelecidos, elas desenvolvem a noção de seriação. Assim, ao colocar os objetos do maior para o menor estão seriando-os. Leia atentamente o excerto a seguir. “Envolve um agrupamento ou escolha de um determinado critério, de acordo com uma regra ou princípio, isto é, separar objetos por suas semelhanças e/ou diferenças reunindo todos os que se parecem em um atributo, separando-os dos que dele se distinguem neste mesmo atributo. As atividades devem levar a criança a perceber e agrupar características comuns em classes e subclasses, estabelecendo relações e construindo noções. A criança domina a sua estrutura quando é capaz de incluir classes em classes; quando reúne mentalmente um conjunto de objetos, animais e pessoas. WERNER, H. M. L. O processo na construção do número, o lúdico e TICs como recursos metodológicos para crianças com deficiência intelectual. Secretaria de Estado de Educação do Paraná: Paranaguá, 2008. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2443-6.pdf>. Acesso 29 jun 2016. O texto faz referência a um processo mental básico relacionado à percepção matemática. É correto dizer que ele apresenta o conceito de: Resposta Correta: CLASSIFICAÇÃO E INCLUSÃO. Comentário da resposta: Como inclusão, diz respeito à abrangência de um conjunto por outro; por exemplo, o conjunto de margaridas está incluído no conjunto de flores. Já a classificação representa o ato de separar em categorias. Quando o texto cita que as atividades desse conceito devem levar as crianças a agruparem objetos em classes e subclasses está atribuindo a elas o desenvolvimento da capacidade de classificação e inclusão. Os algarismos indo-arábicos tiveram origem nos trabalhos iniciados pelos hindus e pelos árabes e compõem o sistema de numeração decimal. Esse sistema agrupa os números de dez em dez unidades. Os símbolos matemáticos utilizados para representar um número no sistema decimal são os algarismos, usados para contar unidades, dezenas e centenas. Com os algarismos formamos os numerais, e a sua posição em determinada classe e ordem define seu valor, chamado de valor posicional de um algarismo. Diante disso uma professora trabalhou com as crianças o numeral 132; para isso, fez anotações a respeito. É correto afirmar que: Resposta Correta: A COMPOSIÇÃO PERTENCE À CLASSE DAS UNIDADES SIMPLES. Comentário da resposta: O numeral apresentado pertence à classe das unidades simples e se distribui nas três ordens: o 2 pertence à ordem das unidades, o 3 à ordem das dezenas, e o 1 à ordem das centenas. Leia com atenção o trecho a seguir. “Embora a grande invenção prática do zero seja atribuída aos hindus, desenvolvimentos parciais ou limitados do conceito de zero são evidentes em vários outros sistemas de numeração pelo menos tão antigos quanto o sistema hindu, se não mais. […] Muitas das tábuas babilônicas indicam apenas um espaço entre grupos de símbolos quando uma potência particular de 60 não era necessária. […] O símbolo maia do zero era usado para indicar a ausência de quaisquer unidades das várias ordens do sistema de base vinte modificado”. ORIGEM do zero. Só Matemática. Disponível em: <http://www.somatematica.com.br/historia/zero.php>. Acesso em: 14 jun. 2016. Alinhada à forma como o zero deve ser trabalhado na educação infantil, analise as alternativas a seguir e assinale a correta. Resposta Correta: O ZERO DEVE SER APRESENTADO COM O INTUITO DE “MUDAR O VALOR” DOS OUTROS NÚMEROS DE ACORDO COM A POSIÇÃO EM QUE SE ENCONTRAM NA COMPOSIÇÃO DO NUMERAL. Comentário da resposta: O aparecimento do número zero acontece pela necessidade de registrar trocas de um conjunto de elementos por uma unidade maior. Não surge pela necessidade de registrar o “nada”, uma vez que não se fazia necessário o registro de algo que não se possuía. A aprendizagem na educação infantil se consolida com o levantamento de hipóteses, com discussão e com experimentação; por isso, a escola precisa se transformar em um espaço de exploração da realidade da criança. A aprendizagem matemática deve estar inserida nesse contexto, uma vez que a criança apreende o conceito de número por meio de diferentes estratégias didáticas que devem ser planejadas pelo professor para esse fim. Nessa perspectiva, cabe ao professor ser um mediador, e o seu papel está associado a: Resposta Correta: UTILIZAR A ATIVIDADE DA CRIANÇA DE MANEIRA A PROMOVER O SEU APRENDIZADO, LEVANDO-A A PENSAR A RESPEITO, POIS A QUALQUER MOMENTO SE APRENDE MATEMÁTICA, JÁ QUE É UMA CIÊNCIA QUE SE UTILIZA DAS CAPACIDADES HUMANAS PARA RESOLUÇÕES DE PROBLEMAS. Comentário da resposta: O professor precisa ser mediador no processo de aprendizagem, possibilitando o desenvolvimento da curiosidade e o interesse pela interpretação de fenômenos que ocorrem no meio, observando as respostas das crianças para qualquer situação e instigando-as a pensar sobre suas soluções. O conhecimento sobre os números e o conhecimento acerca da matemática se desenvolveram juntos pela humanidade. No início não havia o conceito de número, este era o nome dado a conjuntos de objetos. Mas com o passar dos tempos, ele foi separado dos objetos e se tornou abstrato. Assim, com o desenvolvimento das operações, o processo de contar teve de ser sistematizado. Cada civilização desenvolveu um modo próprio e foi dispondo os números em grupos convenientes, ordenando pelo processo de correspondência empregado. O método consistia em escolher certo número como base e atribuir nome a ele; assim, para os números maiores que a base os nomes são combinações dos nomes já escolhidos. Com base nestas informações, podemos afirmar que elas abordam o desenvolvimento do(s): Resposta Correta: SISTEMA DE NUMERAÇÃO. Comentário da resposta: O sistema de numeração é um conjunto de símbolos e regras desenvolvidos por uma comunidade em uma região para representar números e quantidades de acordo com as conveniências criadas pelos povos dessa região. Leia com atenção o trecho a seguir. “Uma das noções fundamentais da Matemática, a ideia de número, foi construída e aperfeiçoada ao longo de muitos séculos. Surgiu da necessidade humana de conhecer o mundo e nele sobreviver. Foi dessa necessidade e utilizando objetos para a contagem que a humanidade começou a construir o conceito de número. […] De acordo com Piaget e Szeminska (1981), a criança constrói progressiva e interiormente a capacidade de contar com sucesso os objetos e essa capacidade só se consolida quando ela consegue coordenar várias ações sobre os objetos […] Conhecer ‘de cor’ a sequência de palavras utilizadas na contagem não significa já ter construído a estrutura de número”. NOGUEIRA, C. M. I. Pesquisas atuaissobre a construção do conceito de número: para além de Piaget? Educar em Revista, Curitiba, n. especial 1/2011, p. 109-124, 2011. A aquisição do conceito de número pela criança se assemelha à construção do conceito de número pela humanidade. Assim, baseado no trecho anterior, é correto afirmar que: Resposta Correta: A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE NÚMERO É PROCESSUAL E PARTE DA IDEIA DE ORDEM E ORGANIZAÇÃO; TRATA-SE DE UMA ESTRUTURA MENTAL QUE SE DESENVOLVE COM ESTÍMULOS À OBSERVAÇÃO DA QUANTIFICAÇÃO DE OBJETOS. Comentário da resposta: A construção do conceito numérico se baseia em estruturações mentais, e a observação de objetos é essencial para a quantificação. A relação mantida pela criança com o mundo ao redor faz com que desenvolva os conceitos adequados à construção do número. Assim, ao contar, ela começa a construir internamente o conceito de número. Leia com atenção o trecho a seguir. “A percepção de quantidade, naturalmente presente em crianças de pouca idade – que revelam reconhecer que um conjunto de três objetos é maior do que um de dois objetos –, é o início do senso numérico. Já numa etapa mais avançada, outro exemplo de senso numérico é o controle de quantidades sem o uso de números, como na história do pastor que fazia cada ovelha corresponder a uma pedrinha. É importante notar que em ambos os exemplos estão presentes as ideias de correspondência, de sequenciação, de classificação, de comparação”. LORENZATO, S. Que matemática ensinar no primeiro dos nove anos do ensino fundamental? Disponível em: <http://alb.com.br/arquivo- morto/edicoes_anteriores/anais17/txtcompletos/sem07/COLE_2698.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2016. É importante compreender o significado de cada um desses processos, que podem se referir a objetos, situações ou ideias. Tendo como referência o texto apresentado e considerando o texto-base da disciplina, relacione cada um dos processos básicos indicados abaixo com as respectivas descrições. 1. CORRESPONDÊNCIA 2. COMPARAÇÃO 3. CLASSIFICAÇÃO 4. SEQUENCIAÇÃO ( ) É o ato de separar em categorias, de acordo com semelhanças ou diferenças. CLASSIFICAÇÃO ( ) É o ato de fazer suceder a cada elemento um outro, sem considerar a ordem entre eles; portanto, é ordenação sem critério preexistente. SEQUENCIAÇÃO ( ) É o ato de reconhecer diferenças ou semelhanças. COMPARAÇÃO ( ) É o ato de estabelecer a relação, por exemplo, de ‘um a um’. CORRESPONDÊNCIA Assinale a alternativa que representa a sequência correta. Resposta Correta: 3, 4, 2, 1. Comentário da resposta: CORRESPONDÊNCIA é o ato por meio do qual se torna possível se estabelecer a relação. Exemplos: um prato para cada pessoa; cada pé com seu sapato; a cada aluno, uma carteira. Mais tarde, a correspondência será exigida em situações do tipo: a cada quantidade, um número (cardinal); a cada número, um numeral; a cada posição (numa sequência ordenada), um número ordinal. COMPARAÇÃO é o ato em que as diferenças ou semelhanças são identificadas. Exemplos: esta bola é maior que aquela; moro mais longe que ela; somos do mesmo tamanho? Mais tarde, virão: quais destas figuras são retangulares? Indique as frações equivalentes. CLASSIFICAÇÃO consiste na separação em categorias, conforme as diferenças e as semelhanças; para tanto, escolhe-se uma qualidade que servirá para estabelecer a classificação. Exemplos: na escola, a distribuição dos alunos por séries; arrumação de mochila ou gaveta; dadas várias peças triangulares e quadriláteras, separá-las conforme o total de lados que possuem. SEQUENCIAÇÃO é o ato que, sem levar em conta a ordem entre eles, consiste em fazer suceder a cada elemento um outro; portanto, é ordenação sem critério preexistente. Exemplos: chegada dos alunos à escola; entrada de jogadores de futebol em campo; compra em supermercado; escolha ou apresentação dos números nos jogos loto, sena e bingo. Leia com atenção o texto a seguir. “Atividade: Pagando 628 reais O professor pode dividir a classe em grupos, apresentar uma caixa com notas de 100, 10 reais e moedas de 1 real a cada um e deixar que cada grupo decida como poderá pegar 628 reais, por exemplo, de que precisa. Ele acompanha os grupos, mas sem muita interferência, deixando que apareçam estratégias diferentes, que depois serão discutidas em conjunto. Pode haver uma ideia de começar, por exemplo, contando notas de 10. Nesse caso, por estarem acostumados a contar de 10 em 10, talvez eles prossigam nessa contagem, dizendo: dez – vinte – trinta – … – cem – cem e dez (o professor pode interferir no grupo, ensinando o nome correto) – cento e vinte – cento e trinta... Outras ideias podem aparecer. Algum grupo, por exemplo, pode ter ideia de pegar as notas de 100 primeiro. Ao final, o professor pode narrar o que viu, pedindo a interferência dos grupos para dizer coisas que ele não viu. Deverá verificar de qual ou quais processos a turma gosta mais”. BERTONI, N. E. Educação e linguagem matemática II. Brasília: Universidade de Brasília, 2007. p. 25. Analise as afirmações seguintes que podem representar os objetivos da atividade apresentada. I. Estimular o desenvolvimento da noção de conservação. II. Compreender os números formados por dezenas, centenas e unidades. III. Desenvolver a noção de agrupamentos por critérios matemáticos. IV. Desenvolver a seriação e contagem dos números naturais. V. Incitar a decomposição de números. Está correto o que se diz em: Resposta Correta: II, III E V APENAS. Comentário da resposta: A afirmativa I está incorreta, pois o objetivo proposto deve ser trabalhado para crianças no início do desenvolvimento da aquisição do conceito de número, e a atividade já está em níveis mais complexos do pensamento matemático. A afirmativa II é correta, pois esse objetivo pode ser alcançado com a atividade, pois as crianças já dominam conhecimentos de números e podem, intuitivamente, agrupá-los. A afirmativa III está correta, pois ao apresentar a composição do valor de 10 em 10 – ou de 100 em 100 como é esperado, por exemplo –, a criança desenvolve estratégias de agrupamento por padrões matemáticos. Os critérios apresentados devem ser estabelecidos com base em pressupostos matemáticos, com raciocínio lógico sob pano de fundo. A afirmativa IV está incorreta, pois a seriação e contagem precedem esse tipo de estímulo, ou seja, para o professor trabalhar a atividade apresentada é necessário que esses conceitos já tenham sido desenvolvidos. Por fim a afirmativa V está correta, pois é com esse tipo de atividade que as crianças começam a entender a possibilidade de decomposição de um número. Lei atentamente o trecho a seguir. “Um número é par quando o numeral termina em 0, 2, 4, 6 ou 8. Na Roma antiga não existia número par porque não existiam 0, 2, 4, 6 ou 8, que são invenções posteriores. Ou existia número par? Existia, claro! O número XVI termina em I e é par, XXIV termina em V e é par, CLIX termina em X e é ímpar. É muito importante sabermos a diferença entre número e numeral. […] O número é uma noção de quantidade só existente nos neurônios de quem a construiu. Número não pode terminar em 0, 2, 4, 6, ou 8. O numeral, sim! quando escrito com os nossos algarismos usuais. Todos concordamos que o rigor matemático é necessário, mas também que uma linguagem simples é conveniente para o aluno e para todos”. ROSA, E. Número ou Numeral? Revista do Professor de Matemática, n. 44, p. 41, 2000. Disponível em: <http://matinterativa.com.br/Artigos/NumeroNumeral.pdf>.Acesso em: 21 jun. 2016. O texto aborda a diferença entre número, algarismos e numerais. Analisando-o e considerando os conceitos apresentados, examine as afirmativas a seguir. I. Número é ideia, numeral é símbolo (de número). II. Numerais diferentes podem representar o mesmo número. III. Numerais são representações de um número. IV. Números são símbolos numéricos utilizados para expressaruma quantidade. V. Algarismos representam quantidades e contagens. Está correto o que se diz em: Resposta Correta: I, II E III APENAS. Comentário da resposta: A afirmativa I é correta, pois o número é conceito e representa a quantidade que nos vem à cabeça. A afirmativa II é correta, porque os números podem ser representados de variadas formas em diferentes comunidades e tempos históricos. A afirmativa III é correta, pois todo numeral é a representação de um número, seja escrita, seja falada, seja digitada etc. Assim, as representações numéricas são distintas do número e seu conceito, numeral diz respeito à grafia, à forma pela qual registramos o conceito que temos de número A afirmativa IV está incorreta, pois os símbolos são os algarismos que representam os números e não os números em si. A afirmativa V está incorreta, pois a definição está alinhada ao conceito de número e não de algarismo. Leia com atenção o trecho a seguir. “Apesar desta distinção entre a abstração empírica e a abstração reflexiva, Piaget afirma que no âmbito da realidade psicológica da criança uma abstração não existe sem a outra. Pois para que uma criança possa construir a relação diferente ela precisa observar propriedades de diferença entre os objetos. E também para construir o conhecimento físico ela necessita de um sistema de referência lógico-matemático que lhe permita relacionar novas observações com um conhecimento já existente. Segundo Kamii (1990), a construção do conceito de número foi proposta por Piaget como uma composição de dois tipos de relações, elaborada pela criança através da abstração reflexiva. Essas relações são denominadas por Piaget como ordem e inclusão hierárquica. OLIVEIRA, K. B. A. de; SILVA, A. C. da. Construção do Conceito de Número: uma análise de atividades matemáticas desenvolvidas pelo Subprojeto PIBID / UFMT / CUR nas escolas do Ensino Fundamental de Rondonópolis. Revista Eventos Pedagógicos, v. 6, n. 2, p. 316, jun./jul. 2015. Relacionando as ideias de ordem com os números ordinais e de inclusão hierárquica com os números cardinais, podemos afirmar que: Resposta Correta: ESSES ASPECTOS SIMULTÂNEOS DA FUNÇÃO DO NÚMERO FAZEM COM QUE O INDIVÍDUO DESENVOLVA A CAPACIDADE DE EMPREGAR EXPRESSÕES COMO “MAIS QUE”, “TANTO QUANTO”, “MENOS QUE”. Comentário da resposta: Os aspectos cardinais e ordinais acontecem simultaneamente, por isso o indivíduo tem estabelecido o conceito de número ao estar com aspectos desenvolvidos, uma vez que para quantificar é preciso antes ordenar para contagem. -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- Matemática normalmente é aquela disciplina que divide opiniões: uns amam, outros nem tanto! Nessa perspectiva, nossa disciplina abordará como trabalhar a Matemática na Educação Infantil, desde a maneira como a criança elabora e constrói seu pensamento até as orientações do RCNEI e da BNCC a fim de mudar esse paradigma em relação à disciplina. Jean Piaget é um educador que explica como o pensamento da criança compreende o mundo que a cerca, ela possui uma lógica própria com características interessantes, observe: Egocentrismo: a forma de organizar o mundo apoia-se em um estado de confusão entre o “eu” e o mundo externo. Seus julgamentos são sempre absolutos,e a criança é insensível aos argumentos contrários às suas afirmações. Animismo: decorrente do egocentrismo, a criança estende suas vivências pessoais a brinquedos, animais e objetos. É como se ela atribuísse uma “alma humana” a todas as coisas. Ela se machuca ao bater em uma mesa e briga com a mesa: " Mesa feia!'. Irreversibilidade de pensamento: A criança analisa as coisas pela percepção imediata. Seu raciocínio baseia-se no todo ou em uma característica específica, não conseguindo ordenar objetos pela classificação. Ela não tem o " ir e vir do pensamento" . -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- Vamos recordar os 3 conceitos primordias de Piaget que muito influenciam no pensamento lógico da criança: Egocentrismo: o raciocínio da criança nessa fase é muito influenciado por suas próprias vontades e desejos, principalmente entre os 2 e 4 anos de idade. Suas percepções e explicações refletem apenas um ponto de vista, ou seja, o seu. Animismo: decorrente do egocentrismo, a criança estende suas vivências pessoais a brinquedos, animais e objetos. É como se ela atribuísse uma “alma humana” a todas as coisas. São os desenhos com "carinhas". Quando a criança se machuca e briga com o objeto: " cadeira boba, mesa má". Irreversibilidade de pensamento: outra consequência do egocentrismo decorre da incapacidade de chegar a sínteses. A criança analisa as coisas pela percepção imediata. Seu raciocínio baseia-se no todo ou em uma característica específica, não conseguindo ordenar objetos pela classificação. A irreversibilidade de pensamento faz com que uma sequência de raciocínio não volte ao ponto de partida e nem opere com relações. -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- Ler os números, compará-los e ordená-los são processos indispensáveis para a compreensão do significado da forma numérica. Ao se encontrar com números em diferentes contextos, a criança é desafiada a aprender, a desenvolver o seu próprio pensamento e a produzir conhecimentos. Nem sempre um mesmo número representa o mesmo valor, pois depende do contexto. Ler e escrever os números até nove é fácil e simples. A partir daí, precisa- se tomar muito cuidado, pois os números começam a se repetir para formar. Lembrem-se de que a transformação das dez unidades em 1 dezena para as crianças não é uma tarefa fácil, pois eles ainda estão no período pré-operatório. A resolução de problemas na Educação Infantil permite: • fazer o aluno pensar produtivamente, desenvolvendo o seu raciocínio; • ensinar o aluno a enfrentar situações novas em que possa aplicar a matemática resolvendo problemas; • dar uma boa base matemática às pessoas. -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- As imagens a seguir mostram o material semissimbólico e a formação de números: Outro tema valioso que solidifica a base matemática da criança é o trabalho com a estatística com a construção de gráficos a partir de situações reais, observações feitas ou brincadeiras em sala de aula. " Atualmente a estatística tem se apresentado como um importante canal de obtenção de dados e, no mundo todo, temos instituições coletando, organizando e divulgando dados das mais diversas áreas. Com a presença da internet cada vez mais forte, esses dados estão cada vez mais acessíveis e é preciso que saibamos trabalhar com eles desde cedo. Assim, o ensino da Estatística na Educação Infantil apresenta-se como importante e necessário à formação dos futuros cidadãos". -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- As noções de número, numeral e algarismo passar o lápis sobre o pontilhado; colar bolinhas de papel crepom escrita repetida de um numeral e/ou sequências numéricas; enfeitar numerais dando-lhes aspectos de animais ou objetos. Concreto X Abstrato A matemática é uma “ciência” abstrata. Antigamente pesquisas afirmavam que antes dos 7 anos de idade as crianças não possuíam recursos para abstrair qualquer conceito. Atualmente é aceito o desenvolvimento da abstração em todas as etapas do desenvolvimento, desde que as ações do mundo físico (concreto) tenham algum significado na representação formal (abstrato). Algarismo, numeral e número Algarismos: são símbolos usados na representação de números. Numeral: é um substantivo que significa classe depalavras que indica uma quantidade exata de pessoas ou coisas, ou que indica o lugar que ocupam numa série. Número: é um substantivo que significa palavra ou símbolo que expressa uma quantidade. Como trabalhar esses conceitos? As representações utilizadas pelos alunos variam de acordo com o desenvolvimento cognitivo de cada um. No início os alunos podem representar as quantidades através de traços ou pequenos círculos para representar, por exemplo, as quantidades de pontos numa brincadeira. As intervenções do professor devem ter como objetivo final a transposição dessas representações para a utilização dos algarismos indo-arábicos. Para isto o professor deve valer-se do cotidiano em que o aluno está inserido apresentando as diversas formas em que tais algarismos aparecem no dia-a-dia Cardinal X Ordinal Durante a aprendizagem da notação dos algarismos o professor deve explicitar a utilização dos mesmos para contagens (cardinal) e para ordenação dos elementos de um conjunto (ordinal). Para isto o professor pode desenvolver as atividades: Coleção de tampinhas de garrafa (cardinal); Utilização da fita métrica (ordinal). O Conceito de Número O que é número? Quando perguntamos a um grupo de pessoas o que é número, notamos a princípio certo constrangimento. Realmente, é estranho não termos, na ponta da língua, uma definição para algo tão familiar. Usamos números o tempo todo em nossa vida: para tomar um ônibus, fazer um pagamento, encontrar um endereço, saber a idade da vizinha... Diante dessa pergunta, aos poucos as pessoas começam a organizar as ideias, e surgem respostas como: “É quantidade”; “É um símbolo”; “É um símbolo que representa uma quantidade”. Em geral, alguém corrige: “O símbolo não é número; é numeral”. E você? Qual é a sua própria definição de número? Até cerca de 1960, a maior parte dos professores de matemática se limitava a transmitir aos alunos noções relativas ao chamado conhecimento social, como as palavras e os símbolos que designam as quantidades e a contagem de rotina. Como não tinham muito claro o conceito de número, sentiam dificuldade em ajudar a criança a construí-lo. A partir desse período, contudo, o movimento Matemática Moderna originou uma série de mudanças no currículo. No mundo todo passou-se a enfatizar a importância da teoria dos conjuntos no ensino da matemática desde a fase elementar, e ganharam espaço as pesquisas de Piaget relativas à construção do número pela criança. Para representar um número, a criança pode inventar um símbolo, pois este guarda semelhanças com o objeto representado (por exemplo, ○○○ ou III ou *** para representar a quantidade “três). Já o signo é criado por convenção e não guarda nenhuma semelhança com o objeto representado (por exemplo, o numeral 3 e a palavra falada “três). Alguns professores adotaram a definição de número como “a designação de uma classe de coleções que têm a mesma quantidade de elementos (aspecto cardinal) e que ocupa certa posição em uma série (aspecto ordinal) (SANTOS, 1990; 26). Concluíram, assim, que o trabalho com noções ligadas a conjuntos facilitava a construção do conceito de número pela criança. O que se viu, no entanto, foi um trabalho puramente teórico e abstrato, no qual se priorizava a representação simbólica ∈, ⊂, , ∅, ∩, ∪, etc. , algo que os alunos das séries iniciais não tinha condições de acompanhar. É a adição sucessiva de uma unidade. (KANT, 1724 – 1804) O Conceito de Número Se não tiver, não se preocupa. Grandes pensadores também enfrentaram essa dificuldade, e nem sempre estiveram de acordo sobre o assunto, como mostram os exemplos a seguir: É a expressão que determina uma quantidade de coisas da mesma espécie. (BALTZER, 1814 – 1887) É a adição sucessiva de uma unidade. (KANT, 1724 – 1804) É uma coleção de objetos de cuja natureza fazemos uma abstração. (BROUTROUX, 1845 – 1921) É a classe de todas as classes equivalentes a uma classe. (RUSSEL, 1872 – 1970) Jean Piaget (1896 – 1980) O mais influente pensador no campo da Educação durante a segunda metade do século XX. Não existe método de Piaget para educar. Nunca foi pedagogo, era biólogo utilizando a ciência para observar o processo de aquisição do conhecimento no ser humano, particularmente na criança. Criou um campo chamado epistemologia genética, ou seja, uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança. Vem de Piaget a ideia de que o aprendizado é construído pelo aluno, inaugurando a corrente construtivista. Com Piaget, fica claro que as crianças não raciocinam como os adultos, inserindo gradualmente regras, valores e símbolos através da assimilação e acomodação (exemplo da ave como animal voador). A síntese da ordem e da inclusão hierárquica O número (Piaget) é uma síntese de dois tipos de relação que a criança elabora entre os objetos (por abstração reflexiva): uma é a ordem e a outra é a inclusão hierárquica.1 1 10 6 3 3 2 2 8 4 4 6 7 9 7 8 5 5 Ordem Na primeira situação a criança não sente necessidade de colocar os objetos numa determinada ordem para assegurar-se de que não salta nenhum nem conta o mesmo objeto duas vezes. Contudo não é necessário que a criança coloque os objetos literalmente numa ordem espacial para arranjá-los numa relação organizada, conforme visto na segunda situação. Se a ordenação fosse a única operação mental da criança sobre os objetos, estes não poderiam ser quantificados, uma vez que a criança os consideraria apenas um de cada vez, em vez de um grupo de muitos ao mesmo tempo. -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- Aprender Matemática através de resolução de problemas A resolução de problemas permite que estudantes desenvolvam o pensamento matemático de maneira ativa. Entenda passo a passo como isso pode ser feito Um problema é uma tarefa para a qual não se possui um esquema, uma estratégia ou um algoritmo previamente definido. Demanda-se um certo esforço intelectual no delineamento da estratégia de solução, a qual poderá combinar esquemas anteriores e/ou produzir novos. Chamamos de problemas matemáticos aqueles cujas soluções demandam ideias, conceitos e/ou algoritmos pertencentes à disciplina matemática. Uma tarefa em si não é um problema matemático, mas depende de quem se depara com ela. Imaginemos, por exemplo, a seguinte tarefa: escreva frações equivalentes a 3/5. Este pode ser um exercício para um aluno do 9o ano do Ensino Fundamental que já foi exposto ao conteúdo, mas seria um problema para um aluno, por exemplo, do 2o. ano do Ensino Fundamental. Como é bem sabido, a Matemática (científica) se desenvolve e produz conhecimentos a partir de problemas da vida diária, das profissões, das ciências, bem como aqueles internos à própria disciplina. Por analogia, a ideia de resolução de problemas foi pensada como uma forma de organizar pedagogicamente a aprendizagem de Matemática na escola. Uma das referências clássicas à resolução de problemas é o livro A Arte de Resolver Problemas, publicado originalmente em 1945 pelo matemático George Polya (POLYA, 1978). A obra inspirou movimentos de reforma curricular de Matemática em diversos países nos anos 1970 e 1980 (VALE; PIMENTEL; BARBOSA, 2015; FELMER; PEHKONEN; KILPATRICK, 2016). Há muitos argumentos para organizar as aulas de Matemática em torno da resolução de problemas. Destaco, aqui, algumas das razões citadas pelas pesquisadoras brasileiras Lourdes de la Rosa Onuchic e Norma Suely G. Allevato (2011): mobilizar a atenção e o pensamento matemático dos estudantes; possibilitar o uso de diferentes estratégias; desenvolver a crença de que os estudantes são capazes de fazer Matemática e propiciar a compreensão de conceitos matemáticos. A resolução de problemas pode figurar de diferentes maneiras no currículo. Para alcançar suas potencialidades, é importante que a resolução de problemas não seja isolada das demais atividades. Assim, corroboro o argumento posto por Onuchice Allevato (2011) de ensinar e aprender Matemática através da resolução de problemas. Para ilustrar, vou relatar brevemente uma aula da Profa. Noêmia em uma turma do 9o. ano do Ensino Fundamental, que tive a oportunidade de acompanhar em uma escola estadual na cidade de Salvador. De início, ela distribuiu uma folha de tarefa, a qual foi adaptada de uma disponível no portal do Observatório da Educação Matemática da Universidade Federal da Bahia e Universidade Estadual de Feira de Santana (www.educacaomatematica.ufba.br). http://www.educacaomatematica.ufba.br/ Os estudantes foram solicitados a lerem a tarefa. A seguir, a professora coordenou uma pequena discussão com as questões desse tipo: o que vocês leram? O que diz a tarefa? Qual é a questão? Que dados constam na tarefa? etc. Na sequência à tempestade de ideias, os estudantes foram organizados em grupos de três ou quatro. Enquanto os estudantes trabalhavam na resolução do problema, a professora aproximava-se dos grupos para fazer questionamentos do tipo “como vocês estão resolvendo?”, “por que desse jeito?”, “o que você acha se...?”, “e vocês observaram isso aqui?”, etc. Tratam-se de questões para incentivar os estudantes na solução do problema, bem como provocá-los a aprofundar a reflexão sobre suas estratégias. Esta fase é a mais demorada e, dependendo da complexidade do problema, pode durar uma, duas ou mais horas. Depois que os estudantes produziram suas soluções, os grupos de alunos foram solicitados a mostrá-las na lousa. Com isso, a professora Noêmia coordenou a discussão sobre as diferentes formas de abordar o problema. É a partir desse momento que a professora pôde formalizar a fórmula para o cálculo da soma das medidas dos ângulos internos de um polígono convexo. A aula da professora Noêmia ilustra como a aprendizagem de Matemática dá-se através da resolução de um problema. Nesse caso, como se vê, a tarefa foi propositadamente escolhida para trabalhar com os estudantes um tópico específico previsto no programa escolar. Porém, também pode ser um problema mais aberto que não fosse voltado para os conteúdos previstos no programa escolar. A sequência da aula da professora Noêmia foi similar àquela recomendada por Onuchic et al. (2014): proposição do problema; leitura da tarefa; resolução do problema; observar e incentivar; registro das soluções na lousa; plenária; busca do consenso; formalização do conteúdo. Após isso, o professor pode propor exercícios para consolidar o novo conhecimento e/ou problemas mais complexos. Como nos lembra Skovsmose (2000), um problema matemático pode ser formulado em termos da Matemática pura, como o exemplo acima. Mas, também pode ser com referência na realidade, que são aqueles externos à disciplina Matemática. Por exemplo, se a professora propusesse aos estudantes decidir sobre o melhor pacote de acesso à Internet disponível na cidade em que moram. E, por fim, há problemas que são fictícios, ou seja, não existem no dia a dia, mas fazem menção a fatos da realidade. É o que Skovsmose (2000) chamaria de semirrealidade, como esse problema: a cidade A possui 100.000 habitantes, a cidade B, 50.000 habitantes e a cidade C, 30.000; supondo que o governo federal enviará 20 médicos para as três cidades, quantos deles serão alocados em cada cidade? Trata-se de um problema criado para fins educacionais, apesar de encontrarmos análogos no dia a dia. Nas conversas com os colegas professores, uma questão levantada com frequência é onde encontrar problemas para organizar as atividades de sala de aula. Além de diversas fontes disponíveis na Internet, sempre menciono os livros didáticos, desde que convertamos exercícios em problemas. Tomemos um exercício daquele tópico para o qual os estudantes ainda não foram expostos e transformemos no problema a ser apresentado aos estudantes para exploração e resolução. Desta forma, os estudantes possuem a chance de desenvolverem o pensamento matemático de maneira ativa, sobre o qual o professor poderá formalizar um novo conhecimento. *Jonei Cerqueira Barbosa – Revista Nova Escola -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- O jogo e seu lugar na aprendizagem da Matemática Nas aulas de Matemática, os jogos ajudam a criar contextos de aprendizagem significativos. Mas é preciso acertar na escolha e compreender como os indivíduos se relacionam com o jogo. A especialista Ana Flávia Alonço Castanho discute o assunto. E você aprende mais sobre jogos na NOVA ESCOLA . 1. A contribuição dos jogos para a aprendizagem Trabalhar com jogos nas aulas de Matemática é uma das situações didáticas que contribuem para a criação de contextos significativos de aprendizagem para os alunos. Esta descoberta se deu no conjunto de uma série de transformações que o ensino experimentou nas últimas décadas, desde que professores e instituições passaram a pautar sua prática por uma concepção de aprendizagem segundo a qual aprender significa elaborar uma representação pessoal do conteúdo que é objeto de ensino - quando os alunos constroem conhecimentos em um processo ativo de estabelecimento de relações e atribuição de significados. Ensinar passou a ser compreendido como criar condições adequadas a esse processo e à realização de intervenções com vistas a possibilitar avanços aos alunos. Com isso, novos critérios passaram a ser úteis para a tarefa do professor, como: organizar o ensino em torno de situações-problema que façam sentido para os estudantes e tornem necessária a construção ou reelaboração de conhecimentos para sua resolução; estabelecer relações com os fazeres que caracterizam o trabalho de uma determinada área de conhecimento; compreender as práticas culturais de uso de um determinado saber e as formas como os indivíduos, em geral, se relacionam com elas. É nesse contexto que o jogo passa a ser uma presença mais constante nas aulas de Matemática. Mas a experiência tem indicado que a presença do jogo, por si só, não leva à aprendizagem dos alunos. Por isso, vamos discutir nos capítulos seguintes que condições podem fazer do jogo um aliado do professor na organização de boas situações de aprendizagem. O ponto de partida é compreender o jogo como uma prática humana e social de relação com o conhecimento. 2. As instâncias do jogo e sua relação com o conhecimento Macedo (2003) discute em seu texto "Os jogos e sua importância na escola" como o jogo está, segundo a teoria piagetiana, intimamente ligado ao processo de desenvolvimento humano (acima, veja um vídeo em que o professor fala sobre o uso dos jogos na aprendizagem) Nessa perspectiva, o desenvolvimento de cada indivíduo é marcado por três grandes instâncias de jogo: os jogos de exercício, em que a assimilação de novos conhecimentos, sobre si e sobre o mundo que o cerca dá-se na forma do prazer pela repetição dos primeiros hábitos; o jogo simbólico, em que a criança se apropria de conhecimentos sobre o mundo e conhece mais sobre si a partir da atribuição de diferentes significados aos objetos e as suas ações - em fantasias, em faz-de-contas ou na possibilidade de viver diferentes histórias; e os jogos de regras, em que o "como fazer" do jogo é sempre o mesmo, regulamentando uma interação entre pares - nesses jogos, a criança se depara com o desafio de se apropriar das regras e encontrar estratégias para vencer dentro do universo de possibilidades criado pelo jogo. As três instâncias de jogo são parte de cada um de nós, parte de nossa história pessoal e da nossa relação com o mundo e, por isso, em maior ou menor grau, continuam presentes ao longo de nossas vidas: "Compreender melhor, fazer melhores antecipações, ser mais rápido, cometer menos erros ou errar por último, coordenar situações, ter condutas estratégicas etc. são chaves para o sucesso. Para ganhar é preciso ser habilidoso, estar atento, concentrado, ter boa memória, saber abstrair, relacionar as jogadas todo o tempo" (Macedo. Os jogos e sua importânciana escola, 2003). 3. A relação entre os homens e o jogo A relação do homem com o jogo, enquanto prática cultural, remonta ao início de sua história. A espécie humana, em todas as épocas e em todas as culturas, construiu muitas e variadas formas de jogar, permitindo, tanto aos mais novos se apropriarem de saberes culturais importantes - muitas vezes essenciais para sua inserção naquela determinada sociedade -, quanto aos já adultos usufruírem de um espaço de lazer e descanso. Alguns desses jogos envolvem conhecimentos que são alvo da preocupação da escola hoje, como a contagem, presente nos mais variados jogos de percurso, o cálculo mental, necessário para vencer no "Sjoelback" (ou bilhar holandês) ou no "Fecha a Caixa", a localização espacial presente nos jogos de batalha naval. Mas, embora o próprio processo de desenvolvimento humano crie condições para a compreensão dos jogos de regras, as características do jogo, enquanto objeto cultural que remete aos momentos de diversão e lazer, fazem com que a relação de cada um com os jogos de circulação social seja regida por preferências pessoais e contextos de convivência. Assim, embora existam jogos que ponham em evidência conhecimentos valorizados pela escola, não é esperado, socialmente, que todos joguem bem todos os jogos nem que todos superem suas dificuldades iniciais e se apropriem de estratégias para jogar bem esses jogos. Dessa forma, há uma primeira dificuldade na relação da escola com os jogos, pois a experiência social deixa claro que, na ausência de uma intervenção sistemática, pautada em preocupações e compromissos educativos, se perpetua a divisão entre bons e maus jogadores. E a escola nunca pode naturalizar a divisão entre bons e maus alunos, sob pena de não ser mais escola. 4. O jogo como via de acesso a conhecimentos A despeito dessa dificuldade em relacionar as características de um objeto cultural de lazer e entretenimento com as preocupações escolares, muitos estudiosos defendem a presença do jogo na escola, argumentando que para a criança em idade escolar, o jogo, nas suas diferentes formas, é uma excelente via de acesso a novos conhecimentos, porque além de tornar significativo o encontro com novos saberes, também cria um contexto em http://revistaescola.abril.com.br/jean-piaget/ http://revistaescola.abril.com.br/jean-piaget/ http://revistaescola.abril.com.br/matematica/pratica-pedagogica/sjoelbak-428032.shtml http://revistaescola.abril.com.br/matematica/pratica-pedagogica/sjoelbak-428032.shtml http://revistaescola.abril.com.br/matematica/pratica-pedagogica/feche-caixa-428064.shtml que se apoderar desses conhecimentos tem uma razão mais próxima do ponto de vista infantil - ir bem no jogo - , além da razão que a escola sempre lhe apresenta, que é preparar-se para a vida futura. Segundo Ortiz (2005), um estudioso espanhol desse tema, as próprias características do jogo o constituem como um excelente veículo de aprendizagem e comunicação, especialmente para as crianças, que têm a oportunidade de envolver-se com a própria aprendizagem, participando ativamente de todo o processo educativo. Esse autor ressalta que o acesso ao jogo ao longo do processo educativo é considerado, hoje, um direito inalienável, segundo a Declaração Universal dos Direitos das Crianças: "A criança desfrutará plenamente do jogo e das diversões, que deverão estar orientados para finalidades perseguidas pela educação; a sociedade e as autoridades públicas se esforçarão para promover o cumprimento desse direito" (Ortiz, J. P. Aprendizagem através do jogo). Assim, pode-se considerar que dar ao jogo um justo lugar dentro da escola, relacionando-o com conteúdos importantes de aprendizado, é uma forma de respeitar o modo como as crianças aprendem, dando a todos os alunos a chance de se relacionar com o conhecimento de uma forma mais prazerosa, significativa e produtiva. Mas, o que significa dar ao jogo "um justo lugar dentro da escola"? Uma primeira resposta é a que já foi apontada acima: criar condições para que todos os alunos aprendam, para que o jogo seja uma instância que favoreça o avanço de seus conhecimentos. Outra resposta, imprescindível, também, é que o jogo se relacione com os objetivos curriculares e as necessidades de aprendizagem dos alunos. Ou seja, dar ao jogo seu justo lugar dentro da escola implica perguntar se o jogo em questão cria condições para as aprendizagens específicas que se quer promover. 5. O jogo como recurso para a realização de objetivos curriculares Para que o trabalho com jogos matemáticos na escola possa se constituir como base para uma boa relação com o conhecimento, é preciso ter em mente que: "O jogo é, por natureza, uma atividade autotélica, ou seja, que não apresenta qualquer finalidade ou objetivo fora ou para além de si mesmo. Nesse sentido, é puramente lúdico, pois as crianças precisam ter a oportunidade de jogar pelo simples prazer de jogar, ou seja, como um momento de diversão e não de estudo. Entretanto, enquanto as crianças se divertem, jogando, o professor deve trabalhar observando como jogam. O jogo não deve ser escolhido ao acaso, mas fazer parte de um projeto de ensino do professor, que possui uma intencionalidade com essa atividade" (Ana Ruth Starepravo. Jogando com a Matemática: números e operações). A ideia de que "o jogo não deve ser escolhido ao acaso" é a marca fundamental do trabalho escolar. É imprescindível - se se quer fazer do jogo um contexto de aprendizagem - perguntar-se sobre o que o jogo permite ensinar, sobre qual conteúdo matemático é posto em destaque no jogo, sobre como isso se relaciona com as necessidades de aprendizagem dos alunos naquele momento, sobre que outras situações de ensino podem-se articular às situações de jogo, sobre como sistematizar e institucionalizar o conhecimento posto em ação e, com isso, relacioná-lo às aprendizagens previstas no currículo. A intencionalidade do professor, tão bem apresentada nas palavras de Ana Ruth Starepravo, é a marca que distingue as situações de jogo vividas no meio social e as situações escolares de aprendizagem a partir do jogo. Para fazer valer essa intencionalidade, é fundamental que o professor parta das estratégias de cálculo utilizadas inicialmente pelas crianças em suas jogadas, de seus procedimentos, de suas dúvidas e acertos e planeje atividades e intervenções desafiadoras a partir disso, a fim de que seus alunos possam avançar nos conhecimentos em questão. Esse espaço para intervenção do professor que o trabalho com jogos matemáticos possibilita é precioso, segundo Cecília Parra. Esta autora aponta que um trabalho intencional e reflexivo, por parte dos professores, com jogos na aula de Matemática permite "maiores oportunidades de observação, a possibilidade de variar as propostas de acordo com os níveis de trabalho dos alunos e inclusive de trabalhar mais intensamente com aqueles que mais o necessitam". Ou seja, é a partir da intervenção do professor que os jogos matemáticos se transformam em contextos de aprendizagem para os alunos. Isso ocorre nas ocasiões em que o professor organiza sequências de atividades a partir do jogo, de forma que os alunos possam: tomar consciência do que sabem; reconhecer a utilidade (economia, segurança) de utilizar determinados recursos (resultados memorizados, procedimentos etc.); ter uma representação do que se deve conseguir e do que precisa saber; "medir" seu progresso; escolher, entre diferentes recursos, os mais pertinentes; serem capazes de fundamentar suas opções, suas decisões; estabelecerem relações entre os conhecimentos postos em destaque no jogo e os conhecimentos escolares. Assim, o que caracteriza o jogo como contexto de aprendizagem escolar é que na escola, diferentemente da vida social, o jogo não se encerra em si mesmo, não se justifica apenas pelo seu aspecto lúdico e, sim, é parte de uma sequência intencional de ensino, que contextualiza a resolução de problemas e o desenvolvimento de estratégiasque se relacionam com o desenvolvimento de aprendizagens importantes de uma determinada etapa; que respeita os diferentes ritmos de aprendizagem das crianças, mas se compromete com o avanço de todos e a conquista de um conjunto compartilhado de saberes. E isso só é possível com a intervenção atenta e cuidadosa de um professor que sabe aonde quer chegar. Ana Ruth Starepravo. Jogando com a Matemática: números e operações. Curitiba: Ed. Aymará, 2009. Cecília Parra. "Cálculo Mental na Escola Primária". In: Parra, C. & Saiz, I. Didática da Matemática: reflexões psicopedagógicas. Porto Alegre: Artmed, 1996. Macedo, L. Os jogos e sua importância na escola. In: Macedo, L., Petty, A. L. S. e Passos, N.C., Quatro cores, senha e dominó. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. Ortiz, J. P. In: Múrcia, J.A.M. (e col.). Aprendizagem através do jogo. Porto Alegre: Editora Artmed, 2005. -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- Modelagem matemática: a Matemática do dia a dia Utilizar situações-problema com os alunos ajuda a engajá-los nas aulas da disciplina – Revista Nova Escola. Onde vou usar isso? Esta é uma pergunta frequente dos alunos da educação básica aos professores de Matemática. É um sintoma de que o ensino da disciplina não tem abordado situações de fora da escola, do cotidiano do aluno. Por vezes, restringe-se a exercícios altamente estruturados e artificiais, que só existem no mundo escolar e, por isso, geram o questionamento de onde aquele conhecimento será utilizado. Nas diversas esferas da vida social, no entanto, há muitos debates baseados em argumentos matemáticos, como sobre o impacto do aumento do preço dos combustíveis, reforma da previdência, carga tributária, impactos ambientais, sistema eleitoral, controle de epidemias, etc. Os cidadãos são demandados a se engajarem em tais debates públicos, bem como precisam tomar decisões baseadas em matemática em suas vidas privadas e/ou profissionais a todo momento. Portanto, se o objetivo da educação básica é assegurar a formação indispensável para o exercício da cidadania, as aulas de Matemática devem também abordar as situações não-matemáticas, expressão que aqui utilizo para designar aquelas que pertencem originalmente ao dia a dia, às demais ciências ou ao mundo do trabalho. É o que, na literatura da Educação Matemática, é comumente chamado de modelagem matemática, em analogia ao método dos matemáticos aplicados: a partir de um problema complexo, constrói-se uma representação matemática (modelo matemático) e gera-se uma solução. Vou ilustrar o que digo com um exemplo prático de sala de aula. Há algum tempo, diante de um novo aumento na tarifa do transporte público municipal na cidade de Salvador, Bahia, uma professora do 1o ano do Ensino Médio propôs aos alunos que determinassem o impacto do novo valor. Foi distribuída uma cópia de uma reportagem de jornal sobre o tema, na qual constavam o preço anterior e o novo. Fez-se uma pequena discussão a partir da leitura do texto jornalístico, detalhando o problema. Depois disso, os alunos foram organizados em grupos para tentar resolver a questão apresentada. Os alunos tinham que assumir hipóteses sobre a receita das famílias, o número de pessoas que utiliza o transporte público, a frequência de uso, etc. Como os alunos estavam organizados em diferentes grupos, eles assumiram diferentes hipóteses e utilizaram diferentes conhecimento matemáticos, o que, por sua vez, geraram diferentes soluções. “E, agora, qual é a resposta?”, perguntou a professora. Os alunos foram à lousa confrontar suas soluções e acabaram se engajando em uma discussão sobre o porquê das diferentes respostas. Quando se usa modelagem matemática, podemos encontrar diferentes soluções válidas, ainda que possamos discutir quais delas são mais ou menos úteis. Isso ocorre porque a situação-problema é aberta, levando os alunos a assumirem hipóteses, bem como quais conhecimentos matemáticos serão mobilizados para construir o modelo. Portanto, as soluções matemáticas dependem do processo de modelagem matemática. No exemplo de aula acima, os alunos puderam se engajar em discussões sobre a relação entre as hipóteses, os conhecimentos matemáticos mobilizados e as soluções. Trata-se do que chamo de discussões reflexivas. Para elas ocorrerem, é fundamental que as situações-problema sejam abertas, demandando, assim, dos estudantes (preferencialmente organizados em grupos) o estabelecimento de hipóteses. É provável que apareçam diferentes soluções, o que leva à necessidade de examinar e discutir como foram produzidas. Usando problemas Um aspecto central da modelagem matemática é a utilização de problemas. Diferentemente dos exercícios, são situações para as quais os alunos não possuem exemplos dados por uma exposição prévia. O início da aula não é uma exposição de conteúdo, mas é a apresentação do problema novo, o qual os alunos tentarão resolver com suas próprias estratégias. Depois do trabalho em grupo, da socialização na lousa e da sistematização do professor, este pode aproveitar-se das ideias matemáticas mobilizadas para introduzir ou formalizar um novo conceito ou procedimento matemático. Os problemas podem ter várias origens. As matérias de jornais são boas fontes, pois apresentam assuntos atuais que repercutem na sociedade (como é o caso do aumento na tarifa do transporte coletivo). É possível também que seja uma situação do dia a dia dos alunos, do bairro, etc, de outras disciplinas (Ciências Naturais, por exemplo) ou das profissões. Uma boa ideia é fazer uma parceria com os professores das outras disciplinas e, assim, identificar situações nas outras áreas do conhecimento que se utilizam da matemática. O mais importante é que os problemas sejam do interesse dos alunos. Como nos lembra o pesquisador Ole Skovsmose, sem interesse, não há aprendizagem. Por isso, além do próprio professor levar a situação-problema para a sala de aula, pode-se pedir que os alunos decidam que tema querem estudar. Neste caso, modelagem matemática organiza-se como um trabalho de projeto. Eles escolhem os temas, levantam informações e formulam seus próprios problemas. Seja qual for a duração, a modelagem matemática responde às interrogações dos alunos sobre os usos da matemática na sociedade. Isto não quer dizer que devemos reduzir o currículo da disciplina somente a tópicos com aplicações fora da escola. Porém, se o nosso objetivo é fomentar a cidadania, não podemos prescindir das situações-problema não-matemáticas nas aulas de Matemática. Em vez de educar para a Matemática, modelagem matemática é uma forma de educar pela Matemática. -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS : Trata-se de uma metodologia pela qual o estudante tem oportunidade de aplicar conhecimentos matemáticos adquiridos em novas situações, de modo a resolver a questão proposta. Compreender o problema; ✓ Destacar informações, dados importantes do problema, para a sua resolução; ✓ Elaborar um plano de resolução; ✓ Executar o plano; ✓ Conferir resultados; ✓ Estabelecer nova estratégia, se necessário, até chegar a uma solução aceitável. ETNOMATEMÁTICA Alguns passos são necessários serem observados para que a Etnomatemática seja incorporada no currículo escolar, articulando conteúdos matemáticos às experiências vividas pelos alunos. ➢ Enfatiza as matemáticas produzidas pelas diferentes culturas; ➢ Leva em consideração que não existe um único, mas vários e distintos conhecimentos e nenhum é menos importante que outro; ➢ Considerando o aspecto cognitivo, revela-se que o aluno é capaz de reunir situações novas com experiências anteriores, adaptando essas às novas circunstâncias e ampliando seus fazeres e saberes. MODELAGEM MATEMÁTICA ✓ A modelagem matemática tem como pressuposto a problematização de situações do cotidiano. ✓ Procura levantar problemas que sugeremquestionamentos sobre situações de vida. ✓ Modelagem matemática é o processo que envolve a obtenção de um modelo. ✓ Através da modelagem o aluno aprende matemática e não a modelagem. Espera-se: ✓ Incentivar a pesquisa; ✓ Promover a habilidade em formular e resolver problemas; ✓ Lidar com temas de interesse; ✓ Aplicar o conteúdo matemático; ✓ Desenvolver a criatividade. Etapas ✓ Escolha do tema; ✓ Formulação (levantamento de informações); ✓ Elaboração de um modelo matemático ✓ Resolução do(s) problema(s) e desenvolvimento do conteúdo matemático no contexto do tema ✓ Análise crítica da(s) solução(ões) – Validação e extensão dos trabalhos desenvolvidos Modelação matemática x Modelagem Matemática O método que se utiliza da essência da modelagem matemática chama-se Modelação Matemática. Norteia-se por desenvolver o conteúdo da grade curricular a partir de um modelo matemático. A diferença entre modelagem e modelação é que na modelagem não dá para prever inicialmente em que modelo se chegará nem se a matemática exigida está ao alcance do nível desejado, esses modelo se dará no processo. (BIEMBENGUT & HEIN, 2005). A modelagem parte de uma situação/tema e sobre ela desenvolve questões, que tentarão ser respondidas mediante o uso de conceitos matemáticos e da pesquisa sobre o tema. A modelação, “o professor pode optar por escolher determinados modelos, fazendo sua recriação em sala, juntamente com os alunos, de acordo com o nível em questão, além de obedecer ao currículo inicialmente proposto. (BIEMBENGUT & HEIN, 2005). O modelo matemático pode ser resolvido através do levantamento de dados da situação, experimentações, formulação e resolução de equações. Este exemplo pode ser aplicado nas séries do Ensino Médio por usar conceitos de geometria analítica. -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS X INVESTIGAÇÃO MATEMÁTICA? ✓ Na resolução de problemas as questões estão formuladas à partida, enquanto nas investigações esse será o primeiro passo a desenvolver. ✓ Num problema, procura-se atingir um ponto não imediatamente acessível, ao passo que numa investigação o objetivo é a própria exploração. -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- MEMÓRIA VISUAL Observação de figuras por um tempo determinado para reprodução, sem a presença do modelo. Observação de uma cena por um tempo determinado para posterior identificação de seus elementos, sem a sua presença Por que ensinar Geometria na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental? “A Geometria constitui um domínio da Matemática extremamente importante, uma vez que todos os cidadãos precisam desenvolver suas capacidades espaciais e de organização do espaço para viverem numa sociedade que é cada vez mais visual.” (p. 164) Como ensinar Geometria na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental? “A aprendizagem da Geometria neste nível deve ser feita de um modo informal partindo de modelos concretos do mundo real das crianças, de modo que elas possam formar os conceitos essenciais. A manipulação de materiais e a reflexão sobre as actividades realizadas têm um papel primordial na construção desses conceitos.” (p. 165) OBS. Nomes e definições deixam de ser prioridade. O que ensinar em Geometria na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental? Conteúdos, propostos por meio de atividades de manipulação e reflexão sobre os materiais, que possibilitem o desenvolvimento das habilidades relacionadas à capacidade espacial. HABILIDADES DA CAPACIDADE ESPACIAL Coordenação visual-motora Memória visual Percepção figura-fundo Constância perceptual Percepção da posição no espaço Percepção de relações espaciais Discriminação visual ATIVIDADES: Coordenação visual-motora Labirintos Liga-pontos Construção de figuras no geoplano e na malha pontilhada
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