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ARQUEOLOvia - Pré-história brasileira

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Indígena de São Marcos.
 
Assemelha-se a um ovo pétreo gigantesco e, segundo pesquisadores, tem cerca de 60 m de comprimento por
40 m de altura e 40 m de largura. Essa rocha teria sido abrigo de povos primitivos desaparecidos há milênios
em passado muito remoto. Diante da grandeza da Pedra Pintada e de seus registros milenares, encontramos a
razão de seu nome, pois ao nos aproximarmos dela nos deparamos com um paredão de granito altaneiro,
repleto de pinturas, algumas alcançando até mesmo cerca de 15 m de altura.
 
O grande monólito da Pedra Pintada e suas inscrições.
Ao lado insculturas encontradas no local chamado de Martírios do Araguaia.
 
Para alguns pesquisadores, a rocha teria surgido na Era Mesozóica, nos períodos do Cretáceo e Jurássico, há
cerca de 67 e 137 milhões de anos. Outros emitem a teoria de que a região já teria sido um grande lago
chamado de Lago de Manoa e que cobria parcialmente a Pedra Pintada, justificando assim, a altura em que são
encontradas certas pinturas gravadas em seus paredões retilíneos. Esta teoria leva-nos à antiga lenda da cidade
de ouro, desaparecida em meio à floresta amazônica e exaustivamente procurada pelos descobridores
espanhóis e aventureiros audaciosos, o misterioso El Dorado.
 
Também não poderíamos deixar de citar a enigmática cultura chamada Cunani, no Amapá, por encontrar-se às
margens do rio com este nome e outros sítios já pesquisados. O estranho é que foi encontrado também neste
estado uma grande estrutura megalítica, próximo ao rio Rego Grande, constituída de grandes blocos de pedra,
ajustados de forma circular e bastante peculiar. Muitos deste blocos estão alinhados com o nascer do sol no
solstício, em 21 de dezembro e a trajetória do astro segue a inclinação de um destes grandes blocos pétreos de
aspecto mais pontiagudo.
 
Também as inscrições do Rio Araguaia, em Martírios, são misteriosas e sua simbologia continua indecifrável.
Após sua descoberta passaram a ser conhecidas como Martírios do Araguaia, nome dado pelos bandeirantes
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que as encontraram e por pensarem tratar-se de representações da coroa e dos instrumentos da crucificação de
Jesus.
 
Desde o século XVII são conhecidos estes estranhos sinais que foram encontrados às margens do Rio Araguaia,
na ilha do Bananal, do lado do estado de Tocantins. Os bandeirantes foram os primeiros homens, ditos
civilizados, que por ali estiveram naquela época e encontraram aquelas estranhas marcas talhadas na pedra.
Elas, no entanto, continuam até hoje envoltas em mistério, ocultando seu sentido verdadeiro, pois desde que
foram descobertas não se conseguiu desvendar o seu significado e quem as teria feito. Grande parte dos
pesquisadores as vê como petrogravuras deixadas por povos que aqui viveram há milênios, não se podendo,
entretanto, determinar com presteza quando teriam sido insculpidas e quem teriam sido os seus autores.
 
REGIÃO NORDESTE
 
O nordeste brasileiro possui também grande concentração de registros rupestres e muitos deles de apreciável
sofisticação. O surpreendente pesquisador brasileiro José de Azevedo Dantas que teria iniciado suas pesquisas
arqueológicas no Rio Grande do Norte e na Paraíba em 1924, na localidade denominada Xiquexique, onde
residia, fez inúmeros registros de relevantes descobertas nos sítios arqueológicos, hoje conhecidos como
Xiquexique I, Xiquexique II, Abrigo do Morcego e Furna do Pau d’Arco.
 
Inscrições copiadas por José Dantas (reprodução feita pelo autor deste artigo).
 
Apesar de não ter frequentado nenhuma escola oficial, José de Azevedo Dantas desenvolveu estudos na áreas
da geografia, história, genealogia, meteorologia e arqueologia, além de atuar também como músico, desenhista
e editor de jornais manuscritos de pequena circulação em Carnaúba dos Dantas. Conforme foi dito acima, suas
pesquisas arqueológicas se iniciaram em 1924, quando ele se muniu de lápis e papel e saiu pelo sertão do
Seridó registrando inscrições rupestres, anotando detalhes dos locais pesquisados e fazendo croquis das regiões
visitadas.
 
Outra região rica em inscrições é a do Xingó, situada nos platôs dos estados de Sergipe e Alagoas. Nesse local
foram localizados 15 sítios rupestres com cerca de 1400 gravuras e pinturas ao longo dos “canyons” rochosos
dos afluentes do rio São Francisco na divisa destes dois estados.
 
A arqueóloga Suely Silva realizou levantamentos fotográficos, topográficos, filmagens e cópias dos registros
encontrados na região, com a descrição detalhada dos mesmos no intuito de “salvá-los” da destruição
ocasionada pelo tempo e por outros fatores difíceis de serem controlados pelos pesquisadores, como o
vandalismo, por exemplo.
 
Inscrições semelhantes a uma escrita encontradas no local chamado
de Vale dos Mestres III, em Canindé de São Francisco, Sergipe.
 
Segundo análises, os grafismos podem ser classificados em diversas categorias, podendo se notar aqueles não
figurativos compondo sua maioria. Essa maior parte foi distribuída em círculos, cúpulas, semicírculos,
bastonetes, linhas, grades, ziguezagues, figuras losangulares, setas e figuras geométricas. Além ainda de
outros objetos como pirogas, luas, sóis e representações multiformes de caráter desconhecido.
 
Os figurativos são representados por mãos, figuras antropomorfas, zoomorfas e tridáctilos, que foram
relacionadas a pegadas de aves, por causa de sua forma sempre ternária de representação.
 
Outra região que não pode passar despercebida é a de Sete Cidades, no norte do Piauí. Trata-se de um
conglomerado de pedras multiformes que se localiza em pleno sertão piauiense, entre as cidades de Piripiri e
Piracuruca, a aproximadamente 200 km de Teresina.
 
É um conjunto megalítico formado de pedras gigantescas em formas variadas, são montanhas, morros e
elevações que se assemelham a castelos e casas em ruínas, além de outras representações semelhantes a
esculturas com intrigantes formações, já desgastadas pelo tempo.
 
Com cerca de 20 km² de área total, suas diversas elevações rochosas de formatos inimagináveis sugerem
muitas hipóteses, dentre elas, que venham tratar-se de dólmens, menires e esculturas de épocas remotas,
produzidas por uma cultura milenar, além de haver milhares de inscrições em diversas localidades.
 
Inscrições na rocha e no detalhe, um monumento lítico em Sete Cidades, Piauí.
 
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Ao penetrar por entre estas gigantescas muralhas e blocos pétreos de formas expressivas, temos a impressão
de estar andando por ruas e praças de uma possante fortaleza destruída por forças muito poderosas, deixando
à mostra alguns aspectos de seu antigo poderio.
 
Diante disto alguns pesquisadores ousaram emitir opiniões como, por exemplo, de que esta região teria sido
palco de uma antiga civilização num passado muito distante, sendo aquelas formações rochosas nada mais que
ruínas de um grande império.
 
Para os geólogos, o conjunto pétreo chamado de Sete Cidades seria apenas o resultado de um processo
geológico natural, iniciado há cerca de 190 milhões de anos. Suas formações rochosas de arenitos laminados e
maciços teriam sido caprichosamente modeladas durante milênios pela ação da chuva e dos ventos fortes
naquela região.
 
Além disso, teriam ocorrido também fraturas nas rochas, produzidas por chuvas torrenciais e ventos carregados
de areia, surgindo, em decorrência, canais gigantescos e distanciamentos entre as rochas, assemelhando-se a
ruas e praças de uma cidade destruída e abandonada.
 
Como já dissemos, todo o nordeste brasileiro é muito rico em manifestações rupestres, mas seu mais
misterioso monumento nessa categoria é, sem dúvida, a pedra lavrada do Ingá. Particularmente, também a
considero um dos mais estranhos registros arqueológicos que encontrei em minhas viagens pelo interior do
Brasil.
 
Segundo se sabe, esta continua sendo a “pedra no sapato” dos estudiosos pela complexidade de suas
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