figuras insculpidas na rocha e pelo seu sofisticado simbolismo. A rocha única possui cerca de 23 m de comprimento e na sua parte mais alta mede 3,5 m, exibindo uma face lavrada com cerca de 40 metros quadrados de misteriosos caracteres. É provável que este monumento tenha seu lugar reservado entre os mais intrigantes enigmas arqueológicos já descobertos em nosso planeta. É sabido que se trata do maior, mais complexo e mais misterioso conjunto rupestre que reporta a um passado desconhecido e carrega consigo uma grande quantidade de caracteres e signos ainda por serem decifrados. Localiza-se no estado da Paraíba, na Serra da Borborema, município de Ingá, às margens do rio de mesmo nome, antigo Bacamarte, a 85 km de João Pessoa e a 35 km de Campina Grande. Na época da chuva este grande monólito fica parcialmente encoberto pela água e no tempo seco pode ser visto em sua totalidade, além de que o leito do rio fica completamente seco, com apenas algumas poças d’água espalhadas em quase toda a sua extensão. Se observarmos com cuidado seus registros milenares, nós veremos que a sua sofisticação o distancia incontestavelmente daqueles simples rabiscos rústicos feitos na pedra, mãos carimbadas ou figuras zoomorfas, encontrados em muitas regiões país. Este apresenta uma técnica desconhecida para cortar a rocha, além de suas figuras complexas e bem elaboradas, formando um conjunto inusitado e belo de formas bem concatenadas. Reprodução desse autor das misteriosas e inexplicáveis insculturas da Pedra do Ingá, na Paraíba. No detalhe uma foto das gravações da imensa rocha lisa. Não é natureza de este trabalho penetrar mais profundamente em cada um destes casos, pois já o fizemos em outros artigos específicos. O que se pretende é mostrar a riqueza de símbolos e signos que podem ser encontrados em terras brasileiras, se os quisermos observar com acuidade. Neste sentido, poderíamos anexar também inúmeros outros locais desta região que podem concorrer perfeitamente com estes registros fortes gravados em pedra que nos conduzem a fortalecer o nosso pensamento de que já existiu uma língua, hoje perdida, no passado mais remoto do Brasil. REGIÃO CENTRO-OESTE Esta é também uma das regiões mais misteriosas do Brasil. Pode-se dizer que em todos os três estados que a compõe podem ser encontrados significativos registros rupestres e monumentos líticos que não deixam de nos alertar sobre suas enigmáticas origens. No estado do Mato Grosso fizemos diversas incursões e nos deparamos com coisas estranhas em muitos lugares. Visitamos a região de Barra do Garças, Vale dos Sonhos e diversas localidades próximas, além de Coronel Ponce, Chapada dos Guimarães e Poxoréo, onde fizemos pesquisas. 29/04/2020 ARQUEOLOvia - Pré-história brasileira www.viafanzine.jor.br/site_vf/arqueo/brasil_pre.htm 5/9 Vale dos Sonhos (MT) e inscrições da casa de pedra (MT), em reprodução desse autor. Próximo a Serra do Roncador encontramos muitos vestígios que nos permitem afirmar que povos ancestrais tiveram intensa atividade no planalto central brasileiro. E o mais notável é que em meio a estes vestígios, costumam ser encontrados caracteres avançados e signos que não correspondem ao estágio evolucional que os seus prováveis autores devessem possuir, de acordo com as perspectivas avalizadas pelos pesquisadores e historiadores. Muitos desses lugares que visitamos, como a gruta dos pezinhos, a casa de pedra, o sítio Paz e Vitória e outras regiões em cidades matogrossenses dão mostras de que em um tempo passado algo de relevante aconteceu ali, em circunstâncias hoje desconhecidas e dificilmente aceitas. Tendo em vista as condições em que foram encontrados os povos que habitavam e ainda habitam a região, sob o enfoque do seu desenvolvimento. A Chapada dos Guimarães é também um local diferente e, sem dúvida, mais uma destas localidades que se destacam por sua excepcional atratividade e beleza natural, mostrando prados quilométricos que são vistos do alto dos montes, como um quadro inimaginável pintado por mãos invisíveis e de rara expressividade. Na chapada, é comum aos visitantes manterem-se silenciosos por longo tempo diante de paisagens tão exuberantes, como as cachoeiras de águas cristalinas e a expectativa de se depararem com animais selvagens, livres e saudáveis. Magníficas formações rochosas em Chapada dos Guimarães e inscrições em Coronel Ponce em reprodução desse autor. As formas esculpidas nas montanhas e nas pedras colossais encontradas em todos os lugares da Chapada dos Guimarães, com suas inexplicáveis expressões focalizando o vazio, fazem-nos viajar no tempo e questionar que tipo de força teria produzido tudo aquilo e, até mesmo, duvidar de nossas próprias conclusões. Seriam formas naturais, esculpidas ao acaso em rochas pelos agentes do tempo? Teriam sido a água, o vento e o calor ou a simples erosão natural da rocha os responsáveis por tão intrincado espetáculo pétreo de formas variadas e imponentes? Alguns desses locais se fazem à semelhança de um museu a céu aberto, desafiando a inteligência do homem ou ocultando-lhe verdades insofismáveis Coronel Ponce é uma localidade próxima à Chapada dos Guimarães e que possui inscrições semelhantes às demais encontradas na região. Vimos uma única vez referências sobre as inscrições rupestres de Coronel Ponce em inícios da década de 1990 no livro do arqueólogo André Prous, “Arqueologia Brasileira” [Editora Universidade de Brasília, em 1992]. Depois disso, não obtivemos mais nenhuma citação sobre este esplêndido painel de insculturas no interior do estado do Mato Grosso. Segundo o ilustre pesquisador mencionado, estas inscrições se classificam na “tradição geométrica” e formam conjuntos heterogêneos de grande extensão, pois podem ser encontrados desde o planalto catarinense, na região Sul, até a região nordeste, passando pelos estados do Paraná, São Paulo, Goiás e Mato Grosso, onde, neste último, estes são muito mais ricos. Segundo André Prous “o tema dominante passa a ser o ‘tridáctilo’, triângulos (com incisão ou ponto de tipo ‘vulvar’) morfologicamente aparentados aos ‘tridáctilos’ como mostra a publicação do sítio Coronel Ponce por M. Beltrão. As outras figuras incluem ainda cupuliformes e por vezes curvilíneas”. No seu aspecto inusitado, nossas pesquisas se depararam com situações estranhas em Paraúna, no interior do estado de Goiás, numa região de planalto, onde podem ser encontradas grandes montanhas rochosas que lhe conferem uma característica bastante peculiar. Região de pecuária e de grande potencial turístico também possui grandes “monumentos pétreos” que parecem reportar a um tempo bem remoto do Brasil. Acreditamos que se tratasse de reminiscências de uma época muito anterior aos silvícolas que aqui habitavam por volta de 1500, quando da chegada dos portugueses, mas que poderiam ter sido obra de um povo ignorado pelos historiadores. 29/04/2020 ARQUEOLOvia - Pré-história brasileira www.viafanzine.jor.br/site_vf/arqueo/brasil_pre.htm 6/9 Monumentos pétreos na Serra das Galés e muro de pedra em Paraúna (GO). O fato é que as estruturas estão lá, vivas e desafiadoras, pedindo uma explicação sensata. A cidade de Paraúna é muito aconchegante e bem cuidada. Já na chegada, podemos ver rochas elevando-se do solo, formando pequenos montes escarpados. Pela saída oeste em estrada de terra, há muitas outras montanhas e formações rochosas que podem ser observadas, guardando estruturas excepcionalmente peculiares. Cada uma destas localidades possui aspectos distintos entre si, com exuberantes características e, acreditamos que certas formações não podem ser explicadas tão simplesmente como se tratando de meras obras da natureza. Inscrições semelhantes a uma escrita em Poxoréo (MT), no detalhe uma reprodução desse autor. Poxoréo é outro local que guarda muitos mistérios. É uma cidade tradicional do interior do Brasil com cerca de 18 mil habitantes e localiza-se a 240 km de Cuiabá, numa depressão que ganhou o nome de Rio Paraguai. Cercada