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Direito Civil 1 - Aula 1 / Quinta - Feira - Noite - Nova Iguaçu

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Aula 1 Direito civil 
Direito civil → É um Direito do cotidiano. 
Relembrando → Teoria tridimensional do direito → Fato, valor e norma. 
Breve dados históricos: Portugal + Igreja católica → Organizar a estrutura do país. 
(Brasil) 
• Portugal → Toma conta das riquezas e propriedades 
• Igreja → Toma conta dos cidadãos, de suas relações. Por exemplo: Casamento, 
óbito, nascimento e até o batismo. 
• Era assim a divisão Estado e Igreja. 
Até 1916, nós trabalhávamos com as ordenações do reino, que eram as ordenações 
Filipinas. Ou seja, era a ordenação civil utilizada por Portugal. Brasil só teve uma 
ordenação própria em 1916. 
• Augusto Teixeira de Freitas → Foi um jurista muito injustiçado. 
Projeto de Clóvis Beviláqua → Conseguiu atravessar os desafios e conseguiu a 
publicação da primeira codificação civil, que era o código de 1916. Foi nosso primeiro 
código. Esse código entra em vigor em 1917, por causa da vacatio legis. 
Em 1917, a sociedade era patrimonialista, patriarcal, eminentemente agrária. 
Mulher não podia escolher o marido, nem o marido escolher a mulher. Quem escolhia era 
o PAI. Na época, a única entidade familiar era a decorrente do casamento. E os filhos 
eram os decorrentes do casamento. Casamento era indissolúvel. 
• Na década de 70 → A sociedade não suportava mais esse código civil. A sociedade 
tinha evoluído, e o código não tinha respostas para os novos anseios do povo. 
• Nessa época, Miguel Reale é chamado para ser o relator do novo código civil. 
O código de 1916 foi tendo uma morte lenta, esse código sofreu o fenômeno de 
descodificação. 
• Codificar → Reunir as regras daquele mesmo tema em um só lugar. 
Vantagem: sistematização, facilitar o manuseio. Desvantagem: Dificuldade de 
alteração de uma norma codificada. (Alteração legislativa) 
• Descodificação → Por exemplo: O casamento era é regulado pelo código 
civil 16, porém, em 1977, surge a lei do divórcio. Mas por quê? Na década de 70, 
a sociedade busca um novo código. Assim, Miguel Reale é chamado com uma 
equipe com vários juristas do brasil inteiro para poder fazer um novo código, 
porém, o processo legislativo fica enterrado. Mas, a sociedade não fica enterrada, 
pois ela precisa de respostas. Assim, leis que eram para estar e serem tratadas 
dentro do código civil, começam a sair de dentro dele. O código foi sofrendo 
vários golpes, mas o golpe de morte foi a CF de 88, pois ela mexe como o 
ordenamento civil. O constituinte trouxe regras de civil dentro da cf. 
O 1° código civil foi de 1916, com vigência em 1917 e só fomos ter um código novo em 
2002 → Processo legislativo no Brasil é lento! 
• Boa parte da vida de Miguel Reale foi envolta na problemática da aprovação do 
novo código civil. 
Toda vez que existe uma lei especial, essa lei especial prefere a lei geral. Por 
exemplo: Na década de 77 surge uma lei de divórcio, mas o código civil da época dizia 
que não pode divorciar. Qual lei aplicar? A lei especial, pois ela prefere a lei geral. 
O novo código poderia sofrer o mesmo problema da descodificação. Assim, 
Miguel Reale elabora o código baseado em princípios, para que o código fique por mais 
tempo aproveitável. Assim, ele traz 3 princípios norteadores, ou seja, princípios 
estruturantes, diretrizes. 
1. Princípio da Eticidade (ética) – Bom senso. / A cláusula geral aberta que fica 
atrelada ao princípio da eticidade é o princípio da Boa-Fé. 
2. Princípio da Socialidade: Reflete a prevalência dos valores coletivos sobre os 
individuais, sem, contudo, a perda do valor fundamental de pessoa humana 
3. Princípio da operabilidade: Desapego da linguagem rebuscada, a legislação 
proposta deve ser de fácil entendimento pela sociedade civil → Acessibilidade ao 
texo constitucional, promovendo uma democratização no exercício dos direitos 
civis previstos no plano legislativo 
Miguel Reale utiliza da técnica de interpretação Clausula geral aberta. Isso 
significa que o operador do direito, no caso concreto, consegue dar soluções de acordo 
com a evolução da sociedade. Isso mantêm o código por mais tempo útil. 
• Princípio da Boa-Fé objetiva: Necessita ser comprovada. Contêm Boa-Fé 
subjetiva. 
• Boa-Fé subjetiva: Está no campo das intenções. (De boa intenção, o inferno está 
cheio haha) É necessário comprovação dessa Boa-Fé. Boa-fé subjetiva + 
Probidade = Boa-fé Objetiva. 
Mais vale a intenção das partes do que o sentido literal. 
❖ (curiosidade) Essa palavra (Boa-Fé) é achada 56 vezes dentro do código 
civil!(Explicitamente) Ou seja, está em todas as partes do código civil. Muitas 
pessoas, erroneamente, de acordo com o art 426 do código civil, acreditam que a 
Boa-fé se relaciona apenas com os contratos, no entanto, Boa fé se relaciona com 
todas as partes do contrato. 
• Quando se pensa em confiança legítima, pensamos em Boa-fé. É uma legitima 
expectativa. Por exemplo, se sou filho, tenho uma legitima expectativa que meus 
pais devem cuidar de mim. 
• Confiança → Uma expectativa legitima, mas também pode ser um valor 
agregado. Então, depende! Tem que se perguntar em qual sentido. 
Princípio da socialidade: Clausula da função social. Art. 5, XXIII CF. → Uma 
pessoa não deu a função social a uma propriedade, ela pode usucapir. Ela pode ter essa 
propriedade transferida para seu nome. 
❖ Publicização do Direito Privado 
 
Anotações referentes ao Módulo 1: 
O Direito Civil encontra-se codificado (Código Civil brasileiro vigente - Lei 
10.406, de 10 de janeiro de 2002) e tem em suas disposições legais o objetivo de regular 
as relações privadas entre pessoas físicas, pessoas jurídicas e entes despersonalizados. 
• Pessoas → Físicas e jurídicas 
• Bens → Móveis, imóveis e semoventes. 
• Entes despersonalizados → Espólio, condomínio, massa falida, nascituro. 
Relação constituição x Código civil → Princípio da Supremacia da CF e da 
interpretação conforme o texto constitucional. 
 O referido princípio, promove não apenas uma importante organização do sistema 
jurídico em seu aspecto evolutivo, mas também uma notória segurança jurídica a respeito 
da eficácia e incidência das normas infraconstitucionais (ex. leis federais). 
• Código antigo → Visão patrimonialista, visando a propriedade ao invés da 
dignidade da pessoa humana. 
• CF88 → Eixo central do ordenamento brasileiro passou a ser a proteção da 
dignidade da pessoa humana. ART 1, III CF 
Os direitos fundamentais são “concretização do princípio 
fundamental da dignidade da pessoa humana, consagrado 
expressamente em nossa Lei Fundamental” (SARLET, 2004, p. 
81). 
A constitucionalização do direito civil demonstra que seu objeto não 
pode ficar subordinado às questões patrimoniais. 
Além de privilegiar a dignidade humana como critério regente das 
relações privadas, a liberdade e a igualdade também são consideradas 
referenciais hábeis à interpretação dos direitos civis. Significa dizer, por 
exemplo, que as pessoas são livres na forma de constituição de família; os 
filhos são iguais no exercício de direitos; homens e mulheres possuem os 
mesmos direitos e deveres no âmbito do casamento e da união estável; é 
juridicamente inadmissível tratamento discriminatório entre cônjuges e 
companheiros para fins sucessórios; proíbem-se designações 
discriminatórias no âmbito das relações contratuais, além do direito 
conferido às pessoas de optarem de modo autônomo se escolherão ou não se 
submeter a tratamento médico-terapêutico em caso de doenças graves. 
Importante → A releitura do direito civil a partir do texto da CF advém do Estado 
democrático de Direito com o objetivo central de assegurar a liberdade individual, a 
igualdade jurídica nas relações privadas, o tratamento digno da pessoa humana e a 
autonomia nas relações contratuais. O eixo central não é mais o patrimônio, mas sim a 
ampla e integral proteção jurídica da pessoa humana. 
• Eficácia horizontal dos direitos fundamentais: Protege asrelações 
jurídicas entre particulares. 
A horizontalidade aproxima as garantias constitucionais de seus verdadeiros protegidos, 
a população. 
Dirigismo contratual → Consiste na legitimidade conferida ao Estado de 
intervir nas relações contratuais entre particulares como modo de assegurar 
a igualdade e a dignidade humana dos sujeitos contratantes. 
Contrato de adesão → Considera-se de adesão o contrato por meio do qual 
as partes não possuem liberdade de escolher as cláusulas contratuais 
propostas. Todo o contrato já vem pronto, cabendo aos sujeitos aderirem 
a ele ou não.

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