Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MICROBIOLOGIA AULA 01 (13/07) – Profª Drª Sheila Belini Nishiyama Introdução ao Estudo da Microbiologia CONCEITO A microbiologia é o ramo da Biologia que estuda os seres vivos microscópicos nos seus mais variados aspectos como morfologia, estrutura, fisiologia, reprodução, genética, taxonomia e também a interação com outros seres e com o ambiente. MICRORGANISMOS Bactérias – Bacteriologia Fungos – Micologia Vírus – Virologia CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS - Linnaeus (1753) – Reinos Plantae e Animalia – (muito simples, não engloba os microrganismos). - Haeckel (1866) – Inclusão do Reino Protista – (incluía os protozoários, algas, fungos e bactérias). - Whittaker (1969) – 5 grandes reinos – baseado em células eucarióticas ou procarióticas, unicelulares ou pluricelulares e no modo de obtenção de energia (fotossíntese, absorção, ingestão). - Woese (1979) – Domínios Eubacteria, Archaeobacteria e Eucaryotes - Baseada na similaridade do RNA ribossômico. Carol Seixas HISTÓRIA DA MICROBIOLOGIA - Leeuwenhoek (1675) – desenvolveu um microscópio simples, de uma lente, com o qual foi possível observar pela primeira vez microrganismos vivos (animáculos). Descrevia as características desses seres vivos e fazia ilustrações. - Semmelweis (1847) – médico húngaro que trabalhava em importante hospital em Viena - Altas taxas de mortalidade por febre puerperal (médicos saiam da sala de autópsia e iam direto para sala de parto) - Lavagem das mãos com hipoclorito - Taxas e mortalidade caíram de 12,4% para 1,3% - Forte resistência da comunidade médica. - Pasteur & Koch (1880 - 1890) Pasteur - Estudo do processo da fermentação (descobriu as leveduras); processo de pasteurização; refutou a teoria da Geração Espontânea (experimento do frasco com pescoço de cisne). Koch – Isolou microrganismos de um animal morto (cultura pura), observou suas características e o inoculou num segundo animal saudável. Notou que o segundo animal morria com as mesmas características do primeiro. Novamente, isolou os microrganismos do segundo animal morto em cultura pura e observou que se tratava do mesmo microrganismo. Postulados de Koch 1. O patógeno suspeito precisa estar presente em todos os casos da doença e ausente em animais sadios. 2. O patógeno suspeito deve ser cultivado em cultura pura no laboratório. 3. As células de uma cultura pura do patógeno suspeito devem causar doença em um animal sadio. 4. O patógeno suspeito deve ser reisolado, de forma a se demonstrar ser a mesma amostra original. - Lister (1867) – reduziu as infecções pós-operatórias borrifando fenol durando o procedimento cirúrgico. - Florence Nightingale (1820 – 1910) – Enfermeira e esteticista durante a Guerra da Crimeia. Pacientes feridos em batalha morriam 7x mais de infecção hospitalar que dos ferimentos da batalha. Cuidados assépticos higienização do ambiente, das mãos, manipulação do paciente. - Alexander Fleming (1928) – descobriu a penicilina. Notou que, onde cresciam colônias de fungos Penicillium, não proliferavam bactérias (estafilococos) antibiose. CAMPOS DE ATUAÇÃO - Microbiologia básica: tema desta aula - Microbiologia ambiental: equilíbrio da natureza, ciclos, fotossíntese, biorremediação - Microbiologia industrial: biotecnologia, fármacos (insulina), plásticos - Microbiologia médica - Microbiologia de alimentos - Microbiologia agrícola: controle de pregas AULA 02 (15/07) – Profª Drª Tânia Ueda Nakamura Propriedades Gerais Dos Vírus HISTÓRICO Adolfo Mayer (1876) – mostrou que a Doença do Mosaico do Tabaco (DMT) era transmissível, mas não conseguiu isolar o agente infeccioso. Louis Pasteur (1885) – Vacina contra o vírus da Raiva. Dmitri Iwanowski (1892) – estudando a DMT – “micróbio” atravessava o filtro – “agente filtrável”. Martinus Beijerinck (1898) – não era uma bactéria, e nem uma toxina, pois, mesmo após diluição, adquiriam potência quando inoculados no vegetal. “contagium vivum fluidum” Loefler e Frosh (1898) - Febre aftosa (afetava o gado) – “vírus” (veneno) Walter Reed (1901) – Febre amarela (transmitido por um artrópode) Francis Rous (1908) – Sarcoma em galinhas Twort & d’Herelle* (1915) – Bacteriófagos Stanley (1935) – cristalizou o vírus Microscópio eletrônico (1940) – VIROLOGIA ORIGEM E EVOLUÇÃO DOS VÍRUS Hipóteses para a origem dos vírus 1. Hipótese de Cell first: (primeiro a célula) a) Escape dos genes b) Redução gênica 2. Hipótese vírus first: (primeiro o vírus) Várias teorias (pelo menos 5) de que os vírus seriam os precursores de todas as formas de vida. Evolução das populações virais: Mutação, recombinações e pressão seletiva PERPETUAÇÃO VÍRUS EMERGENTES Fatores evolutivos e emergência de Vírus DNA x RNA Vírus RNA estão mais frequentemente associados à emergência de doenças: RNA > frequência de erros na replicação que o DNA Receptores celulares (específico para células/hospedeiro) Mecanismo de transmissão Via respiratória ou por vetores Vírus emergentes Cruzamento de barreira interespécie Fatores envolvidos na emergência de doenças infecciosas - Alterações demográficas e comportamentais, alterações ambientais. Desenvolvimento industrial e tecnológico Aumento da susceptibilidade da população Aumento da transmissão da doença Adaptação dos microrganismos, comércio e viagens internacionais, falência das medidas de saúde púbica. NATUREZA DA PARTÍCULA VIRAL Um único tipo de ácido nucleico (DNA ou RNA) no genoma. Apresentam capa proteica (capsídeo ou cápside). Alguns podem apresentar envoltório de natureza glicolipoproteica. Fora da célula – partícula inerte O QUE É UM VÍRUS AGENTE INFECCIOSO, não visível ao microscópio óptico (exceção, megavírus), filtráveis (algumas bactérias também são) e parasita intracelular obrigatório. Andre Michel Lwoff, Prêmio Nobel de Medicina em 1995: “Entidades nucleoproteicas infeciosas, potencialmente patogênicas, que apresentam apenas um tipo de ácido nucleico, o qual é reproduzido de seu material genético.” Vivo ou morto? Ativo x Inativo Ativo: A partícula viral, mesmo fora da célula, conserva sua estrutura e capacidade de entrar e se replicar dentro das células hospedeiras. Inativo: A partícula viral perdeu parte de sua estrutura (envoltório ou capsídeo ou genoma) e não consegue penetrar e se replicar dentro das células hospedeiras. DIMENSÃO DOS VÍRUS Vírus gigantes Vírus de DNA gigantes ou NCLDV (nucleocytoplasmic large DNA viroses) Mimivírus (2003) - Legionella-like – infectam amebas ESTRUTURA DOS VÍRUS Vírion – partícula viral completa A – Vírus não-envelopado = capsídeo + ácido nucleico = nucleocapsídeo = vírion B – Vírus envelopado = capsídeo + ácido nucleico + envoltório = vírion CAPSÍDEO Proteínas estruturais Funções: Empacotamento e proteção do ácido nucleico (NA); Transporte do NA para outras células; Especificidade para fixação na superfície da célula; Formado por subunidades: Protômeros Capsômeros Capsídeo Organização dos capsômeros, simetria: Icosaédrica Helicoidal Complexa Simetria icosaédrica - 20 faces triangulares equiláteras - 12 vértices - 30 arestas Simetria helicoidal Simetria complexa Envelopado Não-envelopado Poxivirus ENVELOPE - O envelope é uma membrana Bicamada lipídica: provém da célula hospedeira; Glicoproteínas: codificadas pelo vírus; - São fatores antigênicos. - A presença do envelope torna o vírus mais sensível ao meio ambiente. Como uma partícula viral pode ser inativada? Estrutura - Envelopado - Não-Envelopado Composição química - Proteína - DNA/RNA - Carboidratos - Lipídeos (envelopados) Agentes químicos e físicos - Temperatura (calor) - Radiação (UV) - pH (ácido) - Solventesorgânicos (éter, clorofórmio, álcool) - Outros agentes químicos (detergentes) NATURAZA DA PARTÍCULA VIRAL Genoma viral - DNA de fita dupla (dsDNA) - DNA de fita simples (ssDNA) - RNA de fita dupla (dsDNA) - RNA de fita simples (ssRNA) Forma como se apresenta - DNA de cadeia simples linear - RNA de cadeia simples linear (+ ou -) - DNA de cadeia dupla linear - RNA de cadeia simples segmentado - DNA de cadeia dupla circular - RNA de cadeia dupla segmentado Qual a viabilidade dos vírus na natureza? Vírus envelopado - Herpesvirus - Menos resistente ao ambiente - Transmissão por contato íntimo Vírus não-envelopado - Rotavirus - Mais resistente, permanece mais tempo na água, alimento - Transmissão por via fecal-oral AULA 03 (17/07) – Profª Drª Tânia Ueda Nakamura Estratégia De Multiplicação Dos Vírus ETAPAS DA REPLICAÇÃO VIRAL A) Adsorção B) Penetração e desnudamento C) Síntese D) Montagem E) Liberação da proteína viral 1 – RECONHECIMENTO DO RECEPTOR, FIXAÇÃO E ENTRADA DO VÍRUS NA CÉLULA A) ADSORÇÃO (Fixação) Acontece quando uma proteína presente no capsídeo (não-envelopados) ou no envelope (envelopados) do vírus tem afinidade por um receptor da célula (especificidade). O vírus não é móvel (não consegue se movimentar por meio de flagelos ou cílios). Chega por meio de vetores, gotículas no ambiente, contato próximo. B) PENETRAÇÃO Injeção do ácido nucleico - Bacteriófagos: lisozima – digere a parede celular da bactéria (forma um poro) e através dele injeta o material genético na célula. O capsídeo não entra. Endocitose - Invaginação da membrana e formação de endossomo. Posteriormente, ocorre fusão da membrana do endossomo com o envoltório do vírus, liberando o capsídeo, que sofre digestão por proteases e libera o material genético dentro da célula (pode ocorrer no citoplasma ou no núcleo, dependendo do tipo de vírus). Fusão do envelope - Fusão entre a MP e o envelope do vírus, capsídeo é introduzido na célula. Não ocorre lesão na MP. Translocação - Vírus consegue reconhecer um receptor da célula e a partícula viral é translocada para o citoplasma da célula por esse receptor da membrana. 2) EXPRESSÃO GÊNICA E REPLICAÇÃO DO GENOMA VIRAL * Vírus de DNA – geralmente a expressão ocorre no núcleo. Vírus de DNA – síntese no citoplasma * Período de eclipse – vírus está dentro da célula, mas ainda não pode ser detectado, pois ainda está incompleto (apenas o material genético). * Período de latência – período de tempo em que ainda não se consegue evidenciar vírus fora da célula (fase de liberação). C) SÍNTESE Entrada do vírus na célula Mecanismos de subversão: o controla as funções celulares o paralisa a resposta imune inata (mecanismo de escape) Genoma Viral: o Transcrição do ácido nucleico (DNA ou RNA) o Replicação do genoma viral Esquema simplificado Vírus de DNA ou RNA Polimerases da célula transcreve parte do material genético em RNAm que é traduzido em proteínas não estruturais/proteínas precoces (enzimas virais – polimerases que atuam na transcrição de outra parte do DNA ou RNA em RNAm novamente – proteínas específicas do vírus/proteínas tardias – e na replicação do material genético do vírus). ?? Segunda tradução é para produzir proteínas estruturais (capsídeo). * Drogas antivirais tentam agir sobre as proteínas virais – não afetam a célula hospedeira. SISTEMA DE BALTIMORE (1971) 3) FORMAÇÃO DO CAPSÍDEO E MONTAGEM DA PARTÍCULA VIRAL D) MORFOGÊNESE (MATURAÇÃO) – Montagem das subunidades proteicas (e dos componentes da membrana, em caso de vírus envelopados) e empacotamento do ácido nucleico viral, com formação de novas partículas virais completas. Pouco ou nenhum gasto de energia. Processamento pós-traducional vírus adquire os receptores passando pela membrana nuclear ou pelas vesículas do Complexo de Golgi ou pela membrana plasmática. E) LIBARAÇÃO 1) Lise celular 2) Brotamento (envelopados) o Membrana nuclear o Membrana plasmática TAXONOMIA DOS VÍRUS Critérios - Propriedades do genoma (DNA ou RNA) - Morfologia (tamanho, forma, simetria capsídeo, envelope) - Estratégias de replicação do viral - Propriedades físico-químicas. Conteúdo proteico, lipídico e de carboidratos; - Propriedades antigênicas; - Propriedades biológicas: modo de transmissão, vetores, distribuição geográfica, patogenicidade, tropismo. - Atualização trienal da taxonomia - Não segue o código internacional de bionomenclatura (BioCode) - Agrupamento em famílias baseado em: Tipo de ácido nucleico Estratégia de replicação Morfologia Domínio > Reino > Filo > (subfilo) > Classe > Ordem > (subordem) > Família > (subfamília) > Gênero > (subgênero) > Espécie AGENTES SUBVIRAIS Viróides 1. Menores fitopatógenos conhecidos; 2. Partículas de RNA – moléculas de ácidos ribonucleicos, circulares, de fita simples e destituídas de proteínas e atividades de síntese proteica relacionada ao RNA; 3. Associam-se intimamente aos nucléolos das células infectadas, formando complexos com proteínas (histonas); - Capazes de se replicar (parasitas intracelulares obrigatórios). Doenças em plantas. Virusóides 1. Constituídos de RNA de fita simples; 2. Doenças de plantas; 3. Multiplicação depende de um vírus auxiliar; 4. Genoma está encapsidado em uma estrutura proteica codificada pelo vírus. Príons 1. Partículas infecciosas de natureza proteica, resistentes a processos que as inativam; 2. Fraca imunogenicidade, elevada labilidade frente a proteinase K, tripsina, dodecil- sulfato de sódio; 3. Causadores de encefalopatias espongiformes em animais e humanos: Kuru, Doença de Creutzfeldt-Jacob e Síndrome de Gertmann-Straussier. - Modifica as proteínas normais do cérebro. Importância dos vírus para os seres vivos ao meio ambiente - Agentes etiológicos de doenças infecciosas em animais (homem), vegetais e fungos. - Promotores de câncer; - Vacinas – profilaxia (vírus, bactérias, toxinas, etc); - Terapia gênica: vetores para introdução de genes em organismos; - Metodologias para o estudo das funções celulares; - Vetores para a tecnologia de DNA recombinante (bacteriófagos lambda, bacteriófagos M13 e Um); - Avanços na Biologia Molecular e Imunologia; - Controle biológico de pragas (Ex.: baculovírus, Lagarta da soja).
Compartilhar