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Tegumentar, Digestivo

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Terapêutica Veterinária
Aulas 12 e13
02 e 09/05/2024
Sistema Tegumentar
Sistema Digestivo
Prof. Eduardo Lara
SISTEMA TEGUMENTAR
• Pele: o maior órgão do corpo
• Patologias primárias ou 
secundárias
• Grande visibilidade do 
proprietário
• Vias tópica ou sistêmica para 
tratamento
CONSIDERAÇÕES SOBRE TERAPIA TÓPICA
• Limitações na Medicina Veterinária: remoção pelo 
paciente; dificuldades de manejo pelo proprietário; 
necessidade de tricotomia, etc.
• Absorção percutânea é influenciada por:
• Veículo utilizado: solubilidade e concentração do princípio ativo.
• Hidratação da pele.
• Fatores físico-químicos: interações medicamento-veículo, 
medicamento-pele, veículo-pele; concentração; transposição do 
medicamento entre veículo e pele; coeficiente de difusão. 
• Fatores biológicos: faixa etária; condições clínicas da pele; região 
corpórea. 
CONSIDERAÇÕES SOBRE TERAPIA TÓPICA
• Hidroterapia:
• Agente básico de higienização. 
• Amolecimento de camada córnea e crostas. 
• Resfriamento e aquecimento.
• BANHOS:
• Observar características locais e da espécie.
• Sudorese.
• Produtos específicos: pH.
• Produtos medicamentosos: observar formas de uso.
• Ações terapêuticas: demulcente, antipruriginosa, diminuição de microbiota 
patogênica, remoção de exsudatos, excreções e tecidos necrosados. 
FORMULAÇÕES TÓPICAS
• VEÍCULOS - duas condições básicas:
- Hidratam a camada córnea inibindo a perda transepidérmica de 
água. 
- Solubilidade do princípio ativo: quanto maior, mais fácil a 
absorção percutânea. 
• Tipos de lesões:
- Agudas e úmidas: veículos aquosos respondem melhor.
- Crônicas e ressecadas: veículos lipofílicos hidratam melhor.
- Feridas úmidas em espaços interdigitais: pós (base e veículos 
inertes).
FORMULAÇÕES TÓPICAS
• EMOLIENTES (amolece): 
- Atuam como hidratantes, protetores, amolecem a pele e servem 
de veículos para outras substâncias. 
- Promovem oclusão da pele, protegendo-a do ambiente e 
prevenindo o ressecamento.
- Produtos utilizados - gorduras ou óleos:
- Óleos vegetais: oliva, algodão, milho, amendoim, etc.
- Secreções sebáceas animais: lanolina
- Hidrocarbonetos: vaselina, parafina líquida
- Ceras
FORMULAÇÕES TÓPICAS
• PROTETORES e ABSORVENTES: 
- Substâncias insolúveis e inertes que formam proteção aderente, 
contínua e flexível quando aplicados sobre a pele. 
- Evitam atrito, reduzem irritação tecidual, absorvem toxinas e 
detritos exsudativos oriundos das feridas.
- Talco, óxido de zinco e magnésio, amido, sais de bismuto, 
calamina (Caladryl®)
• DEMULCENTES (amacia): 
- Mesma função dos protetores, porém de origem aquosa. 
- Metilcelulose, glicerina, etilenoglicol e propilenoglicol. 
FORMULAÇÕES TÓPICAS
• ADSTRINGENTES (aperta, comprime): 
- Precipita proteínas e atua apenas na superfície celular, causando 
um efeito de redução de exsudatos e remoção de tecidos 
necrosados. 
- Ácido Tânico
- Acetato de alumínio (solução de Bürow)
- Nitrato de prata (0,25%)
- Permanganato de potássio
- Ácido metacresolsulfônico
FORMULAÇÕES TÓPICAS
• DEBRIDANTE (removedor de debris): 
- Debridamento enzimático:
- Feito à base de enzimas proteolíticas e/ou fibrinolíticas. Indicado 
quando o debridamento cirúrgico não é possível, em áreas onde 
haja risco de lesões em tecidos adjacentes ou em feridas e 
queimaduras contaminadas.
- Tripsina/quimitripsina; estreptoquinase/estreptodornase; 
colagenase; fibrinolisina.
- Debridamento químico:
- Hipoclorito de sódio em baixa concentração: 0,5% - Líquido de 
Dakin
- Sulfonamida + ureia: A ureia remove água das feridas e propicia 
um pH adequado para atuação das sulfas
- Ácido metacresolsulfônico (Albocresil)®
FORMULAÇÕES TÓPICAS
• CERATOLÍTICOS: 
- Substâncias que removem a queratina por degeneração de 
células, descamação e amolecimento. 
- Ácido salicílico e ácido benzoico.
• CERATOPLÁSTICOS: 
- Promovem a normalização da cinética celular na epidermopoese
por meio da inibição da síntese de DNA. 
- Muito relacionados à ação antisseborreica e muito empregados 
em xampus dermatológicos.
- Sulfeto de selênio; peróxido de benzoíla (Peroxydex®)
FORMULAÇÕES TÓPICAS
• PRINCÍPIOS ANTIBACTERIANOS, ANTIMICÓTICOS e 
ANTIPARASITÁRIOS:
- Presentes principalmente em xampus
- Clorexidina
- Peróxido de benzoíla
- PVPI
- Irgasan
- Enxofre
- Brometo de cetrimônio
- Piretoides – Deltametrina
- Cetoconazol
FORMULAÇÕES TÓPICAS
• AGENTES DIVERSOS:
- Açúcar: Pastas com glicerina ou cremes. Usado no tratamento de 
grandes úlceras, necroses e queimaduras. O açúcar é irritante, promove 
desenvolvimento de tecido de granulação, vascularização e inibe 
crescimento bacteriano devido a hiperosmolaridade. 
- Dimetilsulfóxido (DMSO) : Tem atividades anti-inflamatória, 
antibacteriana e antifúngica. Mas a maior aplicação é como veículo ou 
adjuvante de outras drogas por aumentar em até 20 vezes a 
permeabilidade da pele. 
TERAPIAS SISTÊMICAS
-Anti-inflamatórios
-Anti-alérgicos
-Antiparasitários: ecto e endo parasiticidas
-Antimicóticos
-Antibióticos e quimioterápicos
-Macro e microelementos
-Antineoplásicos
TERAPÊUTICAS ESPECÍFICAS
•FERIDAS:
- Principal ato é a lavagem, para remoção de debris, 
remoção e diminuição de microrganismos. 
- Uso de antissépticos é desejável.
- Aplicação tópica de antimicrobianos, protetores, 
absorventes, adstringentes, etc. Dependendo da 
extensão e da fase. 
- Bandagens apenas se houver intervenção do animal ou 
fatores externos.
- Recursos auxiliares podem ser necessários, como 
terapias sistêmicas (antibióticos, anti-inflamatórios). 
TERAPÊUTICAS ESPECÍFICAS
•PIODERMATITES:
- Depilação da área para facilitar higienização e terapias 
tópicas.
- Limpeza diária, lavagem e aplicação de antissépticos.
- Uso de ceratolíticos, principalmente nas dermatites 
secas.
- Uso de antipruriginosos pode ser necessário.
- Antibioticoterapia, preferencialmente precedida de 
antibiograma. Cefalosporinas de 2ª geração e sulfa-
trimetoprim são as maiores indicações. 
TERAPÊUTICAS ESPECÍFICAS
• ESCABIOSE:
- Ivermectina é primeira escolha. Amitraz é alternativa para raças 
intolerantes. Associação com corticoides para contenção do 
prurido.
• DEMODICOSE:
- Amitraz é a primeira escolha. Antibioticoterapia para os casos de 
infecções secundárias, geralmente à base de cefalosporinas. 
• DERMATOMICOSES:
- Griseofulvina (principalmente para DERMATOFITOSES) ou 
cetoconazol. 
• DERMATOFILOSE:
- Estreptomicina é a droga de escolha. 
• ESPOROTRICOSE:
-Itraconazol oral é a droga de escolha. 
TERAPÊUTICAS ESPECÍFICAS
• OTITES:
- Limpeza com antissépticos a base de clorexidina 0,5% em 
propilenoglicol.
- Aplicação de antibioticoterapia tópica. 
Ex: Otospan®, Panolog®, Nataleno®
- Nos casos mais graves, antibioticoterapia precedida de 
antibiograma. 
- Malassezia sp. Limpeza e acidificação do pavilhão auditivo 
(ácido lático 2,5% e ácido salicílico 0,1%). Tratamento 
específico com tolciclato (Tolmicol®).
- Otites parasitárias: Fipronil (Frontline Spray®)
SISTEMA DIGESTIVO 
• Ruminantes X Não-ruminantes
• Herbívoros X Carnívoros
• Motilidade
• Secreções
• Ação enzimática
• Absorção 
• Eliminação 
• Hemodinâmica
• Eventos eletrolíticos
• Controle do SNA
ESTIMULANTES DE APETITE (OREXÍGENOS)
- Necessários para auxiliar terapias em que haja eventos 
de inapetência concomitante.
- Oferecer alimentos altamente palatáveis: forrageiras 
tenras para herbívoros; carne crua e levemente aquecida 
para carnívoros. 
- Oferecer pequenas quantidades e várias vezes ao dia. 
ESTIMULANTES DE APETITE (OREXÍGENOS)
- Benzodiazepínicos em doses baixas, por inibição do centro da 
saciedade hipotalâmico. Efeito imediato. 
- Diazepam em felinos e equinos. 
- Elfazepam em bovinos e ovinos 
- Corticosteroides: observa-se o efeito de estimulação de 
apetite, mas o seu uso com esta finalidade é injustificável. 
- Vitaminas do complexo B: aumento de metabolismo.
- Anti-histamínicos: buclizina e cicloheptadina. Mecanismo não 
elucidado e identificado apenas com estas drogas. 
- Zinco:considerado importante para o paladar, pois a 
inapetência é sinal importante nas deficiências deste mineral. 
EMÉTICOS
- Indicados principalmente para tratamento de intoxicações e 
expulsão de corpos estranhos recém-ingeridos. 
- Contraindicados em casos de alteração de consciência, quando da 
ingestão de produtos corrosivos e na dor abdominal aguda. 
- AÇÃO CENTRAL: 
- Apomorfina – opioide agonista dopaminérgico sem ações analgésicas. 
Contraindicado para gatos. 
- Xilazina – vômito é consequência frequente em situações em que se 
deseja sedação e miorrelaxamento. 
- AÇÃO LOCAL (IRRITANTE DE MUCOSA): 
- Sulfato de cobre ou de zinco (1%)
- Extrato de ipeca (também usado como expectorante)
- Peróxido de hidrogênio (10 volumes)
ANTI-EMÉTICOS
- Bloqueadores de receptores dopaminérgicos:
- METOCLOPRAMIDA, BROMOPRIDA, DOMPERIDONA, METOPIMAZINA
- Fenotiazínicos:
- CLORPROMAZINA – ação central e também sobre a mucosa gástrica
- Anti-histamínicos
- DIMENIDRATO – para náuseas e vômitos vestibulares, por cinetose 
(movimento)
- Anticolinérgicos
- ESCOPOLAMINA – redução de secreções e controle da cinetose.
- Antagonista 5HT3 (antiserotoninérgico)
- ONDANSETRONA – contra náuseas induzidas por antineoplásicos. 
INIBIDORES DE MOTILIDADE
• PARASSIMPATOLÍTICOS
- Atropina: apenas em emergências, já que é pouco seletiva e causa diversos 
efeitos colaterais em outros sistemas. 
- Homatropina: análogo da atropina que produz menos efeitos colaterais. 
- Carbamilcolina: tem ação muito potente, não deve ser usado em condições 
normais com riscos de causar atonia.
- Escopolamina: é mais um anti-espasmódico que um inibidor de motilidade. 
Indicada quando há dor de origem visceral (cólicas). 
• OPIÁCEOS: reduzem a motilidade do TGI e aumentam o tônus esfincteriano do 
cólon e da válvula íleo-cecal. 
- Difenoxilato
- Loperamida
- Elixir Paregórico (tintura de ópio 4%). 
ESTIMULANTES DA MOTILIDADE
- Parassimpatomiméticos: aumentam motilidade e secreções
- PILOCARPINA, CARBACOL, NEOSTIGMINA, FISOSTIGMINA
- Catárticos irritantes de mucosa
- ÓLEO DE RÍCINO, BISACODIL
- Catárticos salinos: hipertonicidade e retenção de água
- SULFATO DE MAGNÉSIO, SULFATO DE SÓDIO, HIDRÓXIDO DE MAGNÉSIO
- Laxantes formadores de massa: polissacarídeos derivados da celulose que formam 
fezes maleáveis, hidratadas e estimulam o peristaltismo. Previnem o esforço da 
defecação.
- MUCILOIDE e FARELO DE TRIGO
- Laxantes emolientes: amolecem as fezes sem interferir na peristalse
- ÓLEOS
- Laxantes surfactantes: por ação detergentes, promovem entrada de água no bolo fecal 
- DIOCTILSULFOSUCCINATO DE SÓDIO (DOCUSATO DE SÓDIO)
INIBIDORES DE SECREÇÃO GÁSTRICA
- Inibidores de receptores histaminérgicos (H2): bloqueiam diretamente a 
secreção de HCl. 
- CIMETIDINA, RANITIDINA e FAMOTIDINA
- Inibidores de bomba de prótons: inibem a secreção de HCl
- OMEPRAZOL
- Antagonistas muscarínicos M1: ação parassimpatolítica
- PIRENZEPINA, TELENZEPINA, ATROPINA – usos bastante limitados
- Prostaglandinas: inibem secreção e produzem muco protetor
- MISOPROSTOL – análogo sintético da PGE
PROTETORES DE MUCOSA e ADSORVENTES
- Sais de bismuto e de magnésio – ação antiácida e adsorvente.
- Caolin + pectina: respectivamente, uma argila natural e um 
polissacarídeo derivado de frutas.
- Carvão ativado: o mais potente dos adsorventes amplamente 
utilizado em lavagem gástrica, principalmente em casos de 
intoxicações. 
- Antiácidos: neutralizam a acidez do conteúdo estomacal, parcial 
ou totalmente
- Sistêmico: bicarbonato de sódio
- Locais: hidróxido de alumínio, carbonato de cálcio, sais de 
magnésio (hidróxido, óxido e carbonato). 
ANTIFISÉTICOS e ANTIESPUMANTES
- Dimeticona / Simeticona
- Apresentações veterinárias com associações a metilcelulose.
- Silicone metilpolimetizado
- Muito utilizado no combate ao timpanismo espumoso dos bovinos
TERAPÊUTICAS ESPECÍFICAS
• GASTRITES e ÚLCERAS:
- Fornecer espasmolíticos, protetores de mucosa, antiácidos, 
inibidores de secreção gástrica e reidratantes. 
• INDIGESTÃO SIMPLES: 
- Causada por alteração de ambiente rumenal por alteração na 
dieta, uso de antimicrobianos e intoxicações. Alterar pH 
dependendo de cada caso (hidróxido de magnésio no conteúdo 
ácido ou ácido acético no conteúdo básico). Óleo mineral para 
estimular movimentos rumenais. Retirada de conteúdo rumenal se 
a atonia for persistente. 
TERAPÊUTICAS ESPECÍFICAS
• ENTERITES / DIARREIAS: tratamento variável, de acordo com a 
etiologia. Em linhas gerais: 
- Inibidores de motilidade nas diarreias que não tenham causas 
tóxicas ou infecciosas. 
- Modificação da alimentação, com jejum nas primeiras 24 horas 
quando for conveniente. Depois, pequenas quantidades de 
alimentos com teores baixos de fibras e alta digestibilidade. 
- Reidratação oral ou parenteral.
TERAPÊUTICAS ESPECÍFICAS
• CÓLICAS EQUINAS: tratamento variável, de acordo com a etiologia, podendo 
ser medicamentoso ou até cirúrgico
-Dilatação gástrica: Analgésicos (flunixina meglumina, fenilbutazona ou dipirona); 
esvaziamento gástrico por sonda; lavagem estomacal; protetor de mucosa 
(hidróxido de alumínio ou magnésio). 
- Impactação intestinal: Analgésicos; esvaziamento; lavagem estomacal; óleo 
mineral ou vaselina; enema. Se houver gases, dimeticona. 
- Íleo paralítico: Analgésicos; esvaziamento; administração de pilocarpina. Após 
restaurar a motilidade, protetor de mucosa e fazer enema. 
- Atonia intestinal: Analgésicos; esvaziamento; lavagem; protetor de mucosas; 
enema; dimeticona. 
- Hipermotilidade intestinal: Analgésicos e antiespasmódicos.

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